Atividade Prática Curricular de Teoria da História II

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M AT E R I A L I S M O H I S T Ó R I C O D I A L É T I C O

MAR X I S M O Diego Nascimento Klisman Petrus Lucas Alexander Lucas Vieira Pedro Sodré Stheffany Cruvinel

U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D O T R I Â N G U L O M I N E I R O A T I V I D A D E P R Á T I C A C U R R I C U L A R


M AT E R I A L I S M O H I S T Ó R I C O D I A L É T I C O

e sua inuência na sociedade contemporânea O presente trabalho refere-se à Atividade Prática Curricular da disciplina Teoria de História II ministrada pelo Prof. Dr. Clayton Romano no Curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Triângulo Mineiro/UFTM.

MARXISMO Ano I. jul. 2016. Versão online textos: Klisman Petrus, Lucas Alexander, Lucas Vieira, Pedro Sodré, Stheffany Cruvinel Capa, diagramação e montagem: Lucas Vieira Pesquisa de imagens na internet: Diego Nascimento e Klisman Petrus Ilustrações: Lucas Alexander e Lucas Vieira Revisão e correção: Lucas Vieira, Pedro Sodré e Stheffany Cruvinel Apoio: Cultura Roulets, Curso de Licenciatura em História/UFTM, Poezine-se, Turma XIII - História Contato: historia201519@gmail.com

O material desenvolvido é voltado para alunos do 9º ano do ensino fundamental e tem como referência os subtítulos “Socialismo Utópico” e “Socialismo Científico”, presentes no 8º capítulo, “A Revolução Industrial”, do livro didático História: 9º ano de Marlene Ordoñes e Lizete Machado, tendo a função de atuar como material de estudo complementar, apresentando referências e representações do pensamento de Karl Marx e Friedrich Engels bem como do Materialismo Histórico Dialético.


APRESENTAÇÃO

A Revolução Industrial, ou melhor dizendo, as Revoluções Industriais que ocorreram no continente europeu, se deram em diferentes momentos, sob circunstâncias adversas e trouxeram significativas mudanças políticas, econômicas e principalmente sociais àquele cenário. O que se pode afirmar é essas revoluções tiveram início na Inglaterra à partir do XVIII e seu advento trouxe como consequência a consolidação do capitalismo como um sistema econômico hegemônico, o que gerou o agravamento das questões sociais como a pobreza e a fome, além da adoção de jornadas de trabalho exaustivas em condições de trabalho desumanas. Foi nesse contexto que surgiram diferentes teorias e ideologias como alternativas de solução aos problemas políticos, sociais e econômicos que o mundo ocidental enfrentava. Entre essas teorias, surgiriam os ideais de dois homens - Karl Marx e Friederich Engels - que se propuseram a estudar o homem e a sociedade através de um método que viria a ser conhecido como Materialismo Histórico Dialético, ou Marxismo.


