Revista do Hospital Militar de Área de Brasília 2017

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Palavras do Diretor

COMPROMISSO E QUALIDADE GARANTIDOS NO CUIDADO À FAMÍLIA MILITAR Coronel Médico QEMA Roosevelt Louback de Carvalho Diretor do Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB)

Foi em 1960, quando tivemos a fundação da cidade

de Brasília, em 2010.

de Brasília, que surgiu o nosso hospital, fruto da necessi-

Ao reverenciar a nossa história, devemos agradecer

dade de garantir a assistência em saúde aos militares

aos homens e mulheres que ajudaram o nosso hospital

desbravadores de uma nova cidade e copartícipes dos

a superar tantos desafios e transformações, mantendo

sonhos do presidente Juscelino Kubitschek, em ter uma

sempre vivo o ideal de servir a todos que buscaram

nova capital para o nosso amado Brasil.

socorro, alívio ou orientação em nosso serviço. Nunca

Ao longo das décadas, Brasília tem crescido e se de-

foi esquecida nossa importante missão: a de garantir a

senvolvido, buscando se preparar para um futuro desa-

assistência de saúde aos beneficiários do Sistema de

fiador. Da mesma forma, o nosso hospital tem buscado

Saúde do Exército. É de fundamental importância ter

crescer, se modernizar e se adaptar às constantes de-

nossos objetivos e ideais fortalecidos com as lembran-

mandas, visando se preparar para os desafios vindouros.

ças das ações de todos os que nos antecederam e tão

No começo de nossa existência, em 1960, estáva-

bem zelaram e cuidaram da nossa família militar.

mos formatados para atuar como um Posto Médico.

Que possamos olhar e enfrentar com coragem e ou-

Com o passar dos anos fomos crescendo e aumentando

sadia os desafios presentes e vindouros, ga-rantindo às

as nossas capacidades e, aos poucos, atingindo novos

futuras gerações a continuidade de um legado de com-

patamares de complexidade; dessa forma, avançamos

promisso, honra e profissionalismo, amor e competên-

rumo a uma constante transformação, até atingir o sta-

cia, afirmando a todos a certeza de que o Hospital Militar

tus de Hospital de Guarnição, em 1963, Hospital Geral de

de Área de Brasília estará sempre pronto para cuidar da

Brasília, em 1983, e, finalmente, Hospital Militar de Área

família militar.

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Histórico HMAB

58 ANOS DE EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO

1960

1965

1985

2010

O Hospital Militar de Área de Brasília é uma Organização de Saúde do Exército que apoia a 11ª Região Militar. Com sede na cidade de Brasília, foi criado em 27 de junho de 1960, durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek.

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No dia 29 de junho de 1965, o hospital teve seu quadro reforçado, sua estrutura ampliada e sua denominação passou a Hospital da Guarnição de Brasília. Em 1987, passou por nova reestruturação e sua denominação passou a Hospital Geral de Brasília (HGeB). Em 1º de janeiro de 2010, por meio da Portaria 729, de 7 de outubro de 2009, o HGeB mudou sua denominação para Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB). O HMAB presta assistência médico-hospitalar a toda a família militar na Guarnição de Brasília, atendendo também a pacientes de outras regiões do Brasil, principalmente Goiás e Minas Gerais. Também presta assistência aos militares das Forças Armadas e Forças Auxiliares de Guarnição.

MISSÃO Prestar assistência primária e secundária à saúde dos militares do Exército, pensionistas, dependentes e servidores civis.

VISÃO Ser uma Organização Militar de Saúde (OMS) reconhecida na assistência à saúde, no âmbito da área da 11ª Região Militar, dentro da qual os militares e civis tenham verdadeiro orgulho de servir, mantendo permanente excelência no atendimento aos usuários.

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Fisioterapia

EVOLUÇÃO PARA PROMOVER A SAÚDE Coronel Kênia Gomes do Carmo Chefe do Setor de Fisioterapia do HMAB

Próximo de seu aniversário de 50 anos de regulamentação no Brasil, a Fisioterapia tem caminhado, a passos largos, na busca de seu lugar na prevenção, proteção e promoção da saúde. Ciência especializada nas disfunções do movimento humano, ela sofreu profundas transformações no decorrer desses anos, num crescente e significativo desenvolvi-

mento e reabilitação das disfunções do movimento humano, atuando, principalmente, nas seguintes áreas: Fisioterapia na Traumatologia e Ortopedia, Fisioterapia para as Lesões do Esporte, Acupuntura e Hidroterapia. As especialidades estão distribuídas em três turnos, realizando cerca de 8 mil atendimentos por mês, num total de 16,8 mil procedimentos

mento técnico e científico, por mês. Setor de Fisioterapia do HMAB galgando, nas últimas décaApós o paciente receber das, autonomia, consistência o diagnóstico, o mesmo será conta com 20 militares e relevância na saúde pública. submetido a Avaliação Fisiofisioterapeutas especializados. O Brasil é um dos países terapêutica e encaminhado com maior número destes profissionais no mundo, para a especialidade que atenda às necessidades registrando, aproximadamente, 240 mil fisiotera- para a sua plena reabilitação. O tratamento consiste, peutas até julho de 2017, segundo o Conselho Fe- inicialmente, em dezesseis sessões de fisioterapia deral de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito). com duração aproximada de 50 minutos. TermiNo HMAB, o Setor de Fisioterapia conta com 20 nando as sessões, o paciente passa por uma reamilitares fisioterapeutas especializados no trata- valiação fisioterapêutica, podendo receber alta e/ou

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ser encaminhado para o médico especialista para uma reavaliação. O tratamento fisioterapêutico proposto no HMAB poderá ser composto pelos seguintes recursos: 1) Termo-elétricos, com o objetivo de proporcionar analgesia, recuperação da função muscular através dos equipamentos de infravermelho, tens, corrente russa e ultrassom; 2) Exercícios de reabilitação musculoesqueléticos, com o objetivo de melhorar a amplitude de movimento e o restabelecimento da força muscular. Utiliza-se exercícios isométricos e resistidos de baixa intensidade e sobrecarga por meio de caneleiras, halteres, elásticos ou o próprio peso corporal; 3) Exercícios de propriocepção e pliométricos, que têm o propósito de: proporcionar maior consciência corporal, melhorar o equilíbrio, a coordenação intra e extra articular e a qualidade dos movimentos realizados pelo paciente, minimizando, assim, futuras lesões. Os equipamentos utilizados são: cama elástica, disco de propriocepção, bola suíça, prancha de equilíbrio, cones, colchonetes, step e bosu; 4) As principais técnicas da terapia manual realizadas no setor de fisioterapia do HMAB são: mobilização articular, manipulação articular, mobilização neural, estabilização segmentar, osteopatia, quiropraxia, crochetagem, liberação miofacial, exercícios de postura com cadeias musculares, alongamento passivo e alto assistido; 5) A acupuntura consiste em práticas terapêuticas com diferentes abordagens para o diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças. O procedimento mais adotado no HMAB é a penetração na pele por agulhas metálicas muito finas e sólidas, manipuladas manualmente ou por meio de estímulos elétricos. As técnicas visam ajustar os canais energéticos do corpo, chamados de meridianos, de acordo com equilíbrio de yin e yang. Estudos atuais sugerem que o método estimule a liberação de substâncias químicas que alteram o sistema nervoso e proporciona efeitos de bem-estar em todo o corpo, através

do reequilíbrio do organismo. Sendo assim, é uma terapia muito apropriada a pacientes que apresentam transtornos orgânicos resultantes de tensões emocionais como o estresse, ansiedade, quadros álgicos intensos, fibromialgia, entre outras. 6) Hidroterapia ou fisioterapia aquática é uma atividade terapêutica que consiste na realização de exercícios dentro da água (piscina em torno de 34°), visando acelerar a recuperação do paciente com ganho de amplitude de movimento, força, alongamento, flexibilidade, diminuição do quadro álgico, melhora da mobilidade articular e da circulação do líquido sinovial. São diagnósticos e manifestações clínicas contempladas em nosso serviço: instabilidade articular (joelho, quadril, ombro, cotovelo), desequilíbrios musculares, entorses, tendinites, contusões, distensões musculares, lesões ligamentares (LCA, LCP, Ligamento Colateral), lesões articulares, lesões do menisco, overuse/overtraining, LER/Dort, pós-operatório de cirurgia ortopédica (próteses de quadril, joelho, ombro, artroscopias, dentre outras), hérnia de disco, osteoartrose, reabilitação pós-fraturas, contraturas e estiramentos musculares, lombalgia, lombociatalgia, distúrbios do ciático, cervicobraquialgia, síndrome do impacto, lesões do esporte, síndrome do túnel do carpo, cervicobraquialgia, lesão do plexo braquial, paralisia facial, distúrbios do ciático, de Quervain, lesões de nervos pós-trauma, síndrome do desfiladeiro torácico, fibromialgia, depressão e ansiedade.

