CONGRESSO NEWS VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DA LONGEVIDADE HUMANA DO GRUPO LONGEVIDADE SAUDÁVEL VI WORKSHOP DE NUTRIÇÃO BIOQUÍMICA FISIOLÓGICA
I WORKSHOP DE NUTRIGENÔMICA
29 DE OUTUBRO DE 2017
Natureza a favor das mulheres
“P
recisamos copiar a natureza”. Esta foi a principal mensagem deixada por Dr. Jonathan Wright em sua primeira aula no segundo dia do VI Congresso Internacional de Ciências da Longevidade Humana, intitulada Reposição hormonal feminina bioidêntica – O impacto no envelhecimento. De acordo com o médico, o tratamento de mulheres na pós-menopausa deve começar logo após a interrupção dos ciclos menstruais e imitar o cronograma natural dos mecanismos de produção e ação de hormônios. “A reposição via transdérmica, depois de meses ou anos, não funciona mais tão bem, porque a absorção não é muito satisfatória. Mulheres que mudaram para a via transmucosa, da pele para a vulva, tiveram resultados melhores. Abaixo da pele há células adiposas, e sob a mucosa não”, explicou. Dr. Wright também fez críticas à via oral: “O hormônio vai primeiro para o fígado. Não
é natural, porque, no organismo, ele vai antes para o coração”. Segundo ele, o ideal é fazer a terapia de reposição usando níveis baixos de hormônios e suspendendo a administração por alguns dias. O médico ainda indicou a prescrição da oxitocina não só para melhorar a vida sexual das pacientes, mas para estimular a síntese de
massas muscular e óssea na pós-menopausa e prevenir a osteoporose. A segunda apresentação de Dr. Wright reuniu dois assuntos, Perspectivas sobre a saúde feminina e terapia de substituição hormonal bioidêntica e Hormônios e a saúde feminina. Ele falou sobre a importância do estrógeno para restaurar a qualidade da voz e da testosterona para eliminar a síndrome do olho seco em mulheres pós-menopáusicas. “O DHEA intravaginal é um tratamento muito eficiente para disfunção sexual. A secura vaginal reduz em 57% e o orgasmo tem melhora de 75%, mostram pesquisas”, acrescentou. Em relação a substâncias naturais, o médico afirmou que o iodo consegue curar a doença fibrocística da mama e proteger contra o câncer.
Folistatina para os músculos Congresso em crescimento O uso da folistatina para bloquear a miostatina e aumentar o crescimento muscular foi o foco da palestra Hormônios e suplementação nutricional, feita por Dr. Thierry Hertoghe. O médico belga explicou que a miostatina é um bloqueador natural da hipertrofia, necessária para que músculos e ossos tenham tamanho proporcional. Como antagonista dessa substância, a folistatina tem se mostrado útil no combate à distrofia muscular. “Estudos indicam uma recuperação real e muito rápida. A massa corporal também aumenta de duas a três vezes. E pacientes sentiram melhora para caminhar”, disse Hertoghe. O envelhecimento é um dos principais fatores que levam ao aumento dos níveis de miostatina e à queda nos de folistatina.
Um novo momento para o Grupo Longevidade Saudável. Na solenidade de abertura do congresso, Dr. Ítalo Rachid (Cremesp 114612) destacou que o encontro celebra a acreditação concedida pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica. A cerimônia teve a participação do médico Dr. Thierry Hertoghe e do desembargador Jackson Domenico, advogado da Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia (SOBRAF). O médico Dr. Walter Pierpaoli, autor do livro Sinfonia metabólica e hormonal, em coautoria com o Dr. Rachid e que foi lançado ontem no evento, enviou um vídeo com uma mensagem de agradecimento pela parceria com o Grupo Longevidade Saudável. Dr. Rachid ressaltou o crescimento do congresso e anunciou que a edição de 2018 ocorrerá entre 16 e 18 de novembro. Serão esperados 1.500 médicos participantes em 2018.
