outubro :: ano 6 :: nº 70 :: www.revistawebdesign.com.br R$ 11,90
Realidade Aumentada Aprenda a explorar esse novo recurso de interatividade na web
Quer conferir como funciona esta tecnologia? Siga as instruções abaixo: 1. Acesse www.revistawebdesign.com.br/realidadeaumentada 2. Direcione o ícone acima para sua webcam (aprox. 30 cm de distância) 3. Veja o demonstrativo que preparamos para você! Apoio
E D I T O R A
4 :: Webdesign
4 :: Webdesign
Luis Rocha
Editorial
luis.rocha@arteccom.com.br
Tecnologia boa é aquela que mexe com as nossas emoções Semana de fechamento de mais uma edição da Webdesign. Toca o celular. Penso eu, lá vem algum imprevisto de última hora! Do outro lado da linha, é a minha grande amiga (e diretora de criação) Camila Oliveira. O papo se inicia com algumas trocas de ideias para acertarmos os detalhes de fechamento da revista. A conversa se estende e confesso a ela que o tema do especial
Direção Geral Adriana Melo Direção de Redação Luis Rocha Direção de Criação Camila Oliveira Publicidade Luanna Chacon Thiago Nabuco Atendimento Rebeca Emerick
deste mês acabou trazendo boas recordações sobre o início
Tecnologia Neilton Silva
do cinema 3D e os clássicos óculos ornamentados com papel
Rafael Zuma
celofane vermelho e azul. Neste momento, ela me “intima” a assistir o filme “UP - Altas Aventuras”, um dos mais recentes projetos produzidos pela Disney/Pixar com tecnologia tridimensional para películas cinematográficas. Segundo ela, a mistura do moderno aparato tecnológico com uma bela história e um roteiro bem trabalhado torna a obra numa ótima opção de lazer, fazendo com que você participe realmente daquela história. Para se ter uma ideia, o processo de imersão e realismo foi tão grande que lágrimas fizeram parte das emoções vividas por
Financeiro Cristiane Dalmati Eventos Taianá Andrade
Atendimento aos assinantes atendimento@arteccom.com.br Redação redacao@revistawebdesign.com.br Anuncie publicidade@arteccom.com.br
Camila durante o filme! Depois de tamanha revelação, terminamos nossa conversa concluindo que esse é o papel que uma tecnologia deve assumir nos projetos, ou seja, ajudar o usuário a se sentir parte daquele ambiente que ele deseja experimentar em determinado momento de sua vida. Assim, esperamos que a reportagem de capa possa ajudá-los a encontrar este diferencial na aplicação da Realidade Aumentada em ambientes digitais. PS: Vocês devem estar estranhando o porquê de Adriana não nos brindar com mais um de seus interessantes depoimentos por aqui. Diante dos novos projetos lançados pela Arteccom, como o curso Design de Interfaces e o Workshop Magento, ela pediu para
Revista Webdesign www.revistawebdesign.com.br Revista TIdigital www.revistatidigital.com.br Encontro de Design e Tecnologia Digital www.edted.com.br Fórum Internacional de Design e Tecnologia Digital www.foruminternacional.com.br Concurso Peixe Grande www.peixegrande.com.br Curso Web para Designers www.webparadesigners.com.br Curso Design de Interfaces www.designdeinterfaces.com.br
que eu cobrisse sua ausência neste momento. No mês em que completo quatro anos de Arteccom, agradeço a minha querida chefinha por esta oportunidade de abrir a edição e também fechá-la (pág.74) com a publicação de meu conto, premiado recentemente em concurso literário. Grande abraço e uma ótima leitura!
Produção gráfica www.ediouro.com.br
Distribuição www.chinaglia.com.br
Luis Rocha. :: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.
Sumário
70 08 - Fique por dentro 10 - Métricas 11 - Direito na web
34 - Reportagem de capa A aplicação do conceito de Realidade Aumentada em ambientes digitais representa novos desafios para os profissionais criativos e transformações no modelo
12 - Portfólio Agência
de interatividade dos projetos. Saiba como avaliar as
Caju
vantagens deste novo recurso
16 - Portfólio Freelancer Igor Cardoso
24 - Entrevista Paulo Teixeira, autor do
18 - Portfólio Ilustrador
livro “SEO, otimização
Nico Mezquita
de sites”, explica como
20 - Lente Digital Jorge Campos
22 - Fonte de Inspiração - Nova seção! Fabio Haag
62 - Tecnologia Motion Graphics
o conhecimento sobre esta técnica pode ajudar na construção de interfaces funcionais
46 - Opinião Confira quais são os desafios para demonstrar ao cliente o valor do design e do processo criativo de um projeto web
64 - Tutorial Actionscript para webdesigners - parte 1/4
66 - Ilustração
50 - Reportagem
Carolina Vigna-Marú
Especialistas brasileiros analisam como as agências
68 - Marketing
digitais podem incluir o
René de Paula Jr.
Twitter em seus portfólios de serviços, além de
70 - Internacional
apontar bons exemplos
Julius Wiedemann
72 - Webdesign
56 - Estudo de caso
Luli Radfahrer
Agência Ginga apresenta os detalhes envolvidos na criação e no desenvolvimento do projeto
Os links citados nesta edição estão reunidos na página principal do site da revista. Acesse www.revistawebdesign.com.br.
experimental Angani
E-mails
6 :: Webdesign
Gostaria de parabenizar os posts sobre
Realidade Aumentada
no site de vocês e sugerir que publiquem uma matéria mais abrangente sobre o assunto, mostrando as melhores estratégias para utilizar em
Obrigado pelos elogios, Fabiano e Ademar! Como vocês devem ter visto na capa desta edição, preparamos um especial que traz
websites, e como funciona a tecnologia de reconhecimento visual.
uma análise de profissionais brasileiros que
Fabiano Santos
trabalham atualmente com esta tecnologia
fabiano.santos@gmail.com
e de que maneira ela pode contribuir para aperfeiçoar a interatividade e o design de
Parabéns pela publicação. Li com muito interesse a matéria sobre Realidade Aumentada, publicada na seção “Tecnologia”, da edição 69. Vocês poderiam fornecer um contato de estúdio ou profissional que execute um
interfaces de projetos web. A partir da página 34, confiram o resultado desta troca de conhecimentos. Boa leitura!
“modelo” para ser impresso em um convite e que pudesse ser visto também na webcam? Somos uma empresa ligada ao ramo de catálogos, folders e convites para galerias de arte e museus. Ademar de Paula laserprint@laserprint.com.br
Sou assinante da Revista Webdesign há vários anos, nem sei quantos mais,
Cláudia, muito obrigado por manter tamanha
e gosto muito de suas matérias. É uma revista séria que realmente traz
confiança em nosso trabalho ao longo desse
acréscimos para nós desta área.
tempo. Pode ter certeza que continuaremos
Sou webdesigner e artista plástica. Atualmente, trabalho como freelancer
trabalhando com muito afinco para ajudá-los na
criando e desenvolvendo sites. Gostaria que me ajudassem a esclarecer a
evolução de suas carreiras! Sobre sua dúvida,
dúvida de um cliente meu. É uma empresa da área de engenharia civil e já
o colunista Dr.Gilberto Martins traz o seguinte
construíram diversas obras pelo país. Estou fazendo o site desta empresa
conselho: “Entendo que a empresa cliente da
e eles me perguntaram quanto à legalidade da divulgação
das
firma de engenharia pode se opor a veiculação
fotos de uma obra que eles construíram. Se a empresa que os contratou
de fotos (por razões de segurança, discrição,
para construir a obra pode se opor a esta divulgação e se pode fazer algo
imagem) e pode se opor à divulgação do fato
juridicamente contra eles. Desde já agradeço, Cláudia Naves contato@claudialuz.com.br
Olá, pessoal! Primeiramente gostaria de dizer que sou assinante e fã da revista
de ter sido cliente da firma de engenharia (para evitar associação de imagem, possível conflito de interesses).”
Olá, Julian. Ficamos muito felizes de receber
de vocês! Muitas decisões que tomei para minha careira foram influenciadas
a sua mensagem, pois ela serve de grande
pelas matérias publicadas na revista. É por isso que venho perguntar se vocês
incentivo em nossa caminhada. Já fizemos
já fizeram alguma reportagem sobre
sites em 3D. Ainda não sei mexer
uma reportagem sim, mais especificamente
com isso e tenho várias dúvidas, como quais são os softwares indicados, onde
na edição de setembro de 2007. Segue o link
eu posso estudar as técnicas, a aceitação desse tipo de site no mercado etc.
do PDF para você dar uma lida: http://migre.
Agradeço a atenção,
me/78bB. A reportagem faz uma introdução
Julian Vilela
sobre o assunto, indicando boas fontes e os
julianvilela@gmail.com
caminhos para se começar a trabalhar nesta área. Outra boa dica é acessar o site www. pixelsrender.com.br, que apresenta vídeostutoriais sobre o After Effects, software muito utilizado na produção de 3D. Esperamos que tais materiais possam ajudá-lo em sua pesquisa. Grande abraço!
Gostaria de saber da possibilidade de eu publicar algum material, coluna ou artigo na revista. Sou formada em Desenho
Leila, este seu trabalho parece ser bem interessante! E agradecemos o seu interesse em
Industrial - habilitação em Programação Visual, especialista em Expressão
compartilhar seus conhecimentos com os nossos
Gráfica e mestranda em Comunicação na área de novas tecnologias e
leitores. No momento, o espaço para colunistas,
design. Caso haja possibilidade, gostaria de maiores esclarecimentos.
na edição impressa, já está preenchido. No
Disponho-me a, caso desejem, enviar meu currículo. Tenho algumas propostas de abordagens, na área de design e tecnologia. Minha dissertação de mestrado trata da Bauhaus e da escola alemã de Uhlm, abordando a retórica gráfica aplicada à comunicação visual digital. Agradeço desde já. Leila Krüger legkruger@hotmail.com
entanto, no site da revista, temos procurado manter a publicação de outros artigos e entrevistas. Quem tiver artigos interessantes, pedimos para que eles sejam encaminhados para o e-mail redacao@revistawebdesign.com.br, pois assim nossa Equipe Editorial pode avaliar a possibilidade de publicação, ok? Abraços!
fale conosco pelo site www.revistawebdesign.com.br :: Os e-mails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos e-mails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.
8 :: Webdesign
notícias
Fique por dentro
Blog coletivo sobre tipografia Nesta edição, estamos lançando uma nova seção na revista, chamada “Fonte de Inspiração”. O objetivo é apresentar a riqueza dos trabalhos tipográficos desenvolvidos por profissionais brasileiros para o público envolvido com a criação para meios digitais, além de valorizar a produção nacional. Outra boa novidade envolvendo o assunto tipografia é o surgimento do blog coletivo “Tipos do Brasil” (http://www.tiposdobrasil.com/ blg/). Segundo a apresentação oficial, um dos principais objetivos deste novo espaço é “tornar-se território comum para a convergência de interesses dos designers de tipos e ser um canal de comunicação entre designers, diretores de arte, agências e distribuidores”. Fazem parte deste blog profissionais renomados como Fabio Haag (http://www.daltonmaag.com/), Tony de Marco (http:// www.justintype.com.br/), Gustavo Lassala (http://www. brtype.com/), Ricardo Esteves (http://www.outrasfontes. com/), dentre outros.
making of
As reuniões de pauta da revista são sempre muito interessantes, pois além do desafio criativo na definição da identidade gráfica e dos assuntos em destaque na edição, nossa equipe costuma trocar
Lançada nova versão de advergame brasileiro sobre vôlei
ideias e compartilhar conhecimentos
Após o sucesso da primeira versão do Super Vôlei Brasil (http://www.supervoleibrasil.com.br/), lançado em 2008, e que alcançou 1,4 milhões de gameplays (jogos executados), com tempo médio de 7min30s, a Olympikus anuncia uma nova atualização de seu advergame. A grande novidade desta edição, desenvolvida em parceria com a Aquiris Game Experience, é a inclusão de personagens que representam as jogadoras da seleção feminina de vôlei, atuais campeãs olímpicas e octacampeãs do Grand Prix. Além disso, a divulgação oficial informa que “a versão atualizada tem novo sistema de pontuação, CPU mais elaborada, novo servidor de banco de dados, largadinhas mais venenosas, mais potência no saque viagem, inclusão do saque tático, novos movimentos dos personagens, balanceamento dos jogadores, diagonais e paralelas mais bem definidas”. “O lançamento de personagens da seleção feminina no game, além de democratizar o esporte no ambiente digital, também é uma justa e inédita homenagem a essas jogadoras que conquistaram o ouro em Pequim”, explica Márcio Callage, gerente de marketing da Olympikus.
do mercado web.
Hotsite como ferramenta de utilidade pública Nos últimos meses, a disseminação e os riscos provocados pela influenza A (H1N1), também conhecida como gripe suína, se tornaram motivo de grande preocupação para a população mundial. Diante disso, a internet acabou assumindo papel fundamental na divulgação de informações atualizadas sobre o assunto. Um bom exemplo deste cenário é o hotsite “Boletim da Gripe” (http://www.tvcultura.com.br/boletimdagripe/), criado pela TV Cultura. Por lá, o usuário pode conferir “dicas de prevenção, formas de contaminação, sintomas, diagnóstico e grupos de risco da gripe A (H1N1), bem como vídeos informativos (de um minuto cada um) produzidos pelo canal de TV do Hospital das Clínicas”.
sobre os principais assuntos do cotidiano Neste mês, o desafio era encontrar um conceito para a capa de maneira que o leitor pudesse relacionar, de imediato, o tema em destaque: a Realidade Aumentada. Então, decidimos partir para uma solução diferente e apresentar logo de cara um demonstrativo de como funciona esta tecnologia. Para que isso pudesse acontecer, fechamos uma parceria com a EDGY, comandada pelo sagaz Gustavo “Grande Energia” Alberti, que veio através da indicação do nosso amigo Cesar Paz, presidente da ABRADi e diretorpresidente da AG2. Com o desenvolvimento do projeto on-line resolvido, o próximo passo seria escolher a imagem principal a ser rastreada na capa impressa. Depois de um brainstorming, o ícone de uma webcam acabou sendo a imagem escolhida, por ser um elemento comum na produção desses projetos. Em relação ao fundo, a orientação foi que usássemos apenas uma cor e o laranja acabou sendo utilizado por representar a marca da Editora Arteccom. Esperamos que vocês gostem desta experiência! Fale com a equipe de criação: criacao@arteccom.com.br
fique por dentro :: 9
agenda Livros do mês
02 e 03/10: 3° EBAI Local: São Paulo
Título: Tudo que você precisa saber sobre o
Site: www.congressoebai.org
Twitter (você já aprendeu em uma mesa de bar)
A proposta deste evento é
Autor: Juliano Spyer Edição: Talk Interactive (www.talk2.com.br) Nesta edição, você vai conferir uma reportagem sobre as oportunidades de negócios que o Twitter pode trazer para as agências digitais. Assim, este e-book
contribuir para o desenvolvimento do segmento de Arquitetura de Informação no Brasil, criando um congresso para o debate e a troca de informações entre profissionais, pesquisadores e professores. Inscrições a partir de R$ 296,00.
funciona como um ótimo guia para quem ainda procura entender as particularidades da principal ferramenta de
10 e 11/10: Pixel Show 2009
microblogging da internet. A boa notícia é a possibilidade
Local: São Paulo
de baixá-lo gratuitamente: http://migre.me/78j4.
Site: www.pixelshow.com.br Quinta edição de uma das maiores
Título: O poder do Twitter
conferências criativas de design e arte do Brasil. As palestras vão
Autor: Joel Comm (com Ken Burge)
abordar detalhes sobre processo
Editora: Gente (www.editoragente.com.br)
de criação e apresentar cases
A leitura desta obra criada por Joel Comm (www.joelcomm.
de renomados artistas de áreas como motion design, branding,
com), com a colaboração de Ken Burge, vale pelo intuito do
graffiti, fotografia, moda e direção
autor em compartilhar suas experiências e estudos para construir
de arte. Valores: a partir de R$
relacionamentos e desenvolver negócios através do uso da
145,00, dependendo da categoria
ferramenta. Afinal, como o próprio autor define, o “Twitter é
(profissional ou estudante) e da
sobre relacionamentos”.
data de inscrição. 24/10: 14° Encontro de Design e Tecnologia Digital (EDTED) Local: Salvador
Blog do mês:
Site: www.edted.com.br
Comunicadores
as principais novidades da área de
O maior evento de internet no país vai apresentar ao mercado baiano Design e Tecnologia Digital, através do debate sobre os principais assuntos em voga, como CMS’s, Interfaces Ricas, Metodologias Ágeis e Redes Sociais. Valores: de R$ 24,00 a 74,00, dependendo da data de inscrição. 03 a 06/11: Brazil Design Week’09 Local: São Paulo Site: www.bdw09.com.br Com o tema “Inovação e Negócios”, a nova edição reunirá um conjunto de atividades como apresentações de cases internacionais, seminários setoriais, workshops, rodadas de negócios, fórum de sustentabilidade e exposições. Promovido pela
Acesse o blog, leia os posts e saia de lá com uma nova ideia criativa na cabeça. Com este mote, o Comunicadores (http://comunicadores.info) é a nossa indicação do mês. Mantido por Haendel Dantas e Guilherme Cury, os ingredientes para que tal fórmula possa funcionar envolvem a publicação de conteúdo envolvendo temas como “publicidade, propaganda, marketing, branding,
Associação Brasileira de Design (Abedesign), com apoio da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção e Exportação).
design, comportamento, tecnologia, novas mídias, web, curiosidades…”. Outro aspecto interessante deste espaço é que, além dos textos normais, o usuário pode conferir as novidades através de um miniblog.
Participe do Fique por dentro! Envie notícias ou curiosidades para redacao@revistawebdesign.com.br.
Conhece algum blog interessante focado em criação, design, internet e tecnologia? Envie sua dica para redacao@revistawebdesign.com.br.
10 :: Webdesign
métt rii cas envie sugestões e críticas para: redacao@revistawebdesign.com.br
71h 30min
2.275 Total de agências digitais em funcionamento atualmente no mercado brasileiro de internet. Segundo dados do “Censo das Agências Digitais ”, o faturamento gerado alcança aproximadamente R$ 760
Tempo total de uso por usuário
milhões (sem considerar os
da internet no país registrado no
investimentos em compra
mês de julho de 2009, considerando
de mídia), sendo que o custo
a navegação por páginas mais a
da hora trabalhada nessas
utilização de aplicativos on-line
empresas é de, em média, R$
(messengers, VoIP, tocadores de
43,39, e o faturamento mensal
música etc.). O número de brasileiros
por hora de R$ 7.408.
com acesso à internet em casa ou no
Fonte: ABRADi (http://migre.me/6Zha)
89,5%
Percentual de micro e pequenas
empresas brasileiras com acesso à internet (71%) que possuem
websites. Outro dado constatado pela pesquisa é que o e-mail (64%) é o serviço mais utilizado pelos microempresários. Além disso, 11% revelaram que já realizaram cursos à distância, com um total de 84% de aprovação para este modelo de aprendizado.
trabalho é de 44,5 milhões. Fonte: IBOPE Nielsen Online (www.ibope.com.br)
20%
2
Fonte: Sebrae-SP (http://migre.me/6ZdC)
11,3%
Total do percentual de buscas
milhões
on-line realizadas através do
Montante recorde de visitas
Com este percentual, a produção
Google na internet brasileira.
registradas , em um único
de websites é a principal
Segundo dados da pesquisa, 29,8%
dia (03/09), no portal da
competência e foco de atuação
do tempo total de navegação
Climatempo, totalizando 4
das agências digitais brasileiras.
on-line no país foi gasto em sites
milhões e 800 mil páginas
Programação (10%), campanhas
do Google, sendo que o Orkut
visualizadas dentro do site. As
(9,3%) e e-mail marketing (8,5%)
predomina na categoria redes
rápidas mudanças climáticas
foram os outros serviços mais
sociais, com 96% do tempo gasto, e
ocorridas em São Paulo na
apontados pelos entrevistados.
o YouTube (91,6%) em multimídia.
época e a proximidade com
Fonte: ABRADi (http://migre.me/6Zha)
Fonte: comScore (http://migre.me/6Z0J)
o feriado de 07/09 foram considerados os principais estímulos para a quantidade de acessos originados. Fonte: Climatempo (www.climatempo.com.br)
direito na web :: 11
direito na web Propriedade intelectual de bancos de dados Gilberto Martins de Almeida
Estou colocando no ar, no segundo semestre de 2009, um portal com vários serviços gratuitos direcionados a um público específico. Contudo, seu principal serviço é exclusivo e inovador, não há no mercado. Ele não é
Advogado formado na PUC/RJ, com
um software, mas um banco de dados para informações que serão compartilhadas entre os usuários do portal.
