Onde o esporte se reinventa

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ONDE O ESPORTE SE

REINVENTA Hist贸rias e bastidores dos 40 anos de Placar



ONDE O ESPORTE SE

REINVENTA Hist贸rias e bastidores dos 40 anos de Placar

Bruno Chiarioni M谩rcio Kroehn


© 2010, Primavera Editorial Ltda. TÍTULO Onde o esporte se reinventa: histórias e bastidores dos 40 anos de Placar

© 2010, Bruno Chiarioni e Márcio Kroehn Equipe editoral LOURDES MAGALHÃES E TÂNIA LINS Revisão PRIMAVERA EDITORIAL Capa, projeto gráfico e diagramação DOUGLAS KAWAZU Foto capa RAONI MADDALENA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Chiarioni, Bruno Onde o esporte se reinventa: Histórias e bastidores dos 40 anos de Placar / Bruno Chiarioni; Márcio Kroehn. - São Paulo : Primavera Editorial, 2010. ISBN 978-85-61977-17-7 1. Esportes - História 2. Placar (Revista) 3. Placar (Revista) - História I. Kroehn, Márcio. II. Título. 10-02144

CDD -796.09 Índice para catálogo sistemático: 1. Placar: Revista de esportes : História 796.09

Rua Ferreira de Araújo, 202 - 8º andar 05428-000 – São Paulo – SP Telefone: (55 11) 3034-3925 www.primaveraeditorial.com.br contato@primaveraeditorial.com.br


Às mulheres de minha vida, Letícia e Camila; à Marisa e Elisabeth, saudade das conversas e confidências - pessoas que me ensinaram pequenos gestos e me tornaram um jogador polivalente. A Décio e Marcelo, homens com os quais aprendi a jogar em todas as posições.

Bruno Chiarioni

Aos titulares absolutos do meu coração: Ernesto, Cecília e Alessandra. E ao Ernesto Waldemar, ponta-esquerda, radialista, avô e meu maior torcedor em todas as galáxias.

Márcio Kroehn



Preleção

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Primeiro tempo

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Minha vida esportiva em Placar (Prefácio de Zico)

21 xx

Relatos de uma terça-feira, anos 70

25

Fino trato, textos simples

51

O barbudinho do arquivo

75

Vibrante espetáculo

109

O jogo que deu errado

147

Placar esportivo

193

Tempo regulamentar esgotado

229

Intervalo 269

Segundo tempo 289 Minha vida passa por Placar (Prefácio de Rogério Ceni)

291 xx

Um fantasma na Abril

295

Imagens da Paixão

317

Uma ‘outra’ Placar

339

A Abril não fecha revistas

365

Multi-’Placar’

415


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Preleção


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“Oi. Como é seu nome?” “Valdo” “Parece nome de jogador de futebol. Você joga futebol?” “Jogo. Pelada. Todo brasileiro joga futebol”. (Rubem Fonseca)

Apita o árbitro

Se este texto fosse em espanhol, certamente começaria com uma interrogação. E de ponta-cabeça. Sim, porque a língua espanhola traz a pontuação no início da frase, o que ajuda os profissionais de rádio e televisão, por exemplo, a evitar a terminação cantada, quase infantil, quando não se está preparado para realizar a pergunta na frase. Por que uma revista de esporte, sobretudo de futebol, não dá certo no Brasil? Esta é a pergunta. É ou não é para ficar de ponta-cabeça enquanto se procura uma resposta? Antes de qualquer berro passional, porém, a exclamação é taxativa: Placar é a única publicação no País do Futebol que sobreviveu às intempéries de quatro décadas. Foram altos e baixos no campo esportivo e, principalmente, desa-