ÍNDICE

pág.1

Karl Marx e Friederich Engels

pág.2

O Materialismo Histórico Dialético

A luta de classes e o partido político

pág.3

pág.6

Inuência do marxismo na vida contemporânea - CINEMA

Inuência do marxismo na vida contemporânea - MÚSICA

pág.9

Inuência do marxismo na vida contemporânea - PINTURA

SUGESTÃO DE LEITURA: O Capital em quadrinhos

pág.12

QUADRINHOS - MARXISMO

pág.7

pág.11

SUGESTÃO DE LEITURA: O Manifesto Comunista em quadrinhos

pág.13


Karl Marx e Friedrich Engels Karl Heinrich Marx ficou conhecido apenas como Karl Marx. Nasceu em 5 de maio de 1818 na Prússia, mais tarde se tornando apátrida viveu grande parte de sua vida em Londres, no Reino Unido. Sua família era de classe média da cidade de Tréveris e seus estudos começaram nas universidades de Bonn e Berlim, onde ficou interessado pelas idéias filosóficas dos jovens hegelianos. Marx foi um filósofo, cientista político e socialista revolucionário que exerceu forte inuencia em sua época até os dias atuais. A sua obra sobre economia estabeleceu a base para o entendimento atual sobre o trabalho e sua relação com o capital. Entre inúmeros livros os mais importantes foram ‘’O Manifesto Comunista’’ (1848) e ‘’O Capital’’ (1867-1894). Suas teorias sobre economia, a sociedade e a política formam o conglomerado de idéias que hoje são conhecidas como marxismo. A base de seus pensamentos giram em torno do materialismo e o socialismo científico constituindo uma teoria geral. As idéias de Marx começaram a declinar, quanto a popularidade, especialmente depois do regime soviético. Mas sua teoria continua sendo utilizada hoje em movimentos trabalhistas, práticas políticas e movimentos políticos. Marx morreu em 14 de março de 1883, em Londres. Friedrich Engels nasceu em Barmem na Prússia, em 28 de novembro de 1820. Era o filho mais velho dos nove irmãos de um rico indústrial de sua cidade. Se aproximou das idéias de esquerda quando estudante de filosofia levando o mesmo a se juntar a Marx. Dirigiu a indústria do pai durante alguns anos e teve a oportunidade de presenciar de perto a vida dura dos trabalhadores. Nessa época escreveu a obra ‘’A situação da classe trabalhadora na Inglaterra’’, publicada em 1845, tendo como base sua experiência e as observações no cotidiano dos trabalhadores. Seu maior companheiro foi Karl Marx, junto dele fundou o chamado socialismo científico e ajudou no estabelecimento da teoria marxista. Escreveu diversos livros como coautor, sendo o mais importante deles o ‘’Manifesto Comunista’’ de 1848, além de ajudar a publicar os últimos volumes de ‘’O Capital’’, após a morte de Marx. Engels teve profunda participação no desenvolvimento do método de análise da sociedade chamado Materialismo Histórico Dialético, de Marx. Entre 1848 e 1848 escreve o Manifesto do Partido Comunista, onde há uma explicação breve de uma nova concepção de história. Engels morreu de câncer na garganta em Londres, 1895.

Marx e Engels - Fonte: Internet.


O Materialismo Histórico Dialético O conceito de Materialismo Histórico Dialético, teoria embasada e estruturada por Marx e Engels, para que seja mais facilmente apreendido, tem-se como sugestão que se tenha inicialmente uma concepção de o que significa cada termo, para que posteriormente se possa juntar os corpos e as interpretações feitas por Marx e Engels de cada um deles, e finalmente ter em mãos uma teoria de análise da sociedade à nossa volta. Podemos afirmar que o método criado por Marx e Engels, o Materialismo Histórico Dialético, surge com a intenção de analisar os mais diversos feitos dos homens através do tempo, que por meio de concepções formuladas por ambos no campo da teoria social, pode-se analisar qualquer sociedade em qualquer momento da história. Comecemos então pelo termo final, a dialética. Devemos aqui apresentar que para formular o seu pensamento dialético, Marx acaba refutando a forma com a qual Hegel estruturava seu método dialético. Para compreendermos a dialética para Marx, devemos também entender do que se tratava a dialética para Hegel, seu precursor. Para Hegel, o processo de dialética ocorria de maneira que a síntese se daria através da supressão de um dos membros da “equação” – a tese ou a antítese –, ou seja, não há um produto final, mas sim a sobreposição de um membro pelo outro. Sendo assim, podemos organizar o pensamento de dialética de Hegel da seguinte forma: a tese é A e a antítese é B, a síntese seria a supressão de A por B ou de B por A, dessa forma, não há conciliação entre os membros da dialética, o membro final deverá ser A ou B. Marx refuta o processo dialético de Hegel, que passa de processo idealista para tornar-se um processo materialista (que veremos mais especificamente do que se trata a seguir) e afirma que o confronto entre tese e antítese – A e B –, deverá formar um terceiro membro, ou seja, C. A síntese deveria ser a mescla, o produto final do embate entre a tese e a antítese, que por sua vez poderá ser confrontado com H, que produzirá um novo pensamento que é G, e assim por diante. A dialética, o confronto entre dois “seres” para a formação de um novo “ser”, deverá ser atribuído ao processo histórico, portanto à história. O que há de novo nisso? Usemos como exemplo a Revolução Francesa. O confronto entre monarquia (A) e burguesia (B), não teve no seu final a existência total e a extinção plena de uma das duas, mas sim uma reorganização política (por mais que tendesse mais ao lado burguês) entre ambas. O produto disso, a síntese (C), seria a Primeira República, que não é a continuação das ideias monarquistas e muito menos, como sabemos hoje, reexo das ideias liberais da burguesia. O processo de dialética na história está posto, portanto para completar a teoria de Marx e Engels, ainda é necessário o entendimento de o que é materialismo. Basicamente, a ideia de materialismo que Marx e Engels usam para formular o seu pensamento revolucionário é a de que, a condição básica para a existência do homem é a matéria, ou seja, dada concepção de realidade material, como sendo o elemento que determinará as nossas ações no mundo e na sociedade. Tal abordagem do mundo nos traz a ideia de que é a matéria que cerca o homem que o condiciona a reetir, pensar e relacionar-se com ela para constituir a sociedade de dada forma.


