EDIÇÃO NÚMERO 1!
OLHA
PRIMAVERA 2020
SÓ!
A revista do Portuguese Flagship Program da Universidade do Texas em Austin
OLHA
SÓ!
Issue 1 - Spring 2020 Editor-in-chief Andreana Marchi - Graduate Research Assistant for the PFP Graphic Design Lindsey Jamieson - Portuguese Flagship Program Coordinator COLLABORATORS Orlando R. Kelm Lindsey Jamieson Andreana Marchi Lily Dayanim John Dusty Rovin Ninel Ibarra Cathy Preciado Lucas Clarke Paola Baca Hannah A. Bernier Sophia Villarreyna Hailey Howe Hannah Davitt Rebeca Lozano Ashley Turner Daniela Meirelles Vítor Dassie Ana Carolina Assumpção Gracyelle Costa Viviane Klen-Alves Jamie Sauerbier Laura R. Souto Laís Marinho da Cruz Danielly Tolentino Liliane Sade
Director, Portuguese Flagship Coordinator, Portuguese Flagship Graduate Research Assistant, Portuguese Flagship Portuguese Flagship Scholar, UT Portuguese Flagship Scholar, UT Undergraduate Student, UT Undergraduate Student, UT Portuguese Flagship Scholar, UT Portuguese Flagship Scholar, UT Portuguese Flagship Scholar, UT Undergraduate Student, UT Portuguese Flagship Scholar, UT Portuguese Flagship Scholar, UT Portuguese Flagship Scholar, UT Undergraduate Student, UT Alumni Department of Spanish & Portuguese, UT PhD Student Department of Spanish & Portuguese, UT M.A Candidate, LLILAS Ph.D.Candidate, UERJ Graduate Teacher Assistant for Portuguese Flagship, UGA Portuguese Flagship Scholar, UGA Undergraduate Student, UT Fulbright Scholar, UGA Overseas Assistant Coordinator for Portuguese Flagship, UFSJ Overseas Institutional Coordinator for Portuguese Flagship, UFSJ
EDITORIAL OFFICE Department of Spanish & Portuguese 150 W 21st Street, BEN 4.122 Austin, Texas, 78712 | amarchi@utexas.edu Olha só! is the magazine of the Portuguese Flagship Program at The University of Texas at Austin. Address: Department of Spanish & Portuguese150 W 21st Street, BEN 2.116 Austin, Texas, 78712
41
Nota da Editora A primeira edição da revista Olha só! conta com diversas vozes.
28
19
Andreana Marchi e Lindsey Jamieson promovendo o Portuguese Flagship Program na Speedway (Universidade do Texas em Austin).
É com grande satisfação que anunciamos o lançamento da primeira edição da Olha só!, a revista do Portuguese Flagship Program da Universidade do Texas em Austin. A ideia de ter uma revista nasceu de conversas entre o programa e seus alunos, desejosos de ver seus textos em português publicados. Mas e o nome? Como tudo na vida, o nome é importantíssimo - desde um animal de estimação até o nome de um filho, nós, seres humanos, adoramos substantivos próprios. Pensei na expressão "olha só!" para o nome da revista para evocar em você, leitor e leitora, surpresa ou admiração não só pelos trabalhos e experiências dos alunos do nosso programa mas também pelas reflexões do time do Portuguese Flagship Program aqui em Austin e em São João del-Rei. Você também vai ler artigos dos alunos e ex-alunos da Universidade do Texas em Austin e da Universidade da Geórgia. Desejamos a você uma ótima leitura! Atenciosamente,
ANDREANA MARCHI Editora da Olha só!
Destaques Primeiras semanas da primeira turma Capstone do PFP da UT Austin p. 41 A língua portuguesa e uma casa que acolhe imigrantes em Austin p. 28 Da Universidade do Texas em Austin para o College of Charleston p. 19 OLHA
SÓ!
|
1
ÍNDICE DOMESTIC PORTUGUESE FLAGSHIP PROGRAM COM A PALAVRA: ORLANDO R. KELM..................................................................................................................................4 ENTREVISTA COM LINDSEY JAMIESON..............................................................................................................................6 OLHA LÁ! PODCAST....................................................................................................................................................................8 PROFESSIONAL SPEAKER SERIES........................................................................................................................................10 .
O QUE FAZER EM AUSTIN COMIDA BRASILEIRA EM AUSTIN ...........................................................................................................................................13 AS MELHORES COISAS PARA VER E FAZER EM AUSTIN...................................................................................................15
TEXTOS DOS ESTUDANTES PORTUGUESE FROM UT AUSTIN TO COLLEGE OF CHARLESTON............................................................................19 MARIELLE: FORÇA VIVA................................................................................................................................................................21 AN ENGLISH TRANSLATION OF “FEVEREIRO” BY MATILDE CAMPILHO..................................................................22 ESTUDAR FORA.................................................................................................................................................................................25 O QUE TEU AMOR FAZ...................................................................................................................................................................26 MINHA LÍNGUA..................................................................................................................................................................................27 CASA MARIANELLA........................................................................................................................................................................28 POEMA BILÍNGUE: GENETICA....................................................................................................................................................31 CONTO BILÍNGUE: A HORA DO GALO (DE CLAUDIA LAGE).........................................................................................33 MINHA PRIMEIRA SEMANA NO BRASIL...................................................................................................................................41 MINHA EXPERIÊNCIA NO CONSÓRCIO OXFORD DE DIREITOS HUMANOS............................................................43 MINHA HISTÓRIA COM A LÍNGUA PORTUGUESA..............................................................................................................45 TERRA ESTRANGEIRA....................................................................................................................................................................47 . SEMPRE RESISTINDO: UMA ANÁLISE DO FILME "QUILOMBO" .....................................................................................49 . CLÁSSICOS DA LITERATURA BRASILEIRA............................................................................................................................52 5 FILMES CLÁSSICOS DO CINEMA NACIONAL QUE VOCÊ NÃO PODE DEIXAR DE ASSISTIR.........................55
OVERSEAS PORTUGUESE FLAGSHIP PROGRAM TURMA CAPSTONE 2020............................................................................................................................................................61 EXPERIÊNCIA COM O PFP: DA VIVÊNCIA NOS EUA PARA A VIDA NO BRASIL......................................................62 PROGRAMA FLAGSHIP PORTUGUÊS: UMA JORNADA DE SUCCESSO...................................................................63 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO JOAO DEL-REI...........................................................................................................64
Na capa: São João del-Rei, Minas Gerais / Na contracapa: Salvador, Bahia
OLHA
SÓ!
|
2
DOMESTIC PORTUGUESE FLAGSHIP PROGRAM
COM A PALAVRA: ORLANDO R. KELM O diretor do Portuguese Flagship Program reflete sobre o primeiro ano de atividades do programa Por Andreana Marchi
Bom dia e bem-vindos a nossa primeira edição de Olha só! Meu nome é Orlando Kelm e eu sou o diretor do Portuguese Flagship Program aqui na Universidade do Texas em Austin. Pensei que seria interessante descrever para vocês como o Flagship tem mudado o programa de português, especialmente agora que estamos entrando no segundo ano do programa aqui na UT.
Orlando e os caranguejos
OLHA
SÓ!
|
4
Primeiro, o Flagship mudou o foco e ênfase dos alunos. Antes, os alunos muitas vezes simplesmente “estudavam o português.” Agora, esses mesmos alunos estão se preparando para uma vida profissional em que o português vai ser um componente chave. Antes, os alunos “faziam uma aula” às vezes só para completar um requisito acadêmico. Mas agora, eles estão lutando para atingir uma proficiência avançada oficial da ACTFL, para poder qualificar-se para a experiência do Capstone, e tudo isso para conseguir uma proficiência superior. Quer dizer que o Flagship criou um ambiente em que os alunos veem o português como uma ferramenta essencial para sua futura vida profissional. Assim, o objetivo não é simplesmente “estudar a língua” mas “aprender a falar de verdade.” Segundo, o Flagship trouxe para a UT a Lindsey Jamieson. Eu sou o diretor do Flagship, mas todos nós sabemos que a Lindsey, como coordenadora, é o coração e alma do Flagship. Vai para o escritório dela e a gente vê balas, fotos, livros, jogos, receitas, cartazes, mesas, comidas, mascotes, lembranças, tudo para criar um ambiente de comunidade. E é isso que a gente tem agora, uma comunidade de alunos do Flagship e todos que se sentem como parte dessa comunidade. Uma grande parte disso vem através da dedicação da Lindsey. Terceiro, o Flagship trouxe para nós um novo relacionamento com o pessoal da Universidade da Geórgia e da Universidade Federal de São João del-Rei. Participamos no Capstone numa tremenda parceria com eles. O Capstone é uma experiência de 10 meses de estudo no Brasil, tanto nas aulas universitárias em São João del-Rei como também o estágio na área de interesse do aluno. Como é bom ter parceiros da qualidade e da experiência que eles têm lá na UGA e na UFSJ. Há mais de 8 anos que eles têm desenvolvido todos os detalhes do Capstone. Teria sido quase impossível criar tudo isso do zero. Mas, com a ajuda e experiência da UGA e da UFSJ, nesse exato momento já temos 6 alunos da UT em Minas Gerais. Apreciamos muito esse auxílio e reconhecemos o quanto que nos beneficiamos da perícia de nossos parceiros. E, finalmente, o Flagship implica que agora tem quase 40 alunos na UT que oficialmente são Flagship Scholars. Todo semestre eles têm aulas de português, toda semana têm tutores para praticar a língua, todo mês recebem visitas e palestras de várias pessoas, empresas, clubes e grupos, todos com um foco local no Brasil. É uma comunidade que vibra de ânimo e entusiasmo. Eu acho bem apropriado que o nome dessa revista se chama Olha só!, porque esse é o nosso convite para todos, “Olha só esses alunos do Flagship da UT, pois é impressionante ver o esforço e desempenho deles.”
OLHA
SÓ!
|
5
Entrevista: Lindsey Jamieson
A coordenadora do Portuguese Flagship Program bate um papo com a revista Olha Só!
Por Andreana Marchi
Olha só!: Can you tell Olha só! what is your story with Portuguese language? Where did your interest in learning about Portuguese language and Brazilian culture start? Lindsey: I started learning Portuguese while pursuing my undergraduate degree in Political Science and Spanish at the University of Pittsburgh. The Department of Hispanic Languages and Literature required all Spanish majors to take a beginning level Portuguese class. The thought of taking Portuguese had never crossed my mind, but I am really glad my major required it because I ended up falling in love with the language and culture. I really appreciate how the Portuguese Program at the University of Pittsburgh instilled a sense of passion when it came to learning the language. Rather than solely focus on language acquisition, the Program strived to enrich our learning through cultural experiences. We would have music Fridays in class where we would sing along to famous Brazilian artists like Tribalistas, Vanessa da Mata, and Caetano Veloso. We were also encouraged to explore Brazilian culture outside of class and could receive extra credit by doing so. It was during my first semester learning Portuguese when I tried different Brazilian restaurants around the city and saw my first Giberto Gil concert.
Olha só!: What do you like most about Brazil, its people, and culture? Lindsey: I love the positivity of the people and the vibrancy of its culture. Brazil’s rich history has translated to a melting pot of nationalities throughout the country that together make its culture unique. I also really like how you can travel from one state to another within Brazil and feel like you are in an entirely different country. It’s really amazing how large and diverse Brazil is!
OLHA
SÓ!
|
6
It’s one of my goals that students not only reach a high proficiency in the language, but also develop an appreciation and sense of love for Brazilian culture."
Olha só!: Why do you think the PFP is such a valuable opportunity for UT's Students? What message would you give to someone thinking about joining the program?
The PFP is such a valuable opportunity for UT's students because it gives them the opportunity to take their language learning to the next level. By participating in the program, students will have the ability to graduate with superior-level proficiency in Portuguese and feel confident in using their language skills in professional settings. The PFP also gives students the resrouces and experiences to solidfy their language abilities through weekly tutoring sessions, cultural immersion events, professional networking opportutnies, and guest lecturer series. Another added benefit of participating in the PFP is the scholarship allocation for students who decide to study a less commonly taught language. Students can apply for scholarships like Foreign Language Area Studies (FLAS), Critical Language, Boren, and Language Flagship all to help fund their time at UT and abroad.
Olha só!: You have visited the summer study abroad program in Salvador, Bahia and also the Capstone program in São João del-Rei, Minas Gerais where the Portuguese Flagship Program scholars study and live while in Brazil. What do you like about both places? Would you like to tell us about your experience in these two cities I absolutely loved Salvador, Bahia and São João del-Rei, Minas Gerais. Texas Global offers UT students the opportunity to spend a summer in Salvador, while the PFP provides Flagship students the ability to study at the Federal University of São João del Rei and intern in Brazil for a full year. Salvador is the epicenter of afro-Brazilian culture so it was fascinating to learn about the history of the city and how African traditions have been incorporated into Bahian culture. Although participating in the immersive summer session in Salvador is not mandatory for Flagship students, I highly encourage everyone to go. The cultures between the north and south of Brazil vary greatly so you will have an entirely different experience in Salvador than you would in São João del-Rei. My first trip to the interior of Brazil was when I went on the site visit to São João del-Rei and it was incredible. Currently, São João del-Rei is more of a university town that is tucked away beneath beautiful mountains and lined with cobblestone streets. One of my favorite parts of the visit was touring the Federal University of São João del Rei and meeting our wonderful Flagship team there.
OLHA
SÓ!
|
7
Olha lá! Por Andreana Marchi
Aviso na banca de frutas e verduras
Aviso no restaurante de comida a kilo
Placa de Trânsito
Propaganda de parcelamento no cartão de crédito
Propaganda de Cordel na Festa comida feita em casa de São João
Camisetas de Salvador, Bahia
Aviso na grama da universidade
OLHA
SÓ!
|
8
Olha lá! - podcast no YouTube
/ 25
De propagandas de comida até placas no jardim das casas, você pode aprender português e entender um pouco a sociedade e cultura brasileira de uma forma divertida através das nossas análises e comentários de fotos do cotidiano do Brasil no YouTube. Andreana Marchi é doutoranda no Departamento de Espanhol e Português pela UT Austin. Sua pesquisa é na área de pragmática e aquisição de segunda língua. Gosta de entender outras línguas e culturas.
Andreana Marchi e Orlando Kelm no estúdio. Parceria começou em 2017 com gravações do Língua da Gente.
