1 - Revista Agricultura & Engenharia
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Editorial
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esta edição especial da revista Agricultura & Engenharia teremos como materia de capa o agronegócio no Brasil, também denominado agrobusiness, que consiste na rede que envolve todos os segmentos da cadeia produtiva vinculada à agropecuária. Ele não se limita apenas à agricultura e à pecuária, inclui também as atividades desenvolvidas pelos fornecedores de insumos e sementes, equipamentos, serviços, beneficiamento de produtos, industrialização e comercialização da produção agropecuária. Ainda sobre o agronegócio o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Alysson Paolinelli prevê em uma entrevista reveladora que o Brasil até 2050 serão celeiro do mundo além de apontar onde estão os principais gargalos da produção brasileira de alimentos. Em um artigo assinado pelo presidente da ABAG, Luiz Carlos Correa Carvalho, nos fala quais são as missões e desafios no caminho do agronegócio. Na seção “Profissão” apresentamos uma analise sobre a Engenharia Agronômica e Agronomia. Finalizando publicamos uma matéria da Sra. Alicia Nascimento Aguiar da assessoria de comunicação da USP/ ESALQ sobre o reuso de água na agricultura, leitura obrigatória nos dias de hoje. Informação de qualidade e atualizada faz com que o nosso leitor tenha um grande diferencial ao lerem nossa edição e as mensagens dos nossos anunciantes. Caso queiram manifestar sua opinião, envie a mesma para o nosso e-mail. Agradecemos sua leitura e contamos com a sua participação na próxima edição. Boa Leitura 3 - Revista Agricultura & Engenharia
Expediente Agricultura & Engenharia volume VII Ano 7 - 2014 Diretor e Editor Dr. José Márcio da Silva Araújo j.marcioaraujo@bol.com.br Publicidade Gilberto Cozzuol gilbertocozzuol@uol.com.br
Administração e Circulação Yvete Togni dra.ytogni@hotmail.com Relações Externas Ariadne De Marchi Produção e Publicação Lucida Artes Gráficas lucida.editorial@uol.com.br Fotografia Assessoria de Imprensa ESALQ/USP - Arquivos Arquivos A&E
Sumário AgroNews...................................06 Noticias agricolas Entrevista ..................................16 Alysson Paolinelli Matéria de Capa ........................22 Agronegócio no Brasil Retrospectiva....................... 26 Agronegócio no Brasil Roberto Rodrigue................ 30 Prevê um ano positivo Perspectivas ....................... 32 Agronegócio no Brasil para 2015 Mercado de Trabalho ................36 Salário e o emprego em São Paulo
Correspôndencia Rua Carneiro da Cunha, 212 sl 1 Vila da Saúde - CEP 04144-000
Sustentabilidade ......................38 Onde estaremos em 2025?
Contato Fone - 11- 2339-4710 Fax - 11 - 2339-4711
Artigo... ......................................40
Agradecimentos Assessoria de Comunicação USP ESALQ
Missão e desafios no caminho do agronegócio
As opiniões expressas ou artigos assinados são de responsabilidade dos autores
Gestão Estratégica....................44
Conselho Editorial
Engª Agronômica ou Agronomia?
• Prof. Dr. Roberto Rodrigues • Prof. Dr. Paulo Sergio G. Magalhães • Sr. Cesário ramalho da Silva
Melhor prevenir do que remediar
Profissão ...................................46 Tecnologia.................................52 Reuso de Água na Agricultura
• Prof. Roberto Testeziaf • Prof. Dr. Silvio Crestana 4 - Revista Agricultura & Engenharia
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AgroNews Plano Safra 2014/2015 disponibiliza R$ 156 bilhões a produtores
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Plano Safra 2014/2015 vai disponibilizar R$ 156,1 bilhões em recursos, sendo R$ 112 bilhões para financiamentos de custeio e comercialização e R$ 44,1 bilhões para os programas de investimento. O valor representa alta de 14,7% sobre os R$ 136 bilhões do plano anterior.
anterior. As taxas de juros anuais mais baixas estão nas modalidades voltadas para armazenagem, irrigação e inovação tecnológica, de 4% (5% no crédito de armazenagem para cerealistas); práticas sustentáveis, juros de 5%; médios produtores, de 5,5%; e máquinas e equipamentos agrícolas, de 4,5% a 6%.
O limite de financiamento de custeio, por produtor, foi ampliado de R$ 1 milhão para R$ 1,1 milhão, enquanto o destinado à modalidade de comercialização passou de R$ 2 milhões para R$ 2,2 milhões.
- Inadimplência tem alta de 2,4% de março para abril, aponta Serasa
Dos recursos disponibilizados nesta edição do Plano Safra, R$ 132,6 bilhões são com juros inferiores aos cobrados no mercado, um crescimento de 14,7% em relação aos R$ 115,6 bilhões previstos na temporada
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De acordo com o Ministério da Agricultura, entre os destaques do plano estão o aperfeiçoamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), incentivo aos médios produtores, a ampliação da capacidade de armazenagem nas fazendas, a inovação tecnológica no campo e o desenvolvimento da pecuária de corte.
Agricultura empresarial financia R$ 128 bilhões
s financiamentos concedidos para a agricultura empresarial entre julho de 2013 e abril deste ano somaram R$ 128,67 bilhões, alta de 37,8% sobre o resultado obtido no mesmo período da temporada 2012/13 (R$ 93,34 bilhões). Do total, R$ 88,95 bilhões foram destinados às modalidades de custeio e comercialização e R$ 26,30 bilhões para as de investimento. Entre as operações de custeio, destaque para o Programa de apoio ao médio produtor rural (Pronamp), que aplicou R$ 8,96 bilhões, R$ 910 milhões acima dos recursos inicialmente programados (R$ 8,05 bilhões), aumento de 19,7% se comparado aos R$ 7,48 bilhões aplicados em 2012/13. Pelo Fundo de defesa da economia cafeeira (Funcafé), dos R$ 3,18
bilhões programados, os empréstimos somaram R$ 2,08 bilhões, aumento de 23%, quando comparado ao valor de R$ 1,69 bilhão da safra anterior. Já nas modalidades de investimento, os produtores contrataram R$ 11,18 bilhões pelo Programa de sustentação de investimento rural (Psi-bk), que financia a aquisição de máquinas e equipamentos, resultado 15,9% superior aos R$ 9,65 bilhões contratados na safra passada. Em relação ao crédito para armazenagem, dos R$ 4,5 bilhões disponibilizados para a agricultura empresarial, foram comprometidos R$ 3,58 bilhões. Desse total, foram R$ 654 milhões pelo Psi-Cerealistas e R$ 3,08 bilhões pelo Programa de construção e ampliação de armazéns (Pca).
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New Holland e Unioeste firmam parceria de mecanização agrícola
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fim de estimular e realizar atividades, projetos, eventos de cooperação em assuntos técnicos, científicos, educacionais e de uso de tecnologias, e visando à correta utilização e manutenção de máquinas e equipamentos agrícolas, a New Holland e a Unioste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) firmaram parceira. A solenidade da assinatura do termo de convênio aconteceu na estação experimental da Unioste de Entre Rios do Oeste, próximo à cidade de Marechal Cândido Rondon (PR). Com o objetivo de contribuir para a difusão e transferência de tecnologias aos agricultores brasileiros, os principais pontos da parceria envolvem aulas teóricas e práticas, cursos, treinamentos e palestras que possibilitem o treinamento e a formação de estudantes, agricultores, trabalhadores rurais, mecânicos de máquinas agrícolas, instrutores e professores.
Maior lubrificação e limpeza para o motor
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Lubrificante Husqvarna Premium 2T, da marca sueca, está com fórmula que promete aumentar sua durabilidade e eficiência. De acordo com a empresa, o produto foi desenvolvido para trabalhar com o máximo desempenho e combina óleo-base e aditivos que garantem melhor lubrificação e limpeza, protegendo o motor contra travamentos. A Husqvarna afirma que o produto atende a rígidas classificações dos organismos internacionais, como a Jaso Fd. “O lubrificante é recomendado para utilização em produtos portáteis com motores dois tempos, proporcionando menor desgaste nos rolamentos e nas demais partes móveis do motor”, informa Graziela Lourensoni, gerente de marketing e produtos da companhia para a América Latina.
“Essa é uma parceria muito importante para a New Holland, pois, além de ser com uma instituição que é modelo em trabalhos e avaliações de máquinas agrícolas, insere a marca no meio acadêmico em uma região extremamente agrícola e de referência do Paraná”, afirma Cristiano Conti, especialista de produto da New Holland. Para proporcionar inovação tecnológica e atestar a eficiência operacional do maquinário agrícola, a New Holland e a Unioste realizarão ensaios, avaliações e testes das máquinas e equipamentos agrícolas fabricados e comercializados pela New Holland. 7 - Revista Agricultura & Engenharia
AgroNews
Casale: Para reduzir custos
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Casale destaca dois equipamentos para auxiliar os criadores de gado a agilizar a distribuição de ração, o Rotormix Mini e o Vertimix. Para evitar o desperdício durante a alimentação do animal, a fabricante apresenta o Vertimix, que produz uma mistura homogênea da ração, sem compactação. O dispositivo tem rosca vertical com duas entradas “Two-in”, para cortar e misturar, que torna a distribuição mais uniforme, e uma balança eletrônica programável, garantindo a correta distribuição em cada lote. O equipamento também dispõe de uma esteira de descarga em PVC ou metálica. Já o Rotormix Mini é equipado com dispositivo desensilador hidráulico, que impede o travamento do rotor durante uma descida, por exemplo. O produto também possui balança eletrônica e sistema de carga por meio de esteira transportadora em PVC, abastecendo cochos de até 70 cm de altura. O equipamento pode ser tracionado por um trator de apenas 40 CV, e é composto de rodas aro 16, o que permite trafegar em qualquer tipo de terreno
Plantadora automatizada DMB para canaviais
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rojetada para aprimorar a cultura canavieira, a plantadora DMB PCP 6000 Automatizada tem dois objetivos: reduzir o consumo de mudas por área plantada e diminuir a influência da ação humana no resultado final do plantio. A plantadora foi equipada com uma esteira com ângulo invertido e com um incoder que permite calibrar a velocidade da esteira em RPM. Dessa forma, a PCP 6000 devolve para a caçamba o excesso de mudas da esteira. A máquina possui ainda um Centro Lógico Programável, no qual todas as operações são programadas eletronicamente e acionadas com um toque do tratorista. Todas as operações são monitoradas por meio de imagens captadas por câmeras e vistas num monitor na cabine. 8 - Revista Agricultura & Engenharia
AGRALE LANÇA NOVO TRATOR 540.4 NA EXPOINTER 2014
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Agrale apresenta na edição 2014 da Expointer o novo trator 540.4, ampliando a versatilidade da sua linha de tratores médios. Em função das dimensões reduzidas do equipamento, o modelo é ideal para utilização em pequenas propriedades e também para operação em lavouras de café e fruticultura. Outro destaque é o eixo dianteiro reforçado, que permite o acoplamento de implementos frontais, como pá e plaina, que, em conjunto com o inversor de marchas, configura o 540.4 em uma excelente opção para operação na avicultura.
Todos os tratores da Linha 500 Agrale oferecem inversor de marchas de série, e o novo 540.4, como os demais, foi desenvolvido mediante as exigências do mercado, apresentando os atributos já consagrados pelos agricultores, como economia, versatilidade e robustez. O modelo possui design moderno, com capô basculante, que facilita o acesso para as manutenções diárias e periódicas. Além do novo 540.4, estão expostos no estande da Agrale na Expointer 2014 os demais modelos da Linha 500, como o 575.4 e o 565.4 Compact, que atendem as mais diversas aplicações do segmento agrícola.
Entre os diferenciais do novo trator estão a motorização de quatro cilindros, que garante melhor performance e menor nível de ruído, a capacidade do levante hidráulico de 1.100 kg e a transmissão 8x8, com inversor de marchas de série, único modelo nacional no segmento com esta característica. A ergonomia oferecida também se destaca, com posição segura e confortável para o condutor e alavancas de comando dispostas para facilitar as operações, diminuir a fadiga e aumentar a produtividade.
