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ano 6 n.10 2018
Na medida
certa
Suplementação de iodo é terapia eficaz e segura para suprir a dificuldade de obter o nutriente pela dieta
Curso Ciências da Longevidade Humana
Evento chega à sua 92ª turma e será realizado entre 25 e 29 de abril, em São Paulo
Os males do stresse oxidativo
Excesso de radicais livres pode causar doenças crônicas como o câncer e o Parkinson
editorial Caros amigos, Apesar do farto conhecimento científico sobre a importância da ingestão de iodo para a saúde – e sobre os muitos problemas causados por sua deficiência –, ainda não há um consenso sobre qual a dose diária ideal do nutriente para o organismo. Estudiosos da tireoide afirmam que a dose máxima para a população em geral deve ser de 1 miligrama/dia. O que parece ser uma discrepância quando comparamos com a ingestão do nutriente no Japão, onde, em algumas regiões, os moradores recebem entre 3 e 14 miligramas de iodo, diariamente, através da dieta. Além de ser um dos países mais longevos do planeta, o Japão apresenta uma das menores taxas de câncer do mundo. A suplementação de iodo é uma terapia segura e eficaz, uma vez que a sua ingestão a partir de fontes como o sal iodado, algas marinhas e alguns frutos do mar, pode não ser suficiente para suprir as necessidades diárias. Diante de sua relevância, abrimos espaço na revista Longevidade em Foco para falar deste tema. Outro assunto importante, nesta edição, é a realização do Curso Ciências da Longevidade Humana, que chega à sua 92ª turma. A próxima edição ocorre entre os dias 25 e 29 de abril, no Bourbon Convention Ibirapuera Hotel, em São Paulo. Desde a sua criação, há mais de 15 anos, o Curso Ciências da Longevidade Humana já formou mais de 6,5 mil médicos de 32 especialidades. Juntos, esses profissionais zelam pela saúde de milhões de brasileiros. Entre os demais temas abordados nas próximas páginas estão: o estresse oxidativo e a inflamação subclínica; os benefícios da dança para idosos; estudos sobre a segurança da terapia com testosterona; a reposição hormonal na menopausa; as vantagens dos exercícios para gestantes; e os segredos da longevidade nos países com maior expectativa de vida. Boa leitura!
Dr. Ítalo Rachid Diretor científico do Grupo Longevidade Saudável (Cremesp 114612)
sumário 06 Exercícios também para os pequenos 09 Os benefícios do cafezinho do dia a dia 10 Fitoceramidas tratam a pele de dentro para fora 12
Brócolis na dieta reduz risco de câncer no fígado
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Biomarcadores para diagnosticar Transtorno Bipolar
16 Olfato varia conforme o ambiente à nossa volta 18 Benefícios em dobro 22 TDAH pode estar ligado a distúrbios do sono 24 Vitamina C para uma pele saudável 26 Você sabe qual é o país mais feliz do mundo? 28 Terapia hormonal na menopausa é eficaz e segura a longo prazo
30 Esquecimentos podem ser benéficos para o cérebro 32 Reposição de testosterona protege a saúde cardíaca 34 Dez porções de frutas e vegetais ao dia para uma vida longa 36 A chave para evitar os pensamentos indesejados 38 Ácido fólico na gestação reduz risco de autismo no bebê 40 Será que aquela dor de cabeça é enxaqueca? 42 Estresse oxidativo e inflamação: saiba como evitar essa dupla
Revista Longevidade em Foco – Publicação oficial do Grupo Longevidade Saudável Produção: SB Comunicação (www.sbcomunicacao.com.br) • Jornalista Responsável: Simone Beja • EditoraS: Silvana Caminiti e Thamyres Dias • fotos: CC0 Creative Commons; dreamstime.com; pixabay.com; freepik.com • DESIGN GRÁFICO: Maurício Santos • CAPA: Juliana Braga • DIAGRAMAÇÃO: Cintia de Sá, Carol Cardinali e Maurício Santos • Impressão: Tecnograf Gráfica e Editora Grupo Longevidade Saudável – Av. José Moraes de Almeida, 783, Coaçu, CEP: 61760-000, Eusébio/CE. Tels.: 0800 0011223 / (55) (85) 3246 2126 Diretor Científico: Dr. Ítalo Rachid • Diretora de Marketing: Polliana Rachid • Diretor Executivo: Carlos Avellar Contato Comercial e Assinaturas: Raquel Dantas – raqueldantas@longevidadesaudavel.com.br • Relacionamento com o cliente e Marketing:
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Segundo estudos científicos, a dança é melhor do que outros exercícios convencionais para reverter o envelhecimento cerebral
44 Dançar para manter o cérebro em forma 47 Mutação genética aumenta a longevidade 48 Curso Ciências da Longevidade Humana 50 Qualidade da relação afeta o desejo sexual das mulheres 52 Terapia celular para o mal de Parkinson 54 FITNESS | Dispositivos eletrônicos para ajudar a malhar 58 Não se esqueça do chocolate! 60 Campeões da longevidade 64 TURISMO | Ushuaia: que tal passar as férias no fim do mundo?
68 CAPA | Iodo: suplementação é terapia segura e eficaz 70 Boas ações para uma saúde melhor 72 Deficiência de ferro pode estar associada à surdez 74 Copilotos no tratamento 78 Saúde bucal: cuidados podem evitar doenças cardiovasculares e câncer 79 ARTIGO | Você sabia que o seu consultório ou a sua clínica podem estar doentes?
80 Bons amigos e aliados da saúde 84 Má alimentação causa uma em cada cinco mortes no mundo 86 Terapia genética para tratar o câncer
Exercícios também para os
pequenos
Manual da Sociedade Brasileira de Pediatria traz diretrizes sobre a prática de atividades físicas na infância e na adolescência
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atividade física deve estar presente em todas as fases da vida, incluindo a primeira infância, período que vai até os 5 anos. Isso mesmo: bebês devem ser estimulados a fazerem “pequenos exercícios”, como engatinhar, alcançar, pegar e segurar objetos. A recomendação faz parte de um guia lançado recentemente pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que também alerta: pelo menos até os 2 anos, os pequenos devem ser mantidos longe de tablets, celulares e TVs. O manual traz várias diretrizes, como tempo mínimo e tipo de atividades recomendados para as diferentes faixas etárias de crianças e adolescentes. O objetivo do documento, dirigido a pais, pediatras e outros profissionais de saúde, educadores e professores de Educação Física, é incentivar o exercício físico diário desde a infância e alertar para os riscos da inatividade.
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De acordo com o guia, os pequenos com idade entre 3 e 5 anos devem se exercitar pelo menos durante 180 minutos diariamente. O período de atividade pode ser fracionado ao longo do dia e as atividades incluem desde dar pulos, correr e rolar, até brincar na piscina, andar de bicicleta ou jogar bola. A partir dessa faixa etária, atividades físicas estruturadas, como natação, dança, prática de lutas ou esportes coletivos, já podem entrar em cena de maneira gradativa. Vale lembrar que é preciso respeitar o horário de descanso da criança e que os pais não devem forçá-la a fazer exercícios por si só. A dica, aqui, é propor algo mais lúdico, ou seja, que envolva o entretenimento, o prazer e a diversão.
Crianças entre 3 e 5 anos devem se exercitar pelo menos durante 180 minutos, diariamente, mas esse tempo pode ser fracionado ao longo do dia
Já a partir dos 6 e até os 19 anos de idade, crianças e adolescentes devem se exercitar pelo menos uma hora por dia com atividades mais intensas, como correr, nadar, pedalar e saltar. Outra opção, segundo o guia, é que, nesta faixa etária, eles façam atividades que tenham, no mínimo, a intensidade de uma caminhada. O ideal é que a atividade trabalhe com o peso do corpo e acelere a respiração e o batimento cardíaco.
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atividades físicas deve vir também dos pais. “Não adianta os pais se sentarem diante da TV com um pacote de batata frita e uma cerveja ou refrigerante e dizerem para a criança que ela não pode fazer seu lanche enquanto joga no computador ou assiste à TV, por exemplo”, comenta.
Inatividade e problemas de saúde Segundo a pediatra Dra. Vania Lucia Machado (Cremerj 384263), não é algo raro ver crianças e adolescentes que passam horas diárias em games no celular ou no computador, ou, ainda, vendo TV. E o resultado, além do peso extra, que ocorre em muitos casos, são problemas como a síndrome do olho seco e a hipertrofia muscular. “Por conta de vários fatores, as crianças não brincam mais em frente de casa ou nas praças. Muitos pais acreditam que é mais seguro que seus filhos fiquem em casa, brincando no computador ou assistindo à televisão. Mas isso leva a uma vida sedentária e a tendência é que as crianças fiquem acima do peso. E uma criança obesa tem predisposição a se tornar um adulto obeso”, lembra. A pediatra afirma que a obesidade pode levar à hipertensão, ao diabetes e a problemas osteoarticulares e respiratórios, entre outros. E o exemplo de uma boa dieta e da prática de
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No caso de crianças maiores, Dra. Vania diz que o ideal é escolher uma modalidade de exercício que desperte seu interesse, sem incentivar na criança a ideia de competição, pois a fase é para gastar energia e também se divertir. “Existem várias atividades que são lúdicas e as crianças adoram. Uma delas é a ioga. Crianças a partir de 3 anos já podem começar a praticar, e muitas academias oferecem aulas específicas para o público infantil, com menor tempo de duração. Além do baixo risco de lesão, as diferentes posturas trabalham o alongamento, a concentração e a flexibilidade, fazendo com que se crie uma consciência corporal. A respiração também é treinada para acompanhar os movimentos”, finaliza.
Os benefícios do cafezinho do dia a dia
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comunidade científica tem se dedicado a pesquisar os potenciais benefícios do consumo de café e chás para a saúde. E, pelo visto, o nosso cafezinho do dia a dia pode trazer muitas vantagens. Um estudo da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que o consumo da bebida está associado a uma menor probabilidade de desenvolver depressão. A pesquisa foi feita por meio da análise de dados de 50 mil voluntárias, durante 10 anos. Outro estudo da mesma universidade associou o consumo do café a um possível aumento nos níveis de adiponectina, hormônio produzido pelo tecido adiposo, que auxilia a insulina na sinalização para o aproveitamento da glicose pelas células. Já pesquisadores do Imperial College, em Londres, dizem que beber café pode levar a um risco menor de morte por doenças dos sistemas circulatório e digestivo. O estudo envolveu 1,5 milhão de pessoas com mais de 35 anos, de dez diferentes países europeus. Os participantes foram monitorados por um tempo médio de 16 anos e o resultado foi publicado no jornal Annals of Internal Medicine, da American College of Physicians.
Chá de ervas e saúde do fígado Pesquisadores da Universidade de Erasmus, na Holanda, chegaram à conclusão de que o consumo frequente de chás reduz o risco de rigidez do fígado, condição associada à cirrose. O trabalho, publicado no Journal of Hepatology, envolveu mais de 2,4 mil participantes acima de 45 anos, que foram submetidos a vários exames, incluindo de fígado e de imagem do abdômen, para rastrear possíveis cicatrizes no fígado. A nutrológa Dra. Maria Fernanda de Castro (Cremesp 59300) diz que as pesquisas reforçam os benefícios do café e do chá de ervas, mas alerta que, no caso do café, o consumo deve ser moderado. “O ideal é, no máximo, três xícaras ao dia. No caso dos chás, cada tipo de planta tem característica própria, que traz diferentes benefícios. E a melhor forma de consumo é a infusão de ervas, para garantir os efeitos de seus componentes”, orienta.
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Fitoceramidas tratam a pele de dentro para fora
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sadas no Japão há décadas e, mais recentemente, em países europeus e nos Estados Unidos, as fitoceramidas são cápsulas ou pílulas contendo ceramidas derivadas de plantas naturais, que conseguem tratar de forma eficaz os níveis celulares mais profundos da pele. O resultado é uma maior hidratação e suavidade, com a diminuição de rugas e outros sinais do tempo. A eficácia deste nutricosmético, que permite tratar a pele de dentro para fora, tem sido pesquisada por meio de estudos clínicos realizados em diferentes instituições. Os resultados, segundo os cientistas, são bastante promissores.
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Mas qual é mesmo o papel da ceramida? Este lipídeo constitui entre 40% e 65% das células do estrato córneo, a camada mais externa da epiderme. Ele é responsável por manter a pele saudável e hidratada, além de ajudar a formar uma importante barreira contra agressores externos. No entanto, conforme envelhecemos, os níveis de ceramidas no organismo caem, deixando a pele menos úmida, menos firme e com menos gordura, o que resulta em desgaste, flacidez, secura e rugas. Por estas razões, a indústria cosmética investiu pesado na criação de cremes para a pele à base da molécula. Mas o problema é que a aplicação tópica não consegue penetrar de forma suficiente nas camadas mais profundas, não bloqueando a formação de rugas e o envelhecimento da pele.
Imitando as ações do organismo Foi, então, que os cientistas desenvolveram as fitoceramidas, que vêm de plantas como a batata doce, o arroz e o trigo. Os lipídeos encontrados no óleo vegetal são praticamente idênticos aos encontrados na membrana da pele, o que lhes permite imitar suas ações no organismo.
“A suplementação oral garante que a molécula seja absorvida pela corrente sanguínea e pelas camadas internas da pele. Assim, é possível efetivamente trabalhar de dentro para fora, para hidratar, suavizar e rejuvenescer a cútis. Outra vantagem é que, ao contrário dos cremes faciais, as fitoceramidas agem em todo o corpo”, explica a dermatologista Dra. Daniella Pimentel (Cremesp 112.165). A médica lembra que o consumo de alguns alimentos, como peixes, ovos, arroz, trigo, espinafre e óleos vegetais ricos em ômega 6, favorece a reposição de ceramidas no organismo. Nem sempre, contudo, conseguimos a quantidade necessária da substância por meio apenas da alimentação. “Por isso, o uso de fitoceramidas vem crescendo em todo o mundo. No Japão, por exemplo, eles usavam, inicialmente, óleos para tratamento tópico, mas agora adotaram a suplementação. Nos Estados Unidos, o uso do nutricosmético tem a aprovação da Food and Drug Administration (FDA). E seus benefícios já foram demonstrados em vários estudos”, diz.
Prevenção de doenças dermatológicas Lipídeos do óleo vegetal são praticamente idênticos aos encontrados na membrana da nossa pele, o que lhes permite imitar suas ações no organismo
O reparo da deficiência de ceramida não é apenas uma questão estética. Os lipídeos epidérmicos, incluindo a ceramida, constituem a maior parte da barreira antimicrobiana – primeira linha de defesa do organismo contra as infecções. Alterações nesta barreira aumentam o risco de doenças de pele, como a dermatite atópica, condição crônica e inflamatória. “Nesta patologia, o defeito da barreira cutânea está associado com baixos níveis de ceramida e maior perda de água transepidérmica”, comenta Dra. Daniella.
