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Editorial Patrimônio do ensino nacional...

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or mais de 80 anos a Universidade Federal de Viçosa se mantêm na vanguarda do ensino, tanto nacionalmente como internacionalmente graças a visão pioneira e corajosa de se idealizador Arthur Bernardes, hoje a UFV é uma instituição de destaque em varias frentes de ensino, principalmente no setor agrícola através do DEA - Departamento de Engenharia Agrícola, se tornou um dos maiores centros de formação e capacitação de profissionais da agriculura no Brasil com destaque também para suas avançadas pesquisas na área. Toda essa qualidade devemos ao alta capacitação dos professoress e do padrão de qualidade do Departamento mantido pela Universidade. Apesar dessa ênfase na agropecuária, a Instituição vem assumindo caráter eclético, expandindo-se noutras áreas do conhecimento, tais como Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Exatas e Tecnológicas e Ciências Humanas, Letras e Artes. Trata-se de uma postura coerente com o conceito da moderna universidade, tendo em vista que a interação das diversas áreas otimiza os resultados. A Universidade tem inúmeros motivos para se orgulhar de seu passado e presente: trabalho, sacrifícios e êxitos e, por isso, sente-se forte e preparada para o futuro, pronta a oferecer soluções que efetivamente colaborem para que o Brasil enfrente, com segurança e dignidade os desafios que teremos pela frente. Agradecemos o grande apoio recebido do Prof. Mauri Martins Teixeira, Chefe do Departamento de Engenharia Agrícola e do Prof. José Márcio Costa, Coordenador do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental, Presidente da Comissão de Ensino e Responsável pela Área de Energia. Boa Leitura O Editor

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Expediente

Sumário ...

Agro News Notícias do setor agrícola....................................06

Volume 3 - Edição 3 - Ano III - 2010 Diretor e Editor José Márcio da Silva Araujo j.marcioaraujo@bol.com.br Depto Comercial e Administrativo Gilberto Cozzuol gilcozzuol@hotmail.com Publicidade Yvete Togni yvetevolpe@hotmail.com

Matéria de Capa Homenagem aos mais de 80 anos da Universidade Federal de Viçosa.........................12 A História da Universidade Federal de Viçosa....................14

Circulação Lucida Ltda

DEA Departamento Engenharia Agrícola..................16

Produção Grafica e Redação Lucida Editorial

Sitios do DEA.......................................................24

Impressão & Acabamento Premier Uma publicação: Lucida Artes Graficas Ltda R. Dra. Mª Augusta Saraiva,74 F: (011) 3849-1768 Fax: 3849-2137 lucida.editorial@bol.com.br Colaboração: Coordenadoria de Comunicação UFV: Divisão de Jornalismo José Paulo Martins - Jornalista O conteúdo dos artigos assinados é de inteira responsabilidade dos autores

Conselho Editorial Sr. Cesário Ramalho da Silva Presidente da Sociedade Rural Brasileira Profº Dr. Paulo Sérgio Graziano Magalhães Profº. Titular da Feagri-Unicamp Profº Dr. Roberto Rodrigues Ex- Ministro Agricultura

Especial - Atuação do Engenheiro Agrícola e Ambiental ..............................................................28 Mercado perfil de uma grande empresa .... .....................32 Artigos Fertilizantes estatizantes.....................................35 Diversidade Ambiental.........................................37 Opinião Prof. Roberto Rodrigues .....................................Pg 39

Profº Dr. Roberto Testeziaf Profº Titular da Feagri-Unicamp Prof. Dr. Silvio Crestana Ex-Diretor Presidente da Embrapa 4

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Agro News 81ª Semana do Fazendeiro -

Extensão Rural: Sustentabilidade e Cidadania A Semana do Fazendeiro é realizada pela Universidade Federal de Viçosa desde 1929. É uma atividade de extensão que busca difundir conhecimentos técnicos de diversas áreas de atuação da UFV, visando melhorias na produtividade rural, além de contribuir para o bemestar do produtor e de sua família. Em 2010, a Semana do Fazendeiro completa 81 anos e tem como tema “Extensão Rural: Sustentabilidade e Cidadania”. Neste ano

serão oferecidos cursos, consultorias técnica e tecnológica – prestada por especialistas na 11ª Clínica Tecnológica UFV/SEBRAE –, conferências, rodadas de negócios, exposições de máquinas, implementos agrícolas, insumos, feira de artesanatos, diversas atividades culturais e, durante a quarta-feira, dia 14 de julho, os participantes da 81ª Semana do Fazendeiro poderão participar da Troca de Saberes, uma troca especial de conhecimentos importantes sobre o campo.

Agroceres lança híbrido com tecnologia YieldGard VT PRO® Durante a Agrobrasília (DF), que aconteceu no inicio de maio, a Sementes Agroceres apresentou um novo híbrido de milho com tecnologia YieldGard® VT PRO, que produz duas proteínas inseticidas do Bt (Bacillus thuringiensis) – bactéria encontrada no solo e comumente usada em inseticidas naturais – e pode evitar danos, que dependendo da infestação, comprometem a produção de grãos em até 40%. A tecnologia YieldGard® VT PRO une as características desejáveis para uma boa colheita com o controle superior das principais pragas da cultura do milho. Quando as lagartas se alimentam das folhas da planta de milho YieldGard®, acabam ingerindo a proteína que atua diretamente nas células epiteliais

de seus tubos digestivos. A proteína, portanto, confere uma proteção à planta antes mesmo que os insetos consigam lhe causar danos. O AG 8061 YG, lançado na feira, tem alta produtividade e excelente qualidade de grãos. Com a tecnologia YieldGard® VT PRO, que propicia controle superior da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), da lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea) e Diatraea (broca-do-colmo), o AG 8061 YG ajuda na preservação do meio ambiente. Tem alto potencial produtivo e excelente qualidade de grão; é uma das melhores opções para os plantios, em todas as épocas, nas regiões de altitude dos cerrados. O AG 8061 YG ainda proporciona segurança de resultados com a melhor relação custo-benefício por área plantada.

IX Congresso Latinoamericano e do Caribe de Engenharia Agrícola XXXIX Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola 25 a 29 de Julho de 2010 - Vitória, Espírito Santo, Brasil 6

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Agro News Universidade Federal de Viçosa cria projeto de combate à pobreza A Universidade Federal de Viçosa de Minas Gerais, foi a única instituição de ensino da América do Sul convidada a participar do terceiro encontro anual da Clinton Global Initiative University (CGI U), um fórum para engajar estudantes universitários para a cidadania global. A Universidade Federal de Viçosa apresentou em Miami, nos Estados Unidos, um projeto para a criação do Instituto Internacional de Segurança Alimentar e Combate à Pobreza no Brasil.

Reitor da UFV, Professor Luiz Cláudio Costa

atuaremos no treinamento de profissionais de O projeto foi um dos quatro, entre mais de países da África e da América do Sul. O foco mil projetos de várias universidades de todo o tem que ser na cooperação, na solidariedade, mundo, destacados pelo instituto, criado pelo e não apenas econômico. É importante formar ex-presidente americano Bill Clinton, que con- nossos estudantes com essa visão”, afirmou. vidou apenas a UFV e outras cerca de 80 insSegundo ele, os laboratórios para desentituições de ensino para participar do evento. volvimento de tecnologias de ponta são os da O convite surgiu depois da participação própria UFV, mas é necessária a construção da UFV na Cúpula Mundial Sobre Segurança de uma estrutura para abrigar os profissionais Alimentar, realizada em novembro do ano que virão de outros países receber treinamenpassado em Roma, sede da Organização das to, além de biblioteca e salas de reuniões para Nações Unidas para Agricultura e Alimen- debates entre os grupos que ali atuarão. tação (FAO). Para isso, o reitor da UFV disse que serão Segundo o reitor da UFV, Luiz Cláudio Cos- necessários cerca de R$ 6 milhões, dos quais ta, o objetivo da criação do instituto interna- a universidade já dispõe de R$ 1,5 milhão. cional na cidade de Viçosa, na zona da mata Como o reconhecimento internacional, no enmineira, é envolver cientistas e estudantes da tanto, ele acredita que as possibilidades de universidade na análise aprofundada da fome captação de recursos aumentarão. e no apoio a países da África e América do “Recebemos o certificado de reconheciSul, desde o desenvolvimento de variedades vegetais mais adaptadas a cada região até a mento da Global Clinton Initiative, passando pelo crivo internacional, o que deu ima nova educação alimentar nas escolas. visibilidade para o projeto”, afirmou Costa. Se“A fome é o problema mais sério que o gundo ele, a proposta de criação do instituto já mundo tem. No instituto, queremos formar tinha sido apresentada ao governo brasileiro estudantes cidadãos, que terão espaço para e, a partir de agora, serão feitas prospecções propor soluções para esse problema. Também para viabilizar o investimento estrangeiro. 8

