Memória e Território Negro: o Museu Memorial da Luta Pela Abolição

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02. memória: a luta contra o poder e o esquecimento

Quando se fala em memória, a primeira coisa que vem à cabeça é algo passado em nossas vidas, próximo a capacidade de lembrar acontecimentos pessoais. Mas esse aspecto individual, quando inserido em um recorte social onde pessoas compartilham momentos em comum, transforma a memória individual em memória coletiva. Juntamente com a memorização de alguns acontecimentos, vem o processo de esquecimento de outros, processo este que não é espontâneo, mas sim determinado a partir da escolha de qual narrativa será a dominante, ou seja, qual é considerada relevante ser lembrada ou esquecida, de ser marcada no tempo ou não. (LE GOFF, 1990, p. 423)

Apesar da memória remeter ao passado, é o presente que a constrói para resistir aos esquecimentos do tempo, e o que é escolhido para se memorizar é sempre atado aos desejos políticos que visam a manutenção do poder. Com isso, se tem a história que foi escolhida ser memorizada e amplamente disseminada, e, todas as outras que a rodeiam e são deixadas ao esquecimento. São nessas lacunas que se encontram as memórias dos grupos marginalizados e dominados, tratados como objeto da história e não como agentes ativos na mesma. (SILVA, M. A. M., 2011, p. 16) Em São Paulo, a narrativa que a cidade construiu sobre seu desenvolvimento


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