LUÍS ATHOUGUIA Cascais 1953 DESDE 1983 vem apresentando os seus trabalhos em centenas de relevantes Exposições e Bienais de Arte em Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália. Considerado por alguns um talento no mundo artístico da sua geração, está representado em museus, instituições e importantes colecções nacionais e estrangeiras e foi distinguido, com o Prémio Vespeira na Bienal do Montijo 1997 e Prémio do Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes 2011. ALGUMAS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: Museu da Água, Lisboa; Museu de Electricidade, Lisboa; Museu de Estremoz; Museu Martins Correia, Golegã; Galeria de São Mamede, Lisboa; Galeria MAC, Lisboa; Galeria 2 Paços - Torres Vedras; Galeria dos Escudeiros, Beja; Galeria Artur Bual, Amadora; Galeria Municipal do Montijo; Galeria da Capitania, Aveiro; Galerias da Ordem dos Médicos, Lisboa e Porto; Galeria Velasquez, Valladolid (E); Galeria BCN Art Direct, Barcelona (E); Centro Cultural de Cascais; Centro Cultural de Lagos; Centro de Exposições de Odivelas; Casa de Cultura de Coimbra; Paço da Cultura da Guarda; Paços de Concelho de Ponta Delgada; Castelo de Ourém; Castelo de Portalegre; Convento de S. José, Lagoa; Capela da Misericórdia, Sines; Palácio Quintela, Lisboa. ALGUMAS EXPOSIÇÕES COLECTIVAS: Altes Amtshaus em Bad Neustadt am Hohntor (D); Museo Comarcal de Hellín (E); Paseo del Arte em Madrid (E); Museu Municipal de Albacete (E); Palacio Congresos Barbastro (E); Sala Expometro em Madrid (E); Fundación Frax, Alicante (E); Fundación Progreso y Cultura, Madrid (E); Círculo de Arte de Toledo (E); Casa Heredia, Graus, Huesca (E); Centro de Arte L’Espinoa, Baignes (F); Galeria S. Mamede, Galeria Ler Devagar, Galeria Pedro Sem, Galeria 65 A, Galeria Linhares, Galeria Arte Contempo, Galeria Iosephus, em Lisboa; Galeria Conventual, Alcobaça; Galeria Arthouse, Cascais; SNBA, Lsboa; Centro Cultural da Nazaré; Centro Cultural de Belém, Lisboa; Palácio dos Aciprestes, Oeiras; Palácio D. Manuel, Évora; Palácio da Independência e Palácio Foz, Lisboa; Castelo de Ourém; Castelo de Portalegre; Museu da Àgua, Lisboa; Museu Regional de Sintra; Museu de Arte Sacra, Alcochete; Museu de São Brás de Alportel; Convento de Cristo, Tomar; Convento da Graça, Torres Vedras; Convento do Beato, Lisboa; Convento de S. Francisco, Monsaraz. BIENAIS: Vila Nova de Cerveira, Cascais, Sabugal, Góis, Nazaré, Mafra, Alentejo, Amadora e Montijo.
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LUIS ATHOUGUIA
A Secreta Pintura
JOSÉ MANUEL MARTINS FERREIRA COELHO Considero Luís Athouguia na sua essência complexa, um notável Surrealista. Mergulha nos princípios básicos desta escola, do modernismo internacional, seguindo os critérios filosóficos literários (1924 de André Breton) em que a psicanálise não fora descurada, assentando em dois pilares construtivos, um o do automatismo criador das (suas) experiências criadoras, outro o do mundo do sonho, o do mundo imaginário, em que na sequência das suas obras, a (sua) pintura automática evidencia o afastamento ou mesmo eliminação de qualquer controle da razão ou do pensamento libertando assim os impulsos criadores que habitam o subconsciente. Luís Athouguia, além do seu Surrealismo próprio, afirma-se na utilização de “certos símbolos que constituem uma certa linguagem hieroglífica em que os sinais adquirem um sentido preciso pelas relações que estabelecem entre si”. Athouguia demarca-se nas suas cores, próprias, bem conseguidas num tingimento regular e homogéneo, harmonioso, comparado à difracção básica dos raios luminosos pela acção prismática, sabendo conjugá-las, na filosofia precursora dos jovens pintores “nabis” Athouguia não esquece e, revela numa integração fitomórfica perfeita, natural e selvática numa simbiose à dissociação das formas em figuras geométricas, feita por análise intelectual, sendo aliás estas figuras fragmentadas pelo jogo das linhas e dos planos. Exemplos marcantes em que, triângulos escalenos, simples ou integrados, em flâmulas, estandartes ou pseudocristas, integram-se igualmente na composição máxima dos livros sapienciais, em rectângulos convergentes, aludindo a obras escritas abertas... JOÃO ANTERO FERREIRA Pintura a pastel de imagens micro aumentadas para um mundo macro. Os símbolos do quotidiano utilizados de uma forma não conceptualista, o contraste cromático e lumínico, o jogo das formas, as ramificações capilares e a utilização das cores, as manchas de contornos enevoados, ajudam a construir a viagem ao interior do mundo. A sua pintura tem uma forte ligação com a luz, num jogo de contrastes claro/escuro, em que a luminosidade parece esconder-se atrás dos primeiros planos, espreitando aqui e ali o momento certo para saltar ao nosso encontro. As manchas são separadas por contornos algo enevoados, aumentando a indefinição de objectividade. Se no início da sua pintura notava-se uma ligação muito conceptualista de intenções no que respeita a simbologia e aos signos utilizados, com o evoluir natural da abordagem, a mensagem está mais liberta. O seu percurso pictórico, olhando-o friamente, sugere como que um atravessar de uma densa floresta de
cardos e espinhos, em que, com o passar do tempo, se vão dissipando, como que se aproximando de uma clareira, de uma paisagem tranquila, mas não bucólica. Algumas das suas telas são autênticos vitrais pictóricos, onde se chega quase a adivinhar o que se esconde lá fora. Outras são olhares microscópicos com o olho nu da alma. Outras ainda são rápidas espreitadelas para o interior do além, em que a força das imagens permite um registo marcante. VICENTE BORGES DE SOUSA No desenho, as paisagens são as do tempo ilimitado. São peregrinações vagabundas por paragens oníricas, erótico-sentimentais, um fascínio quase obsessivo pela fuga curvilínea remetendo para uma espacialidade deliberadamente interminável. O desenho de Luís Athouguia é a revelação do discurso mais íntimo, enunciando-se pela mão que vai despindo a nudez das folhas em branco; À espera do gesto que as preencha. E, assim, a grandeza solitária das paisagens interiores veste-se de formas caprichosas, que a luxúria prodigiosa da sensibilidade e da imaginação vai criando um pouco em cada dia, um pouco em cada obra. ZEFERINO SILVA Imagens de grande impacto visual, que apesar de abstractas evocam um acontecimento onde a dimensão palpável do real, num gesto de silenciosa paixão, nos transporta à contemplação, retrata memórias, encarna desejos. O nosso olhar passeia pelos seus quadros e o prazer é permanentemente revigorado pelo rigor técnico, um domínio da matéria, uma invenção de claridades e transparências marcadas em acordes rítmicos de cor e luz, reflexo da paixão mútua entre o artista e o cromatismo, a iconografia e riqueza vocabular da sua pintura de uma real qualidade criativa. MARIA ADELAIDE MARQUES TEIXEIRA As suas obras, com traços e cores marcantes e poderosas, estão imbuídas de um imaginário e de um surrealismo, que mais do que pesadelos e sonhos Jungianos e Dalinianos, se entrecruzam com a obra majestosa e naturalística de pintores como Wilfredo Lam, e os operáticos quadros de Henri Rousseau. Nos quadros de Luís Athouguia, os motivos são predominantemente animais e vegetais, incorporando também objetos inesperados, como OVNIS, símbolos da paz e olhos humanos, amálgamas de rostos, pedaços de selva, formas (semi) geométricas brancas, vermelhas, azuis e amarelas, que se combinam, como os grandes quadros de Kandinsky, para formar um caleidoscópio que nos faz girar e rodopiar consigo.
