LCFI Liaison Committee for the Fourth International
CLQI Comitê de Ligação pela Quarta Internacional
CP
Folha do Trabalhador
FdT 22 - março / 2015
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Jornal do Comitê Paritário (CP) - ano V (nova fase) - n o 22 - março/2015 - R$ 1 - contribuição solidária R$ 5
DIREITA X DILMA
SÓ A AÇÃO DOS TRABALHADORES PODE GARANTIR NOSSOS DIREITOS E IMPEDIR O GOLPE DE ESTADO!
Direita não aceita ter perdido as eleições. EUA querem acabar com os acordos do Brasil com a China e a Rússia. Governo Dilma ataca os direitos dos trabalhadores para agradar os golpistas. Os trabalhadores precisam partir para cima: Nenhuma ilusão em Dilma, Nenhuma trégua pra direita! Páginas 2 a 4 CUBA
O novo acordo EUA-Cuba e a luta em defesa do poder dos trabalhadores Para restaurar o capitalismo e disputar influência no continente, Casa Branca passa a apostar mais na cooptação Após 50 anos de bloqueio, a tendência de mudança dos EUA frente a Cuba deve-se essencialmente à alteração da conjuntura mundial após a crise de 2007-2008, ao fato de que o MERCOSUL, a UNASUL e o CELAC deixaram de fora EUA e Canadá. Estes países ficaram de fora da América Latina e também do Caribe. O CELAC (comunidade de estados latino-americanos e caribenhos) estabeleceu acordos com a China em reuniões presididas por Cuba. P. 8
GRÉCIA - SYRIZA
SECA TUCANA Um colapso induzido para privatizar a água
A
chamada "crise hídrica" é mais uma jogada do tipo “criando dificuldade para vender facilidade”. A estiagem atual em São Paulo já havia sido prevista por especialistas
desde pelo menos o fim da década de 1990. E mesmo que ela não viesse por razões climáticas, qualquer sistema cujo uso se amplia com o tempo exige ampliações obrigatórias. Soluções
LUTA POR MORADIA - RJ P. 6
Um novo populismo querendo se equilibrar entre a Troika, as massas e a Rússia P.7
CIÊNCIA E MATÉRIA
também são inúmeras, usadas há séculos desde o Egito antigo. Mas tudo isto deixou de ser feito não por "descaso", mas porque o colapso atual é muito lucrativo. P. 3
MOVIMENTO OPERÁRIO
9o Congresso da FIST P. 6
Resistência e avanços políticos em meio a ofensiva dos patrões e seus governos Lutar para garantir nossos empregos, sem renunciar aos nossos direitos e salários!
Novas descobertas: o universo sempre existiu, o Big Bang, não
Volkswagen, GM, Mercedez: lições do enfrentamento contra os patrões e pelegos Página 5
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FdT 22 - março / 2015
EDITORIAL
LUTA PELA FRENTE ÚNICA ANTI-GOLPISTA
Nova fase do Folha do Trabalhador
Declaração da Frente pelas Reformas Populares
O
Folha do Trabalhador (FdT) voltou ao seu formato original, porta-voz das lutas e jornal escrito por trabalhadores para trabalhadores. Fundado pela Liga Comunista (LC) em 2010, primeiramente como panfleto sindical, em seguida como substituto da revista “O Bolchevique”, acabou combinando a função de um jornal operário com uma revista teórica. A partir da formação do Comitê Paritário (CP), entre a
LC, o Coletivo Lenin, a RPR, o blog Espaço Marxista e militantes de outras origens o FdT em sua Nova Fase volta a ter um caráter operário, de massas, enquanto preparamos a constituição de um outro órgão, teórico e mais orientado a vanguarda. O CP é um novo grupo que luta pelo socialismo. Sentimos a necessidade de criar o CP porque a maioria dos partidos e grupos que dizem defender os trabalhadores ou apoiam o governo (critica-
mente ou não), ou não sabem diferenciar entre o governo e a oposição conservadora, que é pior ainda, porque quer acabar com todos os direitos dos trabalhadores. A grande maioria da esquerda não é ligada à vida dos trabalhadores. Por exemplo, não se importa com a ofensiva da direita, superestima as questões morais e culturais, etc. O nosso jornal pretende divulgar as lutas. Escreva para ele! participe da divulgação!
QUEM SOMOS
O Comitê Paritário
O
Comitê é uma aliança internacional de trabalhadores militantes e organizações comunistas. Nossos militantes são trabalhadores oriundos de várias categorias profissionais: metalúrgicos, operários da construção civil, advogados, trabalhadores da saúde, técnico-administrativos de universidades, bancários, terceirizados, motoristas de ônibus, teleoperadores, professores, etc. Enquanto a esquerda está rachando, o Comitê Paritário nada contra esta tendência e é o resultado da união de grupos e militantes oriundos de outras organizações. Compõem o Comitê Paritário a Liga Comunista, o Coletivo Lenin e a Resistência Popular Revolucionária, o blog Espaço Marxista. Internacionalmente, o CP nasce ligado ao Comitê de Ligação pela IV Internacional, tendência internacional já composta pela LC, o Socialist Fight britânico e a Tendência Militante Bolchevique argentina que
as outras organizações do CP passam a estabelecer relações fraternais. O CP é democrático, os pontos de vista diferentes não levam a rachas. O objetivo do CP é construir as bases para um partido da classe trabalhadora que lute pelo socialismo. Nós não temos como estratégia as eleições
burguesas, embora possamos participar delas para divulgar nosso programa e nossa luta, Consideramos que é necessária uma revolução, como aconteceu em Cuba e em outros países onde os nossos inimigos de classe, os patrões foram expropriados.
APRENDENDO COM OS MESTRES
Em que consiste a autoridade de uma direção revolucionária? V. I. Lenin, Carta a um Camarada, Setembro de 1902.
“T
oda a arte de uma organização conspirativa consiste em saber utilizar tudo e todos, em ‘dar trabalho a todos e a cada um’, conservando o mesmo tempo a direção de todo o movimento, e isto entenda-se, não pela força do poder, mas pela força da autoridade, por energia, maior experiência, amplidão de cultura, habilidade.
Folha do Trabalhador
CP
CLQI
COMITÊ DE REDAÇÃO: Marcos Silva, Paulo Araújo, Luiz Carlos de Oliveira, Magno Souza, Leon Carlos, Erwin Wolf, Marcelo Calasans, Davi Lapa, Humberto Rodrigues. As opiniões expressas nos artigos assinados ou nas correspondências não expressam necessariamente o ponto de vista da redação. A maioria dos textos do FdT possui uma versão expandida nos blogs abaixo: BRASIL
As organizações sociais e políticas que assinam esta declaração entendem que é urgente e necessária a construção de uma frente que coloque em pauta o tema das Reformas Populares no Brasil. Esta frente terá o objetivo de concretizar uma ampla unidade para construir mobilizações que façam avançar a conquista de direitos sociais e bandeiras históricas da classe trabalhadora. Buscará também fazer a disputa de consciência e opinião na sociedade. Por sua própria natureza será uma frente com independência total em relação aos governos. Neste momento, a proposta de ação da frente se organizará em torno de 4 grandes eixos: 1) Luta pelas Reformas Populares; 2) Enfrentamento das pautas da direita na sociedade, no Congresso, no Judiciário e nos Governos; 3) Contra os ataques aos direitos trabalhistas, previdenciários e investimentos sociais; 4) Contra a repressão às lutas sociais e o genocídio da juventude negra e pobre e periférica. Num cenário de demissões, tentativas de redução salarial e cortes de direitos é preciso colocar em pauta o enfrentamento da política de ajuste fiscal do Governo Federal, dos Governos Estaduais e Prefeituras. Defendemos a imediata revogação das MPs 664 e 665/14, que representam ataques ao seguro-desemprego e pensões. Chamamos também para
Liga Comunista lcligacomunista.blogspot.com
GRÃ BRETANHA Socialist Fight Resistência Popular Revolucionária resistenciapolularrevolucionaria.blogspot.com.br socialistfight.com
Coletivo Lenin coletivolenin.blogspot.com.br
Espaço Marxista espacomarxista.blogspot.com.br
ARGENTINA Tendencia Militante Bolchevique tmb1917.blogspot.com.ar
a necessidade de enfrentar o aumento de tarifas de serviços e concessões públicas, como o transporte urbano, a energia elétrica e a água. Não aceitaremos que os trabalhadores paguem pela crise. Neste sentido, a Frente adotará os seguintes encaminhamentos: - Construir conjuntamente o dia de lutas de 28/1 chamado pelas centrais sindicais; - Apoiar e construir lutas em relação ao ajuste fiscal e ataque a direitos sociais, o aumento das tarifas do transporte, a falta d’água, a criminalização das lutas sociais e o genocídio da juventude nas periferias; - Realizar mobilizações em torno do mote “Devolve Gilmar” visando imediato julgamento pelo STF da Ação da OAB contra o financiamento empresarial de campanhas eleitorais; - Apoiar as Jornadas pela Reforma Urbana e pela Reforma Agrária, em março; - Organizar um Dia Nacional de Lutas unificado, com indicativo entre março e maio. - Realizar um Seminário Nacional para avançar na plataforma e construção da Frente, com indicativo para 7/3. Assinam: Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST); Movimento dos Trabalhadores; Rurais Sem Terra (MST); Central Única dos Trabalhadores (CUT); Partido Socialismo e Liberdade (PSOL); Central de Movimentos Populares (CMP); União Nacional dos Estudantes (UNE),...
