Escola de design da Lapa TFG 2017
Aluno
Lucas Marinho Orientação
Maria Gabriela C. Celani
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Projeto para uma Escola de Design na Lapa de Baixo- SP Universidade Estadual de Campinas FEC-Faculdade de Engenharia Civil.
Arquitetura e Urbanismo TFG 2017 Arquitetura e Urbanismo Orientação: Maria Gabriela C. Celani Aluno: Lucas Marinho RA:106117
Aos meus pais, meus maiores amigos e incentivadores .
Agradecimentos
A educação em nosso país é um privilégio, e todas as oportunidades de aprendizado e crescimento pessoal devem ser valorizadas ao máximo, assumindo-se as responsabilidades nelas contidas e apostando-se na possibilidade de sermos, talvez, pessoas e cidadãos melhores. O apoio, compreensão, amor e inspiração que recebi de minha família ao longo de minha vida me permitiu abraçar as oportunidades que tive, superar as adversidades da caminhada, e seguir sempre em frente. Este trabalho, portanto, não seria possível sem as tantas mãos que me guiaram e representa, primeiramente, a minha gratidão e o meu respeito ao seu trabalho e dedicação. À minha tia Ivanilde, que infelizmente já nos deixou, agradeço imensamente, ciente do quanto ela se orgulhava de minhas conquistas. Obrigado por dividir comigo o seu interesse pela arquitetura e inspirar-me desde criança o desejo de seguir esta carreira. Agradeço também aos muitos professores envolvidos em minha formação, pela sua generosidade e pelos valiosos ensinamentos divididos dentro e fora da sala de aula. Agradeço principalmente, à Profª Gabriela Celani, que desde os primeiros anos da graduação se fez presente, incentivando-me sempre a buscar o meu melhor, destacando-se como ser humano e como profissional. Sua orientação neste trabalho foi essencial,
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enriquecedora e fez desse ano, geralmente tão temido pelos alunos, muito mais leve e agradável. Finalmente, agradeço aos meus amigos, companheiros de tantas noites em claro (fazendo projeto ou aproveitando as festas universitárias), por se fazerem presentes em todos os momentos aos longos dos últimos 8 anos, oferecendo-me uma “família fora de casa”. Felizmente são muitos os nomes e , dessa forma, me limito a guardá-los no coração e na memória. Muito Obrigado!
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.sumário I.
Introdução
I.I I.II I.III I.IV I.V
II.
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Entre o rio e a ferrovia
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O primeiro surto industrial
16
O plano Prestes Maia
17
O segundo surto industrial
19
O futuro da várzea do Tietê
20
Do local
II.I II.II
Descobrir a Lapa
25
Em riscoO patrimônio industrial
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II.III II.IV II.V II.VI II.VII II.VIII II.IX
A Lapa de Baixo
36
Levantamento fotográfico
38
Mobilidade
43
Topografia
46
Uso do solo
48
Base Produtiva
50
Legislação
54
III.
Do tema
III.I III.II
Design
59
Primeira Revolução Industrial
62
III.III
Segunda Revolução Industrial
62
III.III.I
A Bauhaus
63
III.IV
Terceira Revolução Industrial
65
III.IV.I
A produção file-to-factory
66
III.V III.VI
Quarta Revolução Industrial
69
Cenário Nacional e tendências no ensino de design
70
IV. IV.I IV.II IV.III IV.IV IV.V IV.VI IV.VII
V.
Programa Justificativa
77
A Escola de Design
79
Cursos e vagas oferecidos
81
A Moradia Estudantil
82
Atividades previstas
83
Diagr. de Bolhas- Escola
84
Diagr. de Bolhas- Moradia
85
Projetos referenciais
V.I V.II V.III V.IV
Critérios de escolha
87
Melbourne School of Design
89
MIT Media Lab Complex
92
SL11024 Student Apartment Complex
96
V.V
Bâtiment Home
100
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VI.
Do projeto
VI.I VI.II VI.III VI.IV VI.V VI.VI Vi.VII VI.VIII VI.IX VI.X VI.XI
8
Contextualização
105
Mediação e dinamismo
107
Volumetria
109
Diagr. Definição Volumétrica
109
Espacialização do programa- Térreo
114
Espacialização do programa- Geral
116
Diretrizes ambientais
118
Simulações ambientais
118
Estudos de ventilação
128
Sistema Estrutural
130
Materiais
131
VII. Conclusão
133
VIII. Bibliografia
135
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. apresentação Iniciei o processo de escolha do terreno para o TFG no início de novembro de 2016. Era certo que trabalharia em São Paulo, cidade onde nasci e vivi a maior parte da minha vida, assim como meus pais e avós. Pensar a respeito dessa cidade, de suas possibilidades infinitas e sua constante reinvenção foi desde sempre um ato quase involuntário. Foi difícil, no entanto, eleger um local em específico para o temido e esperado Trabalho Final de Graduação. Foi durante uma carona para São Paulo, quase de férias da Unicamp (e ainda mais próximo do prazo para entrega da proposta preliminar de tema e local), que observei com mais calma a Marginal Tietê. Algumas questões me intrigaram o bastante para uma pesquisa um pouco mais profunda- e valeu o esforço. Nessa área, tão bem dotada de infraestrutura urbana, ainda é enorme a quantidade de lotes desocupados e áreas destinadas a estacionamentos, cercados por galpões e muros intermináveis. Principalmente à sul do Tietê essa era a situação predominante. Não há ali espaço para os pedestres e a produção habitacional é escassa, aguardando a valorização do solo urbano em um processo evidente de especulação imobiliária. Bastou então seguir o curso do rio e selecionar uma dessas áreas, um terreno desafiador mais cheio de potencial, entre o rio
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e a ferrovia. Descobri a Lapa de baixo, mas ainda era preciso conhecê-la de fato, visitá-la e estabelecer algum tipo de vínculo, de compromisso. Cheguei ao lote através das ruas estreitas, repletas de casinhas pequenas de um ou dois pavimentos, a grande maioria herança do furor industrial que ali existira décadas atrás. As quadras extensas e pouco permeáveis davam uma sensação de inutilidade ao próprio caminhar e me faziam querer voltar à estação, escolher um outro lugar para o projeto. Aos poucos, enquanto caminhava e fazia um levantamento fotográfico, fui encontrando indícios de uma vitalidade quase “subterrânea”, que ao contrário do que eu pensava não negava a rua, mas estabelecia uma relação completamente diversa daquela que minha mente de arquiteto ansiava secretamente. O movimento dos caminhões nas ruas, a atividade oculta de centenas de trabalhadores nos grandes galpões que me cercavam e o grande pátio ferroviário que se impunha como barreira física e visual, tudo soava como desafio. Resolvi aceitá-lo, agora consciente de sua grandeza, e assim nasceu a proposta deste TFG.
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I. I.I
introdução entre o rio e a ferrovia
“A análise do processo de transformação das várzeas demonstra a existência de um conjunto de ações consequentes desdobradas na construção da base material necessária ao desenvolvimento industrial. A associação dos recursos hídricos, dos terrenos disponíveis e da implantação das vias de comunicação estruturais da metrópole caracteriza a condição estratégica das várzeas. A atualização dos programas de uso atribuídos às águas, ao patrimônio fabril subutilizado e ao sistema ferroviário são os fatores propulsores das novas mudanças das formas de ocupação do território. Reafirma a condição estruturante das várzeas para a metrópole que se organiza após o ciclo de industrialização de São Paulo. ” (FRANCO, 2005, p.4)
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A “construção” de uma grande cidade não se dá ao acaso, muito pelo contrário: ocorre deliberadamente, tomando forma a partir das políticas públicas que nela registram a sua marca ao longo de sua existência e adquirindo o contorno das questões de diversas naturezas que ali se agitam. Franco (2005, p.10) propõe a leitura da configuração urbana da São Paulo de hoje como o produto de um “conjunto de ações persistentes no propósito de viabilizar as bases materiais necessárias ao desenvolvimento econômico da metrópole”. Nesse sentido, é possível propor uma análise da ocupação de seu território a partir da análise dos ciclos econômicos que nela se desenrolaram, elevando- a ao status de principal centro financeiro e industrial do país. Foi na segunda metade do século XIX, com a superação do modelo de subsistência e a adoção do modelo agroexportador, que houve o aumento da demanda de expansão da infraestrutura de suporte necessária para o transporte, estocagem e exportação da produção agrícola. São Paulo assumiu um papel estratégico nesse momento, tendo os seus vales recortados por ferrovias que ligariam o interior do estado ao Porto de Santos. A cultura cafeeira e o capital por ela gerado transformaram totalmente a cidade. Segundo Rolnik (2014, p.15) - “ Entroncamento ferroviário e sede de uma província em franca expansão econômica no momento de instauração do regime de trabalho assalariado e da República, é aí que a cidade passa por uma grande transformação urbanística, econômica, étnica e política”.
Trem da S.P.R, próximo à Lapa, no início do séxulo XXl. (Coleção João barreto). Fonte: DPH, Lapa- Evolução Histórica, 1988.
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A implantação da São Paulo Railway- SPR- viabilizou este novo modelo e lançou as bases para o florescimento do primeiro ciclo industrial e para o consequente desenvolvimento urbano e econômico da cidade. Segundo Franco (2005, p.11) “ o sistema ferroviário, ao procurar terrenos disponíveis, baratos, planos e contínuos para a sua passagem, elegeu preferencialmente o trajeto em paralelo aos principais rios, inaugurando o irreversível processo de construção das várzeas como espaço habitável. ” Portanto, o desenvolvimento industrial e o investimento em infraestrutura urbana ( transporte, energia elétrica, saneamento básico), foram importantes fatores para a transformação das áreas próximas às ferrovias, favorecendo a criação de novas centralidades na cidade. Os bairros industriais que nela floresceram nesse período, como a Mooca, o Brás e a Lapa (especialmente a Lapa de Baixo), modificaram radicalmente a paisagem e as dinâmicas de seu território. Porém, com a chegada das multinacionais na década de 40 e a posterior consolidação de uma economia voltada para os serviços, muitas empresas acabaram por deixá-los, transferindo a sua produção para cidades próximas e instalando as suas bases administrativas nos novos eixos empresariais. Os investimentos públicos e prirvados acompanharam a tendência de abandono dessas áreas nas décadas seguintes, acelarando o seu processo de obsolescência. Com a expansão do debate sobre a cultura urbana e suas implicações na vida dos habitantes das grandes cidades, fruto das condições políticas e da situação insustentável na qual os cidadãos estão inseridos, projetos para requalificação urbana e dinamização das cidades foram desenvolvidos e apresentados à spciedade ao londo da última década. Este trabalho propõe a criação de uma Escola de Design e moradia estudantil no bairro da Lapa de Baixo, em São Paulo, tomando como ponto de partida o Projeto Arco Tietê, elaborado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo- SMDU/SP, desenvolvido entre 2013 e 2016, durante a gestão do prefeito Fernando Hadad. A arquitetura resultante reúne espaços de ensino voltados à formação tecnológica de nível técnico e superior em Design e espaços de habitação estudantil, respondendo à necessidade de qualificação profissional, aumento de renda e criação de novas moradias na área, que atualmente apresenta uma das menores densidades populacionais do Município.
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I.II O primeiro surto industrial- 1920 O primeiro surto industrial da cidade ocorreu nas primeiras décadas do século XX, impulsionado pelo colapso das linhas de comércio internacional ocorrido na Primeira Guerra Mundial. As indústrias têxteis e alimentícias se destacaram neste período, ocupando as várzeas por onde passavam as ferrovias. Nos bairros da Lapa, Bom Retiro, Brás, Pari, Belém, Mooca e Ipiranga se formaram as primeiras colônias de imigrantes, que já somavam cerca de 150 mil pessoas na virada do século XIX. Com a crescente elitização do centro da cidade a população mais pobre, em sua maioria trabalhadores industriais, se concentrou nas áreas distantes do centro, habitando casas coletivas, pensões, vilas e sobrados de aluguel na proximidade das indústrias. É importante lembrar que as revisões dos códigos de postura e sanitário em 1886 haviam proibido a criação de cortiços na área central da cidade, permitindo a construção de vilas operárias higiênicas fora da aglomeração urbana. Rolnik (2006, p.18) caracteriza estas áreas como dotadas de pouca infraestrutura e formadas por “lotes superocupados horizontalmente”, deficientes de espaços públicos, sobressaindo-se o uso dos corredores, ruas e pátios internos como áreas de lazer. Os serviços públicos de transporte, energia e telefonia eram até então monopolizados pela empresa de capital canadense São Paulo Tramway Light and Power Company, popularmente conhecida como Light. A partir de 1900 a empresa substituiu o sistema de bondes movidos a tração animal pelo sistema de bondes elétricos, expandindo-o rapidamente, impulsionando a expansão da cidade para além do centro. No início do século XX, a Light elabora um grande projeto para as várzeas dos rios Tietê e Pinheiros. O fornecimento de energia elétrica para o setor industrial em expansão passou a ser um ponto estratégico da companhia, alavancando o seu crescimento e fomentando o próprio desenvolvimento da indústria, e justificou a transformação radical do sistema hídrico da bacia, incluindo a reversão do curso do Rio Pinheiros. Segundo Franco (2005, p.12) “seu projeto não se restringiu apenas à construção da infraestrutura, mas abrangeu também a urbanização das áreas drenadas, até então alagáveis e portanto preteridas no processo de ocupação urbana”. A partir desse momento as várzeas assumem um importante papel
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no segmento imobiliário, com protagonismo da Cia. City e da Light na urbanização dessas áreas, e grandes loteamentos destinados às classes mais abastadas surgem próximos ao rio. Bondes no Lapa, 1949.
bairro
da
I.III O Plano Prestes Maia No final da segunda década do século XX, devido aos impactos da Primeira Guerra e ao crescimento acelerado da população, que já somava quase um milhão de habitantes, o quadro na cidade era de “escassez, especulação e inflação” (ROLNIK, 2014, p.27). A não ampliação da oferta de transporte pela Light, mais interessada no momento no oferecimento de energia, gerou cada vez mais tensão nos bairros populares e atraiu o serviço dos primeiros ônibus clandestinos que se tornou um grande competidos para o sistema de bondes existente. O uso do transporte rodoviário, especialmente do ônibus a diesel, foi o grande acelerador do processo de expansão da cidade, ligando a periferia recentemente ocupada às áreas centrais, onde estavam as residências e o lazer da burguesia industrial. A proposta de Prestes Maia em 1924 e iniciada por Pires do Rio permitiria o crescimento da área urbana sem limites preestabelecidos, controlando a ebulição social das zonas densamente ocupadas ao “diluir” a sua população no território. A substituição do transporte sobre trilhos pelo transporte sobre rodas teve início na década de 30, mas o modelo rodoviarista só vem a ser efetivamente implantado quando Prestes Maia
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assume a prefeitura de São Paulo, em 1940. Esse modelo de circulação é o produto da associação entre a construção de avenidas – Nove de Julho, 23 de Maio, Radial Leste – e a canalização dos rios e córregos, permitindo a implantação de avenidas de fundo de vale- Avenida do Estado, Marginas (Tietê e Pinheiros), Aricanduva. Para os trabalhadores a ocupação das periferias significou a possibilidade de fugir do aluguel através da autoconstrução, de acordo com a disponibilidade de renda e tempo da família. Paralelamente, grande parte da população passou a viver em regiões dotadas de pouca infraestrutura, longe do lazer e dos serviços e com baixa densidade muito inferior à encontrada nas áreas industriais e no centro da cidade.