Todo episódio do Olha lá! se refere a algum aspecto cultural da sociedade brasileira. À direita, o episódio em que falamos sobre a criatividade brasileira. Aprender a cultura por trás da língua portuguesa do Brasil se tornou uma atividade divertida. Eu e o Professor Orlando Kelm temos apostado nessa ideia através dos vídeos do Olha lá! Toda semana nos encontramos para analisar fotos tiradas por mim ou por ele e que representam uma realidade cultural talvez pouco conhecida do aprendiz de português. Enquanto o Professor Orlando me faz perguntas curiosas sobre o contexto de propagandas de comida, outdoors e placas em centros urbanos, festas típicas do Brasil, para citar alguns, eu tento trazer ao nosso ouvinte a perspectiva de um brasileiro, habituado com tais situações. As nossas conversas sobre diversos temas, que surgem através dessa análise e comentários das fotos do cotidiano do Brasil, podem ser facilmente acessadas no canal do YouTube chamado "Talking Real Portuguese":
youtube.com/c/TalkingRealPortuguese Se inscreva no nosso canal e deixe o seu comentário nos nossos vídeos. OLHA
SÓ!
|
9
Professional Speaker Series Portuguese Flagship Program Por Lindsey Jamieson
U
ma parte muito importante da missão do Portuguese Flagship Program é os alunos aprenderem a língua portuguesa ao nível superior. Nós queremos que os alunos consigam comunicar-se no ambiente professional e que eles treinem o português deles dentro e fora da sala de aula para alcançar este objetivo. Quando um aluno participa no programa do Portuguese Flagship, eles estão internacionalizando os estudos de graduação deles. Eles moram no Brasil por um ano – o primeiro semestre eles estudam na Universidade Federal de São João del-Rei e o no semestre seguinte eles fazem um estágio em qualquer cidade do Brasil. O estágio no final do semestre durante o ano Capstone é uma acumulação do trabalho deles. Eles usam tudo o que eles aprenderam sobre o português e a cultura brasileira no estágio deles.
Quando os alunos começam com o programa do Flagship, eles precisam saber que existem muitas oportunidades para usar esta língua depois de se formar na faculdade. Tem muitas oportunidades de emprego no mercado de trabalho para falantes de português aqui nos EUA e o Portuguese Flagship tem criado uma iniciativa que se chama "Professional Speaker Series" para mostrar estas oportunidades. Esta iniciativa serve como uma maneira de mostrar aos alunos a relevância do português no mercado de trabalho. Quando eles participam no "Professional Speakers Series", eles estão praticando o português deles, aumentado a rede de contatos profissionais e começam a pensar sobre as empresas e organizações onde eles podem fazer o estágio durante o Capstone assim como onde eles poderiam trabalhar e usar o português quando voltarem do Brasil para os EUA.
OLHA
NSO M A D1I0C Ó! |
|
24
Edelman ATX
Alunos do PFP UT Austin visitando o Dropbox
No outono de 2019, o Flagship convidou as profissionais das empresas e organizações que já tem, ou estão expandindos, as operações deles no Brasil. Os alunos tiveram a sorte de se encontrar com profissionais do Google, DELL, Edelman, U.S. Department of State, Whole Planet Foundation, USAID e DropBox. Essa iniciativa abriu os olhos dos alunos para todas as possibilidades profissionais disponíveis para os falantes de português. O Flagship está animado para continuar a parceria com esses profissionais pelos próximos anos e também espera que os alunos continuem vendo a utilidade de aprender o português.
Alunos do PFP UT Austin visitando o Whole Planet Foundation N SOÓM! A| D 1I C 1
OLHA
|
24
O QUE FAZER EM AUSTIN
Austin é uma cidade multicultural! Nesse cidade podemos
ver as
influências de todos os cantos do mundo. Mas, eu quero falar sobre as influências do Brasil em Austin, principalmente na comida. Há muitas oportunidades de provar a comida brasileira, mas eu vou destacar três tipos: os restaurantes caros, restaurantes normais e os food trucks. Austin tem um boa mistura de lugares
Comida Brasileira em Austin, TX POR HANNAH DAVITT
Oi, meu nome é Hannah! Sou uma estudante na Universidade do Texas em Austin. Eu estudo Relações Internacionais e Português.
chiques e casuais. Para mim (uma estudante) eu gosto mais dos restaurantes casuais e os food trucks. No entanto, se você quer uma experiência muito chique eu
Fogo de Chão o u Estância Brazilian Steakhouse . E s s a s o p ç õ e s s ã o m a i s recomendo a churrascaria
caras e se assemelham as churrascarias no Brasil onde você paga por um buffet de carne, saladas e os acompanhamentos. A qualidade é boa e os garçons bem legais. Se você procura um restaurante mas casual, eu
São Paulo’s Restaurante .
Também faço parte do
recomendo
Portuguese Flagship Program e
Muito bom para almoçar. Nele você
quando vocês lerem este texto
pode encontrar os pratos típicos de
eu estarei no Brasil estudando
São Paulo:
na Universidade Federal de
coxinha e pão de queijo. Mas esse
São João del-Rei, em MG. Agora eu vou falar sobre uma das minhas paixões... a
restaurante tem também pratos mexicanos como quesadillas e enchiladas. O bobó de camarão do São Paulo’s Restaurante ganhou um
comida!! Mais especificamente, a comida brasileira em Austin.
prêmio de culinária e é o favorito dos clientes. Meu prato preferido é a galinhada! OLHA
SÓ!
|
13
Finalmente, existe a minha opção favorita: food trucks! Essa opção é a mais acessível e a lugar perfeito para almoçar durante a primavera de Austin. Food trucks são parte duma cultura bem “Austin” e uma experiência que você não pode perder.
Boteco ATX é a minha
escolha se eu quero comer comida brasileira! O endereço dos food trucks mudam, então eu sugiro fazer uma pesquisar na internet antes.
Boteco ATX
tem pratos típicos brasileiros: feijoada, picanha grelhada e torresmo com goiaba. E para as bebidas você pode pedir um suco de manga ou um guaraná. E se você quer uma coisa doce eles sempre têm brigadeiros.
Um outro food truck que eu gosto é
Pastelaria São Paulo. Como o nome sugere esse food truck especializado em todos os pastéis que você pode imaginar. Dos mais típicos (pastel de queijo e carne) até os mais complicados (pastel de pizza). Se você almoçar aqui, fcará satisfeito! Existem muitos restaurantes aqui em Austin e comida muita deliciosa! Mas se vocês querem comida brasileira eu espero que vocês considerem minhas escolhas. Sejam bem-vindos a Austin e que aproveitem muito a cidade e a comida brasileira.
OLHA
SÓ!
|
14
As melhores coisas para ver e fazer em Austin Por Hailey Howe
Hailey Howe está no seu terceiro ano e está estudando Plan II Honors, Estudos Latino Americanos, Espanhol e Português. Faz parte também do Portuguese Flagship Program. Hailey é de Austin, Texas, onde estuda na Universidade do Texas. Hailey começou ater interesse no Brasil e o idioma português através de seus estudos sobre América Latina. Seus estudos levaram à decisão a aderir ao programa do Portuguese Flagship.
1. Lady Bird Lake O lugar favorito de todos os Austinites! Vá à trilha para caminhar, andar de bicicleta ou correr. Situada ao redor de um lago, a trilha sempre tem muitas pessoas caminhando e desfrutando da natureza. É um bom lugar também para alugar um caiaque, ‘stand up paddle board’ ou uma canoa. Quando estiver na trilha, visite o parque que fica próximo (Zilker Park) para ver muitas pessoas, cachorros e pipas.
2. Capitólio do Texas Visite a construção do Capitólio do Texas. Explore a arquitetura, exposições e a história do estado do Texas. Se preferir, tenha um piquenique no seu grande gramado.
OLHA
SÓ!
|
15
3. Broken Spoke
5. Museu Blanton
Para dançar o famoso “Texas
Localizado no campus da UT,
Two-Step”, vá ao Broken
o Museu Blanton é um ótimo
Spoke — uma sala de dança
lugar para ver arte antiga,
histórica e adorada pelas pessoas locais. Você pode fazer uma aula de dança “Two-Step”, comer um bife, bater um papo com os
moderna e muito mais.
4. Avenida South Congress
Frequentemente tem exposições temporárias de artistas de todo o mundo. Não se esqueça de ver a
Austinites, ou simplesmente
Na Avenida South Congress, há
obra incrível, “Missão/Missões
muitas lojas, compras e
[Mission/Missions]
ao vivo e uma banda de
restaurantes deliciosos. Comece
(How to Build Cathedrals)”
música country. As botas de
andando pela ponte da South
por Cildo Meireles. Esta obra
caubói são opcionais.
Congress e continue ao longo da
está na coleção permanente
rua para ver tudo. Há lojas de
do Blanton. Meireles é um
todos os tipos, como lojas de
artista brasileiro conhecido
botas de vaqueiro, sorvete,
por sua arte de instalação e
objetos incomuns, roupas, e
por seus temas de crítica
discos.
social.
dançar sem fazer uma aula de dança. Sempre há música
OLHA
SÓ!
|
16
6. 6th Street
8. Continental Club
A 6th Street é um dos lugares
Austin é a capital da música
favoritos de todos os estudantes
ao vivo do mundo! Por isso, não
da UT. Esta rua grande tem
perca a oportunidade para ver
muitos bares legais e uma vida
um espetáculo de música aqui.
noturna agitada. Os melhores
Desde 1955, O Continental
dias para visitar esta rua icônica é nas noites de quinta, sexta e sábado. Pegue um Uber
7. Jardim Botânico do Parque Zilker
e esteja preparado para
Club de Austin é um dos bares mais legais da cidade para escutar música ao vivo. Com luz fraca e coquetéis bons,
dançar, conhecer pessoas
O Jardim Botânico é uma
venha ao Continental Club
novas e provar coquetéis
boa pausa da vida urbana
para escutar jazz, country, rock
interessantes.
de Austin. Com diversos
e muito mais. Depois, explore
tipos de jardins, o Jardim
de perto a South Congress
Botânico é o lugar perfeito
para beber e comer.
para se visitar num dia ensolarado.
OLHA
SÓ!
|
17
TEXTOS DOS ESTUDANTES
Portuguese from UT Austin to College of Charleston Por Daniela Meirelles
I
HOPE
ALWAYS
I am proud of having earned a Ph.D. in Iberian and Latin American Literatures and Cultures from the University of Texas at Austin in 2019. Hook’em horns! My research on inter-American cultures focuses on contemporary Brazilian and Spanish-American literature and film and examines the ways such cultural production challenges mainstream discourses of hemispheric citizenship. I analyze mainly how Brazilian cultural production adds to discourses of panAmericanism and pan-latinidad. My research and teaching experience at UT Austin have qualified me to teach several courses in Latin American languages and cultures. I was lucky to have been influenced by a brilliant group of scholars who remain a great source of inspiration in my present teaching career and academic research. Thanks to the orientation of Dr. Jason Borge, Dr. Jossiana Arroyo-Martínez, Dr. Lorraine Leu Moore, Dr. Luciano Tosta (KU), Dr. Orlando Kelm, Dr. Sonia Roncador, and Prof. Vivian Flanzer.
MY
I
CAN
INSPIRE
STUDENTS
HAVE
THE
SAME
PASSION
FOR
LANGUAGES CULTURES AND
AND
AS
ME,
INSTILL
THEM
TO
IN
THE
EMPATHY NECESSARY BECOME
WORLD
CITIZENS.
OLHA
TO
SÓ!
|
19
I have been successful in my career endeavors. In the fall 2019, I joined the Department of Hispanic Studies at the College of Charleston (CofC) where I am currently an Instructor of Spanish and Portuguese. At CofC I have been serving the Department as part of the Portuguese Program Steering Committee and co-advising the National Portuguese Honors Society Phi Lambda Beta. I also advise the Portuguese Club which, besides offering Portuguese conversation tables and promoting Brazilian Culture, also take every chance to build dialogues with other Clubs and Departments at CofC. I am excited about the Club Projects and I am looking forward to the Carnaval Party we will hold in the Spring 2020.
The Portuguese Club will also have a “border culture” workshop in collaboration with the Hispanic/Latino Club at CofC about Chimarrão/ Yerba Mate. We will count on the participation of guest speakers from the local Brazilian community in Charleston and other yerba mate enthusiasts from the CofC community. I am also involved with outreach projects with the Admissions Office of CofC to advise and inform the Brazilian and Hispanic community in the region about educational opportunities at CofC. I have recently become a Global Scholar Faculty Member for my linguistic and cultural initiatives at CofC. I am also looking forward for fall 2020 when I will offer my First-Year Experience Seminar. I am excited to introduce freshman students to Brazilian culture, my home country. Wherever I am in the next 5 years, I will make sure that my love for foreign languages and for cultural diversity, which defines my personal and academic life, will follow my projects and me. I am grateful to the Department of Spanish and Portuguese at UT Austin for having prepared me for the challenges of the 21st Century teaching career and to the Department of Hispanic Studies at CofC for the opportunity to get involved with the Campus in many ways, be it teaching languages and cultures, promoting Latin American cultural events, or being part of new initiatives and future projects involving Portuguese and Brazil. OLHA
SÓ!
|
20
Marielle: força viva POR
ANA
CAROLINA
ASSUMPÇÃO
DE
JESUS
E
GRACYELLE
COSTA
Chegar na Universidade do Texas (UT) e encontrar referências e imagens de Marielle Franco manifestouse em nós de diferentes maneiras. Foi de certa forma voltar pra casa, afinal era um rosto familiar. Foi também um alento pela certeza de que outras pessoas sabiam da atrocidade cometida contra ela. A sensação é que de alguma forma a nossa presença também era dela, e por isso fica a certeza de que não estamos sós. É alento, mas também é responsabilidade. Precisamos honrar seu legado. Estar aqui é um grande desafio, pois é diferente de tudo o que conhecemos. Precisamos nos expor falando outra língua com sotaque e dificuldade, o que poderia ser desmotivador. Mas todas as semanas antes de entrar em sala olhávamos as fotos de Marielle, como que a nos dizer: “Força Negona! Força viva. Viva em nós”. Trazemos em nosso corpo e vivência a luta das que vieram antes de nós. E em relação à Marielle não foi diferente. Amigos, professores, colegas da UT nos impulsionam a crescer, ajudam nas dificuldades, bem como compartilham momentos de lazer e diversão. Essa união também mostrou que nossa luta pode ser coletiva. Por exemplo, quando manifestamos apoio aos levantes do Chile, Porto Rico e Haiti. Temos espaço para falar abertamente sobre a situação em que o Brasil se encontra, sobretudo de Marielle e Direitos Humanos, sem medo. É um respiro.