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Oncologia

CÂNCER: É IMPORTANTE PREVENIR Segundo o Sistema de Informações de Mortalidade

imunoterapia e terapias de suporte, como, por exemplo, ini-

(SIM), o câncer já é a principal causa de morte em 10% dos

bidores de osteólise, G-CSF, dentre outras. Além disso, o

municípios brasileiros, ultrapassando as mortes por doenças

HMAB conta com o atendimento da equipe formada por

cardiovasculares, acidentes de trânsito e homicídios.

três oncologistas clínicos, uma enfermeira oncológica, duas

O Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB), entendendo a importância do diagnóstico do câncer e de sua prevalência, possui um am-

No HMAB o paciente com câncer é tratado de forma multidisciplinar e individualizada.

farmacêuticas, uma dentista e duas técnicas de enfermagem. Seguindo a tendência mundial, o serviço de onco-

bulatório de oncologia clínica onde se realiza o diagnóstico,

logia do HMAB entende que o tratamento do paciente com

tratamento e acompanhamento dos pacientes portadores de

câncer deve ser multidisciplinar e individualizado. Por isso,

neoplasias malignas (tumores sólidos e não hematológicos).

conta também com o apoio de outras especialidades mé-

Na unidade, os pacientes recebem os seguintes trata-

dicas, fisioterapia, nutrição e psicologia, para que o paciente

mentos oncológico-ambulatorial: quimioterapia (adjuvante,

tenha melhores chances de resposta ao seu tratamento, e

neoadjuvante e paliativa), terapias alvos, hormonioterapia,

até mesmo a cura.

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MUCOSITE: Prevenção e tratamento no HMAB A quimioterapia é uma das formas de tratamento

infecções secundárias, principalmente por fungos. Pode

comumente e largamente utilizada para combater o

ocasionar alteração do paladar, causando baixa ingestão

câncer em diferentes sítios anatômicos. Essas medi-

hídrica e alimentar, desidratação e desnutrição. Os san-

cações ocasionam efeitos colaterais em diversos sis-

gramentos também podem surgir quando a mucosite

temas orgânicos, entre eles, o sistema gastrointestinal,

apresenta-se em estágio mais acentuado. Casos graves

como náuseas, vômitos, inapetência e mucosite. A mucosite é definida como lesões inflamatórias e/ou ulcerativas da via oral e/ou

A mucosite atinge, aproximadamente, 85% das pessoas com câncer em tratamento de radioterapia associada à quimioterapia.

podem exigir internação para suporte nutricional enteral ou parenteral, e até adiamento ou suspensão do tratamento antineoplásico.

gastrointestinal, resultando em grave desconforto que

A incidência de mucosite, para pessoas com câncer

pode prejudicar a capacidade dos doentes para comer,

em tratamento de radioterapia associada à quimiotera-

deglutir e falar. Além dessas alterações, pode acar-

pia, é de aproximadamente 85%, mas todos os indi-

retar ainda xerostomia, que, por sua vez, predispõe a

víduos tratados apresentam algum grau de mucosite

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oral. Trata-se de um dos principais fatores limitantes da

Existem formas de prevenir ou reduzir a intensidade

quimiorradiação para neoplasia avançada de cabeça e

da mucosite. Entre elas, estão a prática de higiene oral,

pescoço.

os bochechos com colutórios adequados, a lubrificação

A mucosite pode ser classificada em quatro graus

labial, a nutrição adequada, o controle da xerostomia, a

evolutivos. O primeiro é a presença de eritema; o se-

crioterapia, a utilização de laser de baixa potência e a

gundo, o aparecimento de placas brancas descama-

suspensão de substâncias e alimentos irritantes para a

tivas, que são dolorosas ao contato; e no terceiro há

mucosa, como o tabaco.

o aparecimento de crostas epiteliais e exsudato fibri-

A elaboração e implementação de um protocolo na

noso, que levam à formação de pseudomembranas e

Clínica de Oncologia do HMAB pode reduzir os custos

ulcerações. O quarto grau é a forma mais severa da

da instituição, amenizar o estresse da equipe durante

mucosite, e ocorre quando há exposição de estroma do

o período de tratamento do paciente e contribuir para

tecido conjuntivo subjacente.

uma maior qualidade na assistência.

Condutas para prevenção e tratamento de mucosite oral no Ambulatório de Oncologia do HMAB 1) Higiene oral: rotina de escovação dos dentes com escova estreita, de cerdas macias; 2) Escovação delicada da língua: procedimento realizado para prevenção, quando não se tem mucosite; 3) Uso do fio dental: utilizado sempre que possível, uma vez que dependerá de resultado de hemograma e avaliação da mucosa oral; 4) Uso de creme dental não abrasivo: preferencialmente que contenha bicarbonato de sódio e/ou flúor; 5) Escovação após as refeições e antes de repousar; 6) Retirada das próteses dentárias e higienização: 30 minutos após as refeições e à noite; 7) Avaliação da evolução das lesões: orientação sobre a manutenção da prática da higiene oral; 8) Manutenção da prática da higiene oral: evita-se a escovação da língua quando já houver mucosite instalada; 9) Suspensão do uso de próteses dentárias: caso existam e se houver lesões na mucosa oral; 10) Higienização com o dedo enrolado em uma gaze: caso o cliente tenha dor e não consiga realizar a escovação; 11) Orientação sobre a não realização de bochechos com antimicrobianos: para prevenir a mucosite oral em pacientes que irão receber altas doses de quimioterapia ou em pessoas que receberão radioterapia

ou quimioterapia concomitante para câncer de cabeça e pescoço; 12) Terapia a laser: encaminhamento para realização de laser 4J para prevenir a mucosite oral em pacientes que receberão transplante de medula óssea, condicionados com altas doses de quimioterapia. E pacientes que irão passar por radioterapia de cabeça e pescoço, e pacientes submetidos a quimioterapia que tem alto risco de desenvolver mucosite oral; 13) Alimentos: evita-se aqueles que irritam a mucosa oral, como sucos cítricos, alimentos picantes ou muito salgados, àsperos e secos. Passam a ser ingeridos apenas os alimentos fáceis de mastigar e engolir, em forma de purês e cremes, incluindo bananas e outras frutas moles e ricas em líquido, como melancia; 14) Forma de preparo dos alimentos: cozinha-se até que o mesmo fique macio e suave; 15) Aumento na ingestão de líquidos: também elevase o teor de líquido dos alimentos, adicionando molho de carne, caldo de carne ou outros molhos não picantes; 16) Registro de avaliação de mucosite: atesta-se a incapacidade de alimentação e hidratação por via oral; 17) Parecer médico sobre a situação do cliente: e posterior requerimento de avaliação para possível instalação de sonda nasoenteral.

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Psicologia

VALORIZAÇÃO DA VIDA Major Ana Cláudia, Capitão Caroline, Tenente Patrícia Maretti, Tenente Marcela Prata e Tenente Kelly Dias - Equipe de Psicologia do HMAB

Atualmente, o suicídio vem sendo estudado com certo

e necessidade de se tirar a vida, sendo proibido para escravos,

destaque, devido ao aumento considerável de ocorrências

soldados ou criminosos, pois poderiam afetar a economia do

desse fenômeno. Desde os primórdios da civilização podemos

Estado. Já na Idade Média, começamos a perceber a culpabi-

observar a questão do suicídio ocorrendo em diversos mo-

lização do suicida, estando sempre vinculado a espíritos de-

mentos e situações da nossa história. No início, em certas cul-

moníacos. O corpo do suicida não podia passar pela porta da

turas primitivas, o suicídio tinha várias motivações, era perpetrado para evitar a desonra, por vingança e, muitas vezes, realizado

Segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde, mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, no mundo.

casa, tinham que ser abertas fendas nas residências para a sua retirada, os enterros eram realizados fora dos cemitérios, na

pelos idosos, para que não se tornassem um peso para sua

tentativa de afastar cada vez mais essas pessoas dos mortos

família. Já na antiguidade greco-romana, a intenção de suicidar-

“normais”. No século XVII, o suicídio passa a ser visto como

se precisava ser levada até as autoridades, sendo realizada

um dilema humano, começando a aparecer pela primeira vez

uma reunião para que avaliassem e julgassem o real motivo

a palavra suicídio nos textos ingleses. Nos tempos modernos,

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o suicídio deixa o foco individual e a sociedade e os proble-

tentativa de auto-extermínio, identificando-se no relato dos so-

mas sociais passam a ser vistos como importantes. No livro O

breviventes, um conjunto de fatores associados a essa dor, a

Suicídio, de Emile Durkjeim, as várias disposições organicopsí-

qual muitos sobreviventes remetem. Cabe aqui explicar que o

quicas são rejeitadas, que consideravam as características do

termo “sobreviventes” é utilizado para designar os familiares e

ambiente físico e o processo de imitação, sendo classificados

os indivíduos que não obtém êxito em suas tentativas. No re-

três tipos de suicídio: egoísta, altruísta e anômico. Já na pós-mo-

lato desses sobreviventes, observa-se o sentimento ambíguo

dernidade, o suicida deixa de ser criminalizado e se torna vítima.

que remete a essa dor: “eu não quero morrer, mas quero acabar

O suicídio passa a ser visto como uma consequência de um

com esse sofrimento”.

transtorno mental, de uma doença.

Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, o suicídio

A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização

pode ser definido como um ato deliberado executado pelo

Mundial da Saúde (2016) reconhece o suicídio e as tentativas

próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consci-

de suicídio como um problema de agenda global de saúde

ente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio

pública e incentiva os países a implementarem políticas públi-

que ele acredita ser letal. São considerados fatores de risco:

cas que visem a prevenção e promoção de saúde mental, por

idade de 15 a 35 anos e os maiores de 70 anos, ser homem

meio do desenvolvimento de estratégias que possibilitem a

solteiro e sem filhos, problemas financeiros, término de rela-

quebra de paradigmas e tabus sobre o tema. A pesquisa constatou que mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo, a cada 40 segundos uma pessoa comete auto-extermínio, sendo a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29

A seção de Psicologia do HMAB está desenvolvendo um grupo de Valorização da Vida, no intuito de conscientizar as pessoas sobre a saúde mental e física de cada um.

cionamento, perdas recentes, diagnóstico de doenças graves ou incapacitantes, tentativa prévia de suicídio, histórico familiar e impulsividade, dentre outros. Porém, o mais importante é o diagnóstico de algum transtorno mental, principalmente a depressão. O risco de suicídios também é elevado

anos, ficando para trás somente de acidentes automobilísti-

em grupos vulneráveis, vítimas de algum tipo de discriminação,

cos. Setenta e cinco por cento dos suicídios ocorrem em países

tais como: gays, lésbicas, índios, refugiados e migrantes.

de baixa e média renda. Para cada suicídio efetivado, há muito

Coadunando-se com a proposta de se oferecer um serviço

mais pessoas que tentam a cada ano, sendo a tentativa prévia

voltado para a promoção da saúde mental, de acordo com o

o principal fator de risco para o suicídio na população em geral.

proposto pela OMS e seguindo o Programa de Valorização

Cada suicídio é uma tragédia que afeta de cinco a seis pessoas

da Vida, DCIPAS/DGP, a seção de Psicologia do HMAB está

ao seu redor, seja financeiramente ou afetivamente, possuindo

desenvolvendo um grupo de Valorização da Vida, para que

efeitos duradouros nesses indivíduos que são deixados para

cada dia mais as pessoas se conscientizem da importância da

trás.

saúde mental e física de cada um. O grupo acontece às segunO suicídio é considerado o fenômeno 4D (desamparo,

das-feiras, à noite, e tem como objetivo apoiar os sobreviventes

depressão, desespero e desesperança) e a dor de quem está

de suicídio, que são os familiares ou aquelas pessoas que ten-

nesse processo se torna os 3I (insuportável, interminável e

tam e que não obtém êxito.

inescapável). O comportamento suicida pode perdurar du-

A temática do grupo tem como principal objetivo valorizar

rante muito tempo, ou ser apenas pontual e envolve alguns

a vida e oferecer instrumentos para que as pessoas encarem

fatores tais como ideação (ideias e pensamentos negativos);

de forma positiva e acolhedora as adversidades que se apre-

planejamento (como, onde e quando); tentativa (tentar uma

sentam ao longo de nossas vidas. Lembrando sempre que to-

ou mais vezes) e êxito.

dos os nossos problemas podem se termináveis, escapáveis e

O suicídio é um fenômeno multicausal e, por esse motivo, não é possível apontar um fator único para responder pela

suportáveis, e que é importante e crucial que as pessoas possam falar e serem ouvidas quanto a seus problemas.

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PAD - Programa de Atendimento Domiciliar

ATENDIMENTO DOMICILIAR NO EXÉRCITO Sabe-se que a população brasileira está en- e privados. velhecendo, o que faz com que cresça o número Um dos eixos centrais da AD é a “desospitalide doenças crônico-degenerativas, aumentando zação”. Ela proporciona agilidade no processo de também a quantidade de pessoas que necessitam alta hospitalar com cuidado continuado no domicíde cuidados continuados e lio; minimiza intercorrências mais intensivos. Com isso, Um dos eixos centrais da Atenção clínicas a partir da manutenexiste uma tendência de Domiciliar é a “desospitalização”. ção de cuidado sistemático medicalização da vida e do das equipes de atendimensofrimento, gerando maior número de hospitali- to domiciliar; diminui os riscos de infecções hoszações, por vezes, desnecessárias aos pacientes. pitalares, em especial, nos idosos; oferece suporte O Atendimento Domiciliar (AD) é uma modali- emocional necessário para pacientes em estado dade de assistência caracterizada por um conjunto grave ou terminal e familiares; institui o papel do de ações de promoção à saúde, prevenção, trata- cuidador, que pode ser um parente, um vizinho, ou mento de doenças e reabilitação prestadas em qualquer pessoa com vínculo emocional com o padomicílio, com a garantia de cuidados, e integrado ciente e que se responsabilize pelo cuidado junto às redes de Atenção à Saúde dos serviços públicos aos profissionais de saúde; e propõe autonomia

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PAD - Programa de Atendimento Domiciliar para o paciente no cuidado fora do hospital. Ela pode ser feita na forma de atendimento ou internação. O Setor de Atendimento Domiciliar existente no HMAB abrange as duas formas de atuação – o Programa de Atendimento Domiciliar (PAD) e a Internação Domiciliar (Home Care). O Programa de Atendimento Domiciliar caracteriza-se por um conjunto de atividades de caráter ambulatorial desenvolvidas em domicílio, através de uma equipe multiprofissional composta por militares do HMAB. O atendimento em domicílio compreende ações educativas, orientações e realização de procedimentos técnicos executados por uma equipe multidisciplinar, que pode ser formada de acordo com a necessidade de cada serviço, sendo basicamente constituída por profissionais de enfermagem, medicina, serviço social e reabilitação. As ações visam buscar a prevenção de agravos à saúde, bem como seu monitoramento (YAMAGUCHI et al., 2010). A RDC/Anvisa 11, de 26 de janeiro de 2006, em seu regulamento técnico de funcionamento de clínico do paciente através de pontuações distribuíserviços que prestam atenção domiciliar, define a das por grupos de indicadores. A assistência aos internação domiciliar como conjunto de atividades pacientes inclusos em internação domiciliar é represtadas no domicílio, caracterizadas pela aten- alizada através das empresas contratadas. ção em tempo integral ao paciente com quadro no Em fevereiro de 2017, a Diretoria de Saúde pudomicílio, caracterizadas blicou a Norma Técnica O atendimento em domicílio compreende pela atenção em tempo Sobre Atenção Domiciliar ações educativas, orientações e realização integral ao paciente com no Exército Brasileiro, na quadro clínico mais comde procedimentos técnicos executados por qual estabelece as finaliplexo e com necessidade dades, objetivos, termiuma equipe multidisciplinar. de tecnologia especializanologias e do processo da. O objetivo deste serviço é promover, manter da atenção domiciliar. Com base na terminologia e/ou restaurar a saúde, maximizando o nível de estabelecida pela Anvisa em sua RDC 11/2006, e independência do paciente, enquanto minimiza segundo a Norma Técnica, a admissão em Atenos efeitos debilitantes das várias patologias e ção Domiciliar refere-se ao processo que se cacondições que gerencia. racteriza pelas seguintes etapas: indicação, elaboO HMAB realiza a captação e inclusão dos pa- ração do Plano de Atenção Domiciliar e início da cientes em seu sistema com base na Tabela do prestação da assistência ou internação domiciliar. Núcleo Nacional das Empresas da Assistência A Internação Domiciliar representa o conjunto Domiciliar (Nead), instrumento que analisa o perfil de atividades prestadas no domicílio a pessoas