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Agro News Professor da UFV é agraciado com premio na Suécia (SIF), para atuar como assistente do diretor científico da entidade, professor Nairam Félix de Barros. Na ocasião, foi admitido como estudante de mestrado no curso de pós-graduação que naquele ano se iniciava no atual Departamento de Engenharia Florestal. Em 1977, terminou sua pós-graduação, tendo sido o primeiro engenheiro florestal a deO professor Laércio Couto, docente aposen- fender uma tese de mestrado no atual DEF. tado da UFV, foi agraciado, em Jönköping, Suécia, World Bioenergy 2010 com um prêmio concedido pelos organizadores do WorldBioenergy 2010, ao pesquisador que Esse tipo de trabalho, com plantios adensamais contribuiu para o desenvolvimento na área dos de eucaliptos clonais para produção de biode bioenergia em nível mundial nos últimos anos. massa para energia em curtíssima rotação é que Engenheiro florestal, o professor Laércio levou a organização do World Bioenergy 2010 Couto graduou-se na Universidade Rural do Esta- à conferir ao professor Laércio Couto o seu prido de Minas Gerais em 1967, realizando seus es- meiro prêmio nessa área. Foram 90 cientistas e tudos na Escola Superior de Florestas, atualmente pesquisadores indicados inicialmente do mundo o Departamento de Engenharia Florestal. Foi o pri- inteiro dos quais foram escolhidos apenas sete fimeiro colocado entre 11 formandos, da turma ori- nalistas: provenientes do Canadá, Finlândia, Índia, ginal de 21 candidatos que passaram no vestibu- Nova Zelândia, Suécia, Estados Unidos e o profeslar para a Engenharia Florestal da ESF em 1964. sor Laércio Couto, do Brasil, ganhador do prêmio. Ele dedicou o seu prêmio à comunidade de De 1967 a 1974, o professor Laércio atuou em várias empresas de reflorestamento nos estados pesquisadores internacionais, a sua equipe da de São Paulo, Paraná, Bahia e Pará onde atuou Renabio, à esposa Maria José e aos filhos Luciano, no projeto Jari. Em 1975, foi convidado pelos pro- Juliana e Michelle, todos eles engenheiros floresfessores Roberto da Silva Ramalho e Mauro Silva tais, formados pelo Departamento de EngenhaReis, da Sociedade de Investigações Florestais ria Florestal da UFV.

Embrapa Milho e Sorgo comemora seu 35º aniversário e homenageia a UFV Os 35 anos de atividade da Embrapa Milho e Sorgo foram comemorados, em cerimônia realizada em sua sede, em Sete Lagoas, com a presença de empregados da empresa, autoridades e representantes de instituições parceiras, dentre as quais a Universidade Federal de Viçosa, representada pelo reitor Luiz Cláudio Costa, homenageada pela atuação conjunta em diversas iniciativas de ensino, pesquisa e extensão. Houve entrega de troféus a representantes 10

de diversos segmentos que colaboraram com os serviços prestados pela Embrapa Milho e Sorgo à sociedade. Dentre os homenageados, destacaram-se três personalidades pelas contribuições prestadas ao longo da história da Embrapa Milho e Sorgo: Alysson Paulinelli, um dos responsáveis pela criação da Embrapa e membro do Conselho Assessor Externo da Unidade; Antônio Fernandino de Castro Bahia Filho, que, por três gestões, foi chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo; e Afrânio

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Avelar Marques Ferreira, ex-prefeito de Sete La- empregados aposentados e na ativa e parceiros", goas, que apoiou a Unidade desde sua fundação. afirmou Vera. Ao agradecer a homenagem, o reitor Luiz Para a chefe geral da Embrapa Milho e Sor- Cláudio Costa afirmou que "a UFV se sente honrago, Vera Maria Carvalho Alves, a cerimônia mar- da em fazer parte da Embrapa Milho e Sorgo, uma cava as comemorações de 35 anos de Embrapa unidade pioneira da Embrapa, consolidada como Milho e Sorgo e 103 anos de pesquisa agrícola um centro nacional, com a qual mantemos colana região de Sete Lagoas. Foi um momento de boração desde a sua implantação. Some-se ainda reconhecimento às pessoas que participaram ati- a essa colaboração o orgulho que tem a UFV de ter vamente do trabalho realizado durante décadas. colaborado na formação, em nível de graduação "Estamos aqui para agradecer e homenagear os e pós-graduação, de grande parte dos pesquisaprincipais responsáveis pelo sucesso da Unidade: dores da Embrapa e, em especial, desta unidade".

Conab estuda aumentar capacidade de armazenamento de grãos O diretor de operações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rogério Colombini, disse hoje em São Paulo que o governo está estudando projetos para aumentar a capacidade de armazenamento de grãos e melhorar a distribuição dos estoques no Brasil até o fim do ano. Segundo Colombini, o País tem capacidade para estocar as mais de 150 milhões de toneladas de grãos que produz, mas é preciso melhorar essa estrutura. Ele disse que essa capacidade está ajustada hoje porque, com a crise financeira de 2008, a comercialização foi mais lenta, principalmente em Mato Grosso, onde o milho foi colocado a céu aberto. Isso fez com que a produção de duas safras consecutivas disputasse espaço nos armazéns. O diretor da Conab, que participou na capital paulista de uma reunião da cadeia produtiva do milho com o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse que um silo com capacidade para armazenar 100 mil toneladas de grãos entrará em fase de testes com carga no dia 15 de junho. A unidade está instalada em Uberlândia (MG) e deve passar a funcionar em julho. Colombini disse ainda que a estatal quer viabilizar a estocagem de grãos no Nordeste. Para isso, estuda colocar silos individuais, com capacidade entre 47 mil e 60 mil toneladas, dentro das unidades armazenadoras que a companhia já possui na região. "Com estes silos menores poderemos atender a avicultura, a suinocultura e o mercado de balcão", disse, sem, no entanto, quantificar o tamanho da expansão em armazenagem pretendida pela Conab.

Cosan chega ao Centro-Oeste com inauguração de usina Jataí, em Goiás O Grupo Cosan inaugurou, em Jataí (GO), a usina que carrega o mesmo nome da cidade. O empreendimento contou com aproximadamente R$ 1 bilhão, distribuídos entre as áreas agrícola, industrial e administrativa. Deste montante, R$ 639 milhões foram contratados por meio de financiamento com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A capacidade instalada da nova planta permitirá a produção de 370 milhões de litros de etanol por safra. "A chegada da Cosan no Centro-Oeste contribuirá para acelerar o processo de desenvolvimento de Goiás, aumentando a geração de emprego e renda, priorizando a contratação de mão de obra local. A empresa utilizará nesta unidade a mais moderna tecnologia disponível empregada no campo e no processo industrial", afirmou, em nota, o presidente do Conselho de Administração da Cosan, Rubens Ometto Silveira Mello. A nova unidade é considerada a mais moderna usina de etanol do mundo. O empreendimento também realizará a cogeração de energia elétrica proveniente do bagaço e da palha da cana, com potência instalada de 105 MW de energia elétrica. A companhia prevê ainda comercializar o excedente desta produção. Revista Agricultura & Engenharia


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Universidade Federal de Viçosa Há mais de 80 anos Formando profissionais de vanguarda

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m 28 de agosto de 1926, foi inaugurada, em Viçosa, a ESAV – Escola Superior de Agricultura e Veterinária, por seu idealizador, Arthur da Silva Bernardes, Presidente da República e filho ilustre de Viçosa.

A Escola foi implantada tomando como modelo as atividades de ensino, pesquisas e extensão, dos land-grant colleges dos EUA. Para isso, o Presidente Arthur Bernardes convidou o professor Peter Henry Rolfs da Universidade da Florida, para organizar e dirigir a Escola. Em 1948, transformou-se na Universidade Rural de Minas Gerais (UREMG), que reunia as seguintes unidades: Escola Superior de Agricultura, Escola de Veterinária, Escola de Ciências Domésticas, Escola de Especialização (cursos de Pós-graduação) e o Serviço de Pesquisa e Extensão. Em 15 de julho de 1969, a Instituição foi federalizada, recebendo o nome de UFV Universidade Federal de Viçosa. Ao longo dos anos, a UFV se projetou nacional e internacionalmente por suas pesquisas, publicações técnicas e científicas, intenso trabalho de extensão e formação de profissionais que passaram a atuar em todo Brasil e em outros países, tanto na iniciativa privada quanto em instituições de governo e em organismos multilaterais. Com ambicioso programa de capacitação e intercâmbio interinstitucional, vem proporcionando continuamente o treinamento de seu pessoal, estando entre as instituições brasileiras com o maior número de doutores em seu quadro docente. A contribuição da Universidade tem sido fundamental para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, como se pode verificar na área de solos, propiciando as condições para implantação da cultura da soja no país. Os pesquisadores da UFV tem produzido grande acervo de conhecimento nas mais diversas áreas, incorporando significativo número de produtos e serviços ao cotidiano da população A universidade atua nos campi de Viçosa, Florestal e Rio Paranaiba, com mais de 13 mil alunos distribuídos entre cursos de graduação e progromas de pós-graduação, nas áres de ciencias agrárias, biológicas e da saúde, exatas e tecnológicas e humanas, letras e artes. O nível dos cursos da UFV está entre os mais bem conceituados do Brasil, tanto nas avaliações oficiais quanto nas realizadas por veiculos de comunicação.

