DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 1 |
Editorial
Design na era digital Como profissionais criativos, a maior parte do nosso trabalho é pensar. Pensar em diferentes soluções, para diferentes problemas, de diferentes produtos ou serviços, para diferentes públicos. Mas depois de tanto pensarmos, precisamos desenvolver, testar e refinar na prática as soluções encontradas. É nessa hora que costumam entrar, de forma quase que invariável, as ferramentas digitais com as quais estamos tão acostumados. Elas já fazem parte do nosso sistema, da nossa metodologia, do nosso dia-a-dia. Tempos atrás, na época de profissionais como Alexandre Wollner ou Aloísio Magalhães, não havia isso. Não havia essas ferramentas digitais. Ainda assim, seus trabalhos eram impecáveis, alguns ainda presentes nos dias de hoje, e vários servindo de inspiração e material de estudo e exemplo acadêmico. Esses mestres, com certeza, deixaram suas marcas na história do design. Hoje em dia parece ser mais difícil vermos profissionais com tanto peso. Será que os designers das novas gerações conseguiriam se virar sem um computador? Sem Photoshop, Illustrator, Corel Draw? Essas ferramentas são, afinal, uma evolução do processo de trabalho e uma extensão da capacidade do profissional ou apenas uma dependência, um atalho, uma muleta? Conseguiríamos nos virar sem uma pen tool, uma vasta biblioteca de fontes, camadas e, o mais importante, sem poder dar Ctrl + Z?
Lucas Fernandes
Diretor
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DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 3 |
Créditos Ano III - Edição 15 - Maio/Junho 2016 Diretor e editor
Redatores
Ilustração
Lucas Fernandes
Danielli Wal
Douglas Silva
Eduardo Madeiro
Gilberto Ferreira
Consultor editorial
Lucas Fernandes
Tiago Krusse
Mayara Wal
Colaboradores Angela Mansim (Brand Connector
Designers
Revisão
Douglas Silva
Juliana Teixeira
Hebert Tomazine
Lourrane Alves
Capa
Leandro Siqueira
Lucas Fernandes
Willian Matiola
do Cafundó Estúdio Criativo)
Lucas Fernandes
Site designmagazine.com.br
i3c3.com.br
Redes Socias /revistadesignmagazine.br
A Design Magazine Brasil é uma projeto de
@DMBr_Oficial
Lucas Fernandes e do Grupo I3C3. O conteúdo aqui publicado pertence aos seus
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sem prévia autorização.
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Sumario DESIGN 08
Entrevista com Amanda Louisi
18
Design sim, mas com tecnologia
24
Infográfico: Design Pré-Digital
28
Portfólio: David Bargon
ARQUITETURA 34
Zaha Hadid
ARTE 46
Vik Muniz
52
Portfólio: Tiago Castanha
58
Resenha: Aquarela
62
Portfólio: Flavio Emanuel
68
Resenha: Tudo aquilo que você não aprendeu na escola de fotografia
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O iF DESIGN AWARD 2017 está com as inscrições abertas Inscrições podem ser feitas online até o dia 20 de outubro de 2016 Publicitários, arquitetos, designers e empresários do mundo todo estão convidados para inscrever projetos; participe e receba o selo de maior destaque internacional do setor do design. Projetos podem ser inscritos nas seguintes disciplinas: • Produto • Comunicação • Embalagem • Arquitetura • Design de Interiores • Conceitos Profissionais • Design de Serviços As inscrições para o iF DESIGN AWARD 2017 estão abertas até o dia 20 de outubro de 2016 no link: www.ifworlddesignguide.com.
DESIGN
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Entrevista com
Amanda Louisi Um “toma lá, dá cá” sobre design Entrevista por Mayara Wal | Imagens: Cortesia de Amanda Louisi
Paulista de apenas 24 anos, essa desig-
Então dá uma lida na nossa conversa ba-
ner gráfica freelancer já é uma apaixonada
cana com a Amanda Louisi que também
por Brand Identity e organiza o Behance
é amiga do querido Walter Mattos que já
Portfólio Reviews, mas têm descoberto e
marcou presença aqui na revista algumas
explorado novos caminhos. Ficou curioso?
edições atrás. DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 9 |
Porque escolheu a área de design?
os templates. Eu já tinha aprendido como
É uma história longa que vou tentar re-
modificá-los no HTML e fazer headers, bo-
sumir:
tões e edição de imagens no photoshop.
