O Bolchevique # 14

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LUTA INTER-BURGUESA NO BRASIL

PT, o partido preferencial da burguesia, na berlinda LCFI Liaison Committee for the Fourth International

CLQI Comitê de Ligação pela Quarta Internacional

O Bolchevique Orgão de propaganda da Liga Comunista

MALI - ÁFRICA

ANO IV - NO14 - jan/2013 - R$3

Carta aos Leitores

2013: “CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL” DE DILMA SE SUSTENTA EM TORNAR AS CONDIÇÕES DE VIDA DA CLASSE TRABALHADORA INSUSTENTÁVEIS

lcligacomunista.blogspot.com - liga_comunista@hotmail.com Caixa Postal 09, CEP 01031-970, São Paulo, Brasil

Derrotar a invasão imperialista francesa! VENEZUELA

Frente única para derrotar a direita e o imperialismo! Mas, nenhuma confiança em Maduro ou qualquer fração boli-burguesa! Por um partido bolchevique e pela Revolução Permanente para impor o verdadeiro socialismo no século XXI! O Bolchevique No14 - janeiro de 2013

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CARTA AOS LEITORES

“Crescimento sustentável” de Dilma se sustenta em tornar as condições de vida da classe trabalhadora insustentáveis

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já disse a que veio logo na estreia. E isto não se deve apenas a facada previsível das “contas de janeiro” (IPVA, IPTU, matrículas, material escolar), mas a busca do governo para reverter a queda da produção industrial de 2012 e sair do “pibinho” dos últimos anos e alcançar um “Pibão” às custas dos trabalhadores. Neste ano, o governo sabe que não pode contar muito com o impulso da China, economia da qual hoje o Brasil é dependente [1]. Para retomar o crescimento de forma “sustentável e sistemática” como anuncia Dilma, o governo vem apostando em algumas medidas anti-operárias que vão além do tradicional monetarismo neoliberal de jogar com os números da taxa de juros e do câmbio, instrumentos insuficientes para evitar o contágio do Brasil pela crise econômica que arrasta o país para a recessão: MAIS RENÚNCIA FISCAL em favor dos patrões e particularmente sobre a folha de pagamento, liberando os empresários de sua parcela com a contribuição previdenciária, medida que aprofunda a liquidação da aposentadoria da classe trabalhadora. Tendo ultrapassado o teto histórico de vendas, os empresários, e principalmente as montadoras, reivindicam também a desoneração fiscal na importação de maquinário (com a desvalorização do real, as importações encareceram). Além do incremento da mais valia absoluta, com o aumento da jornada, das horas extras, etc., ampliada nos últimos anos, os empresários não querem abrir mão de acentuar também a exploração da mais valia relativa com a ampliação da capacidade produtiva apoiada na atualização tecnológica do maquinário. A renúncia, além de comprometer as condições de vida na velhice da classe trabalhadora, serve de justificativa para a redução dos gastos sociais do Estado que já atingiu o nível mais baixo do PIB, menor inclusive que durante os governos neoliberais de Collor a FHC. Mas o pior é que ao final, mais uma vez o país colherá um imenso fracasso no que diz respeito aos objetivos manifestos pelo governo, uma vez que não apenas a redução de impostos para a burguesia já foi adotada largamente nos últimos anos, atingindo 41 setores do empresariado, mas também todo um coquetel perverso de medidas como a desregulamentação da legislação trabalhista (que alcançará um salto de qualidade beirando a escravidão com a adoção do Acordo Coletivo Especial), concessões de serviços públicos ao setor privado, privatização de poços de extração de petróleo, estradas e aeroportos,... nada reanima a economia enquanto o PIB cai e a inflação sobe.

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MAIS INFLAÇÃO: a tendência que tem sangrado o poder de compra dos salários, agora é sentida tanto pelas “contas de janeiro” como pelo aumento em cascata de vários custos decorrente do aumento dos combustíveis. Com a ajuda da burocracia sindical, o governo e os patrões “reajustam” os salários por índices de inflação mentirosos muito inferiores ao aumento custo de vida. Isto pressiona a classe para trabalhar com uma jornada maior e sob ritmos de produção infernais; O AUMENTO DA JORNADA DE TRABALHO E DOS RITMOS DE PRODUÇÃO embora pouco divulgados pela mídia, são a principal fórmula do governo reverter as tendências de “pibinho” para “pibão“, saindo dos desprezíveis 1% de crescimento para atingir pelo menos 3%. [2] Isto acentuará o assédio moral, os acidentes de trabalho, causará uma degeneração ainda maior das condições laborais em todos os ramos e principalmente na indústria. O objetivo dos economistas do governo do PT comandados por Guido Mantega é fazer isto preservando a economia brasileira ao máximo da espiral mundial de aumento do capital constante e queda da taxa de lucro. Para tanto a aposta está no tensionamento máximo pelo aumento da mais valia absoluta. Como apontara Marx: “O aumento da mais-valia absoluta ou o prolongamento da jornada de trabalho, permanecendo constante o capital variável empregando-se, portanto o mesmo número de trabalhadores com o mesmo salário nominal – e no caso não importa que se pague ou não as horas extras – faz cair o valor do capital constante em relação ao capital global e ao capital variável, e assim subir a taxa de lucro” [3]. Combinando esta medida de contratendência à queda da taxa de lucro (um dos principais elementos da crise capitalista) no Brasil com as demais já apontadas nesta avaliação o governo espera evitar que o país chegue às mesmas ou piores condições recessivas em que se encontram União Europeia e EUA. [4] AS CHANTAGENS DA DEMISSÃO EM MASSA e da reestruturação produtiva serão muito úteis para obrigar a classe trabalhadora a abrir mão de conquistas e condições de trabalho. Nesta negociação escravocrata entrarão em cena os pelegos, o ACE, etc. Segundo a OIT, o desemprego voltará a crescer no Brasil em 2013 [5]. Pois para conseguir tudo isto o capital precisa arrancar o couro da classe trabalhadora e para que o proletariado


se submeta a isto a tendência ao falacioso “pleno emprego” de 20112012 serão revertidas para um aumento do desemprego, do Exército industrial de reserva para pressionar as massas a trabalhar cada vez mais para receber cada vez menos. A PRECARIZAÇÃO NA CONTRAMÃO DA PRODUTIVIDADE. Nos moldes da economia política, o fator fundamental do crescimento econômico é a produtividade do trabalho (divisão entre o PIB e o número de trabalhadores empregados). É impossível um crescimento “sustentado” com a queda da produtividade do trabalho. As jornadas de trabalho aumentam, mas apesar do aumento das horas trabalhadas, a produtividade está estagnada há 30 anos e o Brasil estacionado neste quesito na desprezível 75ª posição no ranking mundial. Isto se reflete na contradição entre o “pleno emprego” comemorado pelos economistas burgueses e a mediocridade do PIB. E mesmo que diminua o número de trabalhadores empregados, este contrapeso em favor de uma produtividade maior é pouco diante da precarização do trabalho acentuada na era Dilma e que tensiona a queda da produção industrial e do PIB [6]. O governo burguês de Dilma quer evitar a queda da taxa de lucro no país e impor a enorme conta da crise para o proletariado em 2013, buscando inclusive amortizar os efeitos da crise em 2014 ano de sua reeleição. Por isto, qualquer luta contra o arrocho salarial, a inflação, as demissões, despejos que tenha como eixo ilusórias exigências a Dilma ou a qualquer outro governante da burguesia estão fadadas ao fracasso. Por outro lado, este plano de ataque escravocrata pode arrebentar pelo simples fato de que não “combinaram com os russos” [7], a classe trabalhadora brasileira, cada vez mais descontente e que vem em um crescente no número de greves do que na primeira década do século XXI. Todavia, sem uma direção revolucionária a escravização das massas será maior. Cabe aos marxistas ajudarem o proletariado a adquirir consciência de sua força na resistência aos ataques imediatos para derrotá-los com paralisações por horas ou dias, operação tartaruga contra os novos ritmos, greves por tempo indeterminado, ocupações e de forma combinada organizar a luta estratégica a exemplo dos “russos” de 1917 que armados com um partido revolucionário da classe trabalhadora, o bolchevique, ensinaram-nos de forma prática o caminho da revolução socialista para derrotar a escravidão imposta pelo capital. Notas: [1] Em 2012 a China teve o menor crescimento desde 1999, de 7,8%, e isto incidiu sobre a queda de 5,3% nas exportações brasileiras em 2012. Embora o país asiático venha se recuperando, os chineses estão cada vez mais interessados em comprar bens de capital fixo e em exportar do que importar do Brasil. Além disto, a médio prazo, a dependência econômica do Brasil com a China, maior exportador do e importador para o Brasil hoje, apenas aprofunda o atraso industrial brasileiro porque a China importa commodities de baixo valor agregado (principalmente, soja, minério de ferro e petróleo) e