A força diaspórica da presença e atuação de Marielle nos lembra nossa trajetória e o que nos trouxe até a Universidade do Texas. Nos leva também a questionar: por que e para quem estamos produzindo nossostrabalhos acadêmicos? Sem essa indagação de que serve olhar o rosto de Marielle e se emocionar ao falar sobre ela? Lélia Gonzalez, bell hooks, Conceição Evaristo e Marielle Franco, todas essas mulheres recuperam a importância desse compromisso. Reverenciando as que nos antecederam, seguimos firme. OLHA
SÓ!
|
21
AN ENGLISH TRANSLATION OF “FEVEREIRO” BY MATILDE CAMPILHO Tradutora: Cathy Preciado é uma estudante universitária na UT Austin. Sua área de concentração é Inglês com uma concentração menor em Português. Ela adora a língua portuguesa e viajar. Espera um dia visitar o Brasil e o resto do mundo lusófono.
FEBRUARY FEVEREIRO
Listen to this, it is very serious.
Escute só, isto é muito sério.
Come on, listen because this is serious!
Anda, escuta que isso é sério!
O mundo está tremendamente esquisito. Há dez anos atrás o Leon me disse que existe uma rachadura em tudo e que é assim que a luz entra, não sei se entendi. Você percebe alguma coisa da mistura entre falhas e iluminação?
told me that there exists a crack in everything and that is how the light enters, I don’t know if I understand. Do you notice anything about the blending between failures and enlightenment?
Aliás, me diga, você percebe alguma coisa de carpintaria? Você sabe por que meteram um boi naquele estábulo ao invés de um pequeno rinoceronte? Deve ter tido alguma coisa a ver com a geografia. Ou com os felizmente insolussionáveis mistérios que só podem vir do misticismo asiático. Um boi é um bicho tão… inexplicável. Ainda bem.
Lembra
daqueles
In fact, tell me, do you notice anything about carpentry? Do you know why they put an ox inside that stable instead of a little rhinoceros? It must have had something to do with the geography. Or with the fortunately unsolvable mysteries that can only come from the mystical Asia. An ox is an animal that… cannot be explained. Thankfully.
O amor é um animal tão mutante, com tantas divisões possíveis.
The world is extremely weird. Ten years ago, Leon
termômetros
que
usávamos na boca quando éramos pequenininhos? Lembra da queda deles no chão?
Love is such a mutant animal, with as many divisions as possible. Do you remember those thermometers that we used in our mouths when we were little? Do you remember their fall to the floor?
Então, acho que o amor quando aparece é em tudo semelhante à forma física do mercúrio no mundo. Quando o vidro do termômetro se quebra, o elemento químico se espalha e então ele fica se dividindo pelos salões de todas as festas. Mercúrio se multiplicando. Acho que deve ser isso uma das cinco mil explicações possíveis para o amor.
o, I think love when it appears is in everything similar to the physical form of mercury in the world. When the glass of the thermometer breaks, the chemical element spreads and then is divided across the halls of all of the parties. Mercury multiplying. I think this must be one of the five thousand possible explanations for love. OLHA
SÓ!
|
22
Então, acho que o amor quando aparece é em tudo semelhante à forma física do mercúrio no mundo. Quando o vidro do termômetro se quebra, o elemento químico se espalha e então ele fica se dividindo pelos salões de todas as festas. Mercúrio se multiplicando. Acho que deve ser isso uma das cinco mil explicações possíveis para o amor. Ah é! Eu gosto de você. A luz entrou torta por nós a dentro, mas, olha, eu gosto de você! A luz do verão passado quebrou o vidro da melancolia e agora ela fica se expandindo pelas ruas todas. Desde aquele outro lado do Sol até esse tremendo agora. Hoje ainda faz bastante frio. As cinzas ainda não aterraram sobre as cabeças disfarçadas, tem gente batucando suor e cerveja pelas ruas de nossa cidade sul. Na cidade norte, há ondas de sete metros tentando acertar no terceiro olho dos rapazinhos disfarçados de cowboys. [suspiro] O mestre ainda não veio decretar o começo da abstenção e, olha, a luz ainda está conosco. Sim, o mundo está absurdamente esquisito. Já ninguém confia nas imposições dos prefeitos, a esta hora na terra é um tanto carnaval, um tanto conspiração, um tanto medo. Metade fé, metade folia, metade desespero. E, provavelmente, a esta hora, uma metade do mundo está vencendo e a outra metade dormindo, há ainda outra metade limpando as armas, outra limpando o pó das flores. Mas, por causa do que me ensinou o místico, eu acredito que exista, agora, alguém profundamente acordado. Alguém que esteja vivendo entre o intervalo tênue entre o sonho e a agilidade.
So, I think love when it appears is in everything similar to the physical form of mercury in the world. When the glass of the thermometer breaks, the chemical element spreads and then is divided across the halls of all of the parties. Mercury multiplying. I think this must be one of the five thousand possible explanations for love. Oh yes! I like you. The light entered crooked through us, but, look, I like you! The light of summer past broke the glass of melancholy and now it has expanded to all of the streets. From that other side of the Sun to the tremendous now. It's still pretty cold today. The ashes haven’t yet landed over the disguised heads, there are people drumming sweat and beer on the streets of our southern city. In the northern city, there are sevenmeter waves trying to hit the third eye of the little boys disguised as cowboys. [sigh] The master has not yet come to decree the beginning of the abstention and, look, the light is still with us. Yes, the world is absurdly weird. Now nobody trusts the impositions of the mayors, at this time the earth is a little carnival, a little conspiracy, a little fear. Half faith, half revelry, half despair. And, probably, at this hour, one half of the world is winning and the other half is asleep, and still another half is cleaning their weapons, another cleaning the dust from the flowers. But, because of what the mystic has taught me, I believe there now exists someone who is profoundly awake. Someone who is living in between the tenuous interval between dream and agility.
OLHA
SÓ!
|
23
Suponho que ele saiba perfeitamente que este
I suppose he knows perfectly well that this beginning of
começo de século será nosso batismo do voô para
the century will be our baptism of flight for our
nossa persistência no amor. João molhou a esta de
persistence in love. John wet the brows of Manuel. The
Manuel. Os gritos das ruas molham as testas de
screams of the streets wet the brows of our hearts.
nossos corações Which side you are on, I don’t care! What fork do you De que lado você está, eu não me importo! De que
eat with, what glass you drink from, what position do
garfo você come, de que copo você bebe, que posto
you choose, what is your orixá, your political
certo você escolhe, qual é seu orixá, seu partido, sua
party, your height, which of your scars you prefer, what
altura, de qual de suas cicatrizes cuida, que pássaro
bird you prefer, who
você prefere, quem é seu pai, qual é seu samba, Pinot
your father is, what is you samba, Pinot noir or
noir ou Chardonay, que protetor você usa, qual é sua
Chardonay, what sunscreen
pele, seu perfume, qual político, quantos amores
you use, what is your skin, your perfume, what politics,
você sonha, em que Fernando, em que Ofélia, em
how many lovers you dream of, what Fernando,
que cinema, em que bandeira, em que cabelo
Ophelia, in what cinema, in what flag, in what hair you
vocêmora, qual dos túneis de Copacabana. Rezo para
live in, what of the tunnels of Copacabana. I pray to
seus santos quando atravessar.
your saints when I cross.
É… é impossível viver no país de Deus. Isso eu te dou
It's... it's impossible to live in God's country. I'll give it to
de barato. Mas, atravessar o gramado de Deus em bicicleta, isso não é impossível, não.
crescendo
crossing God's lawn by bicycle is not impossible, no. Listen,this is serious!
Escuta, isso é sério! Andamos
you cheaply. But
juntos,
distraidamente.
As
árvores crescem conosco. Nossa pele se estende, nosso entendimento, teso, também. O século cresce conosco. O amor pelas ventas da cara do mundo, também. Quanto a um pra um entre nós dois, isso logo se vê. Não sei nada sobre a paixão, suspeito que você também não. Mas, começo a entender que o compasso da fé está mudando a passos largos. Dois pra lá e dois pra cá. Portanto, escute. Isto é muito sério! Isto é uma proposta aos trinta anos. Agora que o mercúrio assumiu sua posição certa, vem comigo achar o meu trono mágico entre a folhagem.
We've grown up together, distractedly. The trees grow with us. Our skin extends, our understanding, hard, too. The century grows with us. The love for the sales of the face of the world, too. As for one to one between the two of us, we’ll see later. I don't know anything about passion, I suspect you don't either. But I'm beginning to understand that the compass of faith is changing at a rapid pace. Two over here and two over here. So, listen. This is very serious! This is a proposal at the age of thirty. Now that the mercury has taken its rightful place, come with me to find my magical throne among the foliage. And on the way there, come dance with me, come!
E, no caminho até lá, vem dançar comigo, vem! OLHA
SÓ!
|
24
Oi, meu nome é Paola Baca, estudante da Universidade do Texas em Austin e faço parte do Portuguese Flagship Program. Eu tive a maravilhosa oportunidade de viajar para Salvador, na Bahia, no verão passado, onde fiquei por 7 semanas estudando português. Durante o tempo lá no Brasil, vivi com uma família hospedeira, tive três irmãs e um irmão.
ESTUDAR FORA
SALVADOR, BAHIA Por Paola Baca
Eu me apaixonei pelo Brasil porque as pessoas são muito lindas e calorosas. Eu também pude conhecer muitas pessoas de outros países, já que a Copa América estava acontecendo exatamente durante o tempo em que estive no Brasil, então havia muitos turistas. Eu costumava ir à praia o tempo todo porque morava muito perto. Lá jogávamos futebol e nadávamos. Tive a chance de mergulhar e essa foi uma das melhores experiências que levarei para a minha vida. Durante as 7 semanas em que estive no Brasil, experimentei muitas coisas novas, mas a minha favorita foi os sucos frescos que minha mãe brasileira fazia para mim todos os dias. Os sucos eram de frutas diferentes e não havia nenhum que eu não gostasse - a fruta no Brasil é muito fresca e deliciosa. O Brasil me ensinou a ter mais confiança em mim mesma e a abrir minha mente a coisas novas. Estar na Bahia mudou minha vida e muito a minha maneira de pensar, pois me ajudou a melhorar meu português e alcançar um novo nível no idioma. Brasil é verdadeiramente um país maravilhoso. OLHA
SÓ!
|
25
POR NINEL A. IBARRA
O que teu amor faz Nunca amei meu nome tanto quanto amo o momento em que ele cai dos seus lábios. Cada sílaba ressoa como belas harpas nos meus ouvidos. Seus olhos me olham como se fosse a coisa mais maravilhosa que já existiu e isso é porque para você eu sou. E é nesse momento que reconheço que o verdadeiro amor esteve diante de mim esse tempo todo. Que aqueles falsos amores que eu persegui não se comparam ao amor que você me oferece hoje, amanhã e ontem.
OLHA
SÓ!
|
26
POR
LAURA
R.
SOUTO
Minha língua Português é minha infância Um puxão de coração Nunca falha Nunca cala Meu eterno furacão A simplicidade é complexa Não permite solidão A saudade virou companhia Desejo puro de retificação Essa dor é meu calmante Um paradoxo da compreensão Sempre seguro Sempre confuso A realidade da imigração
Laura R. Souto está no seu segundo ano estudando Relações Públicas na Universidade do Texas em Austin. Ela também está estudando para receber certificações em Espanhol de Negócios e Administração Global. A Laura nasceu em São Paulo, Brasil e mudou para os Estados Unidos durante sua infância. Sempre teve um relacionamento profundo e complicado com a língua portuguesa. Apesar dos desafios de crescer imersa em outro idioma, ela espera continuar melhorando e apreciando o português. Ela acredita que o idioma émais que uma língua de herança, mas também uma forma de comunicação e expressão enriquecedora.
OLHA
SÓ!
|
27
Na foto: Protais, de Ruanda À direita: Estevão e seu filho Edson (Angola)
CASA MARIANELLA Fotos e texto: Lily Dayanim (estudante do Portuguese Flagship Program)
Duas hondurenhas: Sheyla (à esquerda) e Sadie (à direita)
OLHA
SÓ!
|
28
Numa esquina escondida no leste de Austin, existe uma casa incrível. Uma casa cheia de arte, riso, cor, tristeza, histórias e esperança. O nome dela: Casa Marianella. Casa Marianella nasceu no ano 1986 com a missão de ajudar as pessoas fugindo da América Central para a cidade de Austin, pessoas estas que não tinham casa nem nada nos EUA. Hoje em dia, a Casa Marianella funciona como um abrigo aberto para todos os refugiados, imigrantes, e pessoas procurando asilo. A duração que as pessoas ficam na Casa varia de poucos dias até alguns meses. Os serviços que a Casa oferece aos seus residentes incluem: camas, banhos com chuveiro, lavanderia, refeições frescas, roupa, acesso aos computadores e gestão de caso. A Casa Marianella também oferece serviços para a comunidade, incluindo aulas de inglês, serviços legais de graça e serviços médicos com desconto. O objetivo da Casa Marianella é fazer com que os seus residentes possam se tornar autossuficientes, ou seja, a Casa quer ensinar aos habitantes a pescar em vez de só lhes dar o peixe. O que eu faço na Casa Marieniella, como estagiária, é documentar as histórias dos residentes e também oferecer serviço de tradução para eles. A demografia dos residentes da Casa Marianella está sempre mudando. Neste momento, a maioria dos residentes são de Angola, Congo, Camarões, Eritreia e Honduras. Em relação ao idioma, a maioria deles fala português, francês, espanhol ou inglês. Ter a habilidade de falar português é algo chave da minha experiência com a Casa Marianella. Eu sou a única pessoa dos funcionários que fala português. Então, os residentes de Angola, do Brasil, ou de outros países da África lusófona contam comigo para comunicar-se, contar suas histórias e obter todas as coisas que precisam.