Com as ideias aqui apresentadas, formula-se um entendimento básico de o que é o materialismo histórico dialético de Marx e Engels. Fazendo um aglutinado das percepções e possibilidades, podemos afirmar que para Marx e Engels, o materialismo histórico dialético seria, portanto: a ideia de que a história da humanidade está ligada a conitos de ideias constantes, sempre com junções de ambos os membros do conito, tendo em seu produto final características tanto de um quanto de outro. Esses conitos estão ligados à existência material de seus membros, pois esta seria a premissa básica para a vida do ser humano, ou seja, se há um conito de ideias, de projetos, de anseios, eles são reexo de determinada condição material do homem naquele momento.

A luta de classes e o partido político “A história de toda sociedade até os nossos dias é a história da luta de classes”. Essa é a frase inicial da primeira seção do Manifesto do Partido Comunista, escrito por Karl Marx e Friederich Engels em 1848. Para os autores de tal obra a sociedade sempre se modificou, construiu, aniquilou, reconstruiu, a partir do confronto de classes distintas que possuem interesses distintos. No século XIX, momento em que o Manifesto é escrito e publicado, as classes que se confrontavam tinham nome: a burguesia, representada pelos detentores dos meios de produção (donos de fábricas e indústrias) e o proletariado, representado pelo trabalhador industrial, o operário que surge após a Revolução Industrial no século XVIII. A ideia de luta de classes surge a partir da percepção de Marx e Engels no que se refere à organização política, econômica e social da sociedade europeia do século XIX. Os autores percebem que, após a Revolução Francesa, onde o confronto de classes se deu entre a monarquia e a burguesia ascendente naquele momento, a classe “vencedora”, a classe burguesa, não reorganizou a sociedade de forma efetiva, mas apenas inverteu os papéis e se apropriou do papel hegemônico antes ocupado pela monarquia. Marx e Engels analisam ainda a condição de oprimido e opressor que acompanham o conceito de luta de classes. A opressão de uma classe, segundo os autores, se dá de forma que se assegure a condição de existência servil deste ou daquele grupo, ou seja, para que uma classe se mantenha enquanto detentora de poder no sentido do exercício

Reunião de operários - Classe do proletariado Fonte: Internet.

da opressão, ela deve garantir que a classe a qual ela oprime e explora continue existindo, mesmo que sob condições sub-humanas, como é o caso do proletariado. A questão encarada pelos autores é de que, em outros momentos, em outros espaços e condições onde a luta de classes existiu, era possível uma certa mobilidade entre as classes, já no período moderno, no século XIX, a burguesia não conseguia garantir esse caminho para os trabalhadores industriais, sendo assim, ela não deveria e nem teria condições de se manter enquanto classe dominante.