exporta manufaturados. [2] “A produção no setor industrial do Brasil cresceu em janeiro no ritmo mais forte em 23 meses, com aumento nos volumes tanto de novos pedidos quanto de negócios para exportação, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta sexta-feira. Em janeiro, o PMI do instituto Markit avançou para 53,2, ante 51,1 em dezembro, maior nível desde fevereiro de 2011. Assim, o indicador se mantém acima da marca de 50, que divide contração de expansão, desde outubro do ano passado. De acordo com o Markit, quase 16 por cento das empresas monitoradas relataram alta da produção, com 12 por cento mencionando queda (Reuters, 01/02/2013) http://br.reuters.com/article/domesticNews/idB RSPE91002920130201?pageNumber=2&virtu alBrandChannel=0&sp=true [3] Karl Marx, O Capital, Volume III, Tomo I, Capítulo V - Economia no emprego do capital constante. [4] Segundo Marx, há outros mecanismos contrariantes a queda da taxa de lucro além da elevação do grau da exploração do trabalho e da compressão do salário abaixo de seu valor como o barateamento dos elementos do capital constante, a superpopulação relativa o comércio exterior e o aumento do capital por ações, mas o governo do Brasil lança mão apenas dos que a condição semicolonial do país permite. Por exemplo, até as primeiras semanas deste ano, a “ekipeconomica” de Dilma (Ministério da Fazenda e BC) explorou a desvalorização do real para dinamizar as exportações, todavia, como a recessão faz com que o comércio exterior retroceda e as exportações brasileiras são concentradas em produtos de baixo valor agregado, commodities, em janeiro de 2013 o Brasil teve seu maior deficit na balança comercial neste mês desde 1959. http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/02/01/saldo-entre-importacoes-e-exportacoes-tem-maior-dficit-dahistoria-em-janeiro.htm. Vale destacar que o Brasil parece seguir os passos da bancarrota irlandesa. A irlanda já sofreu de bolha imobiliária, já apelou para a desvalorização de sua moeda e já provocou uma voraz desvalorização salarial buscando ganhar “competitividade”, todavia segue na lanterninha como país exportador. Apesar das enormes diferenças entre as economias da Irlanda e do Brasil, convém seguir acompanhando as trapalhadas de cada governo títere tentando recuperar sua economia sob a base insustentável do aprofundamento da exploração do trabalho e da condição semi-colonial. [5] http://economia.estadao.com.br/noticias/economia%20geral,desempregodeve-voltar-a-crescer-no-brasil-alerta-oit,141369,0.html [6] “O crescimento da produtividade nos três primeiros anos do governo Dilma, incluindo nossa projeção para 2013, é de apenas 0,35% ao ano.” (O Estado de S. Paulo, 26/11/2012). [7] “já combinaram com os russos?” é uma expressão oriunda de uma resposta irônica do jogador Garrincha às orientações de Vicente Feola, então treinador da seleção brasileira na Copa de 1958, sobre como o craque deveria atuar em campo antes do jogo contra a URSS. Feola tentava convencer o time de seu esquema tático contra a seleção da CCCP (Союз Советских Социалистических Республик, ou seja, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS em português). Segundo Nelso Corrêa a história que virou lenda foi assim: “No meio de campo – dizia Feola – Nilson Santos, Zito e Didi trocariam passes curtos para atrair a atenção dos russos… Vavá puxaria a marcação da defesa deles caindo para o lado esquerdo do campo… Depois da troca de passes no meio do campo, repentinamente a bola seria lançada por Nilton Santos nas costas do marcador de Garrincha. Garrincha venceria facilmente seu marcador na corrida e com a bola dominada iria até à área do adversário, sempre pela direita, e ao chegar à linha de fundo cruzaria a bola na direção da marca de pênalti; Mazzola viria de frente em grande velocidade já sabendo onde a bola seria lançada… e faria o gol! Garrincha com a camisa jogada no ombro, ouvia sem muito interesse a preleção, entre divertido e distraído, e em sua natural simplicidade pergunto ao técnico:. “Tá legal, ‘seu’ Feola!… Mas o senhor já combinou tudo isso com os russos?” O Bolchevique No14 - janeiro de 2013

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A DINÂMICA DA LUTA INTER-BURGUESA NO BRASIL

PT, o partido preferencial da burguesia, na berlinda “Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou São trezentos picaretas com anel de doutor” Luís Inácio (300 Picaretas) -1994 Os Paralamas do Sucesso

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ofensiva jurídico-midiática da direita contra o PT foi, até agora, o ponto alto da disputa inter-burguesa no Brasil. Instrumentalizada via Supremo Tribunal Federal através do “maior julgamento da história do país”, a investida expressa as ambições da oposição burguesa para retomar o governo federal combinado as crescentes pressões do capital especulativo para que Dilma revalorize a taxa de juros pagos aos especuladores detentores de títulos públicos brasileiros. Mal foram condenados os mensaleiros 1, a ofensiva ameaça ampliar-se contra Lula através de outra forte instituição do Estado – a Polícia Federal 2 – e isto é uma prévia das disputas eleitorais burguesas de 2014. Este avanço sucessivo e ativo da direita demonstra que é para a burguesia, e só para ela, válida a concepção de disputa contra-hegemônica por dentro do Estado – para usar expressão adorada pelos reformistas gramiscianos. Ironicamente, embora José Genuíno tenha sido um dos precursores desta concepção no PT, o resultado do mensalão demonstra que a tese da contra-hegemonia intra-estatal não foi muito grata ao defensor 3. Ironicamente também, o mensalão é a integração do modo petista de governar comandado por Luís Inácio com os 300 picaretas contra os quais ele havia avisado.

O PT e os postes, a continuidade sem tradição de controle do movimento de massas, nossos inimigos se debilitam O PT e, sobretudo Lula, “o cara”, acumularam um importante capital político colhendo os frutos de terem catapultado os lucros da burguesia e do imperialismo como “nunca antes na história deste país”. Graças a isto, o bloco político oligárquico costurado pelo PT, que representa sobretudo os banqueiros e as oligarquias patronais agro-exportadoras, vem se mostrando imbatível nas eleições presidenciais, correspondendo não apenas aos interesses patronais mas também às expectativas ilusórias alimentadas nas massas. Todavia, desde que estourou o escândalo do mensalão contra o PT, por precaução, o próprio Lula vem apostando em candidatos não mais identificados com as fileiras militantes do partido e sim em tecnocrata testados na governança burguesa petista como a substituta de José Dirceu, alçada a atual presidente, e o ex-ministro da Educação (que criou as PPPs e o PROUNI), recém eleito prefeito da capital paulista, etc.: são os conhecidos “postes”. No entanto, segue a lógica de ampliar os alicerces da governabilidade petista através do incremento da corrupção e do loteamento cada vez mais amplo de cargos como recentemente Haddad fez com a se-

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cretaria da habitação paulistana. Dialeticamente foi o escândalo do mensalão, detonado quando o governo Lula foi comandado diretamente pelo maior número de quadros históricos petistas, que impôs como condição para a continuidade da governança do PT o sacrifício da carreira política executiva de seus quadros tradicionais e, portanto, sem o traquejo político (muito importante para a dominação burguesa) do controle do movimento de massas. Isto é desfavorável à estabilidade política da governança burguesa apoiada na conciliação de classes e favorável a resistência de massas que enfrentará quadros políticos governantes mais débeis e despreparados para serem testas de ferro da ditadura do capital. Tarso Genro, antigo quadro petista oriundo do PRC, atual governador do Rio Grande do Sul e carrasco dos trabalhadores em educação do Estado para os quais se recusa a pagar sequer o miserável piso nacional instituído pelo próprio governo federal petista, posa de bom moço e se prepara mais uma vez para tirar proveito da desgraça da ala de Dirceu dentro do Campo Majoritário (ele já o fizera quando meteoricamente foi presidente da legenda graças ao escândalo do mensalão, em 2005). Na ativa a velha raposa adapta-se aos novos tempos para disputar as indicações futuras da direção partidária contra os postes. Genro defende que o PT precisa abandonar os mensaleiros a própria sorte, elogia a “posição vanguardista do supremo” e considera que “a ampla maioria das condenações foi adequada” mesmo reconhecendo que o próprio Dirceu e Genoino tiveram “um julgamento sem provas” (Folha de São Paulo, 28/12/2012). É assim, como um pérfido “canalhocrata”, para usar a expressão cunhada pelo cantor Bezerra da Silva, que se recicla um quadro petista a serviço da administração burguesa do Estado hoje.