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fios políticos e econômicos nesse período. Placar é vitoriosa pelos excelentes e imprescindíveis serviços prestados ao jornalismo e ao esporte brasileiro. Afinal, uma publicação obtém êxito quando se diferencia pela circulação, qualidade editorial e gráfica ou longevidade. Há exceções em todos os casos, como foi a revista Realidade (1966 – 1976), da Editora Abril, que obteve credibilidade em pouco tempo de vida. Em Placar, são todos. Mas essa equação não é linear ao longo do tempo. Existe uma muralha da China particular no segmento de revistas esportivas. Basta analisar a capacidade econômica do futebol e o número de torcedores existentes no país para se chegar ao resultado de que as tiragens desses produtos jornalísticos direcionados ao consumidor de futebol não podem ser inferiores a 1% da população economicamente ativa (PEA) – dados de 2008, cujo total era de 125 milhões de habitantes – ou seja, cerca de 1,25 milhão de exemplares. E, se for considerado apenas o universo masculino, urbano, são 625 mil brasileiros. É essa lógica que movimenta o motor dos empresários quando pensam na criação de um produto voltado para o esporte. O último grande lançamento esportivo, o jornal Lance!, em outubro de 1997, tinha a expectativa de atingir números próximos a 400 mil, de acordo com o jornalista Paulo Vinícius Coelho, mais conhecido pelas iniciais PVC. Ficou próximo a um quarto dessa previsão. Quando a realidade desses números se apresenta, é como tempestade em dia de clássico. Estraga a festa que foi preparada e provoca um mau humor danado. Só há uma explicação para o resultado dessa conta ser menor do que a teoria. O brasileiro gosta de discutir, comentar e opinar sobre o universo da bola. Ele é capaz de contar histórias incríveis, que são levadas de geração para geração. Um sentimento que parece fazer a paixão ser transmitida pelo sangue. Fomos criados pela


cultura oral do futebol, com todos os exageros e invenções do boca a boca. Algo que a genética indígena deve explicar. Assim como os europeus têm suas lendárias batalhas seculares, o futebol é nossa lenda particular. Nosso conhecimento esportivo não é adquirido pela leitura, salvo poucos casos. E a história esportiva do País é coadjuvante do interesse principal pelo time do coração. A imprensa sempre buscou incluir o esporte em suas páginas. Mas os casos são poucos e intermitentes. No final da década de 20, foi criado o suplemento A Gazeta Esportiva, do jornal A Gazeta, que depois se tornou um produto independente em São Paulo, e hoje se resume a uma edição transmitida em formato de portal na internet. O Jornal dos Sports, o cor de rosa, no Rio de Janeiro, fundado em 1930, que até hoje ocupa um espaço na imprensa para o esporte. No campo das revistas, a Manchete Esportiva, publicação que teve espasmos na década de 50, porém de vida curta, tentou renascer após o surgimento da Placar em 70, sem sucesso; a Revista do Esporte, nascida no Rio de Janeiro nos anos 50, perdurou até o início dos 60. Também houve a tentativa do jornal A Gazeta Esportiva lançar A Gazeta Esportiva Ilustrada, que circulou entre 1953 e 1967, uma fórmula que o jornal Lance! repete na revista Lance!A+ aos fins de semana e com a revista mensal Fut!. A partir de 2005, pequenas editoras começaram a apostar em seus produtos, como Trivela, 4-4-2, entre outras, mas sem nenhum destaque relevante. Historicamente, os jornais têm tido mais sucesso. O espasmo do jornalismo esportivo de revista é atribuído à onisciência que o brasileiro julga ter do futebol, o que se reflete nas tiragens aquém das expectativas dos investimentos das empresas de comunicação. Essa, pelo menos, é a explicação dada por muitos jornalistas que trabalham na área. A ponto de existir um raciocínio predominante, quase preguiçoso. Revista de esporte é incapaz de rivalizar com a velocidade da mídia eletrônica, dominante e atraente aos olhos do torcedor. O debate princi-

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pal deveria ser o nível de revista que o leitor exige – e leremos que Placar é duradoura porque soube unir aquilo que o público quer e o que ele precisa.