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Kuhn destaca diferenciais em pulverizador autopropelido
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Kuhn está apostando nos diferenciais do seu pulverizador autopropelido Parruda Stronger. O produto, originário da linha Montana, tem vão livre de 1,80 m, molas pneumáticas que absorvem mais impactos e painel de controle multifuncional. Além disso, oferece alta capacidade de rampa, economia de combustível, peso reduzido e alto rendimento operacional.O equipamento possui sistema de aquecimento rápido do óleo hidráulico que evita danos em vedações durante partidas em dias frios.
Stara apresenta tablet agrícola
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Stara lançou o Topper 5500 VT, dispositivo que promete maior facilidade e interação na operação de máquinas na agricultura de precisão. Ele tem tela sensível ao toque, vidro antirreflexo e comunicação por wifi e bluetooth. O software é interativo e utiliza imagens de seis câmeras, permitindo acompanhar a máquina em 3D de alta definição, o que facilita a visualização de pontos importantes sem que o operador saia da cabine. O Topper é compatível com distribuidores autopropelidos Hércules 5.0. Em breve, o controlador estará disponível para todos os produtos APS Stara. 10 - Revista Agricultura & Engenharia
Massey
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Vendas na 36ª Expointer crescem mais de 60%
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e no ano passado a palavra de ordem na Expointer foi a superação depois da estiagem que castigou o Estado, em 2013 confirmou-se o slogan que diz: “É hora de festejar o nosso crescimento”. O aumento de 62% na comercialização total – de R$ 2,036 bilhões para R$ 3,292 bilhões em 2013 - e de 460% de financiamento de projetos de irrigação – de R$ 56 milhões para R$ 314 milhões - é reflexo da integração entre políticas públicas e os bons momentos dos setores produtivos do campo, segundo o secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi. “As políticas públicas de retomada das cadeias produtivas, o incentivo à produção, a supersafra de grãos, o bom preço dos produtos e a oferta de crédito dos bancos levaram ao sucesso, surpreendente, da 36ª Expointer”, disse Mainardi em entrevista coletiva na tarde deste domingo (1º), durante o balanço de encerramento da maior feira agropecuária da América Latina. Em contrapartida, essa mesma conjunção de fatores fazem o Rio Grande o Sul estimar crescimento de 6% do PIB neste ano, praticamente o dobro do Brasil. O susto dos primeiros quatro dias de intensas chuvas, os alagamentos no Estado e no Parque Assis Brasil, não foram capazes de diminuir o otimismo do Governo, e nem do mais simples produtor da agricultura familiar ao grande pecuarista. Ainda que a atividade também se trate de números, com reflexo direto na economia do RS e do País, são as mãos de homens e mulheres que mudam a história. “A confiança do produtor no seu braço, seja na modernização da propriedade, na genética ou na compra de máquinas, mostra que ele acredita no futuro”, disse o titular da pasta. Agricultura Familiar se consolida No mesmo sentido, o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan, mostrou que o otimismo se
confirmou em números e qualidade. “A Agricultura Familiar foi consolidada nesta Expointer. Chegamos a mais de R$ 1,5 milhão em vendas no varejo até o final”. Pavilhão mais visitado, segundo ele, a Agricultura Familiar vai ampliar o espaço em 2014 – cuja licitação para a construção de um novo galpão foi aberta. “Vamos ampliar o lugar, mas manter a qualidade dos produtos ofertados”, concluiu Pavan. Máquinas batem recordes Os recordes surpreenderam, inclusive, quem lida diretamente com valores. Presidente do Sindicato de Máquinas de Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier não esperava totalizar mais de R$ 3,274 bilhões em vendas, ainda mais com os alagamentos das áreas onde ficam as máquinas. Até a metade dessa semana, ele acreditava que se os números do ano passado fossem atingidos já estaria de bom tamanho. “Temos de fazer agradecimento especial ao Governo do Estado. A tecnologia e a irrigação, a partir do programa Mais Água Mais Renda, estão facilitando as outorgas de licenciamento”. Venda de animais cresce R$ 2 milhões O presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raças (Febrac), Eduardo Finco, acredita que a evolução nas vendas vem de esforço do investimento em qualidade. “Tivemos menos animais este ano. Mas o preço médio pago por cada um está melhor. O que mostra que melhoramos também na genética”. A comercialização dos animais saltou de R$ 13,7 milhões ano passado para R$ 16 milhões. A Política nacional de irrigação, conhecida como Lei 12.787/13, visa a incentivar a ampliação da área irrigada e o aumento da produtividade, bem como promover o aumento da competitividade do agronegócio.
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Testes de enfardamento de sorgo registram resultados positivos
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Massey Ferguson, em parceria com a Nexsteppe, empresa dedicada ao melhoramento genético de sementes de sorgo e técnicas analíticas de cultivo, anuncia resultados dos primeiros testes de enfardamento de sorgo Palo Alto realizados no Brasil. Durante o teste foi utilizado o híbrido Palo Alto 009, da Nexsteppe. A colheita e o enfardamento foram realizados em três etapas: corte do sorgo biomassa no colo da planta (5 cm acima do nível do solo) com segadora de cinco discos de duas lâminas cada, usando um trator de 105 CV. Em seguida, para diminuir os custos do enfardamento, a palha do sorgo biomassa foi agrupada em espaços menores para otimizar a ação da enfardadora, processo conhecido como enleiramento. A terceira e última etapa, o enfardamento, contou com a parceria das máquinas Massey Ferguson. A enfardadora retangular MF 2170 (fardos gigantes) compactou o material em fardos com dimensões de 2,4 x 1,4 x 0,90 metros amarrados por seis fios. Também foram produzidos fardos redondos com o equipamento MF 1745 (fardos cilíndricos).
Gerenciamento agrícola
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m sistema desenvolvido pela APagri, empresa especializada em tecnologias e estratégias de fertilização e manejo de solo, auxilia no gerenciamento agrícola.
A plataforma engloba desde o manejo da fertilidade do solo e mapas de produtividade, até previsão de safra e planejamento agrícola, incluindo serviços como a aplicação de herbicida em taxa variável e imagens de satélite. O módulo de manejo do InCeres AgSystem, que já está disponível, abrange o ciclo completo da agricultura de precisão, da coleta de amostras, obtenção de diagnósticos, à produção de mapas de recomendações. 13 - Revista Agricultura & Engenharia
AgroNews
JF lança equipamentos para feno, grãos e distribuidores
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JF Máquinas apresenta novas linhas de equipamentos para feno, grãos e distribuidores de fertilizantes e sementes. O portfólio de desintegradores, ensiladeiras, vagões forrageiros e vagões misturadores também ganharam versões com desensilador e capacidades para 6 e 8 m³. Entre os destaques estão os vagões misturadores JF Mix 6000 e JF Mix 8000, cujo diferencial é a fresa universal, com dimensionamento para facilitar manobras.
A enfardadeira JF Prisma 4000 possui pistão de compressão de alta velocidade, sistema nosador e garfo alimentador autodefletor. A linha de fenação conta ainda com a segadeira de disco JF 1700 D, a segadeira de tambor JF 1650 T, e o enleirador e espalhador JF Spin 3000. Para completar, a fabricante lança a embutidora de grãos para silo bolsa JF Kanguru 270 e a extratora de grãos JF Grain Up 270. Em distribuidores, há os novos monodisco JF Helix 400 e 600, o distribuidor pendular JF Maestro 600 e os duplodisco JF Helix Duo 1300 e 1500.
Eaton conectada à agricultura
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Eaton desenvolveu soluções hidráulicas para o mercado agrícola. As novas conexões para tubulações métricas (Walterscheid) são à prova de vazamento e oferecem facilidade de montagem. Outro lançamento é a série X20, com tecnologia de bombas de pistão. Os modelos 220, 420 e 620 oferecem uma gama de deslocamentos, visando obter potência em espaços restritos dentro das máquinas.
bombas e motores DuraForce que possibilitam maior produtividade eeconomia de combustível, segundo a empresa. As direções hidrostáticas Eaton XCEL 45 e Série 10 permitem variadas configurações técnicas.
Segundo a Eaton, as soluções oferecem ao agricultor maior precisão no controle do equipamento, maior produtividade com a redução do tempo de parada de máquina, redução do consumo de combustível por meio da adequação dos projetos hidráulicos à necessiO portfólio reúne ainda mangueiras e dade do cliente e eliminação do vazamento de conexões hidráulicas e industriais, além das óleo nas mangueiras e conexões. 14 - Revista Agricultura & Engenharia
Política nacional de irrigação incentiva agricultura irrigada
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Política nacional de irrigação, conhecida como Lei 12.787/13, visa a incentivar a ampliação da área irrigada e o aumento da produtividade, bem como promover o aumento da competitividade do agronegócio. A lei também incentiva a formação e a capacitação de recursos humanos para o setor, e prevê a articulação dos Ministérios da integração nacional (Mi) e do Desenvolvimento agrário (Mda) para assistência técnica rural a agricultores irrigantes. “A secretaria entende que a capacitação do homem do campo hoje é tão necessária quanto à inovação tecnológica”, afirma o secretário nacional de irrigação, Guilherme Costa. Entre os instrumentos instituídos pela nova lei estão o Conselho nacional de irrigação, para atuar na discussão e fortalecimento da política nacional, o sistema nacional de informações sobre irrigação, que vai subsidiar as decisões referentes à gestão de políticas e projetos do setor, e os Planos de irrigação. Eles vão orientar o planejamento da política nacional.
Agritech lança nova marca
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Agritech está com nova identidade visual inspirada no campo. De acordo com o gerente do departamento de marketing da empresa, Pedro Lima, para este novo momento da companhia, o que se buscou foi manter a essência simples e forte representada pelo homem no campo, unida à tecnologia que conduz a empresa. “O emblema é formado por linhas que representam as diferentes culturas agrícolas e se juntam formando apenas uma unidade em perfeito equilíbrio. Sua posição apontando para cima demonstra o crescimento, a ascensão do setor agrícola e o futuro da empresa e seus colaboradores“, explica. Segundo Lima, o vermelho representa a energia e o vigor, e o cinza transmite estabilidade, confiança e estrutura sólida.
A lei vai permitir ainda que seja caracterizada como de utilidade pública a construção de barragens e açudes para uso na irrigação. Fortalece também que o crédito rural seja disponibilizado para viabilizar a aquisição de equipamentos de irrigação, contribuindo para o uso eficiente dos recursos hídricos. Para o secretário, uma das metas da secretaria é a regulamentação da lei. “Com a nova Política Nacional de Irrigação será possível obter equipamentos para uso eficiente da água, modernizar instrumentos e implantar sistemas de suporte à irrigação”, avalia Guilherme Costa. 15 - Revista Agricultura & Engenharia
Entrevista
Agronegócio
“precisa de planejamento estratégico e políticas públicas” O crescimento da população mundial e a expectativa de que em 2050 o Brasil será o grande celeiro do mundo trazem importantes desafios para o crescimento do agronegócio de todo o país
Alysson Paolinelli Ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e atual presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli, comenta os principais gargalos que devem ser superados para que a produção brasileira de alimentos cresça cerca de 40% nos próximos 36 anos. 16 - Revista Agricultura & Engenharia
entrevista
com exministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e atual presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli, comenta os principais gargalos que devem ser superados para que a produção brasileira de alimentos cresça cerca de 40% nos próximos 36 anos. O investimento em conhecimento, pesquisa, irrigação, desburocratização dos processos e a revisão da legislação brasileira são questões consideradas fundamentais para o desenvolvimento do setor. Mineiro de Bambuí, região Centro-Oeste do Estado, Paolinelli tornou-se agrônomo em 1959 pela Escola Superior de Agronomia de Lavras (Esal), atual Universidade Federal de Lavras (Ufla). Em 1971, assumiu a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e criou incentivos e inovações tecnológicas que tornaram Minas Gerais o maior produtor de café do Brasil. Em 1974, assumiu o Ministério da Agricultura. Durante a sua gestão, modernizou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e promoveu a ocupação econômica do cerrado brasileiro. Após deixar o Mapa, ainda exerceu cargos de destaque na vida pública brasileira, como presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Em 2006, foi agraciado com o World Food Prize, prêmio que equivale ao Nobel da Alimentação. 17 - Revista Agricultura & Engenharia
Entrevista problema não é só de falta de planejamento estratégico, mas, especialmente, de política pública, que nossos concorrentes usam e o Brasil também já utilizou há anos. Infelizmente, após sete planos econômicos, os governantes do país acabaram com essas políticas. Agricultura & Engenharia - Falta investimento por parte do governo?