Transformar a crescente resistência grevista em luta política por uma saída independente e revolucionária Este avanço da direita é contraditoriamente pavimentado pelos governos do PT que tornou-se hegemônico depurando-se de todo o potencial progressivo que teve como partido operário burguês na década de 1980 e se convertido em fachada da manutenção dos interesses políticos das oligarquias e máfias burgueses que historicamente governam o país. Apesar de ter assumido esta função crucial ao aumento do parasitismo capitalista sobre os trabalhadores e sobre o próprio Estado patronal, isto não é uma garantia de que sua estadia no governo federal se torne vitalícia. Derrotada nas urnas a oposição burguesa apela para o artifício reacionário da “judicialização da política” e para setores do poder


estatal não submetidos ao sufrágio universal, o judiciário e a polícia federal, aparatos coercitivo e repressivo que integram o Estado e transcendem os governos. Todavia, é valido lembrar que a burguesia vem se dando ao luxo de engalfinhar-se em lutas palacianas graças à estabilidade assegurada ao conjunto da classe capitalista pela política de colaboração de classes petista de conter a luta dos trabalhadores. As organizações de massa foram cooptadas e os movimentos políticos de contestação da classe trabalhadora são contidos no nascedouro. Mas, contra a superexploração e a corrosão salarial crescente maquiada pelos índices oficiais de inflação, avolumam-se as greves econômicas. “O DIEESE registrou a ocorrência de 446 greves em 2010 e de 554 em 2011, número 24% maior que o do ano anterior. Esses resultados confirmam a tendência de aumento do número de greves verificada a partir de 2002 – ano que estabeleceu, com os 298 movimentos registrados, a marca mais baixa da primeira década dos anos 2000.” 4. O estudo do Dieese também notou que entre 2010 e 2011 se radicalizaram espontânea e empiricamente, houve mais greves com piquetes e ocupações, refletindo a contradição entre o retrocesso da consciência dos trabalhadores sob o efeito daninho do governo apoiado pela CUT e MST, por um lado, e o crescimento do descontentamento social manifesto cada vez mais na ação direta dos trabalhadores. Foram os trabalhadores das três maiores obras de infra estrutura do país (Hidrelétrica de Belo Monte, na Refinaria Abreu e Lima - Rnest e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) que deram em 2012 o melhor exemplo de como enfrentar a reação crescente nas relações de produção, e por conseqüência do conjunto da sociedade brasileira. Suas greves somadas paralisando por quase seis meses as obras do PAC, contendo os apetites do capital por impor condições escravagistas de trabalho. Além de reajuste salarial de

11%, um dos maiores do país, os operários conquistaram outros benefícios como o crescimento do valor da cesta básica. Na refinaria, o valor da cesta aumentou 940% em

quatro anos, de R$ 25 para R$ 260. Na Comperj chegou a R$ 300 e em Belo Monte, os valor subiu 110% em um ano e meio de atividades, para R$ 200. Outra reivindicação muito forte no setor da construção civil alcançada pelos operários foi a redução do tempo para reverem suas famílias. Em Belo Monte, eles conseguiram reduzir de 180 dias para 90 dias o tempo para visitar a família; na Refinaria Abreu e Lima, de 120 para 90 dias. Na Coperj os trabalhadores pararam 82 dias, na Rnest 71 dias e em Belo Monte 16 dias. Todavia, é uma luta imediata relativamente vitoriosa levando em conta que os operários tiveram que superar a política de conciliação de classes do conjunto da burocracia sindical, incluindo a Conlutas que juntamente com os outros pelegos chegou a montar uma câmara de conciliação de classes nacional, denominada “Mesa Nacional Permanente Para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da Construção”.

Vergonhosamente, no episódio do mensalão as organizações de vanguarda que dizem reivindicar os interesses dos trabalhadores se dividiram entre os que capitulam ao PT

Continua na página 06

COMBATE A CORRUPÇÃO NA ERA DILMA

“Boi de piranha” para distrair a atenção sobre a enorme maracutaia enquanto passa a “boiada” Os governos petistas são exímios conversores de maracutaias em atos angelicalmente lícitos, desde a legalização da pilantropia dos tubarões de ensino no Prouni até a instituição do Regime Diferenciado de Contratação “para agilizar as obras do PAC e Megaeventos dispensando licitações. A lambança exponencial atingida em progressão geométrica a partir da privataria tucana fez parecer café pequeno o escândalos

de corrupções anteriores. O caixa dois, um dos principais crimes pelo que foi acusado Collor, que levou ao seu impeachment virou principal argumento da defesa dos mensaleiros junto ao STF. Não por acaso a construtora Delta, principal empresa alvo das denúncias do escândalo de corrupção de Carlinhos Cachoeira, está entre as três que mais receberam recursos do Orçamento da União em 2012 (R$ 379,2 milhões).

De 2004 a 2012 a Delta recebeu R$ 4 bilhões do governo federal. Todavia, a transferência de recursos do Estado para os donos das construtoras é muito menor do que a lucratividade que os governos lulodilmistas permitem aos banqueiros: “De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média do brasileiro foi de R$ 1.329,69, em 2003, para R$ 1.625,46 em 2011, enquanto os ganhos dos bancos subiram de R$

16,97 bilhões a R$ 59,39 bilhões no mesmo período, segundo o BC.”[1]. Ao contrário do que querem fazer crer a mídia burguesa, a corrupção não é o principal problema do capitalismo para os trabalhadores, mas uma relativamente pequena chaga frente a brutal exploração patronal. Nota: [1] http://extra.globo.com/noticias/ economia/lucros-dos-bancos-subiram-11-vezes-mais-que-renda-dotrabalhador-desde-2003-4633814. html#ixzz2GK7z4d4y

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NIEMEYER, COMUNISMO E PROLETARIADO

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O “comunista” Oscar Niemeyer e o levante dos operários na construção de Brasília didato a senador e eu estou certo de que o povo de Pernambuco vai pensar nisso tudo. Ele merece participar de tudo que se passa neste país”. [3]

scar Niemeyer faleceu aos 104 anos, identificado pelas novas gerações como uns dos mais antigos comunistas do país. Para os saudosistas do “velho comunista” recomendamos assistir o vergonhoso depoimento do mesmo no documentário “Conterrâneos Velhos de Guerra”, acerca do massacre de centenas de operários da construção civil, os candangos, tragédia que na época teve a dimensão do massacre dos sem terra de Eldorado dos Carajás. O trecho a seguir foi extraído do filme citado, dirigido por de Vladimir Carvalho, 1991. [1] Recomendamos também assistir a entrevista do igualmente “aclamado” arquiteto Lúcio Costa) sobre o mesmo episódio com os candangos nos canteiros de obra de construção de Brasília que viviam em situações iguais ou piores aos dos operários das obras do PAC de Dilma. A chacina dos candangos teria ocorrido em resposta a manifestação de operários que cobravam melhores condições de trabalho nas obras da nova capital. É preciso ganhar os técnicos, os engenheiros, os intelectuais para o lado da classe operária e não reverenciar os que colaboram com os exploradores e, no caso, participam do abafamento de massacres dos trabalhadores. Hoje como sempre ficarão em nossa memória os camaradas candangos que foram trucidados em sua luta contra o capital e seus governos e não os que, se dizendo comunistas, ficaram do outro lado.

Niemeyer também defendeu Stálin e os fraudulentos Processos de Moscou: “Stalin era fantástico. A Alemanha acabou por fazer dele umaimagem de que era um monstro, um bandido. Ele não mandou matar os militaressoviéticos na guerra. Eles foram julgados, tinham lutado pelos alemães. Erapreciso. Estava defendendo a revolução, que é mais importante. Os homenspassam, a revolução está aí.” Nas eleições de 2010, aos 102 anos, Niemeyer também foi cabo eleitoral de Marco Maciel, o execrável governador biônico de Pernambuco na época da ditaduramilitar, co-fundador da ARENA, do PFL e do DEM, apoiador de Collor nas eleições de 1989, líder do governo corrupto collorido no senado, eleito e reeleito vice-presidente de FHC e atual figura política do DEM: “Eu conheço Marco Maciel há muito tempo, quando ele era governador de Pernambuco (...). Ele é inteligente, discreto, honesto, honestíssimo. Ele é can-

PT...

(Continuação da página 05) (OT, EMPT, PCO, LBI,...), suplicando por uma reação efetiva do partido e da CUT mobilizando as massas para defender os mensaleiros ou nos que alimentaram ilusões no populismo judicial do supremo tribunal da democracia dos ricos (PSOL, PSTU, PCB, LER,...). FHC, Lula e Dilma, bem como os seus séquitos precisam ser duramente julgados pelos trabalhadores não apenas pelos crimes ilegais segundo as leis burguesas mas também pelos crimes lícitos da ditadura do capital contra a nossa classe. Nenhum tribunal de nossos inimigos irá condená-los pelo que nos fazem. É somente superando suas ilusões nas instituições burguesas que as massas conquistam sua independência política e ideológica de todas as frações burguesas, avançam na luta para impor a justiça da classe trabalhadora e construir uma oposição operária e revolucionária ao governo Dilma, Alckmin e ao conjunto de seus pares estaduais e municipais de todos os poderes do Estado capitalista.

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É de “comunistas” deste quilate que a burguesia gosta. Comunista não é quem se diz comunista, stalinismo não é comunismo e comunista toma partido pelo proletariado e não “desconhece” as suas grandes tragédias. Alguns saudosistas ainda justificam que o fato do arquiteto mais popular do país se declarar formalmente comunista é bom para nossa causa. Na verdade, é o contrário, o fato do “comunista” mais popular do país ser 1) um aliado das grandes empreiteiras, empresários, do aparato repressivo policial, dos “carrascos da Novacap” no ocultamento da super-exploração capitalista sobre o proletariado; 2) defensor dos processo stalinistas contra toda a geração de quadros que realizou a revolução bolchevique e 3) garoto propaganda de arqui-reacionárias oligarquias nordestinas é péssimo para o comunismo. Os candangos, rebelados e massacrados por JK ontem, vivem na revolta dos operários das obras do PAC de Dilma hoje! Quando verdadeiros comunistas se fundirem à luta cotidiana do proletariado contra o capital, avançará a luta pelo comunismo. Notas:

[1] http://www.youtube.com/watch?v=-qIjSCVwflU [2] http://www.youtube.com/watch?v=dA6M_C5vTcI [3] http://www.youtube.com/watch?v=xhWaO2cWIyY