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A História da Universidade Federal de Viçosa

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Universidade Federal de Viçosa originou-se da Escola Superior de Agricultura e Veterinária - ESAV, criada pelo Decreto 6.053, de 30 de março de 1922, do então Presidente do Estado de Minas Gerais, Arthur da Silva Bernardes. A ESAV foi inaugurada em 28 de agosto de 1926, por seu idealizador Arthur Bernardes, que na época ocupava o cargo máximo de Presidente da República. Em 1927 foram iniciadas as atividades didáticas, com a instalação dos Cursos Fundamental e Médio e, no ano seguinte, do Curso Superior de Agricultura. Em 1932 foi a vez do Curso Superior de Veterinária. No período de sua criação, foi convidado por Arthur Bernardes, para organizar e dirigir a ESAV, o Prof. Peter Henry Rolfs. 14 14

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Também veio, a convite, o Engenheiro João Carlos Bello Lisboa para administrar os trabalhos de construção do estabelecimento. Visando ao desenvolvimento da Escola, em 1948, o Governo do Estado transformou a mesma em Universidade Rural do Estado de Minas Gerais – UREMG, que era composta da Escola Superior de Agricultura, da Escola Superior de Veterinária, da Escola Superior de Ciências Domésticas, da Escola de Especialização (Pós-Graduação), do Serviço de Experimentação e Pesquisa e do Serviço de Extensão. Graças a sua sólida base e a seu bem estruturado desenvolvimento, a Universidade adquiriu renome em todo o País, o que motivou o Governo Federal a federalizá-la, em 15 de julho de 1969, com o nome de Universidade Federal de Viçosa. A Universidade Federal de Viçosa vem acumulando, desde sua fundação, larga experiência e tradição em ensino, pesquisa e extensão, que formam a base de sua filosofia de trabalho. Desde seus primórdios, a UFV tem se preocupado em promover a integração vertical do ensino. Neste sentido, trabalha de maneira efetiva, mantendo, atualmente, além dos cursos de graduação e pós-graduação, o Colégio Universitário (Ensino Médio Geral), a Central de Ensino e Desenvolvimento Agrário e Florestal (Ensino Médio Técnico e Médio Geral), a Escola Estadual Effie Rolfs (Ensino Fundamental e Médio Geral), o Laboratório de Desenvolvimento Humano (4 a 6 anos) e, ainda, a Creche, que atende a crianças de 3 meses a 6 anos. Por tradição, a área de Ciências Agrárias é a mais desenvolvida na UFV, sendo conhecida e respeitada no Brasil e no Exterior. Apesar dessa ênfase na agropecuária, a Instituição vem assumindo caráter eclético, expandindo-se noutras áreas do conhecimento, tais como Ciências Biológicas e da Saúde,

Arthur Bernardes Idealizador da UFV Ciências Exatas e Tecnológicas e Ciências Humanas, Letras e Artes. Trata-se de uma postura coerente com o conceito da moderna universidade, tendo em vista que a interação das diversas áreas otimiza os resultados. A UFV tem contado com o trabalho de professores e pesquisadores estrangeiros de renome na comunidade científica, que colaboram com o seu corpo docente, ao mesmo tempo em que executa um programa de treinamento que mantém diversos profissionais se especializando no Exterior e no País. Nesse particular, a UFV é uma das instituições brasileiras com índices mais elevados de pessoal docente com qualificação em nível de pós-graduação. A Universidade tem inúmeros motivos para se orgulhar de seu passado e presente de trabalho, sacrifícios e êxitos e, por isso, sentese forte e preparada para o futuro, pronta a oferecer soluções que efetivamente colaborem para que o Brasil enfrente, com segurança e dignidade, todas as condições adversas que se antevêem na conjuntura mundial.

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Capa Histórico

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Departamento de Engenharia Agrícola (DEA), que completou 80 anos de existência em 2007, tem como missão contribuir para a formação de profissionais qualificados com capacidade para o aprendizado continuado e espírito empreendedor para atender às demandas da sociedade. Também é objetivo do Departamento a geração e transmissão de conhecimentos por meio do binômio pesquisa e extensão. O DEA oferece inúmeras disciplinas para os diversos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Viçosa. Atualmente, o DEA coordena os cursos de graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental e de pós-graduação strictu sensu em Engenharia Agrícola e Meteorologia Agrícola. Criado em 1927, como Departamento de Engenharia Rural, o DEA ocupa hoje uma área total construída superior a 11.000 metros quadrados, na qual se incluem gabinetes para docentes, laboratórios, salas de aula e instalações para o apoio administrativo, além de áreas de campo para desenvolvimento de trabalhos de pesquisas e atividades de ensino. A sede do Departamento se encontra no Edifício Paulo Mário Del Giúdice, no campus principal da UFV. O Departamento, que possui convênios com inúmeras empresas e Universidades do Brasil e do exterior se divide organizacional16

Universidade Fe DEA - Departamento

"A Universidade Federal de Viçosa, atra Agrícola, foi a primeira Instituição da Amé suas pesquisas e pós-graduações em Con muitas teses de mestrado e doutorado de do simultaneamente para dar prosseguim

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mente em grandes setores, que possuem suas disciplinas, linhas de pesquisa e campos de atuação dentro da Engenharia Agrícola. A formação e a dedicação dos professores do DEA assim como o nível das disciplinas oferecidas e das pesquisas realizadas são de extrema importância para a manutenção do padrão de qualidade do Departamento e, consequentemente, dos programas de pósgraduação à ele vinculados. Diante destes aspectos o DEA considera fundamental: a) a reposição das vagas docentes geradas por aposentadoria ou outros motivos, visando a garantia da qualidade do ensino, pesquisa e extensão e b) a implementação de um programa de treinamento dos docentes, em nível pós-doutoral, em instituições de excelência e em linhas de pesquisas consideradas estratégicas, visando a manutenção da qualificação dos profissionais do Departamento.

ederal de Viçosa Engenharia Agrícola

avés de seu Departamento de Engenharia érica do Sul a iniciar, há cerca de 40 anos, nstruções Rurais e Ambiência. Hoje já são efendidas; além de estudantes trabalhanmento aos trabalhos do Núcleo."

Considera-se que a capacitação permanente dos docentes/técnicos é uma necessidade institucional e não apenas o atendimento de uma aspiração individual do pesquisador. Nessa perspectiva é que foi elaborado o Plano de Capacitação dos Docentes e de Técnicos de Nível Superior do Departamento de Engenharia Agrícola para o período 2007-2010, em conformidade com a Resolução 02/96 do CEPE. O objetivo primordial é, neste período, elevar o número de docentes do DEA com pósdoutorado de 9 (26%) para 28 (82%), assim como ter 100% de seus professores com Doutorado.

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Capa Biblioteca Setorial do DEA O Departamento de Engenharia Agrícola conta com uma biblioteca setorial em seu prédio sede, o Edifício Paulo Mário Del Giúdice. A Biblioteca Professor Avelino Mantovani possui entre os exemplares disponíveis livros técnicos e manuais, projetos e as teses e dissertações defendidas nos programas de pósgraduação do Departamento. O setor disponibiliza ainda, revistas científicas, como coleção daTransactions of the American Society of Agricultural and Biological Enginners, que é disponibilizada gentilmente pelo Prof. Tetuo Hara. A biblioteca funciona em diversos horários da semana, monitorada por estagiários do curso e pelo Técnico-Administrativo Claudenílson L. Filomeno. Para Falar com a Biblioteca Professor Avelino Mantovani: (31) 3899 2734.

