DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 1 |
Editorial
Uma das melhores Como vocês já sabem, nós sempre corremos atrás das melhores pautas. E dessa vez não foi diferente. Conseguir contatar algumas empresas e profissionais para fazer as matérias nem sempre é das tarefas mais fáceis, por conta de agendas apertadas e prazos que algumas vezes parecem precisar de máquinas do tempo – sejam DeLoreans ou TARDIS – para não serem estourados. Mas mesmo assim nós nunca desistimos e conseguimos reunir o melhor conteúdo para vocês. O que vocês estão lendo agora é possivelmente uma das edições mais completas que essa revista já teve. Design, arquitetura e arte estão presentes em 62 páginas feitas com muita dedicação. Dito isso, peço apenas o seguinte: Leiam, desfrutem, aprendam, evoluam e compartilhem!
Lucas Fernandes
Diretor
| 2 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 3 |
Créditos Ano III - Edição 14 - Março/Abril 2016 Diretor e editor
Redatores
Capa
Lucas Fernandes
Danielli Wal
Morandini
Eduardo Madeiro Consultor editorial
Eliezer Santos
Tiago Krusse
Mayara Wal Tiago Krusse
Designers Douglas Silva
Revisão
Hebert Tomazine
Juliana Teixeira
Leandro Siqueira
Lourrane Alves
Lucas Fernandes
Lucas Fernandes
Site designmagazine.com.br
i3c3.com.br
Redes Socias /revistadesignmagazine.br
A Design Magazine Brasil é uma projeto de
@DMBr_Oficial
Lucas Fernandes e do Grupo I3C3. O conteúdo aqui publicado pertence aos seus
Fale conosco
respectivos autores e não pode ser reproduzido
contato@designmagazine.com.br
sem prévia autorização.
| 4 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 5 |
Sumario DESIGN 08
O mundo pelos olhos de Morandini
16
Entrevista com Walter Barroso
24
Design Indaba
32
Portfólio: Rebecca Agra
38
Portfólio: Marcelo Silva
ARQUITETURA 44
Edifício sede do banco Intesa Sanpaolo
50
Portfólio: Fillipe Faria
ARTE 56
Goya Lopes
| 6 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 7 |
DESIGN
| 8 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
O mundo pelos olhos de
Morandini
Uma entrevista com a visão de um dos designers mais expoentes da atualidade. Texto: Eliezer Santos | Imagens: Cortesia de Morandini
Filho de peixe, peixinho é. O ditado é an-
Dando apenas uma olhada básica em suas
tigo, mas não faltam exemplos de pessoas
criações, fica fácil perceber as característi-
que dão sentido a ele. No caso de Morandi-
cas de seu estilo e automaticamente reco-
ni, ele não foge muito a essa regra.
nhecemos essa sua quase “assinatura” em
Nascido em família de pessoas envol-
todos os seus demais trabalhos.
vidas com as artes, Morandini cresceu num
Morandini tem se destacado não só no
ambiente de liberdade, de brincadeiras na
Brasil, como também no exterior. China e
rua e infância tranquila, como muitos outros
Colômbia estão entre os países que se en-
brasileiros. Talvez, por isso, esta liberdade
cantaram com o seu talento e o contrataram
toda seja quase uma marca registrada em
para alguns trabalhos. Há 30 anos atuando
seus trabalhos. Dono de um estilo único de
como designer gráfico, Morandini não se
criação, seus trabalhos chamam a atenção
define exatamente como tal. Em sua visão,
pelas cores fortes e formas descontraídas.
ele não é ilustrador, nem artista gráfico, nem DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 9 |
O mundo pelos olhos de Morandini designer, mas uma mistura de ambos. É uma
cipalmente, ensinamentos informais passa-
visão interessante, pois ele não se limita a
dos por ele.
um estilo ou um conjunto de habilidades es-
Tive uma infância bastante livre, jogando
pecíficas, mas dá a si mesmo a liberdade de
bola e brincando na rua, mas boa parte dela
flutuar por várias possibilidades. E quando
também foi passada com lápis e papel na
falamos de criatividade, ter liberdade para
mão, desenhando incansavelmente.
criar é algo fundamental.
A maioria das crianças desenha des-
Confira a entrevista que fizemos e
de cedo. Comigo não foi diferente, mas
conheça um pouco mais deste gran-
não parei mais e a escolha da carreira
de profissional:
acabou sendo algo absolutamente natu-
Para começar, conte-nos um pouco sobre os seus 30 anos de trabalho. Como
ral para mim. Comecei
minha
carreira
profissional
foi o seu início, o que você acha que teve
como desenhista técnico. Logo após con-
mais destaque?
cluir meu primeiro curso superior, abri o
Nasci numa família onde a arte fazia
estúdio, em outubro de 1985. No começo
parte do dia-a-dia. Meu pai era um artista
fazia um pouco de tudo: peças editoriais,
amador e autodidata. Além de pintor, ele
produtos,
era um excelente violinista e artista gráfico,
rial promocional e o que mais aparecesse.
apesar de nunca ter exercido essas ativida-
Depois de uns cinco anos, com uma visão
des para ganhar a vida. Assim, sempre tive
mais apurada da área, passei a me dedicar
um contato estreito e um fácil acesso aos
essencialmente à criação de marcas gráfi-
materiais de arte, livros de pintura e, prin-
cas e ilustrações.