Defesas fortalecidas com vitamina D
N
a sessão Vitamina D, doenças autoimunes e infecciosas, Dr. Cícero Coimbra (Cremesp 55714) dissertou sobre o potencial terapêutico da vitamina D para patologias autoimunitárias, sobretudo a esclerose múltipla. Já foi demonstrada a redução de lesões ativas da enfermidade quando pacientes tomaram sol. Isso se deve ao metabolismo da vitamina D nas células imunes. “Ela bloqueia a interleucina-17, que faz o sistema imunológico desenvolver comportamento anormal. Também ativa as catalicidinas e as beta-defensinas, protegendo o corpo de infecções, e os linfócitos-T reguladores”, explicou o médico. Segundo Dr. Coimbra, tempos de heliofobia levaram a uma pandemia de deficiência de vitamina D. Poucos minutos de exposição solar bastam para a síntese de 10 mil UI por dia. Ele falou ainda sobre o uso da substância no tratamento da tuberculose, do autismo e da esquizofrenia. As duas últimas já vêm sendo vistas como autoimunitárias pela relação com a interleucina-17.
Hormônios e qualidade de vida
O
envelhecimento masculino cursa com a queda da produção de testosterona, o que impacta a função erétil e pode provocar fadiga, irritabilidade e depressão. Opções terapêuticas para esses problemas foram apresentadas por Dr. Ron Rothenberg na palestra Disfunção sexual masculina. O médico fez uma exposição sobre os medicamentos disponíveis e os efeitos da reposição de testosterona além da libido. “Estudos indicam que o hormônio reduz a mortalidade por todas as causas, pois melhora a qualidade da função cognitiva, da composição corporal e do sistema cardiovascular, além de ajudar na prevenção do câncer”, disse. Segundo Dr. Rothenberg, o estrógeno também pode ser usado: “Assim como mulheres precisam de testosterona, homens precisam de estrogênio”. De acordo com pesquisas, níveis mais altos dos dois hormônios estão associados à melhora da libido e da ereção. Melanotan II e oxitocina são outras substâncias passíveis de prescrição. O óxido nítrico – obtido por meio de alimentos como couve, espinafre, beterraba e rúcula – também trata a disfunção sexual, bem como a asma, a demência, o glaucoma e a osteoporose. “Praticar exercícios e meditação, rir e se hidratar adequadamente são hábitos de vida que incrementam os níveis de oxido nítrico”, disse. Para complementar, o médico fez uma exposição sobre hormônios e o sistema cardiovascular. “Não existe evidência de que a testosterona eleve o risco cardiovascular. Ao contrário: quanto mais baixa a quantidade de testosterona livre, maior a possibilidade de doença coronária”, afirmou. Em mulheres na menopausa, estudos apontam que o uso de estrogênio de equinos e estradiol bioidêntico protege o coração. Melatonina, de forma intravenosa, e vitamina D auxiliam no controle da pressão arterial.
Prêmio Longevidade Saudável para Dr. Cícero Coimbra
A
ntes de proferir a última palestra do segundo dia de congresso, Dr. Cícero Coimbra (Cremesp 55714) foi surpreendido com a notícia de que é o vencedor do Prêmio Longevidade Saudável 2017. Ao fazer o anúncio, Dr. Ítalo Rachid (Cremesp 114612) teceu elogios ao colega e exaltou seus feitos para a divulgação das Ciências da Longevidade no Brasil. O homenageado é autor do Protocolo Coimbra, sobre o uso de vitamina D no controle de doenças autoimunes. “Espero que um dia eu possa merecer essas palavras. Tenha certeza de que eu dou muito valor a esse prêmio”, agradeceu o laureado, aplaudido de pé pela plateia. Dr. Cícero Coimbra é neurologista graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem pós-doutorado pela Universidade de Lund, na Suécia, e atua como professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde dirige o Laboratório de Neuropatologia e Neuropreteção.
CONGRESSO NEWS
29 de outubro de 2017
Reparação de danos para a longevidade
O
envelhecimento é um processo físico, não biológico: o metabolismo gera danos ao organismo, até um ponto em que se atinge um nível intolerável e, então, o corpo adoece. Principal convidado do VI Congresso Internacional de Ciências da Longevidade Humana, Dr. Aubrey De Grey defendeu a abordagem da manutenção – ou seja, da reparação de danos – para que se consiga vencer as consequências do avanço da idade. Ele proferiu a conferência Biotecnologia e uma nova visão do envelhecimento. Nessa linha, vários estudos estão sendo realizados, alguns na área de terapia celular. “A aterosclerose é uma importante causa de morte do mundo ocidental.