Sendo assim, para Marx e Engels, a luta de classes é algo que sempre existiu. Seja nos tempos mais remotos da história da nossa sociedade, o confronto entre grupos distintos com diferentes projetos é algo natural. Nesse sentido, cabe ao proletariado, à classe oprimida, que fora constituída graças aos anseios gananciosos da burguesia, tomar a consciência de seu papel enquanto classe revolucionária e guiar a sociedade para caminhos onde as distinções de classe não mais existam. Pa r a o s f o r m a d o r e s d a t e o r i a d o materialismo histórico dialético, Marx e Engels, os partidos políticos têm uma dada importância para o encaminhamento da revolução e da libertação da classe tralhadora. O papel dos comunistas, sua luta, deve ser no âmbito político para que juntamente com os operários organizados e conscientes do seu papel de classe, se alcance a revolução social que desembocará Reunião do Partido Comunista Italiano - Fonte: Internet. no fim da propriedade privada. Para Marx e Engels, os comunistas devem independentemente de partidos políticos, lutarem pelos interesses e anseios da classe trabalhadora, porém, devem também reconhecer que a organização em partido representam um meio eficaz para travarem suas lutas contra a burguesia ou qualquer ordem ou classe social que de forma ou outra inigem danos à classe operária. No momento em que atuam intelectualmente na Europa, Marx e Engels tratam de analisar como os comunistas deveriam se portar diante dos diversos partidos políticos europeus. Nesse sentido, estabelecem diagnósticos que apontam determinados caminhos e chamam a atenção dos comunistas para a forma de atuação específica de cada organização em cada nação, segundo as especificidades políticas, sociais e econômicas destes espaços. De forma geral, Marx e Engels afirmam que os comunistas devem apoiar os partidos que mais se aproximam dos interesses do proletariado, e que, de forma ou outra, defendem alguma revolução social, seja contra a monarquia absoluta, como era o caso da Alemanha naquele momento, seja visando uma revolução agrária, como foi uma especificidade da Polônia no século XIX ou seja apoiando partidos democratas que auxiliam na luta contra a burguesia conservadora e radical, como se encontrava o estado da França durante esse período. Porém, Marx e Engels ressaltam que, mesmo apoiando tais partidos e causas, os comunistas não deveriam perder de vista o seu posicionamento crítico e os princípios que os orientam. Portanto, o principal afazer dos comunistas naquele momento era o de defender os anseios proletários, principalmente na esfera política, que é onde as decisões que inuenciam a nação como um todo são tomadas. Para tal iniciativa os comunistas deveriam buscar se unir aos partidos democráticos em toda a parte e lutarem lado a lado, sem desvirtuar ou reapropriar suas concepções de sociedade, buscando sempre a libertação da classe operário, rumo à revolução comunista.


A arte, quando enxergada como uma expressão que representa o sentimento manifestado pelo homem, serve como objeto de análise e compreensão do pensamento de determinados grupos de homens durante determinado período ou recorte temporal. A humanidade tem construído ao longo do tempo, de maneira intencional ou não, diferentes formas de expressões e monumentos que servem como elementos de referência na explicação ou justificação de comportamentos, hábitos e momentos vividos em comunidade ou não por indivíduos dotados de uma capacidade técnica que evoluiu em suas mais diversas formas. A pintura, a fotografia, a música, o cinema e a poesia são algumas dessas expressões que carregam as experiências e subjetividades, transmitindo, cada uma à sua forma, um sentimento, uma ideologia. O pensamento marxista e suas derivações alimentaram o imaginário, inuenciaram atitudes e os ideais de homens e mulheres ao redor do globo, trazendo ao mundo contemporâneo diferentes formas de pensamento, e isso não foi diferente no mundo artístico. “Retirem as mãos vagabundas das calças Peguem a pedra, a faca ou a bomba E aquele que não possui mãos Venha e lute com a testa!” Maiakóvski


A I N F LU Ê N C I A M A R X I S TA NO PENSAMENTO CONTEMPORÂNEO

CINEMA Nascido na Letônia em 23 de janeiro de 1898, Sergei Eisenstein possui formação acadêmica na área de Engenharia Civil, mas devido à sua inquietude intelectual e forte motivação política envolveu-se ainda jovem com o teatro, tendo estudado arte, filosofia e lingüística vindo a se tornar ativista e militante político através de seu trabalho e sua expressão artística no teatro e no cinema. Considerado pioneiro da história do cinema, o diretor inovou com sua técnica de montagem cenográfica e foi inuência para cineastas de renome como Orson Welles, Oliver Stone e Brian de Palma. O filme o Encouraçado Potemkin, feito para celebrar o novo regime bolchevique e considerado um marco da história cinematográfica, apresenta um quadro típico da revolução proposta por Marx e representando um momento histórico importante dentro do contexto estudado. Imagem ilustrativa retirada da internet. “O encouraçado Potemkin” (1925), de Sergei Eisenstein, narra uma rebelião ocorrida em um navio de guerra - encouraçado - nomeado Potemkin. Uma rebelião promovida pelos marujos que na condição de oprimidos, erguem a bandeira vermelha e tentam encaminhar a revolução que se inicia no navio até a cidade de Odessa, sua terra natal.