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clinicamente estáveis que exijam intensidade de Ainda conforme essa norma, determinou-se a cuidados acima das modalidades ambulatoriais, utilização da Tabela Nead como instrumento de mas que possam ser mantidas em casa, por equi- avaliação dos critérios de inclusão do paciente. pe exclusiva para esse fim. O PAD compreende o Essa tabela é formada pelo Núcleo Nacional das documento que contempla um conjunto de medi- Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar e das que orienta a atuação avalia aspectos referentes O propósito do atendimento domiciliar é de todos os profissionais ao estado nutricional, promover, manter e/ou restaurar a saúde, envolvidos de maneira procedimentos como asmaximizando o nível de independência do direta e/ou indireta na aspiração traqueal e medisistência a cada paciente cações, lesões, nível de paciente, enquanto minimiza os efeitos em seu domicílio, desde consciência, internações debilitantes das várias patologias e sua admissão até a alta. anteriores, entre outros. condições que gerencia. O HMAB, como uniOs itens avaliados são dade gestora, tem como função a autorização e pontuados entre zero e dois pontos e, conforme a auditoria dos orçamentos encaminhados pela somatório final, o paciente será classificado como Organização Civil de Saúde contratada, em con- não tendo necessidade dos serviços de Home fronto com as informações contidas no PAD e nos Care ou para Internação Domiciliar de 12 ou 24 relatórios dos profissionais envolvidos no trata- horas. É importante salientar que não há inclusão mento domiciliar, conforme Norma Técnica Sobre para Internação Domiciliar de seis horas, apenas a Atenção Domiciliar no Exército Brasileiro. redução para essa forma de assistência.

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Laboratório de Análises Clínicas

CONTROLE DE QUALIDADE NO ATENDIMENTO Os laboratórios de Análises Clínicas são pilares

exames realizados, com uma média de 220 pacientes

fundamentais de apoio ao diagnóstico médico, onde

por dia e uma média de tempo para liberação de re-

os testes laboratoriais auxiliam em mais de 70% das

sultados de oito horas. Além do atendimento rotineiro

decisões médicas. A qualidade do serviço é impres-

nas dependências do HMAB, o laboratório colabora

cindível para atingir uma terapia completa e plena.

como apoiador junto às guarnições de Goiânia e Cris-

As Análises Clínicas estão presentes no Brasil

talina, realizando testes nos militares que participam

desde antes do ano de 1900 e os laboratórios estão

de missões no Exterior, tanto na ida como no seu retor-

sempre em busca de novas tecnologias na saúde,

no, e elabora constantes treinamentos para a equipe,

com o intuito de proporcionar cada vez mais melho-

buscando sempre estar atualizado com os avanços e

rias na qualidade de vida do paciente. Com a automatização das análises é possível garantir mais qualidade, rapidez e segurança para o paciente, e ainda um aumento

O laborarório atende cerca de 220 pacientes por dia e o tempo de liberação dos resultados é de apenas oito horas, em média.

na produtividade do laboratório.

refazendo os processos, caso necessário. Este trabalho tem um impacto positivo para o Sistema de Saúde do Exército Brasileiro, uma vez que possibili-

ta que o hospital tenha grande autonomia dentro da

O Laboratório de Análises Clínicas (LAC) do

área de medicina laboratorial, não necessitando fazer

Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB) oferece,

o encaminhamento dos seus pacientes para outros

aproximadamente, 160 exames diferentes dentro do

laboratórios na realização da maioria dos exames.

diagnóstico laboratorial e possui um rigoroso compro-

A equipe do LAC conta com 18 farmacêuticos-bio-

misso com o controle de qualidade nas análises, con-

químicos, 11 técnicos de laboratório e seis adjuntos de

seguindo prestar um serviço de qualidade, atendendo

administração, todos profissionais especializados, que

um grande número de beneficiários: de janeiro a mar-

cumprem a sua missão com qualidade, responsabili-

ço de 2018 teve 11,99 mil pacientes atendidos, 154,3 mil

dade e cortesia.

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Atendemos ConvĂŞnios


Inovar HMAB

ATENDIMENTO BÁSICO DE SAÚDE NO HMAB: A assistência à saúde da família militar é uma

versos sistemas informatizados para modernizar a

das principais prioridades do Comando do Exército,

gestão do sistema de saúde do Exército Brasileiro

que tem envidado esforços no sentido de melhorá-

(EB), a revisão da legislação da assistência à saúde

la e aperfeiçoá-la, mesmo com o importante desafio

e o reequipamento e a modernização das Organi-

enfrentado na manutenção do equilíbrio receita/des-

zações Militares de Saúde.

pesa do custo crescente da saúde em âmbito global,

Por estar na Capital, o Hospital Militar de Área de

uma vez que a inflação médica é muito superior à

Brasília (HMAB) foi escolhido como hospital piloto do

inflação oficial, em função da absorção de novas tecnologias da área de saúde, bem como do aumento da expectativa de vida da população brasileira. O

Departamento-Geral

O projeto Atendimento Básico de Saúde (ABAS), implantado em março de 2017, inaugurou uma nova filosofia que preza pela qualidade, agilidade e humanização nos serviços.

Exército para a implantação dessas melhorias. Foram desenvolvidas

medidas

com

a ideia de criar estratégias diferentes aos habituais meios e, dessa forma, reinventar os processos, ferramentas ou

do Pessoal, a fim de enfrentar esses desafios e de

serviços, conjunto de ações chamadas de Programa

proporcionar o adequado atendimento aos bene-

Inovar HMAB.

ficiários do Fundo de Saúde do Exército (FUSEx),

A primeira dessas ações foi o projeto Atendi-

dentre outras medidas, tem buscado a melhoria

mento Básico de Saúde, ou simplesmente ABAS,

nos processos gerenciais, com a implantação de di-

que foi implantado no HMAB em 14 de março de

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MAIS QUALIDADE AOS SERVIÇOS PRESTADOS 2017, como parte de um objetivo mais amplo de fazer dessa Organização Militar de Saúde (OMS) um hospital modelo, cujos ensinamentos pudessem ser, posteriormente, disseminados para a maioria das demais OMS do Sistema de Saúde do Exército. O ABAS abriu as suas portas inaugurando uma nova filosofia de atendimento, que pode ser resumida em três palavras que soam como desafios diários para os integrantes do HMAB: agilidade, qualidade e humanização. Era preciso diminuir drasticamente as filas de atendimento, ao mesmo tempo que havia a necessidade de melhoria dos processos

O projeto ABAS resgata algumas velhas e boas

internos em todos os sentidos, para prestar um me-

práticas do atendimento de saúde que nunca deve-

lhor atendimento aos beneficiários e, principalmente,

riam ter deixado de existir, como é o caso do “médico

tornava-se essencial atacar uma das maiores fontes

da família”, aquele que estava mais “próximo” do seu

de reclamações da medicina brasileira: a de que os

paciente, que emitia o seu parecer baseado num di-

médicos e profissionais da área de saúde, ao longo

agnóstico holístico, preocupava-se com o todo, in-

do tempo, perderam a sensibilidade no trato com

clusive com o seu bem-estar emocional. Na outra

seus pacientes.

ponta, o ABAS trouxe para dentro do seu projeto

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talação de nova comunicação visual no hospital; a aquisição de equipamentos de informática adequados ao novo atendimento, como computadores, tablets, scanner, entre outros itens. O HMAB também recebeu novos profissionais que foram capacitados para prestar um atendimento em novo patamar de qualidade aos nossos beneficiários. O atendimento foi ampliado para o ABAS, funcionando de segunda a sexta-feira, das 7h às 22h, e aos sábados, das 7h às 12h. A Central de Regulação também teve seu espaço modernos conceitos de atendimento. Todos os pro-

e sua equipe reformulados e adequados à nova reali-

cessos de atendimento estão sendo informatizados.

dade do hospital. As emissões de Guias de Encami-

Agora, por exemplo, o paciente não precisa mais

nhamento tiveram seu processo de atendimento

ir ao hospital e enfrentar uma fila para apenas agen-

revisto para facilitar o atendimento aos nossos pa-

dar uma consulta. Isso pode ser feito, de forma sim-

cientes. Dessa forma, o procedimento para dar entra-

ples, através do acesso ao site www.hmab.eb.mil.br,

da na guia começou a funcionar com hora marcada,

fazendo o agendamento sem sair de casa. Mas, se o

evitando filas e, além disso, o paciente pode retirar a

usuário não estiver confortável com a internet, não

sua guia na internet, não tendo a necessidade de vir

há problema algum: basta ligar para o telefone 0800

novamente ao hospital para buscar.