Mestrado na USP e
Diante das reservas e não obstante da realidade de ser copiado e permitir uma concorrência desleal, peço sua
cursos em Harvard e
ajuda me informando tudo sobre meus direitos de Propriedade Intelectual, como e onde faço os registros. Tenho
no M.I.T. Ex-Gerente
estudado um pouco sobre o assunto, mas é de um alto nível de complexidade dados as muitas regras e exceções.
Jurídico da IBM,
Principalmente quando se junta com a lei de Direito Antitruste.
onde trabalhou por 11 anos, no Brasil e nos EUA. Sócio de Martins de Almeida Advogados, escritório especializado.
Jackson Osni - jacksonosni@gmail.com
Um dos temas mais controvertidos no campo da propriedade intelectual de informática é o da proteção dos bancos de dados, que chegou inclusive a gerar na Europa um regime sui generis de proteção (em seguida criticado em várias partes do mundo, inclusive no Brasil). Fundamentalmente, quanto mais nos aproximarmos do código, o aspecto software do banco de dados, o seu esqueleto, mais nos acercaremos do Direito Autoral. Por isso mesmo é que o INPI mantém, na Tabela de Classificação por Tipo de Programa para Registro de Programa de Computador, disponível no site do próprio INPI, itens como, por exemplo, “GI02-Gerenc BD: Gerenciador de Banco de Dados”, permitindo que programas para bancos de dados sejam ali registrados pelo seu autor ou por outro titular dos respectivos direitos. Inversamente, quanto mais nos aproximarmos da informação, o aspecto “conteúdo” do banco de dados, o seu recheio, mais estaremos nos afastando do Direito Autoral (que protege forma, e não, ideias ou conceitos abstratos). Vale observar que quando alguém copia indevidamente um banco de dados, muitas vezes vêm juntos o programa e os dados. Portanto, no mais das vezes, a proteção contra tais situações é garantida numa primeira instância pela tutela do Direito Autoral em relação ao programa. Mas e o esforço de pesquisar, selecionar, e reunir a informação, fica totalmente desprotegido simplesmente porque dados não gozam de proteção autoral? Não, no extremo, isto não seria justo. Entretanto, “como” fazer, é chave. Por exemplo, o eBay ajuizou ação nos EUA contra o Bidder’s Edge alegando que este copiara e utilizara sem autorização o conteúdo do seu banco de dados. O juiz primeiro deu uma liminar em favor do eBay, baseada em Direito Autoral. Foi bastante criticado por isso, então manteve a liminar, mas trocou o fundamento, passando a justificá-la com base em
invasão e apropriação de bem móvel (e continuou sujeito a críticas...). Em resumo, é preciso cuidado. Além da escolha da melhor fundamentação para dar conta do “como” fazer, uma tarefa não menos importante é definir “o quê” fazer. Nesse sentido, o básico é registrar o programa como direito de autor, no INPI. E o mais sofisticado, mas podendo ser tão eficaz quanto, é tentar se defender com base em evidências de que tenha havido atos de concorrência desleal ou de concorrência parasitária. Como assim? Mostrando que um concorrente está sendo prejudicado por outro que aproveitou o investimento do primeiro na construção do banco de dados para com isso desviar clientela do primeiro, ou para se intitular proprietário do banco de dados feito pelo primeiro. Para essa estratégia uma providência prática seria, por exemplo, registrar (se possível, em cartório de Títulos e Documentos) os investimentos e esforços feitos, com independência, no desenvolvimento do banco de dados (e que podem deixar de ter o justo retorno caso um concorrente, cliente ou parceiro se aproprie do banco de dados à revelia do titular). Finalmente, há ainda como regra três a vala comum da responsabilidade civil, quando se evidencie um ato culposo ou doloso que gere prejuízo indevido de um lado e vantagem artificial do outro tendo como ligação entre eles um esquema fraudulento. Esse é o caminho das pedras, de “o quê” e “como”, que vale a pena percorrer, pois, como se sabe, nessa área é grande a avidez de alguns por tirar vantagem sem ter o direito respectivo. Essa avidez merece ser reprimida para que, em sendo protegidos os canais de estocagem e fluxo de informação, haja mais incentivo para se desenvolver novos canais e com isso promover maior acesso à informação, em benefício de todos.
Envie sua dúvida para: redacao@revistawebdesign.com.br
12 :: Webdesign
o gosto singular da inovação digital pernambucana No artigo “Caju, identidade tropical que exala saúde” (http://migre.me/6KlR), destaca-se que o caju, “de aparência exótica, aroma agradável e sabor singular, é uma fruta perfeita para colorir, perfumar, enriquecer e diversificar pratos da culinária tropical.” Rico em vitamina C e fibras, muito comum na região Nordeste do país (http://migre.me/6KkW), ele é conhecido também pelas diversas possibilidades de sua utilização após o seu beneficiamento, como a preparação de sucos, vinho, passas, doces etc. Trazendo este cenário para o mercado de internet, quem vem evoluindo e mostrando a qualidade e o valor de seu cardápio é a agência digital Caju (http://www.caju.nu), criada por três profissionais, amigos de faculdade, com suas diferentes especialidades: Abelardo Santana (front-end), Guilherme Leite (motion graphics) e Lucio Cavalcanti (3D). Em seguida, Aloysio Chagas, especialista em Flash/Actionscript3, passaria a fazer parte da sociedade também. “Plantada” em Recife, no mês de fevereiro de 2008, os ares da cidade vão ajudando a fortalecer a identidade da empresa. “A cultura pernambucana é uma das mais ricas do país, sendo uma das principais fontes de inspiração da Caju. Alia-se a isso, o fato de Recife ser um dos principais pólos de tecnologia do Brasil, fazendo com que empresas desse segmento sejam valorizadas na região”, afirma Aloysio Chagas. “Não temos como objetivo ser uma ‘fábrica’ de sites. O nosso propósito é se tornar uma referência em inovação e qualidade no mercado de agências digitais. Para isso, sempre estaremos em busca de novas tecnologias, criando soluções diferenciadas e estudando ao máximo as novas possibilidades de interatividade. Além de manter uma equipe de alto nível”, completa Lucio Cavalcanti. Para que tudo isso possa acontecer, a agência funciona dentro de uma estrutura distante das tradicionais formalidades corporativas. “Na Caju, não existe controle de horário, as pessoas têm total liberdade de chegada e saída da agência, além do ambiente ser informal. Vez por outra, paramos o trabalho para jogar um pouco, bater um papo... Quando nos damos conta, já estamos falando de novas ideias para os projetos. Essa prática deixa a equipe tranquila para realizar seu trabalho, estimulando assim a criatividade de todos”, diz Guilherme Leite. Outro ponto importante, como ressalta Abelardo Santana, envolve a valorização do estudo como ferramenta para evolução profissional. “Apesar da formação superior dos sócios e da maioria da equipe, valorizamos a capacidade de cada profissional, o que ele almeja para o futuro e seu interesse em aprender sempre. É comum o pessoal daqui disponibilizar um tempo para o estudo no meio de um projeto. Quando isso acontece, o resultado tende a ser melhor, na grande maioria das vezes. Os desafios fazem com que os profissionais busquem novas soluções, fazendo com que os projetos inovadores sejam um grande aprendizado.”
portfólio agência - Caju :: 13
Casa e Obras do Mestre Vitalino na X Fenearte
Humberto Zirpoli Arquitetura
Te c n o l o g i a s : B l e n d e r + C S S + F l a s h A S 3 +
Tecnologias: After Effects + Flash AS3 + Illustrator
Photoshop + Unity + XHTML
+ Photoshop + PHP + XML
www.casadomestrevitalino.com.br
www.humbertozirpoli.com.br
A entrega de uma proposta, contendo ideias inovadoras e interativas, para a secretaria de imprensa do Governo do estado de Pernambuco foi a senha para que a Caju conquistasse a realização deste projeto, que previa o desenvolvimento da interface da aplicação dos quiosques touchscreens disponíveis na entrada da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte) e de um hotsite que proporciona um passeio virtual e uso de Realidade Aumentada. “A apresentação não só surpreendeu e encantou os responsáveis pelo evento, uma das maiores feiras de artesanato do mundo, como não deu oportunidade para que projetos concorrentes fossem aprovados”, revela Aloysio Chagas. Conquistado o projeto, o próximo passo envolveu um intenso período de estudos para que todas as informações necessárias para a sua concepção fossem colhidas. “Realizamos um trabalho de pesquisa sobre a vida e a obra do Mestre Vitalino, além de visitas à Caruaru-PE para conhecer detalhadamente o local que seria reproduzido em 3D para o passeio virtual, levantando medidas e captando fotos de todos os detalhes da casa/museu. Além disso, visitamos o Museu do Barro para fotografar as obras que seriam apresentadas através da Realidade Aumentada”, explica Guilherme Leite. A objetividade foi um dos principais conceitos aplicados no processo de criação para garantir que o público fizesse o uso adequado das interfaces. “Pensando em retratar no hotsite a mesma aplicação dos quiosques touchscreens disponibilizados no museu da feira, a Caju tentou ser direta no objetivo do ambiente digital. Na tela inicial, são apresentados dois grandes botões para selecionar qual projeto interativo o usuário deseja experimentar: se o passeio virtual na casa do Mestre Vitalino ou conhecer algumas das obras criadas pelo artesão em Realidade Aumentada”, revela Lucio Cavalcanti.
Ficar atento aos pequenos detalhes de um projeto pode representar ótimas oportunidades de trabalho. Para quem ainda tem dúvidas sobre a validade de se colocar uma assinatura na interface dos projetos realizados por uma agência, a história deste case serve como um bom exemplo. “Ao visitar o site da boate Apotheke (http://estudiocaju. com.br/demo/apotheke/), o renomado arquiteto Humberto Zirpoli, responsável pelo desenho arquitetônico da casa, observou a sua qualidade e, através da nossa assinatura no projeto, entrou em contato para que nós desenvolvêssemos o seu novo website”, revela Aloysio Chagas. Em relação ao processo de criação, Abelardo Santana explica que, como o grande destaque do website são os desenhos do arquiteto, os criativos da Caju procuraram conceber uma solução para que os projetos em destaque fossem sempre visualizados. “O conteúdo desliza suavemente sobre as animações de fundo de forma que, caso o usuário queira voltar a visualizar as obras, basta mover o mouse para a área fora do conteúdo, onde o mesmo é ocultado de forma sutil. A organização das categorias de projetos foi discutida com a equipe do escritório, que nos forneceu um diagrama de tipos de obras. O website possui ainda a opção de visualização em tela cheia, cadastro para newsletter e uma seção para que o público acompanhe os novos projetos e novidades em andamento.” Sobre as curiosidades envolvidas no percurso do trabalho, eles ressaltam o cuidado na execução da parte técnica. “Na elaboração das animações, foi preciso identificar os melhores enquadramentos de cada imagem, para que o desenho ganhasse um maior realce, e assim o efeito de transição revelasse a obra, valorizando-a cada vez mais. Foi preciso um detalhado trabalho de otimização de arquivos, fazendo uso de blending modes para que as animações não deixassem o site pesado e não fossem utilizados canais alpha nos arquivos flv’s.”
14 :: Webdesign
Audrey Dining Club
Sorveteria Fri-Sabor
Tecnologias: After Effects + Blender + Flash AS3 +
Tecnologias: After Effects + Blender + Flash AS3 +
Photoshop + PHP + XML
Photoshop + PHP + XML
www.audreydiningclub.com.br
www.frisabor.com.br
A satisfação pelo bom trabalho realizado no website institucional do arquiteto Humberto Zirpoli fez com que o próprio cliente indicasse a Caju para desenvolver a nova cara do site da boate Audrey. Neste projeto, o objetivo principal foi apresentar ao usuário a experiência do novo ambiente de luz e som do estabelecimento. “Dessa forma, fizemos com que o visitante do site tivesse a possibilidade de personalizá-lo: ele pode controlar a iluminação e as cores do ambiente, bem como selecionar qual background será controlado”, destaca Abelardo Santana. Para que toda essa dinâmica pudesse acontecer da maneira que foi planejada, alguns elementos receberam atenção especial na composição visual do site. “O posicionamento de câmera, a iluminação dos painéis de led e dos neon’s da fachada ganharam destaque, valorizando os demais elementos da interface. Os flyers de programação também estão em destaque e podem ser ampliados e detalhados. O site dispõe de uma playlist com músicas que tocam na boate, fazendo com que o usuário sinta-se na casa. É possível ainda conferir fotos da boate, o cardápio, assinar a newsletter e ficar por dentro da programação”, descreve Aloysio Chagas. Além disso, dentro do processo de imersão do usuário pelo site, como destaca Guilherme Leite, foram utilizados recursos de modelagem em 3D. “Nossa equipe aplicou a ousada ideia de reproduzir nos mínimos detalhes a casa em 3D. Foi feito um acompanhamento com a equipe técnica de iluminação, com o arquiteto Humberto Zirpoli, com a direção da casa e com os DJ’s que tocam na boate.”
A combinação de um portfólio com trabalhos de qualidade e a ousadia na apresentação de ideias foram os fatores fundamentais para que a agência fosse escolhida para criar o ambiente on-line desta tradicional sorveteria de Recife. O mote desenvolvido neste trabalho foi a criação de uma praia virtual ambientada com pinguins. “A partir de várias referências, procuramos estudar o movimento de pinguins. Com a ideia de ‘brincar’ com os personagens do website, foi preciso criar movimentos de jogo de frescobol de pinguins, ‘tchauzinho’ num balão e ainda um pinguim escutando música no seu microsystem”, explica Guilherme Leite. Outro ponto interessante foi que a identidade visual da sorveteria, que possui uma paleta de cores bem variada, acabou contribuindo para o bom andamento do projeto. “Isso foi levado em consideração na criação dos elementos do website. Além disso, as animações avançadas de tecido, dos elementos do cenário e da água precisaram sofrer um processo de otimização de certa forma complexo, com vários testes para se alcançar um tamanho aceitável para web”, conta Lucio Cavalcanti. Além do processo de animação dos elementos do site, os criativos da agência procuraram destacar também os produtos oferecidos pela sorveteria. “No intuito de valorizar os picolés e despertar o desejo do consumo, os produtos são exibidos em tela cheia, descrevendo toda a sua informação nutricional. O website possui ainda uma seção para mostrar os eventos patrocinados pela empresa e outra para mostrar a localização das lojas e outros locais onde os produtos são comercializados”, diz Abelardo Santana.
portfólio agência - Caju :: 15
Absolute Escritórios Inteligentes Tecnologias: After Effects + Blender + Flash AS3 + Photoshop + PHP + XML www.absolutenet.com.br
Em mais um projeto conquistado através do bom relacionamento da Caju com seus clientes e parceiros, o desafio desta vez envolvia a concepção do site institucional da Absolute Escritório Inteligentes, especializada em soluções de ambientação de escritórios, residências e home-office. “A adaptabilidade e a tecnologia dos produtos da empresa já são exibidas na página inicial do website. Com o objetivo de destacar produtos e portfólio do cliente, as imagens ganharam uma atenção especial neste projeto, sendo as fotos o ponto mais importante do website. Além disso, para demonstrar todos os movimentos possíveis de serem aplicados nas engrenagens, reproduzimos em 3D a principal cadeira da Absolute. O uso de colunas verticais sendo exibidas de forma hierárquica favorece a usabilidade e o posicionamento do usuário no website”, afirma Guilherme Leite. Falando em usabilidade, esta foi uma das principais preocupações durante a etapa de desenvolvimento. “Devido à grande quantidade de imagens e produtos, realizamos vários testes de usabilidade e uma boa organização de XML’s integrados com o Flash. E, com o intuito de favorecer a usabilidade e ao mesmo tempo deixar a navegação atraente, usamos conceitos de interfaces ricas, como uso de animação dos elementos, transformação da barra de preloader no menu principal, submenu que se abre integrado com o principal, tudo para dar uma continuidade e fluidez na navegação”, explica Lúcio Cavalcanti. Outro ponto importante foi o tipo de pesquisa feito para a concepção gráfica das interfaces. “Para simular o escritório em 3D exibido na tela principal, foi preciso realizar um levantamento num dos clientes da Absolute. Foram estudadas divisórias retráteis, persianas, pisos, móveis, cadeiras e seus movimentos. Também foi necessário um bom planejamento para a organização de toda a linha de produtos que a Absolute oferece”, diz Aloysio Chagas.
16 :: Webdesign
Contato: igor@igorcardoso.com Site: www.igorcardoso.com
CRIAÇÃO MOVIDA POR CORES SATURADAS E FORMAS GEOMÉTRICAS Descobrir a vocação profissional é o primeiro passo para se definir os rumos de uma carreira bem-sucedida. Na vida de Igor Cardoso, esta situação começou a despontar logo no início de sua adolescência, quando apareceram os primeiros indícios que o levariam a escolher o design como profissão. “O interesse surgiu quando eu tinha por volta de 13/ 14 anos, quando comecei a reparar nas peças de divulgação de desenhos animados. A partir daí, comecei a fazer alguns experimentos no Photoshop. A oportunidade ocorreu quando tinha 17 anos e fazia trabalhos técnicos de manipulação de imagem no Photoshop para a multinacional Bowne Global Solutions. Neste mesmo período estava para me decidir no curso que iria fazer na faculdade (publicidade); mas depois, orientado por um amigo, optei por Desenho Industrial e me formei ano passado.” Levando-se em consideração as experiências já vividas por Igor, podemos dizer que tal escolha parece ter sido acertada. Além disso, a vontade em buscar novos desafios vem garantindo a realização de uma boa quantidade de projetos. “Sempre trabalhei como frila, mesmo estando nas empresas. Porém, como tinha que dividir o tempo entre empresa, faculdade e frila, minha demanda para frila era bem pequena. A quantidade começou a aumentar quando estava próximo de me formar. Como havia trabalhado por seis meses na Cherryone, uma agência de webdesign em Chicago, com a minha volta, comecei a receber uma alta demanda por frila deles. Desde então, tudo tem sido dessa forma. Se tivesse que dividir num percentual de meus trabalhos de frila para o Brasil e fora, creio que seriam 80% internacionais e 20% nacionais.” Boa parte do sucesso em sua caminhada pode ser creditada a combinação de elementos e referências que ele procura inserir em seus trabalhos. “Sou apaixonado por tipografia e cores saturadas, contrastantes, formas geométricas e listras. Acredito que esses elementos são os principais atuantes nos meus trabalhos, tanto de web quanto impressos. Sou um grande apreciador de Kandinsky, do geometrismo abstrato e de seu método de uso contrastante das cores no Cubismo. Busco ainda muitas referências em desfiles de moda, que particularmente me agradam muito, como a marca Neon e o estilista Alexandre Herchcovitch, que também se caracteriza por seu intenso geometrismo.” Para quem pensa em investir na carreira solo, Igor ressalta que é preciso se planejar para conviver com um segmento de mercado que apresenta altos e baixos. “Sem dúvidas, o grande desafio que preocupa um freelancer é o próximo mês, porque como se trabalha sem nenhum vínculo, vivemos sem esta garantia. Então, é fundamental que se trabalhe de forma organizada e planejada, pois da mesma forma que possam vir meses de alta demanda, temos de nos acostumar as épocas de menor demanda e procurar alternativas para contornar esta situação.”
portfólio freelancer - Igor Cardoso :: 17
Footlocker Unlocked Tecnologias: Flash + HTML + XML http://unlocked.footlocker.com
Black Music Month Tecnologia: Flash http://unlocked.footlocker.com/blackmusicmonth/
Da série de trabalhos internacionais realizados por Igor, um dos destaques em seu portfólio está presente na criação do website para Footlocker, cujo objetivo era funcionar como um canal de venda/divulgação dos últimos lançamentos dos O bom trabalho desenvolvido durante os seis meses de experiência na agência de webdesign em Chicago ainda
sneakers de marcas como Nike, Adidas, Puma e New Balance. “A cultura sneaker já é uma realidade mundial há mais
trazem bons frutos para a carreira de Igor. Este projeto,
de duas décadas. Em países asiáticos, boa parte da Europa
por exemplo, acabou sendo indicação de um antigo
e nos Estados Unidos os consumidores querem mais do que
companheiro de trabalho.
um tênis bonito ou funcional. O calçado passou a ter status
Desta vez, o desafio proposto era criar um hotsite
de plataforma artística e a carregar simbolismos múltiplos
comemorativo voltado para o público jovem e envolvido com
desde que teve sua imagem ligada a astros de rock, do
a cultura sneaker, que mostrasse as variações e as mudanças
hip hop, dos esportes ou do que já foi um dia chamado de
ocorridas na música negra norte-americana, fazendo uma
tribos urbanas”, explica Igor.
linha de tempo dos anos 60 até 2006. Segundo Igor, uma das principais buscas do processo
Segundo ele, o grande desafio deste projeto foi trabalhar uma identidade que não prejudicasse o produto a
criativo foi encontrar uma espécie de “ponte” que ligasse
ser vendido. “Assim, busquei trabalhar com cores neutras
artistas clássicos com os da atualidade. “Pensando nisso,
junto de uma cor de impacto, o magenta. Procurei utilizar
procurei trabalhar uma linguagem bem moderna, utilizando
uma linguagem bem streetwear e brincar com texturas de
uma combinação de tipografia bem fina (21st) com uma mais
tintas em splash. Como já utilizava elementos de apoio
grossa com bastante personalidade, a Soho. Como o que
fortes, para não pesar na mão, trabalhei com uma tipografia
precisou ser retratado foi a história da música negra, brinquei
bem leve, porém não menos moderna por isso.”
com uma escala de tempo junto com as batidas da música,
Além da versão para desktop, o website também foi
que foi animada através de Flash, fazendo a passagem dos
projetado para ser visualizado em dispositivos móveis, como
anos 60, representado por James Brown, chegando até as
iPhone. “Tive um prazo bem curto para a produção das telas.
meninas do Destiny’s Child (nota da redação: dentre suas
Inclusive, os flashes foram produzidos antes dos layouts
integrantes, a cantora Beyoncé alcançou grande sucesso em
estáticos estarem finalizados, devido ao curto prazo para
sua carreira solo), em 2006.”
realização do trabalho.”