Falar em português com eles faz com que eles se sintam mais em casa e mais tranquilos neste país. Além da tradução oral, eu também traduzo algumas cartas e escrevo outras em português para encontrar um jeito de tirar as pessoas da prisão.
Residentes da Casa Marianella: Franklin (Camarões) e Percy e seu filho (Congo)
OLHA
SÓ!
|
29
Um residente que eu tive o prazer de entrevistar em português é Estevão Nzuzi da Silva. Ele, sua esposa e seus cinco filhos tinham que sair de Angola por um problema político. Ele pertencia ao grupo político chamado O Movimento da União Nacional, ou seja, o MUN. O objetivo do MUN é criar uma nova Angola com mais integração e igualdade. O problema que Estevão enfrentou é que o MUN quer substituir o Movimento Popular de Libertação de Angola, ou seja, o MLPA. O MLPA já manteve poder em Angola por muitos anos e criou um regime opressivo. O MLPA vê o MUN como uma ameaça e o tem como alvo. Por isso, Estevão fugiu. O caminho de Angola até os EUA não foi fácil. Eles tomaram um voo até o Brasil e ficaram em São Paulo por dois meses. Depois, eles caminharam pelo Peru, Equador e Colômbia. Na Colômbia, para chegar no Panamá, você tem que atravessar a selva onde a família passou nove dias. Disse que isso foi uma das partes mais difíceis. Eles viram pessoas morrendo, animais perigosos e ainda acabou a comida no meio do caminho. Quando chegaram no Panamá, atravessaram Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Guatemala e ficaram um tempão no México. Ele disse que o México foi o grande desafio dessa jornada: lá enfrentaram muito racismo. Os abrigos os rejeitaram porque só queriam ajudar aos centro-americanos. Eles lhes disseram: “Se vocês têm problema, voltem pra África”. Estevão e a sua família tinham que implorar pelo dinheiro na rua durante o dia para pagar por um lugar para dormir e também comprar comida. Empobreceram lá no México. Quando finalmente tiveram a oportunidade de cruzar a fronteira dos EUA, foram detidos. Mas isso foi por pouco tempo, porque a Casa Marianella os ajudou a saírem de lá. Estevão disse que de todos os países que eles cruzaram no caminho, os mais hospitaleiros foram o Brasil e os Estados Unidos. Lá, eles acharam abrigos para ficar e muito apoio com o processo de solicitação de asilo. Estevão e sua família querem ficar em Austin permanentemente porque gostam muito da cidade. Todos somos muito otimistas sobre os futuros deles. Tomara que possam ficar aqui e fazer parte da nossa comunidade.
O trabalho que a Casa Marianella faz é muito importante para o apoio dos imigrantes lusófonos e os outros também. É uma organização única nos Estados Unidos porque ela realmente ajuda, principalmente para que as pessoas sejam autossuficientes em vez de só lhes dar comida e uma cama. A Casa Marianella trata os imigrantes com dignidade que muitos não fazem. Estou muito agradecida por ter a oportunidade de trabalhar com a Casa Marianella e apoiar a comunidade de imigrantes em Austin. Eu nunca imaginei que falar português seria uma habilidade tão útil não só no mundo inteiro, mas na minha própria comunidade também. Lily Dayanim é uma estudante universitária na UT Austin. Sua área de concentração é línguas ibéricas com a concentração menor no jornalismo. Ela faz parte do Portuguese Flagship Program aqui na UT e ama muito aprender sobre o Brasil e o mundo lusófono. Espera usar suas habilidades linguísticas para construir um mundo mais unido no futuro. OLHA
SÓ!
|
30
POEMA BILÍNGUE Poetisa: Hannah Bernier é uma estudante universitária na UT Austin. As áreas de concentração dela são Relações Internacionais e Portugûes. Ela gosta de escalar e cozinhar. Também adora a música e a literatura brasileira.
A genética Há algo quase
Genetics
Atwoodiano sobre a genética‒ Adequar-se, acasalar,
There's something almost
Procriar, doença,
Atwoodian about genetics‒
Viver, morrer, virar diamante.
Match, mate,
Breed, disease,
Olhe melhor e relações novas se formam,
Live, die, diamond.
Aprofunde-se‒feno, geno, Digite-o em moléculas
Look closer and new relations form,
Escreva-o em código,
Go deeper‒pheno, geno,
Aproxime o foco e a primazia se inverte.
Type it out in molecules, Write it out in code, Zoom in and dominance inverts itself. The biology of our deepest selves boil down to letters Stitched in coiled spiral. Roll a die and choose a trait Hope it doesn't choose your fate.
A biologia do nosso eu mais profundo se resume a letras Unidas em rolos de espirais. Jogue um dado e escolha um traço Torça para que ele não dite seu fado.
OLHA
SÓ!
|
31
POEMA BILÍNGUE Pier She told me about the depths of the ocean on the pier of the lake, How the ultimate unknown lies within the hollows of deep sea and fathoms unfathomed. She loved the awareness of the unseen without the barbs of knowledge, If the pressures of the sea were less, then all mystery would cease. We spoke of these marine mysteries But she was really talking about us, the way we sink into seabed but rise with thermocline, glimpses of light while submerged, looking up. I put down Lispector and closed my eyes, Resting tanned arms on the rough wood of the pier. Let the jellyfish bioluminesce‒ There's no depth like this.
Profundidade No píer do lago, Ela me falou sobre a profundidade dooceano, Como o desconhecido está nos vãos do alto mar e em braças insondáveis. Ela amava a consciência do além sem as lascas do conhecimento, Se a pressão oceânica fosse menor, todo o mistério estaria perdido. Falamos desses mistérios marinhos Mas na verdade ela falava sobre nós, sobre o modo como afundamos no leito do mar mas nos erguemos com termoclina, Vislumbres de luz quando submersas, Olhando para o céu. Coloquei Lispector e fechei os olhos, Descansei meus braços bronzeados na madeira rústica do píer. Que as águas-vivas possam bioluminescer‒ Não há profundidade como esta.
OLHA
SÓ!
|
32
CONTO BILÍNGUE - A HORA DO GALO, DE CLAUDIA LAGE
Tradutora: Sophia Villarreyna é uma estudante de último ano da UT Austin. Suas áreas de concentração são Antropologia, e Línguas e Culturas Ibéricas e Latinoamericanas. Ela ama as línguas y também fala espanhol. No futuro ela quer trabalhar na América Latina e por isso decidiu estudar o português. No verão passado ela estudou em Salvador da Bahia, Brasil e espera um dia voltar.
A HORA DO GALO
THE ROOSTER’S HOUR
e ela abriu os olhos um pouco antes do galo cantar. Cantou. Ela levantou achando que já estava ali há tempo demais. Encontrou a irmã na cozinha, foi logo avisando: — De hoje não passo! A outra olhou-a sem entender; depois, entendendo, disse: — E quem vai cuidar das galinhas? Lembrando-se da bisneta, ela respondeu, dando de ombros: — Se vira. E foi para o quintal, pegar o milho. No centro do galinheiro, fez o seu comunicado: — É a última vez! Alimentou as galinhas, brigou com o galo. — Sossega! Olha que Deus castiga! Voltou à cozinha, escreveu nomes em um papel, entregou à irmã. — Quero essas pessoas aqui hoje. E repetiu, imperativa. — Hoje. A irmã olhou o papel, aproximou o rosto, os óculos, as rugas. Leu, de testa franzida. — Ihh... mas o seu Antônio já morreu... e a dona Eufrásia também.
and she opened her eyes a little before the rooster crowed. It crowed. She arose thinking that she had been there long enough. She found her sister in the kitchen, and let her know: - Today is the last day I’m going to live! The sister looked at her with confusion, then, understanding, said: - And who will care for the chickens? Remembering her great-granddaughter, she responded, with her back turned: - Figure it out. And went to the garden, got the corn. In the center of the hen house, she made her statement: - It is the last time! She fed the hens, fought with the rooster. - Calm down! Be careful, God punishes! She returned to the kitchen, wrote names on a paper, and gave it to her sister. - I want those people here today. She repeated imperatively. - Today. The sister looked at the paper, bringing her face, glasses, wrinkles, closer. She read with a furrowed brow. - Uhm… but Mr. Antonio already died… and Mrs. Eufrasia too.
OLHA
SÓ!
|
33
CONTO BILÍNGUE - A HORA DO GALO, DE CLAUDIA LAGE
She was startled. - They already died? — Já morreram? - You don’t remember? We went to the funeral — Não se lembra? Nós fomos no velório e tudo. — E antes de mim? Hum... chama os outros então, and everything. - And before me? com esses dois eu me acerto depois. E vendo que a outra não ia. Hmm… call the other then, I’ll deal with those two — Vai. later. Sentou na cadeira de balanço. And seeing that her sister had not gone. Balançou. - Go. A cadeira rangeu de velhice. She sat in the rocking chair. Ela parou o balanço. She rocked. Anunciou: The chair creaked with age. — Hoje eu faço o almoço. She stopped rocking. A outra, que já estava na porta, estacou. She announced: — Você? - Today I will make lunch. — Eu. Mande o menino trazer lombo,linguiça e... The sister, already at the door, stopped. cerveja. - You? A irmã entendeu. Mas achou que era demais. - Me. — Você não pode. Send the boy to bring sirloin, sausage, and… beer. Ela fez-se de surda. The sister understood, but though it was too — Vá. E não demore. much. Foi. - You can’t. Ia com um pensamento assustado pelas ruas. She made herself deaf. O pensamento foi se afundando em seus passos - Go. And don’t take long. lentos. She went. Passou no mercado, fez as encomendas, comprou She went with a frightening thought the streets. as fichas, fez as ligações, e lá estava ele, She passed by the market, ran the errands, paid arrastando-se the tabs, made the calls, and there he was, em sua mente. creeping into her mind. Ouviu música ao se aproximar da casa. Os discos She heard music as she neared the house. The old antigos foram tirados do armário, a vitrola velha records had been brought out from the cabinet, girava. Ela mexia nas panelas, o vapor forte the old record player was spinning. She fiddled subindo em seu rosto. Ela cantava, o disco chiava. with pans, the strong vapor rising to her face. She — Você não cozinha há tanto tempo — sung, the record resounded. a irmã comentou, olhando-a da porta. - You haven’t cooked in so long – the sister Ela pareceu não ouvir. Cortava a cebola. commented, watching from the door. De repente, disse: She seemed not to hear. She was cutting the — Não tenho vontade de chorar. onion. Nenhuma. Sempre achei que choraria no dia de All of the sudden she said: minha morte. Mas não, não tenho - I don’t feel like crying. Not at all. I always thought vontade de chorar. Tenho vontade de comer. I would cry on the day of my death. But no, I don’t feel like crying. I feel like eating. Ela espantou-se
OLHA
SÓ!
|
34
CONTO BILÍNGUE - A HORA DO GALO, DE CLAUDIA LAGE
E colocou na boca um gomo cru de cebola. Then she put a raw piece of onion in her mouth. — Todos vêm? — quis saber. - Is everyone coming? - she wanted to know. — Todos. - Everyone. Sorriu. She smiled. — Eu sabia. - I knew it. A outra, preocupada. The sister, worried. — Você está bem? Ela lançou-lhe uma - Are you okay? voz sem dono. Um olhar frívolo, de pestanas She threw her a stray voice. A frivolous look with rápidas. quick eyelashes. — Ótima! E você? - Great! And you? — Eu? Ora...! - Me? Não respondeu. Estranhou tudo. She didn’t respond. Everything hit at once. Ela já sonhava: She was already dreaming: — Onde estarei amanhã? Não importa. - Where will I be tomorrow? It doesn’t matter. You, I Você, eu sei, estará aqui. know, will be here. A outra, defensiva: The sister, defensively: — Graças a Deus! - Thank God! Ela, lembrando-se dele: She, remembering him: — Não vou chamar nenhum padre. Não acredito - I won't call any priest. I don't believe in them; I neles, não gosto de velórios. Quero ser cremada. don't like funerals. I want to be cremated. — Como? - What? — Cremada. - Cremated. — Mas, minha irmã, você sempre foi católica, cristã! - But, my sister, you were always Catholic, Christian! Ela, sem paciência: Her, impatiently: — Ah, Deus é uma mentira, Jesus é um bobão! - Oh, God is a lie, Jesus is a fool! A outra, de boca aberta: The sister, mouth agape: — Cruzes! O que te deu? - Goodness! What got into you? Ela, num resmungo só: Her in a single grumble: — Sempre odiei papai, sempre odiei mamãe. Só - I always hated daddy, always hated mommy. I amo você, minha irmã. only love you, my sister. — Hein? - Huh? — Você, eu não consegui odiar. - You, I couldn’t hate you. — Hã... - Wha… — Vamos comer. - Let’s eat. Sentaram. Uma na frente da outra. A irmã, de olhos arregalados, não tocou na comida. They sat down, across from each other. The sister, with widened eyes, didn’t touch the food. Observava. Ela, boca e dedos She observed. The other, with greasy mouth and engordurados, repetiu uma, duas, três vezes. fingers, had seconds and thirds. — Assim você vai morrer é de indigestão. - That's how you'll die of indigestion. — Que nada, vai ser de velhice mesmo. - Nonsense, it will be of old age. — Se fosse por isso... - If that's the case... — Passa o sal. - Pass the salt. OLHA
SÓ!