Graduação O Departamento de Engenharia Agrícola atua na formação de diversos profissionais formados pela UFV, por meio de sua estrutura física, de seu elenco de disciplinas e de seu corpo docente. Vários são os cursos de graduação atendidos, como por exemplo Engenharia Florestal, Engenharia Civil, Engenharia Ambiental, Zootecnia, Agronomia, Química entre outros. O DEA coordena as atividades do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental. A mudança na grade curricular tradicional foi realizada acompanhando as mudanças ocorridadas nos cursos de Eng. Agrícola de países do hemisfério norte, que melhoraram a formação dos futuros profissionais nas áreas de Engenharia Ambiental, Engenharia Biológica e de Bio-Recursos. O mercado de trabalho tem absorvido bem o Engenheiro Agrícola e Ambiental e várias outras IES têm implantado a modalidade iniciada pioneiramente pela UFV. 18

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Capa Pós-Graduação O Departamento de Engenharia Agrícola oferece cursos de pós-graduação strictu sensu em níveis de Mestrado e de Doutorado em Engenharia Agrícola e em Meteorologia Agrícola. Para atender aos dois programas citados e a outros programas strictu sensu da UFV, o DEA conta com um corpo docente qualificado, com elevado conceito nacional, revelando invejável experiência tanto no ensino quanto na pesquisa e extensão, confirmada pelas últimas avaliações feitas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES). No decorrer do biênio 2008-2009, o DEA ofereceu um curso de mestrado interinstitucional (MINTER) junto ao Centro Universitário Luterano de Palmas, na área de Recursos Hídricos e Ambientais. Para maiores informações sobre os cursos acesse os sites dos programas de pós-graduação: Engenharia Agrícola; Meteorologia Agrícola

Dados Gerais sobre o Programa A Universidade Federal de Viçosa (UFV) vem oferecendo Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, em níveis de mestrado e doutorado, desde 1970 e 1989, respectivamente. O mestrado foi credenciado pelo Conselho Federal de Educação (CFE), conforme o Parecer nº 1.678/79, homologado pelo Ministério da Educação e Cultura em 06.12.79, publicado no Diário Oficial em 04.02.80 e recredenciado conforme o Parecer do CFE nº 205/85, homologado pelo Ministério da Educação e Cultura em 30.04.85 e publicado no Diário Oficial em 03.05.85. O doutorado foi recomendado pelo GTC/CAPES em 08.03.89. DURAÇÃO

OPÇÕES

Mestrado e Doutorado • Construções Rurais e Ambiência; • Energia na Agricultura; • Recursos Hídricos e Ambientais; • Mecanização Agrícola; e • Pré-Processamento e Armazenamento de Produtos Agrícolas

Pesquisa Exigem-se do candidato ao título de “Magister Scientiae” ou de “Doctor Scientiae” o preparo e a defesa de uma tese, baseada em pesquisa original e conduzida sob a supervisão de uma Comissão Orientadora.

A duração do curso é de 24 e 36 meses, para o mestrado e o doutorado, respectivaO Programa oferece oportunidade de pesmente. quisa em diversas linhas. 20

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Admissão O candidato deverá ter curso superior de duração plena, cujo currículo indique formação adequada em disciplinas pertinentes ao programa. A seleção de candidatos é feita pela Comissão Coordenadora, sujeita à aprovação do Conselho de Pós-Graduação. O julgamento dos processos tem por base, principalmente, o estudo dos dados registrados no formulário de inscrição e na documentação que o acompanha.

São documentos necessários à inscrição: • Formulário de inscrição (duas vias);

• Comprovante de pagamento da taxa de inscrição. As inscrições são aceitas até o dia 15 de setembro, no ano corrente para o início dos estudos no primeiro período letivo do ano seguinte, e até 15 de maio, para o início no segundo período letivo do mesmo ano, em caso de existência de vagas. Processo incompleto não será apreciado.

BOLSAS DE ESTUDO A CAPES, o CNPq e a FAPEMIG concedem à Universidade Federal de Viçosa bolsas de estudo, que são distribuídas a candidatos previamente selecionados pelas respectivas áreas. A distribuição das bolsas é feita após a matrícula, de acordo com a disponibilidade e a classificação do candidato.

• Cópia autenticada do diploma do curso superior ou documento equivalente (para o doO estudante estrangeiro deverá possuir recurutorado exige-se o diploma de mestrado); sos próprios para sua manutenção ou pleitear • Histórico Escolar do curso superior (para o bolsa de estudos junto aos órgãos financiadodoutorado exige-se, também, o histórico esco- res no Brasil, que mantenham Programa de Cooperação com o seu País. lar de mestrado); • “Curriculum Vitae” (duas vias comprovadas); • Planos para o futuro (duas vias); • Proposta de projeto de pesquisa (apenas para o candidato ao Programa de Doutorado) • Cartas de recomendação de três pessoas ligadas à formação acadêmica ou às atividades profissionais do candidato (facultativo); e

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Capa Disciplinas da área de Concentração O candidato ao mestrado deverá cursar o mínimo de 24 créditos e o candidato ao doutorado, o mínimo de 48, em disciplinas escolhidas dentro da área de concentração e do domínio conexo do Programa. No entanto, os estudantes de doutorado poderão solicitar o aproveitamento de até 24 créditos dos obtidos no programa de mestrado. As disciplinas da área de concentração deverão totalizar 50% ou mais do número mínimo de créditos exigidos. As disciplinas são identificadas por um código composto de três letras maiúsculas, referentes ao Departamento que ministra a disciplina, seguidas de um número formado de três algarismos. O algarismo das centenas indica o nível em que a disciplina é ministrada. As disciplinas de nível 500 são de nível duplo, graduação e pós-graduação. As de nível 600 e 700

são disciplinas da pós-graduação e avançada de pós-graduação, respectivamente. O algarismo das dezenas indica o grupo de ensino e o algarismo das unidades identifica a disciplina dentro do seu nível e grupo de ensino a que pertence a disciplina dentro do Departamento, independentemente do nível em que é ministrada. Em seguimento ao número, aparece o título da disciplina, acompanhado de outra caracterização que indicará o número de créditos, a carga horária semanal, o período letivo em que será ministrada a disciplina. Uma unidade de crédito corresponde a 15 horas de preleção ou, no mínimo, a 30 horas de aula prática. Exemplo: ENG 634 – Engenharia de Sistemas Agrícolas 3(3-2) II. Disciplina de pós-graduação oferecida pelo Departamento de Engenharia Agrícola, com três créditos, carga horária duas horas de aula teórica e duas horas de aula prática por semana, lecionada no primeiro e no segundo período letivo.

Pesquisa Áreas do departamento de Engenharia Agrícola com suas principais linhas de pesquisa e pesquisadores 1. Construções Rurais e Ambiência Projetos Racionais de Investimentos Fixos, Considerando os Aspectos Bioclimáticos. Pesquisadores: Cecília de Fátima Souza Fernando da Costa Baeta Ilda de Fátima Ferreira Tinoco Valmir Sartor 2. Energia na Agricultura Uso e Racionalização da Energia Elétrica no Meio Rural, Utilizando das Fontes de Energia na Agricultura. 22

Pesquisadores: Delly Oliveira Filho José Helvecio Martins José Márcio Costa Juarez de Sousa e Silva 3. Mecanização Agrícola Projetos e Ensaios, Máquinas Agrícolas, Interação Solo-Máquina, Engenharia de Aplicação de Defensivos e Agricultura de Precisão. Pesquisadores: Daniel Marçal de Queiroz Francisco de Assis de Carvalho Pinto

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Haroldo Carlos Fernandes Luciano Baião Vieira Mauri Martins Teixeira Ricardo Capúcio de Rezende

Pesquisadores: Adílio Flauzino de Lacerda Filho Evandro de Castro Melo Jadir Nogueira da Silva Juarez de Sousa e Silva Lêda Rita D´Antonino Faroni Márcio Arêdes Martins Paulo César Corrêa

4. Meteorologia Agrícola Interação Tempo e Clima com Produtividade Animal e Vegetal; Fatores Ambientais e suas Relações com Localização e Tipos de Cultivos, Energia Solar na Agricultura. 6. Recursos Hídricos e Ambientais Estudos de água e solo; gestão de recursos híPesquisadores: dricos; conservação de solos e água, manejo Aristides Ribeiro e tratamento de resíduos. Flávio Barbosa Justino Gilberto Chohaku Sediyama Pesquisadores: José Maria Nogueira da Costa Alisson Carraro Borges Luiz Cláudio Costa Antonio Alves Soares Marcos Heil Costa Antonio Teixeira de Matos Paulo José Hamakawa Demetrius David da Silva Sérgio Zolnier Everardo Chartuni Mantovani Fernando Falco Pruski 5. Pré-Processamento e Armazenamento Márcio Mota Ramos de Produtos Agrícolas. Mauro Aparecido Martinez Secagem, Armazenamento e Manuseio das Paulo Afonso Ferreira Produções Agrícolas. Rubens Alves de Oliveira