18 :: Webdesign
Nico Mezquita Contato: nicomezca@gmail.com
Site: www.flickr.com/nicolasmezquita Ilustrador argentino, vive atualmente no Rio de Janeiro. Estudou Publicidade Criativa na Associação Argentina de Agências de Publicidade e Belas Artes no Instituto Universitário de Belas Artes, em Buenos Aires. Dedica-se à ilustração infantil, havendo colaborado com ilustrações para EDEBE, Puerto de Palos, Ministério da Educação da República Argentina, Aique, Larousse, Long Seller, entre outras. Wd :: Como define seu estilo? Nico :: Não sei se posso dizer que tenho um estilo definido. O estilo é a forma que eu, você, ele, todos têm de comunicar algo. Essa forma se transforma, cresce e se desenvolve com cada um de nós na medida em que nos desenvolvemos. Por isso, é difícil definir uma só forma de comunicar, um só estilo. Creio que é a busca desta forma de comunicação autêntica que determina a identidade do artista. Wd :: Onde você busca referências para o seu trabalho? Nico :: Nos meus colegas, no cotidiano, no trabalho com outros artistas, na conversa no bar, no filme de ontem, na minha mulher, nas crianças, em todos lugares onde eu possa chegar e em todas as coisas que eu possa viver.
Observação: a imagem que ilustra o fundo deste portfólio foi criada por Nico em 2009, chama-se “O argonauta” e foi produzida através do uso de tinta nanquim, bico de pena e Photoshop.
portfólio ilustrador - Nico Mezquita :: 19
Um jardim para Sofia (2008) Projeto Pessoal Técnicas: Tinta nanquim + bico de pena + Photoshop
O cachorro azul (2007) Projeto Pessoal Técnicas: Tintas + aquarela + colagem digital + Photoshop
20 :: Webdesign
Jorge Luiz Campos
Nasceu em Guaíra, no interior de São Paulo. Ex-administrador de empresas, foi aluno ouvinte do curso de filosofia da UNESP de Marília. Encontrou-se profissionalmente no que considerava seu hobby favorito: a fotografia.
Contato: jorge.campos@onsdesign.com.br Site: http://campos.viewbook.com
Observação: “Eu não consigo nomear fotografias, me sinto muito desconfortável... Talvez pelo fato das imagens mudarem de sentido de acordo com o contexto.”
Lente Digital - Jorge Luiz Campos :: 21
Wd :: Ângulo, iluminação, textura, movimento, corte... O que mais se destaca no seu trabalho? Jorge :: Nunca parei para pensar sobre um aspecto que se destaca no meu trabalho. Até hoje procurei dominar o maior número de técnicas possíveis, tirar o máximo do equipamento por mais simples e limitado que seja, explorar as possibilidades. Talvez a sensibilidade seja uma característica que se manifesta com mais veemência no meu trabalho.
Fotografia B (2008) Câmera: Canon EOS 40D Lente: 50mm
Fotografia A (2008) Câmera: Canon EOS 40D Lente: 55-250mm
22 :: Webdesign
Fabio Haag Contato: fabio@daltonmaag.com Site: www.daltonmaag.com
Typedesigner e diretor da Dalton Maag na América do Sul. A Dalton Maag projeta fontes de varejo para compra on-line e fontes exclusivas para clientes como Toyota, Puma, BMW e Vodafone, através de estúdios em Londres e no Brasil.
Wd :: Como surgiu a ideia de criar esta fonte? Fabio :: Ela foi iniciada há sete anos, quando eu não possuía nenhum domínio de typedesign. A ideia surgiu durante um workshop com Bruno Maag - hoje meu chefe e sócio no Brasil. Os traços curvos e orgânicos vieram espontaneamente nos esboços, e foi preciso muito rigor para controlá-los dentro da estrutura de uma fonte tradicional - que não visa simplesmente se destacar em títulos, mas também proporcionar uma confortável leitura em textos. Wd :: De que maneira a tipografia influencia na transmissão da mensagem? Fabio :: Da mesma maneira como o desenho de um símbolo expressa conceitos, ou como as cores despertam emoções, as formas das letras também transmitem sensações. As fontes definem o tom de voz da mensagem: sério, informal, alegre, frio, confiante, romântico, engraçado, épico etc. Por isso, as fontes devem ser escolhidas com muita cautela, pois elas participam do processo de construção de marca. Elas devem estar em sintonia com os demais elementos - logotipo, símbolo, cores - para fortalecer a imagem de marca.
Fontes de inspiração - Fabio Haag :: 23
24 :: Webdesign
SEO
NO DESIGN DE INTERFACES Os mecanismos de busca têm sido as principais vias de navegação quando o usuário está em busca de determinada informação. Dentro desta dinâmica, trabalhar os conceitos e as técnicas para aperfeiçoar o posicionamento de sites nestes ambientes passou a ser uma prática fundamental no processo de trabalho de agências digitais e profissionais de web. À primeira vista, esta parece ser uma tarefa mais voltada para os profissionais da área de tecnologia. No entanto, buscar um mínino de conhecimento sobre SEO (Search Engine Optimization) pode contribuir também para a construção de interfaces simples e funcionais, além de ajudar na divulgação de portfólios. Para sabermos mais detalhes de como esta prática vai fazer parte do cotidiano do designer, confira a entrevista que fizemos com o consultor Paulo Rodrigo Teixeira, professor de pós-graduação nas cadeiras de marketing de busca e web analytics e autor do livro “SEO, otimização de sites: Marketing de Busca como estratégia para empresas” (http://livroseo.com).
Entrevista - SEO :: 25
Wd :: Da preocupação com as meta tags
o nível seria comparável às versões iniciais do Altavista.
passando pela elaboração de palavras-chave e o uso
Seria impossível para eles, com tal ferramenta, competir
do Social Media Marketing, quais foram as principais
com o Google ou o Yahoo!.
transformações que o segmento de marketing de busca apresentou nos últimos cinco anos? Paulo :: Nos últimos cinco anos, vale citar a
Já o Bing tem apresentado resultados muito bons, principalmente em inglês. Se ele melhorar ainda mais, pode ser que ele consiga um bom espaço neste mercado
explosão da web 2.0, ou se preferirem, o social
monopolizado pelo Google. Para resumir a pergunta,
media, em que pessoas sem conhecimento de
devemos testar sempre.
tecnologia podiam criar blogs e produzir conteúdo de forma ágil e informal, facilitando links e tornando
Wd :: Você mantém um blog que é uma das
a web mais relevante ainda, sem contar exemplos
principais referências sobre marketing de busca no
como Wikipédia, delicious e YouTube.
Brasil. Um de seus textos mais emblemáticos ressalta
Outro impacto foi a popularização do marketing de
que “SEO é pensar mais no usuário do que nos sites
busca, que aumentou o conhecimento sobre o assunto
de busca” (http://migre.me/6WVj). Dessa forma,
e consequentemente a competitividade para ele.
quais seriam os elementos essenciais para se alcançar
O Brasil, em específico, tem seu momento de popularização bem recente. Uma questão que não poderia deixar de citar foi a monopolização do Google e o surgimento dos “Google Killers”.
uma otimização adequada e eficaz de um site para mecanismos de busca? Paulo :: Focando no usuário, você já resolve muita coisa. Para exemplificar, se você cria uma página com o pensamento: se um usuário precisa do meu produto,
Wd :: O Bing é o mais novo mecanismo de busca
o que ele procuraria em uma busca para atender a
criado pela internet e surge como uma pretensão da
necessidade dele pelo produto? Se o conteúdo da sua
Microsoft em criar um serviço que possa concorrer
página focar nisto, você já deu um grande passo.
com o Google neste mercado. No cotidiano do SEO,
Outro ponto, pensando no usuário, é o título da
quando surge um novo serviço na área, como os
página. Se você deixa sem, como um usuário vai encontrar
profissionais devem encarar tais novidades?
a sua página depois se tiver guardado nos favoritos? Será
Paulo :: O primeiro passo é testar. Só de usar
mais difícil para o usuário e ruim também para SEO.
uma ferramenta de busca nova e ver os resultados já é possível, pela qualidade das respostas, saber se a ferramenta é boa ou não. Os últimos “Google Killers”, como Wikia e Cuil, demonstravam, pelos resultados apresentados, que
Google Killers Termo utilizado para apontar os serviços criados que tentaram concorrer com o Google em termos de mecanismos de busca. No site Technologizer (http://migre.me/6WZ6), é possível conferir uma história resumida sobre estes serviços. Já no blog Startupbin foi publicada uma lista dos “mecanismos de busca do futuro”: http://migre.me/6WZj
Wd :: No artigo “Top Five SEO Design Mistakes” (http://migre.me/6k6X), a especialista Shari Thurow descreve os cincos principais erros de design envolvendo o SEO. Dentre eles, Shari
26 :: Webdesign
destaca principalmente o fato de se trabalhar
Outra razão para o webdesigner entender SEO
primeiramente o design do ambiente e só depois
é que até para conseguir um frila, por exemplo, de
pensar na aplicação dos conceitos de SEO. Você
quem procura no Google um serviço de webdesign na
concorda que esta opinião?
sua região, ele poderá ajudar a encontrá-lo! Qualquer
Paulo :: De forma resumida, sim. SEO é parte do
site que tenha um produto ou serviço precisa estar
projeto. Se possível, antes mesmo da criação, todos
otimizado para buscas. Se o SEO for deixado de lado,
os profissionais têm que pensar em como o SEO pode
existe o risco de o site ficar invisível para todos que
ajudar para atender aos objetivos do projeto.
buscarem pelos produtos do site.
Wd :: Recentemente, o site WebDesignerWall
Wd :: Neste mesmo site, é possível encontrar
realizou uma pesquisa perguntando se
também um interessante guia SEO para designers
webdesigners achavam o SEO uma atividade
(http://migre.me/6k5k), onde são apontados
necessária em seu universo profissional (http://
os nove erros mais comuns cometidos por
migre.me/6k3Z). A maioria, cerca de 90%, afirmou
webdesigners na criação de sites. No topo desta
que sim. Pela sua experiência, até que ponto os
lista aparecem as telas de entrada (splash pages),
designers devem se especializar neste assunto?
fator ainda muito comum pela web. De que
E como o conhecimento nesta área pode ajudar a
maneira esta prática pode prejudicar o processo de
melhorar efetivamente a experiência das interfaces
otimização de um projeto digital?
desenvolvidas por estes profissionais? Paulo :: SEO deve fazer parte de praticamente
Paulo :: Pensando no usuário, a splash page é um passo a mais para que o visitante consiga chegar
todo projeto de web. Não só o webdesigner como o
ao tão esperado conteúdo. Só aí você já criou uma
programador, o atendimento, o gerente de projeto, todos
barreira para o usuário. Para SEO, a splash page é
precisam entender o mínimo de SEO e estarem envolvidos
como um cotovelo para a indexação, podendo - em
no projeto para saber a participação de cada um.
alguns casos - impedir que o Google encontre as
O programador precisa gerar o código enxuto e com os textos em HTML para que o robô possa
páginas internas do site. Além disso, o problema da profundidade pode
indexar o conteúdo. Ele precisa entender também os
afetar o PageRank das páginas internas que, devido ao
HTTPs status code para atribuir os valores corretos no
“caminho maior” para chegar até o conteúdo, acaba
caso de uma mudança.
perdendo pontos por isto.
O atendimento precisa ter claramente qual a necessidade do cliente para ajudar a estabelecer as
Wd :: A criação de menus em Flash e a
palavras-chave do negócio. E o webdesigner? Sem o
publicação de conteúdo em imagens e/ou Flash
entendimento da importância do SEO, ele não poderia
são outras falhas muito comuns apontados pelo
decidir em que projetos ele deveria optar por um site
site WebDesignerWall. Na prática, quais são
todo em Flash e outro em HTML.
as desvantagens na aplicação destas soluções
28 :: Webdesign
criativas? E quais são as alternativas para evitar que este problema possa vir a acontecer?
sIFR
Paulo :: Voltando ao usuário: todos os navegadores
“Sigla que significa Scalable Inman Flash Replacement. É uma
na internet têm o plugin do Flash? E na versão que você
técnica que nos permite substituir elementos de texto por
está usando? O iPhone nasceu sem suporte a Flash. A
equivalentes em Flash, dando-nos a possibilidade de utilizar
resposta simples para isso é ter o menu duplicado no
qualquer fonte, sem que seja necessário que o usuário as tenha
site em HTML. Só de agir assim você já vai melhorar
instalada em sua máquina.”
sensivelmente os resultados. O artigo cita que os links de Flash não são seguidos, mas, na verdade, atualmente o robô do Google consegue rastrear os links tanto do Flash como até de Javascript. Outra solução seria usar a técnica de sIFR, que gera um código HTML para quando o navegador da pessoa não tiver o Flash disponível. Existem várias soluções. Basta escolher a que melhor se encaixa para você. Wd :: Ainda sobre o Flash, na edição de agosto, falamos sobre a sua aplicação na construção de interfaces ricas, sem esquecer a importância da aplicação de conceitos de Acessibilidade, Usabilidade e SEO. Nos últimos anos, a Adobe, fabricante do software, tem se aproximado do Google e do Yahoo! para melhorar a questão da indexação de sites construídos em Flash. Quais recomendações você faria para que as técnicas de SEO possam ser aplicadas de maneira adequada na criação de projetos digitais e interativos baseados na ferramenta Flash? Paulo :: A maneira que o Flash é entendido pelos sites de busca tem melhorado muito recentemente. Tanto o Google como a Adobe tem investido nisso. Vale citar ainda o trabalho da Microsoft se esforçando para que o Silverlight seja “amigo do SEO”. Mas o Flash ainda tem um caminho para chegar ao mesmo “entendimento” que os robôs têm do HTML. O Flash é uma excelente ferramenta. Ela permite uma interatividade única e proporcionou uma mudança na maneira que fazemos web que o HTML precisaria de muito feijão com arroz para alcançar. O ponto é que, em alguns momentos, precisamos fazer escolhas. Se o objetivo do site é focar em interatividade e não se preocupar em vender diretamente, o projeto pode ser feito em Full Flash, bastando se preocupar com alguns elementos, como título, meta description e links. Só com isso você já teria um resultado relativamente satisfatório. Outras alternativas são criar versões HTML para as páginas em Flash ou utilizar a técnica de sIFR.
Fonte: Blog Erick Souza (http://migre.me/6X0d)
30 :: Webdesign
Wd :: Em relação ao mercado brasileiro de internet,
estes ambientes, quais são os cuidados, em termos de
é possível apontar os erros mais comuns cometidos
otimização, que o designer e as agências digitais devem
pelos webdesigners nacionais?
ter na hora de conceber seus sites? E quais benefícios
Paulo :: Para não repetir os já citados pelos artigos apontados nesta entrevista, como esquecer o título da
eles vão passar a usufruir ao adotar tais técnicas? Paulo :: Pense pelo menos em ter uma home em HTML
página, vale acrescentar o uso errado de SEO. O que
com a descrição do que faz e a região. Com isso já fica mais
é comum acontecer é um entendimento errado desta
fácil ser encontrado. Outra ideia é ter uma página otimizada
área. A pessoa procura pelo nome do domínio do site,
para cada um dos clientes atendidos. Imagine alguém
verifica que está em primeiro nas buscas e acha que já
procurar no Google por uma empresa e encontrar você
está fazendo SEO.
entre os resultados? Se você fez um bom trabalho, pode até
Na verdade, é necessário todo um estudo das palavras-chave relevantes para cada produto para depois
conseguir outros. A maior vantagem é a exposição adequada e consequentes novos trabalhos obtidos.
focar na que vai dar mais retorno para o usuário. Outro problema é achar que a densidade de palavra-chave é
Wd :: Falando ainda sobre sites-portfólios, na
super importante e sair “entupindo” da palavra-chave que
atualização do ambiente, é muito comum os designers
quer ranquear. Caso isso seja feito, você acaba correndo
criarem diretórios de versões e direcionarem seus
o risco de ser entendido como spam e ser punido pelos
domínios para estes endereços, como destaca o artigo
mecanismos de busca.
“Otimização de sites para designers e desenvolvedores” (http://migre.me/6kb1). Como esta prática pode
Wd :: Casa de ferreiro, espeto de pau! Além das observações que podem ajudar a evoluir o trabalho
prejudicar o processo de otimização do site? Paulo :: Um problema seria a duplicidade de
cotidiano dos webdesigners, o SEO também se
conteúdo. Se as versões trocam de conteúdo, ok, mas
torna uma ferramenta fundamental no processo de
caso não, o Google pode entender que o site possui
concepção e divulgação de portfólios on-line. Para
conteúdo duplicado e ele decidirá qual é o conteúdo mais importante a ser exibido. Claro que o Google sabe trabalhar bem com conteúdo duplicado em um mesmo site, mas quando possível é melhor evitar. Outro problema é o redirecionamento mal feito. O Google não entende redirecionamentos feitos com meta redirect. Se for feito desta maneira, o PageRank não seria distribuído da maneira correta. Wd :: Em relação às ferramentas de trabalho envolvendo SEO, quais você indicaria como úteis para o cotidiano do webdesigner?
“SE POSSÍVEL, ANTES MESMO DA CRIAÇÃO, TODOS OS PROFISSIONAIS TÊM QUE PENSAR EM COMO O SEO PODE AJUDAR PARA ATENDER AOS OBJETIVOS DO PROJETO”
capa - menos ĂŠ mais :: 31
32 :: Webdesign
Paulo :: Das que conheço, recomendo o “Google Trends” (www.google.com/trends), o “Google Insight for Search” (www.google.com/insights/search/), o “Google
DICAS DE LEITURA
Suggestion Keyword” (http://migre.me/6WY2) e o “Site Explorer” (http://siteexplorer.search.yahoo.com/), do Yahoo!. Aproveitando a oportunidade, sugiro dar uma
Para quem busca por bibliografia específica nesta área, Paulo Teixeira diz que, para fugir do óbvio dos
olhada em um projeto que divulgo em primeira mão: o
livros de SEO, a dica é expandir a leitura para obras
www.ferramentasseo.com.br.
que vão ajudar a formar uma visão de inovação e foco no usuário. Confira a lista recomendada pelo
Wd :: Em seu blog, no post “A evolução do
especialista:
SEO: SEO não está morto, mas se transformando” (http://migre.me/6k7G), você aponta os possíveis
- Information Architecture for World Wide Web
caminhos e desafios no trabalho envolvendo esta área,
Autores: Louis Rosenfeld e Peter Morville
principalmente quando observamos o crescimento
http://migre.me/6WR0
da publicação e do interesse em novos elementos de interatividade, como mapas, vídeos, fotos etc. Pensando
- Marketing de Permissão
nisso, é possível prever os futuros cenários e caminhos
Autor: Seth Godin
na prática do SEO?
www.sethgodin.com/permission/
Paulo :: Prever o futuro, em qualquer área, é complicado. Pode surgir uma maneira inovadora dos
- Não me faça pensar
sites serem indexados ou ranqueados que pode mudar
Autor: Steve Krug
a regra do jogo. Mesmo assim existe uma tendência de
www.sensible.com
buscas por celular, busca geográfica e buscas verticais. A segmentação é o caminho natural para as buscas. Outro ponto que há anos todos sonham é a busca com a web semântica. Mas para que isso venha a acontecer, ainda falta muito chão.