Notas [1] O escândalo de corrupção conhecido como Mensalão foi transformada na ação penal 470 - Trata-se de um escándalo de corrupção que tem o núcleo dirigente do PT em seu centro subornando mensalmente a parlamentares de outros partidos da base governista para que votassem com o PT no Congresso Nacional. [2] A PF do Brasil, como o FMB dos EUA é loteado por distintas frações burguesas. [3] Há quase um século Trotsky aprofundava as lições deixadas por Marx contra as concepções que são defendidas hoje pelos os aloprados gramiscianos reformistas: “‘O governo moderno nada mais é do que um comitê para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa.’ Nesta fórmula sucinta, que os dirigentes social-democratas desprezavam como um paradoxo jornalístico, encontra-se, na verdade, a única teoria científica sobre o Estado. A democracia idealizada pela burguesia não é, como pensavam Bernstein e Kautsky, uma casca vazia que se pode, tranqüilamente, encher sem se importar com o conteúdo. A democracia burguesa só pode servir à burguesia. O governo de “Frente Popular” dirigido por Blum ou Chautemps, Caballero ou Negrin é tão somente ‘um comitê para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa’. Quando este comitê se sai mal em seus negócios, a burguesia expulsa-a do poder a pontapés.”( Leon Trotsky, 90 Anos do Manifesto Comunista, 30/10/1937). [4] http://www.dieese.org.br/esp/estPesq60balGreves20092010.pdf


BALANÇO DA V CONFERÊNCIA DE EDUCAÇÃO DA APEOESP

O plano da burocracia não foi organizar os professores para lutar pelos interesses dos filhos da classe trabalhadora nem muito menos pelo socialismo, mas para aprofundar a colaboração com os governos burgueses Prof. F.E.M., Representante escolar e delegado na V Conferencia Educacional da Apeoesp Prof. E.C., Representante escolar e delegado na V Conferencia Educacional da Apeoesp

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ntre os dias 28 e 30 de novembro de 2012 ocorreu a V Conferencia de Educação da Apeoesp em Serra Negra, São Paulo. O Fórum que contou com a participação de mais de 2000 delegados tinha como tema “bases para um plano estadual de educação que atenda aos interesses dos filhos da classe trabalhadora”. Um objetivo correto para o maior sindicato da América Latina, mas que não passou de uma meta distracionista utilizada pela direção do sindicato para traficar sua política completamente distinta do tema central da Conferência. Valendo-se do imenso peso do aparato burocrático o setor majoritário do sindicato, Articulação, Art/Nova (PT) e PCdoB, ligadas ao governo federal, “elegeu” quase 2/3 dos delegados da Conferência. Como coadjuvante deste esquema estiveram às correntes sindicais minoritárias da diretoria, hegemonizadas pelo PSTU (oposição alternativa) e o PSOL (Bloco de oposição educação movimento e luta) e seus satélites dividindo menos de 1/3 dos delegados. A metodologia das mesas de discussão foi avessa de um processo de debates e aprofundamento teóricos em vista de uma prática transformadora. Primeiro, valendo-se de um curtíssimo prazo de inscrição para restringir as contribuições escritas para as pré-conferências (nove ao total). Segundo, restringindo o debate democrático impedindo inclusive que o conjunto das contribuições participasse das mesas de debate, restritas a representantes do PT, PCdoB, PSTU e PSOL. Assim a conferência foi metodologicamente confusa, politicamente conservadora, não propiciou a organização militante dos professores e impediu o debate crítico do tema central, pois efetivamente não logrou criticar a educação burguesa que condena a classe trabalhadora como responsável por sua própria sina de poucos anos de estudo, reprovação, abandono escolar e suposta baixa qualificação para o trabalho. Também pudera, o objetivo do setor majoritário da diretoria era legitimar sua colaboração com o

governo tucano através da Comissão Paritária que a Apeoesp integra junto com a Secretaria de Educação e defender o PNE privatista e precarizante de Dilma e do Banco Mundial como modelo para o plano educacional estadual. CONTRA OS PLANOS EDUCACIONAIS DA BURGUESIA, POR UM ENSINO A SERVIÇO DOS INTERESSES DA CLASSE TRABALHADORA Em 2013, Dilma destinará quase 50% do PIB para a agiotagem da dívida pública e apenas 5% para a educação, demonstrando a hegemonia dos interesses do capital financeiro sobre a política do governo. Os setores da base governista, vinculados a burocracia sindical cutista, se esforçam apenas para que a quantia abocanhado pelo capital financeiro não seja tão grande, sobrando mais dinheiro para o capital produtivo e as políticas sociais do Estado. No entanto, mesmo que o valor para a educação venha a dobrar, ou a ele incorporarem-se os royalties do petróleo, todo o sistema educacional segue a seguinte lógica burguesa: em nível imediato, a educação está a serviço dos tubarões de ensino (escolas privadas e empresas capitalistas fornecedoras da rede pública) e em nível mediato a serviço de toda a burguesia (seja na reprodução de força de trabalho para exploração ou simplesmente no disciplinamento dos filhos da classe trabalhadora). Dentro desta lógica capitalista, o principal palestrante da Conferência, o ideólogo do PT, Emir Sader, defendeu que é preciso combater a especulação para que sobrem recursos para o desenvolvimento econômico, para os setores produtivos do capital e para as políticas sociais como a educação (http://bit.ly/QKL7PC), desenterrando a velha cantilena de que o capital especulativo é mal e o produtivo é bom, abandonada pela realpolitik neoliberal do lulodilmismo, para agradar e enganar a mentalidade reformista hegemônica entre os professores. Também defendendo a concepção reformista, PSOL e PSTU restringiram-se a polemizar sobre quando será elevado o orçamento da educação para 10% do PIB, reivindicanO Bolchevique No14 - janeiro de 2013

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do que seja já em 2013 contra a enrolação governista que cretinamente promete os 10% para 2023. Todavia, esta política defendida pela “situação alternativa” e pelo bloco psolista não faz mais do que por água no moinho dos tubarões do ensino. Podemos ter 10% do PIB já e sua destinação se reservar para remuneração do capital privado investido em educação. Tanto no estado de SP, como em nível federal, existe muito recurso que entra na verba de educação para investimento particular (não se trata de corrupção, mas de operações legais com o PROUNI ou programas de melhoria do ensino médio com contratação de empresas para prestação de serviços). Estes recursos não chegam para alunos e professores, não fazem uma educação para a classe trabalhadora.

nunciamos na Conferência que a diretoria da Apeoesp só faz assinar em baixo o que determina o governo do estado seja contra o acatamento da redução integral da jornada ou contra um aumento salarial efetivo. Contra as ilusões em torno de “negociações” que só servem para legitimar a retirada de nossos direitos (como é o caso da jornada de trabalho em que a pelegada “consensuou” com o governo do Estado um acordo que ficou aquém do que a arqui-reacionária justiça patronal compreendeu) defendemos a retirada da Apeoesp da Comissão Paritária.

A conferência não realizou uma negação do modelo capitalista de educação essencialmente segregacionista, antioperário, caótico e barbarizante predominante nas escolas públicas estaduais paulistas.

Foi importante a aprovação de uma resolução na conferencia contra o Acordo Coletivo Especial, o ACE, que de fato é uma contra-reforma trabalhista que o patronato e o imperialismo vêm ameaçando aplicar através do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC/SP. Todavia, como toda resolução progressiva que excepcionalmente pode ser aprovada em fóruns como este, a resolução é convertida em mera formalidade, sem maiores conseqüências, pela direção da APEOESP. Ainda que seja importante aprovar tal resolução no maior sindicato da CUT, tal resolução se mantém no limite do combate formal ao famigerado ACE que Conlutas, Intersindical e CTB realizam quando o que é preciso é organizar a luta direta de resistência aos ataques com os métodos da classe, bloqueios de estrada, paralisações e greves em âmbito nacional, etc.

A conferência não tematizou os três principais problemas que impedem uma educação para a classe trabalhadora: 1) a escola figura como um depósito para a maioria dos filhos da classe trabalhadora; 2) ensino técnico e profissionalizante a serviço direto do capital para uma pequena parcela dos filhos da classe trabalhadora; 3) o incentivo a ideologia do sucesso individualista e esforço pessoal como mola de progresso social (a educação é classista, cumpre uma determinação burguesa para induzir ao pensamento que todos poderão alcançar o sucesso que desejarem com esforço e dedicação e aqueles que não conseguem, sendo as vítimas do capitalismo, aparecem como culpados pela sua própria sorte). Ao não denunciar tais aberrações a diretoria do sindicado conduziu a conferência a um beco sem saída. Enfim, não se produziu uma pauta de luta no sentido de uma educação para a classe trabalhadora. A conferência não armou os professores para superar suas ilusões em um conjunto de teorias pedagógicas burguesas (escola tradicional, construtivista, escolanovismo, reformista, “vinculada à produção”, etc.) em favor de uma concepção pedagógica que corresponda ao atual estágio da luta da classe trabalhadora contra o capital. Nunca é demais lembrar: o professor também é classe trabalhadora, precisa exercer um papel ativo na luta de classes que tenha como objetivo a emancipação revolucionária do conjunto sociedade da exploração capitalista. Já passou do tempo de estudar e se apropriar das concepções socialistas para que realmente exista uma educação emancipadora para a classe trabalhadora. APEOESP ESCAMOTEIA PLANO DE LUTAS EM FAVOR DA COLABORAÇÃO COM O TUCANATO CONTRA OS PROFESSORES Não saímos da conferência com um plano de luta organizado a respeito de uma educação para a classe trabalhadora porque não interessa a diretoria da APEOESP que substituiu a luta direta dos professores pela conciliação de gabinete com o tucanato. É isto que a direção do sindicato faz dentro da Comissão Paritária, pois nosso poder social está na greve de massa com fechamento das escolas, ocupação de ruas e avenidas. Mas, em qualquer luta, negociação sem poder de barganha é derrota líquida e certa, é concessão automática de nossos direitos. Por isto, nós de-