Assista ao filme completo em: https://www.youtube.com/watch?v=3U_SsH9Rl2E


MÚSICA O cantor e compositor mineiro Israel Feliciano, mais conhecido como Rael, nasceu em Itabira/MG, começou a compor aos 16 anos. Possui em sua carreira 4 álbuns com o ‘’Pentágono’’, grupo do qual fez parte, e 3 em carreira solo, além de gravar e compor com diferentes artistas do cenário musical. Trabalhador (2010), seu primeiro single solo e traz em seu repertório a música de mesmo nome e que carrega inuências do pensamento marxista. Na música “Trabalhador” narra a vida de um trabalhador urbano e as dificuldades encontradas em seu dia-a-dia. A letra suscita o despertar da consciência no mesmo com relação à falta de melhores oportunidades, critica a baixa remuneração salarial, a falta de tempo para o amor e o descanso em função da rotina e das condições precárias de vida e trabalho. No trecho “mas tem sempre um canalha que só atrapalha e cresce os zóio em você trabalhador”, o compositor demonstra na letra a presença de um opressor que pode ser o patrão, representando o dono dos bens de produção ou um concorrente no mercado de trabalho. Rael projeta e demonstra esperanças de progresso no futuro quando canta “[...] Tá no fio da navalha e não joga a toalha e nem pensa em fazer [...], encontrar meu lugar sei que vou…”, assim como sugere Marx, a revolução deve partir do proletariado, que ao tomar partido das ações e políticas e econômicas caminhará junto a outros membros da mesma classe que também conscientes de sua situação darão voz e corpo à Revolução do Proletariado a qual seria responsável por acarretar as devidas e necessárias mudanças sociais, tendo o capitalismo como elemento de transição, o comunismo seria a evolução final daquela sociedade.


Trabalhador - Rael da Rima Trabalha, trabalha, trabalha nêgo Vai dormir tarde e acordar bem cedo Você trabalhador, que despertou e foi trabalhar Trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar Sem tempo para o amor Só, pra trabalhar Trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar Sem pausa (não para em casa) em casa (nenhuma pausa) já foi (já foi, já foi) já foi Sem pausa (não para em casa) em casa (nenhuma pausa) sem boi (sem boi) sem boi Ele pegou o busão, mas sem lugar pra sentar O transito mó confusão, e demoro pra chegar Discutiu com seu patrão, mas teve que trabalhar, Foi lá pagar o seu cartão, depois da fila enfrentar, No meio dessa multidão do viaduto do chá Mó calor poluição difícil pra respirar Trabalhou fim de semana nem deu pra relaxar E acabou ficou sem grana e sem sua cana do bar Trabalhador, vai Você trabalhador, que despertou e foi trabalhar Trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar Sem tempo para o amor Só, pra trabalhar Trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar. Você que trabalha que luta, batalha e que busca o melhor pra viver Todo dia sem falha junta as suas tralha e sai logo ao amanhecer Tá no fio da navalha e não joga a toalha e nem pensa em fazer, mas tem sempre um canalha que só atrapalha e cresce os zóio em você trabalhador É difícil entender quem eu sou (trabalhador) Desistir do mundão, do amor (trabalhador), Sem encontrar, sem ligar para a dor (trabalhador), Encontrar meu lugar sei que vou Vai! Você trabalhador, que despertou e foi trabalhar Trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar Sem tempo para o amor Só, pra trabalhar,

Trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar Sem pausa, (não para em casa) em casa (nenhuma pausa) já foi, (já foi, já foi) já foi Sem pausa, (não para em casa) em casa (nenhuma pausa) sem boi, (sem boi) sem boi Trabalha, trabalha, trabalha nêgo Vai dormir tarde e acordar bem cedo Cadê o dinheiro? Cadê o amor? Cadê o dinheiro? Cadê o amor? No final você fica sem os dois No final você fica sem os dois Você trabalhador, sem tempo para amar Acorda pra vida vai Vamo viver!