- Usabilidade: 50 websites desconstruídos Autor: Jakob Nielsen http://migre.me/6WPO
- A Vaca Roxa Autor: Seth Godin www.sethgodin.com/purple/
“PENSE PELO MENOS EM TER UMA HOME EM HTML COM A DESCRIÇÃO DO QUE FAZ E A REGIÃO”
34 :: Webdesign
Realidade Aumentada
Projetando experiências on-line em três dimensões Nos últimos meses, os holofotes da grande mídia
de internet, caracterizado pela rapidez no surgimento de
voltaram a iluminar os caminhos do cantor e compositor
novidades e pelas amplas possibilidades de utilização de
Belchior. O motivo seria o mistério envolvendo um
produtos e serviços oferecidos neste ambiente.
suposto desaparecimento, que já completariam dois anos sem notícias sobre o seu paradeiro. Depois de toda comoção, ele acabou sendo
Afinal, como pontuam outros versos dessa mesma canção, de tempos em tempos, “Você me pergunta pela minha paixão / Digo que estou encantado / Com uma nova
encontrado e revelou os motivos para sua retirada
invenção”. A última delas parece envolver a aplicação do
estratégica de cena. Apesar de tal busca desviar um
conceito de Realidade Aumentada (RA) em projetos web.
pouco da atenção sobre a importância das composições
“Por definição, Realidade Aumentada é um ambiente
do artista para o universo da música popular brasileira,
misto onde elementos virtuais são projetados ou
Belchior deve ser lembrado também pelas interessantes
integrados no mundo real. Desde que os mundos da
reflexões contidas em sua obra.
comunicação e da computação se aproximaram, essa
Uma das mais famosas aparece na letra da música
linha de pesquisa tem recebido grande atenção das
“Como os nossos pais”. Por lá, alguns versos lembram
agências e produtores de soluções interativas”, afirma
que “É você que ama o passado / E que não vê /
Raphael Vasconcellos, diretor executivo de criação da
Que o novo sempre vem...”. E como vem! Que sejam
AgênciaClick (www.agenciaclick.com.br).
testemunhas os profissionais envolvidos com o mercado
“A principal característica de uma aplicação de
Realidade Aumentada :: 35
RA é a interação do ‘mundo virtual’ com o ‘mundo real’. Para isso, as aplicações geralmente utilizam câmeras de vídeo para capturar as imagens ‘reais’, que então são processadas pelo computador para identificar padrões conhecidos (os famosos ‘tags’, por exemplo). Após este processamento, o computador tem como inserir na cena dados, gráficos 3D, vídeos. Isso é feito de uma forma bem natural, como se os objetos virtuais realmente fizessem parte da cena real”, complementa Edgard Ortiz, diretor da Pixellabs (www.pixellabs.com.br).
Aperfeiçoando a experiência do usuário Mês após mês, os institutos de pesquisas vão constatando o tamanho do impacto que a internet vem trazendo para o cotidiano da sociedade contemporânea. Para se ter uma ideia, um dos mais recentes estudos do Ibope, com dados referentes a julho de 2009, revelou que, só no Brasil, “o período médio de uso da web continuou crescendo e atingiu as marcas de 71 horas e 30 minutos de tempo total, incluindo o uso de aplicativos on-line (messengers, VoIP, tocadores de música etc.), e de 48 horas e 26 minutos, considerando apenas navegação em páginas”. Diante desse cenário, a Realidade Aumentada surge como uma ferramenta que pode ajudar a aperfeiçoar o período de experiência do usuário em ambientes web. “Projetos que usam o conceito de RA facilitam a interação dos consumidores, na medida em que as interfaces desaparecem e as pessoas podem realmente se sentir imersas em um ambiente interativo. O que vemos hoje é apenas o estágio inicial da aplicação deste conceito de interação, que vai se tornar ainda mais evoluído e transparente para os consumidores. Desta forma, mais do que o tempo de interação, a qualidade da interação vai aumentar”, argumenta Raphael. Como exemplo deste cenário, Edgard aponta a construção de projetos que ampliam a experiência do usuário. “Imagine, por exemplo, um hotsite para lançamento de um novo modelo de celular. Com a RA, o novo celular poderia ser projetado na mão do usuário, permitindo a ele interagir com o aparelho de várias formas. E, é claro, que o usuário vai gastar mais tempo com este
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tipo de interatividade. Sem falar na parte de entretenimento. Imagine os jogos de tabuleiro com personagens em 3D animados? Lembra-se daquele jogo de xadrez do filme Guerra nas Estrelas?” Ou seja, como destacam Marlos Carmo e Saulo Medeiros, sócios e diretores de liderança e novos negócios da 5clicks (www.5clicks.com.br), este conceito vai ajudar, principalmente, na interação entre pessoas e também de pessoas com produtos, tornando o mundo virtual mais real. “Da forma básica na qual vemos na internet hoje, podemos ter ‘nas mãos’ o produto que desejamos e quase sentir como ele é. Na prática, podemos girar em três dimensões, interagir com novas interfaces de entrada, eliminar o clique para navegação e simular estruturas orgânicas do corpo humano... Isto significa potencializar a experiência do usuário e o próprio produto/marca/serviço. Um exemplo bem prático, e que já está sendo usado aos montes e com sucesso, é no aspecto de possibilitar a provação de produtos. Uma loja virtual que vende roupas já consegue levar para o usuário a experiência de ir ao provador, experimentar a roupa e verificar se o modelito caiu bem, se fica do jeito que imaginou ou até mesmo se combina com seu novo sapato.” Ressaltando que ainda estamos na fase inicial de experimentos desta tecnologia na web. “Dessa forma, já devemos começar a estudar seu próximo passo, em que ela deixa de ser apenas uma novidade para se tornar uma ferramenta complementar ou para melhorar nosso entretenimento. Livros, filmes, celulares, embalagens, quiosques e todo o tipo de saída digital poderão apresentar elementos de Realidade Aumentada. Um cinema, por exemplo. Esses elementos digitais devem ser relevantes em nossa realidade, trazer informações extras, aprimorar a visualização das coisas etc.”, destaca Gustavo Alberti, CEO da EDGY (www.edgy.com.br).
Transformações no design de interfaces A ampliação dos modelos de interatividade que o usuário poderá usufruir com o uso da Realidade Aumentada na internet representa também transformações na maneira como o design de interfaces vai ser trabalhado. Segundo Rafael Fittipaldi, diretor de criação da Cricket Design (www. cricketdesign.com.br), a grande mudança, em alguns casos, será a própria inexistência de uma interface visualmente identificável. “Estamos em um plano onde o real se mistura com o digital quase que como em simbiose. Podemos interagir com os elementos diretamente, sem intermédio de botões, mouse, teclado. Virtualmente imersos neste novo mundo que possui novas regras, novas possibilidades. Os designers precisam ter este conceito em mente para produzir aplicações que integrem harmonicamente estes dois mundos, e livrar suas mentes do frame
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bidimensional para uma interface que apresenta
Só que é muito mais difícil fazer o simples. Em
agora profundidade.”
RA, simplicidade se traduz em fatores como um
Outra questão a ser considerada é o fato de
menor tempo de carga (o famoso ‘loading’), o que
projetos com RA possibilitarem o reconhecimento
requer objetos 3D com geometria bem otimizada
de uma infinidade de elementos do outro lado
e vídeos com o fator correto de compressão
da interação. “O que era somente um ‘clique’ se
versus qualidade. Também é preciso de um
amplia em milhões de estímulos. Sabendo disto, os
reconhecimento de padrão mais preciso prevendo
designers de interfaces podem criar aplicações com
os diferentes tipos de câmeras e iluminação, de
reconhecimento de rostos, idade, ambientes, cores.
forma que os elementos não fiquem ‘pulando’
Tudo isso possibilita realizar o principal objetivo do
na tela intermitentemente e, claro, a facilidade
design: função. Na internet, o design de interfaces
de uso. Além disso, caprichar na criação do
era baseado no browser e na navegação por
conteúdo para causar o efeito ‘WOW’ no usuário
cliques, com a RA aplicada o design multiplica suas
é fundamental. Assim, a aplicação se torna viral e
possibilidades”, ressaltam Marlos e Saulo.
alavanca o sucesso da sua ação.”
“Com Realidade Aumentada, a forma,
Tudo isso para que o receio no uso da
a interação e a extensão do espaço digital
novidade não seja um obstáculo ao período
tornaram-se maior. Livros, jogos, carros,
de experiência. “Soluções de RA levam
mensagens, sinalização, aplicativos... É como se
esses conceitos de usabilidade ao extremo.
expandíssemos o espaço de comunicação junto
Simplicidade, facilidade e objetividade são as
do usuário. Portanto, novas formas surgem. A
características que precisam estar na raiz em
Realidade Aumentada já existe há muito tempo,
projetos deste porte. Afinal, tecnologia ainda
nos setores de engenharia, militar e polícia. O
assusta o consumidor. RA, para a maioria das
uso em comunicação é que está sendo explorado
pessoas, ainda é coisa de ficção científica, e
neste momento”, argumenta Gustavo.
se não for simples, o consumidor desiste de interagir”, alerta Raphael.
Não se esqueça da usabilidade! Tornar objetivo, fácil, direto e simples a
Além destes aspectos, outra dica é ficar atento aos detalhes técnicos envolvidos para a
utilização e a manipulação das interfaces digitais são
sua aplicação. “Acho que a primeira questão é
elementos fundamentais para se alcançar o sucesso
em relação à estabilidade do elemento na tela.
na execução de um trabalho. Assim como em outros
Isso parte desde a configuração do hardware
projetos web, a aplicação do conceito de Realidade
do usuário ou do sistema envolvido ao
Aumentada também deverá seguir tais preceitos.
mapeamento e desenvolvimento de um símbolo
Diante disso, como destaca Edgard, a
correto, impressão em material adequado,
simplicidade será a palavra-chave para garantirmos
iluminação, câmera adequada etc. Estamos
a qualidade na produção. “Se você tiver de
ainda em fase embrionária de interfaces em
explicar para alguém como funciona a interface do
RA, mas creio que os princípios básicos de
seu projeto, é porque ele tem algum problema.
usabilidade se mantêm”, explica Gustavo.
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Onde ela poderá ser útil e bem aplicada? Um aspecto importante na avaliação sobre o uso
formação de uma equipe vai incluir os seguintes cargos: - Dupla de criação: “um diretor de arte e um redator,
desta tecnologia está presente em analisar a sua real
que serão os responsáveis por elaborar a forma e o conteúdo
contribuição para alcançarmos os objetivos de um projeto.
da peça. Ou seja, eles terão que trabalhar, com criatividade,
Por exemplo: segundo o blog Mormasso (http://tinyurl.
a melhor forma de apresentar o elemento, as possibilidades
com/ecomm-ra), a agência digital japonesa Zugara lançou
de interação, a visualização etc.”
um aplicativo, chamado Webcam Social Shopper, para que os usuários de lojas de comércio eletrônico possam ter uma experiência diferenciada na compra de vestuários. Já
- Designer digital: “com a capacidade de modelar e animar em 3D os elementos que irão compor a peça.” - Programador AS 3.0: “no caso da utilização de solução
no Brasil, boa parte dos projetos nesta área está atrelada
baseada na plataforma Adobe Flash - a mais utilizada -, que
às campanhas de entretenimento digital.
tenha um bom conhecimento da biblioteca Papervision e
Pensando nisso, é possível apontar perfis de projetos onde a Realidade Aumentada poderá ser útil e bem
como integrá-la com o projeto.” - Desenvolvedor web: “sua função será criar o
aplicada? “Além do uso no entretenimento, ela pode ser
ambiente que este Flash será apresentado, seja em uma
perfeita para demonstração de produtos em geral. Imagine
página simples ou totalmente ornamentada. Muitas
o uso para demonstrar o tamanho real de um aparelho
vezes executado pelo próprio programador AS com
celular, ou ainda como interagir com um produto. No
conhecimentos básicos em HTML.”
YouTube (http://migre.me/7bDH), é possível ver um ótimo
Em relação aos investimentos em hardware e software,
exemplo do serviço postal americano que usa a tecnologia
além de webcam para se testar as etapas do projeto, serão
para apresentar as opções das suas embalagens de envio
utilizados programas já comuns pelo mercado de internet.
de correspondência”, destaca Raphael.
“Cada plataforma requer um conjunto de softwares diferente.
“Ela hoje é uma febre que vem sendo bem utilizada para promover eventos, produtos e marcas. Este ‘modismo’ vai passar, mas a RA veio para ficar. Acredito muito nos telefones celulares como plataforma ideal para aplicações nesta área, pois os novos modelos têm boa capacidade de processamento e câmera integrada. Existem vários tipos de projetos que podem usufruir desta tecnologia, mas para mim o grande ‘boom’ virá com a indústria dos games. Também acredito em aplicações que agreguem conhecimento em tempo real, como, por exemplo, ao mirar um monumento com sua câmera, você recebe informações sobre sua história, fatos curiosos. Ou quando você está em um supermercado, ao mirar um produto na prateleira, você poderá receber informações sobre o preço em redes concorrentes”, exemplifica Edgard.
Equipe e equipamentos necessários Para quem ficou interessado em explorar os benefícios desta tecnologia, a boa notícia é que o perfil de profissionais necessários para a concepção de trabalhos nesta área é o mesmo requisitado para projetos digitais. Segundo Rafael, a
Para a web, o padrão tem sido o uso do Adobe Flash com a biblioteca FLARToolKit (http://migre.me/7cab) para o sistema
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de reconhecimento de tags; e os engines Papervision (http://
lembrado e execrado por todos como um exemplo de #fail.
migre.me/7caB) ou Away3D (http://away3d.com/) para
Poucos, porém, lembram que até a web já levou bomba,
exibição do conteúdo. Também é possível comprar plug-ins de
lá pelo final dos anos 90. Para ficarmos num exemplo mais
outras empresas para criar uma aplicação web com conteúdo
recente, o Twitter demorou mais de ano para ser entendido
3D mais rico. No caso, cada plug-in tem sua metodologia e
pelo público e virar uma febre. Não podemos analisar uma
linguagem de programação”, explica Edgard.
tecnologia por si só sem considerarmos o contexto em que
“Tirando a webcam, a empresa não precisa de um
ela está inserida. O que considero que vai ser definitivo
hardware específico para os testes. Já na parte dos
é a interação com objetos virtuais através de câmeras
softwares, geralmente são utilizados Collada, Actionscript
ou de novos dispositivos. Hoje, o que acho de Realidade
3.0, FLARToolKit, Papervision, 3D Max e Maya”, completa
Aumentada? É como os efeitos especiais na década de 70.
Fernando Chamis, CEO da Webcore (www.webcore.com.br).
Na época, eles também não percebiam o quão tosco eram esses efeitos, porque o deslumbre de trocar um fundo real
Risco de se tornar um novo Second Life?
por um virtual, por exemplo, desligava o botão do senso
Quando falamos da aplicação de conceitos e
estético presentes em cada indivíduo. Quais são os caminhos
tecnologias que surgem pelo mercado de internet, o caso
possíveis? Ou a tecnologia se aprimora e se perpetua com
do Second Life parece ser o mais emblemático, pois ele
usos pertinentes. Ou é abandonada e vai para o ferro velho
sempre é apontado como um exemplo do desperdício
fazer companhia para Betamax, Second Life...”
e de certa soberba em relação à adoção das novidades apresentadas pela web nos últimos anos. Trazendo este cenário para o atual momento vivido pela
“O uso pelo uso sempre vai acontecer, já que a adoção de toda novidade tecnológica é uma grande oportunidade de RP para as empresas. Uma coisa diferente é usar realmente
Realidade Aumentada, o questionamento é se não estamos
a tecnologia em todo o seu potencial criativo. O Second Life
experimentando mais um hype tecnológico. “Sempre que há
foi o extremo do uso pelo uso, para a maioria das empresas,
uma novidade existirão os adeptos, ainda mais atualmente onde
e esses casos sufocaram as iniciativas relevantes de algumas
a informação se espalha muito rapidamente e o reflexo disso
marcas por lá. O grande problema foi o esforço e a atenção
é que todas as empresas têm uma preocupação excessiva em
desproporcional para a audiência daquele ambiente. Não acho
sair na frente para se destacar no mercado. No caso da RA,
que isso possa acontecer com a RA”, finaliza Raphael.
acredito que tenha muito potencial pela versatilidade com que pode ser utilizada, porém ainda há o que estudar e avaliar para chegar numa conclusão: ela é uma ferramenta de potencial ou representa somente uma euforia momentânea? De toda forma, pela própria simplicidade no uso, se comparado ao Second Life e também a possibilidade de integração entre o off-line e o on-line, acredito que ela veio para ficar. Mesmo que com o uso um pouco mais restrito e mais integrado a um planejamento de toda a campanha”, diz Fernando. Para Tiago Ritter, sócio-diretor da W3Haus (www.w3haus. com.br), o deslumbre é um sentimento comum quando entramos em contato com novas tecnologias pela primeira vez. “Mas o que torna uma tecnologia definitiva é o quanto ela nos agrega num segundo olhar. Hoje, o Second Life é
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Etapas para criação e desenvolvimento Realidade Aumentada também já vem sendo assunto de destaque no site da Revista Webdesign. Por lá, além de conferir um post (http://migre.me/7cEH) com vídeos apresentando exemplos da utilização da RA por parte de agências digitais brasileiras, você poderá baixar o PDF da matéria “Uma realidade tridimensional e interativa de projetos web” (http:// migre.me/7cEv), que descreve as principais etapas envolvidas no desenvolvimento de projetos na área. Boa leitura!
Exemplos de uso da Realidade Aumentada Doritos Sweet Chili http://www.doritos.com.br/sweetchili/ “Uma forma de utilizar a RA em entretenimento, bem executada e diferente na época. Causou surpresa nos usuários por não saberem que monstrinho aparecia, além de disponibilizá-lo on-line e compartilhar com amigos.” (Gustavo Alberti)
GE | Plug Into the Smart Grid http://migre.me/7ct0 “Mostra como fazer uma boa RA sem plugin, apenas utilizando Flash. Simples e funcional!” (Edgard Ortiz)
Star Trek Enterprise http://migre.me/7ctn “Exemplo com plug-in para lançamento do filme Star Trek. Além de ser bem legal, também sou fã da série!” (Edgard Ortiz)
capa - Realidade Aumentada :: 45
The Eye of Judgment http://migre.me/7csv “Game para o Playstation 3. Nele, o jogador utiliza a webcam do próprio console para jogar um jogo virtual de tabuleiro com cartas de verdade.” (Fernando Chamis)
Total Immersion http://www.t-immersion.com “É uma das melhores referências de empresas que desenvolvem projetos através da RA e tem uma boa conceituação desta ferramenta.” (Fernando Chamis)
USPS https://www.prioritymail.com/simulator.asp “Serviço postal americano usa a tecnologia para apresentar as opções das suas embalagens de envio de correspondência.” (Raphael Vasconcellos)
Virtual Mirror - Ray-Ban http://migre.me/7cru “Usa a Realidade Aumentada para criar uma experiência realista aos usuários que desejam experimentar os modelos de óculos disponíveis nas lojas.” (Rafael Fittipaldi)
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Entre o martelo e a martelada,
o valor do design Trabalhar os argumentos que justifiquem os valores de produtos e serviços sempre foi (e continua sendo) um dos grandes desafios na relação entre empresas e clientes. Talvez a fábula “A Martelada” (http://migre.me/6WEv), publicada no blog Ronaud.com, sirva como uma boa descrição sobre este cenário. Para quem não a conhece, ela fala resumidamente sobre problemas ocorridos no motor de um navio transportador de uma grande carga de ouro. Assim, a tripulação resolveu chamar um técnico para solucionar a questão. Por três dias ele tenta, sem sucesso, encontrar o defeito. Desesperados com tal situação, eles resolvem contratar o maior especialista em motores para verificar a situação. Em poucos minutos ele analisa o motor, dá uma singela e pontual martelada em uma das diversas válvulas existentes no sistema e o motor volta a funcionar. No final, a empresa dona do navio questiona o especialista pelo alto preço cobrado pelo serviço (dez mil dólares) diante do curto tempo que ele dedicou ao problema. Segue a descrição da resposta, uma valiosa lição para quem passa por este tipo de situação: “Por dar uma martelada, US$1; Por saber onde bater o martelo US$9.999”. Ou seja, além do serviço em si, a empresa teve que pagar pela experiência e sabedoria acumuladas pelo especialista. Trazendo esta realidade para o mundo digital, em tempos de discussão sobre as teorias do free, de Chris Anderson (http://www.thelongtail.com), e da crítica ao culto do amador, de Andrew Keen (http://andrewkeen.typepad.com , quais são os desafios para demonstrar ao cliente o valor do design e do processo criativo de um projeto web? Como você procura trabalhar esta questão em seu cotidiano profissional?
opinião - Valor do design :: 47
Luis Marcelo Mendes Diretor da Tecnopop www.tecnopop.com.br
“Todos que trabalham com projetos web sentem a maior inveja do feirante. No processo comercial dele, não há zonas cinzas. A couve-flor custa R$ 2,00. No começo da feira, as mais bonitas podem até valer R$ 3,00. Assim como, no final da feira, na xepa, ela também pode cair para R$ 1,00. E isso é algo que está na lógica da coisa. A que sobra no final da feira está sujeita a ser de menor qualidade e, portanto, mais barata. Às vezes, eu sonho que estou vendendo site a peso. Site fresco. R$ 49,99 o quilo. ‘Mas esse site tá bom mesmo?’. Tá, senhora. O código tá madurinho, olha só que beleza. Olhas as classes. CSS de primeira, minha senhora. Tá saindo muito hoje. A nossa relação com o feirante já se consolidou durante séculos. A regra é clara. No caso de projetos web, não é assim. O valor do
design e do processo criativo somente será percebido pelos clientes quando eles compreenderem o que estão comprando de verdade. O que acontece hoje, inevitavelmente, é que o cliente compra um site e o produtor web vende outro. Cada um tem uma imagem mental que está sendo vendida ou comprada que pode estar próxima ou não. Lá na frente, a gente vai ver no que dá. Porque nesse terreno, a regra não é clara. Não há outro caminho senão a educação baseada no processo civilizatório paciente, mas inflexível. Michel Lent já nos falou muito sobre isso. Somente criatividade não põe a mesa. Cabe a nós apresentarmos propostas comerciais claras. Processos definidos. Metodologias estabelecidas. Assim criamos cultura. Menos ‘u-hu’. Mais foco e frieza. Enquanto isso, é ora porrada, ora persuasão e, em algumas situações, amarguras insolúveis. É provável que essa nova geração pós-web 2.0 saiba fazer briefings melhores, compreender melhor o processo, entender que nariz de porco não é tomada. Até porque, se isso não ocorrer, eu monto a minha barraca na feira. E tchau pra vocês!”