|
35
CONTO BILÍNGUE - A HORA DO GALO, DE CLAUDIA LAGE
E salgou a carne. E bebeu a cerveja. And she salted the meat and drink the beer. — Agora. O meu testamento. Caneta e papel. Anda. - Now, my testament. Pen and paper. Go. Obedeceu. The sister obeyed. Ao se levantar, teve uma tonteira. As she stood up, she got dizzy. it was the thought. Era o pensamento. She staggered. Bombarded by him. Cambaleou. Bombardeada por ele. She didn’t notice Ela nada percebeu, continuou: anything, and continued: — Vou ditar, você escreve: Deixo tudo que me - I'll dictate, you write: I leave all my belongings to pertence para a minha irmã. Pronto. Só falta my sister. Done. All it needs is a signature. assinar. - But… and your children? Your grandchildren? — Mas... e teus filhos? Teus netos? Your… Teus.... - They don't need any of my old things. — Eles não precisam das minhas velharias. She signed. She yawned. And said: Assinou. Bocejou. Disse: - I'm going to take a nap. — Vou tirar uma soneca. — Agora? — a outra alarmou-se. - Now? - the sister, alarmed. — Agora — ela confirmou. — E me - Now – she confirmed. - And call me when they get chame quando eles chegarem. here. Foi para o quarto. Deitou, dormiu. A irmã ficou She went to her room, lay down and slept. The olhando-a da porta, estava como morta. A sister stayed watching her from the door, she was diferença era a respiração like the dead. The difference was the soft breathing, suave, quase imperceptível. Mas era essa a almost imperceptible. But it was that small force pequena força que lhe permitia abrir os olhos e se that allowed her to open her eyes and get up at any levantar a qualquer momento. moment. Eles foram chegando. Entrou o primeiro. Ela pulou da cama, de olhos acesos. Sentou na poltrona em They were arriving. the first one entered. She jumped from the bed; eyes bright. She sat frente ao velho. in the armchair in front of the old man Foi logo perguntando: She immediately asked: — Você me amou? Ele, petrificado, - Did you love me? He, petrified, did not see the mist não viu a névoa que subiu nos próprios olhos. — Hein? that rose in his own eyes. — Você ouviu. É velho mas não é - Huh? surdo. Diga sim ou não. - You heard. — Sim — ele disse. You’re old, but not deaf. Say yes or no. E começou a chorar. - Yes – he said. Ela, impassível. And began to cry. — Quando e por quanto tempo? She, unmoved. — De 1915 a 1920. - When and for how long? — Há! Me amou mais do que eu te amei. - From 1915 to 1920. Ele abriu os olhos quase cegos de - Ha! You loved me more than I loved you. espanto. — He opened his eyes almost blinded by surprise. Você... você me amou? - You… you loved me? — De 1915 a 1919. - From 1915 to 1919. — Mas... eu nunca percebi nada... - But... I never noticed anything… I never suspected, nunca desconfiei, nem por um momento eu... not for moment I… OLHA
SÓ!
|
36
CONTO BILÍNGUE - A HORA DO GALO, DE CLAUDIA LAGE
— Idiota. E chamando a irmã, disse: — O próximo. Veio outro velho. Tomou o lugar do primeiro. — Você me traiu? Ele piscou. Coçou o queixo. Olhou a irmã. — Como? Ela não repetiu. Ele parou de piscar, baixou os olhos. — Traí. Ela apertou forte a boca, rangeu os dentes. A irmã engoliu em seco, o velho engoliu uma lágrima, ela engoliu impropérios, depois um suspiro. E então: — Não apareça na minha cremação — disse. E depois, para a irmã. — Ela chegou? — Chegou — respondeu, de olhar desviado. — Manda entrar. Entrou. Sentou. Encarou-a. — O que quer? Por que chamou? — Vou morrer amanhã. — Amanhã? Como sabe? — Sabendo. Sei e pronto. — Hum... meus pêsames. —Obrigada. Olharam-se. — É isso? Já vou então. — Perdão. — Como? — Perdão. — Quer o meu perdão antes de morrer? — Quero. — Vou pensar até amanhã. — Pode ser tarde. — Você vai saber. Adeus. Ficou só. Não tinha vontade de chorar. Nenhuma.
- Idiot. And calling to her sister, said: - The next one. Another old man entered and took the first one’s place. - Did you cheat on me? He blinked. Scratched his chin. Looked at the sister. - What? She didn’t repeat. He stopped blinking and lowered his eyes. - Yes, I did. She clenched her mouth and gritted her teeth. The sister swallowed dryly, the old man swallowed a tear, and she swallowed insults, after a sigh. Then: - Don't show up at my cremation. – she said. Then to her sister: - Is she here? - She’s here. – she replied, looking away. - Send her in. She entered, sat, and stared. - What do you want? Why did you call? - I'm going to die tomorrow. - Tomorrow? How do you know? - Knowing. I know and that's it. - Hum… my condolences. - Thank you. They looked at each other. - Is that it? I'm leaving then. - Forgive me. - What? - Forgive me. - You want my forgiveness before dying? - Yes, I want it. - I'll think until tomorrow. - It could be too late. - You will know. Bye. She was alone. She had no desire to cry. None.
OLHA
SÓ!
|
37
CONTO BILÍNGUE - A HORA DO GALO, DE CLAUDIA LAGE
— Ele chegou — disse a irmã, aflita. — Vai mesmo falar com ele? — Vou. E não me atrapalhe. Sentou o jovem à sua frente. — Meu filho... — Minha avó... — Não sou sua avó — e apontou a irmã — sua avó é ela. Eu sou sua tia-avó. — Hã? — Minha filha não é sua mãe, sua mãe é a filha dela. Sua mãe é sua tia, sua tia é sua mãe. A outra chorou. — Cale-se. O menino precisa saber a verdade. Você nunca diria, você é uma tonta. Essa eu não ia levar para o túmulo de jeito nenhum! E para ele, muito doce. — Vá, meu filho... O jovem saiu. — Que horas são? — Seis horas. — Já é noite. O galo vai cantar daqui a pouco. Foi até o quarto. Abriu o armário, tirou uma caixa da gaveta. — Venha ver estas fotos comigo. Qual é a data destas aqui? A irmã tocou nas fotos amarelas, aproximou o rosto. — 1916,1917,1918... — Ah... época em que era amada... amava e era amada... — Está tão bonita nessa foto... os olhos brilhando... — Sim, de alguma forma, eu sabia que era correspondida... — E essa? Uns 15 anos depois, não é? — 1930. — Está tão séria...
- He's here. - said the sister, distressed. - Are you really going to talk to him? - I am. And do not disturb me. The young man sat in front of her. - My son… - My grandmother… - I'm not your grandmother - then she pointed to her sister, - she is your grandmother. I am your great aunt. - What? - My daughter is not your mother; your mother is her daughter. Your mother is your aunt, and your aunt is your mother. The sister cried. - Shut up. The boy needs to know the truth. You would never say it, you’re a fool. There was no way I was going to take that to the grave! And, to him, very softly. - Go, my boy. And he left. - What time is it? - Six o’clock. It’s already night. The rooster will be crowing soon. She went to the bedroom, opened the closet, and took out a box from the drawer. - Come look at these pictures with me. What the date of these here? The sister touched the yellowed photos and brought them close to her face. - 1916, 1917, 1918… - Ah… when I was Loved… I loved and was loved. - You're so pretty in this photo… eyes shining… - Yes, in some form or another I knew I was loved back… - And this one? Some 15 years later, right? - 1930 - You’re so serious…
OLHA
SÓ!
|
38
CONTO BILÍNGUE - A HORA DO GALO, DE CLAUDIA LAGE
— Época em que era traída. — Oh... e desconfiava disso? — Eu sabia, de alguma forma, eu sabia. A outra voltou-se para a foto, calada. Ela continuou: — Só nunca soube com quem. — Como? — A amante. Quem era a amante? Vou morrer sem saber. A irmã, pálida: — Eu. — Hum? — Eu, a amante. — Você? — Eu. Olharam-se. As mãos tremiam. Já não tinham mais idade. — Eu não choro mais — ela disse. — Eu te enganei, mas foi sem querer. O desejo foi maior do que a vontade. — Eu não sofro mais — afirmou. — Perdão! — Você, minha irmã, é mais sonsa e menos tonta do que eu pensava. — Sim, eu consegui te enganar... Aposto que você está surpresa com a minha capacidade. — E como, minha filha! — Ah! Mas eu...eu... — e soluçou de culpa — eu terei o meu castigo. Ela ergueu a mão, tocou a testa da irmã. Era como se tocasse o abismo. Acariciou o seu rosto. Era como se acariciasse as cavidades da lua. A irmã pensou, corroída, no amanhã incognoscível. Ela quis sorrir seca, mas a ternura derramou-se em seus lábios. — Fique com essas fotos, com o meu perdão, com as minhas roupas, com as minhas galinhas. Ouviu? O galo cantou, ó... está cantando. Ouviram.
- When I was betrayed. - Oh… you suspected it? - I knew, somehow, I knew. The sister looked back at the photo, quiet. She continued: - I just never knew with whom. - What? - The lover. Who was the lover? I’m going to die without knowing. The sister, pale: - Me. - Huh? - The lover, it’s me. - You? - Me. They watched each other, hands trembling. They were too old for that. - I don't cry anymore - she said. - I deceived you but it was unintentional. The desire was greater than the will. - I don't suffer anymore - she affirmed. - Forgive me! - You, my sister, are cleverer and less dumb than I thought. - Yeah, I managed to deceive you… so much that you're surprised by my capability. - And how! - Ah! But I… I… - she sobbed with guilt- I’ll have my punishment. She raised her hand and touched her sister's forehead. it was as if she had touched the abyss. She caressed her face. It was as if she had caressed the moon’s craters. The sister thought, disjointedly, about the unknown tomorrow. She wanted to smile dryly but the tenderness spilled from her lips. - Keep these pictures, with my forgiveness, with my clothes, with my chickens. Did you hear? The rooster crowed, oh… it's crowing. They heard. OLHA
SÓ!
|
39
CONTO BILÍNGUE - A HORA DO GALO, DE CLAUDIA LAGE
— Vai cantar amanhã. — Eu sei — a outra respondeu, pensativa. Ela pousou a mão da irmã entre as suas. — Vou morrer feliz. Sou capaz de perdoar. Sim, isso é muito bom. Sobrou lombo? A outra pôs a mesa, cansada. As pernas sem forças, os joelhos duros, as costas dobradas sufocando o peito, a cabeça pesada de angústia. Ela jantou, repetiu o lombo, a linguiça e a cerveja. Também comeu pão. A irmã não quis, esperava, calada. Ela comia devagar, estalava a dentadura, lambuzava os dedos. De repente, disse: — Hoje não tomei banho, nem escovei os dentes. Sorriu com outra face. — Só amanhã. Levantou-se. — Boa noite. Foi para o seu quarto. Tirou do armário o vestido preferido. Despiu-se. Colocou o vestido, se olhando no espelho. Deitou. Fechou os olhos. A outra se aproximou, sem fazer barulho. — Já vai dormir? — perguntou num sussurro. Ela respondeu dentro dos olhos cerrados. — Não. E não disse mais nada. A outra esperou um pouco. Chamou: — Irmã... irmã? Ouviu o silêncio do quarto. Ouviu o silêncio do mundo. Apagou a luz. — Não é justo — disse, arrastando os chinelos em direção ao seu quarto. — Eu sou a mais velha!
- It will crow tomorrow. - I know - she responded thoughtfully. She held her sister’s hands between hers. - I’m going to die happy. I am able to forgive. Yes, that’s very good. Is there anymore sirloin? The sister set the table, tired. Legs without strength, stiff knees, ribs folded suffocating the chest, the head heavy with anguish. She had dinner, repeated the sirloin, sausage, and beer. And also ate bread. The sister did not want anything, she waited, silent. The other ate slowly, crackling her dentures, licked her fingers. Suddenly she said: - I didn't shower today, nor brush my teeth. She smiled with another face. - Only tomorrow. She stood up. - Good night. She went to her room and took her favorite dress from the closet. She undressed and put on the dress, looking in the mirror. She laid down. She closed her eyes. The sister approached without a sound. - Are you going to sleep yet? - she asked in a whisper. The other answered from behind closed eyes. - No. And she said nothing else. The sister waited a while. She called: - Sister ... sister? She heard the silence of the room. She heard the silence of the world. She turned out the light. - It's not fair - she said, dragging her slippers towards her bedroom. - I'm the oldest!
OLHA
SÓ!
|
40
Minha primeira semana no Brasil: Portuguese Flagship Capstone Meu nome é Rebeca Lozano e atualmente estou no terceiro ano do curso de Ciências Atuariais e Matemática na UT Austin e sou parte da primeira turma Capstone do PFP/UT Austin no Brasil. Nos últimos dois anos e meio na UT Austin, eu cresci um profundo interesse na análise de dados e negócios e microfinanciamento, enquanto, simultaneamente, cresci um amor pelo idioma português e, inevitavelmente, pelo Brasil. Dito isso, após a formatura, espero trabalhar para uma instituição de microfinanciamento cuja prioridade é aliviar a pobreza nos países latino-americanos e, felizmente, aprendi que meus cursos, conhecimentos técnicos e habilidades formam uma base essencial para tais instituições. Portanto, com a esperança de criar uma instituição de microfinanciamento latino-americana própria em um futuro próximo, com a maioria como clientela brasileira, eu sabia que o PFP me daria a oportunidade de combinar meus conhecimentos e habilidades com experiências internacionais da vida real.
OLHA
SÓ!
|
41
Além disso, eu também era a única aluna, de uma turma de 12, que não tinha viajado para o Brasil. Antes de embarcar já imaginava o desafio de viajar para longe de casa por 10 meses. Foi uma decisão difícil de tomar. No entanto, minha experiência em São João del-Rei em MG até agora superou minhas expectativas, medos e muito mais. Eu encontrei um grupo incrível de pessoas que têm os mesmos objetivos pessoais e profissionais e paixão pelo grande país que o Brasil é. Também fui totalmente abençoada por receber uma quantidade extrema de apoio de cada pessoa que participa da criação do PFP. Desde encontrar uma casa confortável, encontrar aulas que se encaixam perfeitamente no meu plano de graduação e pesquisa de estágio até comprar uma cama nova em uma loja de móveis local. Tive o prazer de conhecer muitos estudantes, fornecedores e moradores locais (que agora se tornaram grandes amigos) que estão mais do que dispostos a ajudar com tudo o que for necessário para eu me sentir em casa - mesmo estando longe de casa.
Hoje, estou animada para começar meu semestre acadêmico no belo campus da UFSJ - embarcando em vários cursos de português e matemática e planejando o segundo semestre, quando farei meu estágio. Já posso prever o enorme impacto que essa experiência terá na minha vida, tanto pessoal quanto profissionalmente.
Ao longo dos últimos dias aqui no Brasil, aprendi que não é nada além do normal ter um pouco de medo de sair da sua zona de conforto viajando para um país completamente diferente, com um idioma, cultura e normas diferentes. No entanto, também aprendi que, de fato, essa é a melhor parte: quando você percebe que está se permitindo crescer e tem uma experiência com a qual apenas um programa como o Portuguese Flagship pode proporcionar a um aluno.