Ressalvas do Comitê Paritário ao documento da Frente pelas Reformas Populares Nós, do Comitê Paritário, assinamos o documento acima com as seguintes ressalvas: 1) FRENTE ÚNICA SIM, FRENTE POPULAR, NÃO: Defendemos dentro desta aliança a constituição de uma frente única da esquerda contra a direita e o golpismo. Nos opomos firmemente a constituição de uma frente popular de colaboração de classes ou blindagem de qualquer governo burguês; 2) UNIR AS LUTAS CONTRA A DIREITA, AS MEDIDAS ANTIOPERÁRIAS DE DILMA E A REPRESSÃO POLICIAL: Acreditamos que os eixos fundamentais desta frente devam ser o combate a direita, as reformas antiproletárias do governo Dilma e a repressão policial a população trabalhadora e pobre;
Esta observação está relacionada com uma contestação possível e comum: a de que uma centralização rigorosa possa destruir um trabalho com excessiva facilidade, se casualmente no centro se encontre uma pessoa incapaz, possuidora de imenso poder. É claro que isso é possível, mas o remédio contra isso não pode ser o princípio eleitoral e a descentralização, absolutamente inadmissíveis e inclusive nocivas ao trabalho revolucionário sob a autocracia.”
Jornal do Comitê Paritário (CP) - Comitê de Ligação pela IV Internacional (CLQI) Ano V - NO22 - março de 2015 Tiragem: 1.000
São Paulo, 22/01/2015
3) REFORMAS POPULARES, DISTRACIONISMO BOOMERANG E ILUSÕES PARLAMENTARISTAS: Acreditamos que neste momento a pauta de constituição desta frente em torno de “reformas populares” é distracionista e pode resultar em um efeito boomerang contra nossas demandas históricas. Defendemos um programa transicional e estratégico para revolução social, explicando pacientemente a nossa classe que este objetivo será alcançado na superação das ilusões no capitalismo e a partir da experiência prática da luta por aumentos salariais, demandas imediatas, reformas populares e leis em favor da população pobre e trabalhadora, mas não nutrimos ilusões que se possa realizar qualquer reforma popular progressiva: 1) através da atual composição parlamentar, a mais reacionária desde a ditadura militar, que protagoniza o golpista processo do impeachment até contra o aburguesado e adapta-
do PT, e que já em 2015 vem aceleradamente subtraindo direitos políticos da população (PEC 352/13) e ampliando seus privilégios sobre as finanças nacionais (orçamento impositivo); 2) através de uma novo congresso constituinte eleito exclusivamente para reformas políticas ou para reformas populares mais amplas. Na atual correlação de forças entre as classes e em meio a crise econômica estas ilusões parlamentaristas tendem a ser perigosas. Para nós, neste momento, a via parlamentar é a principal arma do imperialismo e da direita para realizar um golpe de Estado (que em um segundo momento tende a se apoiar nas FFAA para aniquilar qualquer resistência popular ao golpe). Isto demonstra que é neste antro burguês que sempre foi expressão política de nossos inimigos de classe, que a direitona se encontra mais forte, sendo a recente eleição parlamentar um reflexo deformado da atual correlação de forças entre as classes. Neste momento acreditamos que as organizações de esquerda e de massas devam apostar todas suas fichas na ampla mobilização popular de rua para ganhar o conjunto da população trabalhadora e as camadas médias contra o golpismo e todas as alternativas políticas da direita, para a luta por um governo próprio dos trabalhadores, para estabelecer uma nova conjuntura mais favorável a luta dos trabalhadores, para que em um cenário mais favorável, possamos impor nossas demandas históricas aos nossos inimigos de classe em todos os terrenos; 4) FRENTE DE AÇÃO, NÃO FRENTE PROGRAMÁTICA: Assinarmos este documento comum não significa que compartilhemos o mesmo programa com as outras organizações que também assinaram.
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OPINIÃO
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Um colapso induzido para privatizar a água
A
Humberto Rodrigues
condução do problema do abastecimento de água para um colapso é uma maracutaia famosa realizada entre governos e empreiteiras, como vimos antes da copa, quando as obras foram atrasadas tanto para serem superfaturadas como para criar uma situação de urgência extraordinária que passe por cima dos ritos ordinários capitalistas de licitações e etc. e estabeleça um regime de contratação especial entre o Estado e as empresas (empreiteiras, companhias fornecedoras de água, no caso, etc.). O lucro da Sabesp triplicou em sete anos. Mas o dinheiro não foi para ampliar o fornecimento de água ou para os salários dos seus funcionários, mas para os acionistas que a privatizaram. Entre 2003 e 2013, dos R$ 13,1 bilhões que a Sabesp obteve de lucro com a cobrança de água da população, R$
4,3 bilhões foram destinados aos acionistas, conforme relatório da Diretoria Econômico-Financeira e de Relações com Investidores da Sabesp. A falta d´água é um projeto para privatizar água e ampliar os lucros deste setor energético, como abertamente já defende a multinacional Nestlé. Mesmo antes da privatização completa (quase 50% da Sabesp já é privada), o tucanato já vem lucrando com a crise e culpando e multando a população que usa menos de 10% da água tratada, dizendo que além de São Pedro que é o banho ou a escovada de dente quem vem agravando o colapso, ou seja, o vilão incrimina a vítima e a faz pagar pelo crime que ele cometeu. Precisamos aprender com a luta da população trabalhadora boliviana que há uma década derrotou a privatização da água em seu país, no que ficou conhecido como "a Guerra da água" que reestatizou o
serviço. É preciso construir comitês populares em cada bairro e comunidade afetada, fazer uma verdadeira guerra como nossos irmãos bolivianos e uma ampla mobilização pelo Fora Alckmin e toda sua quadrilha antes que matem a população do Estado mais rico de sede, doenças, e todas as mazelas derivadas deste colapso fabricado pelo tucanato. Nesta luta, chamamos uma frente única contra Alckmin, mas sem emprestar nenhum apoio político ou confiança ao PT e seus governos burgueses que a sua maneira e sob pressão da direita e do imperialismo, também executa parte do programa de nossos inimigos de classe. Defendemos a estatização completa do sistema de água e esgoto e o seu controle direto, democrático e transparente pelos seus funcionários e ususários.
A crise política no Sudoeste de Minas Movimento Acorda Guaxupé facebook.com/guaxupe
G
uaxupé é uma pequena cidade na região sudoeste do estado de Minas Gerais, na fronteira com a região nordeste do estado de São Paulo. A exportação de café é a principal atividade econômica neste município de 50 mil habitantes, onde instalase a maior cooperativa de cafeicultores do mundo. O problema aparece ao se levar em conta que o sistema de cooperativa, em que os camponeses arcam com os custos, os latifundiários ficam com os lucros, e quem trabalha são os operários do campo, esse sistema que é o centro da economia na cidade está em ruínas. O crescimento da renda bruta da Cooxupé, garantido pelo protecionismo do governo federal, não é capaz de superar a dívida acumulada pelos camponeses, que logo não poderá mais ser paga, forçando a queda do sistema econômico e político da região como um todo. A falta de reforma agrária no Brasil e a política fiscal da prefeitura, conivente com o parasitismo dos latifundiários, impedem a industrialização de Guaxupé. O desemprego e a instabilidade no serviço se espalham como uma praga, principalmente entre os jovens.
A burguesia tradicional do sudoeste de Minas, os latifundiários representados pelos burocratas do PSDB etc., estão apelando aos rentistas de segunda categoria, aos comerciantes para financiar prefeitos, depois de humilhantes e sucessivas derrotas para partidos da esquerda burguesa como o PT, iguais à que se deu em 2008 na cidade de Guaxupé. Uma surpresa para a burguesia, porém, uma surpresa fracassada ao manter uma política igual à dos tucanos, que terminou sucedida pela volta do PSDB em 2012, quando todas as cartas foram postas na mesa. As eleições de 2012 reafirmaram a crise política, pois o candidato do PSDB foi eleito com 75% de rejeição, porque a lei eleitoral não prevê o segundo turno. Essa volta dos tucanos foi para botar a casa abaixo e, pela última vez, sugar tudo que for possível, principalmente através dos esquemas de contrato, endividamento e privatização da prefeitura, efetuados por intermédio de máfias como a Tuga-Nasser (transporte), a Unimed (saúde), a CopasaArtec (água e esgoto), a Constroeste (limpeza urbana) etc. A crise se aprofundou desde 2012, e começou a se agravar com fatos recentes que demonstram o enfraquecimento dos capitalistas no município: 1. Expulsão dos políticos tradicio-
nais do PSDB na prefeitura Os velhos dirigentes do PSDB em Guaxupé foram substituídos por uma ala mais jovem de burocratas, mais controlada pela hierarquia do partido. 2. Hegemonia da oposição no legislativo Os vereadores de oposição são maioria e ainda controlam a mesa diretora e as comissões internas da câmara, o que poderia dificultar a vida do prefeito se a oposição fosse séria. 3. Desconfiança da burguesia em relação ao prefeito O prefeito Jarbinha, um barão do comércio regional, experimenta a desconfiança manifesta de sua própria classe em relação ao acúmulo de poder seu e de sua família. 4. Movimento Acorda O sucesso do Mvt. Acorda, organização política que subscreve esse texto, à esquerda de todas as forças políticas da cidade, como núcleo embrionário de defesa da classe trabalhadora, indica a gravidade da crise política em Guaxupé. 5. Ação judicial contra o prefeito Acusado de desviar verba através de uma guarda municipal fantasma. O dever do Mvt. Acorda é aumentar a crise política, para acelerar a necessidade de um governo operário, nesse sentido, não há mais nada o que dizer a não ser FORA JARBINHA!