| 10 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
embalagens,
cartazes,
mate-
No fundo, não me considero um desig-
uma linguagem universal para expressar,
ner ou um ilustrador nas concepções exatas
buscar ou dar sentido às coisas, materializar
dessas palavras. Sou um criador de imagens
uma ideia ou um conceito e, principalmente,
que não consegue enxergar com muita cla-
comunicar algo para alguém.
reza as fronteiras entre as atividades de de-
O que mais me agrada na minha ativida-
signer, ilustrador e artista gráfico. Vivo inva-
de é a imprecisão de uma imagem. Normal-
dindo esses espaços, caminhando com um
mente forneço apenas uma pequena por-
pé de cada lado e tentando manter um míni-
centagem da mensagem. A outra parte fica
mo de equilíbrio.
a cargo do observador, que vai mergulhar
Esse tipo de atuação meio heterodoxa
naquela proposta e extrair dela seu próprio
nem sempre é bem vista pelos profissionais
entendimento e tirar suas próprias conclu-
mais conservadores, mas não consigo seguir
sões. É uma dinâmica que torna cada tra-
por outro caminho e sou extremamente rea-
balho vivo e aberto, possibilitando um novo
lizado trabalhando assim.
diálogo a cada novo olhar.
O que ilustrar representa pra você? Poderia tentar descrever em palavras?
Como foi o desafio de trabalhar em um projeto para a China?
O homem sempre teve necessidade de
Todo trabalho voltado para uma cultura
traduzir em imagens aquilo que vivia, ima-
diferente exige um grande trabalho de pes-
ginava, sentia ou desejava. Desenhar é uma
quisa. É preciso que ele seja validado de al-
das atividades mais antigas da humanidade.
guma forma pelo público a que se destina.
Sempre achei as palavras muito limi-
O mais desafiador é que essa validação só
tadas para expressar aquilo que gostaria e
será aferida na prática, quando o trabalho
nunca fui muito bom fazendo uso delas. Para
ganha as ruas e mostra a cara de verdade.
mim, criar imagens é uma forma de vencer
Enquanto está no conforto do estúdio ou
essa limitação das palavras. É fazer uso de
no campo das pesquisas, é apenas um emDMBr #14 - Março/Abril 2016 | 11 |
O mundo pelos olhos de Morandini
| 12 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
brião que pode ou não dar certo. Esse é o
zavam que estava nascendo algo de muito
desafio diário de quem cria imagens, sejam
bom para a sociedade.
elam voltadas para um morador da China
Hoje, o projeto é um sucesso, oferecen-
ou da próxima esquina. Nessa área não há
do cursos livres de artes para crianças e
garantias de acerto. Nem a experiência dá
adolescentes e tendo alguns desdobramen-
esse alicerce. Julgo isso como algo muito
tos, como o Arte Gerando Renda, que minis-
bom e positivo, pois não permite que você
tra cursos de formação prática em artes e
se acomode. É preciso enfrentar cada desa-
artesanato para adultos.
fio como se fosse a primeira vez.
A imagem que cedi tem sido utilizada
Você já fez trabalhos também para ou-
em toda a identidade visual do Favela Mun-
tros países. Fazendo uma pequena compa-
do. Sempre acreditei que é meu dever retri-
ração: em sua opinião, quais clientes são
buir ao mundo um pouco daquilo que ele
mais exigentes e quais são mais maleáveis,
me proporcionou, principalmente por meio
os daqui ou os do exterior?
do meu trabalho e das minhas imagens.
Via de regra, há clientes mais maleáveis
Por último, você também gosta de
ou mais exigentes em qualquer parte. Não
expor seus hobbies, como reaprovei-
acho que isso seja uma característica ligada
tar coisas. Há mais algum hobbie que
à nacionalidade.
você tenha?
Ao longo do tempo, meu trabalho foi
As transformações que faço nada mais
ganhando um viés cada vez mais autoral. In-
são do que minha forma de ver as coisas e
voluntariamente, criei uma espécie de iden-
a nossa relação com o meio-ambiente. Em
tidade profissional, onde os trabalhos têm
tempos de produtos descartáveis e obsoles-
uma característica própria bastante acen-
cência programada, acho fundamental que
tuada. Se por um lado isso limita um pouco
passemos a olhar as coisas de uma maneira
o campo de atuação, por outro ele permite
diferente, dando uma nova chance aos obje-
que os clientes, sejam daqui ou de outros
tos que seriam descartados.
países, tenham uma noção prévia daquilo
Sou um apaixonado por tecnologia e por
que receberão como resposta às suas soli-
novidades de qualquer espécie, mas acredi-
citações. Isso facilita bastante a relação e o
to fortemente na busca de um equilíbrio en-
desenvolvimento de cada trabalho.
tre inovação e consumo.
Graças às novas tecnologias, as distân-
Dessa forma, passei a adotar uma pos-
cias têm ficado cada vez menores e traba-
tura de reutilização e reaproveitamento aqui
lhar para clientes de outras partes do mun-
no estúdio. Muitos dos móveis daqui têm
do ficará cada vez mais fácil e corriqueiro.
muita história para contar, mas se integram
Fale um pouco sobre o projeto Fave-
perfeitamente com outras coisas mais mo-
la Mundo, o que ele representou para
dernas. Não vejo sentido em descartar um
você e como foi trabalhar num projeto de
gaveteiro antigo de madeira maciça com
cunho social?
mais de meio século de existência se ele
Quando o idealizador do Favela Mundo - um ator do Rio de Janeiro - me procurou,
pode ser restaurado e existir por mais 100 anos como se fosse novo.
o projeto ainda estava no papel. O entu-
Além de reduzir o descarte e o consumo
siasmo dele e o teor das propostas sinali-
desnecessário, isso acaba sendo um exercíDMBr #14 - Março/Abril 2016 | 13 |
O mundo pelos olhos de Morandini cio de design, pois algumas peças acabam
O que vale mesmo é fazer a diferença na
assumindo outras configurações ou tendo
vida das pessoas. Tocar, emocionar e provo-
outras funções.
car a reflexão.