Infelizmente, o colesterol é sensível a certas reações químicas e sofre oxidação, tornando-se tóxico. Seria ótimo se os leucócitos pudessem combater isso, mas é algo que não acontece. Já estamos identificando bactérias capazes de degradar o colesterol oxidado. Detectamos os genes desses micro-organismos de tal forma que eles possam ser colocados em células humanas e continuem ativos”, disse De Grey. “Acreditamos que essa é uma forma promissora de tratamento, porque atacamos o dano. Não é caso de interferir no metabolismo e produzir efeitos colaterais, como acontece quando se faz uso de estatinas, nem de submeter o paciente a uma cirurgia para implante de stent”, afirmou.
Em entrevista ao Grupo Longevidade Saudável, o Dr. Aubrey De Grey elogiou o Congresso e disse que as experiências trocadas durante o evento irão contribuir com seu trabalho na SENS Research Foundation. “O corpo é essa máquina extremamente
complexa e sofre todo tipo de dano. Para que possamos desenvolver novos medicamentos com o objetivo de alcançar a reversão desejada com relação aos danos que o envelhecimento causa no corpo e na mente, é necessário pensar de forma bastante ampla e agir em diferentes frentes. Por isso é muito importante ouvir profissionais de vários campos que também estão voltados para a Ciência da longevidade saudável, estamos sempre acrescentando algo ao nosso campo de conhecimento, validando nossos achados e até abrindo nossas pesquisas para novos caminhos”, comentou. A SENS tem um centro de pesquisa na Califórnia e financia estudos em universidades em diversas partes do mundo.
Nutrindo o corpo e a mente
O
Workshop de Nutrição Bioquímica Fisiológica foi um dos pontos altos da programação do VI Congresso Internacional de Ciências da Longevidade Humana, no segundo dia do evento. O primeiro a palestrar foi o Dr. Erick Sloywich (Cremesp 105231) que, sobre o tema Vegetarianismo e Envelhecimento, apresentou estudos que concluíram que um estilo de vida com dieta vegetariana pode estar associado a uma maior longevidade e que é possível comer carboidratos à vontade sem que isso resulte em ganho de peso: desde que com a dieta certa, restringindo gorduras e carnes, por exemplo. “São alimentos com mais volume e menos calorias. A gordura é que atrapalha a absorção do carboidrato, mas se você tira a gordura, o corpo absorve”, explicou. A segunda aula foi sobre Nutrição, inflamação e longevidade com a bióloga Miriam Chaves e teve como foco o estresse oxidativo. “Quando há um desequilíbrio no organismo, o balanço pró e antioxidante é prejudicado, gerando um ciclo lesivo. Com o avançar da idade, há o envelhecimento mitocondrial, com redução funcional, resultando em mais radicais livres e um maquinário energético deficiente. E condições inflamatórias crônica-ativas subclínicas aceleram esse pro-
cesso, quebram o equilíbrio metabólico”, disse. A bióloga ressaltou que há evidências de que são essas inflamações invisíveis que estão associadas às principais causas de morte súbita e doenças neurodegenerativas. Já o Dr. Fernando Cabral (Cremesp 95720) ministrou palestra Hipertrofia e Clínica Médica, nutrição e saúde. O médico explicou sobre como conseguir melhor crescimento das células musculares atingindo a hipertrofia ideal e criticou o uso de anabolizantes. “Os músculos precisam de treino, não
29 de outubro de 2017
CONGRESSO NEWS
