‘’8 poemas para Soledad’’
Lucas Vieira
Uberaba/MG - Fevereiro/2018
o batuque de Soledad
1
a solidĂŁo em Soledad
2
a quem possa interessar: Soledad
3
o concreto quebrado de Soledad
4
o carnaval na cidade de Soledad
5
assim dança Soledad
6
por onde anda Soledad
7
porque Soledad?
8
o batuque de Soledad
Soledad era do mundo caminhava pelos campos vazios seu andar era lento e caótico seus versos o seu universo Soledad, quando sorria, fazia chorar era tormenta e calmaria intolerância e apatia o trajeto de um oceano com vocação para ser mar em Soledad toda distância caberia tendo sido o silêncio sua maior autoria Soledad era presença em ausência a relatividade entre o agir e o sonhar Soledad era o repouso da paciência a sofreguidão do que é nulo e do amar era o mais sujo e puro era a imprecisão no respirar Soledad era um e era toda se desfazia em um instante renascia sempre louca era a cura e a ferida, Soledad era vida rouca por Soledad nasceriam acordos velados, dívidas de morte um desafio a Soledad seria questionar à própria sorte.
1
a solidão em Soledad
Soledad menina moça sincera da riqueza à miséria aquela que jamais se corrompeu em seus múltiplos momentos talvez o maior ressentimento o dia em que em si nasceu Soledad desconhecia o valor da companhia pois naquele difícil dia a solidão apareceu dúvidas e certezas se formavam assim desenvolveu-se Soledad entre o vazio de enganos entre um sim e outros nãos Soledad nasceu em Maria e morreu João nas próprias mãos, acompanhando o uxo para Soledad o lixo e o luxo o céu e o chão tudo ilusório, uma questão de visão.
2
a quem possa interessar: Soledad
as palavras nuas em pêlo Soledad unhas e vestido vermelho me pede para calar perdão se eu te permiti entrar pois não, pode comemorar entre um corpo vazio e várias taças duas garrafas de vinho e músicas sem graça como a vida de Soledad pertencendo a todos e sendo nada a página arrancada que jamais se esquece o que mais encanta em Soledad é também o que entristece rejeitada como a erva matéria prima do sucesso alimento para as rimas fertilizante para os versos há quem reconheça em Soledad mais que o vazio da noite do trono de um rei morto às falas de um ex-louco tudo em Soledad é pouco muito de Soledad é estorvo maltrata a mente transborda o olho.
3
o concreto quebrado de Soledad
Soledad é rio eu mato lago e nado talvez foz ou nascente não, rio, auente em Soledad há mar oce anos.
4
o carnaval na cidade de Soledad
entre março e janeiro chuvas entre a morte e a vida viúvas o sol marcha descompassado feito sambista baqueado na solitude de Soledad um último baile funk entre silêncios e ruínas tramas entre o morro e a neblina Soledad o folião caminha solto envolto à festividade falta tudo em sua vida menos no carnaval da cidade na marchinha que invade dança frei e dança o padre dança o dia e dança a noite dançam todos em Soledad entre março e janeiro rugas entre a morte e a vida fugas. 5
assim dança Soledad
Soledad não tem rosto é beleza em esquecimento tem astúcia em seu jogo como um rascunho abandonado por intenção é fuga e retorno é o abandono em seu vôo é o masculino passado o feminino eternizado Soledad é sensual e canalha vadia e recatada é tão pura e inexata usa saia e gravata Soledad tem seu gosto é perigo e conforto em suas curvas há repouso em seu olhar residem mistérios.
6
por onde anda Soledad
na marcha que se movimenta no silêncio que se alimenta nas lutas e nos discursos nas universidades e nos lutos no suicídio e na riqueza na disciplina e na nobreza em mim ou em você nas atitudes que afastam nos pensamentos e nas ilusões na realidade e nas multidões no trabalho e no lazer da Soledad que há em mim para a que existe em você
7
porque Soledad?
pelos olhares pelos pêlos e cabelos pelos odores pelas pétalas e suas cores
pelo fim do recomeço pela fama e pelo berço pelo simples dizer que é falso pelo desejo e pelo fracasso
pelas formas pelas cascas pelas ruas e pelas casas pelas castas
pelo medo e as entrelinhas pelas chacotas e pelas panelinhas pelos becos e avenidas pelas mortes e pelas vidas
pelas palavras pelo vazio pelo abismo infinito pela queda e ascensão
Aprender. o que faz o ganhar, sem o perder?
pelo sim pelo não pelo entendimento torto pelo nascimento morto pelo dia que se foi pelo dia que virá pela vida que se tem pela vida que terá pelo egoísmo pelo individualismo pelo egocentrismo pela ganância e seus altruísmos
8