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Gênesis: o projeto ‘alfa’ e o brilhantismo de Placar Década de 70. Época de efervescência no esporte brasileiro. E na política, com o endurecimento da ditadura militar, causadora do atraso desenvolvimentista do Brasil por 21 anos (1964 – 1985). A Seleção Brasileira já é bicampeã do mundo e está prestes a desembarcar no México com um talentoso time que conquistaria o tricampeonato mundial de futebol. Pelo país afora, respira-se a nacionalização do futebol, que em 1971 veria surgir o legítimo Campeonato Brasileiro. Para a “cultura popular”, é criada uma premiação que, pela aposta no jogo – seja ele da sorte ou do azar – prometia o enriquecimento fácil: a loteria esportiva. Começaria o primeiro tempo de Placar. Com a promessa de se tornar uma publicação esportiva brasileira. A primeira edição chegou às bancas em 20 de março de 1970, às vésperas da Copa do Mundo. Em seu primeiro número, a revista estampa a foto daquele que é considerado o melhor jogador de futebol de todos os tempos: o Rei Pelé. O motivo era óbvio. Pelé vivia um momento ímpar em sua carreira e a revista investia nessa imagem para conquistar o País como um veículo que pretendia ser referência em informação sobre futebol, uma tabelinha que iria continuar nos próximos anos. O Rei Pelé está intrinsecamente ligado a todos os momentos importantes de Placar. Na primeira capa (1970), na transformação editorial para Placar Todos os Esportes (1984), na milésima edição (1989), na primeira revista temática (1990), esta consagrada pelo Prêmio Esso de informação esportiva em 1991, e no fim da edição mensal (1999) para o breve retorno como semanal. Ao todo, são quase 30 aparições do Rei como protagonista. Nesses anos 70, a revista ganhou influência e mercado. E cumpriu com seu objetivo de ser a principal referência informa-


tiva futebolística do País. Com uma equipe de repórteres diferenciados e colaboradores espalhados pelas principais praças do Brasil, a cobertura dos campeonatos Estaduais e Nacional foi um dos pontos de diferenciação nessa primeira década de vida da revista. Com a criação do Campeonato Brasileiro (com esse nome mesmo, em 1971), este passa a ser o foco e sua marca registrada − e também seu melhor período do ano em vendas. Apesar da precariedade da comunicação, Placar levava ao leitor resultados quentes e precisos pelo Tabelão. Esse grande resumo da rodada, que durou quase 30 anos, descrevia a ficha técnica de praticamente todos os jogos do fim de semana pelo Brasil. Era um trabalhão nas noites de domingo e início da madrugada de segunda-feira, com um esquema de atendentes e ligações para todo o país. Esse esforço trouxe tanta credibilidade que a revista, quando chegava às bancas na terça-feira, era alvo das rádios que reproduziam o Tabelão de Placar para bem informar os ouvintes. Ano a ano, o reconhecimento foi fortalecido com os protagonistas do esporte. A criação dos prêmios Bola de Prata e Bola de Ouro são marcantes no currículo daqueles jogadores que alcançaram a regularidade nos jogos do Campeonato Brasileiro. A Bola de Prata forma a seleção do ano no País e a Bola de Ouro premia o melhor entre esses 11, duas premiações que se tornaram eventos com direito à noite de gala e transmissão em tevê aberta, a partir do ano 2000. No ano de 1999, a Chuteira de Ouro nasceu para eternizar o artilheiro do ano, levando em consideração todos os torneios que o jogador participa e balança as redes, inclusive jogos pela Seleção Brasileira. Placar ganhou consistência pelo conteúdo. E aqui estará a história da revista costurada por quem assume a condição de antagonista do espetáculo. Os profissionais de Placar, por mais brilhantes e cuidadosos com a revista, nunca quiseram ser maiores que os protagonistas, ou seja, os esportistas. Chegou a hora de mostrar como o suor dos jogadores foi imortalizado em texto e imagens em Placar.