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TRANSFORMAR A VITÓRIA FORMAL CONTRA O ACE EM LUTA EFETIVA PARA DERROTAR A CONTRA-REFORMA TRABALHISTA

CONTRA AS ESCOLAS-DEPÓSITO DE JOVENS E A CONVERSÃO DOS PROFESSORES EM CARCEREIROS DA JUVENTUDE É preciso traçar um plano de lutas contra o governo do Estado para conquistar a redução imediata da jornada em favor de que não apenas 1/3, mas de 50% da mesma seja extra-classe; pela reposição integral das perdas e verdadeiro aumento salarial; fim da prova do mérito e efetivação imediata e incondicional DE TODOS os precarizados (categoria O) que vão sofrer demissão em massa, cerca de 90 mil agora no dia 21 de dezembro com o fim do contrato; A burguesia condena as escolas públicas a um depósito da juventude que não tem como objetivo o aprendizado efetivo, mas o cumprimento das metas neoliberais do Banco Mundial, aprovando automaticamente analfabetos funcionais. Este sistema “educacional” reduz os professores a carcereiros, situação que inevitavelmente degenera a relação entre professores e alunos, jogando uns contra os outros. É então que a direita entra em cena e se aproveita da situação buscando reduzir a maioridade penal. Por isto vem tentando aprovar no Congresso Nacional o projeto de lei de autoria do PP malufista que revisa o ECA e criminaliza a juventude usando como desculpa o desrespeito em sala de aula. Somos contra este projeto de lei policialesco e defendemos que todo e qualquer caso de violência na escola seja imputado ao Estado e não a qualquer das partes vítimas (alunos, professores, etc.); Pela ascensão funcional baseada no tempo de serviço do professor (podendo ser complementada por títulos acadêmicos); Pela gerência das verbas e de toda a política pedagógica por um conselho tripartite da comunidade escolar democraticamente eleito pela mesma; Por uma frente de oposição revolucionária para derrotar os pelegos, o capital e os governos burgueses.


HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE SÃO PAULO

Uma vitória importante na luta pela organização dos trabalhadores na CIPA do HC

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Geisa Amaral

o dia 30 de novembro ocorreu eleições para a CIPA nos diversos institutos que compõem o Hospital das Clínicas de São Paulo. Este complexo hospitalar é considerado um dos maiores e mais importantes hospitais da América Latina, concentrando aproximadamente 15 mil trabalhadores. As eleições aconteceram num momento em que o complexo está prestes a sofrer um perigoso ataque pelo governo do Estado e setores privados da saúde, que pretendem transformá-lo em autarquia especial, ou seja, entregar livremente a gerência do Hospital para as mãos da iniciativa privada, sob o pretexto de aumentar o orçamento da instituição. “Apesar das promessas de aumentos salariais, teremos as seguintes perdas: fim da estabilidade e das contratações via concurso público, aumento da pressão institucional por produtividade e meritocracia e terceirização dos serviços. Para nos seduzir a nos submeter a todas estas perdas anunciam em forma de isca que au-

O Bolchevique Orgão de propaganda da Liga Comunista Ano IV - NO14 - janeiro de 2014

lcligacomunista.blogspot.com liga_comunista@hotmail.com Caixa Postal 09 CEP 01031-970 São Paulo/SP - Brasil

LCFI A Liga Comunista é membro Liaison Committee for the Fourth International

do Comitê de Ligação pela IV Internacional (CLQI) juntamente com o Socialist Fight da Grã Bretanha e a Tendencia MilitanCLQI te Bolchevique da Argentina. Comitê de Ligação pela Quarta Internacional

As opiniões expressas nos artigos assinados ou nas correspondências não expressam necessariamente o ponto de vista da redação.

mentarão nossos salários. Entretanto, com o inevitável aumento da inflação, mesmo este prometido “aumento salarial” será logo consumido, enquanto isso, os usuários são prejudicados com aumento do desvio do número de leitos a convênios e particulares, diminuindo o espaço de atendimentos destinados ao SUS.” “Um complexo hospitalar das proporções que tem o HC, um dos maiores da América Latina, possui orçamento anual de aproximadamente 1,5 milhões por ano. Isso nos mostra que a discurso de “baixo faturamento” é falso e que nada pretende além de continuar garantindo o lucro de grupos empresariais de saúde privada. Somamos aproximadamente 15 mil servidores, distribuídos nos sete institutos, unidades de internação e centros de reabilitação. Se organizados, somos suficientemente fortes para barrar tamanhos prejuízos e ataques contra nós mesmos e a toda população.” (ELEIÇÕES DA CIPA - A autarquia é um lobo em pele de cordeiro! Resistir em defesa de nossos direitos com uma CIPA combativa e classista!, TRABALHADORES COMBATIVOS DO HC). Uma companheira da LC participou das eleições e foi a mais votada de seu setor com 134 votos. A campanha também teve apoio ativo na distribuição de panfletos dos terceirizados da limpeza e segurança do local pois os setores mais precarizados do HC sabem que sua exploração e opressão no trabalho tende a aumentar se não se organizam com uma representação combativa que defenda a efetivação imediata e incondicional de todos os terceirizados. Ao mesmo tempo, esta vitória significa um importante passo adiante na fusão das concepções trotskistas pelos interesses históricos da classe trabalhadora necessários para o combate as empresas privadas de saúde e ao governo do estado. O Bolchevique No14 - janeiro de 2013

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MALI

Derrotar a invasão imperialista francesa!

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Declaração do Comitê de Ligação pela IV Internacional

imperialismo francês invadiu o Mali (mais de dois mil soldados no início de janeiro aos quais se somam aviões bombardeios de guerra franceses), com apoio britânico nesta moderna disputa pela África. Após a pilhagem bem sucedida da Líbia, uma divisão de trabalho foi aparentemente acordada como parte de uma estratégia de longo prazo. A França vai invadir e ajudar seus títeres nesta região, tendo previamente lidado com a Costa do Marfim, reeditando a política neocolonialista conhecida como Françafrique [1]. De seu lado, a Grã-Bretanha espera ajuda da França para ocupar a Somália que logo será a bola da vez. Isto tudo sob a liderança global dos EUA que estão logisticamente ocupados com suas guerras geopolíticas no Afeganistão e no Iraque, enquanto aumentam o cerco contra a China, o rival contra quem prepara-se para travar a Terceira Guerra Mundial. Israel, Arábia Saudita, Qatar e Turquia, no momento, tratam do enfrentamento com a Síria e o Irã.

A CONFERÊNCIA DE BERLIM (1884-85) desencadeou a primeira disputa colonial pela África e pelos mesmos objetivos são travadas as guerras atuais – para garantir matérias-primas e mercados e impedir que seus rivais o façam. Nesta conferência foi acordado que o continente tinha de ser realmente ocupado para que houvesse reconhecimento internacional, daí a disputa por quem ocupa. É difícil que se chegue a um acordo hoje e mesmo que ele ocorra não vai impedir a guerra inevitável entre os rivais imperialistas. O imperialismo ocidental hoje é liderado pelos EUA que tem a Grã-Bretanha e França como seus principais aliados. Estas nações imperialistas se confrontam com um bloco de nações lideradas pela Rússia e pela China, sendo a capacidade nuclear russa mais avançada em muitos aspectos e a China a nação mais importante porque está expandindo sua influência na África como em outras partes do hemisfério ocidental. O alerta urgente de Obama para que Cameron não retire a Inglaterra da Comunidade Européia [2] é motivado pelo medo de uma quebra da União Europeia empurrará a Alemanha e seus aliados mais próximos a ficarem muito tentados a abandonar o euro e olharem para o leste em direção a Rússia e China, deixando a Espanha e Itália enfrentando dilemas cada vez mais duros sobre qual campo imperialista rival deverão optar. “MALI EM CHAMAS! – O AFEGANISTÃO AFRICANO” é o nome de um artigo do Times Online asiático pelo jornalista brasileiro Pepe Escobar nos informa: “Mali faz fronteiras com Argélia, Mauritânia, Burkina Faso, Senegal, Costa do Marfim e Guiné. O espetacular delta do Níger está no centro de Mali – ao sul do Saara. O Mali transborda de ouro, urânio,