O caminho do impeachment
O
Mário Medina
Brasil vai mesmo de mal a pior. Domingo foi a vez do PMDB levar a presidência da câmara e do senado. Temos o congresso mais conservador desde 64, com direito a bancada ruralista, bancada evangélica, bancada da bala, etc... E um novo presidente da câmara que é declaradamente contra a regulação da mídia e se posiciona a favor do financiamento privado de campanha. Ou seja, o congresso mais reacionário de todos os tempos elegeu um legítimo representante da retrógrada elite brasileira, um sujeito que vai jogar pesado contra as poucas medidas progressistas que Dilma e o PT poderiam implementar. Isso se Dilma continuar no poder, porque é bem capaz que esse mesmo congresso leve a cabo um processo de impeachment contra a mesma. Descontentes com o espaço perdido no primeiro escalão dessa gestão, os caciques peemedebistas mostram descontentamento suficiente pra isso. São capazes de qualquer coisa pelo poder. Dilma tem dado os anéis pra não perder os dedos, distribuindo ministérios de grande envergadura aos mais
legítimos representantes dos interesses das elites. Foi Kassab nas Cidades, Kátia Abreu na Agricultura, Joaquim Levy na fazenda, etc... Difícil acomodar todo mundo. Tem uma fração considerável da burguesia e das oligarquias que está insatisfeita. O PSDB bancou a eleição de Eduardo Cunha no congresso. Dilma não foi capaz de sustentar sua base. A cpi da Petrobrás deve sair em pouco tempo, a despeito do próprio Cunha ter sido citado na operação Lava Jato da polícia federal. O caminho para o impeachment começa a ser pavimentado. O imperialismo ianque queria Aécio, a grande mídia corporativa também, o sistema financeiro idem. Grande parte da classe média estava convencida de que deveria romper esperanças com o PT e aderir ao discurso meritocrático e tacanho dos tucanos. Dizem que a direita está em crise... Ledo engano. A direita está nadando de braçadas. Quem está em crise é a esquerda. Existe uma tremenda crise de direção. O PT, que sucumbiu ao regime e agora serve de testa de ferro pras oligarquias e pra burguesia exportadora de comodities, é o mesmo PT que consegue ter uma tremenda base popular,
com sindicalistas pelegos que manipulam as massas. A esquerda revolucionária não tem encontrado espaço pra crescer. A duras penas alguns movimentos mais progressistas rompem parcialmente à esquerda. Mas com tanta maldade desferida por Dilma nos pacotes de austeridade, com cortes nos direitos trabalhistas, a muito custo esse governo teria base popular que o sustentasse diante dos golpes da direita. O PT optou pela traição de classe para ser governo. Mas a elite brasileira só parcialmente e temporariamente optou pelo PT. Bom lembrar que o PT chegou ao governo depois de oito anos de privatizações. Só o PT servia para frear o ascenso das massas e dar fôlego à um sistema de desigualdades. Dilma, agora, defende e banca o aumento dos juros, defende e banca o que chama de ‘’concessões’’ nas rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. Já rifou o pré-sal; empossou a chapa ministerial mais abjeta da história do novo período democrático brasileiro... Quero ver ela ter coragem de convocar o povo às ruas quando os imbecis do parlamento investirem mais fortemente contra ela...
De quem é a crise? Luiz Carlos de Oliveira Impressionante notar como a vida na grande São Paulo ficou complicada com a recente crise hídrica. Importante pontuar que em alguns lugares já não havia água antes mesmo da tal crise. Eu, por exemplo, vivi um tempo no bairro do Pimentas, periferia de Guarulhos, no início do meu curso na Universidade Federal de São Paulo. Lá no Pimentas tinha água dia sim dia não. Não sei ao certo o motivo disso. Mas é fato que há alguns anos atrás, por falta de água na casa onde eu morava, costumava tomar banho nos vestiários do anfiteatro da faculdade. E, enquanto tomava banho, me ocorria o seguinte raciocínio: eu ainda tenho o chuveiro da universidade pra quebrar um galho. Como será que esse povo consegue passar um dia sem água? Ou, como conseguem passar um dia se banho? Ok, sei que a depender da casa, a caixa d`água pode armazenar uma quantia suficiente para seus moradores. Mas, na minha república, onde morávamos em seis ou sete pessoas, não havia água suficiente mesmo com uma caixa d`água de 500 litros. Não é difícil imaginar que as famílias mais numerosas também sofressem com a falta d`água. Em bairro operário, periférico, é muito comum que os serviços das operadoras de água, energia, telefone, etc., sejam bem precários. É aquela velha história: sempre chega a conta, mas o serviço não. Que poder de barganha tinha aquele povo do Pimentas? Povo pobre, num lugar de muitas favelas, com muita repressão da polícia, saúde pública deficitária, etc. No Pimentas era comum ouvir histórias inusitadas e assustadoras, como corpos que eram pendurados de cabeça pra baixo no topo de algum prédio, ou, como ouvi uma vez, de uma senhora no ponto de ônibus, que um rapaz havia ido para o hospital amputar o braço direito e lhe tiraram o braço esquerdo por engano. O poder público não queria saber daquele povo. Os políticos faziam campanha na época das eleições e só. Pois bem, agora é hora da classe média, média mesmo, conhecer mais de perto os desmandos do sistema. Na minha casa, por exemplo, onde nunca faltava água, agora só tem água entre seis da manhã e quatro horas da tarde. Banho tem que ser nesse horário. Por volta das 16h a pressão da água já é muito baixa pro chuveiro pegar no tranco. Outro dia a água acabou antes, por volta das 14h. Me dei conta da falta d`água quanto tentei, sem sucesso, lavar a louca do almoço. E tudo isso agora, momento em que o governador Geraldo Alckmin diz não haver necessidade para o rodízio da água. Ora, do que se trata então essa contenção nas nossas torneiras? Como que o senhor governador explica a falta d`água no período da tarde e da noite? Ou, como explica a falta de água por dias seguidos em alguns lugares do estado? Em Itú, se nao me engano, já há relatos de sequestro de caminhão pipa. A que ponto chegamos... Agora a classe média, média mesmo, está de fato conhecendo o governo que elegeu, o mesmo governo que, no calor da campanha eleitoral, afirmou ca-
tegoricamente que em 2015 não haveria rodízio de água no estado. Ou seja, estamos diante de um tremendo estelionato eleitoral perpetrado pelo partido que governa Sao Paulo há mais de 20 anos. Como que o senhor governador se explica agora? Ele certamente não está sofrendo com a falta d`água. A burguesia, os altos escalões do governo, toda essa turma, não passa pelas mesmas dificuldades que os cidadãos comuns. Duvido que haja racionamento d`água no palácio dos bandeirantes, ou que as famílias ricas fiquem sem banho, como comumente acontece nas periferias das nossas cidades. Está claro que a falta d`água é dura realidade para as camadas populares, que a questão da água também é uma questão de classe. Não é entre as classe média da sociedade que se encontram os acionistas que detém quase 50% da Sabesp. É uma pequena e muito minoritária parcela da sociedade que se beneficia da crise hídrica. O dono da Nestle já se posicionou pela privatização da água. Evidente, ele se beneficiaria muito disso. Já está se beneficiando, verdade seja dita. Eu, por exemplo, morro de medo de tomar água da torneira. Com a seca das represas, tivemos de amargar o gosto de barro do volume morto, e vivemos na iminência de problemas seríssimos de saúde pública com essa água da represa Billings, que tem alta concentração de poluentes, uma água com enorme concentração de coliformes fecais e metais pesados. E o que a gente faz por medo de beber a água da torneira? Exato, a gente manda chamar o galão de água. Tem gente que tem filtro em casa. Mas a maioria já compra água mineral. E, mesmo assim, não temos certeza da procedência e da qualidade de tal água. Até alguns anos atrás, todo mundo bebia água da torneira. Eu mesmo não comprava garrafinha d`água de jeito algum. Parava em qualquer bar e pedia água da torneira mesmo. Agora não. É difícil não ligar pra origem e qualidade da água e topar o risco de uma virose ou coisa do tipo. E tudo isso porque o poder público, leia-se partidos da alta burguesia paulista, resolveu rifar a Sabesp, abrindo-a ao capital misto, a especulação das ações da Bolsa de Valores. Os ricos e poderosos preferem fazer dinheiro àfazer qualquer outra coisa. A solução para a crise hídrica passa longe das preces a São Pedro, que nada tem a ver com a ganancia dos tucanos e capitalistas da Bolsa e das empresas que engarrafam água mineral. A solução é a reestatização total da Sabesp, com controle dos trabalhadores, na mesma esteira da consigna de construção de organismos independentes da classe trabalhadora, com o intuito de superar o atual regime de poder. A solução é priorizar o consumo humano, haja visto que a agricultura é responsável por 70% da água consumida, e a indústria, por 20%. Estranho sermos coagidos a economizar água, se somos responsáveis por apenas 10% do consumo. É Importante tomar ciência do processo de privatização da água, para não sermos massa de manobra dos interesses de uma meia dúzia de pilantras.