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Capa

Sitios do DEA

Departamento de Engenharia Agricola Universidade Federal de Viçosa Agrijúnior

palestras sobre temas novos e específicos na sua área de atuação; • Proporcionar ao produtor agrícola, ao miAssociação Júnior Agrícola e Ambiental cro, pequeno e médio empresário um trabalho de qualidade e com preços acessíveis; O que é a AGRIJÚNIOR? Incentivar a cultura da organização, da qualidade e da eficiência na produção agrícola, nas A Associação Júnior Agrícola e Ambiental da Universidade Federal de Viçosa é uma as- micro, pequenas e médias empresas; sociação civil, sem fins lucrativos, constituí- Promover, difundir e proporcionar a integração da essencialmente por alunos do curso de cultural entre a entidade e outras com as mesEngenharia Agrícola e Ambiental da referida mas finalidades e os demais segmentos da Universidade com sede e fórum na cidade de sociedade. Viçosa, estado de Minas Gerais. A filosofia http://www.ufv.br/dea/agrijunior da Associação Júnior Agrícola e Ambiental é complementar a formação acadêmica a nível AMBIAGRO prático de seus integrantes e desta maneira proporcionar ao produtor rural assessoria pro- Núcleo de Pesquisas em Ambiência e Arquitefissional de qualidade a custos acessíveis sob tura de Sistemas Agroindustriais a orientação de professores especialistas no emprego da Engenharia na Agricultura. Quem Somos Finalidade: • Complementar a formação teórica dada na universidade com uma aplicação prática, além de proporcionar um confronto direto do aluno de Engenharia Agrícola e Ambiental com a realidade de sua vida profissional futura; • Valorizar a instituição de ensino como um todo no mercado de trabalho, além de aproximar empresa, produtor agrícola e universidade facilitando a absorção dos estudantes de Engenharia Agrícola e Ambiental no mercado de trabalho; • Incentivar o espírito empreendedor e abrir espaço a novas lideranças; • Viabilizar pesquisas, cursos, seminários e 24

O Núcleo de Pesquisa em Ambiência e Engenharia de Sistemas Agroindustriais (AMBIAGRO) foi criado em 2001, junto ao Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa, como resultado de um desejo conjunto dos professores, pesquisadores, estudantes de pós-graduação, iniciação científica, estagiários e técnicos, os quais trabalhavam num objetivo comum: fazer ciência e contribuir na educação e desenvolvimento tecnológico em toda a Área de Construções Rurais e Ambiência. O Ambiagro desenvolve pesquisas na área de Ambiência e Engenharia de Sistemas Agroindustriais. As principais linhas de pesquisa desenvolvidas pelo núcleo são:

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• Ambiência e Instalações na Produção Animal e Vegetal; • Metodologia de projetos; • Inteligência Artificial ou Sistema de Apoio a Decisão (SAD); • Materiais e Técnicas Construtivas para Projetos Agroindustriais; • Estruturas e Edificações Rurais; • Manejo e tratamento de Resíduos Agroindustriais; • Qualidade do ar e preservação ambiental; • Bem estar animal;

físicos, técnicos de nível superior e de nível médio, da Universidade Federal de Viçosa, como de outras Universidades do Brasil e exterior. A infraestrutura do AMBIAGRO é composta por um prédio com 06 gabinetes, uma sala de reuniões, uma sala de treinamento, um saguão e sala de recepção, bem como área experimental de 1000 m² anexa. O objetivo do Ambiagro é o crescimento solidário com todos os centros e núcleos de pesquisa na área de maneira a realizar um trabalho integrado entre as mais diversas unidades. Com isto, visa-se garantir e tornar cada vez mais fácil o fluxo de O AMBIAGRO agrega profissionais de várias informações e o desenvolvimento das parceáreas tais como engenheiros agrícolas e am- rias em Ambiência e Arquitetura de Sistemas bientais, arquitetos, agrônomos, engenheiros Agroindustriais, em toda a extensão deste civis, zootecnistas, veterinários, matemáticos, nome. http://www.ufv.br/dea/ambiagro

CENTREINAR Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem, vinculado ao DEA O Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem - CENTREINAR foi criado em 21 de agosto de 1975, por meio de um acordo entre a Universidade Federal de Viçosa e a Companhia Brasileira de Armazenamento, hoje Companhia Nacional de Abastecimento. De acordo com os estatutos do CENTREINAR, o Centro tem por finalidade: I – Treinar, em cursos de curta duração, pessoal de nível elementar, médio e superior ministrando-lhes conhecimentos suficientes para: a) proceder com segurança à armazenagem de grãos; b) fiscalizar ou assessorar as operações pertinentes à armazenagem de grãos, bem como verificar a qualidade destas, durante o desenvolvimento do período de armazenagem; c) assessorar órgãos públicos e privados, de tal forma que o processo de armazenagem se realize dentro das especificações ditadas pela pesquisa e experiência. II – Formular bases para utilização de equipa-

mentos de preparo e manuseio, de forma a causar o mínimo de dano ao produto durante o processamento, formando mão-de-obra capacitada para operá-lo, através de programas específicos de pesquisa aplicada e de testes de equipamentos. III – Editar a Revista Brasileira de Armazenamento, o Jornal da Armazenagem e a Série CENTREINAR, esta de livros técnicos especializados. http://www.centreinar.org.br

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Capa GPRH Grupo de Pesquisas em Recursos Hídricos

Grupo PET Engenharia Agrícola e Ambiental

pet.eaa é a sigla para o grupo do Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC no curso de O Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos Engenharia Agrícola e Ambiental da UFV. (GPRH) é um grupo voltado ao desenvolviSomos o grupo-caçula da nossa tradicional mento de tecnologias e obtenção de subsídios universidade e estamos na ativa desde outupara o adequado planejamento e manejo dos bro de 2009. No momento, o grupo conta com recursos hídricos. Com essas informações seis petianos, tendo previsão de expansão pretende-se: para agosto de 2010. www.ufv.br/pet.eaa • otimizar o dimensionamento e manejo de projetos hidroagrícolas, reduzindo o seu HIDROTEC custo de implantação e manutenção; Geração e Transferência de Tecnologia em • minimizar os prejuízos decorrentes da Recursos Hídricos exploração agropecuária sobre os recursos naturais; • otimizar o aproveitamento da água, O HIDROTEC é um programa de pesquisa e tanto para a agricultura como para diversas desenvolvimento direcionado à geração e transferência de tecnologia de suporte para outras atividades; e • otimizar o processo de gestão dos re- o planejamento, dimensionamento, manejo e gestão de projetos envolvendo os recursos cursos hídricos. hídricos, no estado de Minas Gerais (Estudos http://www.ufv.br/dea/gprh hidrológicos revistos e atualizados a cada 5 anos). www.hidrotec.ufv.br

Grupo de Pesquisa em Interação Atmosfera-Biosfera

www.biosfera.dea.ufv.br

Laboratórios de Controle da Qualidade Ambiental

O Laboratório de Qualidade de Água do Departamento de Engenharia Agrícola e Ambiental da Universidade Federal de Viçosa está desenvolvendo pesquisas, desde 1998, conduzindo análises de resíduos em plantas, água e solo, contando com equipe técnica capacitada e exO objetivo é disponiblizar informações sobre periente, principalmente na área de aproveipesquisas, publicações e pesquisadores do tamento agrícola de resíduos agroindustriais. grupo. Diversos projetos de pesquisas neste tema já www.secagemplantamedicinal.eng.br foram concluídos e vários estão em andamento. www.ufv.br/dea/lqa

Grupo de Pesquisas em Secagem de Plantas Medicinais

Pós-Colheita Sítio do Grupo Pós-Colheita do DEA www.pos-colheita.com.br 26

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Especial

Atuação do Engenheiro Agrícola e Ambiental

A

companhando as mudanças ocorridas nos cursos de Engenharia Agrícola nos países mais desenvolvidos (EUA e alguns países da Europa), que melhoraram a formação dos futuros profissionais nas áreas de Engenharia Ambiental, Engenharia Biológica e de Recursos Biológicos, o curso de Engenharia Agrícola da UFV também foi adequado à nova realidade e às necessidades do mercado, passando a formar o Engenheiro Agrícola e Ambiental. 28

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O mercado de trabalho tem absorvido bem o engenheiro agrícola e ambiental formado pela UFV, já que, por ser um profissional com atribuições nas áreas de construções rurais, hidrologia, irrigação e drenagem, energização rural, mecanização agrícola e armazenamento e processamento de produtos agrícolas, ele passou a poder atuar também na solução de problemas ambientais, decorrentes de atividades agropecuárias, agroindustriais, industriais e urbanas, seja no tratamento e destinação final dos resíduos, na gestão e qualidade da água e do solo ou na recuperação de áreas degradadas.

Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas

O armazenamento e processamento de produtos agrícolas constituem, cada vez mais, uma propriedade dos sistemas de produção de alimentos, pois a preservação da qualidade e quantidade dos produtos é uma necessidade capital de nossa época. O Eng. Agrícola e Ambiental está capacitado para atuar no Setor de Armazenamento em diversas atividades: colheita, transporte e processo de limpeza, princípios de secagem, operação de secadores e, finalmente, controle da qualidade no sistema A crescente contratação de engenheiros de armazenagem, assim como no desenvolvimento e difusão de tecnologias e inovações. agrícolas e ambientais, para assumir cargos de responsabilidade ou mesmo de gerência O Centro Nacional de Treinamento em Arna área ambiental em usinas siderúrgicas, mazenagem vinculado ao DEA, oferece cursos mineradoras e até em empresa petrolífera, de curta duração que possibilitam o treinaé indicativo da ampliação do mercado de tra- mento de pessoal na área de armazenagem de grãos. O Centro também publica a Revista balho para esses profissionais. Brasileira de Armazenamento. A boa aceitação do profissional pelo mercado se dá em razão da sua formação básica Construções em diversos ramos das engenharias, o que Rurais e Ambiência possibilita que esse profissional, além de dar adequada solução ao problema ambiental, O Eng. Agrícola e Ambiental é preparado possa intervir no processo produtivo, de forma para atuar na área de Construções Rurais e a minimizar os problemas ambientais causa- Ambiência por meio do estudo das características dos materiais usados nas construções, dos pela atividade. bem como em suas especificações e formas O acerto da UFV nas alterações efetua- de utilização; de dimensionamento de estrudas no curso de Engenheiro Agrícola pode ser turas; de planejamento, inclusive físico, de projetos de construção de unidades destinacomprovado pelo fato de que cinco universidadas à exploração agropecuária; de orçamento des federais seguiram seu exemplo, passan- de construções e elaboração de cronograma do também a oferecer o curso de Engenharia físico financeiro; de planejamento, projeto e Agrícola e Ambiental, enquanto muitas outras execução de habitações rurais e agrovilas; de estão se preparando para efetuar a mesma controle de poluição no que se refere a estrumudança. Confira um resumo das principais turas para tratamento de resíduos orgânicos áreas de atuação dos egressos de nossos cur- rurais, manejo de dejetos e saneamento básico; e, enfim, de controle de microclimas para sos: Revista Agricultura & Engenharia

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Especial ao meio rural; aproveitamento de pequenas quedas d’água; grupo motor-gerador; ramais rurais de concessionárias ou cooperativas de eletrificação rural; cálculo de demanda e distribuição elétrica na fazenda; instalações elétricas domiciliares; dimensionamento de alimentadores, de comando e de proteção de motores elétricos; dimensionamento e instalação de aparelhos eletrificados; comandos automáticos; proteção contra descargas atmosféricas na fazenda.

Mecanização Agrícola

maior rendimento das produções vegetais e animais.

O uso de máquinas e implementos agrícolas vem se tornando cada vez mais importante na medida em que o setor de produção agropecuário se moderniza e tecnifica. A atuação do Eng. Agrícola e Ambiental nesta área está ligada ao projeto e à otimização do uso de máquinas e implementos agrícolas empregados no preparo do solo, plantio, cultivo, na colheita, no transporte e manuseio de produtos. Em pesquisa, atua na concepção e implementação de máquinas agrícolas, em engenharia de sistemas, automação de máquinas agrícolas, mecanização da pequena propriedade, energização rural e mecânica de solos agrícolas.

Meteorologia Agrícola

O Núcleo de Pesquisas em Ambiência e A Meteorologia Agrícola é uma subdiArquitetura de Sistemas Agroindustriais des- visão da meteorologia que estuda a relação envolve pesquisas na área de ambiência e ar- entre os elementos meteorológicos e as ativiquiteturas de sistemas agroindustriais. dades agropecuárias. A partir deste estudo, o Eng. Agrícola e Ambiental poderá: quantificar as exigências hídricas das culturas, que é uma Energia na Agricultura formação importante para o dimensionamento e manejo de sistemas de irrigação; elaborar Na área de Energia na Agricultura, o mapas de zoneamento agroclimáticos; caracEng. Agrícola e Ambiental é preparado para terizar o início e a duração da estação chuatuar na solução de diversos problemas tec- vosa, bem como a ocorrência de veranicos; nológicos ligados ao uso da energia elétrica otimizar o conforto térmico das instalações 30

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agrícolas; avaliar as condições de umidade do O egresso do curso também pode atuar ar para a determinação do tempo de secagem no controle da poluição, no estudo de impacdos grãos; e fornecer outros subsídios impor- tos ambientais e no uso de tecnologias para tantes, visando ao aumento da produtividade. manejo, disposição e tratamento de resíduos gerados nas atividades agropecuárias, agroinRecursos Hídricos dustriais e urbanas.

e Ambientais

Na área de Recursos Hídricos e Ambientais, o acadêmico é capacitado para fazer o diagnóstico e atuar na elaboração, implementação e no manejo de projetos de irrigação (de superfície e subterrânea); no planejamento, na conservação e no manejo de recursos hídricos e edáficos em bacias hidrográficas; e no projeto de estruturas hidráulicas para a acumulação, captação, elevação e condução de água.

O Grupo de Pesquisas em Recursos Hídricos atua no desenvolvimento de tecnologias para subsidiar o planejamento e manejo integrados dos recursos hídricos, visando o desenvolvimento sustentável da agricultura. Nos Laboratórios de Controle da Qualidade Ambiental são realizados estudos de diagnóstico e monitoramento de qualidade das águas e do solo e estudos sobre tratabilidade de resíduos orgânicos.

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Mercado New Holland. Especialista no seu sucesso.

COLHEITADEIRAS NEW HOLLAND TC

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íder mundial em equipamentos agrícolas, a New Holland é um dos maiores e mais respeitados fabricantes de equipamentos agrícolas.

Para atender especificamente a cada tipo de necessidade dos produtores de todos os portes, a New Holland produz uma ampla e completa linha de tratores de pequena, média e grande potência, além de colheitadeiras de grãos e implementos. Em qualquer ponto do planeta, a New Holland garante desempenho e alta qualidade em todos os produtos que levam a sua marca. A cada 5 tratores vendidos no mundo, um é New Holland. E suas collheitadeiras, referência em tecnologia, eficiência e produtividade, são as mais vendidas na América Latina. Esta grande conquista de mercado se deve ao constante investimento da New Holland em novos produtos destinados a todos os segmentos de atividades agrícolas.

a New Holland apresenta uma forte e eficiente estrutura de pós-vendas que garante a alta qualidade, a tecnologia e a segurança dessa marca mundial. No Brasil, as primeiras colheitadeiras New Holland chegaram no início da década de 70, marcando uma forte relação entre as máquinas amarelas e o homem do campo. O sucesso foi tão grande que a empresa se instalou no Brasil, inaugurando a fábrica da New Holland Latino-Americana em Curitiba, em 1975. A New Holland trouxe modernidade e inovação ao setor no País e foi conquistando mais espaço à medida em que a nossa agricultura crescia e se profissionalizava. A diversidade da agricultura brasileira impulsionou a New Holland a se desenvolver e a atender, cada vez melhor, às suas especificidades.

Somando hoje mais de trinta anos de Brasil, a New Holland pode dizer participou e viu bem de perto o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, cobrindo os campos Presente em todos os continentes, com de azul e amarelo. Fonte: http://agriculture. uma rede de mais de 5 mil concessionários, newholland.com/br

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Mercado

Valtra

soluções completas para o mundo globalizado

A

marca Valtra, controlada pela AGCO Corporation, está consolidada no Brasil como uma grande fabricante de tratores e também como exportadora, atendendo atualmente à demanda de mais de 60 países. Primeira montadora de tratores a se instalar no Brasil, há 50 anos, em 2007 a empresa ingressou no mercado de colheitadeiras e de plantadeiras. Hoje oferece uma linha completa de máquinas agrícolas, do preparo do solo à colheita.

