CEMEI PROF. EDUARDO ROMUALDO DE SOUZA
A escrita do coração
Produzido por Prof. Adalto Paceli
Artesãos das Palavras
"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer." (Graciliano Ramos)
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Colocar o aluno numa situação sociocomunicativa em que ele escreve com um destino social, não só para o professor em sala de aula, e incentivar nossos pequenos escritores foram nossos objetivos quando sugerimos aos professores a elaboração de livros nas escolas. O pensamento que norteia este trabalho pode ser comparado ao trabalho das lavadeiras de Alagoas. Nossos alunos foram envolvidos em um processo de escrita e reescrita de textos, em oficinas de produção de textos. Em 2011, alunos e professores elaboram um livro e editaram. O resultado foi apresentado na Feira do Livro em 2012. Neste ano (2012), o projeto foi a elaboração de um livro digital por escola, cujo resultado será visto em nossa exposição pedagógica. Felizes com as produções que muitas vezes mostram o resgate e a inclusão de alunos que apresentavam grandes dificuldades, temos consciência de que ainda há muito a fazer por nossos alunos. Convidamos você para ler estas linhas de nossos escritores principiantes, pois temos certeza de que essa leitura proporcionará momentos de alegria, prazer, emoções, como toda boa leitura. Parabéns alunos, professores e equipe Gestora pelo belo trabalho realizado!
Simone Abrahão Coordenadora da área de Língua Portuguesa
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DEDICATÓRIA
Dedico este livro a todos os pais que com dedicação e desprendimento conduzem seus filhos para uma vida plena e nos permitem auxiliá-los nesta nobre e intransferível missão.
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PREFÁCIO
ESTE SINGELO LIVRO NASCEU E FRUTIFICOU DENTRO DA SALA DE AULA. SÃO TEXTOS DOS NOSSOS ALUNOS QUE COM UM TOQUE AQUI E ALI REFLETEM O IMAGINÁRIO E O CONHECIMENTO DE CADA UM DELES.
BOA LEITURA!
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Conteúdo Comparação ....................................................................................... 8 A Sobrevivente ................................................................................... 9 Eu te amo ......................................................................................... 10 Versos e Trovas ................................................................................ 12 A Arte de Escrever ............................................................................ 17 Quem Casa Quer Casa ...................................................................... 19 A Superação ..................................................................................... 21 Agora Leio ........................................................................................ 22 Que bom Seria.................................................................................. 23 Autobiografia ................................................................................... 24
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Comparação És tão bela quanto um rubi que se guarda no cofre do coração. És o anjo que cairá pra me salvar dessa perdição. És a flor, que ao primeiro olhar tornou - se a pura flor, única em meu jardim, tão bela quanto todas as flores desse mundo. És tu, a bela dama de minha vida, uma princesa a me olhar! Luís Fernando – 8ª Série.
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A Sobrevivente Oi, meu nome é Daiane, tenho 26 anos, sou nascida em Ribeirão Preto, a minha história é muito triste. Com um ano, eu fiquei em coma porque me deu um problema de saúde, minha mãe e meu pai sofreram muito porque eles pensaram que eu iria morrer. Mas Deus foi muito bom para mim. Hoje eu estou aqui e muito bem, mas fiquei com sequelas. Tive uma infância muito ruim, porque todo mundo ficava me zoando e as minhas irmãs não gostavam disso e brigavam com as outras crianças. Aos dez anos eu pensei que meu sofrimento tinha acabado, mas me deu epilepsia e hoje vivo à base de remédios. Meu pai ficou muito doente, fiquei triste por causa da doença dele, mas eu tenho fé em Deus que ele vai ser curado. Esta é a história da minha vida! 5ª Série- EJA
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Eu te amo Eu amo alguém que nem me nota, que culpa tenho de amar? Amei demais, mas perdi as esperanças quando ouvi da sua boca que eu era uma criança. Isso me fez sofrer e chorar, mas você se esqueceu de um simples detalhe, criança também sabe amar. É duro ter um amor escondido e sofrer por quem não merece, passar por quem se ama e fingir que não conhece. Por isso, ame quem te ama e esqueça quem não te quis. Se o passado voltar, saiba amar e ser feliz. Você passa e me olha, mas nada diz, queria poder ler o seu olhar para entender o que você sente de verdade, mas como, infelizmente, isto não é possível, eu vou tentar entender suas palavras e seus pedidos, só não se arrependa do que você diz se não for o que você está sentindo, porque vou lutar até ouvir da sua boca que você não quer nada comigo e nunca vai
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querer, porque quem ama como eu te amo, não esquece esse amor nunca. Nunca vou te esquecer. Sempre dizem, o que os olhos não veem o coração não sente, infelizmente eu te vi com ela e senti a pior dor desse mundo, a dor de ver quem se ama com outra pessoa. Espero que ela te faça feliz e não o faça sofrer como você está me fazendo sofrer agora. Não diga que eu não lutei, porque eu lutei, ainda luto, a cada dia que passa você me machuca e nem por isso eu desisto, porque quem ama luta, e quem sabe um dia eu venço essa batalha!?