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Brócolis na dieta reduz risco de câncer no fígado
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ciência tem documentado, nos últimos anos, os benefícios do brócolis para a saúde, incluindo sua capacidade de combater alguns tipos de câncer, como os de mama, cólon e próstata. Mas um estudo recente mostrou que o vegetal também ajuda a proteger contra o câncer de fígado. Publicada no Journal of Nutrition por cientistas da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, a pesquisa também mostrou a associação entre uma dieta rica em brócolis e um risco menor de Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica, ou DHGNA, causada pelo acúmulo de triglicerídeos no fígado, e que pode levar a fibrose avançada, cirrose e hepatocarcinoma.
Pesquisa americana também associou a dieta rica em brócolis a um risco menor de desenvolver Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica, causada pelo acúmulo de triglicerídeos no fígado
Segundo a Dra. Elizabeth Jeffery, líder do estudo e professora de Nutrição e Farmacologia na Universidade de Illinois, a propriedade anticancerígena é resultado da presença dos compostos sulforafano e indol-3-carbinol, e do elemento químico selênio. “Sabíamos que o brócolis pode proteger contra uma série de diferentes tipos de carcinomas, mas não havia pesquisas sobre o câncer de fígado”, explica. A cientista ressalta que a doença precisava ser estudada especialmente por causa da epidemia de obesidade nos Estados Unidos. “A literatura existente nos mostra que a obesidade aumenta o risco de câncer de fígado e isso é particularmente verdadeiro para os homens, que têm quase cinco vezes maior risco de apresentar a doença se eles são obesos”, comenta Dra. Elizabeth. A pesquisadora lembra, ainda, que estudos anteriores com camundongos já mostravam que o brócolis reduz o acúmulo de gordura no fígado. Portanto, sua equipe resolveu investigar o impacto da ingestão do alimento por camundongos com um carcinógeno causador de câncer de fígado conhecido. Foram estudados quatro grupos de camundongos, sendo que alguns animais estavam em uma dieta rica em gorduras e alto teor de açúcar.
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“Os benefícios nutricionais do vegetal são muitos, e isso é resultado da presença de nutrientes, compostos orgânicos, sais minerais e vitaminas. No brócolis, encontramos quantidades significativas de antioxidantes (que combatem os radicais livres), de vitaminas A, B e C, fibras, folatos, manganês, triptofano e fósforo”, comenta.
Outros benefícios para a saúde Além de proteger contra o câncer, o vegetal traz outros benefícios para a saúde. A nutricionista Priscila Machado (CRN-SP 26984), mestra em Bioquímica Nutricional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembra que o alimento é uma excelente fonte de magnésio, cálcio e vitamina K, que reforçam os ossos e ajudam a prevenir a osteoporose.
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O brócolis também ajuda a melhorar o sistema digestivo, maximiza a absorção de vitaminas e minerais, estimula o sistema imunológico, protege a pele, regula a pressão arterial e melhora a visão e a saúde ocular. Na hora de consumir o vegetal, para melhor aproveitar os nutrientes, o ideal é utilizá-lo cru (em saladas) ou cozido no vapor, e dar preferência para o brócolis cultivado de forma orgânica, sem agrotóxicos e sem fertilizantes químicos.
Biomarcadores para diagnosticar
Transtorno Bipolar
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onhecido por seus sintomas clínicos, o Transtorno Bipolar é, hoje, diagnosticado por meio da avaliação do paciente, com entrevistas feitas em consultórios. Mas uma pesquisa inédita desenvolvida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indica que lipídeos podem ser potenciais biomarcadores para confirmação do diagnóstico da doença. Para chegar a essa conclusão, cientistas da universidade analisaram amostras de sangue de 35 voluntários com o transtorno e de um grupo controle, formado por pessoas saudáveis. A análise das amostras foi feita por meio da espectrometria de massas acoplada à cromatografia líquida. A partir da comparação dos resultados das análises em ambos os grupos, os pesquisadores identificaram que os voluntários com o transtorno apresentavam alterações similares em uma classe de lipídeos chamada glicerofosfolipídeos, principais constituintes lipídicos das membranas biológicas. Os dados obtidos passaram, então, por uma análise estatística multivariada, que determinou quais lipídeos apresentavam modificações que contribuíam para a diferenciação entre os dois grupos – bipolar e controle.
“O estudo das alterações no metabolismo dos pacientes possibilita um melhor entendimento de como a doença age no organismo. Não é uma tarefa fácil, porque não é só uma molécula que está alterada em decorrência do transtorno. Temos que olhar para o metabolismo com um todo e localizar pistas que identifiquem quais estão sendo realmente afetadas”, explica a professora e doutora em Ciências Alessandra Sussulini. Segundo a pesquisadora, que atua no Departamento de Química Analítica do Instituto de Química da Unicamp, futuramente essas informações poderão ser usadas para confirmar um diagnóstico e para orientar o desenvolvimento de opções terapêuticas, indicando em qual rota metabólica os fármacos devem atuar para estabilizar o paciente.
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Olfato
varia conforme o ambiente à nossa volta
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ambiente em que vivemos contribui – e muito – para modular o número de células olfativas capazes de identificar cada cheiro. A descoberta inédita foi feita por um grupo formado por 17 cientistas de quatro laboratórios especializados no estudo da olfação, localizados nos Estados Unidos, na Inglaterra e no Brasil. Segundo os pesquisadores, o funcionamento e a constituição do nariz de alguém exposto a determinado cheiro ao longo da vida são
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diferentes do funcionamento e da constituição do nariz de outra pessoa que cresceu e viveu em outro ambiente, com odores distintos. No estudo, publicado na revista científica eLife, os pesquisadores mostraram que cada indivíduo tem uma combinação muito diferente de possíveis neurônios olfativos, em função da genética. Porém, ao longo da vida, com a experiência de diferentes cheiros, essas combinações de neurônios mudam. Assim, as interferências genética e ambiental dão uma percepção diferenciada do cheiro. “Como consequência, pessoas diferentes, mesmo que geneticamente semelhantes, podem ter capacidades olfativas completamente distintas, o que contribui para a individualidade do sentido do olfato”, diz o professor e neurocientista inglês Dr. Darren Logan, líder da pesquisa. De acordo com ele, isso pode explicar em parte porque um odor é agradável para uma pessoa e ruim para outra. O neurocientista explica que os neurônios olfativos são formados durante toda a vida, e os dados do estudo mostram que a modulação da olfação imposta pelo ambiente leva ao surgimento de mais células, capazes de detectar cheiros aos quais houve maior exposição ao longo do tempo. “O resultado são células para aquele cheiro”, comenta.
Centros envolvidos no estudo O trabalho utilizou camundongos de laboratório como modelo e foi realizado em quatro centros de pesquisas: University of Duke e Monell Chemical Senses Center, nos Estados
Unidos, Wellcome Trust Sanger Institute, na Inglaterra, e Laboratório de Genômica e Expressão do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No Brasil, foram realizados os estudos histológico e molecular detalhados do tecido olfativo dos animais, com o objetivo de verificar como os genes envolvidos no funcionamento da percepção de cheiros estão expressos na cavidade nasal. O biólogo e professor Dr. Fabio Papes, da Unicamp, explica que o tecido olfativo é composto por neurônios sensoriais periféricos, que possuem receptores moleculares que detectam as moléculas dos odores. Segundo ele, ao todo são 1,2 mil tipos de receptores olfativos. “O sistema olfativo é o mais complexo dentre os sistemas sensoriais, do ponto de vista molecular. E é também o mais primitivo evolutivamente, tendo surgido com essa ampla capacidade de detecção porque não se pode prever a que tipos de odores estaremos expostos ao longo da vida. É diferente das informações visuais ou auditivas, que, comparativamente, são muito mais previsíveis”, destaca o biólogo. Durante o experimento, os cientistas compararam animais geneticamente idênticos, mas que cresceram e se desenvolveram em ambientes diferentes. E também animais que cresceram no mesmo ambiente, mas eram geneticamente diferentes. Os órgãos olfativos foram, então, avaliados por uma combinação de técnicas histológicas e moleculares. Ao final, foi possível avaliar as contribuições dos genes e do ambiente na construção do tecido olfativo.
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Benefícios
em dobro Malhação durante a gravidez melhora a saúde da mãe e do bebê, apontam estudos científicos
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ada vez mais pesquisas têm apontado para a importância de manter o corpo ativo durante a gestação – tanto para a saúde da mulher, quanto para a do bebê. Os benefícios são vários, como mostrou recente estudo da Universidade Camilo José Cela, de Madri. Segundo o trabalho, publicado no periódico Jama Pediatrics, fazer exercícios durante a gestação favorece o parto natural, reduz o risco de desenvolver diabetes gestacional e ganhar peso em excesso. O resultado da pesquisa mostrou, ainda, que a prática de atividades físicas reduz o risco de incontinência urinária, de flacidez pélvica e de dor lombar. Além disso, quando a grávida segue uma rotina de exercícios com regularidade, o bebê tem menos chances de nascer macrossômico – quando a criança nasce pesando mais de quatro quilos.
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O pilates, além de melhorar a consciência corporal e fortalecer os músculos, ajuda a prevenir a incontinência urinária, comum no final da gestação Segundo os pesquisadores, que acompanharam duas mil gestantes, as grávidas devem manter um nível moderado de atividade física, ou seja, um ritmo vigoroso, mas sem cansar demais. O ideal, de acordo com o estudo, é combinar exercícios aeróbicos com fortalecedores, que trabalham a musculatura, em sessões de 45 a 65 minutos de duração, entre quatro e cinco vezes por semana. O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (The American College of Obstetricians and Gynecologists) também dá seu aval para a prática de exercícios durante a gestação. Em suas diretrizes, o órgão esclarece que a atividade física na gravidez tem riscos mínimos e demonstrou beneficiar a maioria das mulheres, embora algumas modificações nas rotinas de exercícios possam ser necessárias por causa de alterações anatômicas e fisiológicas normais e dos requisitos do feto. A recomendação é que mulheres com gravidez sem complicações devem ser encorajadas a participar de exercícios aeróbicos e de exercícios de força não só durante, mas após a gestação. Em seu website, o Colégio recomenda um programa de exercícios de intensidade moderada com duração mínima entre 20 e 30 minutos, que deve ser realizado diariamente ou pelo menos na maioria dos dias da semana.
Ioga e pilates A ginecologista e médica do esporte Dra. Silvia Casseb (Cremesp 17775) diz que é importante fazer exercícios que possam fortalecer o assoalho pélvico. A médica destaca que a grávida deve conver-
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sar com seu obstetra antes de começar a se exercitar – especialmente se, antes da gravidez, ela levava uma vida sedentária. E é possível escolher entre várias atividades, como hidroginástica, bicicleta estacionária, natação, caminhada e exercícios em superfícies macias, juntamente com técnicas de relaxamento, como a ioga e o pilates. No caso da ioga, de acordo com especialistas, a atividade pode ser feita até estágios avançados da gestação, entre a 35ª e a 38ª semanas. “É uma atividade que pode trazer muitos benefícios tanto à grávida quanto ao bebê. E, desde que seja orientada por um profissional e tenha o aval do seu obstetra, os riscos são mínimos”, comenta Dra. Silvia, ressaltando que, entre os benefícios da prática, estão a redução do estresse, ansiedade e depressão. Quanto ao pilates, entre as vantagens estão a melhora da consciência corporal e o fortalecimento dos músculos. Além disso, a prática também ajuda a prevenir e a combater a incontinência urinária, que é comum no final da gestação. Este tipo de exercício também aumenta a quantidade de oxigênio que chega até o bebê, ajudando-o a ficar mais calmo e tranquilo. E os exercícios não trazem só benefícios físicos. “Quando a mulher se exercita, o corpo libera endorfinas, que ajudam a melhorar o humor e reduzir o estresse. E isso se estende também ao bebê, uma vez que a substância cai na corrente sanguínea da mãe e, por meio da placenta, chegará até ele”, diz a especialista.
TDAH P
pode estar ligado a distúrbios do sono
roblemas do sono, como a insônia e a apneia obstrutiva, são bastante comuns em crianças e adultos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Até o momento, contudo, as duas condições eram tratadas como problemas distintos. Mas, uma pesquisa apresentada durante o congresso anual do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia, em Paris, pode mudar a forma de encarar essa combinação de problemas de saúde. O estudo parte da tese de que as duas condições são faces de uma mesma moeda – fisiológica e mental. A proposta desafiadora é defendida pela professora da Universidade Livre de Amsterdã Dra. Sandra Kooij. Psiquiatra, pesquisadora e especialista em TDAH em adultos, ela é autora de mais de 100 trabalhos sobre o assunto, incluindo sete livros. Segundo a especialista, cerca de 75% dos pacientes com TDAH apresentam problemas associados à quebra do ritmo circadiano (relógio biológico interno).
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Segundo pesquisa de universidade holandesa, cerca de 75% de crianças e adultos com transtorno de déficit de atenção também apresentam problemas como apneia e insônia
Em seu estudo sobre o tema, a cientista descobriu, ainda, que pessoas com o transtorno apresentam uma significativa demora na liberação do hormônio melatonina, produzido no período noturno e que influencia o ritmo de sono-vigília. “Descobrimos que a liberação da melatonina nos indivíduos com TDAH ocorria uma hora e meia mais tarde, em relação àqueles sem o transtorno”, explica. Os cientistas também perceberam que, geralmente, pacientes com o transtorno conseguem ficar mais atentos durante a noite, o oposto do que, normalmente, ocorre com a população em geral. Para analisar os níveis do hormônio no organismo, alterações do sono e do ritmo circadiano foram realizados testes (como o de saliva, para medir os níveis da melatonina) e exames, como a actigrafia, que é feita por um equipamento semelhante a um relógio que detecta os movimentos do corpo durante o sono e a vigília.
Falta de dopamina Segundo Dra. Sandra, níveis inadequados de dopamina, neurotransmissor que, junto com a melatonina, controla quando dormimos e quando acordamos, estão relacionados a distúrbios do sono como a apneia e a síndrome das pernas inquietas – e ambos estão associados ao TDAH.
“Não estamos dizendo que todos os problemas de TDAH estão relacionados aos padrões de quebra do ritmo circadiano, mas parece cada vez mais provável que este seja um elemento importante”, comenta a pesquisadora. Agora, a equipe de cientistas está trabalhando para confirmar essa relação, buscando biomarcadores, como níveis de vitamina D e de cortisol, glicemia, pressão arterial 24 horas e variabilidade da frequência cardíaca. “Se confirmarmos a conexão, acredito que parte dos casos de TDAH poderão ser tratados sem uso de medicamentos, mas por meio de terapia para corrigir o padrão de sono e vigília, o que inclui a suplementação com melatonina e dopamina”, aponta Dra. Sandra. O TDAH é caracterizado por um grupo de sintomas comportamentais que incluem falta de atenção, hiperatividade, mudanças de humor e impulsividade. Segundo cientistas, fatores biológicos e ambientais são a patogênese do distúrbio, incluindo diminuição do córtex pré-frontal e exposição a toxinas e substâncias químicas. Mas a doença também tem como causa a genética, com forte fator hereditário, e alterações no funcionamento dos neurotransmissores, principalmente a dopamina e noradrenalina.
