No meio do caminho... tinha um Drummond!
1 Ariane Serra Produzido por
“A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro.” PAZ, Octavio.
O Arco e a Lira.
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No meio do caminho... tinha um Drummond!
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Artesãos das Palavras "Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer." (Graciliano Ramos)
Colocar o aluno numa situação sociocomunicativa em que ele escreve com um destino social, não só para o professor em sala de aula, e incentivar nossos pequenos escritores foram nossos objetivos quando sugerimos aos professores a elaboração de livros nas escolas. O pensamento que norteia este trabalho pode ser comparado ao trabalho das lavadeiras de Alagoas. Nossos alunos foram envolvidos em um processo de escrita e reescrita de textos, em oficinas de produção de textos. Em 2011, alunos e professores elaboram um livro e editaram. O resultado foi apresentado na Feira do Livro em 2012. Neste ano (2012), o projeto foi a elaboração de um livro digital por escola, cujo resultado será visto em nossa exposição pedagógica. Felizes com as produções que muitas vezes mostram o resgate e a inclusão de alunos que apresentavam grandes dificuldades, temos consciência de que ainda há muito a fazer por nossos alunos. Convidamos você para ler estas linhas de nossos escritores principiantes, pois temos certeza de que essa leitura proporcionará momentos de alegria, prazer, emoções, como toda boa leitura. Parabéns alunos, professores e equipe gestora pelo belo trabalho realizado!
Simone Abrahão Coordenadora da área de Língua Portuguesa
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Dedicamos este livro a todos os poetas que, atravĂŠs de sua obra, mostraram o quanto o mundo ĂŠ encantado.
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“Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. (...) Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam” A procura da poesia. Carlos Drummond de Andrade
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Sumário Prefácio.........................................................11 Biografia.......................................................14 No meio do caminho.............................................17 Produções dos alunos...........................................20 Para terminar..................................................31 Referências.....................................................32
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Prefácio Poesia é algo que divide opiniões: ou se ama totalmente, ou há total aversão aos versos. Trabalhar poemas com alunos é sempre uma surpresa: aquilo que acreditamos encantador não encanta, aquilo que parece pedra produz em abundância. Carlos Drummond de Andrade tem seus versos em muros, comerciais de televisão, agendas de apaixonadas; falou de guerra, de amor, de paz, de dor, de alegria. Mas foi com a pedra que ele mostrou a força da palavra, aquela que nada parece, mas tudo transmite. Um poema criticado e mil vezes explicado ganha voz e vez nas mãos dos alunos, que trazem para a sua realidade as suas pedras; e quem não as tem? Assim como a poesia, cada vivência é única e desperta, com suas palavras, emoções e reflexões inigualáveis. E que as pedras, que Drummond poetizou, sejam mais do que empecilhos, alicerces para novos horizontes de interpretação. Prof. Ariana Serra 11
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Carlos Drummond de Andrade Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro. Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formouse em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil. O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista 14
melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar. Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo. Em “Sentimento do mundo” (1940), em “José” (1942) e sobretudo em “A rosa do povo” (1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre. Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas. Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa. Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
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No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas t達o fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra.
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O caminho do amor
No meio do caminho tinha um amor Tinha um amor No meio do caminho Nunca me esquecerei desse amor TĂŁo vivo, complicado e cheio de dĂşvidas Que no meio do caminho tinha um amor Tinha um amor no meu caminho.
Greicy Kelly Duarte Antunes
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No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma รกrvore Tinha uma รกrvore no meio do caminho Nunca me esquecerei de quando cai daquela รกrvore tรฃo lisa que tentei subir Tinha uma รกrvore no meio do caminho.
Rafael David da Silva
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No meio do caminho
No meio do caminho tinha um amor tinha um amor no meio do caminho tinha um amor no meio do caminho tinha um amor. 22
Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas t達o fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha um amor tinha uma amor no meio do caminho no meio do caminho tinha um amor. Mirella Andrade dos Santos
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No meio do caminho No meio do caminho tinha Uma pessoa Tinha uma pessoa No meio do caminho Até que me apaixonei é Tão difícil mas superei De ver essa pessoa No meio do caminho Tinha uma pessoa Que sempre lá ela estará Então sempre vai ter Uma pessoa no meio do caminho. Adriele de Souza Garcia
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Um cachorro No meio do caminho tinha um cachorro Tinha um cachorro No meio do caminho Nunca me esquecerei daquele c達ozinho Que olhou para mim de um jeito muito triste Que no caminho tinha um c達ozinho. 26
JosafĂĄ Delfino Carlota No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma cadeira Tinha uma cadeira No meio do caminho Nunca me esquecerei desta cadeira Que me fez me esborrachar no chĂŁo Tinha uma cadeira no meio do caminho.
Rubens Felipe Souza de Jesus
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Um carneirinho
No meio do caminho tinha um carneirinho Tinha um carneirinho No meio do caminho Nunca me esquecerei que ele olhou Para mim e fez bem assim: “me leva pra sua casa� Tinha um carneirinho no meio do caminho. 28
StĂŠphany Cristina Fernandes Castelo
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Para terminar... Poesia Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever. No entanto ele está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira.
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ReferĂŞncias http://www.releituras.com/drummond_bio.asp acesso em 25/06/12 Ă s 19h.
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PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO PREFEITA: DÁRCY VERA
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO MARIA DÉBORA VENDRAMINI DURLO Secretária da Educação
SIMONE ABRAHÃO Coordenadora da área de Língua Portuguesa
EMEF DR. JAIME MONTEIRO DE BARROS Diretora: Cristina R. V. Desagiacomo Assistente de Direção: Erika de C. G. Polon Coordenadora: Denise Farias Bortolieiro
Produzido por Ariane Serra
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