Em relação a outras atividades, sou apai-
O essencial é contribuir com a socie-
xonado por esportes. Pratico corrida de lon-
dade, devolvendo a ela um pouco daquilo
ga distância há mais de 20 anos e sou faixa
que recebemos.
preta de Judô, esporte que comecei a praticar há mais de 40. “Para mim, não importa se é design, arte ou ainda uma terceira possibilidade, sem definição.
| 14 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
O valor do nosso trabalho está em seu legado. No que ele pode oferecer de bom para o mundo. Para mim, isso é o que verdadeiramente importa.” (Morandini)
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 15 |
DESIGN
| 16 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
Uma entrevista com
Walter Barroso Com o seu ateliê em bom ritmo e preparando novos projetos, o criativo vai gerindo as suas paixões pela arquitetura e pelo Design, consolidando o seu negócio no ambiente laboral hostil de São Paulo. Entrevista por Tiago Krusse | Imagens: Cortesia de Walter Barroso
O que o leva a exercer mais como de-
cer a arquitetura. Meu design foi reconheci-
signer do que como arquiteto? Que fatores
do por concursos, inclusive duas vezes no
estão associados a essa predisposição?
maior concurso de Design da América Lati-
Antes mesmo de cursar Arquitetura e Ur-
na, o Salão Design, daí para frente comecei
banismo já esboçava desenhos de mobiliá-
a trabalhar somente com design. Este ano,
rio e produtos diversos. Nunca deixei minha
já habilitado, começo também a exercer a
cabeça parar, a todo momento penso em
profissão de Arquiteto, que tenho um amor
algo que possa melhorar a sociedade, trazer
imenso. O ser humano e as relações sociais
uma emoção diferente. Durante o curso co-
e de emoção sentidas, são para mim a força
mecei a participar de concursos de design,
motriz do meu design, seja no motivo arqui-
devido a não estar habilitado ainda a exer-
tetônico ou de objeto. DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 17 |
Entrevista com Walter Barroso
Quem foram as pessoas que mais o marcaram no seu percurso acadêmico e que experiências universitárias lhe deixaram memórias mais vivas no seu cotidiano? Meu percurso acadêmico foi marcado por muitos professores que olhavam minha trajetória e faziam daquilo uma força motriz de apoio, tenho muito a agradecer a uma grande professora e amiga, Marcia Aps, que sempre teve a gentileza de me apoiar e estar disponível; também Mauricio Azenha, grande amigo e professor, que constantemente me dá dicas e oferece ajuda, Professor Ruy Debs Franco, Marcio Brasil, David Lopes, Claudio Paneque, meu orientador de trabalho final de curso, entre outros, que em seus momentos acadêmicos trouxeram alguma informação que eu guardo e relembro na hora de resolver problemas da profissão. Uma vivência extremamente importante na vida foi o período de curso na Universidade de Coimbra, que fez a cabeça abrir para muitas outras ideias em ambas as áreas, um período que tenho saudade e guardarei para sempre no meu coração. | 18 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Quando decidiu abrir o seu ateliê e como tem sido até ao momento gerir um negócio que é só seu? Logo após ter meu trabalho reconhecido, comecei a ver que seria ótimo poder trabalhar fazendo o design e arquitetura do jeito que imaginei. Sempre quis ser o arquiteto que leva para casa de todos uma qualidade de vida, e é isso que pretendo com projetos paralelos e fixos que venho fazendo no decorrer da carreira.
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 19 |
Entrevista com Walter Barroso Como é trabalhar a partir de uma cidade como São Paulo? Como é que planeja a sua presença no mercado e como são criadas as oportunidades de negócio? São Paulo é um local de trabalho hostil, uma das maiores cidades do mundo. Nada por ali pára. O movimento é constante e agressivo, é preciso ser forte para aguentar. Apesar de inúmeras oportunidades existentes da grande São Paulo, há também a decadência em níveis altíssimos da qualidade de vida, que eu pelo menos prezo de maneira primordial. Minha presença no mercado de lá ainda está em processo de início, mas através de um grande projeto que está por surgir, acho que a presença da arquitetura e do escritório em si, seja em São Paulo ou nível Brasil será bem maior.
Quais são as maiores dificuldades sentidas na gestão do seu ateliê? Os maiores problemas em questão são na área de projetos de mobiliário. Temos hoje no Brasil uma dezena de profissionais fazendo designs diferenciados, mas ao mesmo tempo sem apelo. Mesmo sem apelo de design, tudo vem ao mercado levado pelo nome do mesmo, isso faz com que o nível intelectual do design brasileiro seja duvidoso. É complicado ver o Brasil pegar referências de design de países internacionais e ao mesmo tempo não dar o devido valor a profissionais daqui. | 20 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
A sociedade brasileira entende as vantagens de procurar o trabalho de um arquiteto ou de um designer? Infelizmente o Brasil ainda está engatinhando para esse quesito. Hoje o designer tem muito mais valor dentro de uma indústria do que há 5 ou 10 anos. Apesar disso ainda vemos muitas indústrias recusando designers, mesmo pagando royalties mínimos. Na arquitetura houve uma grande mudança, mas da mesma forma, estamos ainda no começo. Creio que em alguns anos o valor de um bom arquiteto e designer seja finalmente reconhecido, e esse profissional esteja em todos os lares e empreendimentos.