AMÉRICO CARNEIRO A Pintura de Luís Athouguia eleva-nos ao patamar da ciência da arte pictórica e da “praxis” artística: - Desde logo, pelo cuidado extremado posto na assunção das pesquisas ao nível da Estética e das suas regras universais, nas descobertas ao nível das estruturas (composição) e da dimensionalidade entrecruzada entre seus vários planos existenciais (materialidade), na observância atenta da Simbólica e do fluxo e refluxo dos símbolos (mitologia), na fluência discorrente dos diálogos plásticos das massas cromáticas e suas temperaturas (poética); No trabalho que privilegia a Mão, a Química, a Oficina do artista-criador e pensador, ao longo de um Tempo estranho que, até há poucos anos, parecia querer ditar a Morte de Deus e da História, e, consequentemente, o Fim do Homem como Ser Criado, dotado de Inspiração e de Ideais - E, assim, favorecida com um corpo ágil, vertiginosa e aberta como um vórtice perante os corpos (que não apenas os olhos) dos observadores-participantes, a Arte de Luís Athouguia é Vida e é, de novo…Pintura! DESIDÉRIO MURCHO Apesar de ser comum pensar que a lógica pertence ao lado frio da razão ao passo que a arte, especificamente a pintura, pertence ao lado do fogoso da emoção, este dualismo primário e irreflectido não corresponde à realidade. E Athouguia é um dos muitos artistas que o provam: a sua pintura manifesta esse entrelaçamento da razão e da inteligência com a emoção e a intuição que faz da arte mais do que mera decoração de interiores emocionais. JOSÉ NETO A sua “representação” é bem mais profunda (no tempo e no espaço) que o teor do sonho, da vigília, do transe, ou mesmo do êxtase, e está muito para além do alcance da Psicanálise, da História, ou mesmo da Ciência. Isto porque os conteúdos aprofundados são aqueles da consciência – em si. Numa condição superior a qualquer sonho, imaginação ou alucinação, a consciência recriadora deste autor aprofunda a leitura e codificação de anagramas de memória, circulantes - em potência - na nossa genética. Por entre as fendas dinâmicas de uma exuberante realidade pré-mítica Luís Athouguia criou um código próprio pelo qual exprime a harmonia de um jogo entre opostos. Luís Athouguia recria em suporte ideogramas da consciência universal, os quais reflectem (fazendo-nos reflectir acerca de) o desejo radical a todo e qualquer ser existente, i.é, o querer saber na Natureza e o sentir do mais alto apelo Cósmico.
PAULO MACHADO DE JESUS As palavras, as evocações, são substituídas por cores, formas, sinais que se multiplicam em desenhos, por vezes fragmentados, como pedaços de espelhos em que se percebe uma passagem para outra realidade de que apenas adivinhamos a possibilidade de existência, talvez mais poética, e por isso mais verdadeira, no dizer de Novalis. Somos conduzidos pela vertigem da psyche do artistaxaman que, abandonando a compreensão intelectual, transfere a consciência para o mundo dos símbolos e ícones, mitos e arquétipos, fazendo-se taça vazia para o cumprimento de uma missão: a de nos desafiar a aproximarmo-nos desse limiar onde se inicia a viagem sem retorno em que a esfinge deixa o corpo de animal… e convidando-nos à mesma viagem. Athouguia faz o seu caminho com uma linguagem que lhe é própria como artista! E as imagens do visionário são imunes às barreiras de todas as línguas. FERNANDO GRADE A linguagem do Autor serpenteia à volta e no âmago de uma meada cromática de matrizes fascinantes onde a luz (do étimo latino luce) é rainha, não consorte, não par de cama, mas rainha-mor; trata-se de uma luz vivaz, que já fecundou o pó, pô-lo a caminho, rumo à pátria da água. Abeiramo-nos, afirmativamente, de um sonho com maiúscula, mas, para lá da construção desse habitat onírico, descortina-se um adestramento superconseguido na combinatória das cores, que são fixadas ou impostas ao suporte impelidas pela força táctil das mãos. Luís Athouguia afigura-se-nos ser um artista renovado, com uma pulsão encantatória nos objectos visuais que desvenda. Acaba, outrossim, por mostrar-se cénica a sua proposta; em definitivo, situada entre um diapasão de ruptura e o gosto lavado que a Arte assumida no tempo confere, desde os Gregos (de notável qualidade de pensamento, mas profundamente ignorantes…) até ao signo dos foguetões sábios, dos beijos cibernautas e dos corações feitos de lata e arames. MANUEL RODRIGUES VAZ Luís Athouguia prossegue num território pictural muito pessoal, inequivocamente singular, intensificando cada vez mais as razões que o levam à verbalização tanto de objectivos como de instantes transitórios inerentes ao processo da pintura. Expressionismo, geometrismo, colorismo; mediante eles o pintor propõe espaços plásticos nos quais junta o reflexivo e o poético e intuitivo, o geometrismo e rigor e o lirismo.