48 :: Webdesign
Tulio Paiva Diretor de criação digital da Giovanni+DRAFTFCB www.giovannidraftfcb.com.br
“Os clientes estão se profissionalizando digitalmente muito mais rápido do que podemos supor. Creio que o maior desafio não é exatamente demonstrar o valor do design e do processo criativo, mas sim diferenciar-se.
Tirar o seu design e o seu processo criativo da fila, mostrando que você e sua agência agregam mais valor do ponto de vista de marca e, em última análise, de resultados. Alguns caminhos para fazer isso: portfólio, claro, carteira de clientes diversificada (credenciais são sempre importantes no mundo corporativo) e, principalmente, um racional sólido, uma argumentação concisa, consistente e bem-estruturada de por que aquela solução é a mais recomendável. Para combater o ‘Culto do Amador’, do qual fala Andrew Keen, nada melhor do que fartas doses de… Profissionalismo. Tire a recomendação do plano puramente estético e ofereça também parâmetros técnicos, balizas, experiências pregressas e uma análise profunda do problema de marketing do cliente. Não discuta design, discuta comunicação.”
Pablo Caldas e Pedro Caldas Diretor de planejamento e diretor de criação, respectivamente, da Full Haus Comunicação www.fullhaus.com.br
“Por que devo contratar um designer? Todos nós já ouvimos esta pergunta. Mas sua formulação não tem nada a ver com a insensibilidade ou mesmo com a avareza do cliente. Ela é, isto sim, fruto da discrepância entre as escalas de valor de clientes e fornecedores. Em outras palavras: o cliente não entende por que seu sobrinho não poderia fazer o mesmo trabalho, e por um preço bem mais em conta. Para tentar encontrar uma solução para este impasse, primeiro precisamos entender o que é valor. Quando determinado serviço traz um benefício que, para o cliente, é maior que o preço por ele pago, este serviço tem valor para aquele cliente específico. Portanto, valor é um conceito subjetivo, dependendo principalmente das percepções do tomador de serviço. Exatamente como na já famosa fábula do martelo, onde um mecânico cobra um valor astronômico por um reparo feito em segundos em um motor quebrado. O cliente, sem enxergar o valor da solitária martelada que resolveu seu problema, recebeu como resposta a composição do custo: 99% experiência, 1% trabalho. Como fazer um cliente, cuja cabeça é normalmente orientada a custo, entender a importância do trabalho do designer em um mundo onde as ferramentas de produção estão amplamente disponíveis a custos que se aproximam do zero? A resposta, novamente, passa pela percepção de valor. O designer, como especialista em sua área, é o mecânico
que desfere aquela martelada certeira, resolvendo o problema da maneira mais rápida e eficaz possível. Algo que o sobrinho do cliente dificilmente conseguiria.”
opinião - Valor do design :: 49
Adriana Menescal Sócia e diretora de conta da Sirius Interativa www.sirius.com.br
“Qual é o valor de uma boa ideia? Há alguns anos, as empresas digitais eram percebidas como executoras e implementadoras de tecnologia. Quase um contraponto com as agências de publicidade, que seriam as provedoras criativas. Hoje, as agências digitais se posicionam cada vez mais como as naturais geradoras criativas das soluções digitais. Na verdade, a própria natureza colaborativa e interativa deste mercado coloca as agências digitais no centro dos processos criativos direcionados à web. As agências devem integrar os requisitos de negócios do cliente com as necessidades de seus usuários em uma solução persuasiva, tecnologicamente sólida e que encante e induza a realização bem-sucedida de ações de interação e de conversão que possam ser constantemente monitoradas e retroalimentadas. Logo, na web, o valor da boa ideia pode ser facilmente mensurado pelos seus
resultados objetivos e, portanto, reside no processo bem estruturado de sua construção a razão do seu sucesso. As agências têm investido em processos colaborativos multidisciplinares e na capacitação de seus profissionais. E esse modelo tem um custo. Cabe às agências web transformarem esta percepção de custo em um investimento necessário para que seus clientes atinjam os resultados esperados. E como a gente faz isso na Sirius? Apresentamos aos clientes o nosso processo de trabalho e os resultados que foram obtidos. E mostramos que estes apenas foram possíveis através do constante investimento em processos, metodologia e na qualificação de nossos profissionais. Acredito, sobretudo, que a valoração deste processo criativo por parte do cliente passe pelo natural amadurecimento do mercado. E vejo como um importante marco o surgimento da Associação das Agências Digitais (ABRADi), que tem investido constantemente no aculturamento e diálogo com todos os agentes digitais.”
50 :: Webdesign
140 CARACTERES DE OPORTUNIDADES Ciente do crescimento das mídias de massa e de suas influências no cotidiano da sociedade moderna, o artista plástico e cineasta Andy Warhol produziu uma das frases mais famosas que define bem tais transformações: “No futuro, qualquer pessoa será famosa por 15 minutos”. Porém, ele vivia em um mundo que ainda desconhecia a velocidade e o poder de comunicação proporcionados pela internet. Assim, em tempos de mídias sociais, que se tornaram a grande coqueluche nos últimos dois anos, podemos dizer que a passagem acima agora pode ser transformada em: “No futuro, qualquer pessoa será famosa por até 140 caracteres”. Pelas características desta adaptação do célebre pensamento de Warhol, é fácil descobrir que o Twitter é atualmente o centro das atenções de usuários e empresas, que vão descobrindo novas formas de se comunicar e, principalmente, se relacionar digitalmente. “O Twitter agrega um imediatismo novo para as marcas. E também uma informalidade. Ele é um ambiente de pessoas, as marcas são intrusas nele. Como todo ambiente fechado, ainda restrito a ‘iniciados’, é repleto de regras e etiquetas, que as marcas precisam ter humildade de entender e adotar”, afirma Roberto Cassano, diretor de estratégia da Agência Frog (www.agenciafrog.com.br). Diante desse cenário, sua evolução promete trazer boas oportunidades para quem entender suas principais características e particularidades, criando assim novos tipos de serviços que possam ajudar as empresas a participarem de maneira eficaz das conversações geradas a partir deste modelo de comunicação digital.
Coleirinho ou papa-capim
reportagem - Twitter :: 51
Portfólio de serviços #oportunidades
e solução de problemas e dúvidas. O mais importante é
A primeira boa notícia quando falamos de
que as agências devem ter sensibilidade ao propor o uso a
oportunidades são as opções de serviços que as agências
um cliente. Elas precisam se perguntar: ‘Meu cliente está
digitais poderão oferecer para os seus clientes. “O Twitter
preparado para isso?’; ‘Sua filosofia é aderente ao Twitter?’;
permite o relacionamento em tempo real 1-para-1, 1-para-
‘Haverá relevância na presença desse cliente no Twitter?’.
muitos e muitos-para-muitos. Estamos falando de produzir
Na verdade, o Twitter é só a bola da vez, mas essas
conteúdo, de fomentar a disseminação boca a boca ou de
perguntas, em outros momentos, já se aplicaram a blogs
implementar ferramentas e aplicações que se integram ao
e, antes disso, a qualquer tipo de site. Quando comecei a
serviço. Ou seja: é trabalho para planejamento, criação,
trabalhar com web, em 97, era comum um cliente querer um
design, TI etc.”, explica Cassano.
site ‘só para estar lá’, ou ainda, ‘porque meu concorrente
“As agências podem ajudar seus clientes a entender o
tem um’. Se você quer um megafone, é bom que tenha algo
que o seu público-alvo quer, quais são suas expectativas
de bacana para dizer”, orienta Tharso Vieira, sócio e diretor
em geral e assim saber exatamente como e de que
de operações da Bumaiê (www.bumaie.com.br).
forma se relacionar com eles. Com esta análise feita, as
“O que temos notado são clientes sedentos por
agências serão responsáveis pela ‘voz’ da empresa nestes
entrar no Twitter a qualquer custo. É claro que entrar por
meios, falando, ouvindo e mensurando os impactos da
entrar não faz sentido. Uma empresa que não tem um
interferência da empresa nas mídias sociais”, argumenta
histórico de diálogo com o cliente, ou que simplesmente
Rodrigo Quintão, diretor executivo da 4Ps Agência
nunca se aventurou pelos meios digitais além da
Digital (www.4ps.com.br).
fronteira de seu próprio site 1.0, deve pensar muito
Nesta busca por oportunidades, Vitor Guerra, sócio
bem na estratégia que irá usar em sua página do Twitter.
e diretor de planejamento em mídias sociais da Ideia s/a
Qualquer um pode ter sucesso em uma empreitada
(www.ideiasa.com), aponta algumas das características
no Twitter desde que esse projeto seja encarado com
essenciais para que os profissionais de web possam
seriedade. Querer parecer algo que não se é nunca deu
apresentar trabalhos de qualidade nestes ambientes.
certo e não dará agora”, ressalta Vitor.
“Se o Twitter é uma ferramenta de comunicação digital,
Em relação aos bons exemplos na utilização do
os profissionais dessa área naturalmente têm muito a
Twitter (confira outros na página 55), Tharso cita casos
oferecer. Twittar para empresas e checar o que falam
envolvendo empresas de diferentes ramos de atuação.
dela pode virar moda daqui em diante, mas os futuros
“Uma companhia aérea pode usá-lo para informar sobre
candidatos não podem cair no erro de pensar que a tarefa
seus voos, condições dos aeroportos e para resolver
é simples. Para entrar nesse meio, não basta ser um usuário
problemas dos clientes. A @VirginAtlantic faz isso
ativo no Twitter. Antes de se propor a prestar serviços
de forma genial. Outro é o teefury.com, uma loja de
ligados à geração de conteúdo em mídias sociais, é preciso
camisetas on-line que comercializa um único modelo por
entender muito bem novas métricas, como influência e
dia. Eles usam o Twitter para comunicar a estampa do dia,
relevância, além de conhecer profundamente o cenário
discutir sobre as opiniões dos consumidores e gerar buzz.
em que seu futuro cliente está inserido e como se dão as
Uma empresa de serviços pode detectar reclamações e
relações dos indivíduos em redes de relacionamento.”
agir para contornar os problemas rapidamente, fazendo com que um crítico da marca torne-se um cliente satisfeito
Quando indicar o uso do Twitter? #comofas
diante de milhares de pessoas. Isso tem um poder que não
Conhecidas algumas das oportunidades de negócios
pode ser desprezado.”
existentes pelo Twitter, o próximo passo será avaliar quando o uso desta ferramenta deverá ser indicado, para evitar que seu potencial de comunicação e relacionamento seja desperdiçado em projetos que possam acarretar em efeitos negativos para a imagem de uma marca. “O Twitter pode ser usado para várias coisas: desde promover serviços e produtos/ofertas até a identificação
Boas práticas no uso da ferramenta #éomeujeitinho A passagem da celebridade televisiva Xuxa Meneghel (http://twitter.com/xuxameneghel) tem causado muita polêmica pelo Twitter. A primeira delas envolveu o modo como ela postava seus textos, todos em caixa alta, modelo
52 :: Webdesign
não recomendado pelas netiquetas da web (http://
válida se você não souber conversar na mesma ‘língua’ do
migre.me/71k5), que traduz esta forma de escrita como
seu público-alvo. Não se pode falar gírias para um público
se a pessoa estivesse falando em voz alta ou até mesmo
que gosta de seriedade, nem razões para ser formal para
gritando com seus interlocutores.
um público que gosta da informalidade. Esta é a primeira
Ao ser alertada sobre tal situação, na tentativa de
regra: ter uma personalidade e um comportamento
se explicar, ela acabou falando que “era seu jeitinho
condizente com a de seu público-alvo. Dicas de como
de escrever no computador” (http://migre.me/71RR).
construir um texto são sempre válidas, pois aumentam
Em pouco tempo, a passagem acabou virando motivo
as chances de resposta por parte do receptor da
de piada e inspiração para o surgimento da “famosa”
mensagem”, afirma Rodrigo.
hashtag #éomeujeitinho, que vem sendo utilizada para apontar ironicamente todo o tipo de situação. Recentemente, o guru da usabilidade, Jakob Nielsen,
“Existem boas práticas sim. O que não existe são regras absolutas. Citar suas fontes, sinalizar seus conteúdos com hashtags (#), usar sabiamente letras maiúsculas, reduzir URLs,
publicou um artigo apresentando algumas dicas sobre
não seguir pessoas indiscriminadamente e aplicar códigos
design iterativo no Twitter (http://migre.me/71Zo) e
específicos como ‘RT’ e ‘d’ são exemplos de boas práticas.
as questões de usabilidade em textos postados em
Por outro lado, contradizendo uma ‘boa prática’ bastante
microblogs, como: utilizar “:” para economizar caracteres;
famosa, não acredito que seguir quem te segue é sempre o
colocar em caixa alta apenas a palavra-chave do post;
que deve ser feito. Essa é o tipo de boa conduta que faz você
incluir informações específicas no texto; e cuidado para
ser bem visto por aí, mas não necessariamente te faz bem.
deixar um mínimo de caracteres disponíveis no texto para
Se um chato te segue, você é obrigado a ler suas chatices?
que o post possa ser “retuitado (RT)”.
Acho que não. Nesses casos, acredito em uma seleção
Diante dessas recomendações, e da experiência
natural - leia-se #unfollow - na qual os chatos terão cada vez
ocorrida no caso do “jeitinho” da Xuxa, já é possível
menos seguidores enquanto os usuários que geram conteúdo
apontar algumas boas práticas na hora de se produzir e
relevante garantirão seus espaços”, orienta Vitor.
publicar conteúdo através do Twitter? “Não existe dica
Monitorando opiniões #prontofalei Na edição de setembro da Revista TIdigital, na seção Newwws, o colunista Alexandre Fontoura divulgou que, “de acordo com a pesquisa da Pear Analytics (http:// migre.me/6hKz), cerca de 40% dos tweets contam fatos sem interesse sobre a rotina do usuário e 37% são conversas entre usuários. A consultoria selecionou duas mil mensagens publicadas no Twitter entre as 11h e as 17h durante duas semanas. Mensagens que repliquem conteúdos de outros usuários, conhecidas como retweets, foram responsáveis por 8,7%, seguidas pelos tweets autopromocionais, em que empresas anunciam novos produtos ou serviços e promoções, com 5,8% da amostra.” Quando falamos da mensuração de resultados envolvendo o Twitter, alguns dados e elementos serão fundamentais para se montar um processo de monitoração em relação à multiplicação instantânea e imediata de opiniões publicadas sobre uma marca neste ambiente. “A primeira prática é monitorar constantemente a palavra-chave (ou tag) que se relaciona a sua marca. Uma visita ao http://search.twitter.com/, com buscas diretas pelo nome de sua marca, ou ainda palavras que podem estar relacionadas ao seu produto, serviço e concorrentes Tiziu ou alfaiate
seriam as primeiras medidas para entender o que se diz
reportagem - Twitter :: 53
na ferramenta. Mas muita coisa deverá ser filtrada. Com todo este ‘buzz’ gerado em torno da ferramenta, muitos tendem a considerar qualquer punhado de twitts como a verdade absoluta, o que pode levar a um grande erro. Quando monitoramos o que se fala no Twitter, temos que levar em consideração qual a força de quem está falando conseguimos isso checando quantidade de seguidores do ‘tuiteiro’ e, mais a fundo, seguidores de seus seguidores. Dessa maneira, determinamos o quanto a mensagem (ou mensagens) foi relevante antes de tomá-la como verdade. É muito importante que, além da monitoração de tags citadas no Twitter e capital social de quem as citou, sua pesquisa esteja cruzada com outras mídias, como blogs e comunidades em redes sociais. O Twitter não é o único ponto de contato com seu consumidor”, alerta Léo Palagi,
Sebinho ou papa-banana
diretor da Red Cube (www.redcube.com.br). “O Twitter se destaca, dentre outras redes sociais, quando o assunto é facilidade para monitorar as informações que transitam entre seus milhares de perfis ativos. Hoje, existem inúmeras ferramentas para este
envolvendo o nome da apresentadora voltasse a ser assunto
fim, a maioria gratuita. Bons exemplos: TwitterCounter
entre os usuários do ambiente. Isso porque, no texto escrito
(http://twittercounter.com), TwitterAnalyzer (http://
por Sasha, havia um erro de ortografia. Em vez de escrever
twitteranalyzer.com) e o brasileiro BlaBlaBra (http://
“cena”, a menina acabou digitando “sena”.
blablabra.net)”, acrescenta Vitor.
Para piorar a situação, a justificativa de Xuxa sobre
Porém, uma opinião parece ser unânime entre os
tal lapso foi ao melhor estilo “a emenda saiu pior do que
especialistas: é importante saber extrair a relevância
o soneto”. Para contornar a situação, a alegação para tal
dos dados apurados. “Alcance relativo de cada autor,
mancada foi que a filha tinha sido “alfabetizada em inglês”.
velocidade de disseminação, volume de cliques nos links,
Se num primeiro momento o volume de comentários
tudo isso ajuda a desenhar um cenário que qualifique
negativos já tinha sido grande, a explicação para o erro
a informação obtida de forma automatizada, por um
acabou gerando ainda mais posts críticos pelo Twitter.
processo de monitoramento. Algumas ferramentas
“O caso ‘Xuxa e sua filha’ mostra alguns exemplos. Em
avaliam a qualidade dos tweets, por exemplo,
primeiro lugar, o poder de fogo da fama que a rainha dos
considerando textos sem links como puro lixo. Mas isso
baixinhos trouxe da TV lhe garantiu muitos seguidores,
é relativo. Quando você segue uma celebridade, ler
mas diferente da TV, o Twitter é uma via de mão dupla.