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beleza e saúde
Vitamina C
para uma pele saudável
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ital para a saúde e o bem-estar, a pele atua como primeira linha de defesa do organismo contra bactérias e vírus, além de ajudar a manter o equilíbrio de líquidos (evitando a perda de água) e a temperatura corporal. Graças às células adiposas encontradas na camada subcutânea, onde se armazenam nutrientes, ela também serve de fonte de alimentação para o organismo. Quando o corpo necessita de tais nutrientes, eles passam, primeiramente, pelos vasos sanguíneos e depois são levados para onde se fazem necessários. Por tudo isso, a saúde cutânea não é só uma questão de estética. E uma forte aliada para manter a pele saudável é a vitamina C. Diversos estudos científicos já mostraram que a vitamina C é um potente antioxidante, com capacidade para neutralizar e remover os radicais livres – tanto aqueles de origem endógena, produzidos pelo organismo, quanto os de origem exógena, originados a partir de fatores externos, como poluição, exposição à radiação ultravioleta, tabagismo e consumo de álcool, entre outros.
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Além disso, como lembra o dermatologista Dr. Carlos Toledo (Cremerj 52761326), a vitamina é essencial para a biossíntese da elastina e do colágeno, proteína que dá resistência e elasticidade à pele. “Sem uma quantidade adequada de vitamina C, a produção de colágeno fica prejudicada, acelerando o processo de envelhecimento da pele”, comenta. Dr. Toledo, que é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), explica que, na forma tópica, a substância ajuda a clarear manchas causadas pela exposição ao sol, acne e sardas. “Os cremes faciais com vitamina C também são excelentes hidratantes”, diz o dermatologista, ressaltando, ainda, que a vitamina aumenta a proliferação e a migração de fibroblastos dérmicos, funções vitais para uma cicatrização eficaz de feridas.
Mantendo a beleza em dia “Durante o curso da vida, a pele está exposta a uma série de desafios que podem afetar sua estrutura, função e aparência. E a vitamina C fornece uma proteção significativa contra essas mudanças e também para a sua regeneração”, resume. O dermatologista lembra que a substância favorece o trabalho dos fibroblastos (células responsáveis pelo tecido conjuntivo), que atuam no crescimento e na reparação do tecido, prevenindo a flacidez.
Além de cremes faciais para uso diário, existem tratamentos estéticos para o rosto à base da substância, como o peeling, que promove o clareamento da pele e contribui para a renovação celular, e a máscara hidroplástica, que ajuda a manter o equilíbrio hídrico e a hidratação cutânea. Para quem quiser se beneficiar de cosméticos com vitamina C, Dr. Toledo recomenda consultar um médico para saber qual concentração da substância é a mais adequada para cada tipo de pele.
Alimentos ricos em vitamina C A vitamina C não é sintetizada no organismo. Por isso, devemos ter no cardápio alimentos ricos nessa substância, como acerola, morango, laranja, kiwi, goiaba, mamão, pimentão, brócolis, abacaxi, couve, acelga, tomate e limão, entre outros. Vale lembrar que para usufruir dos benefícios da vitamina nos alimentos eles devem ser consumidos crus e frescos. Outra opção é a suplementação em forma de cápsulas, indicada, principalmente, para pessoas que não conseguem manter uma alimentação balanceada no seu dia a dia. É importante lembrar que, quando há carência em alguma função no organismo, ele retira a vitamina C primeiramente da pele. Estresses físico e emocional aumentam ainda mais a demanda, potencializando prejuízos para a saúde cutânea.
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Você sabe qual é o país mais feliz do mundo?
Noruega aparece em primeiro lugar na pesquisa de estado da felicidade global da ONU; Brasil fica na 22ª colocação
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á anos liderando o ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), levantamento que mensura o progresso das nações – com base na análise de três pilares principais: expectativa de vida, educação e renda per capita –, a Noruega acaba de ser eleita como o país mais feliz do mundo. Localizada na Escandinávia, a nação aparece no topo da lista World Happiness Report, da Organização das Nações Unidas (ONU). O estudo sobre o estado da felicidade global classifica 155 países pelos níveis de satisfação e é divulgado anualmente. Entre outros indicadores, o relatório observa questões como expectativa de vida saudável, generosidade, exposição da corrupção, liberdade para fazer escolhas e apoio social. Atrás da Noruega, que no ano anterior tinha ficado na quarta colocação, vêm a Dinamarca (2o), a Islândia (3o) – ilha nórdica com apenas 300 mil habitantes –, a Suíça (4o) e a Finlândia (5o). O Brasil, apesar de todos os problemas políticos, econômicos e sociais, conseguiu a 22ª colocação, seis posições abaixo em relação ao relatório do ano passado. Por outro lado, contudo, ficamos à frente de países europeus como a França (31º) e a Espanha (34º), e de vizinhos como a Argentina, que foi a 24ª colocada.
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Quanto à Noruega, vale lembrar que a expectativa média de vida por lá é de 81,6 anos. Além disso, no país praticamente não existe desigualdade entre homens e mulheres. A licença maternidade é de nove meses e, depois desse período, quando a mãe volta ao trabalho, o pai pode tirar licença por quatro meses. O país também combate o consumo de bebidas alcoólicas. Para se ter uma ideia, um copo de cerveja no bar custa em torno de R$ 30. Nos supermercados, a venda de bebidas é suspensa às 20h, nos dias de semana, e às 18h, aos sábados. Aos domingos, a venda é proibida.
Terapia hormonal na menopausa é eficaz e segura a longo prazo
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reposição hormonal em mulheres na pós-menopausa não aumenta o risco de morte prematura. A conclusão é de pesquisadores que, por quase duas décadas, acompanharam mais de 27,4 mil mulheres que haviam participado dos ensaios Women’s Health Initiative – WHI – (Iniciativa de Saúde da Mulher, em livre tradução). Os ensaios, iniciados na década de 1990 para avaliar a reposição de estrogênio e de estrogênio combinado com progesterona, foram interrompidos em 2002, após alguns cientistas
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Resultado do estudo pode acabar de vez com a preocupação que pacientes e médicos ainda possam ter sobre a segurança da terapia de reposição hormonal
anunciarem ter detectado um elevado número de casos de câncer de mama em mulheres que faziam reposição hormonal. No entanto, uma equipe de pesquisadores continuou analisando os dados das participantes, que tinham, em média, 63 anos quando começaram os ensaios. Elas foram acompanhadas até 2014. O resultado da análise foi publicado, recentemente, no jornal da Associação Americana de Medicina. Durante o período de acompanhamento, 7.448 mulheres morreram, sendo que 1.088 óbitos ocorreram durante os ensaios e 6.401 depois que eles terminaram. A taxa de mortalidade do grupo que fez uso de hormônios e do grupo que recebeu placebo foi similar: 27,1% no primeiro caso e 27,6% no segundo. De acordo com a líder do estudo, Dra. JoAnn Manson, médica do Brigham and Women’s Hospital e professora da Harvard Medical School, os resultados também mostraram que os dois grupos registraram números equivalentes para mortes por doenças cardiovasculares (8,9% no grupo em reposição hormonal e 9% no que recebeu placebo) e câncer (8,2% e 9%, respectivamente). Essas informações podem acabar com a preocupação que alguns pacientes e médicos ainda possam ter sobre o uso da terapia.
Benefícios comprovados “Quase duas décadas depois dos ensaios WHI, e mesmo após as classes científica e médica já terem publicado um consenso de que a terapia é eficaz no tratamento e prevenção de doenças, alguns ainda têm dúvidas. Mas este novo estudo comprova que não há riscos a longo prazo”, diz a professora Dra. Melissa McNeil, da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia (EUA).
A médica, que atua no Magee-Womens Hospital, lembra que, nos últimos anos, pesquisas já vêm mostrando que a reposição é eficaz na prevenção da osteoporose e das fraturas em mulheres acima de 60 anos. “Além disso, estudos randomizados mostram que doses padrões de estrogênio sozinho podem diminuir o risco de doenças coronarianas e demais causas de mortalidade em mulheres com menos de 60 anos e nos dez primeiros anos da menopausa”, diz. Já a Dra. Garnet Anderson, integrante tanto da equipe que continuou acompanhando as mulheres quanto dos ensaios originais, diz que o resultado é muito claro quanto à segurança da reposição hormonal para os sintomas da menopausa. “Ao longo do tempo, houve muitas discussões sobre o tema. E agora, anos depois e com muito mais dados, podemos afirmar que não observamos diferença na mortalidade por todas as causas”, comenta.
Hormônios homólogos humanos O diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, Dr. Ítalo Rachid (Cremesp 114612), diz que o novo estudo reforça a eficácia e a segurança da terapia, mas aponta que recomendar o uso de hormônio não humano para o tratamento dos sintomas da menopausa é um erro. Ele lembra, ainda, que o recomendado é a terapia com o hormônio homólogo humano, que tem a estrutura molecular igual à dos hormônios endógenos, ou seja, aqueles produzidos pelo organismo. “A reposição com hormônio homólogo é uma forma terapêutica clinicamente superior e eficaz. Permite resultados clínicos mais rápidos e maior segurança, ou seja, oferece um resultado melhor para a paciente”, afirma.
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Esquecimentos podem ser benéficos para o cérebro
Pesquisa mostra que a troca de memórias antigas por novas ajuda, por exemplo, na adaptação a novas situações
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e você é uma daquelas pessoas que não conseguem se lembrar de cabeça qual time venceu o Campeonato Brasileiro de 1975 ou qual filme levou o Oscar de melhor filme em 1980, não se preocupe. Segundo um novo estudo, publicado na revista científica Neuron por pesquisadores canadenses, esquecer informações irrelevantes é bom para a memória. De acordo com os cientistas, a função da memória não é lembrar de forma precisa de fatos ao longo do tempo. Mas, sim, otimizar a tomada de decisões inteligentes. Para isso, o cérebro precisa descartar as informações irrelevantes para se concentrar em outras mais estratégicas. Para chegar a tal conclusão, os pesquisadores do Departamento de Células e Sistemas Biológicos da Universidade de Toronto fizeram uma revisão de diversas pesquisas sobre a perda de memória e a atividade cerebral. O líder do estudo, professor Dr. Blake Richards, explica que as memórias não se formam no vácuo. Quando aprendemos algo novo, esta informação é, necessariamente, incorporada aos mesmos circuitos que armazenam nossas memórias antigas. O modo como esse processo ocorre, porém, depende da relação entre a nova informação e os padrões estatísticos contidos nas memórias anteriores. Quando o novo conteúdo está em conflito com os padrões precedentes, o córtex pré-frontal medial desempenha um papel importante para ajudar a modificar os traços de memória existentes. De acordo com o neurocientista, uma das razões para explicar porquê o cérebro gasta energia para descartar dados antigos – depois de também consumir reservas para armazená-los – é a necessidade de eliminar informações ultrapassadas. “Se você está tentando navegar pelo mundo e seu cérebro está, constantemente, carregando múltiplas memórias conflitantes, isso tornará mais difícil tomar uma decisão informada, de forma consciente”, exemplifica. Dr. Richards aponta, ainda, que a troca constante de memórias antigas por novas pode ter benefícios evolutivos reais. Como, por exemplo, nos ajudar na adaptação a novas situações, deixando de lado informações desatualizadas e potencialmente enganosas.
Perda “proposital” de memória Segundo o professor Dr. Paul Frankland, que também participou do estudo, a Neurobiologia tem concentrado suas pesquisas nos mecanismos celulares envolvidos no armazenamento de informações pelo cérebro, conhecido como persistência. Mas menos atenção tem sido dada ao mecanismo responsável pelo esquecimento, conhecido como transitoriedade. “Muitas vezes, presume-se que a incapacidade de lembrar algo se resume a uma falha no armazenamento ou na recuperação de informações. Mas encontramos muitas evidências de que existem mecanismos que promovem a perda de memória e são totalmente distintos daqueles envolvidos no armazenamento de informações”, diz Dr. Frankland. Então, o que isso significa para aqueles que, com frequência, esquecem, por exemplo, onde colocaram as chaves? A resposta do Dr. Richards é esta: você não pode esquecer tudo, e se você está tendo problemas para se lembrar mais do que o normal, isso pode ser motivo de preocupação. “Porém, se você esquece detalhes ocasionais, principalmente de fatos passados, provavelmente é um sinal de que seu sistema de memória está perfeitamente saudável e fazendo exatamente o que deveria estar fazendo”, conclui. E para lembrar, quem sagrou-se campeão brasileiro em 1975 foi o Internacional de Porto Alegre, que venceu o jogo final contra o Cruzeiro. E o Oscar de melhor filme em 1980 foi para Kramer vs. Kramer, com o ator Dustin Hoffman e a atriz Meryl Streep no elenco.
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Reposição de testosterona protege a saúde cardíaca
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omens com hipogonadismo submetidos à terapia de reposição com testosterona podem ter um risco 33% menor de sofrerem doenças cardiovasculares. A conclusão é de pesquisadores norte-americanos que, durante cerca de quatro anos, acompanharam mais de 44 mil homens com deficiência androgênica. Do total de voluntários, 8.808 foram tratados com a reposição hormonal. O grupo era formado por homens com idade média de 58,4 anos, sendo que 1,4% deles tinham histórico de eventos cardiovasculares anteriores. Já os demais 35.527 voluntários, que tinham em média 59,8 anos – sendo que 2% já haviam apresentado eventos cardiovasculares –, não receberam testosterona. Durante a pesquisa, 8,2% daqueles que faziam parte do grupo com a reposição apresentaram um novo evento cardiovascular. Mas, entre aqueles que não recebiam testosterona, a taxa de novos eventos foi de 10,2%. Os resultados do trabalho foram publicados no JAMA Internal Medicine. “Nosso estudo mostrou que o uso da testosterona melhorou o vigor e a vitalidade dos pacientes, mas não encontrou nenhuma indicação de um risco aumentado de
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doenças cardiovasculares”, diz o doutor em Farmácia Craig Cheetham, líder da pesquisa. Segundo o cientista, a esperança é que essas descobertas ajudem a aliviar as preocupações que pacientes com deficiência de testosterona e seus médicos possam ter em relação à terapia de reposição hormonal. “Sabemos que a terapia é benéfica de várias formas. Ajuda a combater a anemia e também a melhorar a densidade e força óssea em homens com hipogonadismo, por exemplo. Mas nosso estudo teve como objetivo avaliar a questão do aumento do risco de doenças cardiovasculares”, explica Dr. Cheetham. Para o doutor em Urologia e especialista em saúde sexual e reprodutiva Dr. Abraham Morgentaler, o novo estudo reforça o que inúmeras pesquisas já demonstraram anteriormente: a andropausa é uma condição clínica e a reposição de testosterona é uma terapêutica segura e eficaz.