Como foi a sua experiência na indústria do mobiliário? Como é que o trabalho do designer é encarado dentro de uma empresa? Desde o começo da carreira de designer em 2011 o processo foi vagaroso mas sempre com muito prazer. Tenho a sorte de trabalhar com indústrias abertas a novidades e que estão sempre dispostas, como a Toca da Movelaria, em Arapongas no estado do Paraná. Posso dizer com propriedade que o trabalho do designer dentro dessa indústria, assim como a Empório das Cadeiras, empresa também de Arapongas, é reconhecido de forma excepcional. Lá o design é a chave para o sucesso. DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 21 |
Entrevista com Walter Barroso O que fazem as empresas de mobiliário
Como avalia a qualidade dos processos
em relação aos produtos que vão lançan-
de trabalho e o nível de inovação tecnoló-
do? Há preocupações e investimento na
gica apresentados?
forma como esses produtos vão ser comunicados aos consumidores?
Como disse nos termos do design e arquitetura, estamos começando. Apesar disso,
Totalmente, a preocupação da indústria
temos tecnologias de máquinas importadas
com o design e como ele chegará ao con-
trabalhando a nosso favor para trazer a me-
sumidor é total. Todos os designers passam
lhor qualidade. Algumas grandes indústrias
pelo crivo da empresa para a decisão dos
como as que falei investem milhões para ter
melhores designs e seguindo as tendências
a máquina certa e conseguir resultados dig-
de mercado do ano. O investimento é anu-
nos de artesãos. A qualidade na produção em
al. Todos os anos indústrias como as que eu
madeira, posso arriscar dizer que é uma das
trabalho, fazem grandes investimentos para
melhores do mundo, o Brasil trabalha de for-
melhorar a qualidade dos produtos e poder
ma excepcional com a madeira, apesar disso
chegar a um produto final que comunique de
temos muitas dificuldades quando chegamos
forma afinada ao público.
a assuntos como plástico injetável, fibra de vidro, entre outros. Estes são processos que deixam o custo extremamente alto.
| 22 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Quais são os principais objetivos do seu ateliê para os próximos anos e quais as novidades que tem em carteira?
Quais são as suas maiores aspirações e preocupações profissionais? Um dos meus maiores sonhos é: ver o
Novidades o ateliê possui todos os dias,
“arquiteto” como um profissional essencial
a criação por aqui não pára, apesar disso
para qualquer parte, seja na construção ou
existem outros projetos importantes sendo
interiores, acho que todos, sem exceção tem
desenvolvidos na área de arquitetura. Um
que ter contato com um profissional da área,
projeto importante está em desenvolvimen-
esse é o profissional que te dá qualidade
to e será lançado em breve, não posso co-
de vida, e qualidade de vida é a chave para
mentar sobre no momento, mas posso ga-
viver bem. Quanto à preocupação, te digo
rantir que serão os primeiros a publicar algo,
a verdade, me preocupo com tudo, quero
quando lançar.
sempre tudo em ordem, e é através desse novo projeto futuro que tentarei trazer essa ordem para a arquitetura e logo logo, levar a qualidade a todos os lares. Todos têm que ter o direito de viver bem e felizes.
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 23 |
DESIGN
| 24 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
Design Indaba A better world through creativity. Texto: Mayara Wal | Imagens: Divulgação / Design Indaba
Design Indaba é uma plataforma multi-
O festival acontece desde 1995 na Cidade
disciplinar que acredita em um mundo me-
do Cabo, e desde então se tornou referên-
lhor através da criatividade, é formado por
cia no cenário criativo global. O evento atrai
um site (designindaba.com) e um Festival
e apresenta os talentos e destaques da área,
anual. Indaba, tem dois significados em zulu,
apóia projetos, negócios criativos e iniciati-
“reunião de pessoas” e “novidade”. Ravi Nai-
vas educacionais. Suas publicações online
doo, idealizador do projeto, uniu os dois em
atingem mais de meio milhão de visitantes/
um evento de caráter didático, que coloca o
ano. A primeira edição aconteceu apenas dez
ouvinte no centro das atenções. São três dias
meses após as eleições que levaram Man-
de conferências que reúnem novos talentos
dela à Presidência do país. “Quando Mandela
e profissionais renomados nacionais e inter-
venceu as eleições em abril de 1994, o efeito
nacionais de várias especialidades. Entre os
em nós, sul-africanos, foi como um tsunami
brasileiros que já participaram da conferên-
interno, uma revolução dos ânimos. Era o mo-
cia estão Marcelo Rosembaum, Alex Atala e
mento de recomeçar a escrever a história do
Fred Gelli nessa edição.
nosso país”, relembra Ravi Naidoo. DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 25 |
Design Indaba
Festival 2016
co sobre o estilo de trabalho colaborativo
O Festival desse ano aconteceu nos dias
do coletivo. Se aproxima muito do ativismo
17, 18 e 19 de fevereiro. E já comecou o primei-
urbano e arquitetura, mas também envolve
ro dia com histórias de colaboração, comuni-
designers, artistas e a população em geral.
dade e “coragem criativa”.