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AVANÇA O GOLPE PARLAMENTAR:
Unir os trabalhadores nas ruas contra o Golpe de Estado do Congresso Nacional
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esde a manifestação da esquerda “contra a direita e por direitos”, convocada pelo MTST e ocorrida na Avenida Paulista em novembro de 2014, até fevereiro, a oposição de direita, recuou nas ruas e avançou no campo institucional. Avançou dentro da nomeação do ministério de um governo acuado, avançou na política econômica, na taxa de juros, na reforma trabalhista, nas demissões, tendo seus apetites contidos apenas pela histórica greve por tempo indeterminado dos metalúrgicos da Volkswagen. Ainda assim a direita segue acumulando forças, coordenando-as e cercando uma Dilma cada vez mais isolada. A direita hegemoniza a grande mídia, o judiciário, avança nas duas casas do Legislativo, sobretudo na Câmara, e a Polícia Federal. Todos estes órgãos são cada vez mais influenciados e coordenados pela direita para acelerar o desgaste político do governo encabeçado pelo PT. O instrumento principal do ataque é a famigerada “Operação Lava Jato”, que no plano econômico desvaloriza a Petrobrás e no plano político justifica a escalada golpista em nome do combate a liquidação da Petrobrás, para privatizá-la ao menor custo financeiro possível. A escalada, articulada por etapas mani-
puladas por agentes diretos do imperialismo, consistiu em fazer escândalo de uma prática comum e tolerada em todos os governos burgueses (cujo tamanho na Petrobrás é tão grande quanto o tamanho da companhia). A partir daí, e em escala crescente e cinematográfica, prenderam inicialmente os grandes empresários beneficiados com a corrupção estatal, apertando-os e oferecendo-lhes o artifício fascitóide da delação premiada, para que, como fiança denunciassem o PT como articulador principal do chamado esquema do "petrolão", que embora atinja partidos do governo e da oposição, é focado e superdimensionado para derrotar o PT. Uma vez desgastado mais ainda e desmoralizado o PT, com novos dirigentes presos ou com direitos políticos cassados, o governo Dilma estará pronto para sofrer um processo de impeachment posto em pauta acelerada pelo quadrilheiro e novo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Por sua vez, a política anti-proletária de Dilma, de capitular a todas as pressões do grande capital financeiro e da oposição de direita, corrói o próprio capital político que a presidenta reuniu durante o segundo turno das eleições e que a permitiu derrotar a direita naquele momento. Deste modo, Dilma se desmoraliza, se isola das massas que se
sentem enganadas e pavimenta o caminho da reação golpista. A CLASSE OPERÁRIA RESISTE COM O QUE TEM ÀS MÃOS Acreditamos que a resistência dos trabalhadores a pressão dos mesmos sob as burocracias que controlam suas organizações sindicais já surtiu efeitos positivos neste início de ano como a vitória parcial contra as demissões na Volks e o recuo momentâneo do governo Dilma no ataque ao seguro desemprego. Intervimos ativamente nos rumos da frente desde a reunião convocada no dia 19 de janeiro com a CUT, MTS, UNE, PT, PCdoB, PSOL, etc., sem alimentar qualquer aliança programática comum com estes partidos, nem com suas ilusões perigosas, com a da reforma política por exemplo, que pode subtrair ainda mais direitos sob a hegemonia deste novo Congresso ainda mais reacionário que o anterior, para não deixála converter-se em um instrumento impotente na luta contra a direita e a política dos governos burgueses. É preciso disputar as ruas e a orientação das atuais manifestações e lutas, como a do passe livre, reconquistar os sindicatos para as lutas, seguir o exemplo das greves metalúrgicas por tempo indeterminado e/ ou de solidariedade no ABC paulista, etc.
A volta da direita será pior para os trabalhadores Um impeachment será claramente desastroso para Dilma e para a cúpula aburguesada do PT. Mas para os partidos menores da esquerda e, sobretudo, para os trabalhadores será muito pior. A maioria das organizações e do ativismo de esquerda age como deslumbrados em relação a este processo. Alguns nos acusam desde 2014 de estarmos delirando ou fazendo o jogo do PT, quando alertamos para o golpismo e o ascenso da direita. A maioria da militância de hoje está tão desorientada e confiante na solidez da democracia burguesa quanto o velho PCB às vésperas do Golpe de 1964. A maioria dos militantes do PSOL e PCB, e todos do PSTU, mesmo reconhecendo o risco crescente do golpe de Estado parlamentar, via impeachment, encaram-no apenas como algo pertencente exclusivamente ao mundo da alta política burguesa, mais um conflito distante, das facções da burguesia pelo poder, e não vêem os objetivos político-econômicos amplos e nefastos, para toda a classe trabalhadora, que estão por de trás desta ameaça de "golpe democrático". Uma dura repressão política será lançada contra todos aqueles trabalhadores organizados e defensores de nossa classe e povos oprimidos. Seu objetivo é liquidar toda resistência popular a super-exploração e al corte de direitos, e dar início a uma nova fase de acumulação capitalista e de alta da taxa de lucros no país. As
reformas trabalhistas e sindicais, a terceirização, o fim do direito de greve, do seguro desemprego, dos programas sociais,... que para os patrões estão atrasadas, serão aceleradas por um governo de direita. Por trás disto tudo está a estratégia dos EUA de recuperar grande parte da influência comercial e política perdida pelo imperialismo em favor da China e da Rússia, sobre o Brasil e sobre a maior parte da América Latina, a partir a crise econômica de 2008. Contra este curso desastroso para nossa classe, nós trabalhadores organizados politicamente no Comitê Paritário estamos neste momento intervindo para impulsionar uma Frente única nacional das organizações de esquerda e dos trabalhadores por reformas populares e contra a direita. Defendemos reformas no capitalismo, como o aumento salarial, por exemplo, mas não somos reformistas, acreditamos que as reformas são subproduto da luta forte e decidida dos trabalhadores contra os patões e seus governos. Ao mesmo tempo que buscamos construir uma frente única contra o golpismo, combatemos as tendências a conversão deste frente em uma aliança para colaboração com a política anti-operária do governo Dilma ou com os governos estaduais e municipais burgueses, como o PSDB de Alckmin ou a prefeitura petista de São Paulo. Neste momento, o papel
dos verdadeiros defensores da classe trabalhadora nada tem a ver com a posição da Conlutas. Esta, que reúne entidades sindicais como a Oposição Rodoviária de Alagoas e sindicalistas que criminosamente se aliam a direita na convocatória da manifestação nacional pelo impeachment no dia 15 de março. Nem apoiar a direita nem ficar indiferente como os agrupamentos e/ou blogueiros que se limitam a serem meros comentaristas da luta de classes, que, acomodadamente em suas poltronas se mostram indiferentes ao resultado da disputa interburguesa nacional e internacional e esperam pelo pior, pois a classe trabalhadora será a mais atingida com a ascensão de um governo pior do que o de Dilma. Sem deixar de combater a direita e o golpismo em frente única com outros grupos e partidos de esquerda, os trabalhadores precisam se organizar independentemente de todas as frações burguesas e construir uma forte oposição operária e revolucionária a todos os governos patronais, incluindo, portanto e obviamente, os governos burgueses do PT, PCdoB e PSOL (Macapá e Itaocara), que não servem de transição para a construção de um verdadeiro governo dos trabalhadores e, com sua política que nem sequer pode ser chamada de reformista, desmoralizam a luta dos trabalhadores pelo poder e pavimentam o caminho da reação de direita.
VITÓRIA DA DIREITA NA CÂMARA:
Escalada golpista e a caçada aos direitos políticos dos trabalhadores
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s órgãos de imprensa claramente golpistas, como a revista Veja do Grupo Abril, Organizações Globo, e Jornal Folha de São Paulo, já apostam no impeachment e comemoram em seus editoriais a vitória do mafioso e miliciano Eduardo Cunha, afirmando que o governo Dilma está com os dias contados. Esta derrota do PT para a Presidência da Câmara dos Deputados, com a vitória de Cunha, pertencente a ala mais reacionária do PMDB, conhecido por ser da bancada evangélica e ligado às milícias locais do Rio de Janeiro, foi um marco na escalada golpista que ganhou um ritmo mais acelerado rumo ao impeach-
ment e a cassação de direitos democráticos da população. Já na mesma semana a direita, capitaneada por Cunha, aprova na Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda Constitucional 352/13. Esta medida favorece as tendências ao “voto qualificado” em detrimento do voto universal, aprofundando o federalismo oligárquico nacional que comanda os partidos burgueses no país, tradição burguesa autoritária antidemocrática denunciada pelas candidaturas da LC nas eleições passadas. Mas não é "só isso", a suposta “reforma política” iniciada pelo novo Parlamento mais reacionário mantém a farra do financiamento privado, que reconhecidamente favo-
rece os candidatos e partidos financiados pelas grandes corporações e bancos privados, e que quando eleitos ficam de "rabo preso" defendendo os interesses destes grupos privados contra a população que os elegeu. Outra manobra desta PEC está no estabelecimento de eleições gerais anti-esquerda em 2018. Depois de sangrar e destruir o PT durante o processo de impeachment e sobretudo no período posterior, entre o golpe e as próximas eleições presidenciais, a PEC prevê que as eleições municipais ocorram já em 2018 junto com as estaduais e federais, o que favorecerá o arco mafioso de alianças do PMDB, partido que detém a maioria
das prefeituras e vereadores dos municípios do país, e passará a ser o "fiel da balança" nas eleições em 2018, podendo levar a vitória qualquer liderança do PSDB na futura aliança anti-PT e anti-operária entre PSDB, PMDB e partidos conservadores, fundamentalistas evangélicos e ruralistas. Dizemos que as próximas eleições presidenciais não serão somente anti-PT, com os principais expoentes do PT, inclusive Lula provavelmente “adoecido”, preso ou com os direitos políticos cassados pela extensão da teoria do domínio de fato até ele, mas também foi aprovada a “cláusula de desempenho” de lambuja, onde o restante dos partidos de esquerda, meno-
res, serão postos na ilegalidade por não alcançarem um novo percentual mínimo legal de votos para existirem. Esta cláusula garante o oligopólio dos grandes partidos burgueses, obrigando os atuais políticos burgueses de partidos de aluguel a ingressarem nos grandes partidos patronais e o pior, a cassação dos pequenos partidos de esquerda como PSOL, PCB, PCO e PSTU. “a cláusula de desempenho, que exige que os partidos tenham pelo menos 5% do total de votos válidos no país, distribuídos em pelo menos nove estados, com um mínimo de 3% dos votos válidos em cada um deles” .