Imagem do Plano de Avenidas Prestes Maia . Fonte: http://www.spbr. arq.br/anhangabau-ocha-e-a-metropole-2/
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I.IV O segundo surto industrial1950 “As rodovias, implantadas a partir da década de 40, deslocaram os eixos de concentração industrial para as áreas adjacentes. Como todas elas, com exceção da Anchieta, convergem e se articulam a partir do sistema de vias rodoviárias expressas conhecidas como Avenidas Marginais, paralelas aos rios Tietê e Pinheiros, manteve-se o valor de locação estratégica das várzeas. Essas avenidas, mais um projeto de grande abrangência para São Paulo, são até hoje um gargalo do escoamento da produção do Estado e passagem obrigatória dos fluxos das cargas e de passageiros da metrópole. ” (FRANCO, 2005, p.12) A consolidação do sistema de mobilidade rodoviarista dos anos 40 alterou muito o padrão de crescimento da cidade, com a pavimentação da via Dutra, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, e a implantação da via Anchieta, ligando São Paulo ao porto de Santos, as áreas de concentração e expansão das indústrias se voltam para a proximidade das rodovias. As principais indústrias que chegaram à cidade nesse período foram a metalúrgica, a metal-mecânica e elétrica, sobretudo no ABC e em Guarulhos (ROLNIK, 2014 p.43). A instalação da cadeia automotiva e das indústrias petroquímicas se intensifica em 1950, e nesse momento São Paulo adquire a importância de principal centro financeiro e industrial do país. O setor de serviços, que já havia ocupado as terras altas do espigão central (FRANCO, 2005, p.12), transfere-se novamente para as terras baixas, beneficiando-se do consolidado sistema de mobilidade baseado nas avenidas de fundo de vale, bem como dos grandes lotes ociosos. Instalam-se ali os serviços avançados, sedes de empresas multinacionais, do setor atacadista e da indústria do entretenimento e lazer, permanecendo muitos deles até hoje.
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I.V O futuro da várzea do Tietê
“Uma cidade que promova a inclusão, modernizando atividades econômicas, dinamizando porções produtivas do seu território e atraindo investimentos relacionados à economia do conhecimento. Uma cidade que reaproxime seus habitantes dos rios urbanos que caracterizaram sua história e desenvolvimento e que conduza a um padrão de mobilidade urbana centrado no transporte coletivo e no estimulo às modalidades de transporte ativo”. (SÃO PAULO, 2016, O Arco do Futuro na cidade de São Paulo, p.9)
Com o intuito de repensar o atual modelo de cidade e a divisão entre conceito e manufatura na indústria nacional, o projeto Arco do Tietê, lançado sob a Gestão do prefeito Fernando Haddad (2013-2016), propõe a dinamização da plataforma produtiva e o reequilíbrio de funções na bacia do Tietê. O projeto apresenta as diretrizes para cada área e os instrumentos aplicáveis para consolidação dessas políticas públicas. Segundo o diagnóstico divulgado em 2016 pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano –SMDU- da cidade de São Paulo, intitulado O Arco e a Cidade, “o fortalecimento dos circuitos produtivos, a inovação e a resiliência econômica da cidade demandam uma estratégia ativa de manutenção dos espaços destinados aos setores produtivos. ” O diagnóstico indica ainda que a dinamização da plataforma produtiva e estímulo aos setores econômicos, bem como a transformação urbanística, proporcionariam a base para a geração de mais e melhores empregos, definindo oportunidades de inclusão produtiva. Alguns dos elementos fundamentais indicados para a inclusão e o desenvolvimento social da área são:
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- Adensamento populacional que promova a diversidade de classes sociais; - Investimento em espaços públicos; - Investimento em mobilidade; - Equipamentos públicos A aplicação das diretrizes e estratégias da Lei 16050, de 31 de julho de 2014 - Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo- é fundamental para a construção deste novo modelo de cidade, incentivando a diversificação das atividades nos edifícios e o uso de fachadas ativas, estimulando a vida nas ruas. Para a região do Arco Tietê são fundamentais ainda a aplicação dos instrumentos do PDE para o controle das inundações comuns na região e a melhoria da mobilidade interna dos bairros, através da criação de novas vias de pedestres e veículos que atravessem os longos quarteirões próximos ao Rio Tietê, remanescentes da primeira industrialização da cidade. É necessário ter em mente as particularidades do Arco e reconhecer a diversidade das características em cada um de seus setores, apontando para usos que estimulem o seu desenvolvimento econômico e social e que respeitem a sua herança histórica. A proposta é clara: pretende apropriar-se da força de trabalho alocada como fator fundamental para a requalificação urbana e econômica do perímetro, através de políticas que promovam a diversidade social. Segundo o documento (O Arco e a Cidade, SMDU, 2006, p. 14) “a escolaridade média dos trabalhadores, somada às faixas etárias mais jovens, guardam imenso potencial de aprofundamento da qualificação profissional, com benefícios inegáveis para o futuro, se conectando com a necessidade de elevar os salários da região”. As tabelas apresentadas a seguir apresentam as diferenças de renda encontradas entre a área do Arco Tietê e média do Município, indicando a necessidade de políticas públicas que estimulem novos investimentos e a qualificação profissional para a população.
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Distribuição dos ocupados segundo escolaridade- 2013 Escolaridade
Arco do Tietê Nabs %
MSP Nabs
%
Analfabeto
639
0,1
6.800
0,2
Fundamental incompleto
48.806
8,6
455.614
10,4
Fundamental completo
57.415
10,2
454.039
10,4
Médio incompleto
45.005
8,0
322.650
7,4
Médio completo
290.775
51,5
1.986.729
45,4
Superior incompleto
28.835
5,1
227.269
5,2
Superior completo
93.197
16,5
925.301
21,1
Total
564.672
100,0
4.378.402
100,0
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais- RAIS. Elaboração SMDU/ DEINFO
Distribuição dos ocupados por faixa de rendimento em salários mínimos- 2013 Renda
Arco do Tietê Nabs %
MSP Nabs
%
Até 1,0 SM
22.659
4,0
165.069
3,8
De 1,01 a 3,0 SM
377.135
66,8
2.781.609
63,5
De 3,01 a 5,0 SM
83.197
14,7
653.033
14,9
De 5,01 a 10,0 SM
52.935
9,4
464.013
10,6
Acima de 10,01 SM
28.778
5,1
314.678
7,2
Total
564.704
100,0
4.378.402
100,0
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais- RAIS. Elaboração SMDU/ DEINFO
Dada a necessidade de melhoria na formação profissional e a função estratégica deste território para o desenvolvimento do município, o projeto defende a manutenção da oferta de ensino tecnológico na região. Através da criação de novas escolas , tanto em nível médio como superior, e investimento naquelas já existentes, pretende-se estimular a qualificação profissional e aproximar o estudo e o trabalho às moradias. Essa premissa parte de dois fatores: - Qualificação das gerações vindouras, visto que a análise das faixas etárias da população residente indica a possibilidade de incremento na quantidade de crianças e jovens como futuros moradores; - Possibilidade dos trabalhadores se requalificarem em locais próximos, numa possível sinergia entre os espaços produtivos e os espaços de geração de conhecimento e qualificação.
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A possível requalificação dos segmentos econômicos tradicionais, relacionados ao abastecimento da metrópole, e sua articulação com aqueles direcionados aos novos requisitos da economia, baseada em conhecimento e tecnologia, proporcionariam as condições necessárias para a aproximação entre emprego e moradia. Segundo a SMDU isso seria possível pois criaria condições para o estimulo da atração de população e empreendimentos de diversos segmentos sociais. Dessa forma seria possível dar continuidade ao aumento das taxas de crescimento demográfico apresentadas em bairros como Santa Cecília, Casa Verde e Vila Guilherme, sem a eliminação dos espaços produtivos, como tem ocorrido extensamente na Lapa, próximo ao pátio da CPTM. Um dos projetos de dinamização econômica das áreas de várzea é a possível transformação da atual Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) numa cidade tecnológica, apresentada por José Goldemberg e Carlos Américo Pacheco na Folha de São Paulo em abril de 2017. Embora permaneça no campo especulativo, a proposta ilustra a visão que a atual gestão da cidade possui para a região. As declarações do atual prefeito João Dória indicam o potencial que área possui para a implantação de um uso misto e diverso, que compreenderia atividades culturais, gastronômicas e relacionadas ao design, à moda e à mídia, centradas na inovação, na tecnologia e no empreendedorismo.
DaDos
No documento divulgado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado São Paulo -FAPESP- (FAPESP, 2017), é Número dedepesquisadores possível observarmos a relação direta entre o PIB e o número de pesquisadores de diversos países, o que indica a importância do investimento em pesquisa para o desenvolvimento econômico e Comparação entre o número de pesquisadores do estado de São Paulo, Brasil e países da OCDE (Organização para a Cooperação e social de uma nação. A fundação tem apoiado diversos projetos Desenvolvimento Econômico) e seus respectivos PIBs (Produto Interno Bruto), medidos pela PPP (Paridade de Poder de Compra). Estados Unidos e eventos focados em inovação, financiando 60 companhias e China não aparecem nos gráficos porque os valores de PIB e de número de pesquisadores são bem mais altos que nos demais países com dados área mas na seus cidade de utilizados São Paulo em 2016. disponíveis (40), colocando-os fora das desta escalas utilizadas, dados foram para o cálculo das retas dos valores esperados.
Totak de pesquisadores e PIBda OCDE, Total dePaíses pesquisadores Brasil e São Paulo. e PIB, países da Dados: oCDE, Fonte: FAPESP. Pesquisadores. Revista Brasil e são Paulo Pesquisa, ano 18, n.253, p.11, mar.2017.
700.000
Japão
Pesquisadores
600.000
400.000
São Paulo 58.609
300.000
Fed. Russa Coreia do Sul França
Austrália Canadá
200.000 100.000
0
1.000
2.000
Alemanha
Reino Unido Brasil esperado 259.821
Itália Espanha Polônia México África do Sul
Argentina 0
São Paulo esperado 85.743
O valor é 68% do esperado, considerando-se o PIB do estado
500.000
3.000
Brasil 134.934 4.000
A quantidade é 52% do esperado para o seu PIB
5.000
6.000
PIB (bilhões $PPP)
23 500.000 450.000 400.000
O valor é 46% do esperado, considerando-se o PIB do estado
Japão
Pesquisadores em empresas e PIB, países da oCDE, Brasil e são Paulo
II. do local II.I descobrir a Lapa A ocupação do território onde hoje se encontra a Lapa teve início no final do século XVI, como uma povoação dispersa localizada próxima a fortaleza que defendia a cidade, no cruzamento dos rios Tietê e Pinheiros. Erguida por volta de 1590 com recursos da própria Câmara Municipal, a fortaleza tinha como objetivo a segurança dos paulistanos diante das ameaças do gentio e logo se tornou um dos principais pontos da até então “Vila de São Paulo”. “Emboaçava (lugar por onde se passa), Embyaçaba, Umbiaçada. Ambuasava, Ambuassaba, Mbuaçaba, Buaçaba e Boaçava” (SANTOS, 1980 p.17)- muitos foram os nomes do território ocupado atualmente pelo bairro. Apenas no século XVIII, a partir da doação de uma fazenda para a Companhia de Jesus, como legado pio à Nossa Senhora da Lapa, passou a ter a sua denominação atual, ainda que apenas por designação fundiária. Em 1621 já era notável o aumento populacional iniciado no século XVII, passando a denominar-se de fato uma povoação. Segundo Santos (1980, p.25) ” o primeiro censo populacional pessoas livres em São Paulo, realizado em 1765, caracterizou Emboaçava como bairro ainda que seus limites não estivessem muito bem definidos, sendo formado somente por cinco casas, onde viviam trinta e um habitantes. ”
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Mapa com a demarcação da área do Emboaçava no Século 17. (Arquivo Municipal W. Luis). Fonte: DPH, Lapa- Evolução Histórica, 1988.