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bauxita, estanho, ferro, manganês e cobre. E,... gasodutos em combustão! - Há abundância de petróleo inexplorado no norte do Mali “[3]. É claro que a intervenção militar não atingirá apenas o Mali, isto já adquiriu o caráter de uma guerra regional envolvendo Mali, Argélia, Líbia e todos os países da região. Aqui o ouro é um dos mais importantes minerais extraídos. E ele é extraído da maneira mais primitiva, com a utilização de trabalho infantil. A Human Rights Watch produziu um relatório em 6/12/2011: “Trabalho infantil no Mali na exploração de ouro: trabalho perigoso, intoxicação por mercúrio e doenças”. Ele revela que: “O TRABALHO INFANTIL ARTESANAL NA EXPLORAÇÃO DE OURO é comum em muitos países ao redor do mundo, especialmente no cinturão da África ocidental, que abrange Burkina Fasso, Costa do Marfim, Gana, Guiné, Nigéria e Senegal. Mali é o terceiro maior produtor de ouro da África... crianças menores de seis anos cavam veios de ouro, trabalham no subterrâneo, levantam pesados fardos de minério bruto, e carregam, esmagam e arrastam esse minério. Muitas crianças também trabalham com mercúrio, uma substância tóxica, para separar o ouro do minério bruto. O mercúrio ataca o sistema nervoso central e é especialmente prejudicial às crianças...números obtidos pelo Human Rights Watch do Ministério Maliano de Minas coloca o montante de ouro artesanalmente anual por volta de quatro toneladas métricas, com valor aproximado de 218 milhões de dólares nos preços de novembro de 2011. Muito desse ouro é expor-


tado para a Suiça e Emirados Arabes Unidos e principalmente para Dubai.” h t t p : / / w w w. y o u t u b e . c o m / watch?v=KLpHQGExt68 Comentando o artigo de Pepe Escobar, Te Pu Win, de Toronto, define as rivalidades inter-imperialistas em seu devido contexto: “A CHINA É O MAIOR PARCEIRO COMERCIAL DA ÁFRICA E AGORA TEM CERCA DE 200 EMPRESAS INVESTINDO NO MALI. Essa turbulência coloca a China em apuros e a forma como os líderes chineses vão lidar com esta situação vai ser crucial para suas imensas necessidades de abastecimento a partir da África. Com a crescente complexidade dos conflitos, a China está investindo no aumento da capacidade de suas tropas de resposta rápida em caso de perigos para os trabalhadores chineses expatriados em terras longínquas. Seu Y-20 avião super-transportador ainda não está pronto, ele poderá transportar até 99 tanques.” Muitos conflitos étnico / religiosos nesta parte da África tem raízes históricas profundas – desde a invasão árabe no século 13. Isto agora é agravada pelo neo-colonialismo e o chamado Conselho de Segurança das Nações “Unidas”, uma entidade racista e imperialista que, devido à sua superioridade (nuclear) militar pode intervir com a impunidade em qualquer lugar que considere que seus interesses estão “ameaçados”. Pepe explica as forças em disputa no Mali e como elas chegaram a atual situação: Tudo começou com um golpe militar em março de 2012, há apenas um mês antes de uma eleição presidencial no país, quando foi derrubado o então Presidente Amadou Toumani Touré. Os golpistas justificam seu golpe como uma reação à incompetência do governo na luta contra os tuaregues. O líder do golpe foi um certo Capitão Amadou Sanogo Haia, que não por acaso tinha sido muito bem preparado pelo Pentágono, o que incluiu quatro meses de curso básico de formação como oficial de infantaria em Fort Benning, na Geórgia, em 2010. Resumidamente, Sanogo também foi preparado pela AFRICOM, um projeto que combinava o Programa de Cooperação no Contraterrorismo do Trans-Sahara do Departamento de Estado e a Operação Liberdade Duradoura do Pentágono. Vale ressaltar que todo este verso de “defesa da liberdade” tem sido sempre o “fiel aliado” do tal “contraterrorismo, combatendo (pelo menos teoricamente a Al Qaeda) no Magreb islâmico (AQIM). NOS ÚLTIMOS ANOS, WASHINGTON ADQUIRIU KNOW HOW EM OPERAR ESTES GIROS DE 180 GRAUS. Durante o segundo mandato de George W. Bush, as Forças

Especiais foram muito ativas em estreita colaboração com os tuaregues e argelinos. Mas, durante a primeira administração de Obama, começaram a apoiar o governo de Mali contra os tuaregues. Muammar Kaddafi sempre apoiou o movimento de independência dos Tuaregs. Desde 1960, a Agenda do NMLA tem sido liberar o Azawad (Mali do Norte) do governo central em Bamako. Depois do golpe em 2012, o NMLA parece que alcançou seu objetivo. Eles colocaram sua própria bandeira nos poucos edifícios governamentais, e em 05 de abril anunciaram a criação de uma nova e independente nação Tuareg. A comunidade internacional tratou-os com desprezo, o NMLA foi marginalizado inclusive na sua própria região, mas não por três grupos islamitas; Ansar El Dine (“Defensores da Fé”) ; o Movimento pela Unidade e Jihad na Africa Ocidental (MUJAO), e o Al-Qaeda no Magreb Islamico (AQIM). AGORA, O IMPERIALISMO OCIDENTAL É CONFRONTADO COM AS CONSEQÜÊNCIAS DE APOIAR OS ISLAMITAS NA LÍBIA. Seus antigos aliados agora são seus inimigos no Mali. Sua vitória com a derrubada de Kadafi para golpear os ambiciosos investimentos chineses e russos na Líbia espera obter mais sucesso na Síria. A aposta gananciosa nos saqueadores do “Exército Livre da Síria” resultou na crescente influência da Al-Qaeda dentro da oposição síria. No Mali o imperialismo ocidental teme que os chineses ampliem seu domínio oferecendo infraestrutura de escolas e hospitais. Esta estratégia promoveu a imagem da China em outras partes da África e contrasta com a exploração totalmente parasitária do imperialismo ocidental. Lógico que o bloco chino-russo é tão brutal quando trata-se de golpear a classe operária como vimos na África do Sul, Tanzânia, Zâmbia etc. O Bolchevique No14 - janeiro de 2013

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OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO OCIDENTAIS DESTACAM A IMPOSIÇÃO DA LEI ISLÂMICA, A SHARIA, NAS ÁREAS CAPTURADAS PELOS GUERRILHEIROS ISLÂMICOS. Estes relatórios podem e devem ser suspeitos, mas não buscamos a negar o caráter reacionário das forças da Al Qaeda, sua opressão brutal sobre as mulheres, gays e lésbicas e sua vontade de prestar serviços ao imperialismo sempre que a oportunidade se apresenta. Sua estratégia é manobrar entre blocos imperialistas rivais para avançar os privilégios para suas próprias elites. Os mulás “revolucionários” do Irã são agora multi-bilionários que oprimem as massas no Irã, sempre que possível, em aliança com o imperialismo. Eles são, na verdade, anti-imperialistas reacionários. Mas, quando eles estão em guerra contra as forças do imperialismo, devemos apoiá-los nessa guerra. Nós nunca podemos esconder a realidade de seu atraso reacionário – a fotografia dos dois adolescentes enforcados no Irã por serem gays tem contribuído muito mais para ajudar a propaganda imperialista do que qualquer coisa que Obama, Cameron ou Hollande poderiam dizer – mas nós sabemos que a África subsaariana, como o resto do mundo semi-colonial, está morrendo de fome porque o imperialismo, o capital financeiro em aliança com os multinacionais globais estão sugando o sangue da vida do “Continente Negro”. Pepe narra os truques e preparativos reais para a guerra: Já em fevereiro de 2008, o vice-almirante Robert T Moeller estava dizendo que a missão do AFRICOM era proteger “o livre fluxo dos recursos naturais da África para o mercado global”, sim, ele referia-se diretamente a China, declarado-a culpada de “desafiar interesses dos EUA”. AVIÕES DE ESPIONAGEM DA AFRICOM “OBSERVARAM” O MALI, A MAURITÂNIA E O SAARA DURANTE MESES. Em tese, a procura de combatentes da AQIM. A coisa toda é supervisionada por forças especiais dos EUA, que atuam sob o condi-nome de operação Sand Creek, baseada na Burkina Faso. Não espere detectar qualquer estadunidense aí, onde eles são maioria dos estrategistas, mas não usam uniformes militares. Na prática, trata-se de uma ocupação militar ocidental (com Washington “liderando na retaguarda”) versus os sedutores investimentos chineses na África. No Mali, o cenário ideal para Washington seria um remix do Sudão; como a recente divisão do Sudão entre o Norte e o Sul do país, que criou uma dor de cabeça de logística extra para Pequim. Por que não então uma divisão do Mali para explorar melhor as suas riquezas naturais? A propósito, o Mali era conhecido como Sudão Ocidental até sua independência em 1960. No blog Activist Post somos informados: ENQUANTO ISSO, NA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO OS REBELDES DO M23 estão se preparando para marchar para a capital e derrubar o governo. Relatórios da ONU confirmam que Washington apoia os rebeldes. Em dezembro de 2012, um influente especialista sobre a África, Dr J Peter Pham, publicou um artigo, “Para salvar o Congo é preciso fragmentá-lo”. Ele argumenta que o Congo é uma “entidade artificial” que é “grande demais para ter sucesso”, e, portanto, a direção política tomada pelos EUA deveria ser