EXCERTOS DE TEXTOS CRÍTICOS MANUEL DA SILVA RAMOS Todos os quadros onde reina o formidável pastel de Luís Athouguia, são janelas abertas para a emoção. São janelas que nos fazem ver vidas guilhotinadas mas que gozam de uma faculdade de locomoção desmesurada. São janelas essenciais que deixando para trás o quotidiano mais prático se abrem a velozes mares de pensamento. São janelas incessantes que dão para montanhas movediças de sonhos. Não tenhamos medo de o dizer: o pastel substancial de Athouguia ilumina a nossa noite e traz-nos a pureza dos primitivos tempos em que podíamos tocar as estrelas com as mãos. Diga-se: ninguém actualmente em Portugal faz uma pintura destas. O Luís Athouguia é único e inclassificável (não é surrealista nem deixa de ser quando afirma a sua reticência!) e é toda esta volúpia do sonho que faz a sua força. E também o seu equilíbrio. Agora que morreram o Mário Botas, o Cesariny, o Álvaro Lapa, resta-nos o Luís Athouguia para nos conduzir ao país onde os coelhos usam relógios de pulso e as meninas têm mais de dois seios no peito. CARLOS-ANTERO FERREIRA Na Obra de Luís Athouguia, a aproximação à dimensão infinita da criação, desperta os sentidos e apela à nossa cumplicidade. Na orquestração da sua Obra, instala-se um léxico original, vigoroso e inconfundível, do abstraccionismo mais estreme, em que os lemas enfrentam a tragédia da sua própria inexistência, num texto cromático e formal que se sustenta da imponderabilidade de todos os mistérios, por ele sugeridos mas nunca revelados. As sínteses insondáveis da matéria e através dela, os excursos da alma. A consagração do imprevisto. A aparente negação da geometria reguladora dos gestos, num halo esplêndido de intemporalidade. Diagramas de fenómenos desconhecidos, as formas do vocabulário athouguiano organizam-se como crisálidas de um metamorfismo encantatório, de um oráculo revelador, de um rito impenetrável. A pintura de Luís Athouguia é lugar de visões oníricas, lugar de muitos cerimoniais, lugar iconográfico das abstracções das formas e dos conteúdos. Nela convergem alegorias, sugestões e alusões a uma escrita que se escreve por figurações no corpo do texto abstracto, no qual nos atrevemos a identificar (ou só entrever) pássaros, peixes, rostos ou máscaras deles, emblemas, signos, perífrases e paráfrases, silêncios marinhos, meias-luas, eflorescências e cristalizações orgânicas, um olho alado, um olho escorpião, um olho dinossauro, um olho alga…
Da pintura a pastel seco sobre generoso papel de algodão, de Luís Athouguia, não se aproximem os indiferentes profundos porque só a sensibilidade dos extremos ela solicita e satisfaz, isto é, a uns suscita a negação irredutível mas outros dela se aproximam pela chama invisível do coração ou a dilucidam em rusgas insaciáveis, tentando inutilmente o negro das grutas penetrar e o impenetrável desenho das formas desvendar ora simulando o real conhecido físico, ora inventando e reinventando e reconstruíndo o sortilégio do inventário sempre inacabado do universo sem fronteiras, dos mitos e rituais e dos mistérios forjados na forja dos arquétipos. JOÃO ANÍBAL HENRIQUES Luís Athouguia, o pintor de sonhos que nos carrega através da ousadia da sua Alma de artista pelos insuspeitos caminhos do que não conhecemos mas que sentimos de forma plena quando nos libertamos do peso da realidade, congrega em si próprio este Dom místico de absorver, encandeando-nos, esta complexidade tão simples que o Mundo tem. Os seus quadros, com uma panóplia de cores e de formas improváveis, são janelas abertas para o carácter onírico e singular de sonhos que a ousadia profunda da maior parte das gentes que connosco partilha esta vida, não tem coragem para sequer imaginar. E Luís Athouguia imagina-os. Vive-os de forma intensa em cada quadro e, num exercício quase sublime de generosidade, partilha-os com os outros, espraiando a sua capacidade iluminada de entender a realidade num plano absurdo e excêntrico de vivacidade. Religião significa, na sua visão mais profunda, a capacidade de religar… de voltar a ligar os mundos, as coisas, as pessoas e a vida. E Luís Athouguia, corajosamente perdido na inconsciência própria de quem ousa sonhar, coloca-nos mesmo ali, naquele espaço e naquele tempo onde espaço e tempo não contam, para nos fazer entender o que é a vida e a morte, e o sonho e… Portugal. ARTUR DO CRUZEIRO SEIXAS São pedaços de sonho, jardins para os nossos olhos passearem, lembranças obscuras, iluminações intermitentes, palavras tresmalhadas, janelas da sua alma, a sua natural respiração. A pintura do Luís é encontro e desencontro, é uma certa dose de solidão, é um eco, uma ténue ponte, a luz da madrugada, o discreto marulhar da água na secura da paisagem, a fronteira entre o ontem e o hoje, um projecto de viagem.
ISABEL BRAGA A cada nova exposição, os quadros do Luís surgem mais vibrantes, mais luminosos e coloridos, num discurso complexo e contrastante com o lado sombrio de muitas das criações figurativas que os povoam, gerando esse contraste mundos realmente estranhos, e até algo ameaçadores. O expoente máximo desta dicotomia de luz e sombras, em que o bem e o mal parecem em confronto constante, surge materializado na sua última exposição, inspirada no Livro do Apocalipse, onde a imaginação do pintor parece voar mais alto e mais livre do que nunca, servida por uma apurada técnica no que toca ao domínio da cor e da luz. MANUELA GONZAGA São paisagens oníricas, que tomam a luz como ponto de referência, e que revelam, em contornos definidos por uma geografia circular, grutas, correntes marinhas, naves, colunas, numa plasticidade orgânica onde, inesperadamente, encontramos símbolos ocultos, ou em flagrante evidência. PAULO MORAIS-ALEXANDRE Construções espaciais densas de particulares geometrias, onde as linhas são modeladas de forma singularmente lírica, resultando composições muito equilibradas com uma luminosidade e um brilho emocionantes que remetem para realidades paralelas, onde a influência do sonho, do sonho do Pintor, é marcante e nós somos chamados a partilhar essa experiência onírica. JOSÉ ELISEU A pintura de Luís Athouguia remete-nos à primeira vista para grandes mestres da pintura mundial como foram Fernand Léger ou o nosso Amadeu de SouzaCardoso, pela simbologia que dá às suas composições. Mas Athouguia é ele mesmo, tem a sua autenticidade muito própria. É acima de tudo o Luís Athouguia. Numa tecelagem quase alquímica, Athouguia quase sempre utilizando o pastel seco, dá-nos uma pintura soberba, onde os contrastes de luz, são a expressão mais saliente de um colorido muito seu. O seu onirismo prende o observador de tal modo que o leva a pensar e a criar uma verdadeira fabulação. É uma pintura bem atual e dominada por uma técnica apuradíssima e têm um movimento fora do vulgar, onde o colorido, de uma suavidade apetecida deslumbra o comum dos mortais. HUGO GUERREIRO As obras deste pintor despertam o nosso imaginário, o nosso subconsciente, ao observarmos o fantástico, as zoomorfias sem nome, sem designação no mundo
animal, daquelas que existem só porque o autor tem uma mente rica e criativa... mas onde vai Luis Athouguia buscar aqueles bichos, aquelas formas geométricas, ou aquelas formas aparentemente sem paralelo no nosso mundo físico? Onde vai buscar aquelas cores, aquela disposição na folha? Certamente que aqui entra um subconsciente particularmente fértil... um subconsciente que "obriga" o autor a expressar-se desta forma, ou seja, pintando o que o subconsciente lhe dita! Ainda bem que Luís Athouguia encontrou esta forma, e não outra qualquer, de se expressar, permitindo assim, a nós, simples observadores, que fruamos o que o subconsciente, o que o seu imaginário lhe transmite. JOSÉ BIVAR Luís Athouguia é antes de mais um esteta, só depois pintor designer ou fotógrafo. No íntimo do seu trabalho há um sentido de uma elegância dandy, onde o mínimo gesto reflecte como que uma religião pessoal de saudável cepticismo, e frágil equilíbrio no traço que descreve o frisson da própria vertigem da sua vida, e num eterno renascer para o quotidiano exercício da meditação, como no gestualismo zen, orientalismo que herdou por linhagem e que defende com a nobreza do nosso mais glorioso passado, evocando no simbolismo dos seus sábios traços, a memória das góticas miragens do manuelino, na busca dessas Índias espirituais, onde em vórtices de luz se vislumbra a esperança de uma redenção que em cada desenho é assim tentada no retiro intimista da nossa tão lusa saudade. Vagueando intemporal nos desígnios do destino sem direcção que não seja a busca de um SER maior. Desta forma constrói Luís Athouguia a sua obra que é a de um Português Universal, na hora em que Portugal pela voz profética de Pessoa irá cumprir-se. JOSÉ INÁCIO MARQUES EDUARDO Este pintor é um criador que convida o espectador a fragmentar a ordem inicial e a descobrir insuspeitas coerências e subtis paradoxos na geometria abstracta de cada quadro. Sentimos em muitas obras de Athouguia um simbolismo totémico misterioso, ressonâncias atemporais que nos transportam para aquela essencial dimensão arquetípica, invisível, onírica onde a realidade visível tem as suas raízes. Uma oportunidade singular para nos olharmos a um espelho que não reflecte uma imagem, mas que nos permite transpor magicamente um portal para o desconhecido onde nos podemos conhecer melhor.