‘Acabei de assinar o contrato para um filme novo. Será
Se o que falo não tem relevância, eu perco seguidores.
sobre alienígenas’ é extremamente relevante, mesmo sem
Porém, pior que isso, se falar bobagens, além de perder
conter qualquer link”, destaca Cassano.
seguidores terei réplicas que, às vezes, poderão ter tom agressivo. Quando estamos usando este tipo de
Xuxa coloca Sasha em “sena” #fail
ferramenta, temos que estar preparados para isso. A Xuxa
Novamente, a apresentadora Xuxa vai nos servir
não estava”, argumenta Léo.
de exemplo para analisarmos algumas questões do
Moral da história? Temos aí uma ótima lição para quem
Twitter. Desta vez, o foco do assunto são os erros, ou
pretende oferecer serviços especializados que vão definir
melhor, na linguagem da nação “tuiteira”, os #fails que
os rumos da presença digital das empresas. Por outro lado,
podem comprometer a presença digital de uma marca no
o caso também funciona como um alerta para o surgimento
universo das redes sociais.
de “especialistas” e “gurus” na área, como destaca André
Passado o caso “#éomeujeitinho”, Xuxa resolveu
de Abreu, no artigo “Cuidado com os especialistas em
colocar sua filha Sasha para experimentar a ferramenta.
mídia sociais” (http://migre.me/6hBQ): “a história já
Bastou apenas um post para que mais uma polêmica
provou: a novidade atrai os novos profetas”.
54 :: Webdesign
“Quando começa a chover, em cinco minutos já estão vendendo guarda-chuvas em todas as esquinas. O mesmo aconteceu com as mídias sociais. Como o próprio André escreveu em seu artigo: ‘Não que mídias sociais sejam novidade’, mas agora o tema está na moda. O fato é que os anunciantes viram que precisam estar presentes nesses novos canais e por isso surgiram, ‘em cinco minutos’, novos vendedores de ‘planejamentos para mídias sociais’. A consequência disso são alguns erros grotescos que vemos por aí. Posso destacar alguns: sofrer de miopia de marketing só divulgando preços e promoções repetitivamente; esquecer que o Twitter é veloz e, por isso, atualizar sua página uma vez por mês; ignorar seus seguidores, não dando os devidos créditos por informações ou não respondendo mensagens e citações; múltiplas personalidades na hora de escrever seus tweets, sendo ora
Saí-andorinha
formal, ora cheio de gírias e abreviações”, explica Vitor. “O sintoma dos ‘especialistas em mídias sociais’ é semelhante aos especialistas em web no final dos anos 90 ou o ‘site do sobrinho’, onde se criou a lenda de que investir em web tinha baixíssimo custo, retorno alto, aumento de vendas e sucesso garantido. O investimento neste meio requer pesquisa e planejamento tão grande ou maior do que uma ação para as ‘mídias tradicionais’, como a TV, pois
Twitter veio para ficar? #minidebate
após um erro não terei chance de ‘tirar meu twitt do ar’ ou parar de veiculá-lo”, ressalta Léo. Diante desse cenário, como orienta Tharso, antes de pensar nos benefícios, as empresas devem ter consciência
@caioosman Veio para ficar, mas ainda passará por amadurecimento, como tudo que é novo e precisa se solidificar para continuar crescendo.
sobre as suas responsabilidades nestes ambientes. “Se a
@alighieriadamo Creio que o Twitter vai ter o seu tempo de vida
intenção é, por exemplo, atuar como uma espécie de SAC
útil. Como está acontecendo em várias redes sociais. É normal
on-line, a empresa precisa ter estrutura para resolver os
essa mudança para algo melhor!
problemas dos usuários de forma efetiva. Outro caso é quando a empresa tem princípios rígidos e conservadores
@cristianoweb A ferramenta não vai durar, mas o conceito
que conflitam com o ambiente informal do Twitter (e de
da velocidade na troca de informações sim. A relação entre
outras redes sociais). Podemos apontar casos específicos de erros, mas creio que o mais comum é a empresa
pessoas e empresas tende amadurecer. @rhamses Ele revolucionou não só a interação entre as pessoas,
transformar o Twitter num monólogo e achar que está
mas o conceito de coberturas de fatos globais ou não. E toda
abafando nas redes sociais.”
revolução chega para ficar.
“O #fail pode vir de muitos lugares. Desde o uso de script para seguir milhares de pessoas, e esperar ser
@renatatr Veio para ficar, mas será refinado com o tempo! Hoje
seguido de volta, até a prática do ‘spam’, onde você
é moda, mas amanhã vai amadurecer e só o que é realmente útil
direciona sua mensagem para centenas de pessoas
sobreviverá.
esperando que elas leiam em suas caixas de ‘reply’ e repliquem a mensagem. O maior erro de todos é entender o Twitter como uma ferramenta de broadcast. Ele não é isso. É uma ferramenta de relacionamento”, finaliza Cassano.
@larissaherbst A necessidade de expressão nunca sairá de moda. Uma ferramenta que facilita essa atividade já tem o principal fator para continuar dando certo.
reportagem - Twitter :: 55
Dicionário Houaiss http://twitter.com/novohouaiss “Ao esclarecer dúvidas sobre a língua portuguesa, presta um bom serviço aos usuários ao mesmo tempo em que promove o produto (no caso, dicionário). Ótima iniciativa.” (Tharso Vieira)
JetBlue http://twitter.com/JetBlue “Possui um milhão de amigos no Twitter. É atualizado coletivamente por uma equipe de pessoas que ajuda os passageiros em linguagem informal. São pessoas ajudando pessoas em nome da marca. Quando precisou trabalhar a venda de um pacote especial de passagens, esse ‘mailing orgânico’ foi extremamente valioso.” (Roberto Cassano)
Twestival http://twitter.com/Twestival “Um evento totalmente promovido através do Twitter, que reúne diversos formadores de opinião e empresas patrocinadoras por uma ação social beneficiar instituições carentes ao redor do mundo. Tem total transparência no que faz e trabalha o tempo todo em engajamento e geração de conteúdo de usuários.” (Léo Palagi)
WholeFoods http://twitter.com/WholeFoods “Usa o Twitter de forma local. Além do perfil principal, eles têm outros, como @wholefoodsNYC ou @wholefoodsPST, que atuam divulgando promoções e novidades locais.” (Tharso Vieira)
56 :: Webdesign
Um universo de experimentações Diante de tantas novidades que surgem rapidamente
Naomi :: A experimentação é crucial. Hoje,
pelo mercado de internet, profissionais e agências
estabelecemos alguns horários abertos para nossas
digitais precisam acompanhar toda essa movimentação
equipes poderem trazer projetos paralelos de
para extrair o que realmente pode representar boas
estudo - uma ferramenta nova, plataforma, projetos
oportunidades de negócios.
gráficos ou testes de animação. Estamos com alguns
Nesta caminhada, os projetos experimentais surgem como uma ótima ferramenta para se testar a
projetos em desenvolvimento e tenho certeza que vão trazer bons frutos.
evolução dos novos conceitos e das novas tecnologias e também como eles podem ser aplicados no
Wd :: O Universo Angani é um projeto
cotidiano de criação e desenvolvimento das empresas
experimental lançado recentemente pela Agência
especializadas em soluções web.
Ginga. Como surgiu a ideia de criá-lo? E quais são
Quem vem utilizando tal prática com eficiência é a Agência Ginga (www.agenciaginga.com.br), que lançou recentemente o projeto Angani (www.angani.
os seus principais objetivos dentro da estratégia comercial da empresa? Naomi :: Nós abrimos uma oportunidade de criar
net). Conversamos com Naomi Covacs, diretora de arte/
algo único e interativo a partir de um projeto que
criação da agência, que nos conta como surgiu a ideia de
acabou sendo engavetado. Optamos por transformá-lo
criá-lo e os benefícios obtidos em sua produção.
em uma plataforma proprietária. Então, o Angani evoluiu para uma plataforma lúdica
Wd :: Em entrevista para Arteccom (http://
de estudo. Como projeto experimental, atingimos
migre.me/6Wi3), o designer Stefan Sagmeister
diversos públicos do meio, adquirindo um web award
(www.sagmeister.com) ressaltou que “os trabalhos
como “Site of the Day”, no dia 30 de julho, pelo prêmio
experimentais (que não fazem parte da programação
inglês Design Licks (www.designlicks.com). Também
de uma agência) têm a tendência de serem relegados
tivemos várias menções em blogs, sites, revistas
por trabalhos mais ‘urgentes’, simplesmente pelo
especializadas etc.
fato de eles terem um prazo de entrega definido”.
Queremos ver o Angani crescer e agregar outras
Diante desse cenário, como vocês procuram inserir
ferramentas e APIs, tornando a experiência ainda mais
a experimentação dentro do cotidiano da produção
interessante. O maior objetivo é a experimentação e a
criativa da agência?
divulgação institucional da Ginga.
estudo de caso - Angani :: 57
Wd :: Em sua apresentação oficial, ficamos sabendo que o termo “Angani”, na língua Swahili, significa universo ou grande espaço. Em termos
Como vocês chegaram a tal definição? E quais fatores influenciaram na escolha da tipografia a ser utilizada? Naomi :: Realizamos diversos estudos. E, na
visuais, vocês utilizaram elementos gráficos
verdade, uma questão de balanço também. Como toda
que ajudam no processo de entendimento das
composição, interativa ou não, são necessárias áreas
funcionalidades dispostas pelas interfaces.
de respiros se queremos dar o enfoque necessário em
Quais foram os parâmetros utilizados, durante o
determinado conteúdo. Buscamos utilizar uma família
processo de criação, para atingir tal eficácia?
tipográfica leve, mas que não fosse enrijecida demais, e
Naomi :: Fizemos uma pesquisa das
que tivesse um pouco de carisma e um pouco de curva.
possibilidades que a ferramenta poderia nos trazer e, além disso, diversos esboços foram ilustrados,
Wd :: Um ponto ressaltado na apresentação do
tanto em 2D, como em 3D, para melhor conduzir o
projeto é que ele procura oferecer ao usuário formas
aspecto visual.
de explorar os conteúdos de forma lúdica e interativa.
Foi organizada uma paleta de cores, e uma
Partindo da premissa que para evoluir o ambiente
biblioteca iconográfica magistralmente efetuada, até
é preciso contar com uma participação ativa dos
os modelos 3D e as ilustrações e texturas. Acredito
usuários, como vocês planejaram estimular a formação
que conseguimos trazer as nuances do imaginário
de uma comunidade em torno do projeto?
para uma interface que casou muito bem.
Naomi :: Temos recebido muitos feedbacks construtivos com este projeto. Alguns vindos do próprio
Wd :: Ainda sobre o design de interfaces, vocês trabalharam com uma família de fontes sem serifa.
Twitter, que ainda não foi agregado ao projeto, mas que já tem sido mencionado por visitantes nacionais e
58 :: Webdesign
“A proposta inicial sempre partiu da premissa de que o usuário pudesse navegar entre os planetas e manipulá-los de forma livre”
internacionais. Acredito que será a partir da evolução do
com as palavras-chave do usuário, que pode ou não ficar
próprio Angani que teremos participantes mais ativos.
surpreso com os resultados. As tags são as formas mais
A participação do usuário é super importante
simples de resumir uma busca e, no caso do Angani, a
e já sabemos quais serão as próximas evoluções. O
brincadeira fica em juntar tags coesas para cada objeto,
projeto foi lançado como alfa. O mais importante foi
de forma que o resultado seja interessante.
botar à prova que era possível e foi feito. É possível transformar um estudo em um projeto experimental de
Wd :: Boa parte dos elementos visuais presentes
imenso potencial, mas a contribuição do coletivo é a
no site receberam uma modelagem em 3D, através
base do projeto.
dos recursos presentes no Papervision 3D. Diante da experiência, é possível citar as vantagens no
Wd :: No Angani, cada habitante do universo
uso deste plugin do Flash? Como ele foi aplicado
é reconhecido pelo seu conteúdo, sendo utilizado
neste projeto e de que maneira ele contribui para
o conceito de classificação por tags. Quais são as
aperfeiçoar o design de interfaces?
vantagens que este tipo de sistema de classificação traz para o período de experiência do usuário em um site? Naomi :: O Angani hoje não deve ser visto como
Naomi :: Tudo depende do projeto. Neste caso, optamos por usar esta ferramenta porque a proposta inicial sempre partiu da premissa de que o usuário
uma nova plataforma de busca. A ideia da classificação
pudesse navegar entre os planetas e manipulá-los de
por tags nada mais é do que uma forma diferente de
forma livre, podendo observar todas as faces dos objetos
dizer “você é por onde você navega”.
criados por ângulos diferentes, trazendo uma solução
O sistema traz sites e imagens diferentes de acordo
diferente e divertida para navegar.
estudo de caso - Angani :: 59
trabalho do profissional de animação, que conseguirá atingir algumas soluções com muito mais facilidade. Em animação, existe uma diferença entre animar personagens e elementos gráficos, como o motion designer difere do profissional de animação. São profissionais distintos que lidam com grafismos de maneiras diferentes. Com relação a flash designers, acredito que o bom designer trará bons resultados de interface usando ou não o Flash. Vejo com bons olhos um diretor de arte ou assistente de arte que é capaz de se comunicar bem com Ao entrar no site, o usuário tem a opção de criar o seu mundo em diversos modelos 3D
o flash developer (que irá desenvolver o funcionamento do projeto da melhor forma possível). Acredito que esses dois profissionais deverão se
O Papervision proporciona isso bem, nem o usuário,
comunicar cada vez mais. Ambos se preocupam com a
nem o designer ou programador precisam ficar limitados
arquitetura do projeto e sua usabilidade, cada qual com seu
a uma interação bidimensional.
foco específico. E, com a troca de ideias e soluções, facilita o processo tanto de criação quanto de desenvolvimento.
Wd :: Falando ainda sobre 3D, quais foram os principais desafios na hora de implementar esta técnica no site? Naomi :: Um dos maiores desafios foi adequar a
Wd :: Na edição de agosto, publicamos um especial que apontava as vantagens no uso do Flash para construção de interfaces ricas, sem esquecer
modelagem 3D para o Papervision de forma que não
a importância da aplicação das boas práticas de
se consumisse muito do processamento da máquina do
Acessibilidade, Usabilidade e SEO. No Angani, quais
usuário. Por isso, optamos por deixar os objetos com
parâmetros foram utilizados para medir a eficácia
menos polígonos (menos curvas).
no uso destes conceitos em um ambiente todo
Em compensação, as texturas dos objetos foram ilustradas para que essa quebra visual fosse suavizada
construído em Flash? Naomi :: Do ambiente “universo” até as janelas
ao máximo. O processo de criação de cada objeto
de buscas de conteúdo, nos preocupamos em
tridimensional foi desde esboço à mão, à modelagem
tratar as informações de modo que o usuário possa
em 3D (Maya ou 3DMax) e a ilustração da textura em
passar pela experiência do conceito de viagem que
Photoshop, a “roupagem” do objeto (suas cores etc.).
quisemos proporcionar.
A equipe de criação em 3D foi crucial em muitos
Criamos os módulos de planetas de forma que a
momentos para prever sequências de animações entre
navegabilidade entre eles fosse suave e lúdica. Acredito
planetas para a equipe de desenvolvimento. Houve
que, assim, a sensação de se tornar um explorador no
muita troca de informações, muitos problemas foram
universo é mais leve e agradável.
solucionados em conjunto. Wd :: Um detalhe interessante deste projeto é a Wd :: Analisando a estrutura de algumas agências
escolha da execução de uma trilha sonora instrumental
digitais brasileiras, vemos a abertura de oportunidades
bem adaptada ao conceito final do site. Que tipo de
para flash animators, flash designers, flash developers
funções os recursos sonoros podem (e devem) assumir
etc. Vocês acreditam que a especialização de
dentro de um site?
profissionais é um caminho nesta área? E quais seriam as principais diferenças entre esses cargos? Naomi :: Ainda há muita confusão sobre o
Naomi :: Optar por trilha sonora ou efeito sonoro vai de acordo com o objetivo do projeto. Especificamente neste, para dar ao ambiente “surreal”
profissional em Flash. O Flash é uma opção interessante
uma forma mais envolvente, convidamos o músico
justamente por proporcionar ferramentas e soluções
Dudu Tsuda a apresentar um set de trilhas ambiente
diferentes. Sua versão mais recente facilitou em muito o
condizente com o projeto. Além de o usuário poder
60 :: Webdesign
o desenvolvedor faça a aplicação de uma forma mais simples, o que facilita a coleta de dados. No caso do Angani, conseguimos coletar dados como porcentagem de pessoas que visitaram o site; quantas pessoas criaram mundos; acesso a conteúdo externo e todos os níveis de navegação possível. Wd :: Por se tratar de um projeto experimental, quais são as expectativas da Agência Ginga em termos de retorno deste projeto? Até o momento, quais foram os principais resultados obtidos? No universo Angani, cada usuário é reconhecido por seu conteúdo, classificado por tags
Naomi :: A expectativa inicial do projeto Angani sempre foi como plataforma experimental e divulgação da Ginga. Neste quesito, os resultados superaram a meta, com
conhecer mais sobre o Tsuda, com link para seu site, ele
visitas e menções em diversos lugares, como mencionado
também tem fácil acesso aos controles do rádio.
previamente. Feito isso, nosso objetivo é tornar este projeto comercialmente rentável. Vimos que isso é possível
Wd :: O site foi projeto para ser visualizado em dois idiomas: português e inglês. Em projetos deste porte, quais são os desafios na hora de traduzir conteúdo e garantir uma produção de qualidade em ambas as versões? Naomi :: Tomamos o cuidado para que o usuário possa trocar de idioma em qualquer ponto do site. O projeto foi estruturado pensando nisso. Não só conteúdos em texto, como títulos e botões foram cuidadosamente arquitetados com esse objetivo. Dessa forma, o usuário não precisa voltar à “estaca zero”, ainda mais navegando em um site em Flash. Wd :: Na edição de julho de 2007, quando apresentamos um estudo de caso sobre o site “Pocket Films for Travelers (www.pocketfilmsfortravelers. com), Zeh Fernando (www.zeh.com.br) revelou que o Google Analytics era uma das melhores opções para análise de navegação de sites em Flash (http://code. google.com/p/gaforflash/). De que maneira a agência costuma mensurar os dados de navegação em projetos que envolvam o uso do Flash? Como esta questão vem sendo trabalhada neste projeto? Naomi :: Sempre embutimos códigos de análise de navegação, mesmo dentro do Flash. Fazendo parte da arquitetura e plataforma, fica mais fácil adicionar ou retirar informações do que precisamos mensurar. O Google Analytics é uma ferramenta que possibilita isso com muita facilidade, permitindo que
com algumas melhorias e já temos negociações em andamento com possíveis patrocinadores.