Melhor qualidade de vida O especialista, uma das maiores autoridades internacionais em pesquisas sobre reposição de hormônios masculinos, lembra que a literatura científica é farta em trabalhos que mostram que a terapia está associada a diversos benefícios para a saúde masculina, como o aumento da massa corporal magra, a redução da gordura na cintura, a melhora no controle glicêmico e a redução da obesidade, entre outros. “A terapia com testosterona melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes, sem desencadear as complicações, como o aumento do risco de câncer de próstata, que fizeram desse tratamento um tabu por décadas”, diz. Dr. Morgentaler participou, em outubro passado, do Encontro Científico da Sociedade de Medicina Sexual da América do Norte (SMSNA, na sigla em inglês), realizado em San Antonio, no Texas. Na ocasião, ele apresentou um pequeno estudo piloto sobre o uso de testosterona em homens com câncer de próstata avançado ou metastático. O trabalho envolveu sete pacientes, com idades entre 54 a 94 anos, que receberam o
hormônio por um período de 11 anos (entre 2005 e 2016). Durante a pesquisa, os voluntários apresentaram melhoras na vitalidade, bem-estar geral, força e na função e desejo sexual. Nenhum deles teve progressão precipitada ou complicação em relação ao câncer. “O que não vimos é talvez o que é mais importante: não houve metástase na coluna vertebral, compressão da medula espinhal ou morte aguda. Pelo contrário, esses homens expressaram gratidão pela oportunidade de viver uma vida mais satisfatória e plena”, explica o especialista.
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Dez porçþes de frutas e vegetais ao dia para uma vida longa Pesquisa aponta que consumir, diariamente, 800 gramas de frutas, legumes e verduras pode reduzir em 13% o risco de câncer
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alimentação nutricionalmente adequada exerce papel fundamental na longevidade e na saúde. Diversos estudos já mostraram a importância da dieta equilibrada, mas um trabalho recente, feito por pesquisadores do Imperial College London, na Inglaterra, mostrou que consumir dez porções (ou 800 gramas) de frutas, verduras e legumes por dia pode ajudar a prevenir 7,8 milhões de mortes prematuras por ano em todo o mundo. Segundo os cientistas, criar esta rotina alimentar pode evitar mortes por ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) e câncer, entre outras doenças. Para chegarem a esta conclusão, os pesquisadores fizeram uma metanálise de resultados de 95 estudos anteriores, envolvendo os hábitos alimentares de dois milhões de pessoas de diferentes países. Eles também avaliaram 43 mil casos de doenças cardíacas, 47 mil casos de AVC, 81 mil registros de doença cardiovascular, 112 mil de câncer e 94 mil mortes por outros motivos. A pesquisa foi publicada, recentemente, no periódico International Journal of Epidemiology, e mostra também quais frutas e vegetais proporcionam maior proteção contra diferentes patologias. No caso das doenças cardíacas e cardiovasculares e do AVC, os alimentos que oferecem maior proteção são maçãs, peras, frutas cítricas, vegetais de folhas verdes, como espinafre, alface e chicória (em salada ou cozidos), e vegetais crucíferos, como brócolis, repolho e couve-flor. Contra o câncer, os campeões são os vegetais, principalmente os de cor verde escura, os amarelos (como pimentões e cenouras) e os já citados cruciferantes. O professor Dr. Dagfinn Aune, um dos autores do estudo, diz que as pessoas que comeram dez porções de frutas e vegetais por dia apresentaram quase um terço a menos de risco de morte em relação àquelas que não tinham na dieta praticamente nenhuma fruta ou vegetal durante o curso dos estudos. Os participantes foram acompanhados entre três e 30 anos. “Diferentes frutas e vegetais ajudam a controlar a pressão arterial e a aumentar a saúde dos vasos sanguíneos e do sistema imunológico, graças à complexa rede de nutrientes que eles possuem. Alguns, por exemplo, contêm muitos antioxidan-
tes, que podem reduzir o dano do DNA e levar a uma redução no risco de câncer”, explica Dr. Aune, que é pesquisador do Departamento de Epidemiologia e Bioestatísticas da Escola Pública de Saúde do Imperial College London e professor da Universidade de Oslo, na Noruega. O pesquisador lembra que consumir, diariamente, porções menores de frutas e vegetais também é benéfico para a saúde, porém, aumentar a quantidade diária ingerida aumenta o fator de proteção contra as doenças. Assim, 200 gramas reduzem o risco de doença cardiovascular em 13%, enquanto 800 gramas reduzem o risco em 28%. No caso do câncer, 200 gramas podem reduzir o risco em 4%, mas consumir 800 gramas eleva a redução para 13%. De acordo com o Dr. Aune, a metanálise teve como objetivo investigar qual a quantidade ideal de frutas e vegetais a ser consumida, diariamente, para obter a máxima proteção contra doenças e morte prematura. A nutricionista clínica funcional Aline Monteiro (CRN-RJ 2000.100.386-5) lembra que as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) sugerem que o ideal é o consumo diário de cinco porções (ou 400 gramas) de frutas, vegetais ou leguminosas, mas, como mostrou o trabalho britânico, uma ingestão ainda maior pode ser benéfica. “Cinco porções é a base de uma dieta saudável e equilibrada e é uma maneira viável de ajudar a prevenir uma série de doenças. Mas consumir mais pode ser desejável”, comenta a nutricionista.
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r a t i v e a r ment a os p sa
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A cha ve p
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A descoberta é importante pois pode ajudar a explicar porque algumas pessoas não conseguem evitar os pensamentos repetitivos.
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De acordo com os cientistas, elas apresentam uma disfunção na produção do neurotransmissor.
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À
s vezes eles aparecem no meio da noite ou no turno do trabalho. E, mesmo que tente, a pessoa não consegue parar de pensar sobre a mesma coisa insistentemente. Estamos falando dos pensamentos intrusivos e persistentes. Uma descoberta recente de cientistas britânicos, publicada na revista Nature Communications, contudo, aponta uma possível solução para o problema. Segundo os pesquisadores, a alta concentração de um neurotransmissor chamado GABA (ácido gama-aminobutírico, na sigla em inglês) no hipocampo – parte do cérebro ligada à memória – pode permitir a supressão desses pensamentos indesejados.
Segundo o professor e neurocientista Dr. Michael Anderson, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, controlar nossos pensamentos é fundamental para o bem-estar e a saúde mental. “Quando esta capacidade se perde, o resultado é o surgimento de alguns dos sintomas mais debilitantes de doenças psiquiátricas, como memórias intrusas, imagens, alucinações, ruminações e preocupações patológicas e persistentes”, explica o neurocientista, que é o chefe da Unidade de Cognição e Ciências do Cérebro da universidade. Dr. Anderson explica que estudos anteriores sobre a supressão de pensamentos se concentraram no córtex pré-frontal – o centro de comando – mas o novo estudo sugere que esta é uma imagem incompleta do problema. “A inibição de pensamentos indesejados está relacionada também com as células dentro do hipocampo, que recebem comandos do córtex pré-frontal. Se os soldados de um exército estão mal equipados, as ordens dos comandantes não podem ser bem implementadas”, diz.
Ácido fólico na gestação reduz risco de autismo no bebê
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rianças cujas mães fazem uso diário de suplementos de ácido fólico no início da gestação apresentam menor risco de desenvolver o Transtorno do Espectro Autista (TEA), mesmo que as mulheres tenham sido expostas a substâncias químicas tóxicas. A conclusão é de cientistas do Instituto de Investigação Médica do Transtorno do Neurodesenvolvimento da Universidade da Califórnia. O estudo – publicado no periódico Environmental Health Perspectives – durou sete anos e envolveu cerca de 300 crianças entre 2 e 5 anos com autismo e outras 220 sem o transtorno. As crianças cujas mães receberam doses iguais ou superiores a 800μg de ácido fólico, diariamente, tiveram 50% menos risco de desenvolver autismo em relação àquelas filhas de mulheres que receberam doses mais baixas da vitamina hidrossolúvel na gravidez. O trabalho também confirmou pesquisas anteriores que mostravam a
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Segundo pesquisa, o benefício pode ser observado até mesmo em mulheres expostas a substâncias químicas tóxicas no início da gravidez ligação entre fatores ambientais, como a exposição a pesticidas, e o desenvolvimento do TEA. Segundo a professora de Ciências da Saúde Pública na Universidade da Califórnia Dra. Rebecca Schmidt, mulheres que estejam pensando em engravidar, principalmente aquelas que vivem em áreas rurais, devem evitar contato com agrotóxicos. “Mulheres que vivem perto de plantações que fazem uso de pesticidas têm alta possibilidade de ter um filho autista. O ideal é evitar o contato regular com estas substâncias, mas tomar diariamente o ácido fólico pode ajudar a reverter este efeito”, comenta. A pesquisadora lembra, ainda, que entre as voluntárias envolvidas no estudo estavam também grávidas expostas a inseticidas domésticos para controle de pragas urbanas, como baratas e outros insetos. O ácido fólico ou vitamina B9 desempenha papel importante no reparo e síntese do DNA e na determinação de quais genes são ativados ou desativados. “Todos são realmente importantes durante períodos de crescimento rápido, quando há muitas células que se dividem, como em um feto em desenvolvimento. A adição de ácido fólico pode ajudar em várias das funções genômicas”, conclui Dra. Rebecca.
Será que aquela dor de cabeça é
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frequência, a duração e a intensidade da dor são variáveis e ela pode aparecer a qualquer momento, principalmente se você está estressado ou, no caso das mulheres, durante o ciclo menstrual ou pós-menopausa. Muitas vezes a dor é tanta que fica difícil abrir os olhos, conversar e se concentrar. Estamos falando da enxaqueca, um dos mais de 100 tipos de cefaleia ou dor de cabeça. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca é a sexta doença mais incapacitante no mundo. Mas muitas pessoas não sabem que têm o problema. Isso acontece porque muitos se automedicam com um analgésico no momento da dor, mas não procuram um médico para avaliar a causa do problema. O neurologista Dr. Leonardo de Almeida (Cremesp 14.0011) diz que um dos tipos mais comuns das cefaleias é a tensional, que provoca dores de ambos os lados da cabeça e sensação de peso. Geralmente fraca ou moderada, a dor de cabeça tensional não causa outros sintomas e seu tratamento é feito com medicamentos
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e com a identificação de fatores que potencializem as crises de dor, como as contraturas musculares da região cervical e escapular. Já a cefaleia em salvas, ou Cluster Headache, tem como característica uma dor intensa, que aparece à noite, em um dos lados da cabeça ou em torno dos olhos. “Pacientes com o problema apresentam episódios que podem durar semanas ou meses, geralmente seguidos por longos períodos, meses ou anos sem nova crise. E alguns pacientes apresentam outros sintomas, como secreção nasal ou olhos vermelhos ou lacrimejantes”, explica o neurologista. Segundo ele, entre as possíveis causas da cefaleia em salvas estão problemas na região do cérebro conhecida como hipotálamo, responsável em manter o equilíbrio das funções internas corporais em ajustamento ao ambiente, principalmente por meio da coordenação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino.
Sinais da enxaqueca Já a enxaqueca inclui outros sintomas além da dor de cabeça: sensibilidade à luz, som e cheiros, fadiga, dores na nuca, náuseas e vômitos. “É uma dor que começa em um dos lados da cabeça, que lateja e piora com os movimentos. A intensidade varia entre moderada e severa. Também são comuns alterações visuais, como ver pontos luminosos ou linhas em zigue-zague. As imagens aparecem em um lado só e, quando a pessoa fecha os olhos, ainda as vê, porque é um efeito do cérebro e não da visão”, explica. Em alguns casos, a enxaqueca provoca, ainda, outros sintomas relacionados ao sistema nervoso, como distúrbios auditivos, sensitivos ou motores. “A pessoa pode ter problemas para falar, de equilíbrio, ruídos no ouvido, visão borrada ou formigamento na cabeça, mãos e pés, entre outros sintomas”, diz Dr. Almeida.
Um dos fatores para a incidência maior da enxaqueca entre as mulheres é o desequilíbrio hormonal, em particular de estrogênio, hormônio sexual feminino produzido pelos ovários Desequilíbrio hormonal A prevalência da enxaqueca é maior entre as mulheres e um dos motivos possíveis é o desequilíbrio hormonal, em particular de estrogênio, hormônio sexual feminino produzido pelos ovários. Estudos indicam que cerca de 50% das mulheres com enxaqueca apresentam crises mais intensas e de maior duração durante a época menstrual. Algumas mulheres também podem apresentar enxaqueca durante a gravidez, em especial no primeiro trimestre, por causa das alterações hormonais. Ao final da gravidez, em geral, quando há novamente o aumento do nível de estrogênio, as dores diminuem ou até desaparecem. Já na pós-menopausa, a queda dos níveis hormonais também resulta para algumas mulheres no aumento de episódios de dores de cabeça, principalmente nos primeiros três ou quatro anos após a última menstruação.
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Estresse saiba oxidativo e como inflamação evitar
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odos queremos envelhecer mais fortes, saudáveis e felizes. E uma das aliadas para chegarmos a uma longevidade saudável é a dieta equilibrada, que nos proteja da ação dos radicais livres. Com uma alimentação rica em vegetais, incluindo frutas diversas, leguminosas, cereais e hortaliças, aumentamos a quantidade de antioxidantes no organismo, prevenindo e revertendo o estresse oxidativo, situação que surge quando há um desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a de antioxidantes. O estresse oxidativo leva ao envelhecimento precoce e a várias doen-
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essa dupla
ças crônicas, como diabetes, síndrome metabólica, hipertensão, Parkinson e Alzheimer, entre outras. Mas por que surge o desequilíbrio? Entre os fatores estão o déficit nutricional, o estresse psicológico, o esforço físico quando praticamos exercícios de alta intensidade, o tabagismo e o consumo excessivo de álcool (em função do metabolismo do etanol).
Outro resultado do estresse oxidativo é a inflamação dos tecidos, resposta natural do organismo às alterações das células pelos radicais livres. Mas este mecanismo de defesa, a longo prazo, leva à inflamação crônica subclínica – o que prejudica a saúde, à medida que a inflamação gera um desequilíbrio no organismo, afetando diversos sistemas.