A partir de 1805 as más condições da ponte do rio Pinheiros levaram as tropas para a região, utilizando a ponte do sítio do Coronel Anastácio de Freitas Trancoso- “o Anastácio”-, que até então era de uso particular. A ponte permitiu a passagem das tropas e o estabelecimento de uma via de tropeiros ligando a Vila de Itu ao litoral, essencial para o incremento da lavoura e o escoamento da produção voltada à exportação. Como descrito anteriormente, o sucesso da economia cafeeira sob o modelo agroexportador atraiu investimentos para a cidade, sobretudo no que se refere ao transporte da mercadoria, e viabilizou a construção de ferrovias em seus vales. A São Paulo Railway- SPR- fazia então a ligação entre o interior do Estado e o porto de Santos, permitindo o escoamento do café para o mercado externo. Em 1867, com a inauguração da ferrovia ligando São Paulo a Jundiaí, o trem passou a fazer uma parada próximo à ponte que ligava a região ao Anastácio, atendendo a escassa população do bairro da Lapa, através da chamada “Parada do Anastácio”. A instalação da ferrovia foi decisiva para o progresso do local, levando ao surgimento dos primeiros elementos que definiram a Lapa como bairro urbano da cidade de São Paulo. Em função da facilidade de transporte, bem como da boa qualidade do barro, surgiram em meados do século XIX as primeiras olarias na área da Lapa. Segundo a SMDU (1988, p.11) uma das primeiras olarias estava situada na rua William Speers, transformando-se posteriormente em indústria cerâmica, com produção de tijolos, telhas e manilhas. O crescimento populacional e a oferta de mão-de-obra intensificaram a urbanização do bairro, que começava a tornar-se industrial.
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Com a imigração em seu apogeu, abastecendo o estado de mão-de-obra estrangeira, fez-se necessário facilitar a aquisição de lote aos trabalhadores (em sua maioria italianos até esse momento). Visando atrair a crescente massa de imigrantes, as pequenas propriedades rurais da região, sítios e fazendas, começam a ser transformados em grandes loteamentos por seus proprietários. Na Lapa instalaram-se principalmente os imigrantes italianos, mas somavam-se a estes os espanhóis, portugueses, franceses e sírio-libaneses, dedicando-se ao comércio, profissões liberais, artesanato (sapateiros e alfaiates) e nas fábricas. Na década de 20 chegam os húngaros, poloneses, russos e lituanos que se concentraram na Vila Anastácio e na Vila Ipojuca, trabalhando em grande parte para o Frigorífico Armour. Famílias Menoncello, Vivaldi, Barreto, Cerri e outras, num piquenique, em 1924. (Coleção Miguel Dell’Erba/Acervo Museu da Lapa). Fonte: DPH, Lapa- Evolução Histórica, 1988.
Família Scalco em 1910. Foto de John Hough. (Coleção Dândalo Scalco). Fonte: DPH, LapaEvolução Histórica, 1988.
27
Data de 1887 a compra a das terras destinadas ao loteamento da Vila Romana, constituída principalmente de lotes agrícolas, e de 1891 o lançamento do loteamento Grão Burgo da Lapa, compreendendo o já existente núcleo da Lapa de Baixo e toda a atual região central do Bairro. As ruas, assim como a própria vila, receberam nomes que homenageavam Roma, como- Rua Augusta (atual Cerro Corá), Caio Gracco, entre outras. Planta do Gram-Burgo da Lapa, loteado em 1891. (Arquivo Municipal W. Luis). Fonte: DPH, LapaEvolução Histórica, 1988.
As principais indústrias que ocuparam o Bairro vieram pouco depois dos primeiros grandes loteamentos. A Cia. Vidraria Santa Marina foi fundada em 1896, depois implantaram-se a Cia. Mecânica Importadora (fabricante de tubos e outros produtos de cerâmica), o curtume, a Martins Ferreira (fabricante de produtos de metalurgia), a Fábrica de Tecidos e Bordados Lapa (1913), a fábrica de louças Santa Catarina, a Cia. Melhoramentos, entre outras. Os trabalhadores destas indústrias, submetidos às duras condições de vida e trabalho, se organizam fundam nas décadas seguintes diversas associações na região, visando a assistência e a ajuda mútua (SMDU, 1988, p.38). Algumas delas evoluíram e tornaram-se Uniões e Ligas Operárias que mais tarde deram origem aos sindicatos.
28
Vista da Vidraria Santa Marina na década de 30. (Coleção Flávio Barcellos). Fonte: DPH, Lapa- Evolução Histórica, 1988.
(Acima) Vista da Cia. Mecânica Importadora em 1918. Seção de Documentação Histórica do Museu Paulista. Fonte: DPH, LapaEvolução Histórica, 1988. (Dir) Trabalhadores no interior da Fábrica de Tecidos e Bordados Lapa nos anos 10. Foto de Miguel D’Angelo. ( Coleção Miguel DellÉrba/ Acervo Museu da Lapa). Fonte: DPH, LapaEvolução Histórica, 1988.
29
Foi a partir da instalação das oficinas e da estação S.P.R, respectivamente em 1898 e 1899, que a Lapa se configurou como verdadeiro bairro urbano de São Paulo. Nesse momento ocorre a modificação drástica de sua paisagem e da vida de seus habitantes, principalmente na Lapa de Baixo, local onde os operários fixam residência. Poucos anos depois surgem na Lapa de Cima as primeiras casas de característica mais imponente, pertencentes aos mestres das oficinas, maquinistas e outros funcionários com cargos mais altos. Estação Ferroviária da Lapa em 1903. Foto de John Hough. (Coleção Harry Hough). Fonte: DPH, Lapa- Evolução Histórica, 1988.
Oficinas da S.P.R. em 1929. Foto de Tucci. (Coleção Airton Santiago). Fonte: DPH, LapaEvolução Histórica, 1988.
30
No início do século XX surgem as escolas, o comércio, o bonde, a nova matriz e o saneamento básico, dando suporte ao seu processo de loteamento e expansão. Já é flagrante nesse momento a diferença entre a ocupação das áreas próximas à ferrovia, onde predominava o uso industrial e as habitações do proletariado, e as áreas mais altas, predominantemente residenciais.
Situação do bairro da Lapa em 1924. Planta da cidade de São Paulo. Arquivo D.I.M. Fonte: DPH, Lapa- Evolução Histórica, 1988.
31
A partir da década de 30, em função de sua consolidação como bairro industrial e da crescente demanda de mão-deobra, o adensamento do seu núcleo principal e sua expansão tornam-se mais acelerados. A sua população, que em 1920 somava cerca de 22.000 habitantes, atinge a marca de 90.000 em 1950, demonstrando a sua importância como polo atrativo de todo extremo oeste e noroeste da cidade. O desenvolvimento de novas “centralidades” na zona Oeste de São Paulo nas décadas seguintes, decorrente da implantação da rede metroviária e criação de novos terminais, como o da Barra Funda, diminuiu a sua importância como polo de atração regional. Na área central do bairro devido à crescente verticalização, à valorização dos imóveis e à expansão da área comercial, ocorreu então uma diminuição drástica das áreas residenciais, persistente até a atualidade. O desenvolvimento habitacional na área passou então a ser voltado para a área do Alto da Lapa, mais próxima ao centro expandido da cidade e à marginal do Rio Pinheiros. As áreas mais baixas, próximas ao Tietê, permaneceram “protegidas” por mais tempo do processo de especulação imobiliária, devido às barreiras físicas (ferrovia e pátio da CPTM) e ao próprio zoneamento da cidade. Na última década, no entanto, o início da construção da linha laranja do Metrô e a implantação de novos centros empresariais na Marginal Tietê atraíram o capital imobiliário para as áreas próximas à ferrovia. O Plano Diretor Estratégico e a nova Lei de Zoneamento aprovados em 2014 reconhecem a importância destas áreas para a cidade e propõem o reequilíbrio de funções e adensamento populacional como instrumentos de dinamização e desenvolvimento social e econômico. Vista aérea do Alto da Lapa e entorno, década de 30. Foto da Empresa Nacional de Fotografia Aérea. (Arquivo Cia. City de Desenvolvimento). Fonte: DPH, LapaEvolução Histórica, 1988.
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Vista aérea da Lapa de Baixo, 1974. (Arquivo R.F.F.S.A.). Fonte: DPH, Lapa- Evolução Histórica, 1988.
Vista aérea do bairro da Lapa, 1973. Foto de Edison Pacheco. (Arquivo D.I.M.). Fonte: DPH, Lapa- Evolução Histórica, 1988.
Vista aérea do bairro da Lapa, 1973. Foto de Edison Pacheco. (Arquivo D.I.M.). Fonte: DPH, Lapa- Evolução Histórica, 1988.
33
II.II Em risco O patrimônio industrial “A cada época seu patrimônio, a cada tempo a sua arte. A Lapa histórica possui importância arquitetônica, urbanística e registra uma memória do trabalho que, uma vez apagada, não poderá ser recriada”. (Meneguello, 2009)
A consolidação de novos eixos econômicos na cidade nas últimas décadas e o fortalecimento dos setores de serviços aceleraram o processo de decadência da estrutura implantada no bairro durante o primeiro surto industrial da cidade, ocorrido na década de 1920. Muitos desses conjuntos se tornaram obsoletos mediante a nova cadeia produtiva e a nova estrutura da cidade sendo completamente abandonados ou transformados em estacionamentos. Em 2004, durante a elaboração dos Planos Regionais Estratégicos, colocou-se em pauta o tombamento de 23 imóveis da região, em sua maioria localizados na Lapa de Baixo. “Tratavam-se de oito conjuntos de casas e sete conjuntos de galpões industriais” (Meneguello, 2009) nos arredores da linha férrea usada pela empresa de cargas MRS e pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Mesmo a pressão dos moradores não foi capaz de garantir a sua proteção, no entanto. O Conpresp excluiu vários imóveis do processo de tombamento, facilitando o processo de deterioração “planejada” e futura demolição dos mesmos, atendendo aos desejos da especulação imobiliária. São exemplos desse processo a demolição da antiga fábrica da Sadia e da Fábrica de bordados e Tecidos da Lapa. Cristina Meneguello (2009), salientou a importância da preservação do patrimônio industrial do bairro, não apenas como registro dos processos produtivos e dos valores estéticos da produção industrial, mas também como marcos de referência afetiva das comunidades locais.
34
250m 500m
1000m
Mapa 01- Bens Tombados e em estudo de tombamento Legenda Bens Tombados- Conpresp Em estudo de tombamento- CONDEPHAAT
35
II.III a Lapa de Baixo
Ro d. do sB d an eir s
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Rod. Anhangu
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Mapa 03- Transporte de Alta e Média Capacidade Legenda: Área de intervenção do projeto
36
Perímetro da lapa de Baixo
r Av. Inaja a de Souz
ar Av. Gen. Edg Facó
Margina
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Marginal Tiet
rio tietê
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Av. Erm a
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250m 500m
1000m
Norte
37
II.IV levantamento fotogrรกfico
Foto B
Foto A
E
C D B
A
Trecho 1
Foto C
Foto D
Foto E
38
Foto G
Foto F
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I G
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Trecho 2
Foto H
Foto I
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Trecho 3
Foto M
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40
Foto Q
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Trecho 4
Foto R
Foto S
Foto T 41
Rua Félix Guilhem Rua Eng. Fox
Rua Antonio Fidélis
Rua Eng. Albertin
Rua Werner von Siemens
Rua Marina Ciufuli Zanfelice
Av. Ermano Marchetti
Viaduto Comendador
Marginal Tietê
Elías Nagibe Breim
Av. Ermano Marchetti Área de intervenção
Ponte Piqueri
do projeto
Perspectiva da área Principais vias de acesso- veículos 42
II.V mobilidade A região da Lapa apresenta um imenso potencial no que se refere à mobilidade urbana. A proximidade em relação às rodovias que ligam a cidade ao interior do estado e às marginais permite o fácil acesso através de veículos, e a expansão do sistema do Metrô com a construção da linha laranja, prevista para 2021, deve contribuir para o desenvolvimento da área. Apesar de sua função como articulação viária e da existência de diferentes modais de transporte ligando o bairro ao restante da cidade, como as linhas diamante e rubi da CPTM e o Terminal de ônibus Lapa, a sua configuração urbana não permite uma fácil circulação dentro do seu território. Os modos ativos de transporte, como o ciclismo e pedestrianismo, são dificultados pelas diversas barreiras físicas e pela insegurança em alguns períodos do dia. Dessa forma, as principais propostas de mobilidade sugeridas pelo Arco Tietê se concentram na melhoria da acessibilidade, prevendo vias e passagens que conectem o sistema de transporte aos usos existentes. Outro ponto importante levantado pelo projeto Arco Tietê é a necessidade de parcelar o solo da região, uma vez que a grande incidência de lotes e glebas de grandes dimensões não permite a fruição pública.