028 2724 e agendar a consulta por meio de opera-

Após um mês da inauguração do Atendimento

dores, cujos serviços de call center foram contrata-

Básico de Saúde (ABAS), as primeiras pesquisas já

dos especialmente para esse fim, além de serem

apontaram um índice de aceitação e satisfação aci-

treinados para esclarecer todas as dúvidas que pos-

ma de 90% por parte dos beneficiários do FUSEx. A

sam vir a surgir. Outra opção para sanar as dúvidas

próxima etapa é o Registro Eletrônico, que vai pos-

mais frequentes é por meio do WhatsApp do HMAB,

sibilitar que os médicos do ABAS comecem a ter co-

bastando apenas enviar mensagem para o número

municação direta, via chat, com os médicos especia-

(61) 99909-7471, onde o beneficiário terá disponível

listas do hospital, fazendo com que a equipe tenha

diversas informações do hospital. E cumpre ressaltar

uma melhor interação.

que a equipe médica do ABAS tem realizado um tra-

Mas a ideia não é parar por aí. A filosofia do

balho de medicina preventiva, ação que conseguiu

novo Sistema de Saúde do Exército Brasileiro pre-

diagnosticar diversos tipos de doenças mais graves,

tende que seus hospitais desafiem seus próprios

como câncer de pele, cardiopatias, linfomas e uso de

modelos de gestão e busquem, dia a dia, melhorar

medicamentos desnecessários.

seus processos de atendimento. Com esse intuito

Para a implantação do ABAS foram necessárias

foi desenvolvido um sistema de auditoria de gestão

diversas melhorias no hospital, tanto no aspecto físi-

que ranqueará as unidades e premiará as melhores,

co como no humano, bem como na parte de tecno-

chamado de PASAM (Projeto de Acreditação da

logia. Como exemplo, pode-se citar a reforma da re-

Saúde Assistencial Militar). Esse projeto começou a

cepção que agora se chama Espaço de Convivência,

acontecer em março deste ano no HMAB e vai agre-

que é o local onde o paciente aguarda por sua con-

gar muita qualidade aos serviços oferecidos como

sulta; a reforma dos consultórios do ABAS; a ins-

um todo.

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Odontologia

ATENDIMENTO INTEGRADO ODONTOLÓGICO O projeto Atendimento Integrado Odontológico (ATI-

O projeto ATINO propõe trabalhar com um atendi-

NO) é a estratégia para a reorganização da atenção bási-

mento odontológico integrado no qual os dentistas

ca odontológica no âmbito da 11ª Região Militar/Coman-

serão aproveitados tanto em suas organizações militares

do Militar do Planalto (11ª RM/CMP), importante tanto na

de origem, no curso de suas atividades normais, como

mudança do processo de trabalho quanto na precisão

também atuarão eventualmente em outras organizações

do diagnóstico situacional. Alcançada por meio da sepa-

militares por determinação da 11ª RM/CMP. A filosofia

ração da clientela e aproximação da realidade das organi-

proposta é empregar o melhor militar, no melhor local e

zações militares, bem como da postura proativa desenvolvida pelos profissionais de saúde. Esse projeto surgiu da necessidade de se construir uma referência para o Serviço

O Projeto ATINO tem como filosofia empregar o melhor militar, no melhor local e no melhor momento, tornando sua atuação mais dinâmica e proporcionando tratamentos mais ágeis aos demais militares.

de Saúde Odontológico no

no melhor momento. E, dessa forma, dinamizar a ação dos dentistas nas organizações militares, assim como proporcionar tratamentos mais ágeis aos militares da tropa. Para alcançar este objetivo,

processo de reorganização do cuidado à saúde bucal

é necessário conhecer a realidade epidemiológica da

realizado nas organizações militares, bem como na Or-

tropa, bem como levantar dados para direcionar o atendi-

ganização Militar de Saúde (Hospital Militar de Área de

mento odontológico dos dentistas. O projeto ATINO tem

Brasília) como eixo estratégico para reorientação do mo-

como uma de suas principais bases a Avaliação Diag-

delo assistencial no âmbito do Exército Brasileiro.

nóstica, que servirá de base para o planejamento sobre

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quais e quantos profissionais que deverão ser empregados para o atendimento, o tempo que será necessário deixar a tropa em condição apta, e o quantitativo e tipo de materiais e recursos necessários. Outro aspecto importante é que a ação do projeto ATINO é voltada prioritariamente a militares da ativa, notadamente do corpo de tropa do Exército Brasileiro. Assim fortalecendo a missão precípua do dentista nas Forças Armadas, que é garantir a prontidão da tropa. Contudo, haverá ações voltadas aos dependentes e militares da reserva com intuito de conhecer a realidade epidemiológica e proporcionar um atendimento precoce. O projeto ATINO propõe atuar com Avaliações Diagnósticas rotineiras e padronizadas, desta forma agindo de forma proativa, buscando condições de doença ainda em seus estágios iniciais, onde o tratamento é simples, barato e rápido.

Etapas propostas para a realização do Projeto Atino

Concluindo a implantação, na terceira etapa, serão realizadas atividades voltadas para os militares da reserva e dependentes. Onde as diversas áreas residenciais (vila do RCG, vila do SMU, entre outras) serão alvo de ações de Avaliação Diagnóstica e de Atendimentos Emergenciais e Essenciais. Atualmente, o projeto se encontra na implemenA implementação do projeto está planejada em

tação da primeira etapa, na qual já foi realizada a ação de

três etapas. A primeira visa a construção de um projeto

Avaliação Diagnóstica e estão sendo realizadas ações

prático de trabalho e a experimentação in loco da me-

de atendimento. Como primeiros resultados, já se modi-

todologia proposta. Tal ação será realizada no Batalhão

ficou a situação odontológica desses militares, pois cer-

da Guarda Presidencial, Batalhão de Polícia do Exército

ca de dois a cada 10 praças apresentavam condições

Brasileiro e Colégio Militar de Brasília.

precárias que já foram estabilizadas.

A segunda etapa visa estender a sistemática de tra-

Os primeiros dados epidemiológicos mostraram

balho a demais organizações militares da 11ª RM/CMP.

que existe uma grande demanda por serviços odon-

As diversas realidades das organizações militares per-

tológicos, que está oculta nas unidades, pois cerca de

mitirão aprimorar a sistemática de trabalho em vista a

seis a cada 10 militares necessitam de algum trata-

uma possível aplicação futura nacional.

mento odontológico. Como resultado dessa ação e

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da proposta do projeto ATINO, o atendimento a es-

Para a concretização da implementação do proje-

ses militares em suas unidades de origem elevaram

to ATINO é necessária a concentração de esforços e o

substancialmente em número e em faturamento da

apoio de todos seus agentes. A médio e longo prazo, in-

seção de Saúde.

tenta criar uma Rede Integrada de Saúde Odontológica

Avaliação diagnóstica

que atue de forma dinâmica e estratégica na prevenção e promoção de saúde, como também nas ações curativas, a fim de garantir as condições ideais de saúde para a prontidão dos militares. A proposição e efetivação do projeto ATINO, por meio da reorganização da sistemática de atenção à saúde, tem em seus pilares a Atenção Básica. Organizar as ações do nível da Atenção Básica é o primeiro desafio lançado, na certeza de que sua consecução significará a mudança do modelo assistencial no campo da saúde bucal.

A médio e longo prazo, planeja-se criar uma Rede Integrada de Saúde Odontológica que atue a fim de garantir as condições ideais de saúde bucal para a prontidão dos militares. Hospital Militar de Área de Brasília

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Ortopedia

REDUÇÃO DE FRATURAS OSTEOPORÓTICAS: IMPACTO NOS CUSTOS COM PACIENTES HMAB atua em diferentes frentes na identificação de pacientes com osteoporose que já sofreram fratura, visando prevenir a refratura iminente Tenente Coronel Paulo César Portinho Chefe da Clínca Ortopédica do HMAB

A osteoporose é uma doença esquelética ca-

Atualmente, estamos experimentando uma

racterizada por comprometimento da resistência

pandemia de fraturas osteoporóticas. A prevalên-

óssea, predispondo ao aumento do risco de fratu-

cia é superior a 200 milhões de pessoas no mundo

ras. A resistência óssea reflete a integração de dois

com osteoporose. A incidência de fraturas de qua-

aspectos principais: densidade óssea e qualidade

dril aumentará substancialmente no ano de 2050:

óssea. (NIH Consensus Development Panel. JAMA.

240% em mulheres e 320% em homens.