Aos 15 anos eu estava em meu primeiro
Apesar de esse ser meu hobby desde
emprego como estagiária de direito. Minha
os 13 anos, eu jogava pra longe a ideia de
mãe trabalha no judiciário e é bacharela em
ganhar dinheiro fazendo algo que eu amo
direito, então é um meio em que eu já es-
(pasmem), por temer o risco de eu passar a
tava familiarizada. Porém o trabalho não me
odiar devido à rotina.
dava muito prazer e eu não me via fazendo isso no futuro. Faltava pouco tempo para eu terminar o
Mas não teve jeito. Fora o direito, essa era a segunda coisa que poderia me dar um emprego, então resolvi tentar.
ensino médio e a pressão social começa a
Consegui emprego em uma pequena
pedir que você escolha uma faculdade. Isso
empresa de comunicação visual da minha
me levou à reflexão sobre o que mais eu sa-
cidade e entrei na faculdade de design grá-
bia fazer para poder mudar de área.
fico no mesmo mês. Não demorou muito
Nessa época, eu cultivava o hábito de
para eu me apaixonar por design e enten-
desenhar e alimentava três blogs - que
der como ele já faz parte de mim desde que
estavam longe de serem bem sucedidos
eu nasci (acredito que isso acontece para a
- pelo simples fato que um dos meus pas-
maioria dos designers).
satempos preferidos era ficar customizando | 10 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
Bem, eu disse que eu ia tentar resumir.
Você é bem nova mas já tem bastantes
material para uma loja e eu percebia que
experiências profissionais, conta um pou-
não tinha unidade com a fachada, ou com
co como começou a sua carreira.
a sinalização, ou com os anúncios. Isso me
No design, comecei trabalhando em uma empresa de comunicação visual.
incomodava bastante. Com o tempo, passei a tentar tornar a comunicação dos nossos
Fazíamos fachadas, sinalização e am-
clientes cada vez mais padronizada, sem
bientação para lojas. Nessa época aprendi
saber que estava desenvolvendo uma iden-
bastante sobre impressão de grandes forma-
tidade visual.
tos, materiais, fechamento de arquivos, etc. Um problema comum no nosso dia a dia era quando íamos desenvolver algum
Quando comecei a entender melhor essa prática e desenvolvê-la melhor, veio a decisão: Quero trabalhar com identidade de marca!
DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 11 |
Sal+doce | 12 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
Uma experiência profissional que marcou bastante sua carreira. Optar por ser freelancer. Essa experiência me ensinou muito sobre finanças, prospecção, marketing pessoal. Aumentou muito minha auto-confiança e me fez perceber que posso desenvolver meus métodos, ter controle dos prazos e ter clientes que respeitam minha agenda. Não existe somente o modo “agência” de viver.
Já
deu
algumas
Palestras/cursos,
como aconteceu isso na sua vida? Pensa em seguir na área de educação?
de feiras de profissão, dar palestras e participar de bancas de avaliação. A ideia de estar na área da educação
Isso aconteceu porque eu amo falar.
está constantemente na minha cabeça.
Sério, eu estou sempre falando. Adoro per-
Pretendo ingressar nela dando cursos li-
guntar e compartilhar o que sei, então esse
vres e, quem sabe, um dia estar em al-
meu perfil logo acabou me colocando para
guma faculdade. Estou me preparando
fazer seminários na faculdade, participar
pra isso. DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 13 |
Sobre Publicações, já que também somos uma publicação online, dá umas dicas do que acha legal explorar e informar para o público em geral. Acredito que além de conteúdo de inspiração, é importante explorar temas de produtividade e qualidade de vida. São assuntos que acabamos negligenciando, sendo que, conhecendo mais sobre eles, poderemos viver e trabalhar muito melhor. Também é fundamental que existam mais sites e blogs falando sobre os princípios do design e compartilhando o que nos trouxe aonde estamos hoje. Estamos criando, atualmente, um padrão de conteúdo de inspiração mais baseado em estética do que em função, resolução de problema, o que na verdade é a raíz do design. | 14 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
Como aconteceu o seu envolvimento no
Em 2014 recebi o convite pra organizar
Behance Portfolio Reviews? O que é e qual a
e me apaixonei pela ideia de poder ajudar a
importância que você vê desses encontros?