43
d
A
C
e
b f
Norte 250m 500m
1000m
Mapa 03- Transporte de Alta e Média Capacidade Legenda: Terminal de ônibus Lapa
A
Futura estação do Metrô Santa Marina
B
Estação Lapa da CPTM (Linha 8 -Diamante)
Linhas CPTM
C
Estação Lapa da CPTM (Linha 7- Rubi)
Linha 6 do metrô (laranja) - em obra
D
Estação Piqueri da CPTM (Linha 7- Rubi)
Corredores de ônibus
E
Estação Domingos de Moraes da CPTM (Linha
Área de intervenção do projeto
Diamante)
44
F
Norte 250m 500m
1000m
Mapa 04- Ciclovias e rotas de ciclistas Legenda: Ciclovia propostas (Subprefeitura) Rota de bicicleta existente Área de intervenção do projeto
45
B
A
100.80 102.00
100.00
A
102.10
B
Norte 125m 250m
Mapa 05- Topografia
Corte AA- Escala vertical = 3x escala horizontal
Corte BB- Escala vertical = 3x escala horizontal 46
500m
II.VI topografia
Det .1
Corte AA- Topografia e entorno Escala horizontal = Escala vertical
Det. 2
Corte AA- Topografia e entorno Escala horizontal = Escala vertical
101.90
101.20
Detalhe 1- NĂveis Terreno
100.80
101.90
101.34
100.00
Detalhe 2- NĂveis Terreno 47
II.VII Uso do solo A ocupação predominantemente industrial da Lapa de Baixo é herança do primeiro surto industrial da cidade, iniciado nas primeiras décadas do século XX. Apesar da demolição de boa parte da estrutura fabril dessa fase e da conversão de alguns exemplares em estacionamentos e oficinas, o usos industrial e de prestação de serviços permanecem dominantes na região. Também merecem destaque os terrenos de propriedade do Município, formados em sua maioria por áreas residuais da retificação do rio Tietê. Somando-se essas áreas ao pátio da CPTM e aos lotes desocupados de propriedade particular temos uma grande quantidade de solo disponível. Esses vazios estão se tornando cada vez mais escassos com a construção de grandes condomínios empresariais e residênciais, principalmente bo perímetro dos terrenos da CPTM. Esses terrenos, durante muito tempo preteridos pelo capital imobiliário, tornaram-se mais interessantes á medida que se esgotaram os lotes nas áreas mais “nobres” , como o Centro e o Alto da Lapa.
Uso Residencial Raio 2000m
48
Uso Comercial e de Serviços Raio 2000m
Uso Industrial e Armazéns Raio 2000m
Uso Misto- Serviços, comércio e indústria Raio 2000m
Uso Misto- residencial, industrial e armazéns Raio 2000m
Uso Misto- Residencial, comercial e de Serviços Raio 2000m
49
Alstom Brasil
Fermaq
Energia e
máquinas
GE Energias
transporte
Operatrizes
Renováveis
Fresadora
Indústria de Malhas
DTC Trading
Maurício de Sousa
Sant’ Ana
finas Highstil
Company-
Produções
Brinquedos
Andriello S.A
DRASTOSA S.A
PAT Pauliceia
Indústria Têxtil
Indústria Têxtil
Transmissões
Editora Abril
Cosentino Revestimento
Athenas Cintos
Refal Indústria
para móveis
Eqpts. Proteção
de rebites
Perspectiva da área Indústria no entorno próximo 50
Centauro
II.VIII base produtiva A combinação entre a localização estratégica do Arco Tietê e a sua heterogeneidade territorial e social constitui uma base produtiva “ ao mesmo tempo diversificada e especializada” (O Arco e a Cidade, SMDU, 2006, p. 15). Diversificada porque abrange diferentes tipos de indústria e ramos variados dos serviços e do comércio, e especializada devido às suas aglomerações específicas, como no caso da indústria da confecção que representa cerca de 44,6% do total dos empregos do setor no município. O diagnóstico do Arco Tietê divulgado em 2016 sinaliza a concentração de importantes empresas de tecnologia da informação na Lapa, Santana e Barra Funda, especialmente nas áreas de consultoria e softwares. O setor apresentou um importante crescimento nos últimos anos, demonstrando seu potencial como ferramenta de desenvolvimento econômico a figurar nas futuras políticas públicas. A base produtiva da Lapa de Baixo, em específico, é praticamente restrita à serviços de transporte, logística e estocagem, mas é altamente complementada pela variedade de indústrias localizadas no seu entorno próximo, destacandose as indústrias de tecnologia (como a Siemens, por exemplo), gráficas e pelos serviços de logística. A indústria mecânica ainda existe no entorno próximo, embora em menor quantidade, destacando-se a produção de peças e maquinas industriais.
51
Legenda Empregos
Legenda Empregos 52
6.682 4.565 1.788 631
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais/RAIS
2.412 954 518 240
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais/RAIS
Atividades de teleatendimento ESC 1:50000
Transporte rodoviário de carga ESC 1:50000
Legenda Empregos
Legenda Empregos
6.202 2.963 853 213
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais/RAIS
2.531 940 453 146
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais/RAIS
Confecção de artigos de vestuário e acesórios ESC 1:50000
Tecnolocgia da Informação ESC 1:50000 53
II.IX Legislação Segundo o inciso VIII do §1º do art. 76 da Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014- PDE, as Zonas Eixo de Transformação Metropolitana- ZEM – são destinadas a promover usos residenciais e não residenciais com densidades demográficas e construtivas altas, assim como a qualificação paisagística e dos espaços públicos, de modo articulado ao sistema de transporte coletivo e com a infraestrutura urbana de caráter metropolitano. Coeficiente de Aproveitamento (CA) Máximo: 4 (No caso de operações urbanas) - 2 (Demais casos) Gabarito Máximo: dispensa de atendimento
Quadro 1- Parâmetros de parcelamento do solo Dimensões mínimas de lote
Transformação
Tipo de zona
ZEU ZEM
zona
Dimensões máximas de lote
Frente mínima (m)
Área mínima (m²)
Frente máxima (m²)
Área máxima (m²)
20
1000
150
20.000
20
1000
150
20.000
20
1000
150
20.000
ZEU ZEUa ZEUP ZEUPa ZEM ZEMP
Fonte: Parcelamento, uso e ocupação do solo do município de São paulo: lei municipal nº 16.402, de 22 de março de 2016; zoneamento ilustrado.
Transformação
Transformação
Quadro 2- Parâmetros de ocupação Tipo de zona
zona
C.A. mínimo
C.A. básico
C.A. máximo
ZEM
ZEM ZEMP
0,5 0,5
1 1
2 (d) 2 (e)
Tipo de zona
zona
Gabarito de altura máxima (metros)
Frente (i)
ZEM
ZEM ZEMP
28 28
NA NA
TO. para lotes TO. para lotes igual ou superior até 500 metros² a 500 metros² 0,85 0,85
0,7 0,7
Fundos e Laterais Cota parte Altura da Altura da máxima de edificação edificação terreno por menor ou igual a superior a 10 unidade (metros) 10 metros metros NA 3 (j) 20 NA 3 (j) 40
Fonte: Parcelamento, uso e ocupação do solo do município de São paulo: lei municipal nº 16.402, de 22 de março de 2016; zoneamento ilustrado.
54
Norte 250m 500m
1000m
Mapa 06- Zoneamento Legenda: ZEM - Zona Eixo de Estruturação da
ZEU- Zona Eixo de Estruturação da
Transformação Metropolitana
Transformação urbana
ZM-Zona Mista
ZDE-2- Zona de Desenvolvimento Econômico
ZOE- Zona de Ocupação Especial
ZCOR-2- Zona Corredor
ZC- Zona de Centralidade
ZCOR-1- Zona Corredor
55
Norte 250m 500m
Mapa 07- Estratégias do Arco Tietê na área Legenda: Habitação de Interesse Social Corredor Verde Transposição Planejada Núcleo de Ciências da vida Base Tecnológica e de Informação
56
1000m
2.727 m² 11.933 m²
6.486 m²
Norte
Mapa 08-Abertura de vias previstas no Arco Tietê Legenda: Traçado das novas vias Perímetro atual da Área de Intervenção Área total pré-desmembramento: 25.893m² Área total pós-desmembramento: 21.147m²
57
III. do tema III.I design “Com a economia de livre mercado, também o design tornou-se um fenômeno verdadeiramente global. Por todo o mundo industrializado, fabricantes de todos os tipos reconhecem e implementam cada vez mais o design como um meio essencial para chegar a um novo público internacional e para adquirir vantagem competitiva. Mais do que nunca, os produtos do design dão forma a uma cultura material mundial e influenciam a qualidade do nosso ambiente e o nosso cotidiano.” Landim (2010, p.12) Este capítulo não se propõe a reescrever a história do design industrial, mas sim a apresentar rapidamente as evoluções tecnológicas ocorridas desde o século XIX e o seu impacto na indústria. O design é aqui apresentado sob a perspectiva do seu Zeitgeist- espírito de seu tempo-, como algo presente tanto nos “produtos” do nosso cotidiano, como as roupas que vestimos, quanto em objetos distantes da realidade da maioria dos indivíduos, como componentes espaciais.
59
III.II Primeira Revolução Industrial A primeira Revolução Industrial, ocorrida na metade do século XIX, caracterizou-se pelo uso mais eficiente da energia da água e pelo crescente uso da energia do vapor, levando ao desenvolvimento e uso das máquinas-ferramentas. Somente a partir desse momento podemos falar do design industrial em seu sentido atual, que compreende a diferenciação entre aquele que executa o projeto e aquele que executa a manufatura do produto. A construção do Palácio de Cristal, pavilhão da Feira Mundial de 1851 em Londres, ilustra uma das primeiras aplicações do Design Industrial na arquitetura. Muitas partes do edifício foram produzidas de forma descentralizada e montadas apenas no local. O pavilhão foi desmontado alguns anos depois e reconstruído em outro local, graças à racionalidade construtiva do projeto. Palácio de Cristal, em Londres. 1851. Fonte: http://www. thelatestnews.com/willthe-crystal-palace-berebuilt/
Durante a Revolução Industrial os estabelecimentos dotados de máquinas mudaram as condições de vida e trabalho, e abriram novos horizontes para a produção em larga escala de produtos e componentes empregados nas mais variadas disciplinas, apresentando um grande apelo funcional. Segundo Wend Fischer (Bürdek, 2006 p.24) “ Na observação
60
do século XIX pudemos aprender algo sobre o nosso século. Nós nos reconhecemos nos esforços da razão, ao opor a arbitrariedade do formalismo histórico a implementação da ideia da configuração funcional, de forma que o mundo das pessoas, suas cidades, casas, ambientes, objetos tenham uma configuração característica, na qual se permita reconhecer a vida em sua plenitude”. John Ruskin questionou os avanços gigantescos da revolução industrial na Inglaterra, adotando como referência os processos de produção artesanais da Idade Média. Esses métodos deveriam proporcionar melhores condições de vida aos trabalhadores, opondo-se à degeneração estética promovida pelo mundo das máquinas. Em resposta a esses questionamentos surge o movimento Arts and Crafts, propondo a junção do projeto e produção e uma renovação das artes e ofícios. Ruskin fazia grande oposição à estética das máquinas e foi apoiado pela produção de empresas como a Singer, que em 1879 produziu 400.000 exemplares de sua máquina de costura. Máquina de costura da Singer, modelo 66 Treadle. Fonte: http:// ismacs.net/singer_ sewing_machine_ company/singer-class66-sewing-machine. html
Ao mesmo tempo havia na Alemanha uma extensa produção de objetos em grande escala, com base nos principios funcionais e no conhecimento das propriedades dos materiais, que logo chegou até a Austria. Bürdek (2006, p.26) cita como exemplo a produção em massa das cadeiras Thonet, onde se manifestavam os pensamentos básicos do design- grande produção com estética reduzida- princípio dominante até 1870. Já no final do século 19 uma série de estilos despontam na Europa, retomando a valorização do trabalho artístico manual. Surge na França o movimento “Art Nouveau”, o “Jugendstil” na Alemanha, o “Modern Style” na Inglaterra e o “Sezessionstil” na Áustria, buscando aplicar os seus conceitos nos produtos do cotidiano.
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III.III Segunda Revolução Industrial O uso da energia elétrica e o conceito de divisão do trabalho levaram à grandes modificações na indústria na virada do século 19 e primeiras décadas do século 20 (CELANI & FRAJNDLICH, 2017, p.162). A possibilidade de produção em massa e a vida na metrópole impactaram o trabalho dos artistas, arquitetos e designers da época, levando-os à busca de uma estética industrial. Em 1907 é fundada a Deutsche Werkbund (Liga de Ofícios Alemã), uma associação formada por artistas, artesãos, industriais e publicitários, que acreditavam que através da formação e do ensino seria possível integrar o trabalho da arte, da indústria e do artesanato. As ideias principais do Werkbund (Bürdek, 2006, p.28) eram a estandardização industrial e tipificação dos produtos e o desenvolvimento da individualidade artística. As ideias defendidas pelo Deutsche Werkbund foram fundamentais para a produção do design industrial do século 20 e levaram ao surgimento de movimentos similares em outros países, atuando tanto na educação do produtor –designer e industrial- quanto dos usuários, através da difusão de uma nova cultura de consumo. Sob a direção do arquiteto Mis van der Rohe foi realizada uma exposição de arquitetura em 1927, na cidade de Stuttgart no Weissenhofsiedlung (Bairro de Weissenhof, conjunto arquitetônico existente até hoje como museu de arquitetura). Entre os 12 arquitetos convidados para realização dos projetos estavam Le Corbusier, Walter Gropius, Max Taut, Jacobus Johannes Pieter Oud, Hans Poelzig, Hans Scharoun, Peter Behrens e Mart Stam. Nessa exposição a casa foi apresentada como uma obra de arte total, e o projeto envolveu desde o edifício em si até as peças decorativas apresentadas em seus ambientes, apresentando um novo conceito do “habitar”. Pela primeira vez se pensou na habitação do trabalhador de forma artística, com uma unidade entre as condições sociais, novos materiais e formas, criandose a base dos princípios que nortearam a criação da Bauhaus. As utopias urbanas das primeiras décadas do século 20 também responderam ao contexto da produção em massa, centrando-se na indústria automotiva. Tanto a Ville Radieuse, projetada por Le Corbusier em 1924, quanto a Broadacre City,
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projetada por Frank Lloyd Wright em 1932, foram concebidas sob essa nova perspectiva Em oposição, movimentos como o “De Stijl”, na Holanda, e aquele formado em torno do arquiteto Charles Rennie Mackintosch, na Escócia, buscavam outras possibilidades formais para a produção. Destaca-se a atuação de Peter Behrens, arquiteto alemão que projetava produtos de massa para o consumo geral, considerado o primeiro designer industrial.