Agricultura & Engenharia - O Brasil é considerado o principal país capaz de alavancar a produção do agronegócio para atender à crescente demanda mundial por alimentos. Temos investido nesta oportunidade de crescimento? Alysson Paolinelli - O Brasil tem total condições de crescer no agronegócio, mas não está fazendo o necessário devido à falta de planejamento estratégico e de políticas públicas. Temos condições de produzir cada vez mais. Porém, o volume que hoje é gerado já enfrenta problemas graves, como a falta de espaço para armazenamento da safra e uma logística comprometida, tanto no que se refere ao transporte como ao embarque dos produtos nos portos. Isso não poderia acontecer, mas é resultado de uma imprevisibilidade caótica. O
Alysson Paolinelli - Com certeza. Para se ter uma ideia, o governo alardeia que está disponibilizando R$ 176 bilhões para a agricultura brasileira, no Plano Safra 2013/14, para produzir quase 200 bilhões de toneladas. Na década de 1970, o Brasil produzia 30 milhões de toneladas e tinha disponível este mesmo valor, se corrigido. Não está havendo correspondência, e este é o perigo. O Brasil gera US$ 100 bilhões ao ano em exportações agrícolas. Se descontado o valor das importações, que vão desde combustível, fertilizantes e outros produtos químicos, ainda teremos um saldo de US$ 85 bilhões. Se o país tivesse um grupo que enxergasse à frente, o planejamento estratégico reverteria parte desde recursos para investir no setor. Se isso estivesse acontecendo, estaríamos exportando quase o dobro do que atualmente. Agricultura & Engenharia - O crédito disponibilizado via Plano Safra atende à demanda dos produtores? Alysson Paolinelli - O problema do crédito não é só o volume de recursos, ele deve ser aplicado no que realmente precisa, o que não ocorre. O governo está entregando o comando do crédito para as entidades financeiras, mas a produção agrícola tem um objetivo e o banco tem outro, que é ganhar dinheiro sem ter risco, e a agricultura é a atividade de maior risco. Por isso, os produtores estão se tornando reféns dos bancos que, por sua vez, se utilizam de todos os recursos para comprometer o produtor.
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“Temos no solo brasileiro o suficiente para atender à demanda nacional. Falta apoio do governo para reduzir a burocracia, pois já contamos com empresas competentes para resolver este problema.” Alysson Paolinelli Alysson Paolinelli - É preciso continuar inAgricultura & Engenharia - Qual a avalia- vestindo em ciência e tecnologia, na geração ção do senhor em relação ao Código Flo- de conhecimento, o que não acontece. Temos restal? empresas especializadas como a Embrapa, que passa por dificuldades financeiras, e as Alysson Paolinelli - Nada do código salva. estaduais, que estão praticamente falidas. As Antes da elaboração, era preciso que conhe- universidades também não têm recursos para cêssemos os diferentes biomas. Ao contrário pesquisas. Também é preciso planejamento disso, fizeram um código sem estudar o bio- para reduzir custos, principalmente em rema da Amazônia, do Nordeste, do Pantanal. lação ao escoamento da safra. O Brasil tem Conhecemos um pouco do cerrado e da Mata rede de rios navegáveis excepcionais e essa Atlântica, que estamos tentando recompor. seria uma das soluções. Conhecemos e não utilizamos corretamente os pampas do Rio Grande do Sul. E, acrediAgricultura & Engenharia - A transferênte, os seis biomas que citei foram legislados cia de tecnologia é eficaz no país e em Micomo se fossem um só. O que polui mais: a cinas Gerais? dade ou o campo? Questionei se será feito um código urbano, e se for feito, quero ver se as Alysson Paolinelli - A transferência de tecregras para São Paulo serão as mesmas para nologia ainda é precária. Estão criando a Aso interior do Piauí. Não levaram as diferenças sociação Brasileira das Entidades Estaduais em conta. Isso é um absurdo. Proibiram a Em- de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbrapa de se manifestar, já que iriam colocar braer) e espero que seja bem dirigida e orienos dedos na ferida. Foram anos jogados fora tada, pois temos pessoas qualificadas para e, hoje, o Brasil está com limitações de áreas, fazer isso. No Estado, temos a Emater-MG por não ter condições legais de usar tudo que (Empresa de Assistência Técnica e Extensão pode. Rural de Minas Geais), que cumpre bem este Estamos limitados por uma legislação es- papel e é referência no Brasil. drúxula, completamente errada. Os demais países produtores do mundo não fizeram um Agricultura & Engenharia - Uma avaliacódigo como o nosso, e não vão fazer nunca. ção em relação ao cerrado. Ainda há espaço para crescer? Agricultura & Engenharia - Quais as principais e mais urgentes medidas que devem Alysson Paolinelli - O cerrado é um exemplo ser tomadas para que o agronegócio brasi- da competência brasileira. Toda a agricultura leiro se torne mais competitivo no mercado no mundo foi feita sobre as melhores terras. mundial? No cerrado, aconteceu o inverso. O agricultor 19 - Revista Agricultura & Engenharia
Entrevista aprendeu a manejar uma das terras mais degradadas do mundo e vem produzindo cada vez mais. Ainda temos muitas fronteiras para serem exploradas, só ocupamos 20% do cerrado brasileiro. O uso do restante não aconteceu ainda por falta de investimento, de conhecimento e da legislação que não permite, mas acho que a região é tão promissora que esses gargalos serão solucionados ao longo do tempo. Agricultura & Engenharia - A produtividade das culturas brasileiras é satisfatória? Alysson Paolinelli - O Brasil caminha bem em relação à produtividade, está bem colocado no ranking mundial, mas, mesmo assim, ainda existe muito espaço para crescer. Um dos problemas é que ela ainda não chega à agriculturade subsistência e todos os produtos têm condições de ter produtividade maior. Temos vantagens competitivas das quais não podemos abrir mão. É interessante como nosso sistema de manejo de solo favorece a melhoria da qualidade através do sistema de integração pecuária, lavoura e florestas. Quanto mais se produz, melhor a terra fica e essa tecnologia precisa chegar a todos os produtores. Agricultura & Engenharia - O uso da água vai ser um problema? Alysson Paolinelli - O uso da água é fundamental para o desenvolvimento da agricultura. O Brasil é um dos países mais ricos em relação à oferta de água doce, mas a mentalidade do brasileiro é completamente equivocada. A água precisa estar na terra, na biologia, fazendo a semente se desenvolver e produzir. Precisa retirar da história de Minas Gerais quando fomos contra a transposição do rio São Francisco, que retiraria 42 metros cúbicos de água por segundo, mas, quando fizeram o Jaíba, foram retirados 80 metros cúbicos. O uso da água no país tem um conceito errado e vai ter que mudar. A tendência é partir para
a irrigação, investir na terceira safra. O mundo está caminhando, quando chegar a 2050 não vai ter recursos em vários países produtores e o mundo vai pressionar, se não tem competência, vai perder. É preciso ampliar as pesquisas e o conhecimento para usar a água. Acho que vamos ter que fazer mudanças de conceito no país. Agricultura & Engenharia - Como o senhor avalia as parcerias público-privadas? Alysson Paolinelli - As parcerias são muito positivas. O país mais desenvolvido é aquele em que o governo é menos sentido. Eu acho que nossa tendência é investir cada vez mais neste sistema de PPPs. À medida emque as empresasde tecnologia, conhecimento e desenvolvimento vão crescendo, o governo temque se utilizar delas. Eu já passei pelo governo várias vezes, tive todo o apoio de que precisei mas percebi que não é fácil. Você tem burocracia horrorosa, que te atrasa. Então a presença da iniciativa privada para atender a planejamentos estratégicos é fundamental e o governo precisa estreitar os laços. Agricultura & Engenharia - Os investimentos feitos em parceira entre governo e iniciativa privada para a produção de fertilizantes no país irão alavancar a agricultura? Alysson Paolinelli - Este trabalho em conjunto é fundamental para o Brasil se tornar autossuficiente. Infelizmente, em 1970, planejou-se e quase alcançamos a autossuficiência, porém, a demanda cresceu e, como não fizemos planejamento, ficamos dependentes das importações, o que é uma vergonha. Mas, para acontecer, muita coisa precisa mudar. As empresas privadas estão reclamando que gastam, no mínimo, de 3 anos a 5 anos para obter uma autorização na área de ecologia. Que empresa vai investir com esta burocracia?
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Agronegócio
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Brasil é um país com vocação para o agronegócio, em face de suas características e diversidades, tanto de clima quanto de solo, possuindo ainda áreas agricultáveis altamente férteis e ainda inexploradas. O aumento da demografia mundial e sua conseqüente demanda por alimentos nos leva a uma previsão de que o Brasil alcançará o patamar de líder mundial no fornecimento de alimentos e commodities ligadas ao agronegócio, solidificando sua economia e catapultando seu crescimento. 22 - Revista Agricultura & Engenharia
O agronegócio é todo o conjunto de negócios que se relacionam com a agricultura, dentro de uma visão econômica, e é o responsável, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), por cerca de 1/3 do PIB do Brasil, alocando aproximadamente 38 % da mão-de-obra do país e responsabilizando-se por 42% das nossas exportações, tendo assim uma significante representatividade em nossa balança de pagamentos, sendo o setor mais importante na nossa economia e que apresenta um crescimento considerável, impulsionado pela globalização dos mercados, pelo aumento das taxas demográficas mundiais e o conseqüente aumento de demanda de alimentos em nível mundial. O Brasil possui uma vocação natural para o agronegócio em função da diversidade
de seu clima, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, contando ainda com uma enorme área agricultável fértil e de alta produtividade, na ordem de 388 milhões de hectares, dos quais 90 milhões ainda constam inexplorados, o que vem a comprovar as previsões da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), de que o Brasil será o maior produtor mundial de alimentos da próxima década, o que irá causar impactos positivos diretos em sua economia, reforçando sua taxa de crescimento e auferindo uma maior credibilidade frente a outras economias, o que pode ser entendido como um ciclo sinérgico de vantagens, catapultando fatores econômicos, e contribuindo para a solidificação da economia interna do país.
Panorama dos principais produtos agropecuários do Brasil. o Brasil possui inúmeros produtos agropecuários que possuem um significante valor estratégico em nossa economia. São eles: ÁLCOOL E AÇUCAR - Graças à colonização portuguesa, a cana-de-açúcar se tornou um dos produtos mais importante do agronegócio brasileiro. Se mantendo desde os tempos colônia (séculos XVI e XVII) até os dias de hoje, se mantendo como um dos produtos nacionais mais fortes. O Brasil é o maior produto de cana do mundo, com uma área plantada de 5,4 milhões de hectares e uma safra anual de cerca de 354 milhões de toneladas. Devido a isto se torna uma potência na produção de açúcar e de álcool.
Perante dados consolidados pela Secretaria de Produção e Comercialização (SPC) as exportações de açúcar atingem anualmente cerca 12,9 milhões de toneladas, com receitas de US$ 2,1 bilhões. Nosso produto foi destinado principalmente para: Rússia, Nigéria, Emirados Árabes Unidos, Canadá e Egito. A produção em média por ano chega a 24,8 milhões de toneladas de açúcar.