FdT 22 - março / 2015
MOVIMENTO OPERÁRIO
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Resistência e avanços políticos operários em meio a ofensiva dos patrões e seus governos em 2015
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Erwin Wolf
m decorrência dos ataques sofridos durante o governo Dilma 1 e dos recentes ataques do governo Dilma 2 com cortes de direitos previdenciários (pensão/seguro desemprego), aumentos de impostos e juros, visando a obtenção do superávit primário de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) para dar ainda mais lucros aos banqueiros e grandes capitalistas, os trabalhadores do ABC Paulista estão retomando as suas lutas de maneira intensa, com a vitória parcial na greve dos 10 dias dos trabalhadores da Volkswagen de São Bernardo do Campo. No dia 16 de janeiro, o Diário do Grande ABC, em matéria assinada por Soraia Abreu Pedrozo, noticiou que as
indústrias de sete cidades do ABC demitiram em 12 meses mais de 20,5 mil. O Diário do Grande ABC assinala também que em todo Estado houve a eliminação de 128,5 mil vagas em 2014, o pior resultado desde o início da série histórica, em 2006.” Diadema foi a cidade que mais perdeu postos de trabalho: 7.200 (-13,14%); São Bernardo: 6.500 (-6,36%); assim como as demais cidades (Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra). A Ciesp de Santo André aponta como motivos da crise o endividamento da população que necessitou reduzir o consumo e o endividamento dos pequenos fabricantes em razão da concorrência com os produtos importados. Já no dia 24 de janei-
ro, o Diário do Grande ABC, em matéria assinada por Pedro Souza, afirma que a indústria faz maior demissão da história, indicando que o setor encerrou 15.093 postos na região só no ano passado, e acrescenta ainda outros problemas que geraram a crise com crédito mais restrito e redução das vendas para Argentina, com barreiras comerciais fechadas e economia em desaceleração. Ainda assim, toda esta ofensiva patronal fabricou elementos extremamente progressivos e inéditos nas últimas décadas, a saber: a volta das greves operárias de massas e por tempo indeterminado na maior fábrica do país contra as demissões e a volta das greves de solidariedade de classes entre categorias operárias.
Reaparecem as greves de solidariedade de classe Os operários da Quasar, do bairro Sertãozinho, em Mauá fizeram greve de solidariedade aos 770 metalúrgicos demitidos por outra empresa do grupo, em Guarulhos, a MTP (Metalúrgica de Tubos de Precisão). Os operários da MTP entra-
ram em greve por não receberem salários e foram demitidos por telegrama. É importante assinalar que depois de mais de 20 anos de refluxo deste tipo de luta, vemos o ressurgimento da deflagração de greves de solidariedade. Isto mostra o
salto de consciência dos operários neste período, que se deve principalmente à gravidade da situação dos atrasos de pagamentos, às demissões em massa e precarização generalizada das jornadas de trabalho. Erwin Wolf
METALÚRGICOS
Lutar para garantir nossos empregos, sem renunciar aos nossos direitos e salários! Antonio Junior metalúrgico da CAFBrasil (Hortolândia-SP) e vice-presidente da CIPA
Ou seja, nenhuma direção sindical desse país, da Articulação Sindical, ao PSTU, é capaz de garantir uma coisa elementar para vaca não só tossiu, a vida de um trabalhador, ela pegou pneuque é o seu emprego. São monia e está com acordos que não garantem a garganta em sangue. Dilempregos, apenas adiam ma atacou direitos, e suavizam as decomo do seguro desNenhuma direção sin- missões, ou seja, emprego e direitos passam anestesia no dical desse país, da pescoço para o peão previdenciários. Articulação Sindical, ao não sentir o facão, E além disso, a Volkswagen inauguPSTU, é capaz de garantir as cabeças vão rolar, rou um novo modelo uma coisa elementar para sejam hoje ou amande luta (ou melhor, hã. a vida de um trabalhador, de resultado de luta), Na CAF-Brasil, que é o seu emprego. São vai acontecer um é a derrota na vitória. Ou seja, a Volkswaacordos que não garantem dos maiores facões gen demitiu 800 opeda história, setoempregos, apenas adiam e rários, os operários res como a nave 7 suavizam as demissões, ou e nave 6 terão sua foram a luta, liderados pela pelegada seja, passam anestesia no produção feitas na da ArtSind do PT. pescoço para o peão não matriz no país basAs demissões foram co, ou seja, teremos sentir o facão, as cabeças muitas demissões revistas, mas (e isso vão rolar, sejam hoje ou na filial de Hortoé um grande mas), a empresa vai abrir um lândia. Precisamos amanhã." PDV de 2.500 funconstruir a resistêncionários, ou seja, a cia a mais esse ataluta da Volkswagen foi a estabeleceu um lay-off que. vitória comemorada pela (demissão temporária sem Existe um ditado que burocracia ou foi uma vi- perda do vínculo empre- fala que o Brasil só cotória parcial por culpa da gatício) para mais de 500 meça a funcionar, após burocracia??? trabalhadores e a estabi- o carnaval, pois bem, os Esse acordo na Volks, lidade no emprego, após ataques a classe operária criou um parâmetro para o lay-off, de três meses. começaram bem antes.
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outros. A GM de São José dos Campos, base da Conlutas e do PSTU, anunciou 789 demissões, os trabalhadores foram a luta (igual na Volks) e fizeram uma greve de 6 dias que terminou com um acordo que
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Greve da Volkswagen de São Bernardo do Campo, lições e padrões que marcam a luta de classes do ano Logo no início do ano, o patronato das multinacionais e montadoras resolveu medir a resistência do operariado a partir do seu setor mais forte, concentrado na maior indústria automobilística do Brasil, com 13 mil trabalhadores. O resultado desta luta serve de padrão nacional para os os demais enfrentamentos entre os patrões e os peões. A partir dela o patronato estuda o inimigo e conhece os limites de seu "ponto forte". Eles aprendem suas lições da luta, para se prepararem para as próximas batalhas. Nós devemos fazer o mesmo. Diante da demissão em massa de 800 metalúrgicos, apesar da política pelega da direção cutista do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, 100% da fábrica parou, deflagrou greve por tempo indeterminado e ocupou as rodovias da região como não fazia desde o final da década de 1970. A greve foi parcialmente vitoriosa, conquistou o 800 companheiros demitidos. Não podendo dobrar os efetivos como queria, a multinacional atacou os setores mais precarizados, os terceirizados e estabeleceu um PDV (Programa de Demissões Voluntária) para
os setores mais vacilantes ao individualismo, que se iludem em ser pequenos patrões com a merreca da idenização. A “derrota na vitória” se deveu à atuação da burocracia sindical, ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT), que adota uma política de colaboração de classes, e, tendo ela enricado individualmente, hoje representa interesses distintos dos da classe trabalhadora, sendo que durante vários anos sequer realizou uma greve durante as campanhas salariais. A burocracia da CUT inclusive boicotou a luta dos metalúrgicos da Mercedes-Benz (11 mil operários), onde foram demitidos 240 operários, não apontando à unificação da com os operários da Volks e das demais montadoras, o que colocaria em xeque a política de Dilma-Levy. Como lições preciosas desta luta é importantíssimo destacar que: 1) onde a peãozada estava aparentemente adormecida e havia perdido toda referência de luta e confiança em seus métodos de luta, foi realizada uma fortíssima greve de 11 dias; 2) a política de paralisia e negociações
entreguistas de direitos imposta por décadas pela burocracia sindical foi pisoteada por uma greve com 100% de paralisação e por tempo indeterminado; 3) Todos os limites e "contras" deste resultado devem ser postos na conta da burocracia pelega, que sabotou como pôde a unidade efetiva das greves; 4) Os patrões constataram que se quiserem impor uma derrota histórica a classe trabalhadora não podem contar apenas com a ação dos pelegos, precisam recorrer a coerção judicial do Estado, e aos métodos repressivos políciais e pára-estatais, ou seja, precisam investir no processo golpista, como fizeram em 1964; 5) Substituir os métodos de luta da classe (greve, ocupação da fábrica, etc.) por pedidos de mediação do conflito via renúncia fiscal dos governos, reduz o proletariado ao vergonhoso papel de pressionar o Estado para diminuir os impostos de seus inimigos de classe, é completamente inútil e distracionista; Ervin Wolf e Humberto Rodrigues
Contra as demissões e contra os pelegos da CUT e da Força Sindical em São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul Na GM de São Caetano do Sul, e na Karmann Ghia de São Bernando do Campo, operários protestaram contra as demissões e a contra as burocracias sindicais pelegas da Força Sindical e da CUT, respectivamente. Os operários da General Motors realizaram protesto no Portão 4 da empresa, na principal avenida da cidade, a Goiás, contra as 180 demissões desde o início do ano. O protesto foi liderado pela Chapa
da CTB, a chapa de Oposição a diretoria do Sindicato, dirigida pela Força Sindical. Os operários da Karmann Ghia até o dia 13/02/2015 não haviam recebido a segunda parcela do 13º salário e férias pendentes prometidos pela empresa. Na Karmann Ghia foram demitidos 137 operários, sendo que a empresa conta hoje com 362. Todavia, a burocracia cutista da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC não faz nada para organizar a luta. A receita das montadoras estrangeiras sediadas no ABC é clara: jogar o peso da crise nas costas dos trabalhadores. Assim sendo, a Liga Comunista está defendendo a convocação urgente de uma Assembléia do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para unificar a luta contra o arrocho salarial e as demissões, amplamente divulgada nas fábricas da região. Erwin Wolf
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LUTA POR MORADIA NO RIO DE JANEIRO
O 9O Congresso da FIST