colocar estudantes e profissionais em con-
O Behance Portfolio Reviews foi um di-
tato. Poder conversar com pessoas mais
visor de águas. Estive em um dos primeiros
experientes potencializa a evolução dos
em 2012 para ser avaliada, e percebi que se
participantes e diminui o acanhamento de
eu quiser, posso ter contato direto com as
submeter seu trabalho a críticas.
pessoas que eu admiro. É como se uma pa-
Isso sem mencionar o quanto o even-
rede imaginária tivesse sumido. A partir dali
to contribui para a criação de uma rede
me senti livre pra contatar todo profissional
de contatos.
que pudesse me dar dicas e me ajudar a melhorar meu trabalho.
Amanda Louisi e Victor Luna
Sobre o Behance, qual é importância na vida profissional dos designers? E dá uma dica de como utilizar essa ferramenta. O Behance é uma das ferramentas que um designer pode ter para mostrar seu tra-
encontre, se comporta ao procurar alguém para contratar. É importante observar a estrutura das apresentações que te deixam mais envolvido e ganham o seu “appreciate”.
balho, se inspirar e conhecer outras pessoas.
O designer Walter Mattos fez um vídeo
É possível conseguir várias oportunida-
bastante interessante sobre boas práticas
des utilizando o Behance, mas para isso é
no Behance, super recomendo:
importante entender como valorizar seu trabalho e como quem você quer que o
youtube.com/watch?v=ys28XecQR6w DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 15 |
Entrevista com Amanda Louisi pedimos
design de serviços e design de experiên-
para nossos entrevistados deixarem um re-
cia. Portanto o momento que essa socieda-
cadinho para os leitores, do que acham da
de for oficializada, ela trará muitos desafios
área, das perspectivas para 2016 e beyond!
e experiências novas.
Terminando,
Falando
como
sobre
sempre,
minhas
perspectivas,
Outro acontecimento que planejo para
este ano deve ser marcado com duas es-
esse ano é minha entrada, de fato, na área
treias na minha vida profissional: A abertu-
da educação.
ra do meu escritório com o designer Victor
Existem mais alguns projetos para 2016,
Luna (www.victorluna.com.br), que já vem
mas estão um pouco flutuantes, porque vi-
trabalhando comigo em alguns projetos
ver como freelancer faz com que tenhamos
desde 2010.
de mudar de planos a todo o momento.
A nossa parceria está me levando a explorar outras áreas do design, bem como
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Para finalizar, deixo um recado que é muito falado, mas poucos absorvam:
Acredite em você. Tenho visto profissionais incríveis deixando de ser notados por receio de falar em uma reunião, de dar sua opinião, de expressar uma ideia que pareça maluca. Não acreditam na validade do seu ponto de vista e em seu trabalho isoladamente, somente dentro de uma empresa grande. Procure estudar, ler e conhecer mais, isso o tornará mais seguro do que está fazendo ou dizendo. Com isso, você gradualmente perderá o medo da palavra “não”, e não irá demorar muito até começar a se surpreender consigo mesmo. Muito obrigada Amanda pelas suas palavras bacanas de incetivo para finalizar o papo dessa edição. DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 17 |
DESIGN
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Design sim,
mas com tecnologia ou vice-versa Texto: Angela Mansim | Imagens: Cortesia de Cafund贸 Est煤dio Criativo
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Hoje em dia não existem mais barrei-
conjunto com designers, o que faz com
ras entre as áreas de atuação, quanto mais
que o entendimento sobre o projeto, em
amplo for o conhecimento, multitask a
sua totalidade, seja melhor e que sejam
equipe e multidisciplinar o serviço presta-
evitados problemas de comunicação entre
do, melhor será o processo de desenvol-
as áreas de execução.
vimento e, assim, o produto final gerado.
O que antes era considerado gasto
Quando as pessoas trabalham em am-
extra, investir em inovação e tecnologia,
bientes como estes, entendendo a impor-
hoje se tornou um gasto indispensável e
tância do potencial criativo, dos valores
também um motor de renovação cons-
das conversas informais e da dedicação
tante para as empresas. A inovação, em
de tempo que proporciona novas ideias, a
sua própria concepção, é um fator que
inovação se torna intrínseca ao cotidiano.
envolve riscos, podendo vir a “dar certo”
Mas isso já não é mais novidade.
ou não. Mesmo assim, quem não inova
Como resultado, hoje vemos muitos developers e engenheiros trabalhando em
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hoje em dia não é visto, é isso também, não é mais novidade.