OLHA
SÓ!
|
42
MINHA EXPERIÊNCIA NO CONSÓRCIO OXFORD DE DIREITOS HUMANOS NO RIO DE JANEIRO, BRASIL Ashley Turner está se formando em Relações Internacionais pela UT Austin. Apaixonada por idiomas e diferentes culturas, ela faz parte dos programas de Flagship da língua árabe e português e está pesquisando sobre a migração histórica do Oriente Médio Oriente no Brasil. Ela está interessada em trabalhar com refugiados da Síria no Brasil quando se formar.
Criar uma identidade é uma experiência humana ao nível individual e coletivo. É um processo que resulta em nossa biografia pessoal e também num processo que ajuda a criar a história das nações coletivas. Muitos documentos e constituições historicamente importantes, como por exemplo a Carta das Nações Unidas começam suas declarações com a primeira pessoa do plural para sinalizar a autoridade da identidade coletiva. Esse assunto de identidade e sua conexão com os direitos humanos e comunidade foi o foco do seminário do Consórcio Oxford de Direitos Humanos no Rio de Janeiro, Brasil que pude participar graças ao Programa do Flagship Português e ao patrocínio do “honor program” chamado Plan II. Como estudante de Relações Internacionais e estudante de línguas, esses tópicos de identidade, comunidade e direitos humanos muitas vezes fazem parte das conversas das minhas aulas. Então foi uma experiência incrível para mim poder ser capaz de obter uma perspectiva mais ampla sobre esses assuntos de estudiosos do Brasil, EUA e Oxford no contexto brasileiro.
O Consórcio Oxford de Direitos Humanos começou no ano 2012 em parceria com o Instituto de Ética, Direito e Conflitos Armados de Oxford. Seus seminários anuais para estudantes focam em temas relacionadas aos direitos humanos. O Consórcio organiza seu seminário anual distinto de cada primavera em Oxford, Inglaterra e, além disso, também hospeda seminários em outros países que são escolhidos para sua relevância aos eventos atuais e o campo dos direitos humanos. Juntamente com 24 estudantes de diversas partes dos Estados Unidos, fico muito agradecida que pude fazer parte da turma do primeiro seminário do Consórcio Oxford no Rio de Janeiro, Brasil onde fomos hospedados pela Universidade Estácio em Copacabana. Durante os primeiros quatro dias do seminário tínhamos 14 palestras sobre diversos assuntos, variando desde democracia participativa, violência policial e genocídio em massa até assuntos como identidade religiosa brasileira, comunidades quilombolas e o estado de direito brasileiro.
OLHA
SÓ!
|
43
No quinto e último dia, todos os estudantes apresentaram sobre um aspecto dos direitos humanos com respeito ao tema da identidade ou comunidade em suas próprias comunidades. Meu grupo apresentou sobre o ajuste cultural dos refugiados em nossas cidades e as organizações respectivas com as quais cada um de nós trabalhou pessoalmente. Eu apresentei sobre minha experiência como mentora no Programa de Mentor de Estudantes para Refugiados, que foi criado pelo Departamento de Estudos do Oriente Médio na UT, e minha análise sobre a eficácia do programa que faz parte do ajuste cultural de refugiados aqui em Austin.
COMO RESULTADO DA MINHA EXPERIÊNCIA, SAÍ DO BRASIL AINDA MAIS INSPIRADA COM O MEU COMPROMISSO COM O ENGAJAMENTO DA COMUNIDADE E CONSTRUÇÃO DE COALIZÕES ENTRE COMUNIDADES.
Aprendi muito sobre as fundações teóricas da defesa dos direitos humanos no contexto dos desafios que o Brasil enfrenta e pude fazer conexões entre minha comunidade norte americana e a brasileira. Eu não quero impor meu ponto de vista no contexto brasileiro que tem suas especificidades culturais, mas em minha experiência eu notei paralelos entre as duas sociedades e acho que refletem questões sistêmicas nos dois países como, por exemplo, corrupção política, desigualdade educacional, violência policial e desigualdade de renda. Na realidade, eu acredito ainda mais fortemente depois deste seminário no poder de ação coletiva para fortalecer democracia e, como resultado, identidade pessoal e coletivo.
OLHA
SÓ!
|
44
Jamie Sauerbier em São Paulo
MINHA HISTÓRIA COM A LÍNGUA PORTUGUESA
Por Jamie Sauerbier
No meu último ano do ensino médio, uma nova aluna chegou na minha escola. Meus colegas me disseram apenas que ela era brasileira e que ia começar naquela semana. Este acontecimento, que parecia tão pequeno naquela época, acabou sendo um marco tão importante que mudou minha vida para sempre. Quando entrei na faculdade na Universidade da Geórgia, decidi aprender português, pois minha amiga do ensino médio não falava muito inglês e eu não falava nenhuma palavra de português. Queria muito me comunicar com ela além das palavras e frases simples e assim resolvi fazer a primeira aula de português com Rebeca Coelho. Ao fazer esta aula, me viciei na língua. Adorei tudo que a professora falou sobre a cultura e todas as músicas que ela tocou antes da aula. Sendo assim, queria saber mais sobre o país . Por causa disso, decidi fazer parte do programa Flagship no qual soube em uma feira de intercâmbio da universidade.
Participei nas tutoriais semanalmente com os alunos de Fullbright e a assistente Viviane KlenAlves até que consegui o nível desejado da prova do OPI, e quando eu finalmente cheguei naquele nível estava pronta para embarcar na melhor jornada da minha vida. No dia 9 de fevereiro de 2019 eu me lembro de estar sentada na poltrona do avião sem saber como seria o meu futuro durante o próximo ano. Senti uma mistura de medo, insegurança, entusiasmo, felicidade, saudades e todas as emoções possíveis ao mesmo tempo. Contudo, agora, olhando para trás, eu tive o melhor ano da minha vida e faria tudo de novo sem dúvida: foi a melhor experiência da minha vida. Na primeira fase em São João del-Rei, morei em uma república com mais 5 meninas. Acabei fazendo amizade com todas elas e nós se divertimos muito. Fiz as aulas do Flagship durante a manhã no campus Santo Antônio e de noite tinha as aulas do meu curso no campus Dom Bosco. Também, no meu caso, precisava fazer uma aula de espanhol e fiz em outra faculdade perto, pois a UFSJ não oferece este curso. Esse é um aspecto muito positivo do programa Flagship: o programa possui a habilidade de se adaptar às necessidades dos alunos então nunca senti que eu teria que desviar do meu plano acadêmico por causa do programa. Nas minhas horas de lazer, saía com as meninas da minha república, lia muitos livros em português, andava pela cidade inteira, e gostava de experimentar todas as comidas brasileiras nos restaurantes da cidade. Também, gostava muito dos jogos no Café Abades enquanto tomava café ou fazia lanches. Para meu projeto social, trabalhei em uma fazendo cuidando dos cavalos enquanto que também aprendi sobre ecoturismo e gerenciei as redes socias da fazenda.
OLHA
SÓ!
|
45
"Minha melhor memória do meu tempo em São João del-Rei foi um dia quando almocei no meu restaurante favorito e fiz amizade com as funcionárias e nós ficamos sentada por horas brincando e rindo juntas. Uma outra memória inesquecível que tenho da primeira parte foi quando o programa nos levou para São Paulo junto com a professora Ana Paula para conhecer a cidade e visitar algumas empresas. Me diverti muito nesta viagem". Durante as férias no mês de julho, viajei para vários lugares. Primeiro, comecei minha viagem por Florianópolis. Visitei os alunos que estavam fazendo o programa de verão da UGA e os professores que eu conheci do ano passado quando eu fiz o programa. Depois, peguei um ônibus para Foz do Iguaçu e conheci as cataratas brasileiras e argentinas. De lá, atravessei a fronteira e continuei até Buenos Aires. Em Buenos Aires, joguei pólo, conheci a Casa Rosada, o Cemitério Recoleta e o bairro “La boca”. Depois, peguei um barco até o Uruguai. Em Montevidéu conheci a Praça da Independência, o Mercado Municipal e comi muita carne. Na segunda fase do programa, decidi realizar meu estágio em São Paulo. Trabalhei no setor de Recursos Humanos em uma empresa multinacional de teste, certifiçãoo e inspeção que se chama Bureau Veritas. Durante meu tempo em São Paulo, morei com mais duas meninas brasileiras em um apartamento na Avenida Paulista. Nos finais de semana, viajei para vários lugares, tais como Ilhabela (em São Paulo), Fortaleza (no Ceará) e Cuiabá (no Mato Grosso). Quando eu não estava viajando, saía muito com minhas colegas de quarto e alguns amigos que eu fiz na cidade de São Paulo. Curtia muito fazer compras na Rua 25 de março e no Brás, sair para a Rua Augusta para cantar karaokê e gostava de andar pelo Parque do Ibirapuera ou na Avenida Paulista aos domingos. Também adorava ir para o bairro japonês que se chama Liberdade. Me apaixonei tanto pela presença da cultura japonesa no Brasil que eu realizei meu projeto de pesquisa do Flagship sobre este assunto. Assim, fiz várias reuniões por vídeo com os professores da UFSJ para trabalhar neste projeto e também para treinar para o OPI. Na semana final do ano Capstone, todos nós nos reunimos com o corpo docente da UFSJ e também da UGA em Tiradentes, uma cidade perto de São João del-Rei, para ver como todos nós tínhamos passado nosso tempo no Brasil. Foi muito interessante ver o que meus colegas tinham feito com seu tempo durante a segunda parte do programa e deu uma sensação de estar em casa quando vimos o Dr. Moser e Kathleen Schmaltz da UGA, pois estávamos com muitas saudades deles e também significava que logo nós chegaríamos em casa para ver as nossas famílias. Com um início de simplesmente conhecer uma amiga no ensino médio que não compartilhava a mesma cultura nem o mesmo idioma que eu até o lugar onde estou agora, nunca imaginei que a língua portuguesa e o programa Flagship teria mudado tanto a minha vida e me impactado em uma maneira tão positiva. Cresci, não apenas academicamente mas também pessoalmente durante o meu ano no Brasil. Me encontrei e me conheci melhor durante este tempo e também deixei um pedacinho do meu coração no melhor país do mundo. Uma dica que eu daria para os alunos dos próximos grupos seria aproveitar cada momento porque passa muito, muito rápido. Curta o seu tempo com as pessoas queridas que você vai conhecer ao longo do seu tempo e agradeça aquelas pessoas que trabalham tanto para fazer esse programa tão especial como Lindsey Jamieson e Dr. Orlando Kelm e o resto da equipe Flagship!
OLHA
SÓ!
|
46
TERRA ESTRANGEIRA (1995) Por John Dusty Rovin
John Dusty Rovin é um estudante universitário na UT Austin. Sua área de concentração é Antropologia com concentração menor em Filosofia. Ele passa a maior parte do seu tempo falando bobagens e escrevendo em busca da verdade. Agora ele está fazendo intercâmbio em São João del-Rei.
O filme Terra Estrangeira (1996), de Walter Salles e Daniela Thomas, é um filme sinceramente desconcertante. A trama não deixar de ser misteriosa por um minutinho, e sempre nós vamos pensando, “Nossa, será que isso é o final?” Essencialmente, eu acho o filme uma exploração profunda da saudade, aliás, uma obra de arte que expande o conceito de saudade para as nossas preocupações mais íntimas hoje em dia: amor, casa e trabalho.
Nós vemos essa expansão principalmente através dos três protagonistas: Paco, Alex e Miguel. Primeiro, percebe-se que a atmosfera do filme é misteriosa e confusa. Por muito tempo, Paco não consegue encontrar a pessoa por quem Igor lhe mandou esperar; e Alex fica fora dos planos do Miguel e o Miguel nem sabe do tamanho do tráfico em que ele se mete. Esse aspecto é também refletido na língua visual do filme, como ele é em preto e branco e ainda muito escuro e cheio de sombras sinistras.
OLHA
SÓ!
|
47
Enfim, o mundo do filme é de tal forma que as personagens vão às cegas, não sabendo muito bem dos seus destinos, ou seja, os seus fados. Aqui encontramos uma concordância significativa. O Fado. O Fado é um gênero de música portuguesa, que provoca os franceses a falar durante a cena no bar. O fado é sobre saudade, aquela palavra tão familiar por ser única à língua portuguesa. Nós entendemos a palavra saudade basicamente como um “[s]entimento nostálgico causado pela ausência de algo, de alguém, de um lugar ou pela vontade de reviver experiências, situações ou momentos já passados.” Ou seja, um sentimento causado pela ausência de algo que nós já sentimos. Mas será que a saudade pode ser causada por um profundo desejo? Como a personagem Alex diz, “não depende do lugar. Quanto mais o tempo passa, mais eu me sinto estrangeira.” E no carro ela diz, “Queria tanto voltar para casa.” E Paco pergunta, “Onde é que tá casa?” e ela responde “Boa pergunta. Sei que aqui não é, né?” Nesse mundo de escuridão, não dissemelhante do nosso, as sombras refletem as faltas dentro de nós. Como Alex descreve, nós sentimos a saudade do futuro, do que não existe mas pode satisfazer todos os nossos desejos e necessidades. Na verdade, nós estamos loucos pelo futuro, que promete o mundo inteiro.
E o pior é que estamos sozinhos devido a nossa incapacidade de se comunicar. Mesmo que as personagens falem a mesma língua, portugueses, brasileiros e angolanos brigam com os outros. Portanto a saudade se direciona a tudo na nossa vida, no passado e futuro: o amor que perdemos e encontramos, a casa que deixamos e criamos, o trabalho no qual sofremos tanto e que nos faz sentir que ganhamos pouco. Se esse sentimento é bom ou mau, o filme não decide por nós, ele simplesmente mostrá-no-lo. No fim ambíguo, é claro que somos nós que decidimos por nós mesmos.
OLHA
SÓ!
|
48
SEMPRE RESISTINDO UMA ANÁLISE DO FILME "QUILOMBO" Por lucas clarke
Em muitos aspectos, o mundo lusófono de hoje foi construído do colonialismo e da escravidão. Fisicamente, os prédios e cidades existem quase só por essas forças, e culturalmente, ainda vivemos numa estrutura onde as pessoas continuam desfavorecidas. É muito fácil ter a sensação que, durante esse tempo, nada de verdade foi alterado e que o sistema de hoje é o mesmo que tínhamos. Agora, no Ocidente, o mundo acadêmico estuda essas forças culturais de sexismo, racismo, colonialismo em um tom muito pessimista, onde, para eles, as opções para melhorar o mundo nunca vão se materializar e que o mesmo precisa de uma reforma desde a sua fundação para que coisas melhorem. É aqui onde o filme Quilombo oferece uma imagem para o sistema de hoje ser avaliado, reformado, e por fim, melhorado. Eu vou propor que Quilombo trouxe uma história muito esquecida de resistência bemsucedida e, através dessa perspectiva, grupos podem hoje encontrar estratégias para melhorar as condições para as pessoas.