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André de Paula
ealizou-se nos dias 20 e 21 de dezembro,no Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro , o 9º Congresso da Frente Internacionalista dos Sem Teto – FIST, com a presença de 82 pessoas no sábado,entre ocupantes e convidados, e 95 no domingo. Participaram várias entidades. Em meio a um mar de despejos e remoções que tende a aumentar (35 mil no Rio e 250 mil no Brasil), o nosso movimento chega ao seu 4º ano sem nenhum desalojo. Colhemos nesses anos importantes vitórias contra a prefeitura do Rio (ocupação Vila da Conquista), São Gonçalo(ocupação Margarida Maria Alves) , Niterói (Mama África) e contra Eike Batista(ocupação Luíza Mahin e Escrava Anastácia,ambas na Glória). Conseguimos manter a ocupação dos Cegos Isauro Camargo,na Urca,contra a União; além das vitórias nas ocupações Rosa Luxemburgo 2, José Oiticica e Anita Garibaldi, no Centro, e Flávio Bortoluzi, emTeresópolis. Impedimos também o despejo já marcado de uma série de ocupações no Centro do Rio. Somado a isto, nossa luta contra as nocivos leilões do petróleo que retiram dinheiro da saúde, moradia e educação,contra a exploração do poluente gás de xisto, além da luta contra a criminalização dos movimentos sociais, ge-
rou um ódio crescente da classe dominante e até uma certa inveja da esquerda parlamentar. Conquistamos indenização para a índia estuprada por um segurança do colégio Pedro II e a liberdade de nossos militantes Jair Baiano, Arthur Gambá , assim como a prescrição de minha condenação da pena que teria que cumprir por suposto desacato a um delegado que tentava despejar uma ocupação ao lado da Câmara Municipal, hoje ocupação Manoel Congo, do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM). Nosso escritório foi violado, tudo levando a crer que foi pela polícia, com a subtração de um processo ,da agenda de compromissos da FIST, do acervo da Casa do Artista Plástico Afro-Brasileiro que abrigávamos em nossa sede, hackeamento de nosso computador e grampeamento de nosso telefone. Em nosso socorro não veio a OAB que, quando criticada respondeu com agressões, estando o presidente da Comissão de Direitos Humanos sendo processado por isso. A conjuntura tende a se acirrar com a proximidade das Olimpíadas que acontecerão apenas no Rio e em São Paulo,recebendo o Rio muito mais turistas do que na Copa. Naturalmente, a tendência é aumentar em muito os laudos genéricos emitidos pela Defesa Civil apontando falsos riscos de desabamento ,aumen-
tando as desapropriações por interesse “social” dos poderosos, aumentando a facciosidade da Justiça que privilegia a propriedade abandonada em detrimento da posse, aumentando os leilões de imóveis tombados mas não restaurados através da aplicação de injustas e altas multas(quem deveria restaurar prédio tombado é quem o tombou, ou seja, a prefeitura). Além disso, o governo federal anuncia nova rodada dos criminosos leilões do petróleo para junho, o que fará com que percamos muito dinheiro, uma vez que a Petrobrás estatizada e sob comando dos trabalhadores teria condições plenas de explorar o ouro negro. A corrupção acontece na empresa exatamente porque esta não é controlada pelos trabalhadores, ficando a mercê da ganância dos corruptos e do lucro insano da multinacionais auferidos com os criminosos leilões. Ocupações e entidades que participaram do 9º Congresso: Ocupações: - Che Guevara - Frei Tito - Margarida Maria Alves - Fidel Castro - Antonio Gramsci - Olga Benário - Anita Garibaldi - Rosa Luxemburgo 2 - Edith Stein - Joana D'Arc
Comprovado: o universo sempre existiu, mas o Big Bang, não
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teoria do Big Bang afirma que o universo teve sua origem a partir de uma “grande explosão”. Por várias décadas, esta foi a teoria dominante para explicar o desenvolvimento inicial do universo. Mas, foram descobertas “supernovas”, corpos celestes que se assemelham a nuvens brilhantes e são nascidas da explosão de estrelas, cuja existência contradiz a possibilidade da existência de um “Big Bang”. Existem várias teorias que tentam resolver os problemas do “Big Bang”. uma delas é a do físico Wun Yi Shu, de Taiwán. A teoria de Shu estabelece que o espaço e o tempo não são elementos independentes. Segundo ele, o universo teria 4 dimensões, 3 são as dimensões do espaço, altura, largura, profundidade. A quarta dimensão seria o tempo. A teoria do Big Bang compreendia o universo como sendo plano. Nas novas hipóteses levantadas
por Shu, que até agora se demonstraram mais coerentes, o universo seria uma imensa esfera de 4 dimensões, sem princípio nem fim em termos de espaço e tempo, convertendo-se um no outro, pois na medida que o universo se expande, o tempo vai se transformando em espaço. A ideia do Big Bang sofre uma clara influencia religiosa de que tudo foi criado do nada por obra de um ser supremo, um Deus. Seu autor foi o padre belga Georges Lemaître, que tratou de direcionar a teoria de Einstein para justificar a sua ideia do criador originário, dando assim origem ao Big Bang. Assim como não houve uma origem, a teoria de Shu também descarta o fim da universo, o Big Crunch. A teoria de Shu combina elementos das principais teorias do século XX, a teoria da relatividade de Einstein e a física quântica de Planck, aos quais aplicam ainda métodos do físico David Bohm, para provar, a partir da ideia da hiper-esfera,
Entidades e movimentos: - Sindipetro - Pastoral Idea - TV Comunitária de Niterói - Associação Niteroiense de Ambulan-
tes com Deficiência - Fundação José Saramago para as Américas - Frente Independente Popular (FIP) - Movimento Consciência PSY - Associação de Petroleiros Demitidos (CODEP) - Movimento dos Garis
Marília Machado Apresentamos poemas de Marília Machado, militante trotskista da LQB, falecida em 2012. Ela, além de comunista e escritora, foi professora e sindicalista. O poema Prelúdio para Jamal foi escrito para a paralisação dos professores do RJ, que aconteceu em 1999, pela libertação do preso político estadunidense Mumia Abu Jamal. Convocatória
Haiti: Duzentos anos de dor
Chega de gritos de dor e de tanto ranger os dentes.
Mais de duzentos anos de dor, clamor, desalento. Mais de duzentos anos de luta, horror e tormento.
Poema sobre o dia nacional da consciência negra, o 20 de novembro. (Marília Machado)
Chega de gemidos, de lamentos e de tantos elos de correntes.
Agora é hora do negro. Hoje é o dia de ser feliz. Tomemos as rédeas da vida, segurando-as firmes em nossas mãos! A exemplo de tantos heróis que nosso povo gerou, Sejamos os agentes desta revolução! Prelúdio para Jamal (Marília Machado)
Você é a luta de todos nós: dos que já se foram e dos que ainda virão. que o universo sempre existiu. Além deste, esta teoria corrobora mais outros princípios materialistas [ 1 ]: Confirma com bastante justeza o princípio enunciado por Engels em sua obra Anti-Duhring (1877) de que “as formas fundamentais de todo ser são o espaço e o tempo, e um ser concebido fora do tempo é tão absurdo como o seria um ser concebido fora do espaço.”. Confirma a ideia monista [ 2 ], que a realidade do universo é uma só e que suas manifestações são variantes de um todo material Estabelece as bases para o futuro da exploração de todo o universo: o espaço e o tempo, uma vez que não há qualquer elemento real que não esteja inserto nestas
dimensões. Notas 1. Entendemos por materialismo não a visão vulgar que identifica materialismo com o apego desmedido pela riquezas e ao dinheiro, mas como uma visão filosófica que é da matéria que tudo se origina, até a ideia, o pensamento. Assim, por exemplo se contamos a partir de uma referencia no número 10, sobre o qual se baseia todo o sistema decimal de pesos e medidas é porque temos 10 dedos nas mãos. Entendemos por matéria a tudo que tenha movimento. 2. Monismo é a corrente que afirma haver uma só realidade no universo. O que não quer dizer que, para estudar esta realidade, na impossibilidade de abarca-la toda de uma vez, seja preciso dividir esta realidade e sistematiza-la para analise, dando origem a diferentes áreas da ciência. Neste sentido, o monismo se opõe a uma visão da realidade constituída por fragmentos própria dos pos-modernistas.
- Movimento de Moradores e Usuários em Defesa do IASERJ/ SUS (MUDI) - Movimento de População de Rua - Coletivo Lenin - Movimento de Luta Classista
POESIA E LUTA
Chega de baixar os olhos diante da discriminação!
CIÊNCIA E MATÉRIA
Leon Carlos
- Frei Caneca - Mama África - Escrava Anastácia
A essência da liberdade buscando a libertação É quem vive no Brasil ou em qualquer outra nação. A dor de quem é escravo num mundo de tantos senhores, das vítimas de tantos horrores no campo, cidade ou favela. É aquele que escreve a história com força e convicção. Um herói sem fantasias que não serve à alienação, a voz que não quer calar diante de tanta opressão, um desejo de justiça, um clamor do coração.
(Marília Machado)
Mas também foram dois séculos de vitória da resistência, de superação da existência, de força e soberania. A guerra mais implacável, tão difícil de vencer, é contra o preconceito e a cruel burguesia, que vindo de todas as partes, exercendo a tirania, massacra, fere e oprime, disfarçada de “missão”. E fingindo que quer paz pune, do povo, a “ousadia” de fazer revolução. Lá, a paz se pinta de preto, da cor de um povo lindo, que luta e vai conseguir. E então, libertará o belo sorriso preto da querida infância preta que vive no Haiti; a grande alegria preta, da juventude preta, que vive no Haiti; a felicidade preta, das pretas e pretos de garra que vivem no Haiti. Quero, que logo aconteça a nova revolução reerguendo o Haiti, pois um pedaço de mim também sobrevive ali. Poema publicado no blog do Sepe-RJ, Sindicato dos professores 02/2010
Você é um grito na garganta de cada negro que chora, de cada humano marcado pelas torturas do mal.
Poema curto e ainda sem nome (Jesus Pineda)
Você é paz, às vezes guerra.
"...nacimos pobres, vivímos pobres, morimos pobres, pero podemos cambíar las cosas..."