Avaliação dos danos
Alimentos antioxidantes Alguns alimentos podem fornecer ao nosso organismo compostos bioativos capazes de modular os marcadores inflamatórios e reduzir os danos provocados pelos radicais livres. É o caso, por exemplo, do ômega 3, um potente anti-inflamatório, que também protege o sistema nervoso central, auxilia na plasticidade cerebral e regula receptores hormonais. Confira outros poderosos antioxidantes no quadro a seguir:
NUTRIENTE
PRINCIPAIS ALIMENTOS
Selênio
castanha-do-pará; frutos do mar; fígado; carne vermelha e aves
Betacaroteno
cenoura; batata doce; abóbora; pimentões; laranja; damasco; melão e mamão
Zinco
ostras; camarão; carnes vermelha e branca; gérmen de trigo; grãos integrais; castanhas; cereais; legumes e tubérculos
Bioflavonoides frutas cítricas e uvas escuras ou vermelhas Licopeno
tomate; melancia; goiaba; pimentão vermelho; mamão e repolho roxo
Catequinas
morango; uva e chá verde
Neste cenário é, ainda, de fundamental importância avaliar os danos oxidativos em seus diferentes níveis. Inovador em sua área, o laboratório IVC, empresa de base tecnológica localizada na incubadora de empresas Habitat/Biominas, em Belo Horizonte, desenvolveu testes capazes de analisar o estresse oxidativo mitocondrial e o estresse oxidativo sistêmico. Segundo a coordenadora do laboratório, professora Dra. Miriam Chaves Schultz, o primeiro teste, além de avaliar os danos ocorridos na mitocôndria, é capaz de classificá-los entre severos, moderados ou leves. “É possível, ainda, ver se os danos são permanentes, acentuados ou podem ser revertidos em um ambiente antioxidante. Isso auxilia o profissional de saúde a indicar ao paciente um protocolo corretivo mais acertado e personalizado”, explica Dra. Miriam, que é professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Doutora em Bioquímica e Imunologia. Já o teste de estresse oxidativo sistêmico avalia os danos ocorridos no âmbito celular. “Ele avalia de forma geral os danos oxidativos gerados por estímulos internos e/ ou externos durante toda a vida. E permite ao profissional de saúde caracterizar e reverter os danos existentes”, diz a coordenadora do IVC Health.
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Dançar para manter o cérebro em forma
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lém de uma ótima aliada para promover a interação social e cultural, a dança também faz bem para a saúde cerebral, especialmente em pessoas mais velhas. A descoberta é de cientistas do Centro Alemão de Doenças Neurodegenerativas da Universidade Magdeburg, na Alemanha. Segundo os pesquisadores, aprender a dançar não só melhora o equilíbrio, a flexibilidade, a agilidade e a coordenação motora, mas apresenta efeitos neurológicos que não ocorrem na prática de outras atividades, como a caminhada, por exemplo. Segundo o resultado da pesquisa, publicado no periódico Frontiers in Human Neuroscience, as demandas cognitivas da dança, que exigem que as pessoas aprendam e dominem a coreografia, ajudam a desacelerar o envelhecimento do cérebro.
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Para chegarem a tal conclusão, eles trabalharam com cerca de 60 pessoas, com idade média de 68 anos, durante um ano e meio. Os voluntários foram divididos em dois grupos. Um praticava um programa de treinamento de resistência, como bicicleta e caminhada. Já o segundo se dedicou a aulas de dança, que incluíam diferentes coreografias em ritmos variados, como mambo, jazz e danças folclóricas. Ambos os grupos participavam das atividades durante 90 minutos, a princípio duas vezes por semana, e depois semanalmente. Os voluntários foram submetidos a exames de imagem do cérebro ao longo do experimento. Ao final do trabalho, aqueles que fizeram aulas de dança apresentaram um aumento no volume de matéria cinzenta do cérebro, especialmente nas regiões frontal e temporal, incluindo o giro para-hipocampal (área envolvida na formação de memória espacial) e o giro pré-central (envolvido na
função motora). O grupo de esportes também apresentou aumento de volume de substância cinzenta, mas bem menos pronunciado. “O resultado sugere que a dança é mais eficaz na indução de neuroplasticidade em regiões do cérebro normalmente afetadas pelo envelhecimento, em relação ao exercício repetitivo, como pedalar e caminhar. Acreditamos que isso está relacionado com a natureza multimodal da dança, que combina características de exercícios, e treinos cognitivo e de coordenação”, diz a Dra. Kathrin Rehfeld, líder do estudo.
Americanos usam fandango em pesquisa Outro estudo mostrando os efeitos neurológicos benéficos da dança em idosos foi realizado por pesquisadores da Universidade de Illinois, em Urbana, nos Estados Unidos. Publicada no periódico Frontiers in Aging Neuroscience, a
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pesquisa comparou os resultados obtidos por voluntários que praticavam exercícios como caminhadas e alongamentos e um grupo que teve que aprender a dançar fandango. O experimento contou com cerca de 170 voluntários, com idades en- três vezes por semana. E, ao final do estudo, os cientistas tre 60 e 70 anos, sem sinais de com- perceberam uma mudança no cérebro dos dançarinos que prometimento cognitivo. A maioria não foi identificada nos demais. Segundo a professora Dra. era sedentária, embora alguns, oca- Agnieszka Burzynska, líder da pesquisa, a substância branca sionalmente, praticassem algum do fórnix, uma parte do cérebro envolvida com a velocidade exercício. Além de serem submeti- de processamento e memória, havia ficado mais densa. dos a testes de capacidade mental, Para o neurologista Dr. Paulo Bertolucci (Cremesp 40309) como velocidade de processamento os estudos reforçam a importância do exercício como forcerebral (que serve para mensurar a ma de recuperar a saúde do cérebro das pessoas mais rapidez com que o cérebro absorve, velhas. E a dança traz outros benefícios. “Ela melhora o avalia e responde a informações), os condicionamento físico e a condição muscular, além participantes fizeram exames de imade ajudar no equilíbrio e na flexibilidade. E tem tamgens por ressonância magnética. bém outro aspecto importante: estimula o convívio social, o que ajuda a evitar a depressão”, diz o Os voluntários foram divididos em três especialista, que atua no Núcleo de Envelhecigrupos: um de caminhada, outro que famento Cerebral da Universidade Federal de zia alongamentos e o terceiro, a dança. São Paulo (Unifesp). As atividades eram praticadas por todos
Ao final do estudo, que durou um ano e meio, os cientistas alemães perceberam o aumento no volume de matéria cinzenta no cérebro dos idosos, graças à dança
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Mutação genética
aumenta a longevidade
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m estudo publicado no jornal Science Advances aponta: um tipo de mutação genética rara encontrada em membros da comunidade Amish pode ser a chave para combater o envelhecimento. Durante anos, os pesquisadores investigaram o modo de vida desta pequena sociedade cristã tradicional, famosa pela aversão ao avanço tecnológico e por viver como se ainda estivesse no século XVIII. Ao todo, 177 membros Amish da cidade de Berne, em Indiana, com idades entre 18 e 85 anos, participaram da pesquisa. Entre eles, 43 tinham a mutação do gene Serpine1, que provoca a redução na produção da proteína PAI-1. A substância, conhecida por atuar na destruição de coágulos nos vasos sanguíneos, também está ligada à senescência, processo metabólico que causa envelhecimento em nível celular, tecidual e orgânico. Segundo o levantamento, além de viver mais que os demais membros da comunidade, o grupo com a mutação genética é menos suscetível a problemas de saúde, como diabetes e doenças cardiovasculares. Líder do estudo, o cardiologista e professor Dr. Douglas Vaughan, da Universidade Northwestern, em Chicago, diz, ainda, que, as pessoas com a mutação
Alteração no gene Serpine1 encontrada em membros da comunidade Amish em Indiana (EUA) não só prolonga a vida, mas torna o indivíduo mais saudável
genética possuem cromossomos com telômeros em média 10% mais longos. Vale lembrar que o encurtamento dos telômeros está relacionado à diminuição da capacidade das células de se dividirem, o que promove a degeneração dos tecidos. Segundo o pesquisador, estudos anteriores com animais já mostravam que a redução dos níveis de PAI-1 os protegia de doenças relacionadas à idade, mas, até agora, o mesmo efeito não havia sido observado em seres humanos. O grupo Amish em Indiana é o único conhecido com a mutação que naturalmente suprime os níveis da proteína no sangue. Agora, cientistas americanos e japoneses estão trabalhando para criar um medicamento que reduza a substância no corpo.
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agende-se
Curso Ciências da Longevidade Humana
Evento do Grupo Longevidade Saudável chega à sua 92ª turma e será realizado entre os dias 25 e 29 de abril, em São Paulo
U
m dos mais concorridos eventos na área de Educação Médica Continuada no país, o Curso Ciências da Longevidade Humana chega à sua 92ª turma. A próxima edição ocorre entre os dias 25 e 29 de abril, no Bourbon Convention Ibirapuera Hotel, em São Paulo. Com conteúdo prático-teórico sólido e personalizado, o curso do Grupo Longevidade Saudável – pioneiro na introdução do conceito de Ciências da Longevidade Humana no Brasil – atende à demanda gerada por profissionais médicos interessados em construir e adquirir novos conhecimentos fundamentados em evidências científicas e clínicas. Ao longo de 75 horas de aula presencial, os alunos terão acesso a informações atuais e relevantes que permitirão tratar a saúde de seu paciente, e não apenas controlar sintomas com medicamentos.
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Desde a sua criação, há mais de 15 anos, o Curso Ciências da Longevidade Humana já formou mais de 6,5 mil médicos, de 32 especialidades. Juntos, estes profissionais zelam pela saúde de milhões de brasileiros, que se beneficiam deste modelo de Medicina que privilegia o aperfeiçoamento da saúde e a qualidade de vida. Em todos esses anos, participaram do curso desde médicos recém-formados até profissionais já consagrados em suas áreas de atuação. Um dos motivos da alta demanda pelo evento é que ele não se restringe à transmissão de informações técnico-científicas, por parte do corpo docente, sobre novas propostas terapêuticas. Como descrito por ex-alunos, o curso abre as portas para uma verdadeira mudança de paradigmas, preparando o médico para os desafios da Medicina moderna. Além disso, por ser multidisciplinar, permite ao participante estar em contato com colegas de demais especialidades, gerando importante troca interdisciplinar de experiências, a partir de discussões clínicas práticas.
vidade Saudável, estão a fisiologia da melatonina, da vitamina D e dos hormônios tireoidianos; a fisiopatologia da inflamação crônica subclínica e a otimização proteica, entre outros.
Visão expandida da prática médica Mais do que uma importante fonte de atualização profissional, o curso engloba uma visão expandida da prática médica, incluindo novos protocolos e a abordagem diferenciada em atendimento clínico, despertando a paixão pelo tratamento da saúde. Entre os temas abordados pelo corpo docente, que tem à frente o Dr. Ítalo Rachid (Cremesp 114612), diretor científico do Grupo Longe-
Vale lembrar que o conteúdo oferecido aos participantes permite desenvolver uma visão abrangente da fisiologia humana e hormonal, além de aprofundar os conhecimentos sobre os processos patológicos relacionados às mudanças nos sistemas orgânicos, incluindo as doenças crônicas. Assim, o médico pode adotar, com eficácia, estratégias terapêuticas amplas e integradas, não apenas para tratar as disfunções, mas, sobretudo, para detectá-las e preveni-las. Como resultado, o profissional torna-se totalmente diferenciado dentro do mercado, com habilidade para mudar a vida e o estado de saúde do seu paciente, obter diagnósticos preditivos mais precisos e promover qualidade de vida e bem-estar a partir da melhora da energia, do sono, da composição corporal e do estado emocional do paciente.
Para participar do Curso Ciências da Longevidade é preciso ser médico e ter CRM ativo. Os interessados podem obter mais informações enviando e-mail para comercial@longevidadesaudavel.com.br ou pelo telefone 0800-001-1223.
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Qualidade da relação afeta o desejo sexual das mulheres
Pesquisa britânica mostra que a falta de comunicação e de conexão emocional leva à queda do interesse pelo parceiro em mulheres mais velhas
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ulheres mais velhas e em relacionamentos longos têm mais que o dobro de probabilidade de perder o interesse sexual pelo parceiro. Esta é a constatação da Pesquisa Nacional de Atitudes Sexuais e Estilo de Vida na Grã-Bretanha. De acordo com o trabalho, publicado no British Medicine Journal, 34% das mulheres participantes assumiram a falta de interesse, enquanto, entre os homens, apenas 15% disseram ter perdido o interesse na atividade sexual, sem que a longevidade da relação fosse a causa da diminuição do desejo pela companheira. O estudo foi conduzido por pesquisadores da University of Southampton e do University College London e envolveu cerca de 5 mil homens e 6,7
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mil mulheres, com idades entre 16 e 74 anos. Segundo os cientistas, do lado masculino, a queixa da falta de interesse foi maior entre aqueles com idades entre 35 e 44 anos. Já entre as mulheres, o desinteresse era maior naquelas na faixa etária entre 55 e 65 anos. No entanto, de acordo com os pesquisadores, não há evidências de que a menopausa fosse um fator causal. As razões citadas por elas para a falta de interesse foram, principalmente, a falta de comunicação e de conexão emocional com o parceiro. “Nossas descobertas realçam a importância do contexto relacional na compreensão do baixo interesse sexual em homens e mulheres. Para as mulheres, em particular, a qualidade e a duração da relação e a comunicação com os seus parceiros são importantes para a manutenção do interesse sexual”, explica a psicóloga e doutora Cynthia Graham, professora de Saúde Sexual e Reprodutiva na Universidade de Southampton, uma das autoras do estudo.
Facilidade de falar sobre sexo Os resultados do trabalho também mostraram que, tanto entre homens quanto entre mulheres, aqueles que têm facilidade para conversar sobre o tema com seu parceiro são menos propensos a perder o interesse sexual. Por outro lado, os participantes cujos parceiros tiveram dificuldades sexuais, mas não quiseram falar sobre o assunto, e aqueles que não se sentiam felizes em seu rela-
cionamento, eram mais propensos a dizer que perderam o interesse pelo sexo em algum ponto da relação. Para a psicóloga Ana Lúcia Furtado (CRP 05/15620), especialista em terapia de casais, o resultado apresentado pela pesquisa britânica reforça a necessidade de uma comunicação aberta para aprofundar e manter a intimidade emocional e sexual entre os parceiros. “Minha orientação é: converse com o companheiro, aumente as preliminares, sinta o outro, o toque da pele, o cheiro do cabelo, o sabor do beijo. E, se houver problemas na relação sexual, fale sobre o assunto, ignorar a questão não vai fazer com que ela desapareça, pelo contrário, vai criar mais problemas”, diz. Ana Lúcia lembra que os relacionamentos de longo prazo nos dão segurança e conforto, mas o casal deve evitar que este conforto acabe virando rotina, principalmente em relação ao sexo. “A comunicação, verbal ou não verbal, durante o sexo está intimamente ligada à satisfação sexual. Por isso, para melhorar a relação sexual, é preciso trabalhar a comunicação”, finaliza.
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Terapia celular para o
mal de Parkinson
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á anos, os cientistas têm tentado desenvolver uma forma de transplantar células cultivadas em laboratório diretamente no cérebro para tratar o mal de Parkinson. A doença é resultado da queda de dopamina, neurotransmissor produzido por células formadas em uma área do cérebro chamada substância negra. Com a degeneração destes neurônios, a quantidade normal de dopamina deixa de ser liberada e, assim, surgem falhas nos mecanismos de controle motor do indivíduo.
moléculas presentes no organismo. E este “coquetel” foi capaz de reprogramar os astrócitos.