O álcool é um produto que cada vez mais interessa às nações que procuram diminuir a emissão de gases prejudiciais à saúde humaO álcool para ser extraído depende cana. na por se tratar de um combustível não poO potencial energético de 1,2 barris de petró- luente. Grandes potências como a China e o leo corresponde a uma tonelada de cana. O ál- Japão já manifestaram intenção de importar cool movimenta 15% dos meios de transporte o combustível. Espera-se um grande aumento do país. nas exportações para os próximos anos. 23 - Revista Agricultura & Engenharia
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CAFÉ Em 1727 os portugueses entenderam que a terra do Brasil tinha todas as possibilidades que convinham à cafeicultura. Mas infelizmente eles não possuíam nem plantas nem grãos. O governo do Pará encontrou um pretexto para enviar Palheta, um jovem oficial a Guiana Francesa, com uma missão simples: pedir ao governador M. d’Orvilliers algumas mudas. M. d’Orvilliers seguindo ordens expressas do rei de França, não atende ao pedido de Palheta. Quanto à Mme. d’Orvilliers, esposa do governador da Guiana Francesa, não resiste por muito tempo aos atrativos do jovem tenente. Quando Palheta já regressava ao Brasil, Mme. d’Orvilliers envia-lhe um ramo de flores onde, dissimuladas pela folhagem, se encontravam escondidas as sementes a partir das quais haveria de crescer o poderoso império brasileiro do café – um episódio bem apropriado para a história deste grão tão sedutor.
Do Pará, a cultura passou para o Maranhão e, por volta de 1760, foi trazida para o Rio de Janeiro por João Alberto Castelo Branco, onde se espalhou pela Baixada Fluminense e posteriormente pelo Vale do Paraíba. É plantado por ano cerca de 2,2 milhões de hectares, o Brasil teve uma safra de 28,82 milhões de sacas. Os principais importadores do café brasileiro são os Estados Unidos, Alemanha, Itália e Japão. O Brasil domina 28% do mercado mundial do café em grão in natura. CARNES E COURO O alto padrão da sanidade e qualidade dos produtos de origem bovina, suína e de aves leva as exportações à aproximadamente US$ 4,1 bilhões/ano. O Brasil é um dos lideres mundial na exportação de carne bovina e de frangos. A pecuária brasileira é hoje uma das mais modernas do mundo.
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SOJA
O Brasil é um dos maiores produtores de sucos de frutas. Ao ano, as exportações do seA soja é hoje o principal grão do agrone- tor alcançam em média US$ 1,25 bilhão/ano. gócio brasileiro. O país é o segundo maior pro- O país é o maior produtor e exportador de suco dutor mundial da oleaginosa, com uma safra de laranja. O setor gera receitas cambiais de US$ 1,2 bilhão por ano. Os principais destinos de 52 milhões de toneladas e foram Bélgica, Países Baixos, Estados Unidos uma área plantada de 18,4 milhões de e Japão. hectares em média por ano. No Brasil a soja chegou em 1882, embora conhecida a mais de cinco mil anos, começando pelo território baiano. Em 1940 passou a ter destaque na agricultura. Depois de quase sessenta anos se tornou um dos maiores destaques do agronegócio brasileiro. O Brasil tem assumido a liderança no mercado internacional de soja (grãos, farelo e óleo), com exportações que chegam a aproximadamente US$ 8,1 bilhões/ano.
O Brasil produz anualmente cerca de 38 milhões de toneladas no setor de fruticultura sendo o terceiro no ranking mundial. As vendas externas de frutas frescas alcançam em média por ano US$ 335,3 milhões. Tendo em torno de 15% de crescimento todos os anos.
Consciente do enorme potencial do país na área de fruticultura, com plenas condições de ampliar sua participação do mercado internacional, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e os produtores do setor estão investindo em um sistema de cultivo de Um dos maiores exemplos do potencial frutas de alto padrão de qualidade e sanidae vocação agrícola brasileira em expansão é de. É o programa de Produção Integrada de o plantio de soja. As lavouras da oleaginosa, Frutas (PIF), que prevê o emprego de normas até os anos 80, estavam principalmente nos de sustentabilidade ambiental, segurança aliestados do Sul - Rio Grande do Sul, Paraná e mentar, viabilidade econômica e socialmenSanta Catarina. O desenvolvimento de cultiva- te justa, mediante o uso de tecnologias não res adaptados ao solo e ao clima das diferen- agressivas ao meio ambiente e ao homem. tes regiões Produtos Florestais brasileiras, a soja se espalhou também pelo Centro-Oeste, nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e no Distrito Federal, além de parte do Nordeste - principalmente no oeste da Bahia e no sul do Maranhão e do Piauí. SUCOS e FRUTAS A fruticultura gera um superávit de aproximadamente US$ 267 milhões/ano, o setor ocupa uma área de 3,4 milhões de hectares. A produção de frutas permite obter um faturamento bruto entre R$ 1 mil e R$ 20 mil por hectare. Hoje, o mercado interno consome 21 milhões de toneladas por ano e o excedente exportável é de cerca de 17 milhões de toneladas.
No comércio internacional a indústria brasileira de papel e celulose tem vocação exportadora devido a sua competitividade. As exportações de celulose giram em torno de US$ 1,4 bilhão/ano. Os principais importadores são Estados Unidos, China, Japão e países da União Européia. As vendas externas de papel é aproximadamente US$ 1 bilhão por ano. As exportações brasileiras contam com importantes itens como papel, celulose e madeiras. O país tem exportado cerca de US$ 4,9 bilhões de produtos florestais anualmente. O principal importador da madeira brasileira é os Estados Unidos, absorvendo 44% das vendas. Outros importantes destinos são Reino Unido, China, Bélgica, França, Japão e Espanha.
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Retrospectiva
Agronegonócio no Brasil O agro é um dos setores mais importantes do Brasil, sob os pontos de vista econômico, social e ambiental
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relevância de um assunto ou fato pode ser mensurado pelo destaque alcançado na mídia. O agro é um dos setores mais importantes do Brasil, sob os pontos de vista econômico, social e ambiental. O agro brasileiro foi responsável por cerca de 23% do PIB nacional, por 36% dos empregos e pelo saldo positivo de nossa balança comercial; o produtor rural é o maior ambientalista em ação. Entretanto, a análise de diversas retrospectivas sobre 2013 mostra que pouco destaque foi dado ao setor. Os "balanços" publicados no final de 2013 e início de 2014, que destacam as notícias relevantes do ano passado, mostraram que diversos outros temas prevaleceram. Relacionada ao agro foi destacada a responsabilização da inflação pelo custo do tomate; o fato do valor da cesta básica vir se reduzindo ao longo dos últimos anos, graças à tecnologia incorporada nos processos pro-
dutivos, que vem possibilitando o acesso a alimentos de qualidade à população, não foi discutido. Também foi amplamente divulgada a fila de caminhões na chegada ao litoral paulista, atrapalhando o trânsito de turistas. Carregados de grãos, tiveram que aguardar vários dias para despejar a carga no Porto de Santos, trazendo dívidas para o Brasil. Um dos assuntos que mais chamaram a atenção em 2013 no Brasil foram as manifestações de rua, reivindicando melhores serviços a população e indicando que "o gigante acordou". O movimento incluiu ações de black blocks e vandalismo, que influenciaram a popularidade de governos e de pré-candidatos nas eleições de 2014. Outro tema que polarizou as atenções foi o julgamento dos mensaleiros, que culminou com a prisão de personalidades da política nacional e o surgimento de nova liderança representada por Joaquim Barbosa, Presidente do STJ. A campanha "onde está o Amarildo?", envolvendo a polícia do Rio
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de Janeiro; a derrocada de Eike Batista, um dos homens mais ricos do mundo e a vitória do Brasil na Copa das Confederações receberam muita atenção. O incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria/RS, que matou 242 jovens, dominou o noticiário por muito tempo, assim como a discussão sobre a publicação de biografias não autorizadas de famosos, principalmente de cantores muito populares e a depredação do Instituto Royal, em São Roque/SP, com a liberação de 178 cães da raça Beagle, utilizados no desenvolvimento de remédios que salvam vidas humanas. Em nível internacional, tiveram grande destaque a renúncia do Papa Bento XVI e a escolha do jesuíta argentino, Jorge Mario Bergolio como Papa Francisco, e a morte de um dos maiores líderes dos últimos tempos, o sul-africano Nelson Mandela. Ainda mereceram destaque as mortes do venezuelano Hugo Chávez e de Margaret Thatcher, ex-premier britânica. A morte do menino boliviano Kevin Espada em jogo envolvendo o Corinthians foi destaque no mundo esportivo internacional. Ainda foram considerados relevantes fatos como a espionagem dos EUA, revelada por Edward Snowden, culminando com seu asilo na Rússia; a crise síria e a liberação da maconha no Uruguai. Também tiveram ampla cobertura a diminuição do poder dos Estados Unidos; o fortalecimento da primeira ministra da Alemanha, Angela Merkel; o atentado durante a Maratona de Boston e a morte de 366 imigrantes ilegais da Somália e Eritréia perto da Ilha de Lampedusa, na Itália, em naufrágio. Fatos relevantes para a qualidade de vida das pessoas, como o agro continuar sendo o "carro chefe" da economia brasileira, não tiveram o merecido destaque. O PIB do agro cresceu quase 3,5% em 2013 em relação a 2012. O VBP (Valor Bruto da Produção) agropecuária ("dentro da porteira") foi de R$ 430 bilhões, 10% superior ao de 2012. A safra de grãos em 2012/13 foi de 195,9 milhões de toneladas, 15% superior a de 2011/12, com
destaque para soja, milho e arroz; a área cultivada aumentou apenas 3,6%. O agro brasileiro exportou em 2013 cerca de US$ 100 bilhões (4,3% a mais que em 2012), possibilitando saldo positivo de US$ 83 bilhões (4,4% maior que em 2012). O agro foi responsável por mais de 41% das nossas exportações, com destaque para o complexo soja, carnes, açúcar/álcool, produtos florestais, milho, café e couro. O principal destino das exportações do agro foi a China, seguida pela União Europeia. O ano de 2013 serviu, também, para mostrar os problemas do agro e a necessidade de investimentos em ensino, pesquisa, extensão e fiscalização, para que continue sendo a nossa "âncora verde" da economia. O caso Helicoverpa armigera, praga quarentenária que se estabeleceu e causou danos de cerca de R$ 3 bilhões, mostrou a fragilidade da defesa agropecuária e a morosidade em tomar decisões adequadas para possibilitar o manejo de problema novo. O assunto foi tema em programas muito populares, como o "Mais Você" da Ana Maria Braga. Também foram pouco evidenciados os problemas da legislação trabalhista rural, das terras indígenas e do licenciamento ambiental para o agro. O mundo considera o agro brasileiro como sendo o que mais vem contribuindo para atender à demanda mundial de alimentos. É necessário que as realizações e problemas do agro brasileiro sejam incluídos nas grandes discussões nacionais, alcançando a relevância que o setor representa. Por José Otavio Menten, Presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS), Eng. Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia, Pós-Doutorados em Manejo de Pragas e Biotecnologia, Professor Associado da USP/ESALQ.
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Os números que mostram o poder do agronegócio brasileiro Um trilhão de reais e 41% das exportações brasileiras. Veja os números do Ministério da Agricultura que mostram o tamanho do agronegócio hoje – e as previsões para o setor
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etor mais competitivo da economia nacional, o agronegócio representa hoje 20% do PIB. Sem ele, a balança comercial brasileira sofreria um baque: 41% das exportações vêm do campo, cuja expansão dependerá fortemente da produtividade nos próximos anos.
- Entre 25 e 30 milhões de pessoas trabalham com o agronegócio – cerca de 30% do pessoal ocupado do país – direta e indiretamente.
o coordenador geral de planejamento estratégico do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques, mostrou os números que dão a dimensão do setor.