Quilombo é um filme que te mostra o mundo do Quilombo das Palmares, uma sociedade criada principalmente por escravos fugidos que se uniram para ter uma vida fora da escravidão. Durante o século XVII, o quilombo teve quase 20,000 habitantes, que é uma população suficientemente grande e que poderia ser facilmente uma cidade ou estado pequeno. Chegou ao ponto que, depois de muitos esforços, os portugueses colocaram uma força de milhares para destruir o quilombo. Eles conseguiram e o quilombo foi oficialmente destruído no ano de 1695. Mas, o legado do quilombo sobreviveu, e ainda, o mundo afro-brasileiro no Brasil considera o quilombo uma marca de orgulho e poder para uma população que quase nunca teve oportunidades para se rebelar contra o sistema colonial dos portugueses. Quilombo leva esse orgulho do mundo afro-brasileiro para o mundo lusófono. Carlos Diegues, um diretor brasileiro famoso, criou o filme com a ideia de mostrar “a primeira sociedade democrática que conhecemos no hemisfério Ocidental.” (1) É aqui que o poder desse filme pode ser considerado brilhante.
OLHA
SÓ!
|
49
Com essa história conhecida e respeitada, uma imagem nova de rebelde pode ser acessada hoje. Diegues mostra que o quilombo foi criado principalmente com o valor de igualdade e comunidade. Os escravos fugidos deixavam muitos outros grupos desfavorecidos serem parte da comunidade. Judeus, pobres brancos, e populações perseguidas também faziam parte do quilombo e tinham os mesmos direitos que todos os outros. O filme Quilombo também te mostra o poder de resistir que as pessoas têm. Até o último momento, quando o quilombo está queimando, os habitantes estão lutando pelos seus direitos e pela liberdade. Resistência desse nível quase nunca é visto na história colonial e é uma imagem extremamente poderosa que mostra o que é possível em frente a opressão. São estes valores que dão poder as resistências de hoje. Esse pessimismo acadêmico que estamos vendo hoje, onde o mundo não pode ser mudado por forças individuais e desconectadas, está esquecendo a história do rebelde que precede. Nesses espaços rebeldes, os desfavorecidos podem ver uma realidade onde objetivos de movimentos de hoje estão tentando procurar.
Lucas Clarke é um estudante universitário que cursa Negócios Internacionais e Português na UT Austin. Ele vai passar o ano de 2020 estudando e trabalhando no Brasil. Seu interesse inclui cultura, economia e desenvolvimento de políticas públicas em países em desenvolvimento. Lucas adora filmes e análises dos mesmos e principalmente que a língua portuguesa possibilitou a ele um mundo novo em relação ao cinema internacional.
A questão é, como os movimentos podem encontrar a mesma energia e força que tinham os habitantes de Palmares? Sim, é evidente que os grupos hoje não tem a opção de criar estados novos e lutar contra os militares dos seus países, mas ainda podem orientar movimentos com a ideia de espelhar os valores do quilombo e podem usar filmes como o de Diegues para incentivar movimentos sociais. As ideias apresentadas no filme devem ser replicadas no momento atual – Zumbi aprendendo como decidir o momento onde ele tem que resistir, mesmo que lhe custasse a vida, ou quando Ganga Zumba mostra como, depois de suficiente energia e sucesso, as pessoas podem começar a negociar os seus direitos e buscar um um plano para as suas vidas.
OLHA
SÓ!
|
50
No entanto, as ações do filme não são o que os ativistas devem levar do filme. O filme trouxe, pela primeira vez, uma imagem de um rebelde cheio de sucesso e possibilidade. É essa imagem que o mundo ocidental precisava e continua a precisar. O mundo lusófono está cheio de histórias de brutalidade, falha e opressão.
É uma história colonial inesquecível, mas é uma que precisa de soluções e imagens de liberdade diante da opressão imensa. É aqui onde Quilombo serve bem como modelo de comunicação. Um elemento da literatura e arte lusófona é o foco nas ambiguidades da história colonial – de crescer num mundo onde não está totalmente claro o que é certo ou errado - e quando as coisas são erradas, deve-se lutar de maneira bem-sucedida contra isso. Quilombo foi um esforço para mudar a história popular do colonialismo e trazer uma nova perspectiva à imaginação das pessoas comuns. É aqui onde o filme tem o seu poder e é aqui onde artistas, ativistas e pessoas comuns podem encontrar uma visão nova diante da opressão esmagadora.
1 Canby, Vincent. “THE SCREEN: 'QUILOMBO'.” The New York Times, The New York Times, 28 Mar. 1986, https://www.nytimes.com/1986/03/28/movies/the-screen-quilombo.html. OLHA
SÓ!
|
51
CLÁSSICOS DA LITERATURA BRASILEIRA Por Laís Marinho
Se você se interessa pela cultura brasileira e quer conhecer melhor nossa literatura, esse texto foi feito com carinho para você. É difícil saber por onde começar quando queremos saber mais sobre uma cultura nova: Quem são os autores mais conhecidos? Sobre o que escrevem? Para te ajudar com essas dúvidas, selecionei alguns dos meus clássicos favoritos com uma explicação simples e acessível.
MACHADO DE ASSIS (1839-1908) Considerado por muitos o maior escritor brasileiro, Machado de Assis criticava a sociedade com um senso de humor refinado e riqueza de detalhes. Negro e nascido em família pobre, Machado conseguiu enriquecer e assumir cargos públicos por sua impressionante inteligência e habilidades sociais. O autor é capaz de ler e escrever sobre a natureza humana de forma intensa, lembrando muitas vezes Edgar Allan Poe. Recomendações: Memórias Póstumas de Brás Cubas, O enfermeiro*, O espelho* e Dom Casmurro “Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me.” Trecho de "Dom Casmurro"
OLHA
SÓ!
|
52
CLARICE LISPECTOR (1920 - 1977) Nascida na Ucrânia, Clarice se mudou para o Brasil ainda jovem e se casou, por pressão familiar, com um rico diplomata. Com 2 enorme sensibilidade, Clarice escreve sobre o mundo interior de protagonistas femininas que passam por grandes epifanias, mas estão presas em suas vidas cotidianas em uma sociedade opressora. Algumas de suas obras lembram Silvia Plath. Recomendações: A Hora da Estrela, Laços de Família*, Mineirinho* e Felicidade Clandestina (livro de contos)* Conto Perdoando Deus: “Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho,mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudois so “fosse mesmo” o que eu sentia – e não possivelmente um equívoco de sentimento – que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo.” Trecho de "Felicidade Clandestina" 9 | BOOKISH MAG
Todas as Vidas (poema) “Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d’água e sabão. Rodilha de pano. Trouxa de roupa, pedra de anil. Sua coroa verde de São-caetano.”
CORA CORALINA (1889 - 1985) Cora Coralina, pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães, teve seu primeiro livro publicado com 76 anos de idade. Tendo estudado apenas até a 3ª série, seu amor pela leitura e escrita tornou possível que uma menina de origem tão humilde escrevesse alguns dos versos mais delicados e ternos da literatura brasileira, ricos em cultura popular. Recomendações: Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais*, Vintém de Cobre* Meu Livro de Cordel*, Estórias da Casa Velha da Ponte* OLHA
SÓ!
|
53
DICA FINAL: MANUEL BANDEIRA (1886 - 1968)
2
Grande poeta brasileiro, Bandeira transmite uma intensa melancolia na vida cotidiana. Essa melancolia era característica de seu tempo, mas também estava fortemente presente em sua vida: conviveu com a tuberculose desde jovem e, ironicamente, viveu até os 82 anos - cheio de privações e perdas familiares. Recomendações: A cinza das Libertinagem* e Desencanto*.
horas*,
Desencanto “Eu faço versos como quem chora De desalento. . . de desencanto. . . Fecha o meu livro, se por agora Não tens motivo nenhum de pranto. Meu verso é sangue. Volúpia ardente. .. Tristeza esparsa... remorso vão... Dói-me nas veias. Amargo e quente, Cai, gota a gota, do coração.”
Se você ainda tem dificuldade com a leitura em português, começar com contos e poemas (marcados com asterisco*) pode ser uma boa ideia, já que são mais curtos. Além disso, não há problema algum em ler primeiro a obra em inglês e depois buscá-la em português para tornar sua experiência mais fácil e agradável. Seja como for, espero que você aproveite! Boa leitura!
Lais Cruz trabalha atualmente como assistente de ensino na Universidade da Geórgia através do programa Fulbright. Além de auxiliar o Departamento de Português, é tutora do Flagship program. Possui Bacharelado e Licenciatura em Letras pela Universidade de São Paulo e iniciará um Mestrado em Cultura Lusófona e Hispânica na Universidade da Geórgia no próximo outono. Ela adora intercâmbios culturais e dança. Espera poder continuar compartilhando sua cultura com outros povos.
OLHA
SÓ!
|
54
5
DO
FILMES
CINEMA
VOCÊ
NÃO
CLÁSSICOS
NACIONAL
PODE
QUE
DEIXAR
DE
3 O
PAGADOR
DE
PROMESSAS
(1962)
ASSISTIR
Por Vítor Dassie
Quando se fala em cinema brasileiro, tanto no que se refere aos filmes clássicos, como quando se trata de produções mais recentes, e especialmente quando se pergunta quais são as paisagens mais visitadas e os temas mais abordados, a resposta é rápida: sertão e favela. Inscritos no imaginário popular e nos cânones da cultura tanto como repositórios de uma boa parcela dos conflitos e paradoxos sociais, raciais, de classe e gênero – enfim, dos problemas políticos – no Brasil, quanto como produtores e guardiões seculares de cultura e saberes, sertão e favela vêm povoando as páginas de livros, poemas, peças de teatro, música e muitas outras formas de manifestação cultural. Com o cinema não podia ser de outra forma. É por meio destas duas imagens que, pelo cinema, o Brasil encena tais conflitos, ensaia ações e constróis suas identidades. Na lista a seguir procurei abordar alguns dos filmes mais reconhecidos no Brasil, alguns dos mais premiados dentro e fora do país, mas também alguns dos meus preferidos, sem deixar de ter em mente a proposta do artigo.
O primeiro filme da lista não podia tratar de outro tema. O pagador de promessas (1962), dirigido por Anselmo Duarte, é o único filme brasileiro a ganhar a Palma de Ouro do Festival de Cannes, na França, em 1962. Baseado na peça de teatro homônima do dramaturgo Dias Gomes, conta a história de Zé do Burro (Leonardo Villar), um trabalhador rural que, em companhia de sua esposa Rosa (Glória Menezes), e com o objetivo de agradecer uma graça alcançada, carrega uma cruz desde o interior do sertão baiano até a capital, Salvador. No entanto, ao chegar ao adro da igreja de Santa Bárbara e depois de contar ao pároco local (Dionísio Azevedo) sobre suas intenções, é surpreendido com a negativa do padre. Ele não pode penetrar o interior da igreja com aquela cruz que representa sua crença e sua cultura. O roteiro explora as diferentes religiosidades da cultura brasileira e as contradições e conflitos raciais e religiosos inerentes a ela. Ocorre que Zé do Burro é também praticante de uma religião afro-brasileira e antes de iniciar sua jornada, pediu igualmente a bênção aos orixás por gratidão ao que ele considerou como uma graça divina. Em muitas tradições afrodescendentes no Brasil, os deuses africanos e o deus e os santos católicos são reverenciados em comunhão, como resultado – e como uma forma de resistência, à imposição da fé cristã aos grupos de pessoas levados ao continente americanos na condição de escravos. OLHA
SÓ!
|
55
A disputa entre o fiel e o pároco mobiliza a cidade e por fim o enredo conduz a uma solução trágica, mas conciliatória. Toda a cidade se mobiliza no adro da igreja. Comunidade afrodescendente e representantes do clero tomam suas posições. No desenrolar do conflito, Zé tenta entrar à força na igreja e acaba por fim sendo assassinado. Com o sacrifício do herói, os clérigos se veem forçados a ceder e toda a comunidade termina por ser acolhida no interior igreja. Criticado por muitos por encenar uma catarse final que representa uma conciliação racial inverossímil, embora frequentemente mistificada, O pagador de promessas é ainda assim um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro.
DEUS
E
O
DO
DIABO SOL
NA
TERRA
(1964)
O segundo filme da lista é também um dos mais conhecidos e consagrados a abordar como tema principal o sertão brasileiro. Deus e o diabo na terra do sol (1964) de Glauber Rocha é, além disso, considerado por muitos um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro, tendo sido também indicado para a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1964. Com seus personagens fortes e rebeldes, capazes transformar suas vidas, embora marginalizados e despolitizados, e um destacado viés de consciência e luta política e social, o filme é conhecido por ser um dos representantes do que o diretor chamou de Estética da Fome. A paisagem do Sertão e seus habitantes são apresentados por Glauber Rocha – assim como por seus contemporâneos – como símbolos de identidade nacional. Manuel (Geraldo Del Rey) e sua esposa Rosa (Yoná Magalhães) são arrendatários que criam gado na propriedade do coronel Moraes (Mílton Roda). Levam uma vida difícil no pedaço de terra seca do semiárido nordestino onde vivem, pelo qual ainda têm que pagar uma parcela da receita a Moraes.
Assim, Manuel planeja usar o dinheiro da partilha do gado para propor a compra de um pedaço de terra ao coronel. Alguns animais, no entanto, não resistem ao deserto e morrem durante a viagem até a cidade onde seriam vendidos. Manuel informa que os animais mortos pertencem ao coronel, mas Moraes impõe seu poder e posição social e diz que Manuel não irá receber nada pela venda, alegando que os animais que morreram não eram seus. A lei está a seu favor, diz o coronel. Manuel se revolta contra a lei que favorece o latifundiário deixando-o na miséria e mata Moraes.Em fuga, Manuel e Rosa se juntam a um grupo de religiosos fanáticos e dissidentes da igreja que vagam pelo deserto liderados pelo Beato Sebastião (Lídio Silva) que promete o fim do sofrimento físico por meio do retorno a um catolicismo místico e ritual. Ao mesmo tempo, os latifundiários, em conluio com membros da igreja, contratam o cangaceiro e matador de aluguel Antônio das Mortes (Maurício do Valle) para perseguir e eliminar os seguidores do Beato.