A exemplo disso, o Cafundó Estúdio Criativo, estúdio de Florianópolis/SC, vem trabalhando com design e tecnologia em projetos que entregam experiências interativas para as pessoas. Como referência conheça alguns trabalhos autorais que envolvem design e tecnologia e que demonstram o alto potencial que essas áreas juntas desempenham.
Bravura Bullfighting VR Game http://cafun.do/VR_Game
Bravura Bullfighting VR Game O Bravura começou com uma ideia na cozinha - como todo projeto autoral desenvolvido pelo estúdio. Se tornando um projeto transmídia que foi de uma animação 3D para um aplicativo, um livro ilustrado, e agora, um jogo para Realidade Virtual. A perfeita união entre design e tecnologia que utiliza diversas mídias de exibição. DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 21 |
DIY Hologram http://cafundo.tv/diyhologram/
DIY Hologram
CafundoRA
Com o objetivo de popularizar a holo-
Um aplicativo feito de realidade aumen-
grafia, o DIY Hologram é um site feito para
tada para as pessoas terem em seu próprio
facilitar ainda mais a feitura de pirâmides
celular. A união entre ilustração, gráfico, web
holográficas. Desenvolvido pensando-se em
design, usabilidade e programação. O apli-
acessibilidade, o site mostra como aliar de-
cativo é free.
sign para facilitar inputs tecnológicos.
CafundoRA http://cafun.do/1rixWd5 | 22 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
OVO Interactive Uma animação interativa 360 graus para mobile. A união entre várias áreas do Design com novas tecnologias. Um projeto autoral feito pelo estúdio para entender novos softwares e possibilidades.
OVO http://cafun.do/OVOInteractive
Cafundó Estúdio Criativo Um lugar onde as botas se perdem e as ideias se encontram. cafundoestudio.com.br
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Vocês já pararam para pensar em como as tecnologias de hoje em dia nos ajudam em nossos trabalhos? Melhor, já pararam para pensar como era antigamente?
Fontes
Tipos móveis Por volta de 1450 surge a prensa móvel, criada por Johannes Gutenberg. Nela as palavras eram formadas por peças de metal, chamadas de tipos. Cada tipo “imprimia” uma letra. Hoje, basta baixar um arquivo e pronto! Você tem no computador a fonte que quiser.
Impressoras digitais
Fotolitos Antigamente, impressões em grande escala eram feitas por meio de impressoras offset, onde a tinta é transferida para um rolo ou placa, e então para outro rolo ou placa que servia como um grande carimbo, e só então para a superfície onde deveria ser impressa.
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Guias e Formas (elipse, retângulo, etc)
Régua, esquadro, transferidor e compasso Essas eram as principais ferramentas usadas antigamente para construir um grid ou inserir formas geométricas perfeitas em seus projetos.
Brush Tool
Pincel Antes com cerdas de material natural ou sintético, hoje de pixels. Não parece existir, entretanto, um consenso sobre quando deve ter sido inventado, já que a própria pintura é praticamente tão antiga quanto os seres humanos.
Ctrl X, Ctrl V
Tesoura e cola Um par de lâminas articuladas para cortar e uma substância líquida para colar. Embora devam ter sido inventadas por volta de 1500 a.C, as tesouras de aço, como as que conhecemos hoje, foram produzidas e popularizadas em 1761, por Robert Hinchliffe. Já o primeiro uso de materiais adesivos ocorreu há cerca de 200 mil anos!
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Ctrl Z
Borracha Isso era o mais próximo que tínhamos de uma ação de “desfazer”. O produto extraído do látex foi descoberto em 1736 por Charles Marie de La Condamine, mas só teve sua capacidade de apagar lápis notada em 1770, por Joseph Priestley.
Impressora 3D
Esculturas Mármore,
bronze,
argila,
madeira e cera eram alguns dos materiais possíveis para se criar arte em três dimensões. E o processo era bem demorado. Hoje, além desses, basta o clique de alguns botões.
Mesa digitalizadora
Mesa de desenho ou cavalete Essas eram as superfícies de apoio de desenhos usadas antigamente. Podiam não ser tão confortáveis quanto desenhar diretamente no computador, mas com certeza tinham seu charme.