RUI MATOSO A produção actual de Luís Athouguia faz uso de uma linguagem plástica elaborada, com uma sintaxe e uma semântica bem desenvolvidas e muito específicas. Há mesmo um repertório de figuras, de símbolos ou acções que vão sendo manipulados de forma persistente, fazendo e refazendo múltiplas ficções em torno daquilo que parece ser uma única mitologia. E se há mitologia é porque há mundo, mundo metaforicamente transfigurado em visão. Ou seja, aquilo que de fundamental Luís Athouguia nos propõe é a partilha da sua mundividência, da sua concepção estética do cosmos, apresentada e fragmentada em cada obra, trazendo a campo essa inaudita possibilidade, a possibilidade de, através de um sistema simbólico próprio, o observador poder desenvolver por si uma teia de conexões entre os diversos elementos simbólicos pertencentes a um mesmo alfabeto pictórico (sistema) relativamente decifrável. Um imaginário de tipo apocalíptico (como sinal do fim dos tempos ou da revelação eminente) é convocado para engendrar um lugar virtual destinado aos elementos figurados que constituem a pintura em si. ÁLVARO LOBATO DE FARIA Uma rígida e estruturada disciplina, formaliza e geometriza a sua arte. No domínio da suavidade cromática, contrasta e harmoniza o intelecto do emotivo. Sentir a sua arte, é sentir o equilíbrio do movimento, a sensatez da vida, o optimismo no amanhã, retratados linha por linha, forma por forma, cor por cor, nos seus desenhos figurativos esquemáticos, como também no abstracto geometrizado. Foi o que senti ao observar pela primeira vez a pintura de Luís Athouguia, comoveram-me as pulsações tensas, contidas, redutoramente serenas, que emanavam da sua obra. A matéria que ao mesmo tempo anunciava a sua substância secreta que despejava em torno de si próprio, os efeitos multiplicadores da sua linguagem. O límpido cromatismo de um universo cujo porvir da sua gramática se ajustava a novos conceitos, construía e desfazia ícones, mitos, sob o jugo de irrestrita fidelidade a uma certa sintaxe geométrica, atrás da qual se escondiam labirintos lógicos, previstos pelo artista. A obra de Luís Athouguia surpreende e anima, na unidade da força que habita nas suas cores, a necessária sobriedade das suas composições em que a pintura assume toda a sua razão de ser de uma profunda poesia num acto criador contemporâneo. Pintura despojada, sintética e envolvente. E cada vez mais pintura. PINTURA SÓ.
JESÚS DÍAZ HERNÁNDEZ Dizia Schopenhauer que o mundo visível é mera aparência e que só adquire importância quando estamos conscientes de que através dele se expressa a verdade eterna. A pintura de Luís Athouguia mostra-nos a sua verdade eterna adornada de cor e submetida à experiência. Trata de exteriorizar uma ideia, depois de analisar o seu eu íntimo, dotando-a da capacidade de sugerir, de estabelecer correspondências entre os objectos e as sensações. Sente a necessidade de expressar uma realidade distinta do tangível e tende à espiritualidade. O símbolo converte-se no seu instrumento de comunicação decantando-se por figuras que transcendem o material e nos transportam a mundos ideais. É, indubitavelmente, uma obra que convida a observar e pensar. JOAN LLUÍS MONTANÉ A sua obra está dividida em duas vertentes: a geométrico-abstracta e a deliquescente gestual. Na primeira desestrutura temáticas, realidades que se convertem em outras realidades que não têm necessariamente que ver com a real, em partes de um puzzle que muda a cada momento, mas mantém a sensualidade cromática, a força da divisão produzida pela introdução da cor negra, enquanto a sua outra produção artística é mais densa, deliquescente, desligada de estruturas formais, produto das suas elucubrações abstractas. Visiona a realidade a partir dessa outra existência, fomentando a ideia de liberdade contida no onirismo da sua temática, baseada nos prolegómenos da sua vidência estruturada em torno da fragmentação das partículas. MARGARIDA RUAS GIL COSTA Arte é uma investigação sobre instantes, acontecimentos e encontros a partir da circunscrição do espaço. É a memória da passagem do tempo e dos limites em que esse tempo acontece - morte e nascimento, princípio e fim. No Universo de Cor de Luís Athouguia, essa investigação, deixa em suspenso os planos os contornos e as texturas para substancializar uma atmosfera de luz e cor, onde a profundidade, a superfície, o interior e o exterior se embrenham em reciprocidade total, concebendo um local esvaziado, um vácuo que cria no observador a sensação de vertigem ou de abismo. Um dia, Sir Walter Rayleigh disse: "O Homem não pode dar uma razão para que a relva seja verde e não vermelha ou de outra qualquer cor." É isso que Luís Athouguia nos transmite, circunscrevendo-nos a esses locais sem que para isso nos tenha de prescrever nada cumprindo o livre arbítrio.