62 :: Webdesign
O valor da animação gráfica em interfaces digitais Uma das consequências diretas na
Tecnologia na Web nível a av vança nçado nça do o nível médio níve íve vell b básico
usuário, sempre. Depende muito do contexto, do
melhoria gradual na qualidade de conexão à
objetivo e dos recursos. Existem muitos casos em que
internet no país está presente na ampliação
se faz o caminho contrário, decide-se por usar motion
das possibilidades na hora de se pensar na
antes de saber o que precisa ser feito. Qualquer
construção de ambientes interativos. Com
recurso gratuito prejudica a experiência do usuário.”
isso, os profissionais criativos devem buscar
Em relação às principais etapas envolvidas na
conceitos e tecnologias que possam ajudá-los no
produção de um projeto web com uso de motion
desenvolvimento de projetos diferenciados.
graphics, André Usuda e Wellington Guimarães,
Neste cenário, a aplicação do motion
web developer e webdesigner, respectivamente,
graphics, através do uso de textos e elementos
da Full Haus Comunicação (www.fullhaus.com.br),
gráficos animados, surge como uma boa
explicam como funcionam algumas delas. “Temos o
solução para encantar os olhos (e o mouse)
storyboard, onde será delimitado todas as questões
de seu público-alvo. “Tudo que é bonito atraí
técnicas e criativas da animação. Outra etapa é o
e cativa as pessoas e as mesmas tendem a se
design de som, onde a animação ganha ‘vida’, sendo
identificar e fazer parte do que as cativou. Dessa
ambientada com músicas, ruídos e efeitos sonoros.
forma, as pessoas sentem prazer e vivem novas
Já no render final, acontece a parte de finalização
experiências de entretenimento, possibilitando
de arquivo, onde se dá ‘saída’ à animação com
uma maior imersão no mundo digital. Fazer com
qualidade, tamanho e extensão desejados, e onde
que as pessoas façam parte do que realmente as
todas as outras etapas serão compiladas.”
agradam é um desafio para nós desenvolvedores”,
Neste processo, como destaca o designer
afirma Marcelo Dias, sócio da Predominium
Diego Loza (www.diegoloza.com), alguns softwares
Estúdios (www.predominium.com).
vão ajudar na construção de projetos na área. “Os
“Não é de hoje que abusar de motion é
mais usados para web são Flash, After Effects,
estratégia não só em projetos interativos, mas
Photoshop e hoje cada vez mais tem se usado a
em outras mídias também. Quando exploramos
animação 3D através de alguns softwares, como
motion graphics em um projeto, buscamos
3ds Max, Maya, Blender, XSI que são os mais
emocionar, roubar sorrisos, fazer pensar ou
comuns presentes no mercado.”
simplesmente sintetizar situações ao lúdico para
Sobre o perfil profissional e os conhecimentos
dar contexto ao objetivo, engajar o usuário a
necessários para se trabalhar com motion graphics,
entrar no clima da mensagem final. Algumas
as características vão desde o cuidado com os
pessoas são sensíveis ao motion, enquanto
mínimos detalhes até a constante busca pela
outras não têm a menor paciência. Por isso,
inovação. “O profissional tem que gostar de
temos que ir com calma e saber bem o foco”,
animação, pois a produção não é um processo
argumenta Guilherme “Guindex” Almeida,
fácil e muito menos rápido. Ele tem que se apegar
animador e programador da área interativa da
aos mínimos detalhes, tendo um olhar bem
BossaNovaFilms (www.bossanovafilms.com.br).
crítico, ter um bom conhecimento em estrutura de
Pensando nisso, como ressalta o especialista,
roteiros tanto do cinema clássico como do cinema
antes de aplicá-lo, faça uma análise de como esta
contemporâneo, além de conhecimentos técnicos
técnica poderá realmente contribuir no processo
em cinema”, finalizam André e Wellington.
de experiência de seu público pelo ambiente. “É
A seguir, os especialistas apontam quatro
delicado. É um caminho comum hoje, em qualquer
bons exemplos na aplicação de motion graphics
projeto é possível encontrar motivos para fazer uma
em projetos web. Para conferir mais exemplos,
porção de efeitos, 3D e fumaças. Mas, no fim, o
acesse o site da Revista Webdesign: www.
sucesso do projeto está em uma boa experiência do
revistawebdesign.com.br
tecnologia :: 63
Labuat http://soytuaire.labuat.com/ “É incrível pela tamanha qualidade dos gráficos, o dinamismo que eles são criados e a interatividade que o usuário tem ao navegar com o mouse e criar em tempo real o seu próprio motion juntamente com os efeitos que são, ao mesmo tempo, sincronizados com a música que toca de fundo.” (Diego Loza)
Prismática http://www.prismatica.com.br “Motion 2D muito bem aplicado. Bom exemplo de motion feito em Adobe After Effects, usando a manipulação de câmera.” (André Usuda e Wellington Guimarães)
Ford Edge https://www.ford.com.br/ed_default.asp “Constrói uma variedade de cenários e ambientes ricos, de modo a envolver o navegante com os temas. A identidade de cada cenário é mostrada com um rico conteúdo audiovisual, envolvente e diversificado.” (Marcelo Dias)
VectorPark http://www.vectorpark.com “É uma coleção de pequenas peças super carismáticas e orgânicas. Abusa da simplicidade e tem bastante programação e animação de timeline, um clássico.” (Guilherme Almeida)
64 :: Webdesign
tutorii al Por Alexandre Cavalcanti Adobe Certified Expert e Adobe Certified Instructor em Flash CS3. Consultor em design e desenvolvimento web, pós-graduado em design digital. Palestrante e professor dos cursos intensivos, de graduação e pós-graduação do Instituto Infnet desde 2000. Visite seu blog em zarabatana.com/blog.
Actionscript 3.0 para webdesigners - Parte 1/4 Salve, salve, meu caro leitor! Durante as próximas edições, mostraremos como utilizar, de maneira simples e
var angulo:int; angulo = 45;
prática, a linguagem de programação Actionscript 3.0 nos seus projetos em Adobe Flash. O objetivo deste tutorial é mostrar que programação
Observação: os identificadores (nomes) das variáveis não podem conter espaços ou caracteres especiais, exceto _
não é um bicho de sete cabeças e que pode ajudar o
(sublinhado) e $ (cifrão), nem começar por número e devem
webdesigner a automatizar rotinas repetitivas, se comunicar
ser únicos no escopo onde são declarados.
melhor com desenvolvedores e gerenciar projetos mais
5 - Feche o painel Actions e Selecione File → Save.
facilmente, evitando a perda de tempo com tarefas que o computador pode executar facilmente e deixando o foco no que realmente interessa. Criar. Nesta primeira parte, veremos os conceitos básicos do Actionscript 3.0 através de exemplos simples e fáceis de seguir, utilizando o Adobe Flash CS4 Professional.
Elementos básicos da linguagem Antes de começarmos, faça o download dos arquivos desta parte do tutorial em: http://www.revistawebdesign. com.br/index.php/downloads. Para iniciar, abriremos o Adobe Flash CS4 Professional e definiremos nossa área de trabalho (workspace) como Essentials. Na versão CS4 há diversos layouts da área de trabalho listados na barra superior do software. Após o tutorial, escolha o que mais lhe agrada.
Propriedades Uma propriedade é uma característica de um objeto (nome, altura, largura, visibilidade, rotação, opacidade etc.) e com o Actionscript podemos alterá-las em tempo de execução. Neste exemplo, modificaremos a propriedade rotation (rotação) de um MovieClip que está no palco. Vejamos: 1 - Continuando no arquivo AS3_parte1_ex1.fla, selecione o quadrado que está no palco. 2 - No painel Properties, no campo Nome de Instância (Instance Name), digite: quadrado_mc. 3 - Selecione o quadro 1 da camada AS e clique no menu Window → Actions, ou pressione F9. No painel Actions, especifique que o quadrado_mc terá a sua propriedade rotation definida com o valor da variável angulo. Para isso,
Variáveis
digite a seguinte linha abaixo do código já existente:
Uma variável é um espaço na memória onde armazenamos um dado. Por exemplo, ao utilizarmos a expressão x = 10,
quadrado_mc.rotation = angulo;
guardamos na memória o número 10 e o identificamos como x. Toda vez que quisermos utilizar esse dado, basta chamarmos pelo nome x. Muito bem, vamos começar: 1 - Selecione File → Open, escolha o arquivo AS3_ parte1_ex1_inicio.fla e clique Open. 2 - Selecione File → Save As... e salve o arquivo como AS3_parte1_ex1.fla. 3 - Selecione o quadro 1 da camada AS e clique no menu
4 - Selecione File → Save. 5 - Teste o filme, selecionando Control → Test Movie, e veja o resultado. Você modificou a rotação de um objeto em tempo de execução e com pouquíssimas linhas de código. 6 - Vamos utilizar mais uma propriedade. Declare a variável opacidade como número real e atribua o valor .5 (meio) a ela. Em seguida, defina opacidade como valor da propriedade
Window → Actions, ou pressione F9. Aparecerá o painel
alpha, o que irá tornar o quadrado_mc transparente em 50%.
Actions, que é o local onde você escreverá o código Actionscript.
Veja como fica o código ao final do exemplo:
4 - Declare uma variável angulo, que irá armazenar um número inteiro. Esse número servirá, por exemplo, para
var angulo:int, opacidade:Number;
a definição do ângulo de rotação de um MovieClip. Em
angulo = 45;
seguida, atribua o valor 45 para a variável angulo. Para isso,
opacidade = .5;
digite o seguinte código:
quadrado_mc.rotation = angulo;
tutorial :: 65
quadrado_mc.alpha = opacidade;
Observação: o objeto quadrado1_mc girou corretamente e agora iremos executar essa mesma ação no
7 - Selecione File → Save.
quadrado2_mc, mas utilizando um ângulo diferente. Como
8 - Teste o filme, selecionando Control → Test Movie, e
iremos girar dois objetos, faremos duas chamadas. Logo, nós
note a transparência do objeto. Observação: caso não tenha dado certo, abra o
teremos que dizer, a cada chamada da função, qual objeto será girado e de quantos graus será esse giro. Esses dados
arquivo AS3_parte1_ex1_final.fla e compare com o
serão passados para a função através de atributos, que no
exemplo que você fez.
caso se chamarão: objeto e angulo. Os nomes dos atributos seguem o padrão das variáveis.
Funções Uma função é um bloco de código que é executado somente quando chamado e que pode retornar um valor. Utilizando funções, você pode reutilizar um código Actionscript em diversas situações e de maneira configurável, através de atributos. Vejamos um exemplo: 1 - Selecione File → Open, escolha o arquivo AS3_ parte1_ex2_inicio.fla e clique Open. 2 - Selecione File → Save As... e salve o arquivo como AS3_parte1_ex2.fla. Obs.: nós agora temos dois objetos na tela (quadrado1_mc à esquerda e quadrado2_mc à direita) e iremos alterar a rotação de cada um deles de maneira independente. Para isso, vamos criar uma função chamada girarObjeto. Dica: uma função sempre terá um caráter de ação e deve ser identificada utilizando-se um verbo seguido de um substantivo (ex.: girarObjeto). Valem as regras de
6 - Feche a janela do Flash Player e retorne ao painel Actions. Remova as linhas com a declaração e a atribuição da variável angulo. O ângulo agora será definido através do atributo angulo da função. 7 - Insira nos parênteses da função os dois atributos com seus tipos de dado. Isto é, o atributo objeto será do tipo MovieClip, e o atributo angulo será do tipo int (número inteiro). 8 - No bloco de código, substitua a referência ao objeto quadrado1_mc pelo atributo objeto. Dessa forma, poderemos dizer qual objeto será girado na chamada da função. Observe também que o valor do ângulo agora será determinado na chamada da função, através do atributo angulo. 9 - Abaixo do bloco da função, escreva duas chamadas. Na primeira, o quadrado1_mc irá girar 45 graus para a direita. Enquanto que, na segunda chamada, o quadrado2_ mc irá girar 15 graus para a esquerda. Veja como deverá ficar o seu código ao final do exemplo:
identificação das variáveis. 3 - Selecione o quadro 1 da camada AS e clique no menu Window → Actions, ou pressione F9. No painel Actions,
function girarObjeto(objeto:MovieClip, angulo:int):void { objeto.rotation = angulo;
envolva o código que altera a propriedade rotation do quadrado1_mc em um bloco function chamado girarObjeto,
}
delimitado por chaves, e que não retornará valor (void). Logo após, faça a chamada do bloco escrevendo o nome da função,
girarObjeto(quadrado1_mc, 45);
girarObjeto, seguido de parênteses, como mostrado no
girarObjeto(quadrado2_mc, -15);
código abaixo: var angulo:int;
10 - Selecione File → Save. 11 - Teste o filme, selecionando Control → Test Movie.
angulo = 45;
Note que os objetos compartilham a mesma funcionalidade,
function girarObjeto():void {
mas de formas diferentes, devido à utilização de atributos.
quadrado1_mc.rotation = angulo; }
Observação: caso não tenha dado certo, abra o arquivo AS3_parte1_ex2_final.fla e compare com o exemplo que você fez.
girarObjeto();
Tá vendo? Programar não é tão complicado quanto parece. Espero que esses exemplos tenham servido para ilustrar alguns
4 - Selecione File → Save.
fundamentos do Actionscript. Na próxima edição, faremos com
5 - Teste o filme, selecionando Control → Test Movie, e
que essas funções respondam às interações com o usuário, entre
veja o resultado.
outras coisas. A gente se vê lá. Até!
66 :: Webdesign Designer e ilustradora das antigas, do tipo que raspou fotolito com gilette e f e z s e p a r a ç ã o d e c o re s n o p a p e l vegetal, mas que não é saudosista e acha tecnologia o máximo. Trabalhou com multimídia e foi SysOp de BBS. Desenvolve sites desde 1996, especializando-se em CMS e em SEO com tableless e CSS. Começou em uma editora pequena em 1982 e nunca mais parou. Gosta muito de ilustração vetorial, mas não dispensa um bom papel e lápis. Fotógrafa amadora e apaixonada por tudo que é gráfico.
vignamaru@gmail.com
Carolina Vigna-Marú
Símbolos e signos nas obras de arte Durante muito, muito tempo, a arte era a
ou cenário do Vaticano, por exemplo. Assim como
única mídia disponível. A população era analfabeta
pontos de Umbanda serão entendidos como meros
e toda comunicação, propaganda e ideologia
rabiscos para aquele que não os conhece.
eram transmitidas através de imagens. A imagem
Exemplos não faltam e este artigo, por mais
precisava funcionar, ou seja, as pessoas precisavam
que se estenda, jamais conseguiria abordar sequer
reconhecer imediatamente o seu significado. Se
a maioria, que dirá todos. O importante é saber que
usarmos uma abstração simplista e considerarmos o
os elementos possuem significados e que, se for do
início da iconografia não nas cavernas, mas apenas
seu interesse, basta uma pequena pesquisa para
a partir de, digamos, Egito, contamos algo em
compreendê-los. Vou aqui falar de alguns elementos
torno de cinco mil anos de produção artística. Papa
recorrentes como um ponto de partida no assunto,
Gregório, o Grande, disse: “a imagem é a bíblia dos
mas o que é importante é você saber que estes
ignorantes”. A imagem torna visível um pensamento
elementos existem.
até mesmo para os iletrados. Naturalmente a história da arte revê estes
Até a criação do primeiro corante sintetizado, o Mauve, em 1856, as tintas eram preparadas a partir
significados organicamente à luz de novas
de elementos naturais. As cores, portanto, também
evidências. Só é possível falar do que sabemos hoje
são um elemento a ser considerado. Durante muito
e o amanhã trará, com certeza, novas informações.
tempo o vermelho era um pigmento caríssimo e
Existe uma discussão antiga que diz que
consequentemente assumia com frequência um valor
precisamos conhecer antes de ver. Explico: quem
representativo de nobreza e/ou riqueza. O azul era
nunca conheceu uma vaca não irá reconhecer a sua
feito de Lápis-Lazuli, uma pedra preciosa que, assim
representação a menos que lhe seja explicado. Ou
como o pigmento vermelho, valia mais do que o ouro.
seja, para ver a vaca, é preciso primeiro saber o que
Apolo, deus do sol e da razão, padroeiro
é uma vaca. Os signos (e seus significados) sempre
da ciência e dos artistas, patrono do mundo, era
dependem, portanto, do repertório de quem os vê.
sempre representado com um sol em volta da
Nós somos tão acostumados a símbolos que às
cabeça para mostrar que era um iluminado. Hoje,
vezes nem os notamos. Para um usuário de internet,
por influência da iconografia católica, entendemos
um arroba, por exemplo, assume o significado
todo círculo nesta posição como auréola, mas na
imediato de um e-mail ou de uma pessoa no
verdade esta alegoria representa iluminação (não
Twitter. Nas artes, o símbolo também se apresenta
necessariamente espiritual). Por este motivo, não é
e depende daquilo que você conhece para ser
incomum encontrar este círculo em cabeças não-
compreendido, mas o fato de você não reconhecê-
santas, como imperadores, nobres e ocasionais
lo não significa, em absoluto, que o elemento
filósofos. Exemplo: a auréola nas cabeças do
iconográfico não esteja presente.
imperador Justiniano e da imperatriz Teodora, na
Pode parecer meio óbvio para um católico, mas nem todos sabem que as chaves de São Pedro, em uma obra de arte, apontam para um personagem
Basílica de San Vitale, em Ravenna, na Itália. Ainda na mesma linha, Jesus Cristo é representado com a cor branca e o demônio com
Carolina Vigna-Marú - ilustração :: 67
“Papa Gregório, o Grande, disse: ‘a imagem é a bíblia dos ignorantes’. A imagem torna visível um pensamento até mesmo para os iletrados”
a negra por causa de quem vê ou não a luz. Não é uma
Foi só com a Revolução Francesa de 1789 que estes
interpretação racista, um questionamento que sequer fazia
pressupostos foram rompidos. Era, finalmente, a época em
sentido na época do surgimento do cristianismo. Por este
que ser rebelde era sinônimo de ser inteligente, rebeldia
mesmo motivo, o Divino Espírito Santo é representado com
tinha status: “De repente, os artistas sentiram-se livres
uma pomba branca, por ser aquele que liga a Terra e o Céu -
para escolher qualquer coisa como tema, desde uma cena
e, portanto, voa - e é iluminado (branco).
de Shakespeare a um acontecimento do dia, o que quer
Na Grécia antiga, os médicos eram os sacerdotes de
que, de fato, apelasse para a imaginação e despertasse
Asclépius e as enfermeiras eram as sacerdotisas de Higéia
interesse. Esse descaso pelos temas objetos tradicionais
(higiene). O veneno da cobra era usado como anestesia. O
da arte pode ter sido a única característica que os artistas
emblema de Asclépius era uma cobra. Por isso, o caduceus,
bem-sucedidos do período e os rebeldes solitários tinham
símbolo da medicina, tem uma serpente.
em comum.” [GOMBRICH, E. H.; História da Arte; pág.
A arte egípcia tinha uma função de preservação e
481; tradução Álvaro Cabral, Rio de Janeiro: LTC, 2008.].
perpetuação do que ou de quem era representado. Por
Apesar de, depois de 1789, estas alegorias e símbolos não
isso, as figuras egípcias eram sempre mostradas a partir
serem mais imprescindíveis na arte, os seus significados
do seu ângulo mais característico. No mural do túmulo
permaneceram até hoje.
de Khnumhotep (c. 1900 a.C.) podemos ver claramente
Com tudo isso não estou dizendo que você precisa criar
que todas as figuras, inclusive peixes e pássaros, são
um ícone para o site do seu cliente que dure cinco mil anos,
representados com a cabeça em perfil e com o corpo de
mas talvez seja bom buscar referências que já fazem parte do
forma a mostrar os traços mais importantes para a sua
nosso inconsciente coletivo para conseguir uma comunicação
identificação, como o tipo de asa em um pássaro ou as
mais rápida e imediata. E, por falar em bons símbolos, pegue
escamas de um peixe. Hoje, as figuras humanas nesta
o seu cachimbo e sua lupa e assuma todo o seu lado Sherlock
posição tornaram-se um ícone da cultura egípcia.
na próxima vez que olhar para uma obra de arte.
68 :: Webdesign
User Experience Evangelist da Microsoft Brasil. É profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, AgênciaClick, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina.com”, portal focado no mundo on-line, e d o “ r a d i n h o d e p i l h a ” ( w w w. radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área. rene@usina.com
René de Paula Jr.
Última chamada - Atenção senhores artigos com destino aos leitores da Revista Webdesign. Última chamada para embarque no portão 80. Sim, sim, eu ouvi o aviso. Foi em alto e bom som. Mas, well, eu estava enroladésimo. - Atenção, senhor René de Paula Jr. Favor
aeronáutica cai bem. Ou melhor, pousa bem. Em primeiro lugar: você não vê gente por aí dizendo que “mexe” com aviões. Ou o cara é engenheiro e projeta, ou é piloto, ou vende passagens, ou gerencia o espaço aéreo, ou é terrorista e derruba torres... E ninguém se diz
comparecer no balcão de artigos, última
um “especialista em aerossocial” só porque
chamada para embarque.
frequenta Cumbica.