- Para isso, a área cultivável deverá aumentar 17%, mas é a produtividade que deverá ser a grande responsável pelo aumento na produção.
Mais importante, no entanto, são as previsões oficiais para os próximos anos, também reveladas.
- 90% do crescimento da produção nos últimos anos se deve à produtividade; apenas 10% a outros fatores.
Veja abaixo os grandes números da produção no campo. Ao final, em contraponto, seguem dados da Kepler Weber, empresa de armazenamento de grãos, que mostram algumas das milhares de dificuldades enfrentadas pelo setor.
- A tendência em longo prazo é a produtividade crescer a taxas mais modestas, algo em torno de 1,6% ao ano, enquanto hoje está em 4,04% – contra 2,26% nos EUA.
1) Os números - O PIB da agricultura é de 1 trilhão de reais, o que representa cerca de 20% da economia brasileira. - O setor representa 41% das exportações brasileiras hoje.
- A produção de grãos deve chegar este ano a 191 milhões de toneladas. Na próxima década, deve alcançar 248 milhões.
- Os três estados que se destacam no crescimento da produtividade anual hoje são Minas Gerais (6,5%), Bahia (5,7%) e Goiás (5,5%). - Brasil usa 40 milhões de hectares para plantar produtos transgênicos. Só perde no mundo para os EUA, onde a área chega a 70 milhões de hectares. - A produção de cinco estados da região do
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delta dos Estados Unidos não chega a 700 mil km quadrados de áreas cultiváveis. Só o Mato Grosso é maior do que isso. - Milho (63%) e algodão pluma (55%) serão as duas culturas que mais terão aumento na exportação entre 2013 e 2023, prevê o ministério. 2) Os problemas - Apenas 15% das fazendas possuem sistema próprio de armazenagem de grãos, segundo a Kepler Weber. - O percentual de perda no mercado de
grãos na pré e pós-colheita é de 10%, considerado alto em relação à média mundial. - Produção de soja vem crescendo 6% ao ano, enquanto a capacidade de armazenagem aumenta apenas 4%. Já a área de plantio, 2,8%. Isso indica crescimento da produtividade, mas também o aumento do déficit de áreas para estocar a cada ano. - Os gargalos de logística e infraestrutura formam uma lista enorme. A saída de uma tonelada de soja do Mato Grosso para a China custa 185 dólares. Da Argentina, 102 dólares. Dos EUA, 71 dólares.
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Roberto Rodrigues vê outro ano positivo para o agronegócio brasileiro
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pesar da forte queda dos preços dos grãos e de sinais de alerta que podem ter efeito negativo sobre a demanda por biocombustíveis no médio prazo, sobretudo a partir do desenvolvimento do gás de xisto nos EUA, a agricultura brasileira deve ter outro ano positivo em 2014. Essa é a avaliação do coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. 30 - Revista Agricultura & Engenharia
Além disso, a valorização do dólar, diante do real deve ajudar a compensar as cotações mais baixas da soja e do milho, fruto da recomposição de oferta após a safra recorde obtida nos EUA.
Na avaliação de Rodrigues, nem mesmo a desaceleração do crescimento da China, principal responsável pelo boom de commodities iniciado nos anos 2000, será prejudicial para o agronegócio brasileiro em 2014.
“As perdas eventuais que vamos ter no valor das commodities podem ser compensadas pela valorização cambial”, disse Rodrigues. Segundo ele, o cenário é mais róseo para os produtores de soja do país do que para os de milho, que devem amargar queda nas exportações devido à concorrência com o grão produzido nos EUA, maior exportador global da commodity.
“Tenho a impressão que o problema China não existe no curto prazo. A China diminuiu o crescimento, mas a demanda por alimentos é inelutável”, afirma ele. Além disso, o processo de urbanização do gigante asiático é um dado da realidade que só contribui para elevar a demanda, pois mais gente deixa de produzir para o próprio consumo.
Apesar de seu otimismo sobre o desempeNa safra 2012/13, colhida no ano passa- nho da agricultura brasileira, Rodrigues condo, as exportações brasileiras de milho atingi- sidera que existem três importantes culturas ram o recorde de 26,2 milhões de toneladas, agrícolas em dificuldades no país: café, cana segundo dados do Ministério da Agricultura. de açúcar e laranja. No período, o Brasil exportou milho até mesPara além do curto prazo, o ex-ministro vê mo para os EUA, que sofriam com a escassez do cereal após a já histórica estiagem que alguns riscos de perturbações no mercado de atingiu as lavouras do meio-oeste americano grãos. Em sua avaliação, as regras americaem 2012. Agora, há uma oferta abundante nas e europeias para biocombustíveis podem do milho, o que tende a dificultar exportações sinalizar menor demanda por grãos para produzir biocombustíveis no futuro. Segundo ele, brasileiras. o desenvolvimento do gás e do óleo oriundos Se o cenário é mais difícil para os produto- do xisto embaralha o futuro dos biocombustíres de milho, é positivo para o setor de carnes veis. “Surgiu uma variável nova, mais imediaque deve se beneficiar da redução das cota- ta”, afirmou. Notório defensor da agroenergia, ções do cereal, segundo o ex-ministro. “A de- Rodrigues não entrega os pontos: “o xisto é manda por carnes é crescente. Então, se os fóssil e um dia vai acabar”. preços do grãos caírem um pouco em dólar, vai melhorar o resultado dos produtores de Fonte: Jornal Valor econômico carne e agregar valor na cadeia”, observou.
Prof. Roberto Rodrigues - Titulação: - Doutor Honoris Causa - UNESP Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV/EESP, Presidente do Conselho do Agronegócio da FIESP e da Academia Nacional de Agricultura. Professor Titular do Departamento de Economia da UNESP - Jaboticabal. 31 - Revista Agricultura & Engenharia
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Perspectivas
Para o Agronegócio Brasileiro em 2015 Divulgado um panorama sobre as principais commodities brasileiras, por meio do estudo “Perspectivas para o Agronegócio Brasileiro 2015”, O material contempla as principais tendências para os mercados de fertilizantes, açúcar, etanol e cana, café, algodão, soja, milho, bovinos, frango, suco de laranja e leite.
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e acordo com o relatório, o cenário macroeconômico para 2015 aponta para recuperação gradativa da economia global. Além disso, o estudo também traz as expectativas para a taxa de câmbio em 2015. “Com a deterioração da balança comercial e o crescimento das despesas com serviços externos, o déficit brasileiro em transações correntes cresceu rapidamente. Como a entrada de recursos ex-
ternos não seguiu o mesmo ritmo, a escassez de dólares passou a colocar pressão altista no câmbio”, Já o Brasil, segundo análise , terá o saldo em transações correntes da balança comercial com o crescimento de 4,0% do PIB, em 2013, para 4,3%, em 2015. O estudo também traça um cenário que a hipótese de câmbio ficará em torno de R$ 2,50/USD no Brasil ao final do ano (R$ 2,40/ USD na média).
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Destaques do estudo: Fertilizantes A queda nos preços internacionais de fertilizantes podem promover a retomada da demanda asiática. No lado da oferta, novas capacidades de produção devem vir em linha com o crescimento do consumo. As perspectivas para os preços em 2015 é que continuem estáveis no primeiro semestre de 2015, mesmo após a forte queda nas cotações internacionais. Assim como em 2014, o esperado aumento da demanda não necessariamente será traduzido em margens mais elevadas para todos os elos da cadeia de fertilizantes. As diferentes estratégias quanto ao gerenciamento de estoques e de volatilidade do câmbio devem fazer com que a indústria de fertilizantes continue a apresentar resultados bastante heterogêneos no próximo ano. Açúcar, etanol e cana As estimativas iniciais apontam para o quarto ano de excedente de produção de açúcar, na safra internacional 2014/15. Apesar de menor do que o estimado para a safra 2013/14, caso se confirme, o excedente elevará ainda mais a relação estoque/consumo do mercado mundial. Já a safra de cana no Centro/Sul do Brasil se aproxima da capacidade instalada e o volume de moagem em 2014/15 deverá ser semelhante ao observado na safra 2013/14. esperam-se níveis de ATR ligeiramente melhores e mix de produção entre 44% e 46% para o açúcar. A perspectiva de preços da projeção de excedente, na safra internacional 2013/14, deve continuar pressionando os preços, que devem manter-se entre US$ 17 c/lb e US$ 18 c/lb na média, ao longo do ano. O câmbio será fator determinante no desenvolvimento dos preços em 2014. Quanto ao etanol, o aumento da demanda e o esperado aumento
do preço da gasolina devem elevar o preço ao produtor. O litro do etanol hidratado e do anidro deve ficar em torno de R$ 1,29 e r$ 1,47, respectivamente, na média em 2014. Café As perspectivas apontam que a safra brasileira 2014/15 deve ser uma safra de alta. As perspectivas para a produção na Colômbia também são de crescimento, porém, na América Central a produção deve diminuir em 2014, dado o impacto da ferrugem na região. A produção mundial de café robusta deve aumentar e essa previsão deve-se, em grande parte, à expectativa de safra cheia no Vietnã. As projeções preliminares para o ano-safra internacional de 2014/15 (out-set) sugerem que a produção mundial deve exceder o consumo pelo terceiro ano consecutivo. Para os preços, as expectativas de mais um ano de excedente mundial e, consequentemente, de mais um ano de aumento dos estoques globais, indicam que existe pouco espaço para recuperações significativas dos preços internacionais. Os fatores com maior potencial para alterar essas perspectivas são o desenvolvimento dos cafezais brasileiros até meados de 2014 e os impactos da ferrugem na oferta da América central, no mesmo período. Algodão Os baixos preços no mercado global têm estimulado a substituição do algodão por outras culturas. Assim, a expectativa é de redução de 6,5% na produção mundial da fibra. Essa queda, porém, não deverá causar grande impacto nos estoques, uma vez que se prevê redução no consumo. Quanto ao plantio brasileiro, na nova safra 2013/14 espera-se aumento próximo a 12% em área, tendência oposta ao comportamento mundial e ao verificado em 2012/13, quando os preços estimularam a produção de grãos, em detrimento da pluma.