Trabalham de uma maneira que transforma o ambiente em um espaço de participação
DIA 01 – Seleção de algumas das palestras do primeiro dia.
pública e orgulho. Acreditam que a criatividade e o coletivo transformam.
A primeira apresentação foi do casal Stevo
Nick Finney e Alan Dye foram apresen-
Dirnberger e Chanel Cartell. Eles têm uma his-
tar o NB Studios, o estúdio que eles criaram
tória legal com o festival, dizem que foram ins-
seguindo o mantra “creative courage”, co-
pirados por uma palestra do Stefan Sagmeister
ragem criavita (tradução livre). Ao invés de
no evento de 2014, resolveram pedir demissão,
uma paletra tradicional, os dois resolveram
vender tudo e viajar pelo mundo. Criaram en-
representar uma situação na qual apresen-
tão o projeto “How Far From Home” onde falam
tavam um pitch para um cliente. Pontuaram
sobre o poder do tempo livre e de sair da zona
em forma de manifesto as coisas não ditas e
de conforto para extimular a criatividade.
interações entre cliente e agência:
Depois foram Paloma Strelitz e James
Aprenda as regras antes de quebrá-las;
Binning, membros do Assemble, que deram
Suposição é a mãe de todos os erros; Inde-
continuidade ao evento. O coletivo de arquite-
cisão mata; Seja seu próprio cliente; Se tudo
tura ganhou o Prêmio Turner 2015, organizado
é importante, então nada é importante; Fale
pela Tate Gallery, que premia artistas visuais
a verdade, esteja em tempo; A vida é muito
de todas as catergorias. Falaram um pou-
curta para não ser um designer.
| 26 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Hillary Cottam, empreendedora social britânica, falou sobre sistemas de design que promovem trocas e relacionamentos, podem transformar a vida das pessoas. É fato que no Reino Unido mais pessoas morrem de solidão do que de câncer. Pensando sobre como resolver esse problema Cottam desenvolveu um sistema em uma comunidade ao sul de Londres chamado Circle. O sistema promove a interação dos residentes para ajuda mútua em troca de créditos. Uma vez que o relacionamento entre os moradores ficou mais forte, a ida ao médico caiu em 70% do habitual, sendo que muito se devia à carencia por contato humano. Erik Kessels ensinou a importância de se fazer de “idiota” ao menos uma vez por dia. Ele que é um dos homens mais influentes da Holanda, publicitário, galerista, editor e artista com um estilo impecável, um dos donos da Kesselskramer. Seu
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 27 |
Design Indaba
trabalho é cheio de humor e muito inteligente, como a campanha do Pior hotel de Amsterdã, feita com muitas imagens bizzaras encontradas. Alfredo Brillembourg, arquiteto venezuelano esteve no festival em 2012, e enquanto estava pela África do Sul começou a investigar como poderia fazer diferença nos municípios densamente povoados em volta da Cidade do Cabo. Desde então começou a trabalhar no Empower Shack. Um projeto piloto de habitação popular, o projeto tem como objetivo desenvolver moradias de forma compreensiva e sustentável. A palestra de Brillembourg foi um vibrante apelo à ação e sublinhou que coletividade e pensamento global é a chave para salvar nossas cidades.
| 28 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
DIA 02 – Teve arquitetura japonesa, coziOs
gêmeos
egipcios
Haitham
ramenta para conexão. Um bom exemplo é a logo das Paralimpíadas que inclui
nha espanhola e até rock sueco. and
elementos sonoros.
Mohammed El Seht, do Twins Cartoon,
Elena Arzak do Restaurante Arzak, é a
deram um insight sobre o mundo dos
quarta geração da família a trabalhar na cozi-
cartoons árabes. São os idealizadores do
nha do restaurante que é inspirado nos tradi-
projeto “Kawkab el rasameen”, Pintores
conais sabores da região do país Basco. A chef
do planeta ( tradução livre), que cresceu
diz que a razão do sucesso do restaurante é a
em uma grande comunidade de artistas
inovação. Ela acredita que a comida que ser-
locais que promove intercâmbios e trocas
vem é totalmente única, cada prato conta uma
entre profissionais e amadores. Mais re-
história, pois cozinhar é uma ferramente social
centemente os irmãos fundaram a Garage
de compartilhamento de experiências e me-
Comic Magazine.
mórias, que cria conexões e ajuda a construir a
O Brasil teve sua presença muito bem
identidade de um certo local.
representada esse ano pelo Fred Gelli,
Sou Fujimoto, o trabalho desse arquiteto
dono do Estúdio Tatil. Responsável pelo
se baseia no âmbito fídico e filosófico. Ele
look and feel da identidade visual das
acredita que a arquitetura não deve delimi-
Olimpíadas e Paraolimpíadas 2016 no
tar espaços pelas suas funções, pelo contrá-
Rio. Gelli contou que a inspiração do seu
rio, deve permitir que as pessoas modelem
trabalho vem da natureza. Seu trabalho
suas próprias experiências. Como exemplo
é muitas vezes multi-sensorial pois acre-
de seu trabalho único, o Serpentine Pavilion
dita que emoção é uma importante fer-
e Mille Arbres em Paris.