Ouça a música em: https://www.youtube.com/watch?v=Y_NHpAvu_U0


PINTURA Tarsila do Amaral, pintora e desenhista brasileira nascida em 1886 e uma das figuras centrais do movimento modernista no Brasil, iniciou sua carreira como pintora em 1917, desenhando principalmente nus e modelos vivos. Abaporu, pintado em 1928, e uma de suas principais obras, traz nitidamente esses traços de nudismo, e, principalmente, sua principal linha artística, parte do movimento antropofágico, o qual - como no ritual antropofágico -, propunha a digestão de inuências estrangeiras a fim de adaptá-las ao contexto artístico brasileiro, marcado pela fauna, ora, máquinas, trilhos e demais símbolos da modernidade urbana da época. Após ter viajado à Rússia, lugar onde a questão operária já havia sido evidenciada e o capitalismo emergente fortemente contestado pelo campesinato e operariado, Tarsila do Amaral, com a quebra da bolsa de Nova York, perde grande parte de seu conforto econômico decorrente de suas fazendas no interior de São Paulo, precisando assim, trabalhar em Londres - local onde se encontrava no momento -, como operária de construção e pintora de paredes e portas. Com essa experiência, a artista participa também de reuniões do Partido Comunista Brasileiro, tomando um viés mais politizado em suas obras, principalmente nas pinturas ”Segunda Classe” e “Operários”, nesse último, pintado em 1933, é possível notar ainda, 4 elementos políticos e sociais que a autora procura evidenciar, sendo eles símbolos do início da década de 30 brasileira: a industrialização, a migração em grande escala de trabalhadores, a consolidação do capitalismo industrial e a proletarização da classe trabalhadora. Essa conscientização política e social adquirida por Tarsila Amaral foi possível já que a mesma vivenciava a rápida transformação do modelo de produção do país, e da rápida industrialização que atingia as cidades brasileiras, além de assistir e experimentar “na pele” a primeira crise do sistema capitalista em 1929. Nesse contexto, suas obras se inserem na teoria de Karl Marx, filósofo, sociólogo, e revolucionário alemão do século XIX, que defendia que a existência social do indivíduo determina sua consciência, dessa forma, a alteração das bases econômicas transforma toda a superestrutura de um ser ou sistema, e essa transformação vem sempre após contradições da vida material, como no caso de Tarsila do Amaral, a desigualdade gritante entre donos de fábrica e operários. Os rostos de homens e mulheres de várias e t nias, alguns sérios, cansados, Operários (1933), Tarcila do Amaral - Fonte: Internet tristes, indiferentes e alguns despojados de emoções, colocados lado a lado pela artista remetem às péssimas condições e massificação do trabalho, e, consequentemente, à perda de autonomia do trabalhador em relação à sua função exercida. As chaminés fabris cinzentas e prédios retratados pela pintora leva a reexão acerca da transformação da paisagem rural em espaço urbano, característica que é, em suma, decorrente da implantação do sistema capitalista de produção.


Frida Kahlo, pintora mexicana nascida em 1907, contrai poliomielite aos 6 anos, ficando com sequelas na perna e, aos 18 anos, se acidenta em um bonde no qual sofre uma fratura pélvica, tendo assim que passar por inúmeras cirurgias para reconstrução, sofrendo com dores físicas dos 6 anos até o fim de sua vida. Suas pinturas são conhecidas por muitas vezes se conectar com a existencialidade humana e social, dessa forma, expressando a dor que a aigia, chegando até a retratar situações em que misturava a sua dor às dores de outras pessoas, como no quadro “Umas quantas punhaladas”, pintado em 1935, onde Kahlo expressa sua indignação ao saber que uma mulher foi morta com 22 facadas pelo seu próprio marido, e projeta na obra sua situação pessoal de aição amorosa na condição de mulher traída por seu marido Diego Rivera. Filiada ao partido comunista desde 1928, em sua obra intitulada “O marxismo trará saúde aos enfermos”, Kahlo procura retratar não somente suas dores físicas mas também sua “dor social” como artista e militante de forte viés marxista que assistia a crescente injustiça social na qual a classe trabalhadora mexicana era submetida. Autora da frase “Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade.” Kahlo prova a viabilidade da teoria materialista de Karl Marx, sociólogo e historiador do século XIX, que defendia que aquilo que os indivíduos são/produzem são resultados de suas práticas materiais, ou seja, seus ideais são fruto de suas condições naturais de produção, de sua realidade material, logo, essa teoria marxista foi denominada materialismo. Inserido em plena Revolução Industrial na Inglaterra, Marx acreditava que as péssimas condições materiais de existência dos trabalhadores ingleses impulsionariam os mesmos à combater o capitalismo que ali encontrava sua expressão máxima de exploração, por meio de uma revolução comunista, que seria uma forma de romper com o modo de produção vigente e superá-lo por meio do comunismo. Esse rompimento total com o capitalismo só foi possível na filosofia de Marx por meio da dialética, teoria onde uma tese, que seria o capitalismo, é superada por uma antítese, que seria os trabalhadores, sendo assim substituída por uma síntese, que seria o comunismo, sistema onde o próprio proletariado seria o detentor dos meios de produção. A ligação da obra de Frida Kahlo com o materialismo histórico dialético se dá quando a artista idealiza um México livre do capitalismo por meio da luta de classes, ou seja, do comunismo. Ainda na obra “O marxismo trará saúde aos enfermos” Kahlo retrata Karl Marx estrangulando Tio Sam, símbolo nacional dos Estados Unidos e de sua política imperialista e capitalista, como forma de mostrar que a política capitalista poderia e deveria ser contestada e superada. Ao se autoretratar em agonia sendo amparada pelas mãos de Marx no centro da tela, Kahlo evidencia sua crença no comunismo como uma possibilidade protetora, uma oportunidade para uma vida digna não só para si, mas também para toda a classe trabalhadora. O Marxismo dará saúde aos enfermos (1954), Frida Khalo - Fonte: Internet