Renatinha 7ª E.J.A
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Versos e Trovas
Não gosto de você mais, Fico pensando em outra. Nos meus sonhos legais, Toda vez fico louco Estou aqui novamente, Mas não quero demorar. Só vou falar novamente Que não gosto de falar. Renan - 6º A
Oi, menino bonitinho, Quero com você casar. Você é meu namoradinho, Comigo sempre vai estar. Raiza – 6º B
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Procurei a todo instante, Não encontrei meu colar Que tinha um diamante Da cor que tem o mar! Helena 6º A
O povo fala que eu Tenho sorte no amor, ué, Fazer o que, né? Se meu Grande amorzinho me quer? Breno – 6º B
Caminhos de bondade, Também feitos de calor, Cheios de felicidade, Mas não tenho você, Amor! Igor Dias – 6º B
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Por mil razões sei te amar, Mas se nenhuma valer Não poderei me queixar, Sem ti não irei viver. Uma rosa posso dar, Uma rosa te darei. Mas prefiro te amar E teus beijos roubarei. Quase morro de saudade De tua voz a me amar. Voz que lembra sua amizade, Que choro só de pensar. Isabella Mazucato – 6º B
Fui para o Rock in Rio, E decidi cantar. Fugi para o Brasil, Para com você me casar. Bruno – 6º A
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No coração da floresta Vivia um leãozinho Que queria ir a uma festa, Mas não queria ir sozinha. Rafaela Buso – 6º A
A amizade que existia entre nós dois morreu, mas do meu amor ela nunca se esqueceu. Renan 6º A
Se o amor matasse muita gente morreria e eu seria a primeira que a morte levaria. Larissa Moura 6º A
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Como são maravilhosos os milagres naturais: rios brilhantes e gigantes, flora e lindos animais. Gustavo Cardoso Ribeiro 6º A
Minha amizade por você sem dúvida é muito bonita, mas se tu me der um beijo vai ficar infinita. Isabela - 6º B
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A arte de escrever! Ler e escrever, não é apenas saber, mas se você quiser... Pode virar uma arte, A arte de escrever. Essa arte pode ser legal, pode ser sensacional, pode ser imaginativa e aumenta o intelectual. Pode ser bom, pois você cria, o mundo de novo, do jeito que você quiser e pode também... dar asas para sua imaginação se soltar e voar... Arte está em todo lugar 17
pode ser escrita, oral, desenhada ou grafitada, mas, sendo arte... é legal... Ler e escrever é a arte do intelectual e todo mundo pode ser, mas precisa primeiro saber... Ler e escrever! Luís Fernando - 8ª Série
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Quem casa, quer casa Celso estava certo sobre Raquel, o grande amor da sua vida, pois sua mãe aquela pessoa que, com o início do seu casamento parecia ser tão boa e amável, agora, com o passar do tempo começou a mostrar do que era capaz. Sua esposa, com o passar de alguns meses começou a se entristecer, sem dizer nada sobre o motivo de seu sofrimento. Celso, sem dizer nada à sua esposa, começou a observá-la com mais freqüência e prestava mais atenção às atitudes de sua mãe. E aconteceu que, ao chegar mais cedo do trabalho, deparou-se com sua mãe e algumas vizinhas em frente ao portão de sua casa, proferindo palavras maldosas referentes ao grande amor de sua vida. Sem dizer nada e sem fazer barulho, ficou ali parado, escondido atrás de um
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arbusto, ouvindo aquelas palavras que muito feriam o seu coração, mas não se deixou abater. Prestando bastante atenção, pôde perceber que sua mãe falava tudo aquilo por ciúmes dele, por ser seu único filho, que agora lhe deixou para viver com uma outra mulher, até o fim de sua vida. Nada comentou para não magoar seus dois amores, no outro dia alugou uma casa e foi morar bem distante de sua mãe, pois assim diz o velho ditado: quem casa, quer casa! Roque Donizeti Alves - E.J.A