III.III.I A Bauhaus Em 1902, Henry van de Velde fundou em Weimar um seminário de artes aplicadas que, sob sua orientação, transformou-se em uma escola de artes aplicadas. A partir da sua fusão com a escola de artes aplicadas dirigida por Walter Gropius nasce então a Staatliche Bauhaus Weimar (Casa da Construção Estatal de Weimar), que viria a ser o ponto central de desenvolvimento do design. Os professores da Bauhaus foram escolhidos entre os artistas abstratos e da pintura cubista, destacando-se Wassily Kandisky, Paul Klee, Lyonel Feininger, Oscar Schlemmer, Johannes Itten, Georg Muche e Lásló Moholy-Nagy. A ideia de Gropius era a de que arte e técnica deveriam ser fundidas, agindo diretamente sobre o estilo de vida das pessoas do século 20. O Curso Básico, obrigatório para todos os alunos, era o cerne da formação artístico-politécnica da Bauhaus (BÜRDEK, 2006 p.32). Os objetivos do curso básico eram a auto experimentação e auto averiguação, dentro de um contexto multidisciplinar que instigava os alunos a procurar, provar e experimentar. Segundo Bürdek (2006, p.390), “ a tendência socialvisionária da Bauhaus era dependente também de que com esta configuração se atingisse uma democratização social. Para isto, procurou-se pesquisar as condições objetivas e científicas do design”. A sede inicial da Bauhaus, em 1919, foi instalada em Weimar, passando ao icônico edifício em Dessau, projetado por Walter Gropius, em 1925. A Bauhaus é fechada devido à pressão dos nazistas, resistindo apenas um pequeno grupo de professores instalados em Berlim entre 1932 e 1933, liderados por Mies van der Rohe. Fecha as portas de forma definitiva em 1933.
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(Acima) Cadeiras Wassily, desenhadas por Marcel Breuer, 19261926. Fonte: http://www. onlinedesignteacher. com/
(Direita) Isamu Noguchi Coffee table. Fonte: http://laminariya-pol.ru/ isamu-noguchi-bord/
EdĂfĂcio da bauhaus, em Dessau. Fonte: https:// www.flickr.com/photos/ naterobert/4682696561.
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III.IV Terceira Revolução Industrial A redução do custo da microeletrônica conferiu aos microcomputadores cada vez mais capacidades, adquirindo novas funções e permitindo um aumento de complexidade nos produtos. Com isso a lógica da produção industrial foi novamente alterada, resultando na “Terceira Revolução Industrial”. Segundo Celani & Frajndlich (2017, p.162), nos anos 70, o surgimento das máquinas controladas por sistemas computacionais proporcionou uma maior flexibilidade à indústria, permitindo a produção em massa de componentes específicos. Foi estabelecida então a relação direta entre o projeto assistido por computador – Computer Aided Design (CAD)- e a Manufatura Auxiliada por Computador – Computer Aided Manufacturing (CAM). Segundo Bürdek (2006, p.406), iniciou-se nesse período o interesse por estas novas tecnologias em três níveis muito diferentes: Os produtos microeletrônicos foram rapidamente reconhecidos como um campo ampliado da atividade de projeto. Exemplos disto são os projetos do escritório de design Frogdesign de Hartmut Esslinger desenvolvidos para a Apple. A rápida desmaterialização dos produtos se direcionava para novos campos do design, como o design de interação e de interfaces. Pelo aumento exponencial das possibilidades gráficas dos computadores, depositando-se grandes esperanças nos sistemas CAD. Segundo Bürdek (2006, p.414) “a suposição de que CAD (Computer Aided Design) significaria o Design feito com o computador foi um pouco precoce, o que se tinha na verdade era desenho feito com computador (Computer Aided Drawing). ” Já se podia antever, no entanto, que a difusão do computador pessoal (PC) e o potencial das ferramentas CAD-CAM não se restringia aos desenhos gerados, mas implicaria em mudanças nos processos de projeto e manufatura como um todo. Segundo Bürdek (2006, p.406), no design o interesse por essa nova tecnologia
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III.IV.I A produção file-to-factory A utilização de equipamentos CNC (Controle Numérico Computacional), comum nas indústrias aeronáutica e automobilística, tem se difundido para outros setores produtivos no Brasil, mas permanece abaixo de seu potencial se considerarmos a tecnologia e maquinário existentes no país. Segundo Neander Furtado Silva (2009), professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, a tese da indisponibilidade de tecnologia CNC no Brasil não se sustenta. As principais barreiras ao uso destes equipamentos, segundo a análise de sua aplicação na Construção Civil, seriam a desinformação e a falta de formação a respeito das tecnologias CNC nos currículos de arquitetura. Segundo o III Inventário do Parque de Máquinas para Corte e Conformação de Metais o número global de equipamentos (SILVA, 2009) nesta área aumentou 2,7% no período de 2006 a 2008. No mesmo período, o número de máquinas do tipo CNC aumentou em 44,4%, sugerindo um potencial tecnológico em rápida expansão. O inventário comprovou que embora heterogênea, a presença de equipamentos de fabricação digital no Brasil é significativamente visível, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Algumas Faculdades de arquitetura e design têm oferecido disciplinas para a introdução destas novas tecnologias de produção, oferecendo aos alunos a experimentação em laboratórios destinados à fabricação digital, como o LAPACLaboratório de Automação e Prototipagem-, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP. Esses recursos, frequentemente denominados CAD/CAM (“Computer-aided Design / Computer- Aided Manufacturing”), são implementados através de máquinas CNC, amplamente utilizadas na indústria. Um importante fator relacionado ao uso dessas tecnologias é aquilo que Kolarevic (2003 p.49) cita como “reciprocidade entre os meios de representação e de produção”. Essa reciprocidade, permite que os designers explorem e avaliem com muito mais rapidez e precisão as soluções funcionais e estéticas de seus projetos. O método de produção “File-to-Factory” se apropria dessas tecnologias e conceitos, eliminando a necessidade de intermediários entre o designer e o produto final, e estimulando
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uma abordagem multidisciplinar do projeto, denominada “integrative design” (KOLAREVIC, 2009). Segundo Kolarevic este método compreende uma maior fluidez entre as disciplinas e formação dos envolvidos desde as primeiras etapas de projeto, promovendo resultados mais inovadores. A elaboração de modelos e protótipos neste método não constitui uma etapa final, mas parte do processo de projeto, permitindo a antecipação de problemas que de outra forma comprometeriam a qualidade do produto final e que poderiam inclusive impossibilitar a sua reprodução adequada pela indústria. É essencial, portanto, que o designer faça domínio do uso dos equipamentos e que estes sejam de fácil acesso, integrando-se ao seu processo criativo. Exemplificando esse método de projeto, podemos citar o projeto desenvolvido pelo arquiteto Wilson Barbosa Neto (2014), na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp para a mesa de recepção do Museu de Ciências da Universidade. Neste projeto, o arquiteto participou desde a elaboração do conceito até a fabricação do produto final em uma indústria local de corte a plasma. Modelo inicial da mesa de recepção “Samba”. Fonte: BARBOSA NETO, Samba 2014.
reception
desk.
Para a produção do modelo digital foi adotada a modelagem paramétrica através do software CAD Rhinoceros associado a três diferentes plug-ins: Grasshopper, para a definição paramétrica da forma e conexões; Scan-and-Solve e Ansys para a análise estrutural computacional; e Rhino Nest, para a otimização do layout de corte das peças na indústria. As técnicas de prototipagem utilizadas foram: impressão 3D em material branco e colorido; corte à laser; e corte à plasma para o produto final.
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A imagem abaixo ilustra o fluxo de trabalho adotado, desde a elaboração dos modelos digitais paramétricos até a obtenção do produto final da indústria.
Fluxo de trabalho físico e virtual. Fonte: BARBOSA NETO, Samba reception desk. 2014.
Segundo Barbosa Neto (2014), a fase final, desenvolvida na indústria de corte a plasma, pode ser dividida em dois períodos: (A) Período exploratório, que envolve a produção de uma série de experimentos para a investigação das propriedades dos materiais e familiarização com o uso das máquinas. (B) Período de produção, que permite a implementação do conhecimento adquirido no estágio anterior para completar o processo file-to-factory. Durante o período exploratório na fábrica os experimentos demonstraram problemas na montagem das partes, espessuras dos cortes, entre outros, enquanto no período de produção foram feitas diversas alterações no design para a sua adequação às características do material e dos meios de produção (máquina de corte a plasma) (BARBOSA NETO, 2014). Projetos como esse apontam o potencial dessas novas ferramentas para o processo criativo dos arquitetos e designers, tanto no ambiente acadêmico quanto no mercado de trabalho. Além disso, demonstram os benefícios do uso de uma abordagem multidisciplinar e experimental como mecanismo de inovação. Vivemos um momento de importante difusão deste conhecimento, fomentado inclusive pelo setor público, como ocorre na cidade de São Paulo através do programa Fab Lab Livre-SP- programa que permite o uso gratuito de ferramentas de fabricação digital, e oferece treinamento para jovens e adultos. Portanto, embora recente, essa realidade não nos permite sustentar a tese de nossa dependência tecnológica e da falta de acesso da população à essas tecnologias , repousando nas nossas mãos a responsabilidade de utilizá-las em prol de condições econômicas e sociais mais igualitárias.
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III.V Quarta Revolução Industrial “The possibilities of billions of people connected by mobile devices, with unprecedented processing power, storage capacity, and access to knowledge, are unlimited. And these possibilities will be multiplied by emerging technology breakthroughs in fields such as artificial intelligence, robotics, the Internet of Things, autonomous vehicles, 3-D printing, nanotechnology, biotechnology, materials science, energy storage, and quantum computing.” (Meneguello, 2009) A rápida transição de um mundo mecânico para um mundo elétrico e, posteriormente, um mundo eletrônico levantou uma série de questões e problemas nas últimas décadas. Nesse contexto a importância do design tornou-se mais evidente, como instrumento que permite a melhor interação no nível físico e no nível da própria linguagem entre homem e máquina. Segundo o engenheiro e economista alemão Klaus Schwab (2016), atualmente “ a Quarta Revolução Industrial, que teve início na metade do século passado, está sobrepondo-se à Terceira”. Sua principal característica é a fusão de tecnologias, tornando mais difusas as divisões entre o físico, o digital e o biológico. Bürdek (2006, p.416) define a imaterialização do design nas últimas décadas como a “redução do volume dos produtos eletrônicos especialmente na passagem ao real “motor” destes produtos, o programa- também conhecido como software. ” É fruto desse processo a nova linguagem incrementada pelas diversas representações figurativas, na chamada “sociedade pós-alfabetização” (Bürdek, 2006, p.416). Essa nova revolução, que ocorre numa velocidade sem precedentes, introduz inovações disruptivas (tecnologias capazes de revolucionar um produto ou serviço, superando as tecnologias existentes no mercado) em praticamente todos os sistemas da indústria e em escala global. As novas tecnologias possuem também um grande poder de disrupção no próprio mercado de trabalho, inutilizando cargos e funções, o que indica a necessidade de mudanças na própria sociedade, num processo contrário à sua “desumanização”.
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III.VI Cenário nacional e tendências no ensino Ainda que a discussão do papel da arte aplicada à indústria já exista no Brasil há mais de um século, situando-a como um importante fator para desenvolvimento econômico (LANDIM, 2010, p.109), a crença no potencial do design brasileiro diante da concorrência internacional só foi de fato confirmada a partir da segunda metade do século passado. Nesse período, com a chegada das empresas multinacionais e a consequente avalanche de produtos de caráter internacional, intensificou-se a busca de uma identidade própria na produção do mobiliário brasileiro, utilizando-se de métodos produtivos e matériasprimas regionais. Pode-se dizer que o perfil profissional da área de design está diretamente ligado ao ensino universitário, devido, principalmente, à grande influência da Bauhaus. A escola forneceu a espinha dorsal para os cursos superiores de design por todo mundo, tornando praticamente impossível o entendimento do design e do designer sem o conhecimento daquilo que ela constituiu. No Brasil, o ensino formal de design teve início apenas da década de 60, com a criação da Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro- ESDI. Os diversos projetos ambiciosos desenvolvidos pelo governo na década anterior, como a construção de Brasília, e o momento econômico favorável iniciaram um momento de experimentação de desenho e produção industrial fundamental para o seu amadurecimento e consolidação . Posteriormente, com as transformações ocorridas no âmbito do Design no Brasil a partir do surgimento da cultura pós-moderna e pós-industrial denileou-se um novo padrão de produção. Segundo Landim (2010, p.118) “essas novas referências possibilitaram evidenciar os aspectos positivos da multiculturalidade local brasileira” e “ a partir do multiculturalismo e da mestiçagem local, surgem novas referências projetuais, que de forma correta, colocam em evidência e refletem a vasta gama de elementos da cultura híbrida e das nuances de nosso próprio país”. Um importante exemplo dessa nova geração de designers são os irmãos Campana, com obras presentes em várias exposições internacionais e peças em diversas coleções, adotando uma linguagem repleta de referências e a utilização de materiais inusitados.