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 29 |
Design Indaba DIA 03 – Fechando a edição 2016 com um mix eclético de talentosos designers. Thomas Poulsen, artista dinamarquês, conhecido como FOS, possui um mix de projetos bacanas no seu portfólio. Desde a criação da decoração das lojas da Celine (marca de alta custura francesa), um bar flutuante na bienal de Veneza, projetos arquitetônicos até exposições de arte. O pivô do seu trabalho é o encorajamento da participação das pessoas nos espaços públicos. FOS, que sabe misturar muito bem as duas áreas, diz que o design deseja criar soluções enquanto a arte é um modelo de dúvidas. Alex McDowell, gênio cinematográfico e designer estabelecido em Los Angeles, descreve seu trabalho como “world building”, construindo mundo (tradução livre), e acredita que logo as histórias vão ser contadas em uma linha menos linear. Estamos entrando em uma era pós-cinematográfica, com realidades virtuais e aumetadas. Para finalizar o evento, tiveram ainda palestras com o mestre em palavras Naresh Ramchandani, designer espanhol de renome Jaime Hayon e um grand finale com uma apresentação e discussão sobre o mundo da música com Imogen Heap. Para quem ficou curioso, todas as palestras ficam disponíveis em vídeo na plataforma online do festival. Assistam e fiquem ligados nas novidades e nos próximos eventos.
| 30 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 31 |
DESIGN
| 32 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
Portfólio:
Rebecca Agra www.behance.net/agradoce
Eu me tornei designer por acidente. Entrei no curso sem nem saber o que era e vi-
bra-cabeça de ideias que absorvi, o que me leva à essência do projeto.
rou uma grande paixão. Me formei em 2004
Acho que realizar trabalhos em vá-
e resolvi seguir carreira. Sou muito curiosa
rios estilos enriquece a bagagem cultural
e gosto de me desafiar, por isso fui do im-
e ajuda a identificar as necessidades do
presso à interface.
mercado. Tenho meu estilo, mas não me
Meu processo criativo já começa na con-
prendo a ele, mantenho a cabeça aberta
versa com o cliente. Um briefing bem fei-
para as tendências. Isso me dá uma me-
to me inspira. É um desafio alinhar o que o
lhor percepção visual do mundo e uma
cliente quer com o que o público dele quer.
experiência que ajuda a comunicar para
Adoro criar projetos autorais também, isso
públicos diferentes.
mantém minha criatividade em dia. Cada trabalho, pra mim, é como montar um que-
Por isso que ter um estilo é legal, mas saber ultrapassá-lo é melhor ainda. DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 33 |
| 34 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 35 |
| 36 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 37 |
DESIGN
| 38 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
Portfólio:
Marcelo Silva www.maranatadesign.com
Designer gráfico desde 2002. Apesar de
pre explorando novas oportunidades.
ter estudado mecânica geral no SENAI e
Expandi meus conhecimentos trabalhan-
exercido a profissão dos 15 aos 18 anos, de-
do como designer e fotógrafo de produtos
cidi mudar minha carreira.
em uma importadora, depois fui para a área
Era um tempo de novidade da tecnologia
de comunicação visual onde descobri novas
e crescimento da internet que fez com que
ferramentas como o 3D Max, que me propor-
eu me apaixonasse pela área de criação.
cionou novas experiências na área de even-
Curioso, fui pesquisando e aprendendo na prática, mas também me especializei como designer gráfico pela Escola Impacta de Tecnologia.
tos como projetista de stands e cenografia. No site Maranata Design estão alguns dos meus projetos e carreira profissional. Não consigo me desligar do design, ele
Trabalhei na área gráfica onde aprendi
está no meu trabalho, nos meus momentos
o processo desde um cartão de visitas até
de descanso, nos meus projetos pessoais e
uma embalagem mais complexa, mas sem-
nos meus hobbies. DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 39 |
| 40 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 41 |
| 42 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 43 |
ARQUITETURA
| 44 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
Edifício sede do Banco
Intesa Sanpaolo Ícone de sustentabilidade, um dos prédios mais altos de Turim é laboratório ambiental e social. Texto: Danielli Wal | Imagens: Cortesia de Renzo Piano Building Workshop
A cidade emoldurada por montanhas e
metropolitana. Um dos vários benefícios para
com poucos edifícios altos, acolhe bem o
as imediações foi a revitalização do jardim
edifício que foi projetado respeitando seu
adjacente, Giardino Nicola Grosa, em espaço
entorno e sua história. Renzo Piano idealizou
lúdico de convivência, que é acessado atra-
além de um arranha-céu, um projeto urbano
vés da galeria que cruza o hall de entrada da
com uma urbanidade discreta que o une aos
sede do banco.
habitantes da cidade.
A torre de 38 andares, ou 166 metros, di-
A sede do banco Intesa Sanpaolo se lo-
vide-se em três pavimentos de garagens, um
caliza nas imediações da estação Porta Susa,
jardim rodeado por um restaurante e um jar-
em uma zona estratégica e importante da
dim de infância, um pavimento de serviços,
cidade devido a sua proximidade ao centro
26 andares dedicados a escritórios e um pa-
histórico, a uma concentração excepcional
vimento para academia, com espaços e servi-
de serviços públicos e instalações de escala
ços abertos ao público. DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 45 |
Fotografia: Enrico Cano
Edifício sede do Banco Intesa Sanpaolo
A vocação pública do edifício é revelada
Ao leste e ao oeste, colunas que definem
através de dois volumes em especial. O vo-
o volume dos elevadores e das escadas con-
lume mais baixo é ocupado por uma sala de
ferem identidade ao projeto. Ao sul, as esca-
conferência flexível que acomoda até 364
das de conexão dos andares estão imersas
pessoas e, transforma-se, de acordo com a
em um jardim de inverno vertical, onde trepa-
necessidade do evento, de sala de confe-
deiras e a fachada motorizada filtram a luz.