OLHA
SÓ!
|
56
Entre Deus e o Diabo, vagando pelo deserto sob a proteção do grupo de fanáticos, Manuel e Rosa estão agora sujeitos ao discurso ao mesmo tempo místico e político do Beato Sebastião que, se por um lado prega a existência de uma terra mística prometida, de vegetação 3e riqueza abundantes, por outro, diz é preciso mostrar aos donos da terra real que o homem não pode ser escravo do homem. O líder exige que seus seguidores passem por duras penitências a fim de alcançar esta terra mística; penitências que, no entanto, não trazem nenhum tipo de ganho material para eles. Manuel adere ao discurso do Beato, enquanto Rosa se mantém cética. Ele aceita a penitência imposta pelo Beato, ou seja, subir um morro de joelhos carregando uma pedra na cabeça, para alcançar a graça divina; mas dessa vez é Rosa quem se revolta e ao presenciar um ritual onde uma criança é sacrificada, acaba por matar o Beato.
RIO,
ZONA
NORTE
(1957)
Paisagens duras e personagens rebeldes e revolucionários, embora muitas vezes perdidos e sem perspectiva, e uma forte consciência social e política são algumas das características mais marcantes do Cinema Novo. E ao lado do Sertão, o outro cenário mais visitado pelos cineastas dessa época foram as favelas. E quando se fala em clássicos sobre este tema, não se pode deixar de falar sobre Rio, zona norte (1957), de Nelson Pereira dos Santos, diretor que é considerado por muitos como a ponte entre duas gerações. Parte integrante da trilogia inacabada Três Vezes Rio, Rio, zona norte, junto com seu antecessor Rio, 40 graus (1955), foram precursores do movimento que se tornaria famoso nos anos 1960 pela forma como aborda temas como o racismo na sociedade brasileira. Tendo produzido alguns de seus filmes com recursos próprios, em entrevista concedida em 2007, Nelson conta: “escrevi o roteiro do Rio, 40 graus, mas não consegui produção, pois ninguém queria fazer um filme com personagens negros na sua maioria”. Rio, zona norte conta a história do sambista e compositor Espírito da Luz (Grande Otelo) e traça os caminhos de sua tragédia na tentativa de romper as barreiras sociais através de sua arte. A imagem do artista popular se converte em uma representação mítica onde o homem da favela, oprimido historicamente pelas classes mais poderosas do país e marginalizado geográfica e economicamente, busca a redenção através da arte e da mídia. O filme se passa durante as últimas horas de vida do compositor, enquanto ele relembra os episódios de uma vida cheia de sonhos, mas que se veem destruídos pela força das circunstâncias. A representação de um artista popular ingênuo e frágil reforça a visão romantizada do mesmo não apenas no cinema, mas em outras formas de manifestação cultural. OLHA
SÓ!
|
57
BYE
BYE
BRASIL
(1979)
Com a proximidade do fim da ditadura militar e da Guerra Fria, os temas de alguns filmes mudam de uma abordagem simbólica das questões internas brasileiras, para os efeitos que as novas políticas econômicas e o cenário internacional causam na cultura brasileira. No divertido e polêmico Bye bye Brasil (1979), a Caravana Rolidei, um grupo de mambembes que viaja pelo interior do Brasil apresentando suas atrações circenses e observando as transformações pelas quais aquelas comunidades estão passando, é também testemunha da própria decadência diante da proliferação do que Lorde Cigano (José Wilker) chama de “espinhas de peixe”, as antenas de televisão, cujo número aumentava a cada visita nas pequenas cidades por onde a Caravana passava, espantando sua clientela que já não se interessa mais por seus espetáculos tidos como antiquados. Representante de uma longa tradição de road movies latino-americanos, a estrada e o próprio veículo são também testemunhas e falam da forma como a modernidade se instalou de forma controversa e desigual no continente. No filme de Cacá Diegues, a dançarina Salomé (Betty Faria), o mágico Lorde Cigano, chefe do grupo, e o levantador de pesos Andorinha (Príncipe Nabor) atravessam o interior do Brasil, desde o litoral nordeste até as cidades amazônicas, onde se juntam ao grupo o sanfoneiro Ciço (Fábio Jr) e sua esposa Dasdô (Zaira Zambelli). Daí seguem viagem até a Brasília, repetindo o percurso de milhares de brasileiros que saem de suas cidades de origem em direção às grandes capitais em busca de oportunidades. Com trilha sonora brilhante de Chico Buarque, Dominguinhos, Roberto Menescal, o filme é testemunha de seu tempo e reproduz as profundas desigualdades de origem racial.
OLHA
SÓ!
|
58
CENTRAL
DO
BRASIL
(1998)
O último clássico brasileiro da lista é também o mais recente de todos. Muitas vezes criticado por migrar “da estética para a cosmética da fome”, embora seja um grande sucesso de bilheteria, Central do Brasil (1998) foi também responsável por colocar novamente o cinema brasileiro em destaque nos festivais internacionais, o que não acontecia desde os anos 1960. Embora seja fato que o diretor Walter Salles seja conhecido pela consciência das demandas da época pós-moderna e por tratar destes temas em seus documentários e ficções anteriores, o diretor parece tentar uma abordagem mais popular e acessível na sua película de 1998, ainda que sem abandonar totalmente as questões sociais.
Central do Brasil retrata a vida de Dora (Fernanda Montenegro), uma professora aposentada e amargurada que vive de escrever cartas para analfabetos, em geral migrantes que chegam à cidade grande e que vivem longe de seus familiares, na principal estação de trens do Rio de Janeiro, a Central do Brasil. No entanto, depois que recebe o pagamento pelo serviço, ao invés de postar as cartas para seus destinatários, Dora joga todas elas no lixo. Ocorre que uma de suas clientes sofre um acidente e morre, deixando seu filho em uma condição vulnerável. O menino, Josué (Vinicius de Oliveira), procura Dora que reluta em ajudá-lo, mas por fim, os dois partem para o sertão nordestino em uma longa viagem que, ao traçar o caminho inverso dos milhares de brasileiros que migram do Nordeste para as grandes capitais, promove o reencontro de Josué não apenas com seu pai, mas também com suas origens.
Vitor Dassie é estudante de doutorado na UT Austin. Sua linha de pesquisa é estudos culturais e de mídia, especificamente o cinema brasileiro do século XXI. Gosta de estar em contato com as culturas, sons e imagens latino americanos. OLHA
SÓ!
|
59
OVERSEAS PORTUGUESE FLAGSHIP PROGRAM
OLHA
SÓ!
|
61
Experiência com o Programa Flagship de Português: da vivência nos EUA para a vida no Brasil Por Viviane Klen-Alves
I Graduate Teacher Assistant I Universidade da Geórgia
No programa Flagship de Português, nós ajudamos os alunos a conciliar momentos de aprendizado com momentos de imersão. Quando vivem em São João eles têm a oportunidade de morar em uma república grande ou pequena ou em uma casa de família, nessses contextos eles convivem com nativos brasileiros e vivênciam a língua portuguesa todos os dias.
Durante esse convívio os alunos podem aprender mais sobre a língua e a cultura brasileira e também sobre sua própria língua e cultura revendo significados e aprendendo novos conceitos. Nesse processo de enriquecimento linguístico e intercultural, os alunos praticam diferentes situações sociais, desde estudar em um novo ambiente acadêmico como saber cumprimentar diferentes pessoas, pedir algo e comunicar-se em diferentes situações reais da vida cotidiana. Eles praticam resolução de problemas e têm a oportunidade de lidar com diferentes situações usando a língua portuguesa. A vivência que o programa Flagship proporciona aos nossos alunos tem impacto direto na produção linguística e na competência intercultural deles. Essa vivência é uma oportunidade de se colocar em prática o idioma que estão aprendendo e melhorando, de se familiarizar com a cultura brasileira e de refletir sobre ela em relação à própria cultura.
OLHA
SÓ!
|
62
Programa Flagship Português:uma jornada de sucesso Por Danielly Tolentino Universidade Federal de São João del-Rei
Como jornalista por formação (e 13 anos de prática) e hoje focada na área de Relações Internacionais, entrar para a família Flagship Português foi como a realização de um sonho em unir a carreira a um projeto tão incrível que busca não apenas o aprimoramento de um idioma, mas também a formação de líderes globais mais preparados para as multitarefas que o mercado de trabalho tanto exige. Ao escolher aprender português o Programa Flagship é uma grande oportunidade para qualificar o segundo idioma e consolidar o aprendizado. Com os quatro pilares fundamentais: acadêmico, profissional, social e cultural; que são os grandes diferenciais deste projeto o Flagship é um distinguidor que prevê o aprimoramento dos principais critérios competitivos para a preparação de profissionais mais capacitados. Quando fui convidada pela Dra. Liliane Sade, assessora para Assuntos Internacionais da Universidade Federal de São João del-Rei e coordenadora institucional do Programa Flagship, a participar do programa como coordenadora overseas assistente, me senti muito privilegiada por fazer parte de um time diferenciado que atua na área da linguística com perspectivas bem pontuais de alinhamento da língua portuguesa com a gramática, compreensão oral e conversação, cultura mineira, identidade cultural, mídia, projetos sociais e estágio
Pensar em uma experiência acadêmica além do seu país, é ao mesmo tempo entender que você estará fora totalmente da sua zona de conforto, lidando com situações que te exigirão muita força de vontade, domínio próprio, flexibilidade e visão. E é isso que os alunos do Flagship encontram durante os 10 meses que o Capstone Year oferece para eles. Muito mais do que um simples intercâmbio, o programa tem a responsabilidade de envolver o estudante em uma atmosfera proprícia para a criatividade, iniciativa e paixão pelo que faz. Fazer parte deste programa requer uma capacidade interessante para lidar com desafios, e ao mesmo tempo com a satisfação de saber que, vencendo as barreiras que, muitas vezes estão na nossa mente, superar qualquer adversidade e avançar para o aprimoramento. A chegada dos alunos da University of Texas este ano ao programa veio para somar com a University of Georgia e muito agregou que continua a oferecer uma oportunidade sem precedentes para estudantes motivados a internacionalizar sua experiência acadêmica com excelentes perspectivas profissionais.
É um programa arrojado que compreende o ensino de um idioma considerando suas várias nuances, ou seja, é completo em lidar com o discente em suas muitas demandas não só dentro da sala de aula como também fora dela.
OLHA
SÓ!
|
63
Universidade Federal de São João del-Rei
eu nome é Liliane Sade e, atualmente, respondo pelo cargo de Assessora Internacional da Universidade Federal de São João delRei – UFSJ, em Minas Gerais, Brasil. Com relação à minha formação acadêmica, tenho Mestrado e Doutorado em Linguística Aplicada, na linha de pesquisa: Ensino/Aprendizagem de Línguas estrangeiras, pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Sou professora do Departamento de Letras da UFSJ desde o ano de 2006, tendo já atuado como Coordenadora Institucional dos Programas: Ciência sem Fronteiras e Idiomas Sem Fronteiras na instituição. Desde o ano de 2015, passei também a responder pela posição de Coordenadora Institucional do Programa Flagship/Português na UFSJ. O Flagship/Português é um programa de ensino, desenvolvido conjuntamente pela Universidade da Geórgia (UGA), Universidade do Texas em Austin (UT) e Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), como fruto de Acordos de Colaboração firmados entre essas instituições.
Sobre São João del-Rei A cidade de São João del-Rei data do século XVIII e fez parte fundamental do “Ciclo do Outro” no Brasil. Participou ativamente de vários movimentos políticos, entre eles, o movimento da “Inconfidência Mineira” (primeiro movimento separatista no Brasil) e o movimento “Diretas Já”, que culminou com a instauração do Regime Democrático no país, após dez anos de ditadura. São João del-Rei é uma cidade turística, emoldurada por serras e cachoeiras. Pela estrutura de seus casarões e igrejas do século XVIII e por suas pontes de pedra passam a história e a memória cultural do Brasil. OLHA
SÓ!
OLHA
|
SÓ!
64
|
69
Sobre a UFSJ Universidade Federal de São João del-Rei é uma universidade pública e federal, localizada no estado de Minas Gerais, no Brasil. A universidade conta com seis campi, três deles localizados na charmosa cidade histórica de São João del-Rei, e outros três campi, localizados em outras cidades do estado: Ouro Branco, Divinópolis e Sete Lagoas. A UFSJ oferece atualmente 48 programas de graduação e 28 de PósGraduação, nas diversas áreas do conhecimento, atendendo aproximadamente 15.000 alunos brasileiros e contando com um corpo docente e administrativo altamente qualificado de aproximadamente 850 professores e 750 técnicos-administrativos.
Sobre o Programa Overseas Flagship/Português na UFSJ O objetivo geral do Programa Flagship/Português no Brasil é prover ao aluno americano participante ampla oportunidade de aprendizagem e prática do Português do Brasil, através da combinação de atividades de ensino e vivência sociocultural nas práticas da sociedade brasileira aliada a uma formação profissional a ser propiciada através do desenvolvimento de estágios supervisionados em empresas espalhadas por todo o território nacional. Além desse objetivo primeiro, espera-se, ainda, aprofundar as relações com as universidades parceiras americanas e ampliar as oportunidades de mobilidade acadêmica estudantil, docente e administrativa, bem como, de desenvolvimento de novos projetos conjuntos no âmbito do ensino, pesquisa e extensão.
Sobre alegrias e gratificações O que mais amo sobre o Programa Flagship? Difícil dizer já que são muitas coisas que nos gratificam. Uma das principais delas, com certeza é a riqueza das relações humanas e da inter-relação cultural estabelecida. É gratificante saber que esses alunos fizeram parte de nossa história e que nós, com certeza, faremos parte integrante de suas histórias de vida acadêmica, profissional e pessoal. Em virtude de todos os fatos mencionados anteriormente, expressamos nossos sinceros agradecimentos ao NSEP, à UGA e à UT Austin por confiarem à UFSJ a importante responsabilidade de colaborar na formação de tão brilhantes alunos americanos. Essa talvez seja a nossa maior alegria! OLHA
SÓ!
|
65