Você é MUMIA ABU JAMAL (poema publicado na edição especial do boletim do Sepe-RJ, 04/2008)
Pineda, amigo mexicano, luchador de las marchas por los desaparecidos de Ayotzinapa
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ARGENTINA
Golpismo pró-imperialista na Argentina Leon Carlos TMB - Argentina
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marcha do 18F, ocorrida em 18 de Fevereiro, foi convocada por meio da mídia pró-imperialista para ser um movimento impulsionado por um grupo de fiscais e juízes, com o objetivo de explorar politicamente o assassinato do promotor Nisman. Por via do Poder Judiciário, a direita, com apoio de setores reacionários da classe média, tenta desestabilizar o
governo de Cristina Kirchiner. A Resposta dos peronistas-kichineristas foi impulsionar, na mesma semana, mobilizações em defesa de Cristina e de seu “modelo políticoeconômico”. Estas mobilizações em nenhum momento se apoiam nos trabalhadores e são na prática fortemente arregimentadas pela burocracia sindical kirchinerista. A manobra golpista da direita pró-imperialista hoje se expressa por meio do Poder Ju-
diciário, chegou a acusar a própria Presidenta da Argentina como responsável pela morte de Nisman. De fato, essa facção da burguesia argentina responde aos intereses do imperialismo, e neste sentido, a situação se assemelha ao acontece no Brasil e na Venezuela. A manobra do imperialismo é impulsionar distintas formas de golpismo na América Latina, seja por meio de “instrumentos legais”, no parlamento, ou “jurídicos”, por meio do Po-
der Judiciário e até mesmo a ação militar não está descartada, como a abortada por Maduro na Venezuela. Para o imperialismo, esses métodos se justificam como forma de tentar, de maneira desesperada, tirar a América Latina da influência política e econômica do bloco Russo-Chinês. Nós da Tendencia Militante Bolchevique afirmamos que a única alternativa possível às varadas formas do golpismo pró-imperialista é através da mobilização
Masa da Frente Renovador e Macri do PRO, os candidatos do imperialismo na marcha de 18 de Fevereiro
dos trabalhadores, e sem criar ilusões nas direções burguesas como as representadas pelo Kichirnerismo, apenas
confiando nos próprios métodos da classe operaria que apontam para a independência de classe como resistência.
GRÉCIA
Syriza: O populismo pequeno burguês gerindo o Estado capitalista, em meio a nova Guerra Fria Comitê de Ligação pela IV Internacional
A
19/02/2015
v i t ó r i a do Syriza (Coalizão da Esquerda Radical), sob a liderança do primeiro-Ministro Alexis Tsipras, revela um grande giro à esquerda na consciência política da classe trabalhadora grega. O entusiasmo por essa vitória reflete as esperanças e confiança das massas de que pelo menos alguns passos para a libertação dos trabalhadores foram dados depois das terríveis privações impostas pela Troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). Acreditamos que o governo do Syriza não de
é
um
frente
governo popular.
Uma frente popular é um governo burguês. Mas, nem toda coligação com partidos burgueses é uma frente popular. Por que? Porque uma frente popular pressupõe uma composição política com um partido operário burguês. O Syriza, embora não seja um partido burguês, também não é um partido operário burguês, e menos ainda, um partido operário. O Syriza, bem como outros fenômenos partidários atuais, é um partido pequeno burguês, que passa a ocupar um espaço importante na política nacional de seu país, por causa da extrema degeneração dos partidos as organizações tradicionais, porque a desmoralização das direções tradicionais do movimento operário e sindical não é superada por novas direções operárias e revolucionárias. Mas, historicamente, a pequena burguesia é incapaz de estabelecer
um governo próprio, precisa apoiar-se nas classes fundamentais da sociedade capitalista (e em seus partidos) e em condições excepcionais da luta de classes mundial. A ascensão do Syriza não foi possível apenas por causa de questões políticas nacionais, pelo esgotamento de todos os outros partidos do regime. Não. A ascensão do do Syriza também foi produto da nova guerra fria entre o imperialismo e o bloco de nações capitaneadas pela Rússia e China (Eurásia), quando frágeis direções pequeno burguesas podem apelar para o novo bloco burguês ascendente e para os Brics, para barganhar um novo acordo com o imperialismo. Esta é uma política que o "Podemos" da Espanha também vem fazendo, mesmo antes de chegar ao governo. As atuais direções pequeno burguesas da etapa pós-soviética não sofrem fortes pressões da população trabalhadora para romper com a burguesia. Todavia, a nova multipolaridade capitalista permite que estes partidos cheguem a direção do próprio Estado capitalista e, no caso, barganhem com o imperialismo a restauração da economia grega para seus traços dependentes anteriores, superando a baixa econômica imposta pela semicolonização do período, caracterizado pela privatização dos setores de energia, aviação e portos em favor do capital financeiro imperialista, além do o cancelamento de leis impostas pela troika em troca do resgate financeiro ao país, como a demissão de funcionários públicos. O objetivo do Syriza é ganhar tempo para cumprir os ditames do
imperialismo de forma mais gradual e ‘sustentável’ a manutenção da estabilidade política do capitalismo grego. Para não frustrar por completo seus eleitores logo nos primeiros dias de governo, o Syriza fez muitas promessas, como o fim dos centros de detenções dos imigrantes, o aumento do salário mínimo de 500 para 750 euros, retorno do 13º salário e do bônus de natal para os que recebem até 700 euros por mês, o fornecimento gratuito de eletricidade para 300 mil famílias, uma reforma fiscal, a revisão das privatizações, a renegociação da dívida grega, a readmissão dos funcionários estatais que foram demitidos. Todos esses anúncios foram possíveis pela política de chantagem, leilão político e zig-zags, como encenar aproximação com o bloco Eurásico para assustar o imperialismo e, em seguida, obter um certo crédito temporal da Troika, em troca do apoio grego as novas sanções contra a Rússia. A luta de classes na Grécia ainda encontrará suas batalhas cruciais. Nenhuma derrota ou vitória foi alcançado pelas forças da classe capitalista e do imperialismo Europeu contra a classe trabalhadora organizada na Grécia ou de toda a Europa. As grandes greves e mobilizações em massa de 2010 2012 entraram em refluxo momentâneo e agora o foco se volta para a eleição do Syriza, porque as massas procuram uma expressão política para suas lutas contra a terrível austeridade que tem sido imposta sobre a Grécia. É claro que há uma relação dialética entre a luta de classes e as eleições parlamentares, que são apenas um
Alexis Tsipras, do Syriza, e Pablo Iglesias, do Podemos, em Atenas, 22 de janeiro de 2015
reflexo distorcido dessa luta. O perigo agora é que as massas vejam na eleição do Syriza um substituto para estas lutas. E tudo indica que agora a direção do Syriza está tentando explorar essas ilusões para manter a luta de classes confinada nos limites do que é aceitável para o próprio sistema capitalista. Enquanto se solidariza com as esperanças da população trabalhadora e incentiva cada mobilização, o CLQI adverte que essas ilusões são perigosamente mortais, porque o Estado e os fascistas irão se lançar contra as massas com uma selvageria impiedosa quando o Parlamento não conseguir mais manter o povo iludido e for desmascarado. Queremos que este Estado de ânimo alimente uma renovação das lutas de greve de massas de 2010-2012, mas em um nível político mais elevado que levará à superação revolucionária do capitalismo, como parte de uma ampla e global ofensiva revolucionária do proletariado na Europa.
Adeus às ilusões Beth Monteiro Bem que eu gostaria de ler uma boa notícia sobre a Grécia, ou melhor, sobre uma decisão firme do governo de Tisipras e de seu ministro das finanças, Yanis Varoufakis, em favor dos trabalhadores gregos, o que teria um enorme impacto positivo entre os trabalhadores europeus e de todo mundo, animando suas lutas, alimentando sua determinação em defender direitos e conquistas tão duramente alcançados em mais de um século de luta. Longe de mim comemorar este fracasso das negociações gregas com o Eurogrupo com a famigerada frase: “eu não disse”! ’. Nem por isso, vamos tapar o sol com a peneira. O governo do Siryza está fazendo menos do que foi feito durante o governo Sarney no Brasil, em 1987, com moratória unilateral da dívida
que durou oito anos, lembrando que, desde 1979, o Brasil vinha empurrando com a barriga os compromissos assumidos com o FMI, furando todas as cartas de intenção, pagando quando podia, com alguns empréstimos ponte, mas sem assumir a moratória. E daí? Por acaso essa e outras moratórias unilaterais brasileiras melhoraram a vida do povo trabalhador? Sim e não. Depende do ponto de vista. Em primeiro lugar, essas moratórias não tinham por objetivo qualquer medida que colocasse em questão a economia capitalista: foi tão somente uma forma de reestruturar a economia de mercado, dando os anéis para não perder os dedos. Com o povo nas ruas exigindo democracia (Figueiredo) e com milhares de greves em todo o país (Sarney), esses governos ficaram sem saída e não
conseguiram ter moral para privatizar, fazer ajuste fiscal e arrochar ainda mais os já baixos salários dos trabalhadores como exigiam o FMI/BM ou a Troika daqueles tempos. E assim, as estatais foram preservadas, o país crescia e a inflação explodia, chegando a quase dois mil por cento, em 1989. E quando se tentou o congelamento dos preços, o desabastecimento surgiu com força, tal como acontece com a Venezuela. A QUESTÃO NÃO É SE UM GOVERNO É DE ESQUERDA, DE DIREITA OU DITADURA, O QUE DETERMINA UMA VITÓRIA PARCIAL, OU COMPLETA É O GRAU DE RADICALIZAÇÃO DAS LUTAS DOS TRABALHADORES e uma direção firmemente comprometida com a construção do Socialismo.