ISABEL BRAGA A cada nova exposição, os quadros do Luís surgem mais vibrantes, mais luminosos e coloridos, num discurso complexo e contrastante com o lado sombrio de muitas das criações figurativas que os povoam, gerando esse contraste mundos realmente estranhos, e até algo ameaçadores. O expoente máximo desta dicotomia de luz e sombras, em que o bem e o mal parecem em confronto constante, surge materializado na sua última exposição, inspirada no Livro do Apocalipse, onde a imaginação do pintor parece voar mais alto e mais livre do que nunca, servida por uma apurada técnica no que toca ao domínio da cor e da luz. MANUELA GONZAGA São paisagens oníricas, que tomam a luz como ponto de referência, e que revelam, em contornos definidos por uma geografia circular, grutas, correntes marinhas, naves, colunas, numa plasticidade orgânica onde, inesperadamente, encontramos símbolos ocultos, ou em flagrante evidência. PAULO MORAIS-ALEXANDRE Construções espaciais densas de particulares geometrias, onde as linhas são modeladas de forma singularmente lírica, resultando composições muito equilibradas com uma luminosidade e um brilho emocionantes que remetem para realidades paralelas, onde a influência do sonho, do sonho do Pintor, é marcante e nós somos chamados a partilhar essa experiência onírica. JOSÉ ELISEU A pintura de Luís Athouguia remete-nos à primeira vista para grandes mestres da pintura mundial como foram Fernand Léger ou o nosso Amadeu de SouzaCardoso, pela simbologia que dá às suas composições. Mas Athouguia é ele mesmo, tem a sua autenticidade muito própria. É acima de tudo o Luís Athouguia. Numa tecelagem quase alquímica, Athouguia quase sempre utilizando o pastel seco, dá-nos uma pintura soberba, onde os contrastes de luz, são a expressão mais saliente de um colorido muito seu. O seu onirismo prende o observador de tal modo que o leva a pensar e a criar uma verdadeira fabulação. É uma pintura bem atual e dominada por uma técnica apuradíssima e têm um movimento fora do vulgar, onde o colorido, de uma suavidade apetecida deslumbra o comum dos mortais. HUGO GUERREIRO As obras deste pintor despertam o nosso imaginário, o nosso subconsciente, ao observarmos o fantástico, as zoomorfias sem nome, sem designação no mundo
animal, daquelas que existem só porque o autor tem uma mente rica e criativa... mas onde vai Luis Athouguia buscar aqueles bichos, aquelas formas geométricas, ou aquelas formas aparentemente sem paralelo no nosso mundo físico? Onde vai buscar aquelas cores, aquela disposição na folha? Certamente que aqui entra um subconsciente particularmente fértil... um subconsciente que "obriga" o autor a expressar-se desta forma, ou seja, pintando o que o subconsciente lhe dita! Ainda bem que Luís Athouguia encontrou esta forma, e não outra qualquer, de se expressar, permitindo assim, a nós, simples observadores, que fruamos o que o subconsciente, o que o seu imaginário lhe transmite. JOSÉ BIVAR Luís Athouguia é antes de mais um esteta, só depois pintor designer ou fotógrafo. No íntimo do seu trabalho há um sentido de uma elegância dandy, onde o mínimo gesto reflecte como que uma religião pessoal de saudável cepticismo, e frágil equilíbrio no traço que descreve o frisson da própria vertigem da sua vida, e num eterno renascer para o quotidiano exercício da meditação, como no gestualismo zen, orientalismo que herdou por linhagem e que defende com a nobreza do nosso mais glorioso passado, evocando no simbolismo dos seus sábios traços, a memória das góticas miragens do manuelino, na busca dessas Índias espirituais, onde em vórtices de luz se vislumbra a esperança de uma redenção que em cada desenho é assim tentada no retiro intimista da nossa tão lusa saudade. Vagueando intemporal nos desígnios do destino sem direcção que não seja a busca de um SER maior. Desta forma constrói Luís Athouguia a sua obra que é a de um Português Universal, na hora em que Portugal pela voz profética de Pessoa irá cumprir-se. JOSÉ INÁCIO MARQUES EDUARDO Este pintor é um criador que convida o espectador a fragmentar a ordem inicial e a descobrir insuspeitas coerências e subtis paradoxos na geometria abstracta de cada quadro. Sentimos em muitas obras de Athouguia um simbolismo totémico misterioso, ressonâncias atemporais que nos transportam para aquela essencial dimensão arquetípica, invisível, onírica onde a realidade visível tem as suas raízes. Uma oportunidade singular para nos olharmos a um espelho que não reflecte uma imagem, mas que nos permite transpor magicamente um portal para o desconhecido onde nos podemos conhecer melhor.
RUI MATOSO A produção actual de Luís Athouguia faz uso de uma linguagem plástica elaborada, com uma sintaxe e uma semântica bem desenvolvidas e muito específicas. Há mesmo um repertório de figuras, de símbolos ou acções que vão sendo manipulados de forma persistente, fazendo e refazendo múltiplas ficções em torno daquilo que parece ser uma única mitologia. E se há mitologia é porque há mundo, mundo metaforicamente transfigurado em visão. Ou seja, aquilo que de fundamental Luís Athouguia nos propõe é a partilha da sua mundividência, da sua concepção estética do cosmos, apresentada e fragmentada em cada obra, trazendo a campo essa inaudita possibilidade, a possibilidade de, através de um sistema simbólico próprio, o observador poder desenvolver por si uma teia de conexões entre os diversos elementos simbólicos pertencentes a um mesmo alfabeto pictórico (sistema) relativamente decifrável. Um imaginário de tipo apocalíptico (como sinal do fim dos tempos ou da revelação eminente) é convocado para engendrar um lugar virtual destinado aos elementos figurados que constituem a pintura em si. ÁLVARO LOBATO DE FARIA Uma rígida e estruturada disciplina, formaliza e geometriza a sua arte. No domínio da suavidade cromática, contrasta e harmoniza o intelecto do emotivo. Sentir a sua arte, é sentir o equilíbrio do movimento, a sensatez da vida, o optimismo no amanhã, retratados linha por linha, forma por forma, cor por cor, nos seus desenhos figurativos esquemáticos, como também no abstracto geometrizado. Foi o que senti ao observar pela primeira vez a pintura de Luís Athouguia, comoveram-me as pulsações tensas, contidas, redutoramente serenas, que emanavam da sua obra. A matéria que ao mesmo tempo anunciava a sua substância secreta que despejava em torno de si próprio, os efeitos multiplicadores da sua linguagem. O límpido cromatismo de um universo cujo porvir da sua gramática se ajustava a novos conceitos, construía e desfazia ícones, mitos, sob o jugo de irrestrita fidelidade a uma certa sintaxe geométrica, atrás da qual se escondiam labirintos lógicos, previstos pelo artista. A obra de Luís Athouguia surpreende e anima, na unidade da força que habita nas suas cores, a necessária sobriedade das suas composições em que a pintura assume toda a sua razão de ser de uma profunda poesia num acto criador contemporâneo. Pintura despojada, sintética e envolvente. E cada vez mais pintura. PINTURA SÓ.