rências a de exposições, apresentações ou performances. A estufa bioclimática, com ventilação natural, é o segundo volume em questão. Com três níveis abertos ao público, abriga um restaurante com jardim, sala de exposições e um terraço no telhado. A torre bioclimática está repleta de alternativas sustentáveis, uma delas é a fachada de vidro duplo, que possui um sistema de aberturas e telas solares com persianas motorizadas para controlar a perda de calor no inverno, a entrada de calor no verão e proteger o edifício nos dias de sol mais intenso. | 46 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Fotografia: Enrico Cano
Fotografia: Enrico Cano
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 47 |
Edifício sede do Banco Intesa Sanpaolo A preocupação com as condições dos es-
A otimização da energia consumida, a
paços de trabalho também caracteriza o edi-
maximização da utilização de iluminação
fício que recebe mais de 2000 funcionários e
natural e o avançado sistema de automa-
convidados. A qualidade do espaço dos escri-
ção em conjunto com estratégias passivas,
tórios, com pé direito alto e iluminação indire-
reduzem o consumo de energia e garantem
ta natural, demonstra a atenção especial com
conforto térmico ao edifício. Tais estratégias
qual foram pensados.
combinadas com o planejamento antecipa-
O projeto da sede do banco Intesa Sanpaolo resulta de pesquisas avançadas que apro-
do ajudam na certificação do edifício com o selo LEED¹ Platina.
veitam as fontes naturais de energia presen-
Como as montanhas encapadas pela
tes no entorno. A água subterrânea é utilizada
neve que emolduram Turim, a torre é co-
para o resfriamento dos escritórios e a energia
berta por uma combinação de materiais
solar é captada por toda a fachada sul, através
brancos fotossensíveis que formam va-
de painéis fotovoltaicos. No verão, o ar frio da
riações sutis de acordo com o horário do
noite é armazenado em estruturas de concre-
dia e as estações do ano, e faz com que o
to entre os pisos, e transmitidos aos escritórios
prédio seja quase imaterial e luminescen-
durante o dia através de painéis de irradiação.
te como o gelo.
Fotografia: Enrico Cano
Fotografia: Enrico Cano
| 48 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Fotografia: Enrico Cano
Tão belo quanto eficiente. A preocupação
Ficha Técnica
com a urbanidade e sustentabilidade justificam
Intesa Sanpaolo office building - 2006-2015
o premiação ArchDaily Building of the year 2016.
Local: Turim, Itália
O prêmio é baseado na inteligência coletiva de
Cliente: Intesa Sanpaolo
55 000 leitores do site ArchDaily, que filtraram
Autor: Renzo Piano Building Workshop, ar-
dentre os mais de 3 000 projetos apresentados no site de arquitetura em 2015, para eleger
chitects _ http://www.rpbw.com/ Concurso, 2006.
5 finalistas e então, o vencedor. Dentre as cate-
Equipe: P.Vincent, W.Matthews, C.Pilara with
gorias selecionadas há projetos de arquitetos
J.Carter, T.Nguyên, T.Sahlmann and V.Delfaud,
brasileiros, inclusive uma casa em São Paulo,
A.Amakasu; O. & A. Doizy
mas este projeto fica para uma próxima!
Equipe de projeto: P.Vincent and A.H.Temenides (parceiro), C.Pilara, V.Serafini, with A.Alborghetti, M.Arlunno, J.Carter, C.Devizzi, V.Delfaud, G.Marot, J.Pattinson, D.Phillips, L.Raimondi, D.Rat, M.Sirvin and M.Milanese, A.Olivier, J.Vargas; S.Moreau (aspectos ambientais) ; O.Aubert, C.Colson, Y.Kyrkos , A.Pacé (maquetes).
Fotografia: Enrico Cano
Equipe de consultoria: Inarco (arquitetura); Expedition Engineering / Studio Ossola / M.Majowiecki (estrutura); Manens-Tifs (serviços); RFR (fachada); Eléments Ingénieries / CSTB / RWDI (estudos ambientais); Golder Associates (hidrogeologia); GAE Engineering (prevenção de incêndio); Peutz & Associés / Onleco (acústica); Lerch, Bates & Associates (transporte vertical); SecurComp (security); Cosil (iluminação); Labeyrie & Associés (equipamentos de áudio e vídeo); Spooms / Barberis (equipamentos de cozinha); Atelier Corajoud / Studio Giorgetta (paisagismo); Tekne (custos); Michele De Lucchi / Pierluigi Copat Architecture (interiores); Jacobs Italia (supervisão de obra).
¹ O certificado LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é concedido pela Organização não governamental-ONG americana U.S. Green Building Council (USGBC) e certifica as construções sustentáveis em selos variados de acordo com critérios pré estabelecidos de racionalização de recursos que um edifício deve atender.
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 49 |
ARQUITETURA
| 50 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
Portfólio:
Fillipe Farias www.fillipefarias3d.com
Desde pequeno sempre fui apaixonado por desenho. Meu sonho era ser cartunista,
plamente usado no mercado e resolvi migrar para ele.
mas acabei começando meu ensino médio
Depois de um tempo estudando e
juntamente com um curso de técnico em
montando um portfólio, trabalhei numa
eletrônica e deixei o desenho de lado.
empresa de ilustração tridimensional por
Logo que formei conheci o Autocad e me apaixonei. Comecei a trabalhar como
três meses e atualmente trabalho como “cadista” e freelancer.