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FdT 22 - março / 2015
CUBA
O novo acordo EUA-Cuba e a luta em defesa do poder dos trabalhadores
A
pós 18 meses de conversações secretas entre EUA e Cuba, mediadas por Canadá e papa Francisco, os dois países realizaram os primeiros gestos de aproximação em, meio século, com a libertação de prisioneiros que ambos os países mantinham do outro. Mas o fim do bloqueio econômico, comercial
e financeiro imposto pelos EUA a Cuba depende do Congresso dos EUA, que precisa votar o fim das leis Torricelli e Helms-Burton. Todavia, os que defendem o bloqueio são a maioria das duas casas do Congresso. O Estado imperialista é integrado por distintas frações da burguesia estadunidense. Por isso, apesar de sua pequena impor-
tância social, existem minorias contrarevolucionarias, como o sionismo (não confundir mecanicamente com o judaísmo) e os gusanos burgueses nos EUA que possuem representação deformadamente maximizada na política imperialista. Os sionistas e os gusanos são sócios dos 1% mais ricos, mas assim como o sionistas, os gusanos podem
impor sua orientação a Casa Branca em determinadas questões decisivas a seus interesses, por serem a vanguarda e justificativa da política contrarrevolucionária contra o Estado operário nos EUA. Portanto, a derrubada das leis do bloqueio por parte do legislativo imperialista não será possível enquanto a burguesia gusana for funcional a direita re-
publicana. Mas não nos resta dúvida que foram as necessidades maiores do imperialismo por conter a influência da Rússia e da China sobre a América Latina, que se impuseram sobre o Executivo para que Obama conciliasse esse acordo.
O contraditório papel do bloqueio na preservação do Estado proletário cubano É impressionante ver como Cuba, tao frágil diante das potências mundiais, foi capaz de resistir ao fim da URSS. De certo modo, razões excepcionais, sobretudo o bloqueio imposto por mais de meio século, impediram que em Cuba e na Coreia do Norte, os processos de restauração capitalista se desenvolvessem de forma gradual e pacífica (como na China ou Vietnã), devido a própria fragilidade destes Estados frente ao imperialismo e suas respectivas burguesias
“gusanas”. Nestes casos, a restauração do capitalismo só poderia ocorrer através de uma guerra civil. É do interesse americano a restauração capitalista em Cuba, para que os EUA sejam favorecidos pelo aumento do fluxo de capitais entre os dois países, mas também para que tais interesses se combinem com a necessidade de conter o avanço do bloco capitalista eurásico rival (Rússia e China) , tentando atenuar o isolamento que o próprio imperialismo se meteu. Ou seja, a Casa
Branca passa a apostar na cooptação ao invés do bloqueio. Após 50 anos de bloqueio, a tendência de mudança dos EUA frente a Cuba devese essencialmente à alteração da conjuntura mundial após a crise de 2007-2008, ao fato de que o MERCOSUL, a UNASUL e o CELAC deixaram de fora EUA e Canadá. Estes países ficaram de fora da América Latina e também do Caribe. O CELAC (comunidade de estados latino-americanos e caribenhos) estabeleceu acordos com a China em re-
uniões presididas por Cuba. Os EUA necessitam urgentemente recompor o “panamericanismo” para blindadar as américas frente a Rússia e China. O que mais a Casa Branca teme é que os dois países eurásicos armem Cuba, como os EUA fazem nas fronteiras de Rússia e China, detonando assim uma nova crise dos mísseis. A nova “abertura” frente a Cuba era imprescindível para a recomposição futura do mitológico “panamericanismo”. Mas além de tentar retomar sua
influência a partir do reestabelecimento das relações com seu pior adversário no continente, simultaneamente, enquanto aprofundam as sanções contra a Rússia, os EUA sabem que não existe “panamericanismo” sem o Brasil, assim que seguirá crescendo o processo golpista contra o governo do PT, anfitrião dos Brics no continente, para assegurar que o Brasil estará “seguro” contra a crescente influência do capitalismo eurásico.
ilha com uma dezena de milhões de habitantes deixasse de ser uma colônia agrícola e degradada dos EUA para brindar sua
população e o mundo com conquistas inéditas, como a eliminação da fome, da miséria, do analfabetismo, e a construção
de um sistema educacional e outro de saúde cujos médicos e avanços são exportados para o resto da humanidade.
A Excepcionalidade Cubana A revolução cubana marcou um giro na história do século XX na América Latina. Além de derrotar uma ditadura pró-EUA nas
barbas do Tio Sam, pela primeira vez no hemisfério ocidental, o capitalismo foi expropriado. Isto possibilitou que uma pequena
O fim do bloqueio, o curso restauracionista e a revogação das medidas especiais Para que o fim do bloqueio não resulte no fim do Estado operário, denunciamos toda a diplomacia secreta entre a burocracia cubana e o imperialismo ou qualquer nação capitalista. Lutamos pela revogação progressiva das medidas do chamado “período especial” tomadas emergencialmente a partir da dissolução da URSS em 1991 e do recrudescimento do embargo pelos EUA em 1992, assim como de todas as medidas posteriores que flexibilizaram a planificação da economia, o monopólio do comercio exterior e a estatização dos meios de produção. Para começar, reivindicamos a volta do regime de pleno emprego e a revogação de todas as demissões; o reestebelecimento do pleno monopólio do comercio exterior, a estatização plena de todas as empresas mistas e da produção. Em outras palavras, se as coisas estão melhorando é preciso revogar as medidas que flexibilizaram o Estado operário desde a década de 1990 do século passado. Todo esse programa deve estar aliado ao combate às ambições e privilégios da burocracia, ou seja, a luta pela revolução política e pela instituição da democracia operária em Cuba.
UCRÂNIA - O “ACORDO DE MINSK” E A QUEDA DE DEBALTSEVE
O império contra ataca Comitê de Ligação pela IV Internacional 22/02/2015
A
queda de Debaltseve para o exército Donbass, em 18 de fevereiro 2015, é uma grande vitória para os lutadores antiimperialistas em todos os lugares e para a classe trabalhadora mundial. Tendo ocorrido apenas uma semana após a assinatura do acordo de Minsk, essa vitória foi um 2o round, um golpe tanto contra os planos do imperialismo anglo-americano de forçar uma guerra do imperialismo franco-alemão com a Rússia, quando para os planos da aliança imperialista europeia a obrigar Kiev a fechar um acorco com as repúblicas de Donbass contra o proletariado. A grande base trabalhadora do exércitos de Donbass desejam o socialismo e as relações de propriedade nacionalizadas que existiam nos dias da URSS, quando as condições de vida dos trabalhadores eram muito melhores e os oligarcas capitalistas não haviam tomado toda a rique-
za coletiva do país, com o apoio de Yeltsin e dos EUA. Do outro lado, o Exército da Ucrânia só existe por meio do recrutamento obrigatório até de quem tem 59 anos! Está desmoralizado e não quer lutar uma guerra em defesa do regime Kiev, infestado de corruptos e fascistas; os único que querem lutar são as milícias fascistas motivadas por sua ideologia nazista. De acordo com o líder do Borotba, Victor Shapinov: “O Estado ucraniano na região de Donbass desabou entre a primavera e o verão. O poder real repousa nas milícias [fascistas]. Elas funcionam como policiais, promotores e agências de inteligência, tribunais e prisões ." Ao contrário do que prega a mídia, a potência imperialista agressiva aqui é o imperialismo anglo-americano e que sua meta central é o bloco capitalista Eurásico da Rússia e da China. A guerra na Ucrânia, a guerra contra o Iraque, o Afeganistão, o ISIS, Assad e Gaddafi são parte da estratégia geopolítica do imperialismo dos EUA, em primeiro lugar, para garantir a
dominação global e proteger e ampliar os lucros de suas grandes corporações multinacionais e financeiras. Os interesses da classe trabalhadora ucraniana seriam atendidos por uma derrota de Kiev, resultado que os próprios líderes Donbass temem porque temem a sua própria classe trabalhadora, daí o seqüestro e exílio dos socialistas revolucionários do Borotba. De longe, a melhor coisa para a classe trabalhadora britânica e americana é a derrota de seu Exército cipaio na Ucrânia. Lembramos que a Síndrome do Vietnã deu um grande impulso à esquerda e a luta da classe trabalhadora mundial antes e depois de 1975, apesar do patriotismo liberal dos pacifistas com seu slogan ‘tragam nossos rapazes de volta para casa’. Devemos restabelecer a compreensão marxista revolucionária que a derrota do imperialismo em uma guerra estrangeira abre possibilidades revolucionárias para a classe trabalhadora nos países imperialistas. Merkel e Holanda são mui-
to mais relutantes em lutar uma guerra total na Europa, porque, como diz o velho ditado “A América não cozinha, mas é a Europa que lava os pratos”. Obama está disposto a lutar até o último europeu, mas uma guerra com a Rússia iria devastar as economias da Europa, e da Alemanha, em particular. Então, eles foram para a negociação sem esperar pelos EUA e a GrãBretanha, o aliado mais próximo dos EUA na Europa e chegaram a um amplo acordo com Putin de 13 pontos que em suma significa o fim do Donbass Obama ameaça armar Kiev com uma série de armamentos mais pesados da OTAN. .. Putin se senta para negociar e chegar a um amplo acordo de 13 pontos que em suma significa o fim do Donbass. Com o fracasso do acordo, Putin é cobrado pela mídia internacional, com a tentativa de romper a trégua acabou de assinar. Ao mesmo tempo, a força militar de Obama estão começando a implantação de fuzileiros navais no Pacífico contra a China e no Oriente Médio, usando a luta
contra o ISIS como justificativa. Desta maneira, o imperialismo fecha o cerco contra a Eurásia. Através da Europa Oriental, Ásia-Pacífico, Oriente Médio e América Latina. Na Venezuela, Maduro desbaratou um novo golpe de Estado que reunia militares e o prefeito de Caracas. No Brasil, o processo golpista acompanha a ofensiva pela privatização da maior estatal brasileira. Na Argentina, foi fabricado um escândalo com o assassinato do promotor de oposição, Nisman, para desestabilizar o governo Cristina Em uma tentativa de quebrar este cerco, a Rússia movimentou rapidamente suas peças em direção ao Mar Cáspio. Putin tomou nota das manobras do imperialismo. Talvez, para além de todos os movimentos da guerra comercial dos últimos três anos, não devemos descartar que, entre os possíveis cenários que se desdobram deste contra-ataque imperialista estaria o início da Terceira Guerra Mundial.