JESÚS DÍAZ HERNÁNDEZ Dizia Schopenhauer que o mundo visível é mera aparência e que só adquire importância quando estamos conscientes de que através dele se expressa a verdade eterna. A pintura de Luís Athouguia mostra-nos a sua verdade eterna adornada de cor e submetida à experiência. Trata de exteriorizar uma ideia, depois de analisar o seu eu íntimo, dotando-a da capacidade de sugerir, de estabelecer correspondências entre os objectos e as sensações. Sente a necessidade de expressar uma realidade distinta do tangível e tende à espiritualidade. O símbolo converte-se no seu instrumento de comunicação decantando-se por figuras que transcendem o material e nos transportam a mundos ideais. É, indubitavelmente, uma obra que convida a observar e pensar. JOAN LLUÍS MONTANÉ A sua obra está dividida em duas vertentes: a geométrico-abstracta e a deliquescente gestual. Na primeira desestrutura temáticas, realidades que se convertem em outras realidades que não têm necessariamente que ver com a real, em partes de um puzzle que muda a cada momento, mas mantém a sensualidade cromática, a força da divisão produzida pela introdução da cor negra, enquanto a sua outra produção artística é mais densa, deliquescente, desligada de estruturas formais, produto das suas elucubrações abstractas. Visiona a realidade a partir dessa outra existência, fomentando a ideia de liberdade contida no onirismo da sua temática, baseada nos prolegómenos da sua vidência estruturada em torno da fragmentação das partículas. MARGARIDA RUAS GIL COSTA Arte é uma investigação sobre instantes, acontecimentos e encontros a partir da circunscrição do espaço. É a memória da passagem do tempo e dos limites em que esse tempo acontece - morte e nascimento, princípio e fim. No Universo de Cor de Luís Athouguia, essa investigação, deixa em suspenso os planos os contornos e as texturas para substancializar uma atmosfera de luz e cor, onde a profundidade, a superfície, o interior e o exterior se embrenham em reciprocidade total, concebendo um local esvaziado, um vácuo que cria no observador a sensação de vertigem ou de abismo. Um dia, Sir Walter Rayleigh disse: "O Homem não pode dar uma razão para que a relva seja verde e não vermelha ou de outra qualquer cor." É isso que Luís Athouguia nos transmite, circunscrevendo-nos a esses locais sem que para isso nos tenha de prescrever nada cumprindo o livre arbítrio.
AMÉRICO CARNEIRO A Pintura de Luís Athouguia eleva-nos ao patamar da ciência da arte pictórica e da “praxis” artística: - Desde logo, pelo cuidado extremado posto na assunção das pesquisas ao nível da Estética e das suas regras universais, nas descobertas ao nível das estruturas (composição) e da dimensionalidade entrecruzada entre seus vários planos existenciais (materialidade), na observância atenta da Simbólica e do fluxo e refluxo dos símbolos (mitologia), na fluência discorrente dos diálogos plásticos das massas cromáticas e suas temperaturas (poética); No trabalho que privilegia a Mão, a Química, a Oficina do artista-criador e pensador, ao longo de um Tempo estranho que, até há poucos anos, parecia querer ditar a Morte de Deus e da História, e, consequentemente, o Fim do Homem como Ser Criado, dotado de Inspiração e de Ideais - E, assim, favorecida com um corpo ágil, vertiginosa e aberta como um vórtice perante os corpos (que não apenas os olhos) dos observadores-participantes, a Arte de Luís Athouguia é Vida e é, de novo…Pintura! DESIDÉRIO MURCHO Apesar de ser comum pensar que a lógica pertence ao lado frio da razão ao passo que a arte, especificamente a pintura, pertence ao lado do fogoso da emoção, este dualismo primário e irreflectido não corresponde à realidade. E Athouguia é um dos muitos artistas que o provam: a sua pintura manifesta esse entrelaçamento da razão e da inteligência com a emoção e a intuição que faz da arte mais do que mera decoração de interiores emocionais. JOSÉ NETO A sua “representação” é bem mais profunda (no tempo e no espaço) que o teor do sonho, da vigília, do transe, ou mesmo do êxtase, e está muito para além do alcance da Psicanálise, da História, ou mesmo da Ciência. Isto porque os conteúdos aprofundados são aqueles da consciência – em si. Numa condição superior a qualquer sonho, imaginação ou alucinação, a consciência recriadora deste autor aprofunda a leitura e codificação de anagramas de memória, circulantes - em potência - na nossa genética. Por entre as fendas dinâmicas de uma exuberante realidade pré-mítica Luís Athouguia criou um código próprio pelo qual exprime a harmonia de um jogo entre opostos. Luís Athouguia recria em suporte ideogramas da consciência universal, os quais reflectem (fazendo-nos reflectir acerca de) o desejo radical a todo e qualquer ser existente, i.é, o querer saber na Natureza e o sentir do mais alto apelo Cósmico.
PAULO MACHADO DE JESUS As palavras, as evocações, são substituídas por cores, formas, sinais que se multiplicam em desenhos, por vezes fragmentados, como pedaços de espelhos em que se percebe uma passagem para outra realidade de que apenas adivinhamos a possibilidade de existência, talvez mais poética, e por isso mais verdadeira, no dizer de Novalis. Somos conduzidos pela vertigem da psyche do artistaxaman que, abandonando a compreensão intelectual, transfere a consciência para o mundo dos símbolos e ícones, mitos e arquétipos, fazendo-se taça vazia para o cumprimento de uma missão: a de nos desafiar a aproximarmo-nos desse limiar onde se inicia a viagem sem retorno em que a esfinge deixa o corpo de animal… e convidando-nos à mesma viagem. Athouguia faz o seu caminho com uma linguagem que lhe é própria como artista! E as imagens do visionário são imunes às barreiras de todas as línguas. FERNANDO GRADE A linguagem do Autor serpenteia à volta e no âmago de uma meada cromática de matrizes fascinantes onde a luz (do étimo latino luce) é rainha, não consorte, não par de cama, mas rainha-mor; trata-se de uma luz vivaz, que já fecundou o pó, pô-lo a caminho, rumo à pátria da água. Abeiramo-nos, afirmativamente, de um sonho com maiúscula, mas, para lá da construção desse habitat onírico, descortina-se um adestramento superconseguido na combinatória das cores, que são fixadas ou impostas ao suporte impelidas pela força táctil das mãos. Luís Athouguia afigura-se-nos ser um artista renovado, com uma pulsão encantatória nos objectos visuais que desvenda. Acaba, outrossim, por mostrar-se cénica a sua proposta; em definitivo, situada entre um diapasão de ruptura e o gosto lavado que a Arte assumida no tempo confere, desde os Gregos (de notável qualidade de pensamento, mas profundamente ignorantes…) até ao signo dos foguetões sábios, dos beijos cibernautas e dos corações feitos de lata e arames. MANUEL RODRIGUES VAZ Luís Athouguia prossegue num território pictural muito pessoal, inequivocamente singular, intensificando cada vez mais as razões que o levam à verbalização tanto de objectivos como de instantes transitórios inerentes ao processo da pintura. Expressionismo, geometrismo, colorismo; mediante eles o pintor propõe espaços plásticos nos quais junta o reflexivo e o poético e intuitivo, o geometrismo e rigor e o lirismo.