2001;285:785)

A fratura de quadril aumentará de 1,7 milhão em

Os pacientes atingem o pico de massa óssea por volta dos 20 anos. A partir dos 30 anos, a per-

1990 para 6,3 milhões em 2050. (International Osteoporosis Foundation 2015)

da espontânea de massa, fisiológica, ocorre gra-

Desta forma, podemos extratificar os nossos

dualmente, de acordo com a idade do paciente. A

beneficiários de acordo com os parâmetros rela-

perda de massa óssea está diretamente relacionada à ocorrência de fraturas por fragilidade. As mulheres apresentam

A incidência de fraturas de quadril aumentará substancialmente no ano de 2050: 240% em mulheres e 320% em homens.

cionados acima e realizar a prevenção da fratura por osteoporose. Devemos evitar a primeira fratura; se não for possível, fazer com que a

maior prevalência de fraturas após a menopausa. Estima-se que 30% das

primeira fratura seja a última. Atualmente, os beneficiários do Fundo de

mulheres com mais de 50 anos terão osteoporose.

Saúde do Exército (FUSEx), que necessitam de

Em consequência, aumenta o risco de fraturas: 50

tratamento cirúrgico (prótese total do quadril), devi-

a 60 anos prevalecem as fraturas de punho, 60 a

do a fratura por osteoporose, têm um custo unitário

70 anos, as fraturas de coluna e 70 a 80 anos, as

mínimo de 40 mil reais (4) (10 mil dólares) com

fraturas do quadril.

tratamento cirúrgico e hospitalar. Este cálculo não

Nos homens, segue o mesmo padrão, modifi-

considera os custos, caso ocorram complicações

cando a prevalência de acordo com a idade. Entre-

inerentes ao tratamento cirúrgico ortopédico e à

tanto, na fratura de quadril, a mortalidade é maior

patologia em questão.

em homens do que em mulheres. (A. Looker et al.

No âmbito militar, as movimentações durante a

Osteoporos Int 1998; 8: 468-489. Watts NB. Am

carreira podem comprometer o acompanhamento

Fam Physician. 1988; 38:193)

e o tratamento do paciente e, consequentemente,

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Pacientes com fraturas do quadril tratados pelo Fundo de Saúde do Exército (FUSEx) em 2017, distribuídos por sexo e idade

facilitar a ocorrência de complicações (novas fratu-

mento da resolução do quadro clínico do paciente.

ras com necessidade de novos tratamentos cirúrgi-

Temos várias maneiras de captação dos pa-

cos), onerando o beneficiário e o FUSEx.

cientes: campanhas educativas/institucionais (Se-

A captação desses pacientes é fundamental

mana de Prevenção da Osteoporose do HMAB),

para elaborarmos um banco de dados e realizarmos

ambulatórios das especialidades afins (ortopedia,

o seguimento do tratamento instituído. O banco de

reumatologia, geriatria, endocrinologia e ginecolo-

dados, juntamente com um protocolo de diagnós-

gia), pacientes oriundos do pronto socorro de or-

tico e tratamento, favorece o paciente na extratifi-

topedia, pacientes de instituições de saúde cre-

cação e direcionamento do tratamento adequado

denciadas que necessitam de tratamento cirúrgico

com posterior acompanhamento. Estas medidas

(como prótese total de quadril, osteossínteses, ci-

diminuem o risco da prescrição de medicamentos

rurgias da coluna, entre outros procedimentos).

de alto custo, desonerando o paciente e o FUSEx. Existe uma força-tarefa mundial para captação de

A proposta de um protocolo unificado pode ser uma medida razoável para manter o controle do tratamento dos pacientes do banco de dados.

Como o FUSEx atua em todo o território nacional, a proposta de um protocolo unificado nos parece uma

pacientes fraturados, visando prevenir a refratura que, inevitavelmente, ocorrerá.

medida razoável para manter o controle do tratamento dos pacientes do banco

No HMAB, estamos realizando esse processo há

de dados. Outra possibilidade de controle pode ser

seis anos dentro do ambulatório de Ortopedia. Te-

efetuada por uma notificação compulsória das fra-

mos possibilidades de realizar um tratamento mul-

turas do quadril por fragilidade. Tais medidas são

tidisciplinar (especialidades afins) e medicamento-

plausíveis devido ao baixo custo de sua implan-

so (osteoporose grave), beneficiando o usuário do

tação, fácil reprodutibilidade aos profissionais de

FUSEx. O mais importante é conseguir a adesão do

saúde e estrutura administrativa viável em todas as

paciente ao tratamento instituído e o acompanha-

instituições de saúde do Exército Brasileiro.

Proposta apresentada no World Congress on Osteoporosis, Osteoarthritis and Musculoskeletal Diseases (WCO-IOF-ESCEO Krakow 2018)

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GLAUCOMA: ESTATÍSTICAS ALARMANTES Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a doença afeta mais de um milhão de brasileiros e, em 2020, deve atingir 80 milhões de pessoas no mundo. costuma ser desenvolvido em idades mais avançadas. Além disso, deve-se controlar adequadamente o diabetes e a hipertensão arterial, que podem causar glaucoma secundário, chamado neovascular”, esclarece o médico. Dr. Tarciso acrescenta que somente numa fase mais avançada o indivíduo sentirá incômodos suficientes para levá-lo a buscar ajuda médica. “Quando a doença está num estágio mais evoluído, o paciente percebe uma redução da visão e a diminuição do campo de visão. Nos casos de aumento agudo da pressão intraocular, conhecido como glaucoma agudo, a pessoa apresenta diminuição da visão, visão de halos coloridos, dor intensa no olho, olho vermelho, náuseas e vômitos. Neste momento, é preciso procurar atendimento imediatamente”, ressalta. Apesar da gravidade do glaucoma, a boa notícia é que, se tratada corretamente e, principalmente, na Dr. Tarciso Schirmbeck

fase inicial, a doença pode ser estabilizada, evitando assim a perda total da visão. “O objetivo do trata-

Com que frequência você vai ao oftalmologista?

mento é reduzir a presão intraocular. Na maioria das

As consultas periódicas para checar a saúde ocular

vezes, ele é feito somente com o uso de colírios. Em

podem evitar que você faça parte das estatísticas

situações mais graves, pode ser necessária uma ci-

alarmantes do glaucoma, que, segundo a Organi-

rurgia, realizada de forma tradicional, com o uso de

zação Mundial da Saúde (OMS), afeta mais de um

laser, ou por meio de implantes”, conta o oftalmolo-

milhão de brasileiros. Ainda de acordo com a OMS,

gista.

essa doença atingirá 80 milhões de pessoas no mundo em 2020.

Por fim, Dr. Tarciso enfatiza que não há como frear a incidência do glaucoma, mas é possível fazer a de-

O oftalmologista Tarciso Schirmbeck, do Visão

tecção da enfermidade, proporcionando tratamento

Institutos Oftalmológicos, explica que o glaucoma é

apropriado e reduzindo o índice de comprometimen-

uma doença grave, silenciosa, que afeta o nervo óp-

to visual. “A estatística progressiva da doença está

tico e pode levar à cegueira. Por isso, somente nas

relacionada ao envelhecimento e ao fato do glauco-

visitas ao médico é possível identificar precocemente

ma ser mais comum em idades avançadas. Então,

os sinais dessa alteração ocular. “O glaucoma é as-

quanto maior é a expectativa de vida do brasileiro,

sintomático, na maioria dos casos. Desta forma, as

mais pessoas terão glaucoma. Não tem como fugir

consultas com o especialista devem ter uma frequên-

deste dado. Por isso, temos que investir em consci-

cia anual, a partir de 40 anos, já que este problema

entização e prevenção”, finaliza o especialista.



Oftalmologia

O CRISTALINO E SUA EVOLUÇÃO NATURAL Tenente Coronel Hailton Antônio Casara Cavalcante Chefe da Oftalmologia do HMAB

O olho humano possui duas estruturas que possibilitam isso, acaba perdendo o poder de acomodação, deixando que projetar a imagem na retina e permitir o processo de visão o foco fique cada vez mais distante. É por esse motivo que com nitidez: a córnea e o cristalino. A córnea é a estrutura pessoas com mais de 40 anos necessitam afastar o braço anterior do olho, em forma de cúpula convexa, transparente, para poder achar o melhor foco. Esse processo é chamado que reflete a cor da íris. O cristalino é uma lente natural que se de presbiopia. Devido à presbiopia, as pessoas com mais de localiza atrás da pupila e possui cerca de 13 graus (dioptrias), 40 anos, com exceção dos míopes, necessitam de óculos podendo variar para mais, conforme a necessidade de fo- para perto, para que o foco seja aproximado através de uso calizar objetos mais próximos. O seu poder dióptrico (grau) é de lentes positivas. Quem já usa óculos para corrigir a hipervariável e, caso seja maior ou menor que o necessário, a ima- metropia ou astigmatismo, e passa a desenvolver presbiopia, gem pode não ser projetada na necessita de um complemento Por volta dos 40 anos de idade, o cristalino vai se para perto: o óculos com lentes retina e contribuir para os denominados vícios de refração (miopia, tornando, progressivamente, mais rígido e, com isso, progressivas é a melhor opção. hipermetropia ou astigmatismo). acaba perdendo o poder de acomodação, deixando Quem tem miopia possui faciliInicialmente, nas três primeique o foco da visão fique cada vez mais distante. dade de ler para perto sem o uso ras décadas de vida, o cristalino de óculos, pois o míope tem o é transparente e mais flexível, sofrendo ajustes em sua con- foco de visão mais próximo do olho, compensando, assim, o formidade, dependendo da distância que se encontra o ob- efeito da presbiopia. Quem tem somente presbiopia, necesjeto a ser focalizado, para que a imagem seja projetada na sita apenas de um óculos para perto, para leitura. retina. Esse processo é denominado acomodação. Por volta Por volta dos 60 anos de idade, o cristalino continua dos 40 anos de idade, o cristalino inicia modificação na sua o seu processo natural de maturidade e vai ficando mais estrutura, tornando-se, progressivamente, mais rígido e, com opacificado, dificultando a passagem da luz para a retina.