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Cadeira Gangorra Irmãos Campana. Fonte: http://obviousmag.org/
Cadeira BanqueteIrmãos Campana. Fonte: http://ultimosegundo. ig.com.br
A forte ligação do design brasileiro às questões históricas, bem como a sua leitura criativa das nossas condições culturais e tecnológicas, nos diferencia não somente nas premiações e concursos, como também no mercado de trabalho internacional. No entanto, o seu reconhecimento perante a sociedade permanece tímido, sendo o seu trabalho encoberto pelos nomes das grandes marcas, e raramente reconhecido como a atividade transformadora que de fato constitui. É preciso ressaltar a importância do investimento público no desenvolvimento do design nacional, principalmente a partir da criação de cursos públicos de nível técnico e superior ao longo das últimas décadas. Esse interesse do setor público equilibrou por muito tempo o desinteresse da iniciativa privada nacional no investimento no design de seus produtos.
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Atualmente, o design brasileiro passa por um momento propício às ações de fomento à ciência, à tecnologia e à inovação, essencial para a sua valorização nacional e internacional. Landim (2010; p.19) ressalta que durante a última década do século XX e nos anos iniciais do século XXI, o prestígio do profissional de design tem aumentado, e a sua produção florescido tanto nos meios acadêmicos como empresariais. “Atualmente, o design destaca-se como um dos principais fatores para o sucesso de uma empresa, desde o desenvolvimento de produtos e serviços até sua comercialização, por meio da otimização de custos, embalagens, material promocional, padrões estéticos, identidade visual, adequação de materiais, fabricação e ergonomia. Além disso, também é um fator essencial de estratégia de planejamento, produção e marketing. O design de embalagens e as estratégias de branding passaram a ser alguns dos grandes diferenciais de um produto ao criarem o impacto visual necessário para sua identificação no ponto de venda. O design de embalagens não apenas atrai o consumidor, ele também estabelece um contato emocional com este”. Landim (2010, p.28) É clara a atual importância da relação entre marketing e design, tornando difícil a separação entre os dois em muitos de seus campos. Através das diferentes mídias que invadem o nosso dia-a-dia, delineia-se uma estratégia de visibilidade baseada no tripé “imagem/percepção/emoção” (LANDIM, 2010, p.15), capaz de influenciar as nossas escolhas e os nossos valores. O uso estratégico do design, integrado em todo o processo produtivo, desde as definições de nível mais alto até a forma como o produto será oferecido ao consumidor, tem demonstrado a importância da compreensão deste tripé. Através do princípio de que “a forma segue primeiramente a função de comunicar”, o design estratégico transmite ao consumidor a ideia de que aquele produto atenderá às suas expectativas, seja através
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de suas funções práticas ou mesmo através de suas funções estéticas e simbólicas. Nesse sentido, muitas empresas tem investido em produtos e serviços customizados, cada vez mais acessíveis à população. A maior facilidade de acesso às novas tecnologias, como computadores e impressoras 3d, por exemplo, tem contribuído para a pesquisa e implementação do design, e segundo Landim (2010, p.31) prevê-se que se originem produtos cada vez mais miniaturizados, multifuncionais e de melhor desempenho. Além disso, essas tecnologias colaboram para a melhora do processo de design, inserindo-se desde a fases mais iniciais de definição do produto até a produção de protótipos de trabalho. Pesquisas como a de Neander Furtado Silva (2009), demonstram que o potencial produtivo nacional ainda tem sido mal utilizado no que se refere às tecnologias CAD-CAM empregadas em diversos setores da indústria, como ocorre na Construção Civil. É evidente a necessidade de investimentos na formação de profissionais capacitados ao uso destas ferramentas, dado que estas tecnologias já estão disponíveis, sobretudo nas regiões sul e sudeste do país. No campo do design, a automação permite à indústria uma grande variação estilística, superando o modelo fordista de produção e caminhando para um design mais democrático. Por outro lado, a oferta excessiva de produtos semelhantes em preço, desempenho e em suas características acaba confundindo o consumidor, exigindo das indústrias o uso do design como instrumento de diferenciação de seus produtos diante dos concorrentes. Essas tecnologias têm alterado o modo como estudantes e profissionais trabalham, proporcionando maior liberdade de experimentação e reduzindo os custos iniciais dos fabricantes. Acompanhando esta tendência, métodos de ensino e aprendizagem, como o Project-Based Learning -PBL-, tem se tornado mais comuns nas universidades, enfatizando o caráter experimental do aprendizado e a sua interdisciplinaridade. O método PBL permite que a partir de tarefas complexas, geralmente inspiradas em questões e problemas desafiadores, os estudantes se envolvam nos processos de design, problemsolving, tomada de decisões e em atividades investigativas. As disciplinas visam a criação de produtos passíveis de reprodução no contexto real, posteriormente apresentados para os demais estudantes da isntituição. Isso estimula a troca de experiências entre os estudantes de diferentes turmas e o envolvimento da comunidade.
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Uso do PBL em uma aula da disciplina “Princípio da Engenharia”, na Ollin College- Massachusetts. Fonte: https://www. sparkfun.com/ news/1132
Os espaços adequados à estas novas metodologias são mais flexíveis, oferencendo amplas possibilidades de trabalho em grupo e o uso de equipamentos relacionados à diferentes disciplinas e técnicas, como a eletrônica e a prototipagem rápida. Outra importante carcterística é a presença de grandes áreas que mesclam convívio, exposição e estudo, constribuindo para a troca de experiências e a para a serendipidade. Salão Central da Melbourne School of Design - nota-se que até mesmo as áreas de circulação podem ser utilizadas como espaço de produção e estudo. Fonte: http:// www.archdaily.com. brnews/1132
Thomas (2000, p.03) afirma que, devido à multiplicidade de definições do próprio método, ainda não foi estabelecido um modelo universal para a sua aplicação, resultando em uma grande variedade de pesquisas e práticas do PBL. Segundo o autor, para que um projeto seja considerado uma aplicação deste método, o mesmo deve responder a cinco critérios:
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Centralidade Os projetos são questões centrais, e não periféricas ao currículo. Portanto, os estudantes devem defrontar-se e aprender conteúdo das disciplinas através dos projetos. Driving Question No PBL os projetos são pensados de forma a direcionar os estudantes ao encontro e conflito com os conceitos e princípios da disciplina. Constructive Investigation As atividades centrais do projeto devem envolver a construção e a transformação de conhecimento. Caso essas atividades não apresentem dificuldade ao estudante ou possam ser desenvolvidas sem a aplicação de informações ou habilidades já desenvolvidas, o projeto é um exercício, e não um projeto PBL. Autonomia Os projetos PBL não fazem uso de caminhos predeterminados e não buscam uma única resposta como solução para a questão levantada. Incorporam ao processo maior autonomia, trabalho sem supervisão e mais responsabilidade. Realismo O projeto deve possuir caráter autêntico, partindo que problemas reais (não simulados), e com verdadeiro potencial de implementação.. Segundo Landim (2010, p.14), pode-se dizer que a pesquisa em design tem se aprofundado nos últimos anos, emprestando abordagens de diferentes áreas, como a história e a sociologia. Um dos temas mais importantes na atualidade é a questão da sustentabilidade, com ênfase no estudo de novos materiais e nos aspectos sociais envolvidos na produção. O que se nota, portanto, é a adoção de abordagens multidisciplinares no ensino e pesquisa em Design, com grande abertura para apropriação das novas tecnologias de produção e uma relação cada vez mais próxima com a indústria e com o próprio receptor final. Espacialmente essa cultura se reflete na flexibilização de uso dos espaços de ensino e na promoção do encontro e da troca de experiências entre os usuários, entre si e com a comunidade externa à universidade.
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IV. Programa IV.I Justificativa
A elaboração de um programa para a área selecionada teve como ponto de partida o projeto Arco Tietê, da Prefeitura Municipal de São Paulo, apropriando-se de suas diretrizes para o desenvolvimento urbano, social e econômico da região. Dessa forma, em resposta ao diagnóstico apresentado pela PMSP, propõe-se o reequilíbrio de funções na área da Lapa de Baixo, enfatizando-se a necessidade de manutenção e incremento das atividades ligadas à produção industrial, qualificação profissional de jovens e adultos e o aumento da oferta de moradia. Também é importante ressaltar as questões simbólicas envolvidas, que remetem à memória industrial do bairro e à própria diversidade cultural originada do convívio de pessoas de diferentes nacionalidades e ocupações. Características negligenciadas nas últimas décadas tanto pelo poder público quanto pelo interesse da iniciativa privada, que nada promoveu além de especulação imobiliária. A criação de uma escola de nível superior na Lapa responderia, portanto, de forma positiva às necessidades da população residente (que apresenta renda e escolaridade médias abaixo das apresentadas pelo Município), atraindo também muitos dos trabalhadores das indústrias locais, que se beneficiariam
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dos seus cursos de curta duração e da possibilidade de continuarem os seus estudos sem a necessidade de um grande deslocamento. O seu caráter público e a construção de uma pedagogia voltada para a inovação e para a apropriação das novas tecnologias de produção, são potenciais atrativos não apenas na cidade, mas em todo o estado de São Paulo. Nesse sentido, espera-se que a instituição represente a possibilidade de uma forma mais dinâmica e atual de ensino, que se reflita em sua arquitetura e na sua relação com a cidade. A ampliação do programa deu-se em função das necessidades atuais da Lapa de Baixo e das possibilidades abertas pelo projeto Arco Tietê. Foram propostos, portanto, programas complementares à escola, como a moradia estudantil e restaurante universitário, bem como salas comerciais e o oferecimento de estadia temporária.
População jovem
Moradores do bairro
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Trabalhadores da indústria local
IV.II A Escola de Design A partir do entendimento de que a formação acadêmica do designer deve responder aos anseios da sociedade e do setor produtivo, a proposta para uma escola de design na Lapa de Baixo visa o desenvolvimento da indústria local, fomentando a qualificação profissional dos trabalhadores das diversas indústrias presentes na região e a formação de sua população jovem. Seu objetivo será a formação de profissionais aptos a a criar produtos que apresentem a marca da nossa realidade e cultura, mas que sejam também universais. Para tanto, a reflexão e a pesquisa devem ser amplamente estimuladas, principalmente no que diz respeito ao uso de materiais e tecnologias avançados e ao desenvolvimento sustentável.
Escola de Design
Indústria local
Formação da população jovem residente Possibilidade de especialização dos trabalhadores da região
Indústria Têxtil e
Energia e
de acessórios
Eletrônicos
Brinquedos
Indústria Mecânica
Indústria Moveleira
Indústria Gráfica
Seus espaços e ensino devem ser flexíveis, adaptandose aos diferentes usos possíveis- expositivo, produção manual, apresentações multimídia- e às possíveis mudanças pedagógicas que possam ocorrer ao longo do tempo. A interação entre os estudantes de diferentes turmas e cursos entre si e com o corpo docente deverá ser estimulada e proporcionada pelas qualidades espaciais dos espaços, tanto internos quanto externos. A escola deve ser dimensionada para atender até 300 alunos por período e acomodar os professores e funcionários dos departamentos de design de objeto e design gráfico. O programa compelementar a ser implantado no galpão industrial existente na Rua Félix Guilhem será composto por café e e área expositiva, porém não constitui o escopo de projeto deste trabalhoe deverá aparecer apenas de forma indicatória.
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Tendo-se em vista a adoção do sistema de ensino Project based Learning- PBL- e os requisitos espaciais para sua implantação, anteriormente apresentados neste trabalho, foram definidos os principais espaços necessários ao ensino e pesquisa em design, mantendo em aberto às áreas destinadas às atividades. A inexistência de áreas pré-determinadas neste programa leva em consideração a pluralidade de funções e arranjos que poderão ser assumidos pelos ambientes. Deverão ser previstos: - 8 Ateliês para 30 pessoas - 2 Salas para exposição e apresentação de trabalhos - Oficina multiuso para 30 pessoas - FabLab conectado à oficina - Depósito anexo à Oficina e FabLab - Salas para aulas teóricas - Salas para aulas de informática - Salas para atendimento - Depósito para mesas e cadeiras (próximo aos ateliês) - Biblioteca com área de acervo, de estudo, e área técnica - Café próximo á entrada principal e à Praça Escola - Sala para videoconferência - Auditório com capacidade para no mín. 300 pessoas - Áreas de estar amplas, conectadas aos ateliês - Loja para exposição e venda da produção dos estudantes - Empresa Júnior, com fácil acesso a partir da rua - Área para carga e descarga próxima ao depósito da oficina - Balcão para recepção e informações - Escritório tipo panorâmico para mín de 20 docentes - Salas para coordenadores e diretor - Secretarias independentes para os departamentos - Bicicletário e vestiários - Áreas para trabalho fora de aula (grupo e individuais) - Blocos de bamnheiros comuns e para PNE
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IV.III Cursos e vagas oferecidos A partir do entendimento de que a formação acadêmica do designer deve responder aos anseios da sociedade e do setor produtivo, a proposta para uma escola de design na Lapa de Baixo visa o desenvolvimento da indústria local, fomentando a qualificação profissional dos trabalhadores das diversas indústrias presentes na região e a formação de sua população jovem. Seu objetivo será a formação de profissionais aptos a a criar produtos que apresentem a marca da nossa realidade e cultura, mas que sejam também universais. Para tanto, a reflexão e a pesquisa devem ser amplamente estimuladas, principalmente no que diz respeito ao uso de materiais e tecnologias avançados e ao desenvolvimento sustentável.