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A superação Eu sou o Gabriel Aparecido Sampaio Lima, nasci na cidade de Ribeirão Preto, sou o filho caçula de uma família de um irmão, uma irmã, eu e os meus pais. Nasci prematuro, com 950 gramas. Na minha primeira infância frequentei fisioterapia e fonoaudiologia, aprendi a falar com 4 anos, sou deficiente auditivo, até hoje ainda tenho dificuldades para ouvir e falar corretamente. Entrei na escola com 7 anos de idade no Pré, na escola municipal Eduardo Romualdo de Souza, o Cemei IV, fiquei até a terceira série. Depois fui estudar na E.E. Pedreira de Freitas onde terminei a 4ª série. Parei de estudar porque eu era muito grande na sala de aula, eu tinha vergonha. Trabalho com meu pai até hoje. Resolvi voltar a estudar para aprender, ter melhor educação. Sou feliz, meu sonho é fazer faculdade e quero ser empresário. 5ª Série – EJA
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Agora leio! Eu, Valdinete Mateus Santos, nasci no estado de Alagoas, não tive a oportunidade de estudar quando ainda era criança porque tinha que ajudar meus pais na roça para plantar milho, feijão e mandioca. Tinha que ajudar a colher e pôr para secar e depois bater o feijão para tirar a casca para ficar no ponto para vender. O dinheiro era para comprar a carne, arroz e outras coisas, como, roupas, calçados e o que ia precisando. Este foi o motivo pelo qual não aprendi a ler quando era mais nova. 5ª Série - Eja.
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Que bom seria! Que bom seria se não acabasse um dia a infância de um menino. Pureza nos olhos, coração destemido e pés descalços na rua a brincar contente na chuva a se molhar. Correndo sem rumo e sem pressa de acabar, bolinha de gude, pique-pega e pião de montão. Ainda nos lábios, o sabor de bala, algodão doce e guaraná... Ah, que bom seria se esta infância voltasse um dia, que bom seria...
Wellington José Vieira 5ª Série da EJA
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Autobiografia Eu, José Roberto Pereira, nascido em 05 de abril de 1973, natural de Ribeirão Preto, distrito de Bonfim Paulista, sou de uma família de oito irmãos, muito simples e humilde, eu sou o quinto deles. Minha infância foi muito difícil, pois nós morávamos em um barraco feito de tábua e plástico, não tinha esgoto nem água encanada. Eu trabalho desde meus onze anos de idade, comecei na roça com meu pai. Fomos batalhando até conseguir construir uma casa de tijolo, fiquei feliz e ao mesmo tempo triste, porque nesse mesmo tempo perdi minha mãe que foi morar com Deus. Aos quinze anos fui morar sozinho, nesse tempo, fiz amizade com umas más companhias e quase fui pro caminho errado, mas eu sempre tive e tenho Deus no coração, por isso Ele colocou uma pessoa muito especial na minha vida, que é a
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minha esposa. Ela se chama Alessandra, temos dois filhos maravilhosos, Alan e Daiane. Antes desses dois filhos eu tive um terceiro, Leonardo, que é o mais velho. Minha esposa o tem como se fosse o seu próprio filho. Hoje, com trinta e oito anos, voltei a estudar e estou muito feliz. Fiz novas amizades e pretendo terminar os meus estudos e me formar para eletricista, que é o que eu gosto de fazer. Eu já me sinto realizado, pois minha família é uma bênção de Deus. 5ª Série - EJA
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PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO PREFEITA: DÁRCY VERA
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO MARIA DÉBORA VENDRAMINI DURLO Secretária da Educação
SIMONE ABRAHÃO Coordenadora da área de Língua Portuguesa
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Diretora: Joice Miguel Bittar Rodrigues Assitente de direção: Marli Kátia Chignalia Franco Coordenação: Neide Fantini Produzido por Adalto Paceli
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