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Pen Tool
Curva de Bézier As que
ferramentas temos
hoje
vetoriais devem
muito a algoritmos desenvolvidos em 1957 por Paul de Casteljau e apresentados ao público em 1962 por Pierre Bézier.
Ctrl C
Fotocopiadora Apresentada em 1959 pela Xerox, foi uma verdadeira revolução tecnológica. Antes disso, outra técnica automática de cópia era por meio de papel químico, conhecido como papel carbono, inventado, em 1801, por Pellegrino Turri, inicialmente para o uso em máquinas de escrever mecânicas e posteriormente para mimeógrafos.
Está certo que as ferramentas não fazem o profissional, mas com certeza ajudam muito. Ou você vai me dizer que teria coragem de trabalhar com alguns desses itens, que poderiam ser considerados antiquados? DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 27 |
DESIGN
| 28 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
Portfólio:
David Bargon behance.net/davidbargom
Olá, sou David Bargom! Designer grá-
Tenho
várias
inspirações
profissionais,
fico há 8 anos e apaixonado por artes em
Fred Gelli, dono da Tátil é uma. Tanto que
todas as suas formas. Atualmente sou só-
o logo da Rio 2016 é uma de minhas inspi-
cio-diretor da Agência Tiga. Fiz Publicida-
rações. O conceito flat, paleta em bureau
de e Propaganda na Anhanguera e me es-
e linhas arredondadas me fascinam.
pecializei em Social Media. Com isso, virei
Hoje, com a agência Tiga, atendo
aficionado por design web, onde consigo
clientes de vários tamanhos e para todos
elaborar peças com um conteúdo próprio.
busco passar o conceito de ‘branding
Elaboro materiais que devem ter alma,
e alma’ em todos os projetos.
Acredito
uma vida por trás. Mostrar algo além dos
que é sim possível gerar resultados com
olhos, sensações e sentimentos que só
valores. E muito mais possível impactar
com um bom estudo é possível conseguir.
pela influência. DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 29 |
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Foto: Mary McCartney
ARQUITETURA
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Zaha Hadid “Você não pode ensinar arquitetura. Você pode apenas inspirar as pessoas.” - Zaha Hadid (1950 - 2016) Texto: Danielli Wal
Uma das mais famosas e bem sucedidas
repleta de movimentos, motivo pelo qual era
arquitetas da história nos deixa aos 65 anos.
também conhecida como “rainha das curvas”.
É com muita tristeza que na quinta feira,
Zaha nasceu em Bagdá em 1950, es-
dia 31 de março de 2016, o escritório Zaha
tudou matemática na American University
Hadid Architects (ZHA) anunciou o repen-
(AUB) em Beirute, antes de se mudar para
tino o falecimento da arquiteta Dama Zaha
Londres e estudar arquitetura na Architec-
Hadid. Ela estava internada em Miami para
tural Association (AA) School of Architecture
tratamento de bronquite e sofreu um ataque
em 1977. Logo após sua graduação traba-
cardíaco nas primeiras horas daquela manhã.
lhou em Rotterdam com seu professor Rem
A arquiteta anglo-iraquiana, fã confessa
Koolhaas e Elia Zenghelis, no escritório OMA
de Oscar Niemeyer, tinha como marca re-
- Office for Metropolitan Architecture. Dois
gistrada uma linguagem ousada e orgânica,
anos depois, em 1979 deu início ao escritório DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 35 |
Dominion Office Space Moscow
| 36 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
Foto: Hufton Crow
Zaha Hadid
Zaha Hadid Architects, que conta até hoje com a parceria do arquiteto e diretor Patrick Schumacher. Em 1993 teve seu primeiro projeto construído, o Vitra Fire Station, em Weil am Rhein na Alemanha. Zaha Hadid foi a primeira mulher a romper e transformar o universo da arquitetura internacional. Sua trajetória foi muito premiada. Em 2014 foi a primeira mulher a receber o prêmio Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura internacional, e este ano foi a primeira mulher a receber a Medalha de Ouro do Instituto Real dos Arquitetos Britânico. O nome de Zaha é sinônimo de referência máxima da boa arquitetura contemporânea. Ela também ganhou o Stirling Prize, o mais prestigioso prêmio de arquitetura, em
Foto: Hufton Crow
DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 37 |
Zaha Hadid duas ocasiões: em 2010 com o MAXXI Mu-
lo de Dama da Ordem do Império Britânico,
seu, em Roma e novamente em 2011, pelo
concedido pela rainha da Inglaterra, pelos
Evelyn Grace Academia, em Londres.