Com uma rede de 150 pontos de venda e assistência técnica no Brasil, a Valtra conta também com 13 distribuidores nos demais países da América Latina e exporta para mais de 60 nações, estando plenamente capacitada para atender às exigências do mercado e às necessidades dos seus clientes. A marca conta com uma rede que se diferencia por oferecer um atendimento de excelência em vendas, pós-vendas e suporte técnico rápido, capacitado com a mais alta qualidade e efi34

ciência. Os produtos Valtra são reconhecidos em função do seu baixo custo de manutenção e operação. No Brasil, a marca tem uma relação muito estreita e histórica com o setor sucroalcooleiro. Graças a uma linha completa de produtos eficientes e econômicos e ao excelente relacionamento com as usinas, a marca é líder absoluta neste segmento, atendendo cerca de 60 % da demanda de tratores. A Valtra, com sede em Mogi das Cruzes/ SP, também se destaca pelo pioneirismo nos testes com tratores movidos a biodiesel, colaborando para o avanço da agricultura sustentável. É a primeira empresa do setor no país a ter oficialmente liberado o uso de B-100 (100% biodiesel), com garantia de fábrica para o Brasil e demais países da América Latina. Fonte: www.agco.com.br/ e www.agcocorp.com

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Artigo

Fer tilizante estatizante

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s dois argumentos centrais em defesa da empresa estatal seriam a necessidade de reduzir a dependência brasileira do mercado internacional, uma vez que 74%, 49% e 92% do nitrogênio, do fósforo e do potássio, respectivamente, utilizados no Brasil na produção de fertilizantes são importados; e a necessidade de promover maior concorrência no mercado, tendo em vista que a produção de fertilizantes é um oligopólio no Brasil e no mundo. Os dois argumentos mostram que o tema é sensível. Os produtores rurais, como esperado, estão preocupados com o assunto porque são eles que pagam a conta de fertilizantes mais caros. Viabilizar o aumento da produção brasileira e promover maior concorrência na produção fazem parte de um diagnóstico correto. Já o remédio, a estatal dos fertilizantes, está mais para adoecer o paciente do que para curá-lo. O fundamental nesse debate é entender que o bom objetivo de estimular concorrência no fornecimento de nutrientes básicos à produção de fertilizantes não será resolvido com a criação de uma estatal. O buraco, na realidade, é mais embaixo. A constatação de que a produção das matérias-primas básicas dos fertilizantes (nitrogênio, fósforo e potássio) no Brasil não tem acompanhado a crescente demanda é um tema superado. A relação entre a produção nacional e a importação de fertilizantes intermediários se movimenta em favor das importações, que vêm ganhando fatia de mercado no decorrer do tempo. Os dados da evolução por nutriente mostram a mesma tendência. No caso do nitrogênio, a produção doméstica

representava, em 2002, 47% do mercado e em 2008 representou 26%. No caso do fósforo, esse movimento foi de 57% para 51% e, no caso do potássio, de 12% para 8%. Não somente a produção nacional tem menor participação na oferta total, com exceção do fósforo, como também não tem conseguido acompanhar a demanda. Além disso, comparando o Brasil com o resto do mundo, os números também chamam a atenção. O Brasil é o terceiro maior importador mundial de nitrogênio, atrás apenas dos EUA e da Índia, é o maior importador de fósforo e o segundo maior importador de potássio, também atrás dos EUA. A dependência de importações, no entanto, é uma questão capenga quando não analisada em conjunto com a estrutura de formação de preços dos fertilizantes no Brasil. A questão-chave a ser respondida aqui é a seguinte: os preços domésticos de fertilizantes pagos pelos produtores no Brasil seguem os preços mundiais? Se seguem, o problema dos elevados preços está no mercado mundial. Se não seguem, há razões para se pensar em po-

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Artigo líticas de estímulo á maior concorrência. Para responder a essa pergunta desenvolvemos um estudo analisando os preços internacionais e os preços pagos pelos produtores. Nossa conclusão foi a seguinte: os preços domésticos são determinados pelos preços mundiais, mas, com exceção da ureia, fertilizante à base de nitrogênio, as variações nos preços ao produtor do superfosfato simples e do cloreto de potássio são explicadas apenas em parte pelas oscilações dos preços internacionais, sugerindo que maior concorrência seria salutar para o produtor rural. Vamos entender o que essa conclusão quer dizer. Quando são analisados os preços internacionais da ureia, da rocha fosfática e do cloreto de potássio e são comparados aos preços de importação do Brasil e aos preços dos produtos equivalentes praticados no mercado doméstico (aqui utilizamos os preços em dólar para eliminar oscilações cambiais), observamos que, para cada linha de produto - nitrogênio, fósforo e potássio -, os preços andam absolutamente juntos.

ser diferente, porque, sendo um setor muito intensivo em capital, demandante de elevados investimentos e com ganho de escala, a produção de nutrientes, em qualquer lugar do mundo, será sempre concentrada. Superado o problema da formação dos preços, fizemos a análise da influência dos preços internacionais nas oscilações dos preços domésticos. A pergunta aqui é a seguinte: quando os preços domésticos oscilam - aliás, eles fazem isso o tempo todo -, quanto dessas variações pode ser explicado por oscilações nos preços internacionais e/ou por variáveis associadas ao mercado doméstico, tais como demanda e, por que não, concentração da produção? Quando esse valor é muito elevado, como no caso da ureia, é sinal de que os movimentos no mercado doméstico refletem integralmente os do internacional.

Já no caso do superfostato simples e do cloreto de potássio, cujos valores encontrados foram menores, fatores associados à estrutura da indústria têm peso elevado nos movimentos de mercado doméstico. Neste caso, estimular competição na indústria será benéComo grande parte da oferta brasileira fico para os produtores rurais e é isso que o é feita a partir de matéria-prima importada governo deveria estar perseguindo, em vez de (74%, 49% e 92%, respectivamente), a con- advogar a volta do capital estatal ao setor. clusão de que os preços internacionais determinam os preços domésticos era esperada. Aliás, essa constatação demonstra que a concentração na produção doméstica não é forte o suficiente para impedir o mercado de funcionar. Ao contrário: na formação dos preços, o mercado está funcionando bem. Essa conclusão tem uma implicação: como os preços internacionais são determinantes dos preços domésticos, o produtor brasileiro estará sempre sujeito aos movimentos de mercado na Rússia (nos três produtos), na China, no Canadá, na Alemanha, no Marrocos, na Tunísia, na Ucrânia e nos EUA (em pelo menos um produto), a menos que o Brasil reduza sua dependência de importações. A oferta, como se vê, é concentrada. Aliás, não poderia 36

André M. Nassar Diretor-geral do ICONE (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais). E-mail: amnassar@iconebrasil.org.br

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Artigo

Diversidade ambiental

D

efendo a tese de que a recente queda significativa do desmatamento na Amazônia se deveu, pela ordem, aos fatores: 1) fiscalização; 2) pactos com setores privados; 3) estímulos ao desenvolvimento sustentável. E que a meta ideal a ser alcançada é a inversão da ordem desses fatores.

penhague, antes de 2020 - provavelmente em 2014. Triplicamos a fiscalização do Ibama, da Polícia Federal e da Força Nacional, através da Coordenação Interministerial de Combate ao Crime Ambiental. O grileiro não pagava terra, imposto e multa, nem assinava carteira. Com o Decreto de Crimes Ambientais, apreendemos o boi pirata, a madeira e o carvão ilegais, os leiloamos e doamos o resultado ao Bolsa Família. O crime ambiental deixou de compensar. Participamos de 30 operações, destruindo fornos de carvão e retirando o boi pirata de terras indígenas e de parques nacionais.

Em 2009 (agosto de 2008 a julho de 2009), reduzimos o desmatamento para a menor taxa da história, 7 mil Km2, metade do ano anterior e 1/3 da média da década. Entre agosto de 2009 e fevereiro de 2010, houve nova queda de 50%. Alcançaremos o compromisso de redução do desmatamento em A Moratória da Soja, com os exportado80% que o presidente Lula anunciou em Co- res de óleo vegetal e cereais, estipulou que esRevista Agricultura & Engenharia