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a de promover a balcanização: O que Pham está sugerindo é a política de levar a nação congolesa ao colapso, criando pequenas pequenas entidades etno-nacionalistas demais para resistir às corporações multinacionais. O sucesso da investida do M23 certamente deve ter abalado a estabilidade do Presidente Kabila, cujo pai chegou ao poder com o apoio do Uganda e de Ruanda, em 1996, regimes, empregando as mesmas estratégias que o M23 usa hoje. Kambale Musavuli, de Washington – Capital Federal onde é sediada a ONG “Amigos do Congo” – está certo ao afirmar: As pessoas precisam ter claro contra quem estamos lutando no Congo... Estamos lutando contra potências ocidentais, contra os Estados Unidos e o Reino Unido, que estão treinando, armando e equipando as forças armadas de Ruanda e Uganda. [4] E COMO É QUE O RESTO DA ESQUERDA REAGIU À ESTA INVASÃO DO MALI? Todos a condenaram (embora ninguém faça apologia dos rebeldes desta vez), mas suas conclusões são débeis e impotentes para resistir a pressão de suas próprias classes dominantes. A classe trabalhadora das metrópoles nunca vai quebrar suas próprias cadeias e sair em socorro da parte Sul empobrecida do globo, se eles não forem capazes de romper com a sua fidelidade para com sua própria classe dominante e suas guerras e intervenções estrangeiras. E para isto é preciso conceber de modo consciente e marxista a construção da Frente Única Anti-Imperialista, sem apoiar políticamente nenhum ato reacionário das guerrilhas fundamentalisas anti-imperialistas contra a sua própria classe trabalhadora e os seus pobres, mas sim uma frente unida contra os ataques imperialistas e seus lacaios locais de qualquer parte. Em 16 de janeiro, no site do Novo Partido Anti-Capitalista francês 2013, Paul Marciais concluiu com o seguinte pensamentos ironicamente abaixo de um subtítulo “Torne-se um internacionalista”: “Nossa posição entra em choque com um quase todas as outras posições políticas da nação francesa. Alguns podem ter sido levados pela emoção legítima contra a barbárie dos jihadistas e o sofrimento da população, mas agora as coisas se tornam mais claras, é claro que a guerra será longa, cara e difícil. Talvez a França faça parte do problema e não da solução. Na verdade, desde a independência dos Estados africanos, a França não deixou de apoiar as piores ditaduras, os piores massacres, as piores guerras, de estar envolvida no genocídio de Ruanda e certamente não é a nação mais recomendada para defender os direitos dos povos da África. Nós só podemos denunciar a Françafrique, o seu apoio a ditadores, o fato de que Hollande recebe Bongo, Deby, Compaore, o fato de que ele não emitiu um único protesto contra a violência das forças de repressão em Togo contra os manifestantes. Reafirmamos a nossa solidariedade para com as forças progressistas da África e do Mali que se opõem à intervenção francesa.”

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VENEZUELA

Frente única para derrotar a direita e o imperialismo, mas sem qualquer confiança em Maduro nem nas demais frações boli-burguesas! Impulsionar um partido bolchevique e a Revolução Permanente para impor o verdadeiro Socialismo no século XXI!

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Declaração do Comitê de Ligação pela IV Internacional a disputa interburguesa que se realiza neste momento na Venezuela agora, está em jogo muito mais do que o futuro do chavismo.

Na Argentina, Brasil e Venezuela, através da oposição burguesa, o imperialismo anglo-ianque aumenta a pressão sobre os governos semi-coloniais para que eles nutram seu apetite crescente em meio a crise econômica internacional ou abram o caminho para novas coalizões de títeres governantes. Poucos meses depois de perder as eleições presidenciais, mas aproveitando que o ganhador não pode presidir o país, a direita tensiona as dinstintas frações do chavismo enquanto, simultaneamente, os EUA buscam na America Latina conter a expansão do bloco burguês rival, liderado pela China e a Rússia, que ganhou influência neste continente a partir da primeira década do século XXI. A manobra do imperialismo em preparar o pósChavez é uma manobra preventiva para evitar a formação – nos três países chaves das três grandes bacias da América do Sul, Orinoco, Amazonas e o sistema do Prata – de uma plataforma comum formada por Argentina, Brasil, Venezuela e demais sócios mercosulistas onde possam se expandir os interesses do núcleo Chinês-Russo. A reação que mesmo finalmente unificada perdeu a disputa eleitoral em 2012, que investiu duramente na tensão midiática no início de 2013 e recuou diante da recente coesão momentânea entre os poderes do regime, da manifestação de força popular no dia 10 de janeiro e do aval da OEA a decisão da Suprema Corte Venezuelana pela prorrogação indefinida para posse de Chavez, agora investe, sobretudo na divisão da boliburguesia (burguesia bolivariana) entre o ex-sindicalista Nicolás Maduro (atual vice-presidente de Chavez) e Diosdado Cabello, recentemente eleito chefe da Assembléia Nacional e representante do setor ligado aos interesses do aparato militar. A boliburguesia nasceu da crise do bipartidarismo na Venezuela instaurado após o Pacto do Punto Fijo em 1958 [1], regime que entrou em decadência fundamentalmente com a queda dos preços do petróleo entre o final da década de 80

e princípio dos 90. Neste contexto de crise da superestrutura – em um Estado capitalista que extrai a maior parte dos recursos de controle estatal a partir da renda do petróleo, ou seja, em um petro-Estado, – uma força estatal com forte interesses específicos no controle da própria renda petroleira, o Exército, irrompe e prepara as condições para uma recomposição futura do petro-Estado no mercado mundial sobre novas bases: 1) Maior peso específico do Exército burguês no Estado capitalista, assegurando assim a parte do controle que e o Exército mesmo tem sobre as receitas das exportações do petróleo; 2) Maior articulação de um consenso social ampliado – realizando algumas concessões imprescindíveis para conseguir tal consenso – aos trabalhadores; O Bolchevique No14 - janeiro de 2013

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3) A partir desta superestrutura se dão as condições para a aparição de novos atores dentro da classe burguesa nativa, ou seja, a burguesia bolivariana. Todos os pontos citados anteriormente são elementos desencadeados a partir da superestrutura mas que se apoiam no fato infraestrutural do vínculo da Venezuela com o mercado mundial: a apropriação de uma parte da renda do petróleo por parte do Estado burguês deu origem a um petroEstado capitalista de tipo semi-colonial. Após 14 anos de governo, prepara-se uma alteração desencadeada por fatores político-superestruturais a partir da provável saída de cena definitiva do Bonaparte que arbitrou o conflito entre as distintas frações burguesas mundiais e locais, conteve o proletariado e a insurgência regional e abriu o caminho para um novo status semicolonial acordado com o imperialismo estadunidense depois de haver estabelecido uma aliança estratégica com Juan Manuel Santos (Colômbia), que pavimenta o caminho da capitulação militar das FARCs (Forças Armadas Revolucionárias da Colombia – Exercito do Povo, FARC – EP) [2]. Com o próprio Chavez já foi traçado o caminho para a aproximação bolivariana do imperialismo, repetindo, a sua maneira e em nossa época, a mesma trajetória de tantos movimentos nacionalistas burgueses como o cardenismo mexicano ou o peronismo histórico argentino. Apesar da redução das exportações do petróleo venezuelano aos EUA, o país segue como a terceira maior fonte internacional de petróleo para o amo do norte (detrás apenas da Arábia Saudita e do Canadá), a Venezuela estruturalmente tem fortes tendências a manter vínculos com os EUA para onde exporta metade de todas suas exportações e cerca de 40% do petróleo que produz. Esta relação pressiona permanentemente para se expressar de forma harmônica na superestrutura e particularmente no núcleo duro da superestrutura burguesa: o exército. As Forças Armadas que agora, majoritariamente, defendem a legitimidade do mandato de Chavez, mas apostam em uma sucessão via Cabello. E não por acaso, antes do dia 10 de janeiro (data oficial da posse de Chavez), foi publicado um documento da “Frente Institucional Militar” assinado por mais de 70 generais e coronéis das FFAA que apoiam a revindicação da direita e “diante da complexa situação nacional, exortamos aos nossos companheiros de armas a cumprir cabalmente seus deveres militares e a respaldar plenamente a Constituição Nacional” (diarioenlamira.com, 9/01). Neste sentido, é fundamental que o proletariado venezuelano rompa com qualquer tipo de expectativas postas nas supostas “alas antiimperialistas” do exército burguês. A história universal tem demonstrado fartamente que a confiança no núcleo duro do aparato inimigo por parte do proletariado tem sido paga pelo proletariado com derrotas marcadas por rios de sangue. O “Socialismo do século XXI não permitiu o avanço de uma “iota” da luta pelo controle da produção. Pelo contrário, em todas as lutas que os operários se moveram radicalizadamente ocupando fábricas foram duramente reprimidos ou até assassinados pelo regime chavista, enquanto foram impulsionados organismos de cooptação e controle social