Graduação
Cursos Técnicos
Graduação em Design (Integral)
Comunicação visual (Noturno)
Carga horária total: 3750 horas
Duração: 2 anos
Alunos ingressantes/ semestre: 30
Alunos/sala: 30
Tempo mín. Integralização: 4 anos
Design de móveis (Noturno)
Tempo máx. Integralização: 6 anos
Duração: 2 anos
Período: Manhã e Tarde
Alunos/sala: 30 Fabricação Digital (Vespertino/Not) Duração: 1,5 anos
Pós-Graduação Pós Graduação em Design Gráfico
Alunos/sala: 20
Ingressantes ano: 10 Pós Graduação em Design de Produto Ingressantes ano: 10
Cursos livres de curta duração * 4 Cursos de até 8 semanas 10 alunos/ sala
Manhã
Tarde
Noite
Total
260 alunos
280 alunos
200 alunos
540 alunos
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IV.IV Moradia Estudantil A moradia estudantil deverá atender aos estudantes dos cursos de longa duração (Técnico e Graduação) matriculados na escola. Com base no estudo de projetos referênciais e nas atuais tendências de cohousing, o que se propõe são células habitacionais-CA’s- ( cozinha, wc, área de serviço) compartilhadas por grupos de 3 ou 4 moradores. Os quartos serão individuais, com exceção da Unidade Familiar, onde foi considerada a possibilidade de um casal com dois filhos. Com isso, embora haja o estímulo para o uso das áreas comuns das CA’s, mantém-se a privacidade e independência dos estudantes. É preciso ressaltar a importãncia das grandes áreas de estar e convívio distribuídas no edifício, dadas as pequenas dimensões destes espaços nas células habitacionais. Estes espaços devem ocupar posição de destque e fácil acesso, o que sugere a sua localização nas “áreas de contato” entre os diferentes blocos de habitação. São programas complementares à habitação: - Estacionamento para carros e motos - Bicicletário - Área administrativa - Depósito - Local para depósito de lixo - Academia e vestiários - Sala de estudos coletiva O dimensionamento das áreas comuns deverá levar em consideração a presença de convidados, situação corriqueira na rotina dos estudantes. Devem permitir, portanto, o uso simultâneo referente à duas CA’s, ou seja, 8 pessoas. A seguir são apresentadas a quantidade de vagas oferecidas e sua porcentagem em relação ao total de alunos: Comum
PNE
Familiares
90 alunos
74
16
11
16%
IV.V Atividades previstas 82
Aulas Teóricas
Apoio Adm.
Aulas teóricas Cursos livres
Pesquisa
Aulas teóricas Ensino Superior e pós-graduação
Reunião Financeiro Atendimento
Produção digital
Eventos
Modelagem 3d
Palestras
Renderização
Videoconferências
Produção de peças gráficas
Exposições
Produção de protótipos
Moradia
Corte à laser Impressão 3d Fresagem
Recepção / espera
Lazer Convívio Descanso e estudo
Produção manual
Alimentação
2D (Desenho, pintura, colagem)
Café
3D (Prod. em metal, madeira, gesso, clay)
Almoço / jantar
Apoio alunos
Comércio
Guardar materiais
Exposição de mercadorias
Guardar trabalhos em andamento Descarte
Estoque Carga e descarga
Administrativo
Estacionamento
Coordenação
Veículos alunos
Direção
Veículos prof/func
Recepção
Bicicleta alunos
Atendimento
Bicicleta prof/func
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IV.VI Diagrama de bolhas- Escola de Design
Salas Restaurante
Pesq.
Exposição Administração Direção Café
Carga e descarga
Estacionamento
Praça
Informática
Hall
Estudo Café
Biblioteca Estudo
Átrio Central Produção Estúdios
Fab Lab
Carga e descarga Prod
Praça
Laboratórios
Hall
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Depósito
IV.VII Diagrama de bolhas- Moradia estudantil
Estacionamento
Unidades habitacionais I
Praça Hall Centro Comunitário
Comércio Hall
Unidades habitacionais II
Estacionamento
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V. Projetos referenciais V.I critérios de escolha
Os projetos de referência apresentados neste capítulo foram escolhidos devido à sua similaridade temática e/ou contextual com a proposta deste tfg. São, portanto, edifícios voltados ao ensino de Design e áreas afins (arquitetura, artes plásticas) e edifícios de habitação social e estudantil. No caso dos edifícios voltados ao ensino (Melbourne School of Design e MIT Media Lab Complex), o principal critério de escolha utilizado foi a flexibilidade de uso dos seus espaços e a integração entre a proposta didática da instituição e a sua arquitetura. O estudo dos projetos selecionados para esta categoria demonstrou a viabilidade de construção de um programa semelhante dentro do lote delimitado, atingindo cerca de 15.00m² de área construída. A qualidade da inserção urbana e da relação entre os edifícios e as preexistências no lote constituíram outro critério de seleção, utilizado tanto para a escolha dos projetos de habitação quanto para os destinados à escola. O resultado é a apresentação de duas propostas para habitação ( SL11024 e Bâtiment Home) que valorizaram a relação entre a história e a morfologia dos seus entornos a partir de uma releitura contemporânea.
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V.II Melbourne School of Design John Wardle Architects + NADAAA Localização: Melbourne VIC, Austrália Ano do projeto: 2014 Área: 15.772 m²
Em 2014, a partir de um concurso internacional de arquitetura, a Universidade de Melbourne selecionou o projeto vencedor para o novo edificio de sua Faculdade de Arquitetura, Construção e Planejamento. O projeto, desenvolvido em parceria pelo escritório local John Wardle Architects e o NADAAA, de Boston, foi uma resposta sensível diante do seu entorno e da preexistência -um edifício construído no século XIX, e utilizado pela Faculdade até então. O edifício respeitou o novo Masterplan da Universidade, aprovado em 2008, e expressou espacialmente alguns de seus valores, especialmente a necessidade constante de mudança e adaptação do ensino. Dentro das limitações orçamentárias e legais, o projeto valorizou o potencial didático do próprio edifício, revelando o seu sistema estrutural. A forma do novo edifífcio possibilitou a criação de diversas “praças”, valorizando a vista para o seu interior e respeitando os edifícios históricos do entorno. Fonte: http:// www.archdaily.com.br
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As fachadas receberam diferentes tratamentos em função de questões ambientais, das vistas e de sua relação com os demais edifcícios do campus. Fonte: http:// www.archdaily.com.br
Permeabilidade visual no Térreo . Fonte: http:// www.archdaily.com.br
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O programa, distribuído em seis níveis, compreende duas salas de conferência, ateliê, biblioteca, duas salas expositivas, café, 3 níveis de estúdios, um salão de estudos e diversas áreas de trabalho. Um aspecto interessante do projeto é a possibilidade de integração entre as áreas expositivas e de estúdio e o grande salão central, obtida através do uso de portas pivotantes e outros elementos divisórios móveis. Soluções simples, como a instalação de mesas nas áreas de circulação, criam espaços de trabalho e encontro e estimulam a troca de experiência entre os estudantes. É um projeto que evidencia a importância da criação de espaços de ensino contemporâneos, adequados às novas tecnologias e às novas demandas da nossa sociedade. Área de circulação próxima aos estúdios . Fonte: http://www. archdaily.com.br
As grandes portas pivotantes permitem a fusão entre as áreas expositivas e o Salão central . Fonte: http:// www.archdaily.com.br
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Iluminação zenital no Salão Central . Fonte: http://www.archdaily. com.br
Vista do Salão Central. Fonte: http://www. archdaily.com.br
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V.III MIT Media Lab Complex Maki and associates
Localização: Massachusetts, USA. Ano do projeto: 2009 Área: 15.140 m²
O grande desafio para a expansão do Media Lab do Massachusetts Institute of Technology- MIT- foi aumentar o seu tamanho sem alterar a sua dinâmica. A equipe liderada pelo arquiteto Fumihiko Maki projetou um edifício capaz de dinamizar a interação e a colaboração entre os usuários, abrigando diversos departamentos da área de artes e arquitetura. O programa, voltado à inovação tecnológica, arte e design, abriga uma extensa variedade de atividades, distribuindo-se em sete laboratórios organizados em torno de um átrio central. O uso de elementos divisórios transparentes entre os ambientes permite que , olhando em qualquer direção, sejam observados os diferentes projetos em andamento. O edifício também possui espaços para eventos, salas para conferências e um café, localizados no último piso e com vista para o Rio Charles e o horizonte de Boston. A distribuição dos ambientes e a escolha dos materiais resultaram em um edifício externamente compacto, mas amplo e muito dinâmico em seu interior.
Imagem noturna do edifício. Fonte: http:// www.maki-andassociates.co.jp/index. html.
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O edifício é bastante compacto, apresentando poucas reentrâncias e projeções em seu volume. Fonte: http://www.makiand-associates.co.jp/ index.html.
O uso de revestimentos e brises metálicos acentua a aparência “tecnológica” do projeto . Fonte: http:// architypereview.com/ project/the-media-labcomplex/.
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Átrio Central. Fonte: http://www.maki-andassociates.co.jp/index. html.
Vista de um dos laboratórios. Interessante notar o pé-direito duplo e o uso de divisórias envidraçadas entre o espaço e a área de circulação. Fonte: http://www.maki-andassociates.co.jp/index. html.
Espaço para eventos na cobertura. Fonte: http://www.maki-andassociates.co.jp/index. html.
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Permeabilidade visual no รกtrio central . Fonte: http://architypereview. com/project/the-medialab-complex/.
Auditรณrio. Fonte: http:// architypereview.com/ project/the-media-labcomplex/.
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V.IV SL11024 student apartment complex Lorcan O’ Herlihy Architects Localização: Califórnia, USA. Ano do projeto: 2012 Área: 5.100 m²
Localizado fora do campus da Universidade de Los Angeles (UCLA), o novo edifício de habitação estudantil se insere em uma vizinhança dinâmica, dialogando com o edifício histórico projetado por Richard Neutra, próximo ao terreno, e com a topografia acidentada da região. O projeto propõe a combinação de espaços de encontro e 31 unidades habitacionais destinadas aos estudantes da UCLA, organizando o programa em uma planta cuneiforme resultante da forma do próprio lote e dos requisitos extensivos do programa determinado pelo cliente. Ao concentrar a maior parte da massa do edifício junto à divisa do lote vizinho, o escritório resolveu duas importantes questões do projeto: fornecer ventilação adequada à todas as unidades habitacionais e definir um claro eixo de circulação. O recuo adotado também permitiu a criação dos terraços, que se ligam aos corredores e criam espaços de convívio importantes para a comunidade. É um órimo exemplo de como é possível estimular a vitalidade de uma vizinhança, respeitando os seus aspectos naturais e históricos. Edifício de habitação estudantil da UCLA, localizado fora do campus. Fonte: https:// www.dezeen.com.
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O escritório apropriou-se da topografia acidentada do lote, posicionando os blocos sobre as áreas de estacionamento. . Fonte: https://www.dezeen. com.
Implantação do projeto na quadra. No quanto inferior direito pode ser visto o conjunto residencial projetado por Richard Neutra . Fonte: https://www.dezeen. com.
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O uso das coberturas escalonadas para o lazer supre a falta de áreas livres no térreo, decorrente da ocupação de praticamente todo o lote pelo edifício. Fonte: https://www.dezeen. com.
Vista da vizinhança a partir de um dos terraços. Fonte: https://www. dezeen.com.
O escalonamento dos níveis junto à esquina contribui para a iluminação e ventilação naturais. Fonte: https:// www.dezeen.com.
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As condições ambientais da Califórna permitiram o uso de passagens a céu aberto, proporcionando melhores condições de ventilação e iluminação naturais às unidades de habitação. Fonte: https://www.dezeen. com.
Áreas de circulação voltadas para o interior da quadra. Fonte: https:// www.dezeen.com.
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V.V Bâtiment Home
Hamonic + Masson Localização: Paris, França. Ano do projeto: 2012 Área: 13.750 m²
O distrito de Massena, em Paris, tem passado por um intenso processo de renovação urbana, ganhando a atenção de diversos escritórios de arquitetura nacionais e internacionais nos últimos anos. Alterações na legislação da cidade, permitindo a construção de edifícios mais altos, e os planos municipais para transformação de alguns de seus distritos atraíram o mercado imobiliário, que durante muito tempo evitou as áreas industriais e próximas às ferrrovias. O projeto Bâtiment Home compreende 92 unidades de habitação social, 96 unidades de habitação de “propriedade particular”, áreas comerciais e estacionamento. Uma das formas encontradas para diferenciação das unidades habitacionais foi a variação do formato de suas varandas, que possuem entre 20 e 30m², proporcionando uma maior identidade aos apartamentos,. As duas torres, de 37m e 50m de altura, apresentam uma volumetria mais tradicional nos andares inferiores, respeitando as características locais e atuando na reestruturação da vizinhança, ganhando movimento à medida que se elevam. Este projeto não simboliza apenas o desenvolvimento de uma região, mas também a vontade de se aproveitar o potencial de construção em altura na cidade. Novos empreendimentos no distrito de Massenafachada do edifício voltada para a ferrovia e para a via expressa. Fonte: https://www. divisare.com.
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A forma e os materiais utilizados destacam o projeto de seu entorno, e simbolizam a renovação urbana da área industrial. Fonte: https://www. divisare.com.
A regularidade de sua planta e estrutura se transforma a partir da angulação das varandas , permitindo que cada um dos quase 200 apartamentos tenha o seu espaço externo diferenciado. Fonte: https://www.divisare. com.
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Varanda de uma das unidades habitacionais e utilização de chapas metálicas como revestimento externo do edifício. Fonte: https:// www.divisare.com.
Varanda com vista para a ferrovia. Fonte: https:// www.divisare.com.
Área social de uma das unidades habitacionais. Fonte: https://www. divisare.com.
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Contraste entre a fachada alinhada ao passeio (torre de 37m) e a fachada com pisos rotacionados (torre de 50m) . Fonte: https:// www.divisare.com.
Entrada de pedestres no nĂvel TĂŠrreo. Fonte: https://www.divisare. com.