Uma nova técnica, que reprograma certas células para substituir aquelas danificadas, contudo, pode ser a chave para tratar e até reverter a doença. A proposta de terapia é resultado de um estudo desenvolvido por pesquisadores das universidades Karolinska Institutet, na Suécia, Malaga University, na Espanha, e Stanford University, na Califórnia (EUA).
“O tratamento funcionou, reprogramou as células cerebrais e diminuiu os sintomas. Essa é uma estratégia inovadora e o foco do nosso trabalho foi demonstrar que é possível”, diz Dr. Arenas, que liderou o estudo. Os cientistas estão trabalhando, agora, para tentar descobrir se é possível obter em pessoas os mesmos resultados alcançados com as cobaias.
Durante a pesquisa, publicada no periódico Nature Biotechnology, os cientistas conseguiram “transformar” astrócitos, células cerebrais encontradas em abundância no sistema nervoso central, em neurônios que se assemelham àqueles que produzem a dopamina. O feito foi possível após testes com vários genes envolvidos na produção do neurotransmissor. Ao final, quatro dos genes foram misturados com
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Segundo o professor Dr. Ernest Arenas, do Departamento de Bioquímica Médica e Biofísica do Karolinska Institutet, o projeto vem sendo desenvolvido há seis anos. E os resultados de testes com camundongos com sintomas semelhantes aos da doença de Parkinson mostraram que a condição dos animais melhorou significativamente.
O mal de Parkinson atinge, principalmente, pessoas mais velhas, mas pode surgir antes, como no caso do ator Michael J. Fox, conhecido por sua atuação na trilogia De Volta Para o Futuro, que descobriu a doença aos 30 anos.
fitness
Dispositivos
eletrĂ´nicos para ajudar a malhar
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E
les estão presentes em nosso dia a dia, do momento em que acordamos até a noite. Os dispositivos eletrônicos, como os smartphones, já estão integrados à nossa rotina. E, nos últimos anos, eles têm sido usados cada vez mais também durante as atividades físicas. A tendência é mundial e o motivo é simples: hoje, é fácil contar os passos durante uma caminhada ou ver quantas calorias foram queimadas em um exercício com a ajuda de uma pulseira, um relógio ou um celular. Essas informações podem ajudar a avaliar o condicionamento físico e estimular a motivação, melhorando o resultado do treinamento.
A popularização destes dispositivos nas academias não passou despercebida pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte que, anualmente, elabora um ranking com tendências, tipos de exercícios e novidades que serão destaque no mundo da atividade física no ano seguinte. As escolhas são feitas depois de ouvidos milhares de especialistas da área. E os aparelhos eletrônicos têm liderado a pesquisa nos últimos dois anos. De olho neste potencial mercado, muitas redes de academias oferecem aos seus usuários uma vasta gama de tecnologias. Na rede Cia Athletica, por exemplo, um dos apps é o Cia On, de fitness e musculação, que possibilita o acesso às informações dos treinos prescritos e a vídeos com demonstrações dos exercícios, além de outros serviços.
É fácil ver quantas calorias foram queimadas em um exercício com a ajuda de uma pulseira, um relógio ou um celular
Grandes marcas do mundo de materiais esportivos também oferecem aplicativos para atletas, como o miCoach, desenvolvido pela Adidas, que promete transformar os smartphones em personal trainer. O app monitora os exercícios e dá orientações de treinos, além de analisar os dados do usuário e oferecer relatórios por meio de gráficos. Entre as novidades do mercado, podemos destacar, ainda, as chamadas tecnologias wearable (vestíveis, em livre tradução), roupas inteligentes com diferentes recursos tecnológicos. Um exemplo são as camisas OM Biometric Smartwear, criadas por uma empresa em Montreal, no
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Canadá. Elas têm sensores inseridos no tecido, que são capazes de monitorar a atividade diária, controlar o movimento, a frequência cardíaca e a respiração. Os dados são mensurados em tempo real e enviados para o smartphone. A camisa pode ser usada para atividades como ciclismo, caminhadas, corridas e musculação, por exemplo.
Tecnologia ajuda ou atrapalha? Mas todos esses produtos são imprescindíveis para a prática esportiva? A resposta é não. Segundo o especialista em Medicina do Esporte Dr. Cláudio Frota de Souza (Cremerj 52.538609), o uso constante e a necessidade de vencer limites podem levar a um tipo de obsessão. “Como resultado desse vício em tecnologias de fitness, a pessoa passa o tempo todo olhando para o pulso ou o celular. E perde a consciência do que está fazendo, como está se sentindo, o que está acontecendo à sua volta, seja na academia ou ao ar livre”, explica. O médico diz que outra questão importante é quanto à imprecisão de dados, e ressalta que, hoje, muitos fabricantes já admitem que seus aparelhos fornecem apenas estimativas. “Um estudo recente, feito na Stanford University, Califórnia, e publicado no Journal of Personalized Medicine, avaliou sete dos mais vendidos dispositivos. O resultado mostrou um grau de imprecisão de até 93% na mensuração de calorias gastas. Os dados dos aparelhos foram comparados com um sofisticado cálculo do metabolismo”, conta.
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Não se esqueça do
chocolate! E
le ajuda a manter a saúde vascular e a combater os radicais livres, entre outros benefícios. Estamos falando do chocolate amargo, aquele que tem pelo menos 60% de cacau em sua composição e bem menos açúcar. E, agora, surge mais uma boa notícia para os amantes da iguaria: seu consumo diário pode melhorar o funcionamento do cérebro em fatores como a atenção, a fluência verbal e a memória. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de L’Aquila, na Itália. Eles revisaram a literatura disponível sobre os efeitos da ingestão de flavonoides do cacau, compostos químicos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
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De acordo com o resultado da metanálise, publicado no periódico Frontiers in Nutrition, o consumo de chocolate amargo beneficia principalmente adultos mais velhos e idosos que apresentam declínio de memória inicial. Ainda de acordo com os pesquisadores, nas mulheres, o alimento também se mostrou eficaz em reduzir alguns dos efeitos do cansaço após uma noite mal dormida.
Segundo a professora Dra. Valentina Socci, do Departamento de Ciências Biotecnológicas e Aplicadas da Universidade de L’Aquila, o estudo teve como objetivo descobrir o que acontece no cérebro horas após a ingestão dos flavonoides de cacau e se os benefícios se mantêm quando incluímos o alimento na dieta por um período prolongado de tempo.
seus metabólitos, com vários alvos celulares e moleculares. Ao mesmo tempo, seus efeitos no sistema vascular também podem levar a melhorias no desempenho cognitivo por meio do aumento do fluxo sanguíneo na substância cinzenta do cérebro”, comenta.
“Nossos resultados sugerem que, graças a diversas ações biológicas diretas e indiretas, os alimentos derivados do cacau possuem o potencial de combater o declínio cognitivo, melhorando as funções executivas, a atenção e a memória. Assim, o cacau pode ser considerado como uma nova ferramenta nutracêutica interessante para proteger a cognição. E ele também pode ser promissor no tratamento de problemas que surgem por causa da insônia, como distúrbios da memória e dificuldade de concentração”, explica Dra. Valentina, líder do estudo.
Mais cacau, menos açúcar Segundo o nutrólogo Dr. Marcus dos Santos Oliveira (Cremerj 606980), a pesquisa confirma descobertas anteriores que mostram que o consumo de alimentos ricos em flavonoides, como o cacau do chocolate amargo, pode influenciar de forma benéfica a função cognitiva. O especialista lembra que as ações biológicas dos flavonoides encontrados no chocolate resultam em cardioproteção, neuroproteção e neuromodulação. “As ações destes alimentos parecem estar mediadas pelas interações diretas dos flavonoides absorvidos e
Entre os flavonoides encontrados no chocolate amargo estão as catequinas e epicatequinas, substâncias que são antioxidantes, ou seja, agem combatendo os radicais livres presentes no organismo. O nutrólogo lembra, ainda, que existem seis tipos de chocolate e o mais saudável é o amargo, que tem entre 60% e 90% de cacau em sua composição. O alimento é feito com grãos de cacau torrados, pouco açúcar e sem adição de leite. “Na hora de comprar o produto, é bom lembrar que quanto maior a concentração de cacau, menor o teor de açúcar. E o ideal é o consumo do chocolate amargo com maior teor de pó de cacau. Até 30 gramas por dia, o consumo pode trazer vários benefícios para a saúde”, conclui.
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Campeões da longevidade
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expectativa de vida tem aumentado consideravelmente ao redor do mundo nas últimas décadas. Mas alguns países, como Japão e Cingapura, que ostentam uma expectativa média de vida superior a 83 anos, se sobressaem quando o assunto é longevidade. E o que diferencia os moradores destas localidades dos demais países? Fatores variados, segundo especialistas, incluindo dieta balanceada, prática de exercícios, convívio social e acesso a um bom sistema de saúde. No Japão, por exemplo, Okinawa, ilha subtropical na região de Kyushu, ao sul do país, é conhecida como a capital da longevidade. A região se tornou uma espécie de centro mundial de pesquisa sobre o assunto. Lá, segundo as estatísticas, para cada grupo de 100 mil habitantes, 50 têm mais de 100 anos de idade. Além da dieta – com muito tofu, batatas, peixes ricos em ômega-3, como salmão e sardinha, e algas –, os moradores têm outro segredo: manter a mente tranquila. Para isso, muito otimismo e nada de complicar a vida. Outra coisa em comum entre os moradores é a criação de vínculos próximos e sinceros com os vizinhos, além da ingestão diária de pelo menos uma ou duas xícaras de chá verde e da realização de exercícios. Em Cingapura, a expectativa de vida chega, hoje, a 83,1 anos. Com uma das menores taxas de mortalidade infantil e materna do mundo, o país investe na prevenção da saúde, o que contribui, e muito, para aumentar a longevidade de seus habitantes. O país aposta também no cuidado com o
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na lavoura. Outra razão da longevidade espanhola é a famosa dieta mediterrânea, rica em azeite, legumes e vinhos. Mas, além da alimentação, eles guardam, ainda, mais um segredo: a siesta. Entre 14h e 17h o tempo é para almoçar (em casa, incluindo aqueles que trabalham fora) calmamente e depois descansar. E para se ter uma ideia de como a siesta é respeitada basta lembrar que, neste horário, em muitas cidades, o comércio e as repartições públicas fecham.
Austrália e Coréia do Sul idoso. Prova disso é o Spice (Singapore Programme for Integrated Care for the Elderly, ou Programa de Atenção Integrada para Idosos, em tradução livre). O projeto é desenvolvido em centros especializados, que funcionam das 7h às 19h. Ali, equipes multidisciplinares – formadas por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde – oferecem de terapia ocupacional a lazer para os participantes, diminuindo idas a emergências e internações.
País europeu onde se vive mais Já na Espanha, que tem a maior longevidade entre os países europeus, a população alcança uma expectativa de vida de 83,38 anos. E uma característica comum entre aqueles quase centenários é que eles mantêm o entusiasmo constante com a vida, além de levar a cabo tarefas diárias que já executam há anos, como cuidar do jardim ou trabalhar
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Embora seus habitantes não sigam nenhuma dieta específica, a Austrália também se encontra entre os países com maior longevidade. Além disso, por lá as taxas de mortalidade por doenças cardíacas e câncer são baixas. E uma das razões para isso é o estilo de vida ativo dos moradores. O país também conta com um bom sistema de saúde. Já a Coreia do Sul, segundo um estudo recente desenvolvido pelo Imperial College London em parceria com a Organização Mundial da Saúde, deve se tornar, em breve, o primeiro país a ter uma expectativa de vida superior a 90 anos. Mais uma vez, o segredo da longevidade parece estar na dieta, que inclui alimentos fermentados, que favorecem o sistema imunológico, além de muita fibra e nutrientes que combatem os radicais livres. Vale lembrar que os sul-coreanos apresentam uma das mais baixas taxas de obesidade do mundo.
Ush que tal passar as férias no fim do mundo?
Farol Les Ecaireurs, apelidado de “Farol do Fim do Mundo”, um dos principais cartões postais da “Terra do Fogo”
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uaia P
ensando para onde ir nas próximas férias? Nós temos uma dica: Ushuaia, na Patagônia argentina. Por ser a cidade mais ao sul do planeta, ela é conhecida como “Fim do Mundo”. Mas a distância geográfica não significa falta do que ver ou fazer. Pelo contrário. Capital da Tierra del Fuego, Ushuaia aninha-se entre montanhas ao norte e águas ao sul, o que lhe confere uma beleza estonteante e aconchegante. E há atividades para todos os gostos, por céu, terra e mar. E em todas as estações do ano! A melhor forma de chegar a este cenário encantador é de avião. O aeroporto Internacional Malvinas Argentinas e o aeroporto de Santiago, no Chile, têm voos regulares. Mesmo sendo uma cidade de porte pequeno (tem cerca de 50 mil habitantes), Ushuaia conta com restaurantes variados e de ótima qualidade. Entre os pratos típicos (e imperdíveis) estão o cordeiro patagônico, a merluza negra e o caranguejo real. A rede hoteleira e a infraestrutura do lugar também não deixam a desejar, em comparação às grandes capitais turísticas. Conforto, luxo e tranquilidade são marcas da grande maioria de hotéis e resorts espalhados pela cidade. Entre os mais badalados estão o Arakur Ushuaia Resort & Spa, Las Hayas Resort e Los Cauquenes Resort & Spa. Para quem preferir, também há excelentes opções de hostels e pousadas, com tarifas mais econômicas. Algumas opções são a Pousada do Fim do Mundo, o Antarctica Hostel e a Hosteria Rosa de Los Vientos. O clima em Ushuaia é oceânico subpolar, então a temperatura no verão é agradável e confortável. Já o inverno é bastante frio. A época é ideal para quem gosta de esquiar e uma dica de estação de esqui é a Cerro Castor, a 26 quilômetros da cidade. Devido à sua localização estratégica, ali, a temporada de esqui vai de meados de junho a início de outubro. São 31 pistas para todos os níveis de esquiadores.
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Há muito passeios que favorecem o contato com a natureza da região. Na foto ao lado vemos a Laguna Esmeralda, acessível por trilhas. E abaixo a ilha de pássaros do mar dos cormorões no Canal do Lebreiro
Já para quem preferir viajar no verão, uma atividade imperdível é visitar a Pinguinera, local para onde os pinguins migram nesta época do ano. Diversas agências levam os turistas, que têm a oportunidade de interagir com estas criaturinhas simpáticas.