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Artigo ses não comprariam soja de área desmatada A Operação Arco Verde foi lançada com dez após 2006. O monitoramento constatou que o ministérios, nos 43 municípios responsáveis acordo foi cumprido em 95%. A soja deixou de por 55% do desmatamento da Amazônia. Forser fator do desmatamento da Amazônia. As- necimento de crédito pelo BB e Basa, pisciculsinamos o Pacto da Madeira Legal com os ex- tura para o peixe amazônico ser consumido portadores; foi acordado o aumento da oferta e exportado em alternativa ao boi pirata, técda madeira de manejo sustentável; subscre- nicas da Embrapa para agricultura de bom vemos o Acordo do Minério Legal com a Vale; rendimento e baixo impacto, regularização com os bancos públicos e privados, firmamos fundiária. Os municípios começam a sair da o Protocolo Verde do Crédito, que veda finan- lista dos desmatadores e competem por créciamentos a atividades predatórias. Com a ditos de carbono. Esse caminho substituirá as Associação Brasileira de Supermercados, fir- operações em curso, como a Corcel Negro e mamos o Acordo da Carne Sustentável; até a Delta, de combate ao carvão e à madeira o fim de 2010, será retirada das prateleiras ilegais. carne originada do desmatamento. É o consumo consciente entrando no jogo, levando à O desafio será estender essas ações ao mudança de postura das empresas. Cerrado, à Caatinga e à Mata Atlântica, biomas que são mais agredidos do que a AmaOs mecanismos de financiamento, in- zônia. O Cerrado abriga as nascentes das prindução aos modelos tecnológicos e de orga- cipais bacias hidrográficas. O Nordeste será nização territorial são mais recentes e pro- a região brasileira mais afetada pelas mumissores. Concluímos em março de 2010 danças do clima. Antes só monitorávamos a o Macrozoneamento Econômico-Ecológico Amazônia, hoje todos os biomas. O Brasil não (ZEE) da Amazônia. Este estabelece nove zo- é um samba de uma nota só. E nas metróponas na Amazônia, com vocações como: pre- les, onde vive a maior parte da população, o servação do coração central, contenção das desafio é a ecologia urbana: água, lixo, esgoto, frentes de expansão, recuperação das áreas qualidade do ar e encostas. degradadas, mineração e portos, manejo florestal e ecoturismo. Não haverá financiamento para atividade em desacordo com o Macro ZEE. O Fundo Amazônia é estratégico. Seu conselho é composto pela SBPC, seringueiros, CNI (indústria), governos estaduais e federal, e gerido pelo BNDES. Da Noruega, obtivemos uma doação de um bilhão de dólares; os projetos financiados são de monitoramento e fiscalização, ciência e tecnologia, unidades de conservação e extrativismo, pagamento por serviços ambientais. Vinte projetos foram aprovados e dezenas estão em análise. O presidente Lula decretou preços de garantia para dez produtos extrativistas, como borracha, castanha, açaí, pequi etc., possibilitando que centenas de milhares de extrativistas tenham CARLOS MINC é deputado estadual (PT-RJ) e vida digna convivendo com a floresta em pé. foi ministro de Meio Ambiente. 38

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Opinião É preciso que candidatos ao Governo entendam as necessidades da agricultura em poucas propostas. Prof. Roberto Rodrigues

A

no eminentemente eleitoral, a importância quanto a escolha dos próximos governantes para o país cotidianas discussões se tornam fundamentais para a clareza das muitas necessidades que o Brasil carece. Sobre a ótica de professor do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pontua propostas de governo para os candidatos. Segundo ele, é preciso centralizar reivindicações em um conjunto uniforme e unanime para que cada candidato se prepare e entenda os problemas nacionais, despertando o interesse em melhorar o país. Para a agricultura, Rodrigues propõe quatro propostas de melhoria para o setor: renda, logística, comercialização e reforma institucional.

tões relacionadas ao câmbio, reforma no crédito rural em vigor e sem alteração desde 1965, endividamentos, seguro agrícola e, conseqüentemente, mecanismos de comercialização. Para ele, a política agrícola existente no Brasil é perfeita, porém, não sai do papel.

“Nosso papel central agora é: um, explicar ao candidato o que é importante para o setor rural porque é importante para o Brasil; dois, cobrar dele uma posição e escolher o candidato adequado; três, convencer a opinião pública urbana que é majoritária que ela depende também desses processos, não obstante, aparentemente esteja distante dela, mas que não pode viver sem a agricultura”.

“Todo mundo sabe que o produtor brasileiro é competitivo dentro da fazenda dele, quando sai, perde por causa da renda”. Sobre sua afirmação, o ex-ministro apóia que o Governo precisa de mecanismos de logística, ou seja, rodovias, ferrovias, portos, hidrovias e sistema de armazenamento que garantam ao agricultor competitividade até mesmo internacional com todos seus produtos agrícolas para mudar a renda atual do homem do campo.

Renda

Logística e comercialização

Diretamente relacionada, o terceiro O professor é direto quando compara a tema em discussão aponta para a necessidapolítica agrícola de renda atual à ideal para o campo enfatizando a reformulação de ques- de de uma promoção comercial internacional 40

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com adidos agrícolas que, ao invés de esperar que o mundo veja o Brasil como uma vitrine e venha até aqui comprar, existam embaixadas que possam analisar o mercado e bater a porta de cada país mostrando que o produto brasileiro atende todas as necessidades mundiais.

credibilidade. “Acho legítimo o sonho da reforma agrária, também acho legítimo que qualquer um queira um pedaço de terra. Se o Governo promete terra, por que o garçom, o motorista de taxi também não vai querer?”, assim o professor defende que a invasão de terras feita pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra Para tal, é preciso que continue a aber- é ilegal, desprovido de fundamentos legítimos tura de novos mercados, acordo bilateral en- perante a lei. tre Governos, casamento interno entre o setor público e o privado, ou seja, necessidade de Este é o momento de cada cidadão penuma política de comércio exterior muito clara sar e repensar no que lhe é prioridade e enxero reconhecimento internacional do Brasil. gar que o desenvolvimento do país está na agricultura. Reforma institucional “Temos que conversar sobre política o Talvez o tema mais polêmico, a reforma tempo inteiro, explicar com clareza porque é institucional constitui em uma forma geral de fundamental que a agricultura avance, porque reformulação do Governo. Segundo Rodrigues, ela é o motor deste país. Não existe calça jeans o modelo brasileiro atual é constituído por 35 sem algodão, não tem sapato sem couro, boministérios desnecessários, uma vez que pro- rracha sem seringueira, não tem seda sem o jetos do Ministério da Agricultura ficam “em- bicho-da-seda, não tem nada sem a agriculpacados” ou não funcionam porque depen- tura. É isso que o povo precisa compreender dem da aprovação de outros ministérios. no Brasil e votar naqueles (candidatos) que devem defender isso que é desenvolver este “A Agricultura faz um programa perfei- país”, divaga Roberto Rodrigues. to (da política agrícola) e não impões porque falta um mecanismo institucional estratégico que é de coordenação do Governo”, afirma. No entanto, dentro da reforma institucional para ser reivindicada aos candidatos ao Governo um leque se abre sobre questão ambiental e florestal, agrária, trabalhista. Com isso, o eleitor precisa eleger uma bancada comprometida com o motor do Brasil que é a agricultura. Portanto, o professor acredita que para que exista uma agricultura desenvolvida, a necessidade de um Código Florestal e Ambiental moderno se faz fundamental. Bem como, a reforma agrária capitalista que assente o trabalhador rural e dê a ele condições legais de progresso com tecnologia adequada, crédito e

Prof. Roberto Rodrigues Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV-EESP, Presidente do Conselho do Agronegócio da FIESP. Professor Titular do Departamento de Economia da UNESP - Jaboticabal.

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Agroflorestal Controle biológico da praga psilídeo-de-concha O eucalipto, espécie madeireira originária da Austrália e das Ilhas da Oceania, é uma excelente fonte para produção de papel e celulose que traz muitos ganhos para o Brasil Embrapa Meio Ambiente No entanto, essa cultura é ameaçada por diversas pragas, doenças e plantas daninhas. No Brasil, entre as pragas naturais que a atacam destacam-se, principalmente, as formigas cortadeiras, os besouros e as lagartas desfolhadoras. E, recentemente, tornou-se mais preocupante a chegada ao país de uma nova praga que ataca o eucalipto: o psilídeo-de-concha. Para combater o psilídeo-de-concha, um dos métodos utilizados é o controle químico, com o uso de inseticidas sistêmicos de alto custo, impactantes ao meio ambiente e de efeito temporário. O custo estimado com aplicação desses inseticidas, de acordo com o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna/SP), Luiz Alexandre Nogueira de Sá, pode variar de R$ 40,00 a 150,00 por hectare, sendo necessárias, no mínimo, três aplicações por ano. Durante o Prosa Rural, o pesquisador Nogueira de Sá, fala sobre uma alternativa de combate a essa praga: o controle biológico, feito com uso de uma vespinha parasitóide de nome complicado, Psyllaephagus bliteus, que tem se mostrado como o método mais adequado, já tendo sido validado nos Estados Unidos e no México. O controle 42

biológico com o uso dessa vespa parasitóide tem reduzido a infestação da praga conforme resultados obtidos nesses países. Estudos já estão em andamento no Brasil, com o objetivo de se conhecer a presença deste e de outros agentes de controle biológico nas florestas de eucalipto. A vespa parasitóide, recém introduzida no país, está sendo criada em condições de laboratório e liberada nos hortos florestais de eucalipto na região de Jaguariúna, desde 2005. De acordo com o pesquisador, a aplicação desta tecnologia está beneficiando o pequeno e médio produtor rural de lenha, carvão, mourão de cerca e postes de rede elétrica; e o grande produtor na produção em larga escala de papel e celulose pelas indústrias do ramo florestal e de carvão para a siderurgia nacional; e também o meio ambiente pela utilização desta tecnologia limpa, com mínimo impacto ambiental e baixo custo. O Prosa Rural é o programa de rádio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O programa conta com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome.

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