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VI. do projeto VI.I Contextualização
O material elaborado pela PMSP para o projeto Arco Tietê constitui um rico levantamento da realidade social, econômica e ambiental da região da várzea do Tietê, oferecendo uma base sólida para elaboração de novas propostas direcionadas ao seu desenvolvimento. Este TFG toma como ponto de partida o plano apresentado pelo Arco para o bairro da Lapa de Baixo, apostando em seu potencial humano e econômico e nas novas possibilidades abertas pela expansão do sistema de transporte público (metrô e CPTM) previsto e em andamento. O aumento da densidade populacional, proporcionado pela verticalização das quadras próximas às vias principais, e a valorização e expansão das áreas verdes são aspectos que se destacam na proposta da PMSP para a região. As bases adotadas para a proposta programática, são a necessidade de melhoria da formação acadêmica e de renda dos seus moradores, atraindo novas empresas e investimentos na área criativa e na indústria de alta tecnologia. No mapa apresentado a seguir nota-se a grande escala das alterações propostas e a configuração urbana pretendida, assim como apresentado em documentos disponiblizados pela PMSP
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Futura estação Santa Marina- Metrô
Rio Tietê
Rio Tie
tê
Lap
ad
eb
aix
o
200m 400m
Edifícios propostps pelo Arco Tietê
Praças e eixos verdes propostos
Transposições propostas
Área de intervenção TFG
Situação atual
800m
Baixa densidade populacional Quadras muradas e muito longas Solo impermeável e espaços de lazer escassos Predominância do transporte individual Pouco uso no período noturno
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Norte
Proposta Arco Tietê
Alta densidade populacional Comprimento máximo da quadra= 150m Requalificação e ampliação das áreas verdes e de lazer Implantação de ciclovias e melhoria do acesso ao transporte público Uso da fachada ativa nos novos empreendimentos
VI.II Mediação e dinamismo O projeto para uma escola pública inserida num contexto urbano tão bem definido levanta uma série de possibilidades, que lidam com as contraposições intrínsecas ao próprio processo de projeto. Transita-se constantemente, portanto, entre a escala do edifício e de seus espaços abertos e a escala do bairro. Buscou-se estabelecer um diálogo entre o tecido urbano consolidado próximo à ferrovia, pouco alterado pelo projeto Arco Tietê, e as quadras mais próximas ao rio, que segundo a PMSP serão alvo de grandes intervenções, recebendo projetos de uso misto e de moradia. Esse posicionamento “fronteiriço” justificou a adoção de uma postura de mediação, capaz de dialogar com ambas as realidades, mas vibrante para que não configurasse apenas espaço de passagem. Os percursos que conectam os edifícios e as praças
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oferecem diferentes perspectivas e enquadramentos do bairro, convidando à exploração peatonal e à permanência nos amplos espaços abertos que procuram conciliar o caos da cidade e as atividades existentes no interior dos edifícios. Dessa forma, o projeto sugere o encontro aleatório e a troca de experiências entre os diferentes públicos, estabelecendo uma espécie de serendipidade urbana. A organização dos diferentes programas (Expositivo, administrativo, educacional, habitacional, comercial e lazer) a partir das 4 praças do projeto confere a cada uma delas um aspecto particular e estabelece diferentes relações com o bairro e com os dois edifícios industriais históricos presentes na área de intervenção. No centro do lote leste está a Praça da Comunidade, a maior das 4 praças, delimitada pelo edifício que comporta a moradia estudantil, estacionamento, restaurante universitário e pequenos estabelecimentos comerciais. A partir da criação deste espaço aberto, integrado ao grande eixo de lazer proposto pelo Arco Tietê para a Avenida Ermano Marchetti, torna-se interessante a apropriação do galpão interno à quadra para a criação de um centro comunitário que reuna os antigos e os novos moradores. O lote oeste, ocupado pela escola, exigiu uma ocupação mais longitudinal, delineando uma espécie de eixo. Demarcando as suas extremidades estão duas praças: a Praça de Eventos, diretamente ligada à entrada principal da escola, auditório e núcleo administrativo; e a praça de Serviços, onde se encontram a loja da escola e a entrada independente para o FabLab. Envolvida pelo edifício da escola se encontra a quarta praça- a praça Escola-, diretamente conectada ao Hall de entrada e ao núcleo administrativo, oferecendo aos alunos e funcionários um espaço de estar e lazer mais reservado. Croqui: As quatro praças. Autoria: Lucas Marinho
Área de intervenção TFG
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VI.III Volumetria Adotando-se como ponto de partida a situação proposta pelo projeto Arco Tietê, foi delineada uma estratégia de construção volumétrica pautada nas condições de urbanidade desejadas para a Lapa de Baixo. Nota-se, portanto, que os volumes originários das diversas operações (indicadas através de vetores nos diagramas abaixo) respondem às questões existentes no seu entorno, como por exemplo: - Novas vias abertas pelo Arco Tietê-AT - Patrimônio industrial existente - Áreas verdes existentes e previstas no AT - Vistas desejáveis e indesejáveis A volumetria resultante desses processos faz-se indissociável do seu contexto, indicando possíveis desdobramentos e relações para futuros empreendimentos.
VI.IV Diagramas- Definição Volumétrica
Fachada ativa- “Ver e ser visto”
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Conexão com o patrimônio industrial existente
Concentração dos estacionamentos no interior da quadra
Entrada de serviços- escola
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Expansão da área da escola- Administração
Passagens para pedestres
Verticalização do programa
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Estruturas em balanço- Liberar o Térreo
Vistas para o “novo” e o “histórico”
Pátios internos- Iluminação e ventilação naturais
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Espaços de convívio
Conexões em diferentes níveis
Núcleos de circulação vertical
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VI.V espacialização do programa térreo
N 114
estacionamento As vagas para automóvel foram concentradas em um bloco no interior da quadra, liberando a fachada para o comércio.
administração
patrimônio industrial Os dois galpões industriais localizados na área de projeto serão utilizados para programas de suporte à escola e à comunidadeRestaurante, galeria, café e centro comunitário.
restaurante O restaurante universitário ocupa um lugar de destaque no projeto, voltando-se para a grande praça proposta pelo Arco Tiete. A permeabilidade visual pretendida no projeto poderá ser obtida através do uso de grandes planos de vidro no seu invólucro.
comércio/serviços As áreas comerciais do complexo devem atender tanto aos novos moradores quanto aos já existentes.
O bloco da administração da Escola de Design está localizado no interior da quadra, abrindo-se para uma praça interna.
ensino As áreas voltadas ao ensino e à pesquisa foram distribuídas no edifício paralelo ao eixo delineado pela nova via. Liberou-se o máximo possível do Térreo para a fruição pública, mantendo as oficinas e o FabLab neste bloco, próximos ao acesso de serviço.
público Parte essencial do projeto consiste na criação de condições adequadas à fruição pública das áreas abertas. As praças internas e as passagens para pedestre devem tornar mais interssante e seguro o “caminhar” na região.
115
VI.VI espacialização do programa geral
N 116
auditório O auditório da Escola de Design pode ser acessado de forma independente, através do seu núcleo de circulação vertical exclusivo. O seu volume, que se projeta sobre a praça de eventos, oferece vistas para a ferrovia e cria espaços sombreados próximos à entrada principal da escola e ao galpão industrial existente.
administração Nos demais pisos do bloco da administração estão localizados os escritórios dos docentes, salas de reunião e as salas de informática.
ensino moradia estudantil A moradia estudantil será composta por 5 blocos de apartamentos conectados por passarelas . A ocupação perimetral, envolvendo a praça da comunidade, proporcionou a criação de diversas vistas para o bairro e para a praça central.
Os ateliês ,as salas de aula e a biblioteca ocupam os três níveis seguintes do edifício. Esses espaços estarão distribuídos ao longo de grandes espaços de convívio e produção dotados de iluminação e ventilação naturais.
hostel 24 vagas de estadia temporária serão oferecidas, em quartos duplos e individuais. É importante salientar que algumas destas vagas serão reservadas exclusivamente à pessoas ligadas à Escola.
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VI.VII Diretrizes ambientais A forma alongada do lote da escola exigiu uma implantação longitudinal do projeto ao longo da quadra, implicando em grandes faces voltadas para Leste e Oeste. Para minimizar o ganho térmico das edificações alocou-se nas faces voltadas para Oeste as áreas técnicas e de circulação, onde a permanência não deverá ser prolongada. Outra estratégia foi o uso de ventilação cruzada, possível graças ao uso de cobogós nas fachadas e de venezianas nos ambientes voltados para os pátios internos dos edifícios. Os pátios permitem, portanto, a circulação do ar através do efeito chaminé, conectando os diversos pavimentos dos edifícios. As simulações de insolação realizadas no Revit permitiram delinear as estratégias adequadas para cada face do projeto e demonstraram a contribuição dos edifícios do entorno e dos novos volumes criados para o sombreamento de algumas áreas. Com isso foi possível determinar as áreas onde as grandes aberturas seriam possíveis, como as faces leste e oeste do nível térreo e a fachada sul, por exemplo. Croqui: Estratégias para o conforto térmico.
VI.VIII Simulações ambientais As fases iniciais de concepção do projeto foram baseadas em dois fatores predominantes: qualidade ambiental do edifício e relação com o seu entorno. Para determinação das diretrizes ambientais foi necessário um estudo mais aprofundado de suas condições de ventilação e insolação naturais, considerando a sua envoltória e os edifícios próximos. Para a simulação de ventilação urbana, bastante simplificada, foi utilizado o software FlowDesign, e para as simulações de sombreamento e insolação as ferramentas do próprio Revit, ambos da Autodesk. A seguir são apresentados os resultados obtidos para a versão mais completa da volumetria, considerandoa posição geográfica exata do projeto.
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Solstício de verão 09:00 h
N
Solstício de verão 12:00 h
N
Solstício de verão 15:00 h
N 119
Solstício de inverno 09:00 h
N
Solstício de inverno 12:00 h
N
Solstício de inverno 15:00 h
N 120
Equinรณcio 09:00 h
N
Equinรณcio 12:00 h
N
Equinรณcio 15:00 h
N 121
Solstício de verão - insolação durante 24 horas
N Cumulative Insolation
N Cumulative Insolation
N Peak Insolation
N Peak Insolation
N Average Insolation
122
Average Insolation
N
N Cumulative Insolation
N Cumulative Insolation
N Peak Insolation
N Peak Insolation
N Average Insolation
N Average Insolation
123
Solstício de inverno- insolação durante 24 horas
N Cumulative Insolation
N Cumulative Insolation
N Peak Insolation
N Peak Insolation
N Average Insolation
124
Average Insolation
N
N Cumulative Insolation
N Cumulative Insolation
N Peak Insolation
N Peak Insolation
N Average Insolation
N Average Insolation
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Equinócio- insolação durante 24 horas
N Cumulative Insolation
N Cumulative Insolation
N Peak Insolation
N Peak Insolation
N Average Insolation
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Average Insolation
N
N Cumulative Insolation
N Cumulative Insolation
N Peak Insolation
N Peak Insolation
N Average Insolation
N Average Insolation
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VI.IX estudos ambientais ventilação- urbano
128
129
VI.X Sistema estrutural Foi adotado um sistema estrutural misto de elementos prémoldados de concreto (lajes protendidas, vigas e pilares) e treliças metálicas, organizados em um grid de 6mx6m. As treliças metálicas foram adotadas com o intuito de vencer os vãos e os balanços propostos, apoiando-se nos núcleos de circulação vertical da habitação e da escola. Para o auditório foi projetado um sistema de treliças e pilares metálicos que permitiu a liberação de grande parte do nível térreo, criando-se a Praça de Eventos. Esse sistema está ancorado no núcleo de circulação principal da escola através de uma estrutura metálica secundária, visível a partir da praça. Croqui: Estratégias para o conforto térmico.
Núcleos de concreto
Estrutura Metálica
Elementos Pré-moldados de concreto
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VI.X Materiais Os materiais e as estruturas serão mantidos aparentes, evidenciando os aspectos construtivos, curativos e técnicos do edifício, como artifício didático, dada a relação íntima entre arquitetura e design e o programa proposto. Nas fachadas serão utilizadas placas de fibrocimento para revestimento das superfícies de concreto, bem como alguns elementos metálicos em áreas de destaque.
Concreto aparente
Placa Fiblocimento (Tipo 01)
Estrutura Metálica
Placa Fibrocimento (Tipo 02)
Cobre CCM
Tijolo aparente
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132
VII. conclusão A complexidade da cidade contemporânea e das relações que nela se estabelecem, desde a esfera do indivíduo até a esfera ambiental, exigem que o exercício de projeto em áreas urbanas consolidadas adote um olhar crítico, consciente das necessidades específicas da área e do seu contexto histórico e social. Transita-se, portanto, entre as diferentes escalas de projeto, buscando a melhor integração possível entre o edifício e a cidade. Os levantamentos, diagnósticos e planos desenvolvidos pela PMSP nos últimos anos constituem, nesse contexto, um importante ponto de partida para a elaboração de novas propostas, não dispensando, porém, certas revisões e ajustes. A Escola de Design da Lapa e sua Moradia Estudantil posicionam-se antagonicamente ao processo nocivo de especulação imobiliária e construção de condomínios totalmente desconectados de seu entorno, intensificado no bairro nos últimos anos. Defendem, portanto, a necessidade do uso misto e da valorização do pedestre, bem como do desenvolvimento das indústria criativas se de alta tecnologia na região.
133
VIII. Bibliografia
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outras mídias: Jeanne Gang’s TED Talk Now Online. Fala da arquiteta Jeanne Gang, do escritório de arquitetura Studio gang, para o TED Talk 2017. Disponível em: < http://studiogang.com/now/jeannegangs-ted-talk-now-online>. Acessado em: 12/05/2017
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TFG 2017- ARQUITETURA E URBANISMO- UNICAMP