Livro dos avos 1º capítulo

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Livro dos Av贸s

Na casa dos av贸s 茅 sempre domingo?

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Lidia R. Aratangy Leonardo Posternak

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Sumário A que viemos .................................................... ... 9 Amores clandestinos Os avós: uma novidade evolutiva? A nova avó: uma novidade cultural? Quando começa uma avó? Veja onde pisa!

O velho e o novo ................................................ 41 Perdurar Nada de novo sob o Sol? Avó é mãe com açúcar? “Não tenho idade para ser avó!” “No meu tempo...”

Disputa de território .......................................... 75 Choque de culturas O puerpério, terra de ninguém Os irmãos Assuntos privilegiados para a divergência

O ofício de ser avô ........................................... 135 Carta para a minha neta Avô é diferente de avó Dormindo com uma avó

Os direitos dos avós ......................................... 159 A casa da avó, onde é sempre domingo O papo que ninguém quer O direito de dizer não Para que serve a família hoje? Os avós e a arte de cuidar Alguns conselhos e poucas normas

O direito de sair de cena ................................. 205 A palavra do pediatra A Avó Coragem

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Para nossos avós José e Olga, Antônio e Elisa, Samuel e Lídia; Mayer e Meite, mais parecidos conosco a cada dia que passa.

E para nossos netos Yasmin, Yuri, Theo, Nicolas, Martim, Félix, Ian, Yan e Anna Laura; e Luana, por cujos sorrisos um dia seremos lembrados.

Para André Franco, que, aos 19 anos, partiu ao encontro de seus avôs, para retomar conversas inacabadas.

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A que viemos (onde se conta como nasceu este livro, a quem ele se dirige e o que se pretende)

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Este é um livro-avô – “Onde a gente aprende a ser avô?” perguntava o amigo aflito, depois de receber a notícia da primeira gravidez da filha – “Há tantos manuais para ensinar a lidar com os filhos, mas não encontrei nenhum que ensinasse um avô de primeira viagem a enfrentar os netos!” O lamento do amigo calou fundo. Fomos procurar em livrarias e na internet, e constatamos que ele estava certo: não encontramos um único livro em português que orientasse um avô ou uma avó em seus primeiros passos. Encontramos alguma literatura em inglês, um ou outro livro em francês, uns poucos em espanhol. Em português, nada. O que isso significa? Será que o domínio do português nos faz mais sábios? Pensamos em nossas próprias experiências, comparamos a vivência de uma avó com quase 20 anos de prática no exercício da função com os sentimentos de um avô recém-empossado no cargo. Indagamos até onde a experiência de tantos anos de trabalho profissional, como psicoterapeuta (uma) e pediatra (o outro), facilitava (ou atrapalhava) o desempenho de tão honroso papel. Levantamos nossas dúvidas, nossas crenças e ansiedades.

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Este livro é fruto desse processo. Nasceu do desejo de atender o amigo, da satisfação de compartilhar as dúvidas e iluminar as respostas, da alegria, das descobertas. Procuramos encontrar um tom que, sem ser professoral nem autoritário, transmitisse nossa experiência, nossos valores e convicções – e nossas dúvidas. Como pediatra e psicoterapeuta, acreditamos que família precisa de família – e que esta se faz representar por mais de uma geração. O relacionamento dos avós com os netos reflete os vínculos entre os avós e os pais, e entre a avó e o avô. Gostaríamos de colaborar para que o vínculo entre avós e pais seja de ajuda mútua, mais do que de interferência e competição. Isso se faz especialmente necessário e relevante na relação entre a avó e a mãe, sem dúvida o eixo fundamental e crítico dessas relações, fruto das questões vividas e elaboradas pelas mesmas personagens quando eram apenas mãe e filha. Esse vínculo é o que mais luz recebe, tanto das pesquisas e dissertações da ciência quanto das obras de literatura, cinema e teatro. Os avôs, por sua vez, não recebem a menor atenção dos autores: não há livros para eles, as pesquisas sobre eles apenas engatinham, as poucas referências aos avôs se resumem a algumas palavras, sempre marginais aos parágrafos dedicados às avós. Mais do que um esquecimento, esta situação é um

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reflexo da posição que o avô ocupa nesse enredo: de fato, ele não é protagonista. Funciona como coadjuvante, quando não como simples figurante, o mais das vezes obscurecido pela figura majestosa da avó. Cabe lembrar que até recentemente o mesmo acontecia com a figura do pai: nas publicações (acadêmicas ou populares) sobre os cuidados com o bebê e a educação de crianças, o pai figura, quando muito, como uma sombra por trás dos protagonistas. Só recentemente começaram a surgir textos que reconhecem a importância da função paterna e ajudam os pais a encontrar seu lugar. Pois ao escrever este livro, tivemos a maior dificuldade: onde colocar o avô? Quantas das afirmações referentes ao relacionamento com as avós valem também para ele? A certa altura, pensamos até em deixá-lo totalmente de fora – para depois, talvez, escrever um livro só para os avôs. Mas a emenda nos pareceu pior. Ele não se sustenta sem ela: assim como o vínculo entre pai e filhos era mediado pela mãe (em muitos casos, ainda é), a relação entre avô e netos passa necessariamente pela avó. Então, optamos por incluir o avô sempre que a referência o atingisse, ainda que na periferia do assunto, e incluir uma unidade com alguns capítulos especificamente sobre os avôs. Afinal, este livro nasceu da pergunta de um futuro avô...

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Não é fácil dar conselhos quando estamos diante de histórias e trajetórias pessoais e diferenciadas, que precisam de soluções sob medida. Mas, sem perder de vista as peculiaridades de cada história, não fugimos ao compromisso de iluminar com a luz da experiência os possíveis caminhos que conduzem à saída de impasses. A pluralidade de papéis dos autores (pediatra, avô, psicanalista, avó) provocou algumas confusões na elaboração do texto: às vezes a palavra é só do pediatra, às vezes é especificamente da avó ou do avô – e então não caberia o uso do “nós”, só adequado quando falamos de experiências e conhecimentos partilhados. Para contornar a questão, reservamos um espaço para o “olhar do pediatra”, que assim ganha um território próprio, separado do avô. E há em alguns capítulos uma “Carta à Psicóloga”, que é respondida sem o eco do pediatra ou da avó. Ainda assim, pode ser que essa mistura de vozes transpareça no texto, provocando alguma confusão no interlocutor. Não faz mal. Talvez seja um reflexo verdadeiro da sobreposição dos papéis que os autores/avós vivem, como aliás a maioria dos avós. Gostaríamos que este livro funcionasse como um avô, que discute questões e propõe respostas, levanta problemas e indica soluções. Ao apresentar diferentes modelos e

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expectativas da função de avós, alguns dos quais até opostos aos estereótipos idealizados, oferecemos estratégias que propõem reduzir confrontos inúteis e diminuir a dor de confrontos inevitáveis. Tomara este livro funcione, não como um manual de ajuda, mas como um exercício de intimidade e exemplo de diálogo franco e aberto.

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