SUGESTÃO DE LEITURA

Imagem ilustrativa retirada da internet.

O Capital, de Karl Marx, é considerado por muitos como a obra-prima para compreensão dos ideários que sustentam as bases do pensamento socialista marxista. No entanto, tem-se em O capital, uma forte densidade temática, e nesse ponto, surge a questão: como trabalhar os escritos de Marx diminuindo sua densidade sem diminuir-se sua expressividade e significação? Nesse contexto, apresenta-se a HQ (história em quadrinhos) O Capital em Quadrinhos. Pode-se perceber na HQ a procura por uma interpretação mais simples (no entanto não simplória) e quiçá lúdica, em determinados momentos, inclusive, na constituição de um material que possa ser mais facilmente interpretado pelas massas, por assim dizer. O Capital em quadrinhos tem como seu maior mérito a capacidade de incorporar conceitos mais intricados e complexos, como o conceito da mais-valia e do duplo valor das mercadorias de forma didática (por assim dizer) e de fácil compreensão. De modo geral, O Capital em quadrinhos atende ao que se propõe e pode ser como material para entender-se uma linha de pensamento que toma força importante com a chegada da contemporaneidade e que se faz presente até os dias mais atuais.

Leia a obra completa em: http://pt.slideshare.net/gottardos/o-capital-em-quadrinhos-karl-marx


Imagem ilustrativa retirada da internet. Marx e Engels já enunciavam, na publicação original do Manifesto comunista, a importância da luta proletária para obtenção de uma sociedade que se encontrasse relativamente mais justa, igual. Nesse contexto, a produção em quadrinhos do Manifesto pode ser enxergada como um fator revigorante dessa luta. Em um panorama geral da adaptação, O fato de a mesma ser um gibi com linguagem e traços mais infantis, evoca a impressão de que a mesma se destina para o ensino das camadas mais novas da sociedade como meio de conscientização da luta de classes e do caráter exploratório da burguesia sobre o proletariado, temáticas que são propostas por Marx. Nesse ponto, um aspecto chama a atenção. Os traços são concisos e violentos e a caracterização dos burgueses expõe todo o sadismo e repulsa ensejado por essa classe. No traço do quadrinista, os burgueses são monstros demoníacos, praticamente, com seus dentes avançando para fora das bocas e com suas feições malignas, quase satânicas. De um modo geral, enquanto adaptação da obra – e aproveitando do caráter imaginoso que a obra apresenta – do Manifesto Comunista cumpre o que se propõe ao detalhar o caráter vampiresco e aproveitador dos detentores dos meios de produção, além de elevar o caráter da luta em suas páginas. E, como o manifesto se propõe a afirmar e não poderia ocorrer diferente com a adaptação em quadrinhos: “Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução comunista! Os proletários nada tem a perder nela a não ser suas correntes. Têm um mundo a ganhar.” (Marx e Engels). Leia a obra completa em: http://pt.slideshare.net/PedroOtoni/manifesto-comunista-em-quadrinhos


QUADRINHOS: MARXISMO


droga!





“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.” Karl Marx


MAR X I S M O


UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO A T I V I D A D E P R Á T I C A C U R R I C U L A R TEORIA DE HISTÓRIA II - Prof. Clayton Romano

O material desenvolvido é voltado para alunos do 9º ano do ensino fundamental e tem como referência os subtítulos “Socialismo Utópico” e “Socialismo Científico”, presentes no 8º capítulo, “A Revolução Industrial”, do livro didático História: 9º ano de Marlene Ordoñes e Lizete Machado, tendo a função de atuar como material de estudo complementar, apresentando referências e representações do pensamento de Karl Marx e Friedrich Engels bem como do Materialismo Histórico Dialético.


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