serviços de arquitetura prestados ao país. Em paralelo ao escritório Zaha lecionou
Commandeur de l’Ordre des Arts et des Let-
em diversas instituições renomadas ao redor
tres da República da França e o Praemium
do mundo, como a Universidade de Colum-
Imperiale, do Japão. Em 2012 recebeu o títu-
bia, Harvard, Illinois, Yale e de Artes Aplica-
Foto: Luke Hayes
Foto: Luke Hayes
Entre seus muitos prêmios estão a
| 38 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
Render: ZHA
das de Viena. Ela também era membro honorário da Academia Americana de Artes e do Instituto Americano de Arquitetura. Em seu escritório, muito reconhecido por valorizar a pesquisa em design e investigação, trabalham diversos profissionais de áreas e nacionalidades variadas. Os projetos de arquitetura, de cunho artístico e de design são sempre inovadores em tecnologia e sustentabilidade. Destacam-se dentre seus projetos recentes, em concluídos em 2015, o complexo comercial Dominion Office Building MosDMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 39 |
Zaha Hadid cow, na Russia, o Edifício Investcorp para a Universidade de Oxford, no Reino Unido e o MMM Corones - Museu Messner da Montanha Corones, na Itália. Hadid também deixou um pouco do seu
Foto: inexhibit.com
legado no Brasil. Em 2008 trouxe seu olhar
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Foto: Werner Huthmacher
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Zaha Hadid ao universo da moda para a Melissa e em 2014 inicia o projeto do Residencial Casa Atlântica, em Copacabana. “As formas natu rais d a to po g raf i a
Render Casa Atlantica Copacabana credito ZHA
d o Rio de Janeiro geram uma qual i d a-
| 42 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
Render Casa Atlantica Copacabana credito ZHA
d e e l ás tic a e m a l eável d ent ro d o tec i d o ur ban o d a c id a d e, a o p a s s o q u e o d i n ami s m o d e C o p a c a b a n a , co m s u a e n e rg i a e r it m o , fa z d es te, u m d o s espaço s pú b l ico s m a is im p o r t a ntes d a c i d ad e”- co m ento u o es c r itó r io Z a h a Had i d A rc h itec t s s o b re o res id en c ia l d e 11 pav im ento s . DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 43 |
Zaha Hadid O projeto do edifício Casa Atlântica en-
generosas varandas e dividindo cada pavi-
gaja-se ao ritmo e vitalidade da cultura de
mento em unidades residenciais, ao mesmo
praia urbana de Copacabana, bem como
tempo que estabelece continuidade com te-
com a fluidez do seu famoso calçadão ide-
cido urbano da Avenida Atlântica. Uma pioneira “corajosa e radical”, cujo
flui definido pela estrutura que se transfor-
enorme impacto no mundo da arquitetura é
ma e se expande a cada nível, definindo as
inegável. Sua ausência será sentida.
Render: ZHA
alizado pelo paisagista Burle Marx. O projeto
| 44 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
Foto: Brigitte Lacombe
DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 45 |
ARTE
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Vik Muniz Aquele que enxergou na sarjeta a arte de compreender a beleza da alma. Texto: Eduardo Madeiro | Imagens: vikmuniz.net
Vik Muniz poderia ser mais um artista na multidão, porém, o brasileiro conseguiu
leção de obras, como podemos perceber nas fotos elaboradas no lixão do gramacho.
prestígio e respeito com suas obras grandio-
Mergulhando um pouco mais, vamos
sas. Do anonimato, aos grandes museus e
chegar à Baixada Fluminense, mais preci-
galerias, agradando críticos e conquistando
samente ao Jardim Gramacho, onde, pelo
a admiração popular.