Laguna Esmeralda Não sabe ainda quando ir? Não se preocupe, algumas atrações turísticas em Ushuaia não dependem da estação. Aos pés dos Andes e na beira do Canal Beagle, que divide Chile e Argentina, a cidade abriga o Parque Nacional Tierra del Fuego. O local é ideal para fazer trilhas e apreciar paisagens, admirar lagos cristalinos e seus cenários de tirar o fôlego. Para quem curte trekking, a cidade conta com diversas trilhas, e uma das mais famosas é a que leva até a Laguna Esmeralda. São cerca de nove quilômetros (entre duas horas e meia e três horas de caminhada) até o lago cercado pelos Andes e de água verde-esmeralda. Outro programa que merece estar na agenda é navegar pelo Canal de Beagle. O passeio serve como uma volta no tempo, para lembrar a viagem
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do naturalista britânico Charles Darwin pela Patagônia a bordo do navio inglês Beagle, entre 1832 e 1835. Foi nesta viagem que ele, então com 23 anos, começou a formular sua teoria da evolução das espécies. Durante a viagem, é possível cruzar com baleias, leões, focas marinhas e diferentes tipos de aves – além, é claro, de avistar o famoso Farol do Fim do Mundo. Subir o Glaciar Martial, principal fonte de água potável de Ushuaia, é outro passeio imperdível. Além de uma vista linda, o local oferece atividades de esqui e trekking. Outra dica é o tour com o Trem do Fim do Mundo. O trajeto tem cerca de sete quilômetros e passa pelas principais belezas naturais de Ushuaia. A viagem é feita em uma réplica do trem que transportava presidiários para uma colônia penal instalada na região. O presídio funcionou até 1947 e o local, hoje, abriga o Museu Marítimo, que conta um pouco sobre os navios e expedições que por ali passaram.
Iodo suplementação é uma terapia segura e eficaz
C
omo se sabe, a ingestão de iodo é fundamental para a produção dos hormônios da tireoide T3 e T4, que têm significativa influência no processo metabólico. Mas, além da glândula, pele, mama, retina, mucosa gástrica, próstata e sistema imunológico também precisam captar o iodo para um funcionamento saudável. O nutriente contribui, ainda, durante a gestação, para o aumento do quociente de inteligência (QI, fator que mede a inteligência humana) do feto, uma vez que a produção adequada de hormônios tireoidianos é essencial para o crescimento e desenvolvimento neurológico, intelectual e cognitivo do bebê. Por outro lado, a deficiência de iodo pode causar bócio, hipertireoidismo ou hipotireoidismo, além de levar à formação de cistos e nódulos na tireoide, mamas, útero, ovários e próstata. Para prevenir o problema, a suplementação pode ser o caminho indicado, uma vez que a ingestão dos alimentos ricos na substância, como o sal de cozinha e os frutos do mar, em geral, não é suficiente para alcançar a quantidade de iodo que o organismo necessita.
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Segundo editorial publicado no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, um terço da população mundial está sendo afetada pela deficiência de iodo. A estimativa é que essa deficiência tenha se tornado um problema de saúde pública em centenas de países. Apesar de farto conhecimento científico sobre a importância do nutriente para a saúde e dos muitos problemas causados por sua deficiência, ainda não há consenso sobre qual a dose diária ideal de iodo para o organismo. Alguns estudiosos da tireoide dizem que a dose máxima deve ser de 1 miligrama/ dia. O que parece ser uma discrepância, na opinião do médico Ítalo Rachid (Cremesp 114612), diretor científico do Grupo Longevidade Saudável.
Ele faz uma comparação com a ingestão do nutriente no Japão, onde, em algumas regiões, os moradores recebem entre 3 a 14 miligramas de iodo por dia, através da dieta, principalmente graças ao consumo de algas. “Além de ser um dos países mais longevos do planeta, o Japão apresenta uma das menores taxas de câncer do mundo. Então, se o limite máximo diário deve ser de 1 miligrama, o país deveria ter muito mais casos de fetos com nódulos, por conta das mulheres que engravidam e ingerem estas altas quantidades”, comenta.
Regressão de nódulos de mama e tireoide Dr. Rachid lembra que inúmeros estudos já demonstraram que a suplementação de iodo é uma terapia segura e eficaz. Ele explica que, em muitos casos, a taxa elevada de iodo excretado na urina não está relacionada com a ingestão de altas doses do nutriente, mas, sim, com problemas na sua absorção pelo organismo. “Os sistemas captadores de iodo no organismo, as bombas proteicas transportadoras, captam também os demais halogênios, que incluem, além do iodo, o cloro, o flúor, o bromo e o astato. E o problema é que estes outros chegam ao organismo em grandes quantidades, diariamente. E o excesso destes elementos impede que o iodo, que já recebemos em quantidade insuficiente na alimentação, penetre em seus receptores, sendo excretado na urina”, explica. Para resolver este problema, segundo Dr. Rachid, é necessário repor uma quantidade maior de iodo, num primeiro momento, para provocar a competição com esses outros halogênicos e promover a detoxificação do organismo. “Depois, com a segurança de que estes outros elementos foram expelidos, ajustamos a suplementação para uma dose menor de iodo”, diz. Com relação ao bromo, Dr. Rachid lembra que o elemento é tóxico e inibe competitivamente o iodo no organismo. “A presença do bromo, que encontramos em pães e bolos, por exemplo, faz com que o organismo excrete o iodo, levando à deficiência do elemento”, comenta. Dr. Rachid lembra que, exatamente por causa da falta adequada de aporte do iodo, vê-se o aumento no número de casos de cistos e nódulos de tireoide, cistos de mama, problemas gástricos e imunológicos, de pele e de próstata. “Porém, em um período de suplementação entre um e dois anos é possível ver a regressão de, pelo menos, 75% e 80% dos nódulos de mama e tireoide”, diz.
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Boas ações para uma V saúde melhor
isitar um amigo doente, fazer trabalho voluntário ou ajudar alguém necessitado. Quem já doou seu tempo e atenção para outros sem se preocupar em obter nada em retorno conhece aquela sensação de bem-estar que nos invade. Diversos estudos científicos mostram que as ações altruístas não beneficiam apenas quem recebe, mas também aqueles que as praticam. Segundo os cientistas, o altruísmo ajuda a combater o estresse, melhora a saúde do coração, a autoestima e aumenta a longevidade. O motivo? Agir com generosidade estimula a liberação de serotonina, oxitocina e dopamina, substâncias químicas naturais em nosso organismo e que estão intimamente ligadas ao sentimento de felicidade. Há até um nome para tal efeito: helpers high (o barato dos generosos).
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Ao fazer uma boa ação, o circuito de recompensa do cérebro relacionado à sensação de prazer é ativado, reduzindo o estresse e a ansiedade. Dr. David Hamilton
Um estudo recente sobre o tema foi realizado por pesquisadores da University of British Columbia, no Canadá. Eles trabalharam durante seis meses com pacientes que sofriam com altos níveis de ansiedade. Durante o período do estudo, os voluntários tinham que praticar atos gentis para outras pessoas pelo menos seis vezes por semana. As ações incluíam abrir a porta para alguém, fazer tarefas para outras pessoas, ler o jornal para pacientes internados e pagar o almoço para um amigo. Ao final da pesquisa, os cientistas descobriram que fazer coisas agradáveis para os outros levou a um aumento significativo no humor positivo dos participantes, que também relataram maior satisfação em seus relacionamentos familiares e em sua vida social. “Este é mais um estudo que reforça o que trabalhos anteriores já haviam constatado sobre os benefícios psi-
cológicos e físicos que resultam de um comportamento generoso. Quando praticamos uma boa ação, o circuito de recompensa do cérebro relacionado à sensação de prazer é ativado, e isso aumenta a autoestima e reduz o estresse e a ansiedade. E o altruísmo também ajuda a melhorar os sistemas imunológico e cardiovascular, favorecendo a longevidade”, explica Dr. David R. Hamilton, doutor em Química.
Bondade X estresse Autor de oito best-sellers sobre a relação entre mente e corpo, incluindo os livros The 5 Side Effects of Kindness (Os Cinco Efeitos Colaterais da Gentileza) e Why Kindness is Good for You (Por que a gentileza é boa para você?), Dr. Hamilton diz que a bondade e o estresse são como duas pessoas em uma gangorra: na medida em que um lado sobe, o outro desce. Ele lembra que, quando enfrentamos situações estressantes, o organismo, em resposta, aumenta a liberação de hormônios como o cortisol e a adrenalina. Mas, quando praticamos uma boa ação, o organismo libera a oxitocina, produzida em resposta a sentimentos de conexão que surgem por meio de atos de bondade. “A oxitocina é cardioprotetora. E também reduz os níveis de radicais livres
no organismo, combatendo assim o processo de inflamação, o que ajuda a diminuir o envelhecimento. Por outro lado, o estresse crônico pode ter um efeito prejudicial nas artérias e levar à hipertensão e a doenças cardiovasculares”, comenta.
Gentileza em qualquer idade Dr. Hamilton afirma, ainda, que praticar boas ações é bom para todos, não importa a idade. No caso de pessoas mais velhas, por exemplo, a dedicação de algumas horas a um trabalho voluntário foi relacionada a benefícios como mais sentimento de felicidade e de satisfação em viver. Já crianças na pré-escola que demonstram empatia estão propensas a reagir melhor a uma situação de estresse. “No estudo com crianças, o intuito foi monitorar os sinais fisiológicos, incluindo os batimentos cardíacos e o tônus vagal, indicador do funcionamento do sistema nervoso parassimpático, que atua na regulação emocional, comunicação, interação social e manejo de estresse. A experiência, que envolvia doar uma moeda para uma outra criança pobre, mostrou que aquelas que doaram a moeda tinham um nível mais elevado de resposta vagal, o que está relacionado ao manejo adequado de estresse e à adaptação ao meio. Isso reflete em melhor saúde física”, explica.
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Deficiência de ferro pode estar associada à surdez
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ocê, certamente, sabe o quão importante é o ferro para o bom funcionamento do organismo. Um estudo recente, contudo, pode adicionar mais um item à lista de benefícios da substância para a saúde. Segundo a pesquisa, publicada no Journal of the American Medical Association, pessoas com anemia por deficiência de ferro têm duas vezes mais chances de perda auditiva em relação aos indivíduos com níveis normais de ferro. E a associação ocorre em dois tipos de surdez: a perda auditiva neurossensorial (causada por danos no ouvido interno ou no nervo que liga o ouvido ao cérebro) e a condutiva (problema no ouvido médio ou externo, que impede que o som seja conduzido de forma clara). Para realizar o estudo, os cientistas contaram com a participação de cerca de 305 mil voluntários, com idades entre 21 e 90 anos. Metade dos participantes era formada por homens com idade média de 50 anos. Entre os indivíduos anêmicos, todos tinham problemas de audição. Segundo a doutora em Ciências Biomédicas Kathleen Schieffer, líder da pesquisa, o próximo passo é entender melhor essa correlação e descobrir se o diagnóstico e o tratamento precoces da anemia podem reverter a perda da audição. “Embora o corpo armazene pequenas quantidades de ferro para casos emergenciais, ficar muito tempo com baixos níveis de ferro pode levar à anemia ferropriva, condição em que os glóbulos vermelhos não possuem hemoglobina suficiente para transportar a quantidade necessária de oxigênio para os tecidos do corpo”, alerta Dra. Kathleen, que atua na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual da Pensilvânia. A anemia ferropriva leva à perda de peso, diminuição da energia, dores de cabeça, tonturas, falta de concentração e de ar e é um dos distúrbios nutricionais que mais tem aumentado em todo o mundo. Uma das razões para isso é o consumo exagerado de alimentos industrializados, pobres em nutrientes. Vale lembrar que a perda auditiva neurossensorial é permanente e pode ocorrer em adultos (principalmente em pessoas mais velhas e aquelas que passam pela exposição prolongada a ruídos altos) e em crianças e bebês (neste caso, os fatores causais incluem anomalias congênitas ou infecções).
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Copilotos no tratamento Com maior acesso à informação, pacientes desejam participar da tomada de decisão sobre as escolhas terapêuticas
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facilidade no acesso às informações sobre saúde na web vem mudando a dinâmica do relacionamento médico-paciente. Cada vez é mais comum a presença, nos consultórios, de pacientes que demandam dados detalhados acerca de sintomas, diagnósticos e tratamentos. Eles querem saber mais sobre prós e contras das opções terapêuticas e possíveis efeitos colaterais de drogas. Enfim, participar mais ativamente da tomada de decisões.
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As fontes de informações na internet vão desde revistas científicas eletrônicas a websites oficiais do governo. Assim, mesmo sem formação na área de saúde, o paciente começa a assumir um papel de “copiloto” no tratamento. Para muitos médicos, a mudança é bem-vinda, pois, ao compartilhar a decisão de qual tratamento, terapia ou medicamento é mais indicado, o paciente pode aderir melhor às recomendações médicas, engajando-se no cuidado com a própria saúde.
Para muitos médicos, a parceria é bem-vinda, pois, ao compartilhar a decisão sobre o tratamento, o paciente se envolve mais no cuidado da própria saúde
Por outro lado, alguns médicos reclamam que é preciso muito tempo durante a consulta quando os pacientes chegam com anotações obtidas em diferentes sites a respeito dos sintomas que estão sentindo. De olho neste cenário, a classe científica tem desenvolvido estudos para mensurar quão confiáveis são as informações sobre saúde na internet. Pesquisadores do Departamento de Pediatria da Universidade de Nottingham, na Inglaterra,
por exemplo, publicaram um trabalho sobre a confiabilidade e precisão das informações acessadas na internet para cinco questões pediátricas comuns. Eles analisaram um total de 500 sites. O resultado do estudo mostrou que as informações mais confiáveis foram obtidas junto a sites do governo e que 55% dos sites de notícias forneceram conselhos corretos.
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se engaje no tratamento. A não adesão pode resultar no insucesso do tratamento”, explica. Para otimizar o atendimento ao paciente que chega ao consultório com informações obtidas na internet, o médico, além de atualizar seus conhecimentos constantemente, precisa colocar em prática uma abordagem diferenciada em termos de atendimento clínico diário. “Entre outras coisas, o profissional deve oferecer o máximo de informações ao paciente para ajudá-lo a se posicionar no caso da tomada de uma decisão compartilhada, por exemplo”, diz Dr. Rachid, que é presidente da Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia – Sobraf.