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Capa Para os produtores brasileiros, os custos operacionais da lavoura estão mais elevados este ano nas principais regiões produtoras do Brasil. Além disso, os investimentos em químicos deverão aumentar, dada a preocupação com a infestação da lagarta Helicoverpa armigera. Soja Com a oferta global estimada em 282 milhões de toneladas e demanda projetada em 269 milhões, a expectativa é de recomposição dos estoques internacionais de soja pelo segundo ano consecutivo. O Brasil deve contribuir com o aumento na oferta global do grão, com o plantio de 29 milhões de hectares, 4,5% maior que a safra anterior. A expectativa é que sejam colhidos 88 milhões de toneladas de soja, volume 8,8% superior ao registrado em 2012/13. A estimativa é que a relação estoque/ consumo global atinja 26,5%, em 2013/14, ante os 23,9% registrados no ciclo anterior. A provável recuperação do índice sugere que os preços internacionais devam manterse em patamares inferiores aos registrados em 2013. Apesar da elevação nos custos de produção da safra brasileira de 2013/14, as perspectivas ainda são de margens positivas no campo, principalmente para os produtores que conseguirem atingir níveis satisfatórios de produtividade. Milho No ciclo 2013/14, a produção mundial deverá expandir-se em 11,5%, resultando em 957 milhões de toneladas. Assim, mesmo ante uma expansão do consumo, projetada em 6,2%, a 927 milhões de toneladas, esperase aumento dos estoques e pressão nos preços em Chicago. Quanto ao quadro nacional de oferta e demanda, estima-se elevação dos estoques de 6%, para 14,3 milhões de toneladas, pos-
sibilitando também um direcionamento baixista dos preços internos. Com um excedente global projetado em 30 milhões de toneladas, indicando uma expansão de 23,5% do nível de estoques globais de passagem para 151 milhões de toneladas, o maior patamar em 12 anos, espera-se que 2014 seja marcado por pressões na CBOT. Considerando o aumento dos custos de produção, as perspectivas para os produtores brasileiros de milho, em 2013/14, são de margens apertadas e elevado risco para resultados negativos. O desempenho das exportações brasileiras será decisivo à performance do setor, definindo os níveis dos estoques ao final da safra e, assim, o direcionamento das cotações. Carne bovina O Rabobank prevê que 2014 seja marcado por ligeiro aumento da produção global de carne bovina, dada a expectativa de aumento de produção em países do hemisfério Sul. Mesmo com aumento de produção no Brasil em 2014, a oferta global, ainda restrita, e o câmbio relativamente depreciado tendem a manter atrativo a exportação da carne brasileira. As perspectivas para os preços globais da carne bovina em 2014 devem oscilar ao redor dos patamares observados em 2013, com possibilidade de aumento limitado. No Brasil, altas significantes no preço da carne e do boi gordo tendem a ser limitadas pela continuidade da oferta regular de animais, pelo baixo crescimento da renda real no país e pela concorrência das outras carnes. Frango No Brasil, espera-se aumento moderado da produção em 2014, sempre com vistas ao desenvolvimento das exportações. Quanto aos preços internacionais da carne de frango, espera-se que oscilem em patamares similares aos observados em 2013,
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em decorrência de aumento global gradual da produção de frangos e da oferta ainda restrita de outros tipos de carne. A expectativa do Rabobank é de que o ambiente seja mais favorável para os frigoríficos com operações no Brasil, sustentado por preços menores dos grãos, bem como pela demanda firme por exportações brasileiras. Suco de laranja Após as 280 milhões de caixas produzidas no estado de São Paulo na safra 2013/14, espera-se recuperação moderada na produção em 2014/15. Estimativas apontam para volumes em torno de 300 milhões de caixas, número ainda distante dos observados em anos anteriores. Quanto ao FCOJ, os estoques globais devem diminuir para patamares mais moderados em 2014, com a indústria moendo quantidades menores de laranja em 2013. A demanda por suco de laranja deve-se manter relativamente estável ou apresentar leve queda em 2014. Com estoques menores projetados para FCOJ no sistema, e sem grandes alterações na demanda da Europa, os preços de FCOJ Roterdã tendem a apresentar leve aumento em 2014. Em relação à laranja, espera-se que a demanda da indústria por matéria-prima aumente em 2014, em função do menor nível de estoque de suco atual. Isso deve refletir-se em preços ligeiramente superiores em 2014, em comparação com o ano anterior.
Leite No mercado brasileiro, a evolução positiva da rentabilidade do produtor registrada em 2013 será determinante para o aumento da oferta de leite em 2014. Por outro lado, as expectativas de menor crescimento da economia e pressões inflacionárias poderão limitar o aumento da demanda. Já no mercado global, o setor deve continuar vivendo bons momentos em termos de rentabilidade, resultado dos elevados preços pagos ao produtor, da queda nos custos e da estabilidade da demanda. No mercado doméstico, os preços ao produtor em 2014 devem apresentar tendência de queda em comparação com 2013, considerando as projeções de demanda inalterada e o aumento moderado da oferta. Os derivados lácteos, de forma geral, também devem apresentar preços inferiores aos observados no terceiro trimestre de 2013. No mercado internacional, os preços devem manter-se próximos aos registrados em 2013 na maior parte do ano. espera-se que o leite em pó integral fique abaixo de US$ 5.000,00/tonelada apenas no terceiro trimestre do ano. A rentabilidade dos produtores de leite no Brasil e nos principais mercados produtores deve manter-se em patamares relativamente atrativos em 2014, seguindo as perspectivas de menores custos da ração. A indústria brasileira deve sustentar as margens de 2013, com potencial de aumento em caso de retração no preço do leite pago ao produtor.
Estudo realizado pelo Banco Rabobank
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Mercado de Trabalho
O salário e o emprego em São Paulo
O
Estado de São Paulo vivenciou, durante a segunda metade do século 20, um processo de urbanização acelerado, o que resultou em conglomerados urbanos que concentraram não somente a maior parcela da população quanto os postos de trabalho. “A formação de regiões metropolitanas, concentrando a oferta de emprego e pagando elevados salários, foi um fato normal no Brasil na segunda metade do século passado. O processo de desconcentração das atividades econômicas foi, muitas vezes, considerado como fruto da geração de novas metrópoles, sendo que algumas conseguiam se fundir fisicamente”, comenta a economista Camila Kraide Kretzmann, autora de um estudo que analisa a evolução dos salários e empregos entre as regiões metropolitanas e não metropolitanas do Estado no período de 1998 a 2012. Desenvolvido no Programa de pós-graduação em Economia, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP), o estudo discute os diferenciais existentes no mercado de trabalho entre as regiões metropolitanas e não metropolitanas, apoiando a ideia de que o interior vem crescendo mais do que as metrópoles. Com orientação do professor Carlos José Caetano Bacha, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES), a pesquisa averigua as diferenças salariais e de geração de emprego existentes entre as regiões metropolitanas (RM) e não metropolitanas (RNM) do estado de São Paulo. “Convém observar 36 - Revista Agricultura & Engenharia
Estudo analisa a evolução diferenciada dos salários e empregos entre as regiões metropolitanas e não metropolitana do Estado de São Paulo que as quatro RM de SP (Região Metropolitana de São Paulo, Região Metropolitana de Campinas, Região Metropolitana da Baixada Santista e Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) foram agrupadas. Os municípios das demais regiões do estado pertencem à região não metropolitana de SP”, pondera a autora do trabalho, que teve apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O estudo reforça que, a partir da segunda década de 1990, tem-se observado o crescimento do emprego e do salário no interior de alguns estados, que não são frutos da criação de novas áreas metropolitanas. “Um caso importante a estudar é o do Estado de São Paulo, pois além de ser o mais rico do país, detendo 32,6% do PIB brasileiro em 2011, também se observou o maior crescimento do emprego e do salário fora de suas quatro regiões metropolitanas. Essas detinham 71,8% do emprego formal em 1998 e 69,5% em 2012”, ressalta Camila. Na prática, a pesquisadora analisou os determinantes do emprego e do salário das pessoas empregadas formalmente nas regiões metropolitanas e não metropolitanas do Estado de São Paulo, no período de 1998 a 2012, fazendo uso de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), que informa sobre o emprego e o salário médio por município. As equações foram estimadas a partir de um painel balanceado de 645 municípios de 1999 a 2011. “Notamos que as RMs do estado de SP são melhores do que as RNM, tanto em relação ao número de emprego formal quanto ao salário médio real, porém, de 1998 até 2012, houve aumento do emprego no interior em detrimento das metrópoles e a diferença salarial entre as regiões caiu 53% no mesmo período”. O salário médio pago nas
RMs foi 39,8% superior ao pago nas regiões não metropolitanas em 1998 e em 2012 foi 20,2% superior ao salário pago nas RNM. O diferencial salarial entre as regiões indicou uma redução em 5,4% a.a. ao longo do período analisado. Determinantes – A tese analisou os determinantes do emprego e do salário das pessoas empregadas formalmente nas regiões metropolitanas e não metropolitanas do estado de São Paulo. “Empregamos os dados da RAIS, agregados por municípios, e usamos a combinação de referenciais teóricos da economia regional e da economia do trabalho, deduzindo e estimando duas equações -uma de salário e outra de emprego- para quantificar os efeitos de variáveis, classificadas em pessoais, regionais e econômicas, sobre os salários e o emprego. Entre as variáveis de primeira natureza, o clima não apresentou impactos estatisticamente significativos sobre os salários e o emprego. “O fato de o município ter área de litoral, o que poderia implicar no trabalhador abrir mão de salário em favor de lazer, não impactou os salários, mas gerou mais emprego no município, provavelmente devido aos serviços que atendem aos turistas”. Quanto às variáveis de segunda natureza, o PIB per capita teve impacto positivo sobre o salário e o emprego, bem como a participação do setor serviços no PIB do município. “Percebemos assim a importância de as políticas públicas serem voltadas para o desenvolvimento regional, principalmente para os municípios do interior do estado de SP, que vem tornando mais dinâmico seu mercado de trabalho, principalmente em relação aos aumentos salariais”, conclui a economista. Texto: Caio Albuquerque / ESALQ/USP
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Sustentabilidade
Onde estaremos em 2025? Em artigo, Coriolano Xavier, do CCAS e ESPM, traz reflexões a respeito do futuro do agronegócio e que caminhos o setor terá de seguir
Coriolano Xavier*
O
nde estaremos em 2025? Deparei-me outro dia com essa pergunta – na verdade, é o tema de um Seminário Internacional de Suinocultura que está acontecendo essa semana. Gente boa do Brasil e do exterior vai estar lá para responder a essa indagação, é claro. Mas o fato é que todos nós deveríamos fazer sempre essa pergunta a nós mesmos, olhando para um futuro mais distante.
mercados e organização dos sistemas de produção de alimentos. O setor está se transformando em todo o mundo e merece reflexões sobre onde tudo isso vai dar e que rumos teremos pela frente para seguir.
O Instituto para o Futuro¹, por exemplo, já fez algumas apostas sobre tendências disruptivas do agronegócio, alinhando primeiro um eixo estratégico de transformação estrutural: a reorganização dos sistemas de produO agronegócio, por exemplo, vive um ção agropecuária de modelos baseados em momento de rica inquietação em tecnologia, recursos intensivos para alternativas de baixo perfil de consumo alimentar, demografia dos impacto na ambiência. 38 - Revista Agricultura & Engenharia
Sob esse guarda-chuva, por exemplo, despontam estudos para agricultura sem solo e com baixo uso de água – tanto em ambientes internos, como externos. Ou então projetos já desenvolvendo protótipos de robô que utilizam a teoria de games para automatizar tarefas complexas de cultivo. E, ainda, a incorporação de áreas antes desertificadas e recuperadas pela combinação de produção animal e projetos preservacionistas.
gócio. Essa crença já está inclusive instalada na cabeça da população, conforme revelam pesquisas de opinião recentes em grandes capitais do país. Para o agronegócio, portanto, não tem como não estar pelo menos sintonizado com essas “fantasias de futuro”, como muitas vezes são chamadas. Afinal, um dia também se chamou a revolução verde e a biotecnologia de fantasias.