intermédio do documentário Lixo Extraordi-
Ele utiliza-se de grandes assemblages
nário, podemos observar uma combinação
contemporâneas, onde ele mistura elemen-
entre o abandono de uma população que
tos inusitados que vão de resíduos não bio-
busca sua sobrevivência e a beleza do artis-
degradáveis à macarronada ao sugo. Dessa
ta de tentar resgatar, mesmo que em forma
enxurrada de objetos, nasce uma vasta co-
de minutos, o real valor da dignidade daDMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 47 |
| 48 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
quele povo do lixão, do qual já ouvimos falar como meros catadores de lixo. “Por que a pobreza é feia, é igual nome de doença maligna”, diriam os mais negativistas. No filme, com a ajuda dos moradores, ele usa do contraste da realidade dura para filtrar a essência de sua obra, um belo se constrói atrás do encontro de extrema pobreza, do lixo que renasce em obra. Como falou Simone Weil: “Beleza é a harmonia entre o acaso e o bem.” Posso estar falando em um achismo, quando me coloco a pensar de como Vik consegue ver arte no banal, ou melhor, na sarjeta humana em que se encontra a humanidade atual. Fugindo um pouco do lixão, e buscando enxergar inspirações de outros artistas em suas obras, me veio a mente, o pintor Arcimboldo, obra de comparação foto 4. Nota-se na obra dos dois artistas uma busca em detalhar DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 49 |
Vik Muniz
| 50 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
cada objeto, com uma intensão de colocar o espectador a passear com o olhar, também podemos notar uma questão de bivalência, que os dois artistas criam ao abusarem do recurso da visão de ótica, que “brinca” com o observador, fazendo este se aproximar e distanciar da tela para interagir com a obra. Creio que Vik me levará ao mergulho de querer saber sempre mais sobre o artista, sua visão do cotidiano oco contemporâneo, é uma base de reflexão. O universo de suas obras é muito vasto, mas consegui captar algumas de suas mensagens, como, o seu olhar para o meio ambiente, a importância com o ser humano retratado de forma particular, a preocupação com o outro e a sociedade que necessita ser notada. Fez-me refletir como o belo pode ser encontrado, até mesmo, em algo que eu não conseguiria ver, com os olhos carnais.
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ARTE
| 52 | DMBr #15 - Maio/Junho 2016
Portfólio:
Tiago Castanha behance.net/tiagocastanha
Desde criança sempre gostei de criar e in-
cias de publicidade, o que fez com que eu
ventar coisas. Fosse com massa de modelar
pudesse entrar em contato com diversas
ou com lápis e papel, estava sempre fazendo
mídias e tipos de projetos, desde identi-
algo. Acredito que isso definiu muito o cami-
dades visuais complexas até campanhas
nho que eu seguiria daí pra frente, e o apoio
publicitárias, por exemplo.
da minha família deu a força necessária para que esse caminho se tornasse realidade.
Hoje, meu foco está se tornando a ilustração. Ela deixou de ser apenas um hobbie
Me formei em Design Gráfico em 2011
para se tornar também um objetivo pro-
e desde então não parei de procurar no-
fissional. Entre cursos, projetos pessoais e
vas formas e linguagens para fazer meus
alguns projetos profissionais, acredito ter
trabalhos. Já tive a oportunidade de traba-
reencontrado aquela criança que estava
lhar em escritórios de design e em agên-
sempre com lápis e papel em punho. DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 53 |
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ARTE
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Resenha:
Aquarela Um guia. Uma galeria portátil. Um livro essencial para os amantes de pintura. Texto: Lucas Fernandes | Imagens:: Cortesia GG Brasil
Um compilado magnífico de dicas - das
na Bradford School of Arts & Media, no
mais simples às mais complexas - e exem-
Reino Unido. Além disso, é autora de di-
plos que todo aquele que deseja se apro-
versos blogs, dentre eles o mais conheci-
fundar nos estudos de pintura com aquarela
do é o drawdrawdraw.
deve ter em mãos.
A versão original do livro é de 2015 e
Helen Birch, autora desse livro, é ar-
todas as imagens usadas como exemplos
tista plástica e professora de ilustração
são de artistas contemporâneos. Como a DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 59 |
Resenha: Aquarela
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pintura é algo praticamente atemporal,
Dados Técnicos
com certeza esse é um livro que vai levar
Aquarela
bastante tempo para ficar desatualizado. E
Helen Birch
mesmo que fique, seria apenas em relação
publicado por Editora GG Brasil
às técnicas, já que a inspiração transcende
18 x 12,7 cm
as barreiras do tempo.