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Essa opacificação do cristalino é chamada de catarata. Quem los para ter uma visão mais detalhada. Existe a possibilidade tem catarata queixa-se de embaçamento da visão, principal- de evitar o uso de óculos com as lentes monofocais, que são mente, à noite, distorção das imagens de faróis dos carros, mais baratas e os planos de saúde cobrem boa parte de seu lâmpadas, estrelas e lua. É como se o vidro transparente de custo. Nesse caso, implanta-se uma LIO num olho que permiuma janela ficasse turvo e impedisse a boa visualização da ta zerar o grau de longe e implanta-se uma LIO no outro olho imagem externa. com um pouco de grau suficiente para possibilitar a leitura A opacificação do cristalino é progressiva. Quando chega de perto. Esse processo é chamado de báscula. Com isso, é ao ponto de causar sintomas, a solução é realizar a cirurgia possível também deixar de usar óculos. Para a implantação de catarata (denominada de facoemulsificação) e implantar das lentes especiais (Premium), algumas instituições oftaluma lente artificial altamente transparente para substituir o mológicas indicam o uso do laser (femtolaser), que também cristalino opacificado. A média de idade das pessoas que tem não é coberto pelos planos de saúde. O femtolaser é utilizado catarata e precisam realizar a facoemulsificação é por volta antes da cirurgia propriamente dita para realizar as incisões e dos 65 anos, variando para mais ou para menos, conforme a fragmentação do cristalino. É equivalente a uma parte do característica natural de cada pessoa. A catarata é a principal processo manual realizado pelo cirurgião de catarata expericausa de cegueira reversível no mundo. ente na cirurgia sem o uso de femtolaser. É preciso conversar Para decidir sobre o meabertamente com o cirurgião lhor momento para realizar de catarata assistente para a cirurgia de catarata (facoescolher a opção que meemulsificação), é necessário lhor atenda as necessidades o acompanhamento oftale expectativas e verificar o mológico periódico anual, custo-benefício, já que o apois, assim, é possível idencerto financeiro dessas lentes tificar as modificações do especiais e do femtolaser é cristalino e a sua repercussão entre o paciente e a Instituina qualidade da visão do pação de Saúde onde será reciente. A cirurgia de catarata alizada a cirurgia. A cobertura não é considerada urgência, dos planos de saúde é para pode ser programada tranas lentes monofocais. quilamente, desde que se Desenho mostra córnea e cristalino do olho humano, responsáveis Por fim, a presbiopia e venha em acompanhamento a catarata têm de ser enpor permitir o processo de visão com nitidez oftalmológico periódico. carados como um processo Na cirurgia de catarata, é necessário substituir o cristalino opacificado por uma lente artificial com grau equivalente. Essa lente é denominada lente intraocular (LIO). Antigamente, quando não existia LIO, as pessoas que eram operadas de catarata tinham que usar um óculos de grau elevado (cerca de 12 graus), denominado popularmente de óculos “fundo de garrafa”. Atualmente, existem lentes intraoculares de alta qualidade, dobráveis, que são introduzidas por incisões tão minúsculas que dispensam a necessidade de sutura. Existem lentes intraoculares monofocais, multifocais, trifocais e tóricas. As lentes multifocais, trifocais e tóricas são consideradas especiais (Premium) e não são cobertas pelos planos de saúde. Essas lentes especiais têm um valor comercial muito alto. O objetivo dessas lentes é corrigir os vícios de refração e substituir a necessidade de óculos. A chance de deixar de usar óculos é grande, mas algumas pessoas, mesmo com as lentes especiais, necessitam de um complemento com ócu-

natural do nosso organismo. É como o cabelo branco: chega para todos. Quem tem catarata é sinal de que está vivendo bastante. Com a tecnologia atual, é possível resolver a catarata com uma cirurgia e o implante de uma lente artificial. É a denominada facoemulsificação com implante de lente intraocular. É um procedimento médico seguro, rápido e considerado a modalidade de cirurgia mais realizada no mundo. Sinal de que as pessoas estão ficando mais longevas e buscam maior qualidade de vida. O HMAB dispõe de equipamentos e instrumentais para a realização da facoemulsificação e também dispõe de lentes monofocais e tóricas. Também dispomos de rede credenciada para realizar esse procedimento, caso não seja possível atender a demanda e as necessidades específicas dos beneficiários. Dispomos de um corpo clínico capacitado para realizar o diagnóstico, orientar o pré-operatório e o seguimento dos pacientes pós-cirúrgicos.

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Vacinação

A IMPORTÂNCIA DA IMUNIZAÇÃO Poucos avanços na medicina foram tão importantes para o aumento da expectativa de vida humana quanto o surgimento das vacinas. Com o passar dos anos, o uso de vacinas para imunizar pessoas contra os mais variados tipos de doenças, levou à erradicação das mesmas. O principal efeito da vacinação é garantir a boa saúde do indivíduo, embora muitas pessoas ainda não percebam a sua importância. As vacinas não apresentam risco à saúde e garantem benefícios de longo prazo, não apenas ao indivíduo, mas também às pessoas com que ele se relaciona. Estando imunizada, a pessoa deixa de ser um possível vetor para a doença, impedindo assim que a mesma se espalhe para pessoas que ainda não foram vacinadas, contribuindo assim para a não existência de epidemias nos dias atuais. Manter o cartão de vacinas em dia é de extrema importância. Algumas vacinas devem ser renovadas ao longo dos anos, pois o vírus ou a bactéria que gera a doença pode vir a sofrer mutações que os permita sobreviver à imunidade que o organismo adquiriu em sua primeira vacinação. Portanto, é necessário que se preste muita atenção ao seu cartão, especialmente para certas vacinas que devem ser renovadas com prazos maiores. A vacinação realizada no Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB) segue a Instrução Normativa do Programa Nacional de Imunizações do Distrito Federal (PNI), que se baseia no Calendário Nacional de Vacinação, conforme Portaria 1533,

sexta-feira, no horário das 8h às 12h. O box abaixo apresenta o

de 18 de agosto de 2016, com funcionamento de segunda à

estoque de vacinas e a sua respectiva faixa etária.

Estoque de vacinas do HMAB e faixas etárias para imunização -Vacina Poliomielite oral (VOP): 15 meses e 4 anos de idade; -Vacina Poliomielite inativada (VIP): 2 meses, 4 meses e 6 meses de idade; -Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola): 12 meses até 49 anos de idade; -Tetra Viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela): 15 meses de idade; -Rotavírus (VORH): 2 meses e 4 meses de idade; -Pneumocócica 10-Valente: 2 meses, 4 meses e 1 ano de idade;

-Hepatite A: 15 meses de idade; -Febre amarela: 9 meses e adultos até 59 anos de idade (dose única). Pacientes acima de 60 anos é necessário pedido médico (relatório) constatando o motivo para vacinação; -DTpa: Gestantes a partir da 20ª semana de gestação; -dT Dupla Adulto (difteria e tétano): a partir de 7 anos, com reforço a cada 10 anos de idade; -DPT (difteria, tétano e coqueluche): 15 meses e 4 anos de idade; -Varicela: introduzida neste ano pelo PNI, para pacientes de 4 a 6 anos de idade.