“cadista” e nesse meio tempo conheci o
Sou acadêmico de arquitetura pela uni-
Blender. Me apaixonei perdidamente pelo
versidade Universidade Nilton Lins. Tenho
mundo 3D e comecei a aprender maquete
23 anos, moro com meus pais na cidade de
por conta própria, sempre na internet e com
Manaus e gasto a maior parte do meu tem-
vídeos do YouTube.
po aprendendo 3D. Após formado pretendo
Inicialmente usando Blender, acabei percebendo que o 3ds Max era mais am-
abrir um escritório de arquitetura e ilustração arquitetônica. DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 51 |
| 52 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 53 |
| 54 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 55 |
ARTE
| 56 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
Goya Lopes A estampa brasileira tem a cara da estilista. Texto: Eduardo Madeiro | Imagens: Cortesia de Goya Lopes
Como não falar de estampa sem falar na influência africana e indígena na moda? E que tal transformar isso tudo em uma mistura abrasileirada.
queriam a palavra na sociedade, queriam mostrar nossas raízes nacionais. E onde entra a estampa nesse contexto? A nova geração não queria parecer com
A moda de estampas étnicas surgiu forte
seus pais, com a ideia de padronização nas
nos anos 60. Muito se deve à influência hippie
roupas neutras para se “encaixar” no mo-
norte americana. O clima de “paz e amor” grita-
delo de sociedade perfeita estipulada pelo
va mais forte nas pessoas que estavam lutando
“politicamente correto” a ser copiado. Se-
por um mundo de igualdade, e aqui no Brasil
ria o momento de colocar a “cara a tapa” e
essa onda não seria diferente.
questionar que país era o Brasil. Nossos jo-
O Tropicalismo foi o movimento que se
vens buscavam achar um ponto de referên-
apropriou da ideia hippie americana, porém
cia nacional, pois suas lutas eram outras em
com uma nova linguagem. Os jovens brasileiros
comparação aos americanos. DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 57 |
Goya Lopes
| 58 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016
A caça de encontrar uma identidade pró-
caminho das artes como um grande meio
pria brasileira era aparentemente a grande
de comunicação de luta pelos seus direitos
base do movimento tropicalista. Músicos
contra uma ditatura que buscava calar. Nessa
como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Gosta
luta, podemos citar a estilista Zuzu Angel, que
e Maria Bethânia eram alguns dos ativistas
encontrou na moda uma forma de gritar toda
nessa nova mudança de geração. Usando
sua indignação que estava sofrendo na sua
como forma de expressão suas músicas e
vida pessoal, além de relatar ao mundo uma
seus corpos.
ditadura que “sumia” com seus presos polí-
As indumentárias tinham grande apelo vi-
ticos no país. Ela fez coleções em busca de
sual nesse período, onde eram explorados a
expressar todo aquele acontecimento de dor
sensualidade, a atitude e o grito de mudan-
e de expectativa que se misturavam a borda-
ças. Uma miscelânea cultural que unia refe-
dos, cores e estampas. A esperança de uma
rências de nossas tribos indígenas e nossas
mãe, Zuzu, em busca de justiça.
influências negras. Logo caiu em gosto popular por refletir grande alegria de liberdade.
Hoje o Brasil tem uma grande influência no mercado da moda internacional com suas
No Brasil, nossos jovens encontraram
estampas, graças à mistura cultural nacio-
vários meios de ser expressar, inclusive no
nal. Temos grandes marcas, estilistas, desig-
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 59 |
ners de superfície e, acima de tudo, grandes
Goya, qual a sensação de conseguir se
pessoas criativas que trabalham no ramo
expressar através de suas estampas, você
da costura e varejistas em geral que conse-
sente que consegue transmitir uma verda-
guem fugir do modismo atual do mercado de
de nos seus trabalhos? Tem um contexto de
moda fashionista.
resgate de raízes culturais?
Podemos citar como exemplo de esti-
Goya Lopes: Meu trabalho tem sim a in-
listas que se reinventam e buscam inspira-
tenção de ousar, ter a coragem de criar e
ção em novas releituras étnica, a estilista
construir novos padrões que transmitem a
Goya Lopes, uma profissional que busca
nossa história, nossa ancestralidade, nossa
fugir desse mercado maçante de venda por
luta e cor local, com um reconhecimento e
quantidade. Ela busca uma relação de mui-
identificação verdadeiramente vinculada à re-
to carinho e respeito com suas estampas.
ferência de raízes culturais.
Nota-se em seus trabalhos uma nova rou-
---
pagem ao tema étnico. Suas leituras de
Respondida minha pergunta, como não
estampa étnicas tem uma brasilidade. A
dizer que Goya é uma linda? No melhor jeito
preocupação de acrescentar cores e no-
informal de um elogio à estilista, em conseguir
vas formas ao seu trabalho fica bem visível
manter o resgate nacional da história brasileira.
como podemos observar nas imagens.
Viva a moda brasileira, viva o povo nordestino.
Fui perguntar à Goya se seu trabalho tinha
Fiquem à vontade para se deliciar com
relações com essas influências, a qual obser-
as belas estampas da coleção da estilista.
vei no meu processo de pesquisa para com-
Aproveitem e busquem acessar seu e-com-
parar suas estampas.
merce no site: www.goyalopes.com.br
| 60 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016 | 61 |
| 62 | DMBr #14 - Marรงo/Abril 2016