Surgem também novos alimentos, não tradicionais, como um substituto vegetal de (1) Institute For The Future, Palo Alto, Caovos², mais barato, sustentável e em teste na lifórnia (EUA) produção industrial de maioneses. Sem con2) Hampton Creek Foods, Beyond Eggs tar substitutos para a carne de aves, que já mereceram inclusive a atenção de um jornal peso pesado como o The New York Times. *membro do Conselho Científico para No âmbito dos hábitos alimentares, fa- Agricultura Sustentável (CCAS); Professor do la-se na perda de espaço do alimento rápido Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM para uma experiência mais consciente de alimentação. A bordo dessa mudança teríamos, inclusive, novidades como o uso de sensores para monitoramento da velocidade das refeições — e um aumento geral da habilidade de cozinhar, até com o emprego de câmeras para feedback instantâneo para melhor aprendizado das pessoas. Sem falar de programas inteligentes para gerenciamento do estoque nas geladeiras e recomendação de refeições. Ou então da possibilidade de alimentação líquida, inodora e com os nutrientes para manter um organismo em funcionamento – como a bebida Soylent, que em 2013 recebeu investimentos de 1,3 milhões de dólares para produção em escala. Nos próximos 10 a 15 anos, provavelmente o Brasil ainda vai ter seu maior protagonismo no agrone39 - Revista Agricultura & Engenharia
Artigo
Missão e desafios no caminho do agronegócio Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Presidente da ABAG
A
o analisar o acelerado processo de crescimento populacional, da renda per capita e da urbanização na Ásia, em especial na China, maior comprador mundial de commodities agrícolas, tem-se a confirmação do desafio que é hoje denominado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) como de segurança alimentar. Afinal de contas, recentes estimativas da consultoria McKinsey dão conta de que a China terá, em 2025, nada menos do que 221 cidades com 1 milhão de habitantes. Somado às 23 cidades chinesas que deverão ter mais de 5 milhões de pessoas, chega-se a um aumento na população urbana da China na ordem de 330 milhões. É mais gente vivendo nas cidades, com novos hábitos de consumo e maior renda. Resultado: maior demanda por carnes, leite e ovos, fibras, etc. A dimensão do potencial explosivo de consumo futuro pode ser medida por uma colher de açúcar. Há dois anos, o consumo anual per capita de açúcar no interior da China era de 2kg por pessoa, enquanto nas cidades era de 20kg. Em nível global, para os próximos dez anos, teríamos de aumentar em
44 milhões de toneladas a produção anual de açúcar, mais do que o Brasil produz atualmente. E esse quadro vai além: hoje, no mundo, 14% das commodities como cana, milho, trigo e os óleos vegetais - soja, canola e palma - são para a produção de biocombustíveis. E vai crescer! Por esses dados, tem-se a noção da missão que o futuro reserva para o agronegócio brasileiro. E tal missão foi ainda mais magnificada pela recomendação da FAO e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de que o Brasil deverá responder por, pelo menos, 40% do fornecimento de alimentos projetados até 2050. É, indubitavelmente, a janela de oportunidade mais clara que temos hoje em âmbito mundial no horizonte de curto e de médio prazos. Em razão dessa proposta desafiadora, espera-se, tanto do setor privado envolvido no processo produtivo quanto do governo, uma atitude moderna, arrojada e colaborativa, no sentido de considerar este segmento estratégico para o Brasil. Afinal, ele responde por 25% do produto interno bruto (PIB) e por cerca de 40% das exportações brasileiras. Na condição
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Artigo de grande celeiro tropical, o Brasil é, hoje, o terceiro maior exportador agrícola do mundo, atrás somente dos Estados Unidos e da União Europeia. Além disso, o produtor rural desempenha um papel vanguardista no que diz respeito à questão da sustentabilidade e no uso de tecnologia, pois tem conseguido ampliar a produção somente com ganhos de produtividade, sem aumento da área plantada. Essas conquistas se devem a uma visão sistêmica e ampla dos negócios ligados ao campo, que foi incorporada aos processos produtivos pelos empresários por meio de atividades sofisticadas nas áreas de biotecnologia, mecanização e tecnologia da informação. Trata-se de uma realidade bem distante daquela vivida no passado. O conceito das cadeias produtivas, lançado por Harvard e incorporado à realidade brasileira há cerca de 20 anos, envolvendo os elos que vão de bens de capital e insumos, passando pela produção agrícola e industrial, indo à distribuição, atacado e varejo, incluindo ainda as exportações, explica o peso e a importância da cadeia agroindustrial na economia do País. Essa dinâmica impressionante do agronegócio brasileiro decorre da necessidade vital de ganhar competitividade. É um desafio que não se pode perder de vista no presente e no futuro, com a manutenção dos investimentos em pesquisas e em inovação. Existem no País vários casos de sucesso para exaltar a capacidade empreendedora de pequenos, médios e grandes agricultores. Fizemos uma mudança monumental na forma de produzir em solos quimicamente mais pobres do Cerrado, com o sistema de plantio direto na palha, a produção conjunta de etanol e de bioeletricidade e a integração lavoura, pecuária e floresta. Não é pouca coisa e isso se deve à enorme criatividade brasileira.
Para que todos esses avanços se traduzam na continuidade da posição vanguardista que o País ocupa no cenário agrícola mundial, é necessário haver bastante harmonia entre os atores privados e o governo, que deve funcionar como um facilitador. Atuando assim, não teríamos, por exemplo, uma situação em que nossa produção de grãos praticamente duplicou em dez anos sem contar com a equivalente expansão da infraestrutura de transporte, armazenamento e logística. Essas deficiências anulam os ganhos de competitividade alcançados no campo. Não podemos, por exemplo, ter descontinuidade de políticas públicas, assim como não é compreensível a existência de tantas instâncias que são, em tese, responsáveis pela formulação e pela aplicação da política agrícola. Precisamos dessa sinergia para estarmos em condições de relevância geopolítica no século 21 e em condições de atender às expectativas do mercado global. Todos esses pontos estarão em debate no 13.º Congresso Brasileiro do Agronegócio, que foi promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) no dia 4 de agosto, em São Paulo, com o tema Agronegócio Brasileiro: Valorização e Protagonismo. No evento foi analisada também uma proposta de ação elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e entregue aos representantes dos três candidatos à Presidência da República mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais. Nossa expectativa é de que o Brasil aproveite este momento extraordinário de mudanças globais, num cenário de franca revolução do uso sustentável de recursos naturais, para reafirmar sua posição de protagonista e líder desse processo transformador da geopolítica mundial. Fonte: O Estado de S. Paulo
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Gestão Estratégica
Agricultura: melhor prevenir do que remediar Maurício Antônio Lopes Presidente da Embrapa
A
recente infestação de uma lagarta voraz em diferentes lavouras brasileiras chamou a atenção para um problema antigo: o risco constante de pragas e doenças causadas por organismos quarentenários. Quarentenários são organismos como vírus, bactérias e fungos ou insetos e ervas daninhas, de outros países, que podem cruzar nossas fronteiras, causando doenças e danos às lavouras e criações. O perigo existe desde o descobrimento do Brasil, quando os colonizadores começaram a trazer, de outras terras, o gado, as aves, a cana-de-açúcar, o café e assim por diante. Com essas riquezas vieram as primeiras pragas e doenças. De lá para cá, cresceu o intercâmbio de plantas e animais entre o Brasil e o mundo e, com ele, a ameaça das pragas e doenças exóticas. Para monitorar tais riscos e organizar ações de controle, o Brasil criou, em 1909, o Serviço de Defesa Agrícola e, em 1934, o sistema de quarentena, em que confina todo material importado para agricultura por tempo necessário para que alguma praga ou doença dê sinal de vida. Mas a prevenção não é tarefa fácil. As pragas e doenças podem chegar por migração natural, viajando com plantas e animais, por terra, pelas águas e pelo ar, em containers e na sacaria, saltando de uma lavoura para outra, de país para país. 44 - Revista Agricultura & Engenharia
Pode ocorrer por introdução acidental: uma semente esquecida no bolso, um carrapicho grudado na roupa ou um pouco de lama e esterco preso no solado da bota. E, por fim, há a introdução intencional, num ato de agroterrorismo, com o propósito de causar prejuízos. É muito difícil, para qualquer país, controlar todas essas situações. No Brasil temos quase 17 mil quilômetros de divisas terrestres, grande parte em florestas, mais de 7.300 quilômetros de fronteiras marítimas e um espaço aéreo de mais de oito milhões de quilômetros quadrados. Assim, temos sofrido sucessivas invasões desses organismos. Nos últimos 20 anos, além da Helicoverpa, a lagarta mencionada no início deste artigo, aqui aportaram a bactéria que causa o HLB ou amarelão-doscitros (2004), os fungos que causam a podridão-da-raiz (1994) e a ferrugem-asiática (2001) da soja, o besouro bicudo-do-algodoeiro (1983) e a mosca-dos-chifres (1980), que aflige os nossos bovinos. São bilhões de reais em prejuízos. Já se sabe que há cerca de 450 outras pragas e doenças de alto risco aguardando a chance de invadir o Brasil. É difícil impedir essa invasão e não se pode prever qual praga chegará primeiro: se uma que já está num país vizinho ou outra que virá numa carga do outro lado do mundo. Sendo exóticas, é normal que não haja controle químico ou biológico disponíveis para uso imediato. Há doenças, como a manchavermelha-da-folha-da-soja, para a qual não há controle químico ou biológico desenvolvido. A solução, então, é desenvolver plantas e animais resistentes a essas pragas e doenças, o que requer anos de trabalho. Então, é preciso fazer esse trabalho antes que o problema se instale. Um das estratégias é o melhoramento preventivo.
É ideia antiga, mas eficiente. O pesquisador Alcides Carvalho, do Instituto Agronômico de Campinas, já em 1950, no auge da cafeicultura paulista, criou cultivares resistentes a uma doença que ainda não existia no Brasil, a ferrugem do cafeeiro. Em 1970, quando a doença chegou, os danos foram limitados. A dificuldade em fazer melhoramento preventivo é que os recursos são sempre limitados e é preciso priorizar o combate às pragas e doenças já instaladas. Então, a chance de criar soluções para problemas futuros está nos momentos de fartura da agricultura, quando há um pouco mais de recursos. É o que o Brasil faz agora. Além de buscar soluções para as pragas e doenças já instaladas, há grande esforço para desenvolver plantas resistentes a doenças devastadoras como o crestamento-bacteriano do arroz, a mancha-vermelha-da-folha-de-soja, e o crestamento-bacteriano-aureolado do feijoeiro, que ainda não chegaram aqui. O melhoramento preventivo interessa a todos, até consumidores, porque tem impactos positivos nos preços dos alimentos e no meio ambiente. Por isso, já é uma grande parceria entre órgãos de defesa agropecuária e de pesquisa, federais e estaduais, empresas privadas e associações de produtores, do Brasil e de países como EUA, Chile, Panamá e Angola. E vai crescer, envolvendo mais países para conter outras pragas e doenças. É guerra diária, sem descanso, sem fronteiras, sem quartel. Felizmente, é uma guerra em que estamos todos do mesmo lado.
Fonte: Embrapa - Secretaria de Comunicação - Secom
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Profissão
Engenharia
Agronômica ou Agronomia? Engenharia Agronômica!
E
ngenheiros agrônomos são formados em cursos de Engenharia Agronômica, assim como engenheiros florestais em cursos de Engenharia Florestal, engenheiros agrícolas em cursos de Engenharia Agrícola, engenheiros de pesca em cursos de Engenharia de Pesca. Agronomia é o conjunto de ciências e princípios que regem a prática da agricultura. Agricultura é a arte e a ciência de produzir animais e vegetais úteis ao homem, respeitando o ambiente (recursos naturais) e as pessoas. Agronomia
também pode ser entendida como sinônimo de ciências agrárias. Com este significado, Agronomia envolve as Engenharias Agronômica, Florestal, Agrícola e de Pesca/de Aquicultura. É com este entendimento que o sistema CONFEA/CREAs emprega o termo: Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. Na Agronomia estão contempladas todas as engenharias das agrárias. As suas Câmaras Especializadas de Agronomia incluem todas as engenharias citadas. As ciências agrárias ainda incluem medicina veterinária, zootecnia e ciência dos alimentos.