“É preciso combinar O Dr. Ítalo Rachid (Cremesp 114612) explanou sobre Conceitos nossos trabalhos. de fisiologia hormonal para nutricioO paciente pode estar nistas. “A produção natural de horna mão do melhor mônios de uma pessoa começa a nutricionista, mas se decair por volta dos 25 anos. Porém, não tiver um trabalho os hábitos da vida atual estão fade reequilíbrio zendo com que essa queda se dê Fisiologia humana cada vez mais cedo, havendo casos hormonal, não vai A educadora física Diana Madureira também destacou a inclusive de deficiências em crianatingir os resultados importância do condicionamento físico em sua aula Aposen- ças. Hormônios são mensageiros desejados. Mas tadoria fisiológica. “Os músculos também necessitam de químicos que controlam a hometambém o melhor tempo para aprender”, ratificou. Para ela, há três fases no ostase. Na modulação, não os utifisiologista, sozinho, treinamento: a primeira, em que você adquire a coordena- lizamos por questões estéticas, mas não vai atingir os ção motora certa para o movimento; a segunda, da força sim para auxiliar os processos naisolada, quando as fibras musculares ainda não estão total- turais de restauro e de reparo do resultados mente sincronizadas na ação; e, por fim, a da força e tama- corpo”, relatou. O médico defendeu adequados. Todos nho, quando se começa a atingir resultados. A professora a multidisciplinaridade para otisomos importantes recomenda, tanto para os mais jovens quanto para os mais mizar o tratamento dos pacientes. nesta orquestra” idosos, os esportes de alto impacto. “São estes que irão “É preciso combinar nossos trabaprovocar a remineralização óssea. Trinta minutos por dia lhos. O paciente pode estar na mão Dr. ítalo Rachid são o suficiente para você chegar de forma mais saudável à do melhor nutricionista, mas se não terceira idade”, indicou. tiver um trabalho de reequilíbrio hormonal, não vai atingir os resultados desejados. Mas também o melhor fisiologista, sozinho, não vai atingir os resultados adequados. Todos somos importantes nesta orquestra”, concluiu. A nutricionista Priscila Machado, coordenadora do workshop, falou sobre Novas diretrizes em nutrição esportiva. “Ao longo da vida, mais de 25 toneladas de alimentos serão processados no trato gastrointestinal. É preciso que o consumo seja consciente e adequado, com planos nutricionais personalizados”, frisou. Ela alertou para as respostas alérgicas tardias e a importância da dieta em rotação, que objetiva evitar a exposição repetitiva Diana Madureira Erick Sloywich Fernando Cabral Miriam Chaves do mesmo antígeno. adianta querer cortar caminho”. Dr. Cabral também falou sobre os efeitos danosos dos contraceptivos para as mulheres. “O anticoncepcional é uma âncora, que puxa para baixo; além de aumentar o risco de trombose e o SHBG”, ressaltou. Para uma boa performance e resultados duradouros, o médico recomendou modulação hormonal, equilíbrio nutricional, exercício físico e diminuição do estresse.
Aminoácidos essenciais Introdutor na nutrição funcional do Brasil e presidente de honra da Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional, o professor Gabriel de Carvalho falou sobre aminoácidos essenciais (AAEs) e suas aplicações clínicas para construção muscular e na prevenção de sarcopenia. Apresentando diversos estudos comprovando que os AAEs são os responsáveis, isoladamente, pela indução do anabolismo muscular, o nutricionista ressaltou que essas moléculas têm capacidade de estimular a síntese muscular mais do que o dobro, em relação a
CONGRESSO NEWS
mesma quantidade de uma proteína de alta qualidade, por exemplo. Ele observou também já foi comprovado que os AAEs, aliados à atividade física, aumentam a síntese proteica. Um estudo mostrou que, após um treino de força, a síntese proteica em jovens de 30 anos de idade se dá entre 1 e 3 horas. Já no idoso, esse pico de ganho de massa muscular ocorre de 3 a 6 horas após o exercício. Para Carvalho, é preciso utilizar favoravelmente essa combinação e “traçar estratégicas para aumentar a massa magra e evitar a sarcopenia”, indica. Publicação oficial do Grupo Longevidade Saudável • www.longevidadesaudavel.com.br Produção gráfica e editorial: SB Comunicação • www.sbcomunicacao.com.br Fotos: Gazeta Views • Edição: Cristina Miguez • Textos: Camilla Muniz e Cristiane Crelier As informações veiculadas nas palestras são de responsabilidade dos palestrantes.