Empoderamento do paciente Nesta Medicina moderna, um novo termo ganhou espaço: empowerment of pacient, ou empoderamento do paciente, em tradução livre. O conceito é definido como o processo de ajudar a pessoa a se tornar mais autoconfiante e resiliente, para ampliar o controle sobre os fatores que afetam sua saúde. O empoderamento do paciente pressupõe, assim, que, se médicos e demais profissionais de saúde fornecerem informa-
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ções, recursos e autoridade aos pacientes, eles se tornarão mais ativos e responsáveis por suas decisões, com melhores resultados para a prevenção de doenças. Para o diretor científico do Grupo Longevidade Saudável, Dr. Ítalo Rachid (Cremesp 114612), o médico deve estar disposto a ouvir o paciente sobre sua realidade, sua rotina diária e hábitos, para, juntos, definirem a terapêutica que melhor se enquadra dentro da sua necessidade. “Essa comunicação é importante, pois é preciso que o paciente
Quanto ao paciente que chega com várias indagações, para Dr. Rachid, esta é uma boa oportunidade para o médico ouvir e tirar informações que o ajudem a conhecer os valores do paciente, para poder ajudá-lo a escolher a melhor maneira de acompanhar e tratar sua saúde. “É sempre importante que os pacientes se informem, mas uma face fundamental desse avanço na disseminação da informação é a interação entre paciente e médico. O profissional precisa estar disposto e interessado a ouvir as informações que o paciente queira discutir com ele. Mas o médico também precisa atualizar-se constantemente, pois, a cada dia, surgem novos conhecimentos”, conclui.
Saúde bucal
cuidados podem evitar doenças cardiovasculares e câncer
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uidar da saúde dos dentes e da gengiva é fundamental para quem busca uma vida longa e saudável. A conclusão aparece em diversas pesquisas científicas, que apontam para a forte relação entre a saúde bucal e o bem-estar do restante do corpo. A doença periodontal, infecção crônica na gengiva, de origem bacteriana, por exemplo, foi relacionada por pesquisadores da Universidade de Boston a um risco maior de linfoma não-Hodgkin, câncer no sistema linfático. Publicada no International Journal of Cancer, a pesquisa envolveu mais de 51 mil pacientes com periodontite crônica, que foram acompanhados durante oito anos. Outro trabalho, realizado por cientistas da Universidade de Harvard, mostrou que pacientes com histórico da doença têm um risco maior para câncer de pâncreas. O estudo durou 18 anos e envolveu mais de 48 mil pacientes. E a periodontite já foi associada a outras patologias, como o diabetes, a endocardite (inflamação do endocárdio) e a aterosclerose, como lembra o cirurgião-dentista e professor Dr. Bruno Guerreiro de Moraes.
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“O alto nível de inflamação na boca aumenta a possibilidade de substâncias inflamatórias no sangue. Estudos mostram, por exemplo, que indivíduos com doença periodontal têm níveis sanguíneos elevados de proteína C-reativa, um marcador inflamatório ligado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares”, comenta o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além da higiene diária e da visita regular ao dentista, a saúde bucal pode ser mantida com a ajuda de alguns compostos, como o chá verde. Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Bauru, ligada à USP, mostra que a bebida protege contra a ação da enzima Metaloproteinase da matriz (MMP), que leva à erosão da camada mais interna do dente. “A MMP é ativada no organismo pelo pH ácido encontrado em alguns alimentos e líquidos”, explica Dr. Moraes. Além disso, segundo ele, as catequinas (nutriente de ação antioxidante) do chá exercem atividade antibacteriana contra alguns dos principais microrganismos por trás da cárie. E algumas vitaminas também contribuem para a saúde oral. A vitamina C ajuda a manter o tecido da gengiva saudável. Já o ácido fólico reduz a inflamação e o sangramento gengival. E a vitamina D ajuda a evitar a gengivite.
artigo
Você sabia que o seu consultório ou a sua clínica pode estar doente?
U
m consultório ou uma clínica interage com o mercado, o meio externo, gerando resultados para você. Os resultados esperados são o financeiro, a qualidade de vida e o prestígio social, em outras palavras, a prosperidade por meio do seu trabalho.
Dr. Roberto Caproni Graduado em Odontologia e em Administração de Empresas. Pós-graduado em Marketing e Psicologia. Especialista em franquias pela Franchising University.
Se esses resultados estão aquém do esperado, é porque o seu consultório ou a sua clínica está doente. Para tratar essa doença, precisamos fazer um diagnóstico organizacional, identificando o problema e propondo a solução. Estes são os problemas mais comuns que você pode estar enfrentando:
1 . Trabalha muito e não tem o retorno financei- 6 . Os clientes acham os seus preços caros. Tem ro esperado.
dificuldade para fechar os tratamentos.
2 . Vive estressado e sem qualidade de vida. Não 7 . Os clientes particulares sumiram. O seu tem tempo para você, para a sua família e para as pessoas que ama.
maior problema são os planos de saúde. Tem medo de abrir mão dos convênios.
3 . Tem dificuldades com a sua equipe. Sente-se 8 . Está perdendo clientes para a concorrência, inseguro em delegar atividades e funções.
que, na maioria das vezes, é antiética e desleal.
4 . Investiu muito no seu aprimoramento técni- 9 . Quer melhorar o seu resultado financeiro e co e profissional. É um profissional reconhecido, mas precisa de ajuda com a gestão da sua clínica. Acha que está perdendo muito tempo e dinheiro com erros.
5 . Tem um bom resultado, mas está sobrecarregado, com uma agenda lotada e com fila de espera.
a sua qualidade de vida. Não quer mais sofrer com a insegurança das crises na economia. A administração é uma ciência que faz o diagnóstico e propõe soluções para os problemas enfrentados por um consultório ou por uma clínica, otimizando os seus resultados.
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Bons amigos
e aliados da saúde
Pesquisa científica mostra que crianças que convivem desde pequenas com cães e gatos têm menos risco de desenvolver asma 80
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les são bons companheiros, trazem alegria e muitas vezes se tornam “parte da família”. Mas os animais de estimação também podem ser bons amigos da saúde. Vários estudos científicos já mostraram que ter pets em casa ajuda a reduzir o estresse, o sentimento de solidão, a ansiedade e a depressão, entre outros benefícios. De acordo com pesquisadores, isso acontece porque passar um tempo brincando ou acariciando os animais ajuda o organismo do humano a produzir mais hormônios como a ocitocina, a prolactina e a serotonina, que melhoram o humor.
A falta de exposição a alergênicos e germes na primeira infância pode reprimir o desenvolvimento do sistema imunológico.
E para os pais que preferem não ter bichinhos em casa com medo de que os filhos venham a desenvolver alergias, aqui vai um bom motivo para mudar de ideia: crianças que vivem com cães e gatos em casa têm 15% menos risco de apresentarem asma, doença crônica que leva à inflamação e ao estreitamento das vias aéreas, dificultando a respiração. A constatação é de pesquisadores da Universidade de Washington, que avaliaram cerca de 450 crianças moradoras de áreas pobres nas cidades de Saint Louis, Baltimore, Boston e Nova York. Todas tinham pelo menos um dos pais asmático ou alérgico, o que significa que elas tinham um risco maior de desenvolver a doença. E todas conviviam com animais de estimação. As crianças foram acompanhadas do momento do nascimento até os sete anos de idade. Ao final do estudo, publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology, do total de participantes, menos de um terço tinha sido diagnosticado com asma. O professor Dr. Leonard Bacharier, um dos líderes da pesquisa, diz que, quando a criança convive desde pequena com os pets, ela desenvolve um sistema imunológico mais forte. O efeito, no entanto, não acontece entre adultos que já sofrem de alergias.
Dr. Leonard Bacharier Revista Longevidade em Foco
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Exposição aos alergênicos “A falta de exposição a alergênicos e germes na primeira infância pode reprimir o desenvolvimento do sistema imunológico, fazendo com que ele fique entediado quando exposto posteriormente”, explica Dr. Bacharier, que é pediatra com especialização em alergias e sistema imunológico. O médico ressalta que o resultado da pesquisa não quer dizer que passar a ter animais vá curar a asma de crianças que já apresentam a doença, mas, sim, que ter um gato ou cão em torno do seu filho pequeno não é ruim. “Nosso estudo está de acordo com a hipótese da higiene, segundo a qual a exposição melhora nossa tolerância a agentes alergênicos, como os encontrados em pelos de gatos e cães. Essa informação pode ser importante para os casais que estão esperando um bebê ou planejam ter um”, explica. Dr. Bacharier lembra que a pesquisa mostrou também que o estresse e a depressão materna, avaliadas por meio de questionários respondidos pelas mães, foram associados ao aumento do risco de asma nas crianças. O mesmo ocorreu com os filhos de mulheres que fumaram durante a gestação. Neste caso, os cientistas mediram os níveis de cotinina (metabólico da nicotina) no sangue do cordão umbilical no momento do nascimento.
Menos estresse comportamental Na opinião do pediatra, alergista e imunologista Dr. Renato Barros (Cremerj 464830), a pesquisa reforça descobertas anteriores sobre os benefícios de ter um pet em casa para a saúde das crianças. “A convivência com cães e gatos tem muito a ensinar aos nossos filhos. Um estudo anterior,
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da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, com crianças em idade pré-escolar, mostrou que aquelas que tinham um cão em casa apresentavam menos estresse comportamental, comparadas às crianças sem a companhia do pet”, diz. Segundo Dr. Barros, a alergia a gatos e cães não tem origem nos pelos dos animais, mas na saliva e nas secreções das glândulas sebáceas. Quando se lambem, os pets depositam alergênicos nos pelos e aí surgem as reações alérgicas em algumas pessoas. Ainda de acordo com o médico, a falta de ar, o chiado no peito e o cansaço são sintomas característicos da asma. E, para aqueles que vivem em áreas rurais, o contato das crianças com animais de pequeno e grande porte também as protege de alergias, segundo um estudo da Universidade de Wisconsin, em Madison (EUA). A pesquisa, publicada no Journal of the American Medical Association, envolveu mais de 500 crianças. Segundo o resultado, aquelas que moravam no campo apresentavam 50% menos risco de rinite alérgica e erupções cutâneas.
Má alimentação causa uma em cada cinco
mortes no mundo
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ma em cada cinco mortes no mundo está associada à má alimentação. O alerta vem de pesquisadores que participaram do estudo Global Burden of Disease (Carga Global de Doença, em tradução livre), publicado na revista científica The Lancet. A pesquisa, maior estudo de fatores de risco de mortalidade em todo o mundo, teve como base dados epidemiológicos e observacionais obtidos em 195 países e foi coordenada por cientistas do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington. De acordo com os pesquisadores, a alimentação incorreta, com deficiência de frutas, cereais, frutos secos, vegetais, legumes, ômega 3 e grãos é, hoje, o segundo maior fator de ris-
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co para a morte precoce, só perdendo para o tabagismo. O estudo adverte que o consumo frequente de alimentos como os embutidos (salsicha, linguiça, mortadela, presunto e salame), enlatados, industrializados (como pizza ou lasanha congeladas) e frituras está relacionado a diversas doenças, como as cardiovasculares, hipertensão, diabetes, câncer, osteoporose, além da obesidade. Entre as bebidas, o refrigerante e o suco em pó – que, além de grande quantidade de açúcar, contêm diversas substâncias artificiais e muito pouco valor nutricional – também são vilões nessa história. O alerta serve inclusive para refrigerantes diet, que, embora não contenham açúcar, têm em sua fórmula adoçantes como o aspartame, feito com três substâncias químicas: ácido aspártico, fenilalanina, e metanol. Esse último componente é bastante tóxico, já tendo sido ligado por cientistas a vários problemas de saúde, incluindo a degeneração dos neurônios.
Obesidade avança no Brasil Segundo a nutricionista clínica funcional Aline Labes (CRN 2000.100.386-5), o estudo mostra a rapidez com que as doenças relacionadas à obesidade estão se espalhando pelo mundo, incluindo o Brasil. “A nossa alimentação vem mudando drasticamente ao longo dos anos. Estamos trocando os alimentos naturais pelos processados. E adotando novos hábitos, baseados em alimen-
tos de baixo valor nutritivo, mas ricos em gordura, de alta densidade calórica. E isso ocorre no mundo todo, inclusive no Brasil, onde a obesidade aumentou em 60% na última década”, comenta Aline. A nutricionista lembra que o consumo regular de feijão, considerado um alimento básico na dieta do brasileiro, diminuiu de 67,5%, em 2012, para 61,3%, em 2016. Além disso, apenas um entre três adultos consomem frutas e hortaliças cinco vezes na semana. “Hoje, um em cada cinco brasileiros está acima do peso, mesmo que tenhamos, recentemente, adotado hábitos alimentares mais saudáveis, consumindo mais hortaliças, frutas e fibras”, avalia Aline. De acordo com a nutricionista, a melhor forma de evitar doenças relacionadas à má alimentação é dar preferência a alimentos frescos e preparados em casa, evitando aqueles processados. Fazer exercícios e manter outros hábitos saudáveis, como não fumar nem beber em excesso, também é importante. “Essas são as chaves para a saúde e a longevidade”, diz Aline. A especialista ressalta que vários estudos científicos já mostraram que a obesidade está relacionada a diversos tipos de câncer, como o de mama, o do fígado e o da tireoide, entre outros. E lembra que alguns alimentos podem ajudar a evitar a doença, como o brócolis, os aspargos, a couve-flor e outros vegetais crucíferos, que são ricos em sulforafano, composto que, além de propriedades anticancerígenas, ajuda a combater a artrite e as doenças cardíacas e renais.
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Terapia genética
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para tratar o câncer
ada vez mais o tratamento de câncer se torna personalizado. E um passo importante neste sentido é a terapia genética, em que células do sistema imunológico do próprio paciente são reprogramadas para atacar o tumor. As células são modificadas geneticamente em laboratório para reconhecer o câncer e destruí-lo, e depois devolvidas à corrente sanguínea. A técnica vem sendo pesquisada há décadas, mas apenas recentemente a agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) autorizou seu uso. O tratamento será aplicado em pacientes com leucemia linfoide aguda, um tipo de câncer do sangue e da medula óssea que afeta os glóbulos brancos. A autorização foi obtida pela farmacêutica Novartis, com base no resultado de um estudo envolvendo 63 pacientes submetidos à terapia entre abril de 2015 e agosto de 2016. Deste total, 52 – ou 82,5% dos pacientes – entraram em remissão (quando não se tem mais evidências de que exista o câncer). Denominado CAR T-cell, o tratamento foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia em parceria com a indústria farmacêutica. A
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técnica consiste em extrair células T (muitas vezes chamadas de soldados do sistema imunológico) do sangue, que depois são modificadas. Segundo o Dr. Carl June, diretor do Centro de Imunoterapia da Universidade da Pensilvânia, para reprogramar as células T é usada uma forma não ativa do HIV, o vírus da AIDS, que transporta o material genético novo. O processo “superalimenta” as células T, que atacam as células B leucêmicas, após localizarem uma proteína chamada CD-19. Como o tratamento destrói não apenas as células B leucêmicas, mas também as saudáveis, que ajudam a produzir anticorpos, os pacientes precisam de tratamento para protegê-los contra infecções. Por isso, regularmente, eles recebem infusões de imunoglobulinas. Quanto a outros possíveis efeitos colaterais, para detecta-los os pacientes que participaram do estudo serão acompanhados por 15 anos. De acordo com Dr. June, a terapia celular por CAR T-cell é um tratamento que precisa ser pensado e estudado de forma específica para cada paciente. Por enquanto, porém, a técnica está disponível apenas nos Estados Unidos.