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Assim, embora possa existir uma escola de Agronomia, onde pode ser oferecido um ou mais dos cursos de engenharia citados, não existe um curso de Agronomia. Este curso seria para formar agrônomos. A partir de 1933, através do Decreto Federal 23.196/33, foi regulamentada a profissão do engenheiro agrônomo ou agrônomo, na época considerada sinônimo. Entretanto, desde 1946, através do Decreto Lei 9.585/46, fica oficializado que os estabelecimentos de ensino superior concedem o título de engenheiro agrônomo aos seus diplomados. O sistema CONFEA/CREAs, instituição que concede os títulos profissionais, contempla apenas o título engenheiro agrônomo, e não Agrônomo. Entretanto, o MEC (Ministério da Educação), em sua Resolução CNE n. 1 , de 2006, define as Diretrizes Curriculares do Curso de Engenharia Agronômica ou Agronomia. Embora no Artigo 5 desta Resolução cite apenas Engenharia Agronômica, no seu conteúdo promove o conceito dos termos serem sinônimos. Isto leva um situação que necessita ser esclarecida, já que as instituições de ensino tem o direito de definir o título acadêmico de seus formados. Esta situação induz a posicionamentos como o do Guia do Estudante, publicação muito conhecida, que mantém o nome Agronomia para os Cursos de Engenharia Agronômica. Desta forma, existiam cadastrados no MEC (Senso da Educação Superior, DEED/ INEP/MEC), em 2012, 29 Cursos de Engenharia Agronômica, oferecendo 2.143 vagas em Instituições públicas (federais e estaduais) e privadas, e 233 Cursos de Agronomia, oferecendo 18.389 vagas, em instituições públicas (federais, estaduais e municipais) e privadas. Qual a diferença entre os cursos de Engenharia Agronômica e Agronomia? O primeiro forma engenheiros agrônomos e o segundo agrônomos? Existe diferença na carga horária e na matriz curricular dos cursos? As atribuições profissionais de engenheiros agrônomos e agrônomos são distintas? Como as respos-
tas são negativas, não existe razão de se manter o termo equivocado para o curso de agronomia, assim como não se deve mais usar o termo agrônomo para o profissional formado por estas escolas. O que temos no Brasil são cursos de Engenharia Agronômica que formam engenheiros agrônomos. A Lei Federal 5.194/66 regula a profissão de engenheiro agrônomo. Não emprega o termo agrônomo. Da mesma forma, a Resolução 218/73, do CONFEA, que trata das diferentes modalidades profissionais, cita apenas engenheiro agrônomo. A sugestão é que o MEC promova nova redação da Resolução 1/2006, deixando claro que o curso é Engenharia Agronômica. E que este entendimento seja amplamente divulgado para que as instituições de ensino corrijam o nome do curso que oferecem, utilizando o termo correto: Engenharia Agronômica. Isto vai facilitar o entendimento da sociedade, em especial dos jovens, ao decidirem o curso que vão escolher. Ainda hoje existe muita dúvida sobre este assunto. Agronomia deve ser utilizado com o significado de ciência ou como sinônimo de ciências agrárias. Engenheiros agrônomos são formados nos cursos de Engenharia Agronômica e não Agronomia. E não existem agrônomos. Existem engenheiros agrônomos!
José Otavio Menten é presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS), Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia, Pós-Doutorados em Manejo de Pragas e Biotecnologia, Professor Associado da USP/ESALQ.
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Gestão Estratégica
Boas Práticas
Agrícolas
Confira abaixo as tecnologias e práticas que já estão sendo adotadas na agricultura e contribuindo para esta atividade seja cada vez mais sustentável. Biotecnologia – A adoção de sementes transgênicas aumentou a produtividade das lavouras, reduziu a necessidade de expansão de fronteiras agrícolas e diminuiu o uso de defensivos químicos. Estes são alguns dos benefícios que a biotecnologia trouxe para agricultura, reduzindo a pegada de carbono e colaborando com a sustentabilidade do setor. Além disso, em média, para cada dólar investido em sementes transgênicas, se recebe três vezes esse valor. Se considerarmos que, dos 18 milhões de agricultores que adotaram biotecnologia no mundo, 90% eram pequenos produtores, o impacto na qualidade de vida fica claro.
M
elhoramento convencional – A evolução da agricultura no século XX é fruto da capacidade humana de cruzar plantas da mesma espécie para obter indivíduos com características adequadas a necessidades específicas – maior produtividade, menor tempo de crescimento, maior resistência a doenças, entre outras.Nas décadas de 1960 e 1970, o chamado melhoramento genético convencional esteve no cerne da Revolução Verde, a criação e a disseminação de novas sementes e práticas agrícolas que levaram a um grande aumento na produção agrícola mundial. O advento da biotecnologia permitiu entender a fundo a função de diferentes genes e tornou possível ir mais adiante no melhoramento genético, inserindo genes de uma espécie em outra.
Plantio Direto – Esta técnica, que permite que o solo não seja revolvido e que sejam aproveitados os resíduos vegetais da colheita anterior como adubo orgânico, consome menos recursos naturais e ajuda a preservar o ambiente. Além de enriquecer a terra, os resíduos ajudam no controle de plantas daninhas e protegem contra as chuvas e os raios solares, evitando a erosão. A prática contribui ainda na retenção da água no solo, diminuindo também a perda de nutrientes. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), o uso da técnica no Brasil diminuiu em cerca de 90% a erosão do solo e em aproximadamente 80% a perda de água em um período de 17 anos nas culturas de milho e soja. Rotação de culturas – A alternância de espécies vegetais plantadas numa mesma
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Gestão Estratégica área agrícola é uma das formas mais eficazes de preservar o solo. Entre as vantagens do uso dessa prática agrícola estão a melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo, o auxílio auxilia no controle de plantas daninhas, a proteção do solo da chuva e do sol e a possibilidade de diversificação da produção de alimentos. A eficácia da técnica está intimamente ligada às plantas utilizadas e ao uso em conjunto da técnica de plantio direto. Um exemplo de rotação bastante utilizado no Brasil é o da soja e do milho, duas espécies com grande extensão de cultivo. Ele tem trazido benefícios aos agricultores, incluindo aumento de produtividade. Rotação de princípios ativos – O controle de pragas, doenças e espécies daninhas é um dos maiores desafios dos produtores. Se o controle desses problemas não for eficiente, pode haver substancial redução da produtividade e redução da rentabilidade. Por isso, a rotação de princípios ativos tornou-se prática fundamental para evitar a seleção de indivíduos resistentes ao produto químico. O conceito desta técnica envolve a combinação das mais eficientes tecnologias disponíveis para atingir o controle das pragas, a exemplo do uso seletivo de defensivos agrícolas, rotação do princípio ativo destes defensivos e utilização de variedades resistentes. Consórcio de culturas – Consiste na plantação de mais de uma semente ao mes-
mo tempo. O consórcio tem dado resultados muito bons para os pequenos produtores ao melhorar também a utilização da força de trabalho (geralmente a família do produtor rural) e tornar disponível mais de uma fonte alimentar e de renda. Um exemplo é o cultivo de mandioca na região do cerrado brasileiro. Estima-se que cerca de 80% das áreas são cultivadas por pequenos produtores. Uma publicação da Embrapa fez uma análise do cultivo da mandioca em consórcio com feijão e milho no Mato Grosso do Sul e concluiu que o consórcio foi benéfico em relação à monocultura. Irrigação por gotejamento – A irrigação de culturas agrícolas por gotejamento é uma tecnologia que usa menos água – e também menos fertilizantes – do que o sistema convencional. Ao contrário desta última, que molha toda a planta e seu entorno, a irrigação por gotejamento coloca a água diretamente na região da raiz das plantas utilizando um sistema de tubos, válvulas e gotejadoras. Desta forma, não há desperdício de água, já que as plantas recebem apenas o necessário para que se desenvolvam. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, em um mundo onde cerca de 70% da água é consumida na agricultura e mais de 700 milhões de pessoas têm acesso restrito a esse recurso natural, todo o uso inteligente é bemvindo e mais do que necessário
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Tecnologia
Reuso de Água na Agricultura Estudo desenvolveu um sistema de desinfecção no qual o calor gerado pelo sol é aproveitado para manter na água características químicas úteis à planta
O
uso consciente da água é um tema de conhecimento geral que vem ganhando espaço para discussões entre pesquisadores e usuários. Como recurso finito, a atenção sobre ela deve ser redobrada na busca de alternativas que propiciem seu uso adequado e maior economia para, afinal, permitir uma distribuição de acordo com a qualidade e o setor onde será empregada. Entre as opções possíveis, encontra-se o reuso de águas servidas na agricultura, alvo de estudos na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” USP/ESALQ). De acordo com Ana Paula Alves Barreto Damasceno, autora da tese “Desinfecção de águas servidas através de tratamento térmico utilizando coletor solar”, esse tipo de reuso tem grande aceitação, principalmente quando se trata de redução de impactos ao meio ambiente. “Essas águas apresentam como vantagem altos teores de nutrientes que podem ser aplicados em diversas culturas por meio de diversos métodos de irrigação devendo, em alguns casos, ser feito apenas a complementação”, declarou a pesquisadora.
Porém, ela lembra que o fator restritivo para o aproveitamento dessas águas devese à presença de microrganismos nocivos à saúde e/ou presença de metais pesados que possam causar toxidez. Isso limita sua aplicação em alguns sistemas pois é necessário verificar em quais culturas podem ser irrigadas sem que haja danos futuros. A eliminação ou, ao menos redução desse risco por meio de um tratamento que preserve os nutrientes ali presentes, transformaria essa água em solução nutritiva pronta para ser aplicada. “Meu trabalho está sendo apresentado como uma proposta de reaproveitamento da água residuária para a irrigação, de modo a manter as características químicas que podem reduzir o gasto com adubação”, explicou a engenheira agrônoma. Ana Paula exemplificou que no tratamento de esgotos ocorre a separação entre o lodo (onde fica retido a maior parte dos resíduos sólidos) e água. Esta água ainda possui uma grande quantidade de matéria orgânica que pode ser aproveitada como nutriente para as plantas. No entanto, é necessário que haja um tratamento que conserve a matéria orgâ-
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Ana Paula Damasceno nica e elimine os microrganismos presentes no esgoto que são prejudiciais à saúde humana. “Com esse pensamento, o tratamento térmico pode ser visto como uma alternativa eficiente e sustentável”.
Experimento desenvolvido em duas etapas A primeira etapa foi realizada no Laboratório de Física do Solo e Qualidade da Água da ESALQ, com amostras de água coletadas do Ribeirão Piracicamirim. Utilizando-se um regulador automático de temperatura, foram realizados testes sob temperaturas de 45, 50, 55 e 60ºC. Para os testes de qualificação e viabilidade dos ovos de helmintos (vermes parasitários) foi feita coleta de água residuária proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Piracicamirim. Ainda com o uso do mesmo regulador automático procederam-se testes sob as temperaturas 60, 70, 80, 90 e 100ºC durante o período de uma hora de exposição.
Na segunda etapa, realizada em campo, foram empregados três reservatórios. A água aquecida era conduzida no terceiro reservatório onde foi instalado um mecanismo que permitiu que o tubo conectado à caixa fosse movimentado de modo a ficar mais alto ou mais baixo, de acordo com a temperatura desejada, uma vez que devido a diferença de densidade forçou-se a passagem da água com temperatura mais elevada. Na sequência, foi realizada a comparação dos resultados e observou-se que, nas temperaturas de 55 e 60ºC, o tempo de uma hora foi eficiente para eliminar tanto coliformes fecais como Escherichia coli presentes nas amostras em comparação a amostra de caracterização da água testada. Perante isso, foram realizados testes reduzindo o tempo de exposição das amostras, obtendo-se como resultado o tempo mínimo de 15 minutos à temperatura de 60ºC para que fosse alcançado o mesmo resultado obtido com uma hora de exposição. Nas amostras que foram submetidas ao tratamento e
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Tecnologia incubadas, apenas na mostra submetida a 60ºC foi possível a observação de um ovo que se verificou infértil. Nas demais amostras correspondentes aos outros tratamentos, não foi possível a recuperação de ovos nas lâminas observadas. É possível que durante o processo de limpeza para redução de resíduos nas provas tenha ocorrido perda de material devido a desintegração da matéria orgânica presente. No período estudado, na maioria dos dias, verificou-se que a temperatura alcançada pela placa superou aquela necessária para inativação dos microrganismos estudados. Assim, é possível verificar nos dados que houve um alto incremento da temperatura entre entrada e saída da água na placa.
“O uso do aquecimento solar se mostrou como uma excelente alternativa para inativação de microrganismos que são prejudiciais à saúde humana, comparando o que foi observado neste trabalho ao trabalho de outros autores”, completou Ana Paula. Para finalizar, a pesquisadora sugeriu que para estudos futuros é necessário que sejam realizados ensaios por períodos maiores de exposição de modo que possam ser avaliadas também as características químicas da água. A orientação do trabalho de Ana Paula Alves Barreto Damasceno foi do professor Tarlei Arriel Botrel, do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB) da ESALQ, por meio do programa de pós-graduação (PPG) em Engenharia de Sistemas Agrícolas. Alicia Nascimento Aguiar Assessoria de Comunicação - USP ESALQ Analista de Comunicação alicia.esalq@usp.br
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