208 páginas
A cada par de páginas, Helen apresenta
ISBN: 9788584520442
uma técnica diferente, com uma explicação
Capa: Brochura
detalhada guiada por um exemplo de algum
2016
outro artista, além de uma dica sobre a mesma. As técnicas apresentadas não se limitam apenas à aquarela tradicional, mas também passam por guache, nanquim e até mesmo pelo meio digital. Se você curte pintura, seja como profissional, por hobby ou apenas como admirador, esse livro foi feito para você. Ele é não apenas um guia, mas também uma linda galeria que você pode levar para onde quiser. Se inspire, pratique e crie!
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ARTE
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Portfólio:
Flavio Emanuel fotosdeflavio.com
Me tornei fotógrafo por angústia.
lo ao trabalho de executivo, experimentei
No início da minha carreira, fui produtor
e estudei animação, artes plásticas, cine-
gráfico, artefinalista, designer e diretor de
ma e vídeo, e fotografia. Hoje sou Fotó-
arte em agências de propaganda em Araca-
grafo Corporativo em uma multinacional.
ju e Curitiba. Depois disso, exerci, por cerca
Fora desse expediente, mantenho a linha
de 9 anos, os cargos de executivo de contas
de pesquisa e produção voltada para as
de Publicidade e também de Promoções,
diversas formas de interação entre o ho-
principalmente para a área de Cultura, no
mem e o habitat que criou para si nas ci-
Rio de Janeiro.
dades. A artificialidade dos centros urba-
Desde que saí do universo gráfico,
nos, a exclusão social e a relação com o
passei a me sentir desconfortável e segui
espaço são tópicos que me chamam bas-
em busca de canais de expressão mais
tante a atenção, e estão sempre presentes
próximos da minha linguagem. Em parale-
na minha fotografia. DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 63 |
ARTE
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Resenha: Tudo aquilo que você não aprendeu
na escola de fotografia Um guia para entrar, se manter e crescer no mercado de trabalho. Texto: Lucas Fernandes | Imagens:: Cortesia GG Brasil
A maioria dos cursos – sejam técni-
vive em Nova Iorque. Ele atua principalmen-
cos, livres ou acadêmicos – independente
te nas áreas de fotografia comercial e edi-
da área que sejam, irão te ensinar diversas
torial. Assim como a maioria, ele também
coisas teóricas e práticas para sua atuação
começou por baixo, sendo assistente de ou-
profissional, dentro do seu (possível/futuro)
tros grandes fotógrafos. Entre seus clientes
emprego. O que eles quase nunca te ensi-
estão The Wall Street Journal, CNN.com e
nam é como conseguir o dito cujo.
Sony BMI.
Essa é a função desse livro, apresentar di-
O livro foi escrito em 2015 e publicado
versas dicas que vão te ajudar a guiar seu ca-
originalmente pela Octopus Books, parte da
minho no mercado de trabalho. Nesse caso,
Hachette UK. Seu conteúdo é bastante útil
especificamente o mercado de fotografia.
para aqueles que estão começando agora e,
Demetrius Fordham, que assina esse manual, é um fotógrafo alemão, mas que
com certeza, também teria sido, para os que começaram no passado. DMBr #15 - Maio/Junho 2016 | 69 |
Resenha: Tudo aquilo que você não aprendeu na escola de fotografia
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Quase como se fosse um passo-a-passo,
Se você está no começo dos seus es-
Fordham vai te guiando pelo desafiador per-
tudos para se tornar um grande fotógrafo,
curso que você precisará atravessar nesse
esse livro foi feito para você. Ele serve como
meio. Ele não tenta te convencer de que será
um complemento perfeito para os seus es-
um caminho fácil, muito pelo contrário, mas
tudos, já que, como diz o título, ele tem a
de que você precisará se esforçar bastante
intenção de te ensinar tudo aquilo que você
para ultrapassar o nível de mediocridade e se
não aprenderia em outro lugar.
tornar um verdadeiro e completo profissional. Não à toa que “Comece”, é o título apenas do terceiro capítulo, mostrando que antes disso você já precisa saber de várias outras coisas. Onde começar, como se apresentar, que
Dados Técnicos Tudo aquilo que você não aprendeu na escola de fotografia Demetrius Fordham
roupa vestir, como se portar num set de fo-
publicado por Editora GG Brasil
tografia? Como montar seu primeiro portfólio,
12 x 18 cm
como lidar com outros profissionais, como
208 páginas
cuidar da sua marca pessoal? Essas são ape-
ISBN: 9788584520428
nas algumas das várias perguntas respondi-
Capa: Cartonado
das nesse livro.
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