EXCERTOS DE TEXTOS CRÍTICOS MANUEL DA SILVA RAMOS Todos os quadros onde reina o formidável pastel de Luís Athouguia, são janelas abertas para a emoção. São janelas que nos fazem ver vidas guilhotinadas mas que gozam de uma faculdade de locomoção desmesurada. São janelas essenciais que deixando para trás o quotidiano mais prático se abrem a velozes mares de pensamento. São janelas incessantes que dão para montanhas movediças de sonhos. Não tenhamos medo de o dizer: o pastel substancial de Athouguia ilumina a nossa noite e traz-nos a pureza dos primitivos tempos em que podíamos tocar as estrelas com as mãos. Diga-se: ninguém actualmente em Portugal faz uma pintura destas. O Luís Athouguia é único e inclassificável (não é surrealista nem deixa de ser quando afirma a sua reticência!) e é toda esta volúpia do sonho que faz a sua força. E também o seu equilíbrio. Agora que morreram o Mário Botas, o Cesariny, o Álvaro Lapa, resta-nos o Luís Athouguia para nos conduzir ao país onde os coelhos usam relógios de pulso e as meninas têm mais de dois seios no peito. CARLOS-ANTERO FERREIRA Na Obra de Luís Athouguia, a aproximação à dimensão infinita da criação, desperta os sentidos e apela à nossa cumplicidade. Na orquestração da sua Obra, instala-se um léxico original, vigoroso e inconfundível, do abstraccionismo mais estreme, em que os lemas enfrentam a tragédia da sua própria inexistência, num texto cromático e formal que se sustenta da imponderabilidade de todos os mistérios, por ele sugeridos mas nunca revelados. As sínteses insondáveis da matéria e através dela, os excursos da alma. A consagração do imprevisto. A aparente negação da geometria reguladora dos gestos, num halo esplêndido de intemporalidade. Diagramas de fenómenos desconhecidos, as formas do vocabulário athouguiano organizam-se como crisálidas de um metamorfismo encantatório, de um oráculo revelador, de um rito impenetrável. A pintura de Luís Athouguia é lugar de visões oníricas, lugar de muitos cerimoniais, lugar iconográfico das abstracções das formas e dos conteúdos. Nela convergem alegorias, sugestões e alusões a uma escrita que se escreve por figurações no corpo do texto abstracto, no qual nos atrevemos a identificar (ou só entrever) pássaros, peixes, rostos ou máscaras deles, emblemas, signos, perífrases e paráfrases, silêncios marinhos, meias-luas, eflorescências e cristalizações orgânicas, um olho alado, um olho escorpião, um olho dinossauro, um olho alga…
Da pintura a pastel seco sobre generoso papel de algodão, de Luís Athouguia, não se aproximem os indiferentes profundos porque só a sensibilidade dos extremos ela solicita e satisfaz, isto é, a uns suscita a negação irredutível mas outros dela se aproximam pela chama invisível do coração ou a dilucidam em rusgas insaciáveis, tentando inutilmente o negro das grutas penetrar e o impenetrável desenho das formas desvendar ora simulando o real conhecido físico, ora inventando e reinventando e reconstruíndo o sortilégio do inventário sempre inacabado do universo sem fronteiras, dos mitos e rituais e dos mistérios forjados na forja dos arquétipos. JOÃO ANÍBAL HENRIQUES Luís Athouguia, o pintor de sonhos que nos carrega através da ousadia da sua Alma de artista pelos insuspeitos caminhos do que não conhecemos mas que sentimos de forma plena quando nos libertamos do peso da realidade, congrega em si próprio este Dom místico de absorver, encandeando-nos, esta complexidade tão simples que o Mundo tem. Os seus quadros, com uma panóplia de cores e de formas improváveis, são janelas abertas para o carácter onírico e singular de sonhos que a ousadia profunda da maior parte das gentes que connosco partilha esta vida, não tem coragem para sequer imaginar. E Luís Athouguia imagina-os. Vive-os de forma intensa em cada quadro e, num exercício quase sublime de generosidade, partilha-os com os outros, espraiando a sua capacidade iluminada de entender a realidade num plano absurdo e excêntrico de vivacidade. Religião significa, na sua visão mais profunda, a capacidade de religar… de voltar a ligar os mundos, as coisas, as pessoas e a vida. E Luís Athouguia, corajosamente perdido na inconsciência própria de quem ousa sonhar, coloca-nos mesmo ali, naquele espaço e naquele tempo onde espaço e tempo não contam, para nos fazer entender o que é a vida e a morte, e o sonho e… Portugal. ARTUR DO CRUZEIRO SEIXAS São pedaços de sonho, jardins para os nossos olhos passearem, lembranças obscuras, iluminações intermitentes, palavras tresmalhadas, janelas da sua alma, a sua natural respiração. A pintura do Luís é encontro e desencontro, é uma certa dose de solidão, é um eco, uma ténue ponte, a luz da madrugada, o discreto marulhar da água na secura da paisagem, a fronteira entre o ontem e o hoje, um projecto de viagem.