Ufa, deu tempo. Meu artigo está já na sua
Já na internet, porém... É uma esquadrilha
(ou na tua?) poltrona e lá vamos nós em mais um
(e quadrilhas) de gente se autoproclamando
voo nas asas da reflexão.
especialistas nisso e naquilo, sem ter o mínimo de
Eu gosto de voar. Não tenho medo não. Gosto mesmo é da hora em que o cara lá na frente aperta ou pisa ou puxa fundo um controle
horas de voo, sem ter jamais sentado na janelinha nem ter voado alto. Mas deixemos os “padres voadores” pra lá. Se
qualquer e as turbinas catapultam o colosso pra
alguma empresa acreditou nos caras e tentou voar
fora do chão. Adoro essa arrancada. Mas mágico
com balõezinhos coloridos, agora é tarde, nem a
mesmo pra mim, aquilo que realmente me intriga
melhor busca do mundo vai achar o que sobrou.
e fascina, é o cara conseguir trazer de volta pro
Quero falar sobre como decolar, voar, pousar
chão uma baleia de aço. Na boa: um bom pontapé
e voar de novo de maneira viável. E isso vale para
ou um daqueles foguetes ACME do papa-léguas
projetos, para carreira, para ética.
tiram até um coiote do chão, mas o “the end” é outra história: como não se esborrachar? Por mais que eu goste de parábolas (estou
Eu não sei bem o que você anda vendo, mas vou te contar o que tenho visto com cada vez mais frequência: empresas grandes que abriram
fazendo uma aqui e agora), parábola não é
N frentes diferentes na internet (blog aqui,
exatamente a curva que mais me agrada em
Twitter acolá, grupos no Ning, vídeos no YouTube,
termos de voo. Eu quero ir longe e pousar
comunidades no Orkut etc.) e agora estão cada
inteiro. E, por mais que eu seja um péssimo
vez mais desnorteadas. Mais ou menos como abrir
exemplo em termos de carreira (abandonei umas
a porta do galinheiro e tentar trazer 32 galinhas
três sem paraquedas, saltei no vácuo outras
em polvorosa de volta. Mais ou menos como
tantas, ando na corda bamba sem rede etc.) e eu
tentar colocar a pasta de dentes dentro do tubo
seja relativamente aéreo, acho que a metáfora
de novo. Mais ou menos como tentar reverter a
René de Paula Jr. - marketing :: 69
“E aí, que rumo você escolheu? Qual é a cara do futuro em que você está apostando? Quando você quer saber sobre o futuro, quem você ouve?”
terceira lei da termodinâmica (a tal da entropia). O que aconteceu com essas empresas? Well, isso me lembra aquela tirada: “de graça até ônibus errado”. Pois é, acharam que embarcar de graça era uma boa pedida,
pensar: como será o futuro daqui a dez anos? Não estou falando só de computadores, lei de Moore ou celulares. Estou falando no futuro do teu mundo. É muito provável que você não consiga pensar a
mesmo que não soubessem pra onde o avião ia. Ou se
respeito, porque não sabe o que está por vir. Aí está
chegaria lá, seja onde for. Ou se lá tinha aeroporto. Ou
o engano: o futuro não é algo que vem, é você que
se a aeronave tinha trem de pouso. Ou se no voo havia
está indo a todo vapor em direção a ele. É você que
homens-bomba. Ou se conseguiria recuperar a bagagem.
está voando uma direção e não em outra. Pensando de
Ou se... Pois é, essa história de “é grátis, vamos embarcar
novo em voos: pilotos de avião só decolam se sabem
enquanto é tempo” dá nisso: bad trips.
onde vão pousar. Já balonistas... Guiam-se por SDS
O que mais está no meu radar? Ou melhor, o que não está no meu radar? Gente com visão estratégica. Agências estão desesperadas para achar
(Só Deus Sabe): onde o vento os levar, eles vão. Padres voadores, inclusive. E aí, que rumo você escolheu? Qual é a cara do
bons planejadores. Clientes estão caçando bons
futuro em que você está apostando? Quando você quer
planejadores. Projetos mal saem do chão porque falta
saber sobre o futuro, quem você ouve?
gente que entenda não só da decoração do aeroporto
Pensando na nossa profissão... Você tem certeza de
ou da qualidade do lanchinho ou das interações no
que o futuro é web? Ou será que a web (isso que a gente
saguão ou de atrações turísticas bizarras pelo mundo,
acessa via browsers) vai ser uma parte mínima de algo
mas sim de como arquitetar um bom plano de voo
maior, com N interfaces diferentes, N interações diferentes,
seguro e rentável. Na boa: não tem. E quem tem cobra
tudo isso respirando internet por todos os poros?
caro. E mais: os caras que sabem fazer isso não têm
Eu já estou me preparando para esse futuro.
tempo para socialidades. Você não vai encontrá-los
Mais do que isso: eu estou criando esse futuro.
peruando em eventos de padres voadores. Vai encontrá-
Dias atrás fiz um evento onde, diante de 100
los, com muito custo (sim, o ingresso é caro), em eventos
profissionais, conceituamos, criamos, desenvolvemos
decentes que trazem gente com horas de voo, gente
e implementamos o que há de ser um novo canal, um
responsável por negócios de grande envergadura. Fora
novo ponto de contato, uma nova maneira de relacionar
isso, é comprar balões vermelhos. Ou ver marmanjo
empresas e clientes. E, o que é mais legal: essa
jogando aviõezinhos de papel.
aplicação usa a internet, mas não é web. Ela trabalha
Estou usando e abusando dessa metáfora
on-line, mas também funciona off-line. E mais: open
aeronáutica para chamar a sua atenção não para o agora,
source. Aguardem mais notícias em breve. E apertem os
mas para o rumo que teus voos estão tomando. Pare para
cintos que esse piloto aqui já acionou as turbinas ;^)
70 :: Webdesign Nasceu e cresceu no Brasil, onde estudou Design e Marketing (sem terminar) até que teve a oportunidade de ir para o Japão. Trabalhou como designer de revistas e jornais até se tornar editor de arte (e posteriormente editor) de uma editora japonesa. Em 2001, a editora alemã TASCHEN (www.taschen.com) o contratou para ser o editor responsável pelas áreas de design e pop culture. Por lá, desenvolve o programa de títulos nas áreas de propaganda, graphic design, web, animação etc. letschat@juliuswiedemann.com
Julius Wiedemann
Entre o céu e o inferno no trabalho remoto Já fazem mais de dois anos que a minha
tento trabalhar sempre nos voos mais longos,
rotina de trabalho é muito flexível, tendo em
quando nenhum telefone toca e não existe
vista as constantes viagens e o fato de não
internet. Já que minha bateria dura em torno
mais fazer os meus livros a partir do escritório
de três horas, posso responder a uns 50 e-mails
central da Taschen, onde trabalhei por mais
pendentes, escrever um artigo e editar muitos
de seis anos. Hoje, divido o meu tempo entre
textos que chegam constantemente.
Alemanha, Inglaterra, Brasil e mais uns dez
Recentemente, voltando do Brasil para
países que somam anualmente uns quatro
Londres, corrigi mais de 240 páginas de um
meses de estadas mais curtas.
livro no voo do Galeão ao Heathrow. Assim
Quando explico o meu modo de trabalhar
que cheguei a Londres, comprei uma conexão
remoto às pessoas que venho a conhecer,
e dei o upload do arquivo em PDF que era
só escuto elogios e comentários com certa
relativamente pesado. Com conexão ótima
admiração. Afinal de contas, todos veem
(upload de 1 MB por segundo), em cinco
esse sistema como o futuro das profissões,
minutos eu estava livre para ir e meu assistente
principalmente como a minha, que depende
em Colônia, na Alemanha, não precisaria
de ler, escrever e editar. No entanto, poucas
esperar para eu chegar em casa, que ainda
pessoas pensam nos desafios que essa rotina
demoraria umas três horas. Foi tudo perfeito.
também gera, que são muitas. Primeiro sempre as notícias boas. Não
Depois das primeiras vantagens, é preciso descrever também o outro lado da história.
posso reclamar de poder levar os filhos ao
Não ter escritório para trabalhar significa
parque num dia de sol e aproveitar a melhor
basicamente fazer tudo em casa, com os filhos e
hora do dia. Também fico livre para resolver
a família ao redor. Saber equilibrar a atenção a
burocracias e questões pessoais a qualquer
todos dentro de casa é um exercício diário, que
hora que seja, ou mesmo receber amigos com
requer sempre a mediação entre o trabalho que
mais liberdade. Como trabalho com mais de dez
tem que ser entregue e as atividades que temos
países simultaneamente com mais de dez horas
constantemente, desde o banho dos filhos, até
de diferença entre eles, fico com a vantagem
as refeições que fazemos juntos.
de poder trabalhar com a Europa e a Ásia de
Existe também sempre a questão das férias,
manhã, costa leste dos EUA a partir do almoço e
as quais eu quase nunca consigo fazê-las por
costa oeste dos EUA a partir do cair do sol.
completo, porque ou o computador veio junto
Tendo isso em mente, posso organizar as
(caso desse artigo, que escrevo diretamente de
minhas prioridades de acordo com os livros
uma cama em uma fazenda em Bananal, onde
que estou fazendo. Com cinco livros por ano,
não existe conexão de celular e apenas uma linha
e mais umas 25 palestras em dez países, minha
fixa), ou o meu celular/smartphone fica recebendo
rotina tem, além de muitas viagens, entregas
mensagens e telefonemas.
constantes. E elas não podem falhar. Por isso,
Mas vivi, há duas semanas, um daqueles
Julius Wiedemann - internacional :: 71
“Conforme as empresas evoluem e usam mais tecnologia para executar tarefas, nós também podemos mudar nossa maneira de agir”
momentos de desespero. Estava de viagem para Búzios
demorou a conectar com a internet, mas ele tinha uma saída
no sábado e, neste mesmo dia, fui brifado para entregar
USB e eu carregava o meu pen drive no bolso. Só assim
um artigo na segunda-feira. Certifiquei-me que o hotel
consegui finalmente passar o arquivo. Nunca imaginei que
tinha rede sem fio e que estava com todos os cabos
passar um texto seria uma operação de guerra como foi.
(esses têm que me acompanhar sempre) para que eu
Quis compartilhar os detalhes desta minha história
pudesse enviar tudo na segunda pela manhã, como
para ressaltar que o cotidiano envolvendo o trabalho
havia combinado. Na hora de encaminhar o arquivo, a
remoto também tem prós e contras. O importante é saber
rede sem fio do hotel não estava sendo reconhecida
adaptar o seu estilo de vida a um convívio harmônico
pelo meu computador. Resolvi, então, colocar o arquivo
entre trabalho e vida privada. Conforme as empresas
num pen drive para passar pelo computador do hotel.
evoluem e usam mais tecnologia para executar tarefas,
Também não funcionou. A saga começava.
nós também podemos mudar nossa maneira de agir.
Por sugestão de uma amiga, fomos na noite de
Nunca trabalhei tantas horas quanto ao período que
segunda a um hotel chique que tínhamos certeza que teria
vivi no Japão, mas certamente fui muito mais produtivo
uma boa rede sem fio e de lá enviei o artigo. Parecia estar
quando morei na Alemanha. Produtividade e horas
tudo bem. Segunda de manhã, recebo uma mensagem
de trabalho estão muitas vezes desconexas. Diversas
pelo Blackberry dizendo que o arquivo não tinha chegado
empresas já passaram a impor um dia de trabalho na
e entrei em pânico. O deadline já tinha passado. Voltei
semana a partir de casa e já veem os benefícios na
ao hotel, o que não resolveu. Para piorar, eu tinha que
produção de seus funcionários. E, diante da experiência
devolver um carro na locadora e não podia atrasar.
que relatei neste artigo, posso dizer que a principal lição
Lá fui eu então para a locadora, quando me lembrei que eles tinham um computador. Era super antigo e
que fica é: nunca se esqueça de preparar um plano B caso alguma coisa aconteça de errado.
72 :: Webdesign PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores agências de propaganda e portais do Brasil. Hoje é professor-doutor da ECAUSP e consultor independente, com clientes no Brasil, Estados Unidos e Oriente Médio. Autor do livro ‘Design/Web/Design:2’, posta textos semanais sobre criatividade, design de interfaces e inovação em seu blog, http:// www.luli.com.br. webdesign@luli.com.br
Luli Radfahrer
Criação em três dimensões Este não é um artigo sobre modelagem
nem esteja integrada a um planejamento é
de objetos, esculturas ou ilustrações para
considerada tão descabida e ridícula quanto
videogames. As dimensões a que me refiro
alguém, sem motivo aparente, ficar pelado em
no título não são os velhos e manjados eixos
uma festa. Direta ou indiretamente, a internet,
geométricos. Reconheço que há um enorme
com todos os seus desdobramentos em
talento em se projetar ambientes e personagens
produtos, serviços, acessibilidade e mensuração,
tridimensionais - com ou sem computadores
foi a principal responsável pela extinção do culto
-, mas ele pode ser facilmente incluído no que
à criatividade. Hoje, mesmo quem não entende
conhecemos por design. As três dimensões
nada de técnica, sabe mais ou menos o que
que eu proponho aqui são outras: criatividade,
esperar de uma máquina, e quem tem que se
técnica e planejamento.
virar é o autor do produto ou serviço, não mais
Já houve um tempo (acredite, eu vivi nele) em que a ideia bastava. Quanto mais inesperada
quem o consome. Quem trabalha com design digital sabe
e diferente ela fosse, melhor seria. Quem
muito bem disso: a ideia criativa, que antes era
trabalhava com criação em design, arquitetura,
só composta por texto e imagem, nem sempre
comunicação ou moda era considerado uma
juntos, agora precisa ter um belo apoio técnico.
espécie de artista. E artistas, como doentes
Se não funcionar, ninguém a levará a sério. Vai
psiquiátricos, não podem jamais ser contestados.
ser como aquelas casas, pessoas e pratos de
Aqueles eram tempos muito confortáveis.
comida muito bonitos... E só.
Naquela época, quem sugerisse qualquer
O problema dessas habilidades é que elas
tipo de planejamento ou alguma tecnicalidade
demandam partes completamente diferentes do
a um “criativo” seria, no mínimo, considerado
cérebro, a tal ponto que quem é bom em uma
um chato sem imaginação ou refinamento
delas costuma não ter um desempenho satisfatório
(acho que, em alguns segmentos do mundinho
na outra. Bons produtos são criados em equipes,
da moda e da falida indústria da publicidade,
em que cada parte contribui com o que tem de
isso ainda vale hoje). A ideia era tratada como
melhor. Mas isso ainda não é suficiente.
soberana, grandiosa. Os outros departamentos -
No início da web comercial, lá pela segunda
incluindo o consumidor/usuário - que se virassem
metade da última década do século passado,
para compreendê-la, aceitá-la e admirá-la. Em
criatividade e técnica perceberam que não
propaganda, ela era tão venerada que tinha
podiam mais ficar separadas e, aos poucos e com
até um nome: BIG IDEA. Isso mesmo, assim, em
muita relutância de ambos os lados, começaram
inglês. Tá pensando que é pouca porcaria?
a se aproximar. Foi quando surgiu a figura do
Esse tempo, ainda bem, acabou. Hoje, uma ideia que não funcione perfeitamente
webdesigner, um centauro profissional que não é designer nem técnico e que costuma ser
Luli Radfahrer - webdesign :: 73
“Hoje, uma ideia que não funcione perfeitamente nem esteja integrada a um planejamento é considerada tão descabida e ridícula quanto alguém, sem motivo aparente, ficar pelado em uma festa”
explorado por seu chefe esperto, que o quer ver fazendo
velha mídia: arquitetura de informação, usabilidade,
o trabalho de dois pelo salário de meio.
otimização para mecanismos de busca e mídias sociais,
Criatividade e técnica conviveram sem se misturar
métricas de todo o tipo e em tempo real passaram
por um bom tempo. Feito pessoas que dividem um
rapidamente de novidades para necessidades. O mundo
apartamento para economizar despesas, cada uma
da gambiarra digital começava a desmoronar.
tinha seu canto e podia, lá dentro, fazer o que quisesse
Hoje não é possível se pensar em uma ideia
sem que ninguém reclamasse, contanto que as áreas
efetivamente boa para um produto digital ou interativo
coletivas ficassem suficientemente arrumadas. O
(um não é sinônimo do outro, sempre vale a pena lembrar)
usuário, ao visitar a sala desse apartamento, tinha a
sem se pensar em um bom planejamento. Pelo menos não
impressão que estava tudo OK, mesmo que a base de
fora de uma instalação artística ou escola politécnica.
dados, a programação, as cores e imagens estivessem
Por mais que seja desconfortável para quem o
completamente caóticas. Isso às vezes resultava em uma
produz, esse novo mundo é muito melhor para quem,
ou outra demora ou incompatibilidade, mas tudo era
como todos nós, o consome. A integração das três áreas
novo demais para que alguém reclamasse.
dá mais trabalho, mas deixa a casa limpa, arrumada e
Mas, todos sabemos, o ser humano é um bicho
sem surpresas. Para você que trabalha com criação, fica
mimado e insatisfeito, que tende a se acostumar
uma dica: tente conhecer as outras áreas, principalmente
rapidamente com as coisas que conquista. Na internet
os pontos em que elas afetam seu trabalho. E procure
não poderia ser diferente. Não demorou para que
mostrar aos outros o que você faz e como as decisões
os novos profissionais percebessem que era possível
deles afetam seu trabalho.
integrar um produto ou serviço web a um planejamento maior, que envolvia ambientes nunca sonhados pela
É melhor para todos, principalmente para quem usa o serviço que você faz.
74 :: Webdesign
Luis Rocha é carioca, flamenguista e jornalista. Atualmente, trabalha como diretor de redação da Revista Webdesign. Além de escrever mensalmente todas as reportagens da revista, também procura exercitar sua veia criativa com a produção de poesias e contos no blog Meu Lírico-Eu (http://meuliricoeu.blogspot.com). Contato: lrocha@gmail.com
A vida .com ela é... Ou uma tragédia à la Nelson Rodrigues “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.” (Nelson Rodrigues) Sou Francisco, arquiteto e sociólogo. Filho de José com Maria. Divorciado de Teresa, pai outrora orgulhoso de Iracema. Quarenta e sete anos de vida real. Hoje, completo
conhecer o mundo - do MSN, dos blogs, do Twitter, do Orkut -, sem estar debaixo de minhas asas protetoras. No entanto, essa caminhada virtual implicava na idolatria
treze de experiências virtuais. Até ontem, existiam mil
de figuras midiáticas pra lá de duvidosas, como a tal da Bruna
motivos para celebrar esta data, mas...
Surfistinha, que a deixara com um ar de Capitu, clássica
Apesar de utilizar e usufruir de todos os benefícios das
personagem de um dos clássicos de Machado de Assis,
novas tecnologias de comunicação, de telefones celulares
comumente reconhecida pelos seus “olhos de ressaca, como os
à internet, salve o e-mail, o Skype e o MSN, ainda assim
de uma cigana oblíqua e dissimulada”.
mantive a minha paixão juvenil pela escrita e leitura dos meios impressos e dos grandes clássicos da literatura brasileira.
Nesse ínterim de mudanças em tempo real, Iracema se apaixonou por um sujeito popular e de alcunha Evilásio69,
Para se ter uma ideia desta idolatria, vocês devem ter
mancebo bom de papo eletrônico e que prometera honrá-la
percebido, logo de início, que o nome de minha filha, Iracema,
virtual e presencialmente. Mas, como pressentimento de pai
é uma singela homenagem ao belo romance homônimo de José
“tarda, mas não falha”, uma tragédia era questão de bits e
de Alencar (Não conhece? Uma pena, quem sabe o Wikipedia
bytes para se consumar...
possa iluminar seus pensamentos... Por favor, entenda-me:
Na última semana, alertado por alguns conhecidos
quero ser breve e compartilhar de uma vez por todas esse meu
“pornonautas”, investigadores desse submundo virtual
sofrimento digital!).
masturbatório, descubro - através do senhor de todas as
No exato momento que digito esse desabafo via Google
buscas, Google - que meu pequeno querubim (que, segundo o
Docs, as lágrimas inundam meu teclado cada vez que releio
definitivo e palpável Aurélio, significa “criança muito linda”) foi
uma das passagens do livro, que repousa religiosamente
pervertido... E o pior: tudo registrado via webcam!
ao lado do meu notebook, lembrando a tragédia ocorrida
Agora, Iracema é mais idolatrada do que “Eu sou
com Iracema (e que certamente poucos terão o prazer e a
Stephany (no meu Cross Fox)”, é trending topic semanal dos
paciência de descobrir nos próximos parágrafos):
tuiteiros mundiais, além - é claro - de ser a estrela preferida
“...Além, muito além daquela serra, que ainda azula
e milimetricamente exibida, nos máximos pixels e posições
no horizonte, nasceu Iracema... a virgem dos lábios de mel,
possíveis, pelos sites eróticos que se multiplicam como gripe
que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais
suína pela grande rede.
longos que seu talhe de palmeira... O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas...” Parece que foi ontem que a vi entrando toda de branco
Afinal, onde errei? Minha dedicação para que fosse uma boa moça foi total. Paguei balé. Curso de inglês. Faculdade. Dei-lhe as roupas da moda... Eu até briguei com os meus melhores amigos para não admitir que Brás
na Igreja, durante sua primeira comunhão. Ou ainda, das
Cubas, protagonista de outro clássico de Machado de Assis,
travessuras com suas amigas, brincando inocentemente na
descobrira o sentido da vida.
cama de seu quarto - preparado especialmente para ela, diga-se de passagem! Porém, o tempo (talvez, hoje, a internet seja) é senhor da razão e Iracema cresceu rapidamente. Como sempre, fiz
Porém, depois da perversão digital, virtual e interativa de Iracema, repetirei eternamente - via Twitter - a célebre frase “brás-cubiana”, perfeita para os 140 caracteres permitidos, como se fosse meu mantra da eterna libertação (on-line):
o possível e o impossível para atender a mais um de seus
"Não tive filhos, não transmiti a
desejos: ser a primeira menina do colégio a ter um poderoso
nenhuma criatura o legado
computador portátil. Sabia que chegara a hora de Iracema
da nossa miséria".
Observação: este conto foi o vencedor do III Concurso Literário | Dia do Escritor - Scritta Online (http://migre.me/6Fi2).
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