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das massas pelo petro-Estado. O reconhecimento da legitimidade de Maduro pela OEA (Organização dos Estados Americanos ou, como dizia Che Guevara, o “Ministerio das Colônias”) atesta que neste momento o imperialismo tem como “Plano A” a cooptação do chavismo pos-Chavez. Por outro lado, a aproximação da Venezuela de Washington é mais uma meio de pressão dos distintos governos burgueses latinoamericanos, como o do PT brasileiro, para tensionar a aceleração dos ritmos da restauração capitalista em Cuba. A burocracia castrista influencia e dialeticamente é influenciada pela boliburguesia e, assim como o imperialismo que comanda a pressão restauracionista por cima, é consciente deste processo. O chavismo vem preparando o ajuste contra os trabalhadores. A revista The Economist (15/12) assinala que “quem quer venha a governar a Venezuela vai enfrentar decisões econômicas difíceis (...) a economia provavelmente desacelerará. (...) o déficit público esta estimado em 14,7% do PIB (...) e a inflação, de 18%, provavelmente aumente no ano que vem” [3]. O governo fez “o anúncio por parte do ministro da Planificação e Finanças, Jorge Giordani, de aumentar a gasolina e as tarifas dos serviços públicos” (Elimpulso.com, 23/11/2012). Também se prognostica uma desvalorização para este ano “é muito provável que a divisa venezuelana desvalorize uns 46% durante o primeiro trimestre do ano” (El Universal, 26/10/2012). Isto implica no aumento da inflação e na corrosão dos salários. O tarifaço e a desvalorização estão a serviço do pagamento da dívida externa, uma vez que “os serviços da dívida externa venezuelana aumentam em 12 bilhões de dólares por ano” (Notitarde.com, 11/08/2012). Um artigo de The Washington Post de 9/1 afirma que “Roberta Jacobson, a mais alta diplomática para America Latina, falou ao telefone com o vice-presidente Nicolás Maduro em novembro e discutiu maneiras de melhorar os laços em vários assuntos como o de combater os cartéis de droga e o terrorismo”. Também informa que “Maduro e outros membros do governo Chavez também buscam uma reaproximação [com o governo dos EUA]” e que “o diplomata estadunidense Kevin Whitaker também esteve em contato regular com Roy Chderton, o embaixador venezuelano na OEA em Washington”. O chavismo facilita o caminho da direita e do imperialismo, que exploram demagogicamente a miséria social crescente na Venezuela. Se o chavismo quisesse aprofundar a mobilização popular para derrotar a direita, não poderia realizar ajustes econômicos nem pagar a dívida externa, mas ao contrário deveria satisfazer as reivindicações das massas. Por isto, chamamos a militância operária e popular venezuelana a pronunciar-se contra o ajuste, o pagamento da dívida e os compromissos com o imperialismo, impulsionando um plano de lutas contra o golpe e por todas as reivindicações das massas. Para derrotar a pressão da direita e do imperialismo é preciso romper e expropriar aos mesmos. Nenhuma confiança em Maduro que prepara ajustes contra os trabalhadores pagando a dívida externa e aproximando-se do imperialismo.


Por isto, como já antecipamos acima, após a derrota de Kadafi, o cerco atual a Síria, a intervenção no Oeste Africano (Mali) e ameaça de que o futuro alvo seja o Irã, o próprio Chavez já começou a aproximação com o imperialismo, a co-orientar a capitulação das FARCs, a restauração capitalista em Cuba, a impor ajustes da crise capitalista com aleivosia sobre os ossos e músculos já doloridos da população trabalhadora venezuelana. É contra tudo isto que lutamos. Mas, ainda que uma vitória da direita seja uma probabilidade minoritária na atual conjuntura, tal vitória acelerararia a chegada das derrotas que o chavismo preparou. A causa da unidade latino americana não pode ser satisfeita por nenhum governo nacionalista burguês, todos privilegiam seus compromissos com o imperialismo contra a defesa da luta unitária de conjunto contra este. A unidade dos operários e camponeses em nível continental, e a luta pelos Estados Unidos Socialistas da America Latina e Caribe é a única forma de expulsar o imperialismo do continente. Para isto é necessário superar o nacionalismo burguês. É, portanto, fundamental erguer uma Frente Única Antiimperialista para derrotar a direita e simultaneamente ganhar do chavismo a influencia que hoje os revolucionários não possuem sobre as massas. Assim, preparando o partido bolchevique da classe operária venezuelana avançaremos para realizar todas as tarefas que o chavismo, em nome de um socialismo boliburguês se opôs a realizar, expropriando a direita, seus grupos midiáticos, as multinacionais e a própria boliburguesia, pelo controle operário da PDVSA (estatal de petróleo e gás venezuelana) e com os métodos da revolução permanente apontar a uma estratégia que supere através da revolução operária aos governos bolivarianos para conquistar um governo operário e camponês, único capaz de estabelecer as bases para o socialismo do século XXI. Notas: [1] O Pacto do Punto Fijo estabelecido em 1958 foi um acordo formal entre os representantes dos três principais partidos políticos da Venezuela: Ação Democrática, COPEI (Social Partido Cristão) e Unión Republicana Democrática, para a aceitação das eleições presidenciais naquele ano e a preservação do regime democrático. Na época, foi excluído o Partido Comunista da Venezuela (PCV, agora parte da coalizão de Chávez). A Revolução cubana de 1959 influenciou o PCV e grupos de estudantes com a esperança de repetir o sucesso de Fidel Castro na Venezuela. Muitos estudantes de esquerda, formaram o Movimento da Esquerda Revolucionária (Movimiento de Izquierda Revolucionária, MIR) em abril de 1960. [2] As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Popular são uma organização guerrilheira colombiana envolvidos no contínuo conflito armado colombiano desde 1964. As FARC-EP são um exército de camponeses com uma plataforma política agrária e anti-imperialista. [3] The Economist conclui com esta avaliação das forças em disputa: “Se o Sr. Maduro assumir, sua outra batalha principal será a evitar as lutas entre facções dentro chavismo, até então administradas pela autoridade pessoal de Chávez. Como civil, o Sr. Maduro estaria em desvantagem em lidar com as forças armadas, que Chávez tornou o braço militar do PSUV. Como um esquerdista radical, ele sofreria a desconfiança dos pragmáticos, que incluem muitos oficiais do exército e empresários recém-enriquecidos chavistas, cujo líder é o Sr. Cabello. Por agora, no entanto, todos os olhos na Venezuela estão em um leito de doente em Havana.”

MALI...

(Continuação da página 12) Então, a questão não é conformar uma Frente Unida Anti-Imperialista contra a invasão francesa, mas limitar-se a apoiar aos agrupamentos de esquerda e as forças progressistas enquanto o imperialismo pode bombardear e mandar para o inferno os reacionários e assim se pode aproveitarse da nação e de seus recursos realmente sem qualquer objeção uma vez que se trata de uma guerra contra os tais reacionários. O Partido Socialista dos Trabalhadores da Argélia (PST, seção argelino do Secretariado Unificado da IV Internacional, o SU) em 17 de janeiro de 2013 emitiu uma declaração semelhante evitando também tratar deste ponto crucial [5]. Ele concluiu com o que poderíamos chamar de uma série de demandas liberais democráticas que de modo algum podem ser chamadas de revolucionárias. “Solidariedade com o povo do Mali e com os refugiados!, Por uma solução política para garantir os direitos democráticos e o desenvolvimento para todos os componentes do povo de Mali!” E também é essa a posição do COREP e da maioria dos outros grupos franceses e mundias que se dizem de esquerda e trotskistas. De nossa parte proclamamos: • Pela derrota da Invasão Francesa no Mali • Por uma Frente Unida Anti-Imperialista com todas as forças de combate a invasão imperialista no Afeganistão, no Iraque e no Oriente Médio e África! Notas: [1] O termo “Françafrique” foi usado pela primeira vez em 1955, pelo títere presidente da Costa do Marfim, Félix Houphouët-Boigny, que defendia a manutenção de uma relação estreita com a França, enquanto defendia a independência formal de seu país. François-Xavier Verschave e o Survie associação, da qual foi presidente até sua morte, em 2005, reutilizaram a expressão de Houphouët-Boigny, a fim de nomear e denunciar todas as ligações ocultas entre França e a África. Mais tarde, ele definiu Françafrique como “a criminalidade secreta nos altos escalões da política e economia francesas, onde uma espécie de República subterrânea se oculta” [2] A Grã Bretanha hoje já não faz parte da Eurozona, ou seja, não adota o Euro como moeda. [3] Online Asia Times 19 de janeiro http://nakedempire2.blogspot.co.uk/2013/01/pepe-escobar-burn-burnafricas.html [4] Mensagem Ativista, http://www.activistpost.com/2013/01/congos-m23conflict-rebellion-or.html [5] O Partido Comunista Francês (PCF) e do Parti de Gauche (PG) de Mélenchon, organizações líderes da Frente de Esquerda (FDG) reproduzem cada um a seu modo os interesses de sua própria burguesia: condenam apenas formalmente a intervenção mas não dizem nada sobre o direito legítimo de determinação do povo nem reconhecem a MNLA Tuareg como força beligerante. O PCF justifica sua posição pelo simples fato de que a intervenção não estar sob a bandeira das Nações Unidas, o PG argumenta que a invasão militar francesa deveria limitar-se a “impedir” o avanço dos rebeldes para Bamako.

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METALÚRGICOS - SP

Aumento do ritmo de produção é parceiro das demissões e do assédio moral

E

m janeiro, a Liga Comunista publicou a Folha do Trabalhador direcionada aos trabalhadores da CAF-Brasil. A CAF-Brasil é uma empresa fabricante de trens de origem no País Basco (Norte da Espanha e Sul da França), teve sua instalação e início da produção em julho de 2009, começou com cerca de 1.000 funcionários, hoje, possui pouco mais de 300. A produção aumentou absurdamente de 2009 até agora no início de 2013. O ritmo acelerado na produção de trens, metrôs e VLT’s (Veículo Leve sobre Trilhos) é intensa para atender as demandas estabelecidas pelos mega-eventos (Copa 2014 e Olimpíadas 2016). Os trabalhadores da CAF já fizeram 7 greves nos últimos 3 anos da empresa no Brasil. Para contribuir na luta dos tra-

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balhadores contra o ritmo acelerado, a LC ajudou os companheiros da CAF a editarem esse panfleto que agora divulgamos aqui. Boa leitura e saudações operárias e metalúrgicas. Fiiiirme?[1].

Nota: [1] Firme, é a saudação feita nas assembleias de operários da CAF.


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