-Pentavalente: 2 meses, 4 meses e 6 meses de idade;

O HMAB dispõe também da vacina para HPV quadrivalente

-Meningocócica C: 3 meses, 5 meses e 1 ano de idade;

(Gardasil). Essa vacina está disponível para militares e seus de-

-HPV: para adolescentes de 11 a 14 anos de idade / Meninas

pendentes, conveniados pelo FUSEx, sendo necessário indi-

de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos; -Hepatite B: disponível para toda a população, independente da idade;

cação médica. A vacina do HPV (Gardasil) está disponível para mulheres de 15 a 45 anos de idade e homens de 15 a 26 anos de idade.

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Centro Cirúrgico

HÉRNIAS ABDOMINAIS E O IMPACTO NO SERVIÇO DE SAÚDE DO EXÉRCITO Coronel Médico R1 Gilvan Marques Teodoro 2º Tenente Médico Anwer Marques Costa Arbat

Hérnias abdominais são defeitos da parede abdominal que permitem que o conteúdo desta cavidade se insinue através dela, determinando assim abaulamentos bem delimitados em suas áreas de projeções. São exemplos de hérnias abdominais, de acordo com suas localizações: umbilical, epigástrica, inguinal, femoral e incisional (que surgem sobre cicatrizes cirúrgicas prévias). Dentre todos os tipos de hérnias, as inguinais são as mais prevalentes e as

ou assintomáticos, abaulamentos sintomáticos que pioram aos esforços físicos, encarceramento ou até o estrangulamento de alças intestinais, que se configura como a situação mais crítica, e que requer uma abordagem pressurosa, necessitando, muitas vezes, de cirurgia de urgência. O diagnóstico de hérnia inguinal é simples e, essencialmente, clínico, sendo detectado com o exame físico adequado, não sendo necessários exames com-

que mais causam afastamento das atividades laborativas. (ABRAHAMSON et al., 1998) A apresentação clínica das hérnias inguinais é bem variada. Pode-se apresentar com sintomas subclínicos

plementares, na maioria das vezes. Com o paciente em posição de pé ou deitado, solicita-se que ele realize uma manobra de elevação da pressão intra-abdominal, a exemplo da manobra de Valsalva. Nesse momento,

As hérnias inguinais são as mais prevalentes e as que mais causam afastamento das atividades laborativas.

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Com a maior adesão às técnicas de Lichtenstein e à videolaparoscópia, o tempo para o retorno às atividades físicas e laborais fica em torno de três semanas após a correção cirúrgica de hérnias inguinais.

pode-se notar o abaulamento na região da hérnia ou se pode, através da palpação com a colocação do dedo indicador, examinar por dentro do canal inguinal (Manobra de Landivar), sentir o conteúdo abdominal herniado. (RAMANAN et al., 2014) Raramente são necessários exames complementares para realização do diagnóstico. Porém, quando preciso, o primeiro exame a ser solicitado seria uma ultrassonografia da região da virilha; caso ainda persista a dúvida, pode-se solicitar uma ressonância magnética do mesmo local, com a realização da manobra de Valsalva; e, por último, uma herniografia ou peritoneografia. (SIMONS et al., 2009) Apesar de alguns estudos adotarem uma conduta expectante, não indicando correção cirúrgica para os portadores de hérnias inguinais, que são assintomáticos, sabe-se que esta é uma doença cujo tratamento só é realizado através de cirurgia, podendo ser utilizadas di-

versas técnicas, desde cirurgias abertas à videolaparoscópicas. (RAMANAN et al., 2014) O tempo para o retorno às atividades físicas e laborais é um tema sempre em discussão e tem como maior objetivo diminuir os riscos de recorrências. Porém, com a maior adesão às técnicas de Lichtenstein e à videolaparoscópica, ele tem se tornado cada vez menor, com alguns sugerindo um retorno precoce, em torno de três semanas. Este seria o tempo médio de cicatrização da pele, do tecido celular subcutâneo e de formação da fibrose que adere a tela aos tecidos adjacentes. (BUHCK et al., 2012) Já outros tentam demonstrar que o índice de recorrência está ligado mais ao grau de esforço físico que a profissão exige e não ao tempo de repouso. Como analisado por Ross, ao realizar um acompanhamento, por quatro anos, de pacientes submetidos a reparo cirúrgico de hérnias inguinais. Ao dividir os pacientes por níveis de esforço exigido no trabalho, verificou-se, por exemplo, que o risco de recorrência no grupo de trabalho leve foi de 4,5% e de moderado a intenso de 11,4%, independente se passaram menos ou mais de seis semanas de repouso. (ROSS, 1975) Um estudo observacional realizado em 2009 no Brasil, buscando identificar quais as principais causas de afastamento do trabalho e de fornecimento de benefício de Auxílio-Doença em trabalhadores da construção civil, atividade que exige um maior esforço físico, identificou que o acometimento de trabalhadores com hérnias inguinais constituía-se como a quarta causa de afastamento, demonstrando, assim, o quanto esta patologia interfere nas atividades laborativas da sociedade., conforme mostra tabela da página seguinte. (MELO e BRANCO, 2009)

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*A população de estudo corresponde à média dos vínculos empregatícios declarados pelos empregadores na CNAE - Seção F - Construção, no período: 1.784.772 vínculos. / Agrupamentos CID-10 – Descrição: M40-M54 – Dorsopatias; S60-S69 – Traumatismo do punho e da mão; S80-S89 – Traumatismo do joelho e da perna; K40-K46 – Hérnias; S90-S99 – Traumatismos do tornozelo e do pé; M00-M25 – Artropatias; M60-M79 – Outros transtornos dos tecidos moles; S50-S59 – Traumatismos do cotovelo e do antebraço; S40-S49 – Traumatismos do ombro e do braço; F10-F19 – Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substância psicoativa; S00-S09 – Traumatismos da cabeça; I80-I89 – Doença das veias dos vasos linfáticos e dos gânglios linfáticos, não classificados em outra parte; F30-F39 – Transtornos do humor (afetivos); C00-C97 – Neoplasias (tumores) malignas(os); T90-T98 – Sequelas de traumatismos de intoxicações e de outras consequências das causas externas; I20-I25 – Doenças Isquêmicas do coração; I10-I15 – Doenças hipertensivas; S30-S39 – Traumatismos do abdôme, do dorso, da coluna lombar e da pelve; S70-S79 – Traumatismos do quadril e da coxa; Classes CNAE – Descrição: 4120 – Construção de edifícios; 4211 – Construção de rodovias e ferrovias; 4212 – Construção de obras de arte especiais; 4221 – Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações; 4222 – Construção de redes de abastecimento de água, coleta de esgoto e construções correlatas; 4292 – Montagem de instalações e de estruturas metálicas; 4312 – Perfurações e sondagens; 4313 – Obras de terraplanagem; 4321 – Instalações elétricas; 4322 – Instalações hidráulicas de sistemas de ventilação e refrigeração; 4329 – Obras de instalações em construções não especificadas anteriormente; 4330 – Obras de acabamento

No meio militar não é diferente. A presença de hérnias inguinais pode interferir nas atividades da Organização Militar, tanto quando, na presença dos sintomas álgicos, o militar não desempenha suas atividades normalmente, como pelo próprio afastamento necessário para o tratamento cirúrgico, e mesmo no pós-operatório, pois podem apresentar as complicações pós-operatórias, tais como recorrência da hérnia e dores pós-operatórias, que podem limitar suas atividades. (ROY e KHAN, 2015) Diante desse problema, cresce a importância de se realizar uma inspeção de saúde mais rigorosa para seleção de militares, mais atenta para a detecção de hérnias abdominais, principalmente as inguinais. Como já é previsto pelo Decreto 703, de 1992, que regulamenta as instruções técnicas para inspeção de conscritos, voluntários e candidatos em Órgão de Formação de Oficiais da Reserva, a inspeção de saúde deve ser realizada em três etapas, sendo que, na segunda (seleção geral e suplementar), está previsto um exame do aparelho digestivo, buscando identificar anormalidades

na parede abdominal. Dessa forma, o tema em destaque tem uma grande importância para o funcionamento adequado do ambiente militar, pois, além de ser uma patologia extremamente frequente, principalmente, na faixa etária de seleção de candidatos e conscritos para o serviço militar, ela afeta as organizações militares por aumentar os gastos com saúde e também atrapalhar o seu funcionamento, pelo fato dos militares ficarem incapazes temporariamente, tanto para a correção cirúrgica quanto para o período de recuperação. Sem contar que os pacientes submetidos ao tratamento podem apresentar complicações pós-cirúrgicas, como dores e recorrências, que podem afastar ainda mais os militares de suas atividades. Portanto, realizar inspeções de saúde com mais rigor e com foco voltado também para a detecção de hérnias abdominais se configura uma atitude de extrema relevância para as Forças Armadas, evitando assim gastos excessivos na área da saúde e diminuindo o impacto no serviço militar.

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