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Quem acompanhou a trajetória de quatro décadas verá o processo evolutivo da revista. Vai entender, por exemplo, que a revista sempre foi feita por malucos apaixonados pela informação esportiva. Guerreiros que se agarravam à Placar e impediam que a Editora Abril cumprisse com as seguidas ameaças: a revista vai fechar. Esse era o adversário comum a ser driblado – praticamente – todas as semanas. No seu primeiro tempo de vida, que durou até 1990, Placar foi artilheira nas 1.052 edições, inclusive com o gol de placa da máfia da loteria esportiva, o caso Waltergate brasileiro, a reportagem mais comentada por quem viveu esse período. Começado o segundo tempo, uma diferença será notada imediatamente. A revista dessa fase até os dias de hoje não se parece mais com a velha e boa Placar – como os antigos leitores se referem à fase semanal. Sim, é verdade. Mas a velocidade da informação, a chegada de novas mídias, a evolução tecnológica, as mudanças no futebol brasileiro, entre outras, exigiram a adaptação de Placar. E essa conjunção de fatores está refletida nas páginas da revista. Se os primeiros 20 anos de Placar são repletos de grandes histórias, grandes momentos e grandes recordações, suas últimas duas décadas são mais truncadas, cheias de falta e lances dignos de cartão amarelo e vermelho. A edição 1340, de março de 2010, separa pontualmente esses dois períodos: 288 edições, o que dá uma média de 14 edições por ano – fora as edições especiais. É uma amostra que Placar não foi nem semanal, nem mensal. A revista virou Placarzona, quase mudou de mãos, um movimento pouco comum da gestão da Editora Abril, alterou a imagem sem sua marca e passou por diversas crises econômicas. As vendas de Placar nunca possibilitaram dizer que a revista era unanimidade, ou melhor, unanimidade que pudesse passar sem nenhum arranhão pelas crises ao longo do tempo. A econômica, talvez, seja a mais relevante, principalmente nos anos 80, conhecidos como a Década Perdida, com inúmeras


trocas de moeda (cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo...) e desvalorizações provocadas pela inflação descontrolada, sobretudo nos anos próximos a 1990. No final desta década, o endividamento da Editora foi um dos grandes problemas. Hoje, muitas dessas excelências, infelizmente, já não existem. Mas nada de lamentações. E nem pensar que o período cai em desmérito. É preciso reconhecer que o tempo cria e recria. É difícil competir com a informação quente. A explosão eletrônica melhorou nossa vida. Jogos pela tevê; transmissão em tempo real pela internet; conteúdo pelo celular; video game ultramodernos com possibilidade de sermos o ‘jogador da vez’, por meio de um controle remoto. Um leque de opções. De atenções. E a velha e boa leitura viu seu espaço reduzido. Para que competir. Não pense que ela perdeu o brilho tampouco o talento. Placar é sábia. Reconhece o momento. De revista a grife esportiva. Logo, Placar percebeu a importância de se tornar uma marca, que poderia se inserir nessa nova configuração dos meios de comunicação. Na chamada convergência das mídias, se reinventou como revista, acoplou especiais visuais, como o dvd, na sua série de especiais, expandiu sua presença para os estádios, com o camarote para receber convidados, encaixou o dinamismo da internet sob os seus domínios e recriou sua fórmula de semanal com o formato de jornal. A sobrevivência é um prêmio aos que militaram na revista desde 1970 – porque em Placar não se trabalhou apenas. A Placar de hoje está assumidamente multimídia. Assumidamente moderna. E quer ter muito mais tempos pela frente para continuar escrevendo e mostrando histórias. Os dois tempos que começam agora são um jogo em aberto. Aqui está um toque particular de bola sobre a história da revista Placar. Em 40 anos de vida, os personagens que ajudaram a montar este universo esportivo são muitos: jornalistas,

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chefes, diretores, repórteres, assistentes, estagiários, prestadores de serviço... O elenco é grande, e por isso se torna impossível ouvir cada visão particular do que foi esta família chamada Placar. Mas não foi deixado espaço aberto. E certamente ninguém fará gol contra. Quem pagou ingresso, vai ler sobre momentos emocionantes do espetáculo de Placar.