JOSÉ MANUEL MARTINS FERREIRA COELHO Considero Luís Athouguia na sua essência complexa, um notável Surrealista. Mergulha nos princípios básicos desta escola, do modernismo internacional, seguindo os critérios filosóficos literários (1924 de André Breton) em que a psicanálise não fora descurada, assentando em dois pilares construtivos, um o do automatismo criador das (suas) experiências criadoras, outro o do mundo do sonho, o do mundo imaginário, em que na sequência das suas obras, a (sua) pintura automática evidencia o afastamento ou mesmo eliminação de qualquer controle da razão ou do pensamento libertando assim os impulsos criadores que habitam o subconsciente. Luís Athouguia, além do seu Surrealismo próprio, afirma-se na utilização de “certos símbolos que constituem uma certa linguagem hieroglífica em que os sinais adquirem um sentido preciso pelas relações que estabelecem entre si”. Athouguia demarca-se nas suas cores, próprias, bem conseguidas num tingimento regular e homogéneo, harmonioso, comparado à difracção básica dos raios luminosos pela acção prismática, sabendo conjugá-las, na filosofia precursora dos jovens pintores “nabis” Athouguia não esquece e, revela numa integração fitomórfica perfeita, natural e selvática numa simbiose à dissociação das formas em figuras geométricas, feita por análise intelectual, sendo aliás estas figuras fragmentadas pelo jogo das linhas e dos planos. Exemplos marcantes em que, triângulos escalenos, simples ou integrados, em flâmulas, estandartes ou pseudocristas, integram-se igualmente na composição máxima dos livros sapienciais, em rectângulos convergentes, aludindo a obras escritas abertas... JOÃO ANTERO FERREIRA Pintura a pastel de imagens micro aumentadas para um mundo macro. Os símbolos do quotidiano utilizados de uma forma não conceptualista, o contraste cromático e lumínico, o jogo das formas, as ramificações capilares e a utilização das cores, as manchas de contornos enevoados, ajudam a construir a viagem ao interior do mundo. A sua pintura tem uma forte ligação com a luz, num jogo de contrastes claro/escuro, em que a luminosidade parece esconder-se atrás dos primeiros planos, espreitando aqui e ali o momento certo para saltar ao nosso encontro. As manchas são separadas por contornos algo enevoados, aumentando a indefinição de objectividade. Se no início da sua pintura notava-se uma ligação muito conceptualista de intenções no que respeita a simbologia e aos signos utilizados, com o evoluir natural da abordagem, a mensagem está mais liberta. O seu percurso pictórico, olhando-o friamente, sugere como que um atravessar de uma densa floresta de
cardos e espinhos, em que, com o passar do tempo, se vão dissipando, como que se aproximando de uma clareira, de uma paisagem tranquila, mas não bucólica. Algumas das suas telas são autênticos vitrais pictóricos, onde se chega quase a adivinhar o que se esconde lá fora. Outras são olhares microscópicos com o olho nu da alma. Outras ainda são rápidas espreitadelas para o interior do além, em que a força das imagens permite um registo marcante. VICENTE BORGES DE SOUSA No desenho, as paisagens são as do tempo ilimitado. São peregrinações vagabundas por paragens oníricas, erótico-sentimentais, um fascínio quase obsessivo pela fuga curvilínea remetendo para uma espacialidade deliberadamente interminável. O desenho de Luís Athouguia é a revelação do discurso mais íntimo, enunciando-se pela mão que vai despindo a nudez das folhas em branco; À espera do gesto que as preencha. E, assim, a grandeza solitária das paisagens interiores veste-se de formas caprichosas, que a luxúria prodigiosa da sensibilidade e da imaginação vai criando um pouco em cada dia, um pouco em cada obra. ZEFERINO SILVA Imagens de grande impacto visual, que apesar de abstractas evocam um acontecimento onde a dimensão palpável do real, num gesto de silenciosa paixão, nos transporta à contemplação, retrata memórias, encarna desejos. O nosso olhar passeia pelos seus quadros e o prazer é permanentemente revigorado pelo rigor técnico, um domínio da matéria, uma invenção de claridades e transparências marcadas em acordes rítmicos de cor e luz, reflexo da paixão mútua entre o artista e o cromatismo, a iconografia e riqueza vocabular da sua pintura de uma real qualidade criativa. MARIA ADELAIDE MARQUES TEIXEIRA As suas obras, com traços e cores marcantes e poderosas, estão imbuídas de um imaginário e de um surrealismo, que mais do que pesadelos e sonhos Jungianos e Dalinianos, se entrecruzam com a obra majestosa e naturalística de pintores como Wilfredo Lam, e os operáticos quadros de Henri Rousseau. Nos quadros de Luís Athouguia, os motivos são predominantemente animais e vegetais, incorporando também objetos inesperados, como OVNIS, símbolos da paz e olhos humanos, amálgamas de rostos, pedaços de selva, formas (semi) geométricas brancas, vermelhas, azuis e amarelas, que se combinam, como os grandes quadros de Kandinsky, para formar um caleidoscópio que nos faz girar e rodopiar consigo.
LUÍS ATHOUGUIA Cascais 1953 DESDE 1983 vem apresentando os seus trabalhos em centenas de relevantes Exposições e Bienais de Arte em Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália. Considerado por alguns um talento no mundo artístico da sua geração, está representado em museus, instituições e importantes colecções nacionais e estrangeiras e foi distinguido, com o Prémio Vespeira na Bienal do Montijo 1997 e Prémio do Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes 2011. ALGUMAS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: Museu da Água, Lisboa; Museu de Electricidade, Lisboa; Museu de Estremoz; Museu Martins Correia, Golegã; Galeria de São Mamede, Lisboa; Galeria MAC, Lisboa; Galeria 2 Paços - Torres Vedras; Galeria dos Escudeiros, Beja; Galeria Artur Bual, Amadora; Galeria Municipal do Montijo; Galeria da Capitania, Aveiro; Galerias da Ordem dos Médicos, Lisboa e Porto; Galeria Velasquez, Valladolid (E); Galeria BCN Art Direct, Barcelona (E); Centro Cultural de Cascais; Centro Cultural de Lagos; Centro de Exposições de Odivelas; Casa de Cultura de Coimbra; Paço da Cultura da Guarda; Paços de Concelho de Ponta Delgada; Castelo de Ourém; Castelo de Portalegre; Convento de S. José, Lagoa; Capela da Misericórdia, Sines; Palácio Quintela, Lisboa. ALGUMAS EXPOSIÇÕES COLECTIVAS: Altes Amtshaus em Bad Neustadt am Hohntor (D); Museo Comarcal de Hellín (E); Paseo del Arte em Madrid (E); Museu Municipal de Albacete (E); Palacio Congresos Barbastro (E); Sala Expometro em Madrid (E); Fundación Frax, Alicante (E); Fundación Progreso y Cultura, Madrid (E); Círculo de Arte de Toledo (E); Casa Heredia, Graus, Huesca (E); Centro de Arte L’Espinoa, Baignes (F); Galeria S. Mamede, Galeria Ler Devagar, Galeria Pedro Sem, Galeria 65 A, Galeria Linhares, Galeria Arte Contempo, Galeria Iosephus, em Lisboa; Galeria Conventual, Alcobaça; Galeria Arthouse, Cascais; SNBA, Lsboa; Centro Cultural da Nazaré; Centro Cultural de Belém, Lisboa; Palácio dos Aciprestes, Oeiras; Palácio D. Manuel, Évora; Palácio da Independência e Palácio Foz, Lisboa; Castelo de Ourém; Castelo de Portalegre; Museu da Àgua, Lisboa; Museu Regional de Sintra; Museu de Arte Sacra, Alcochete; Museu de São Brás de Alportel; Convento de Cristo, Tomar; Convento da Graça, Torres Vedras; Convento do Beato, Lisboa; Convento de S. Francisco, Monsaraz. BIENAIS: Vila Nova de Cerveira, Cascais, Sabugal, Góis, Nazaré, Mafra, Alentejo, Amadora e Montijo.
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LUIS ATHOUGUIA
A Secreta Pintura