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Primeiro Tempo


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Minha vida esportiva em Placar Prefácio de Zico*

Placar e eu começamos praticamente juntos nossa vida no esporte. A revista em 1970 e eu no ano seguinte, quando vesti a camisa profissional do Flamengo pela primeira vez. Nesse período, aconteceu uma das reportagens mais marcantes, onde toda a minha família foi reunida para a foto. Esta é a única vez em que todos aparecem juntos com a camisa rubro-negra. Naquela época ainda não tinha a exata dimensão da importância da Placar para os leitores e para o meio esportivo. Mas em 1974 descobri qual era a maior contribuição da revista, principalmente para os jogadores: o troféu Bola de Prata. Fui o melhor jogador daquele ano, ainda em início de carreira. Além da Bola de Prata, recebi minha primeira Bola de Ouro. Depois dessa, foram outras oito premiações, entre bola de


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ouro, de prata e artilheiro. Todas elas estão em destaque na minha sala de troféus. A satisfação pessoal é importante, mas esta premiação vai além. Ela é o grande reconhecimento ao jogador brasileiro, depois de todo o esforço de uma temporada com vitórias, derrotas, gols, comemorações. Você trabalha duro e a Bola de Prata gratifica todo esse suor. A grande contribuição de Placar para os jogadores é esse prestígio no final de cada ano. Mas, como na vida de um atleta, existem fases boas e ruins. E tive a minha fase difícil com a Placar. Aconteceu quando a revista publicou a reportagem sobre a Máfia da Loteria Esportiva, que envolvia um grande número de jogadores. Na época, eu era presidente do Sindicato dos Atletas e tomei uma atitude dura contra a revista. Ali eu precisava defender todo mundo. Fiz uma reunião com o diretor de redação, Juca Kfouri, para esclarecer todos os fatos. O importante para nós era a apuração e, principalmente, evitar que aquela denúncia manchasse a nossa imagem profissional. Durante as investigações chegamos a ficar sem falar com a Placar. O positivo no final dessa história toda é que não houve sensacionalismo, cada um estava defendendo o seu lado, e o respeito mútuo provou que a relação continuava a mesma. Era bola para a frente. Tanto não houve nenhum ressentimento que o primeiro artigo que escrevi foi em 1983 para a Placar, quando estava prestes a completar 30 anos, poucos meses depois da denúncia da Máfia da Loteria. E por falar em idade, uma edição curiosa da revista aconteceu comigo e com o Sócrates. Placar destacou um dos melhores maquiadores da Rede Globo, Erick Rzepeck, para nos imaginar com 50 anos de idade. Se eu ficar ao lado dessa foto atualmente, nela pareço que tenho 80 anos. Mas isso mostra a evolução física dos últimos anos, com as pessoas se preocupando muito mais com a saúde do que antigamente. Das três revistas que marcaram época no futebol brasileiro, Revista do Esporte, Manchete Esportiva e Placar, a


única que soube mudar sua dinâmica foi a Placar, que soube se reinventar. As edições semanais passaram a ser mensais e a revista continua viva contando suas histórias. Minha vida está impressa nas páginas da Placar, pois caminhamos sempre juntos. Até hoje.

* Zico, Arthur Antunes Coimbra (03/03/1953), estreou em 1971 na equipe profissional do Flamengo. O Galinho de Quintino está imortalizado na história do clube rubro-negro, onde conquistou todos os títulos possíveis, do estadual ao mundial interclubes. Com a camisa 10, fez 508 gols em 731 jogos. Na década de 1980, jogou na Udinese, da Itália: foi o vice-artilheiro do Campeonato Italiano 1983/84 com 19 gols em 24 jogos. Encerrou a carreira em 1994, no Kashima Antlers, do Japão. Em 40 edições do troféu Bola de Prata de Placar, Zico é o maior vencedor com duas Bolas de Ouro (1974 e 1982), cinco Bolas de Prata (1974, 1975, 1977, 1982 e 1987) e artilheiro (1974 e 1980).


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