Newcor Especial 60anos Dante Pazzanese

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volume XVIII - nº 37 - 2014

revista

NEWCOR

S W E N

Panorama da Cardiologia Atual

Instituto

Dante Pazzanese de Cardiologia

60 anos de evolução e sucesso

Profª. Amanda Sousa 1 - Revista Newcor News Diretora IDPC


2 - Revista Newcor News


Editorial Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia 60 anos de sucesso

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diretora do IDPC.

oncluímos mais uma edição da revista Newcor News - desta vez sobre uma das maiores instituição de cardiologia do país, o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - IDPC que neste ano completou 60 anos de fundação, que teve a brilhante coordenação da Dra. Amanda Sousa,

Iniciando a matéria de capa apresentamos uma importante entrevista com Dr. J. Eduardo de Souza que nos fala do início da trajetória de sucesso do “Dante Pazzanese”. Drs. Marcelo Bertolami, Celso Amodeo, Ari Timerman e Rui Ramos e outros renomados médicos do IDPC nos falam sobre os departamentos onde são os responsaveis. Finalizando a matéria sobre os 60 anos do IDPC a Dra. Amanda Souza solicitou ao Professor Dr. Adib Jatene para falar sobre Fundo de Pesquisa, falta de médicos e Programa Saúde de Família. Leitura obrigatória. Finalizano esse trabalho; brindamos nossos leitores com uma crônica do escritor peruano Mario Vargas Llosa sobre a nossa atual realidade. Agradecemos a todos e contamos com sua audiência em nossas próximas edições. Boa Leitura. O Editores 3 - Revista Newcor News


Expediente

Sumário

Volume XVIII - Nº 37 - 2014

Cardio News.......................................................07 Especial 60 anos IDPC Dra. Amanda Sousa .........................................16 Panorama Atual da Cardiologia no Brasil e no Mundo Conselho Editorial Presidente: Dr. Mário F. de Camargo Maranhão Conselheiros: Dr. Armênio Guimarães Dr. Fabio Fernandes Dr. Evandro Tinoco Mesquita Dr. Jorge Pinto Ribeiro Dr. Michel Batlouni Dr. Miguel Barbero Marcial Dr. Nabil Ghorayeb Diretor e Editor Dr. José Márcio da Silva Araújo j.marcioaraujo@uol.com.br

Entrevista Dr. J. Eduardo Sousa........................................20 Prevenção Cardiovascular no Seculo XXI - Drs. Marcelo Bertolami e Celso Amodeo.............................................................22 Evoluções na Abordagem da SCA Drs. Ari Timerman e Rui Ramos......................26 Centro Materno-fetal Dra. Simone Pedra e G. Furlanetto................28

Publicidade Gilberto Cozzuol gilbertocozzuol@uol.com.br

Projeto Tele Integrado Bioengenharia Drs. Faustino e Cantídio.................................30

Administração e Circulação Yvete Togni dra.ytogni@hotmail.com

Fronteiras das Imagens Cardiovasculares Drs. Jorge Assef e R. Meneghelo..................36

Relações Externas Ariadne De Marchi

Procedimentos Hibridos Drs. J. Eduardo Sousa, J. Ribamar Costa e Alexandre Abizaid..........................................40

Produção e Publicação Lucida Artes Gráficas lucida.editorial@uol.com.br Fotografia Arquivo IDPC Correspôndencia Rua Carneiro da Cunha, 212 sl 1 Vila da Saúde

Fundação Adib Jatene ..................................48 Entrevista Dr. Adib Jatene ..............................................52

Contato Fone - 11- 2339-4710 Fax - 11 - 2339-4711

Eventos ..........................................................56 69º congresso Brasileiro de Cardiologia

Agradecimentos Equipe IDPC

Mercado Hospital Albert Einstein................................58

As opiniões expressas ou artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

Perfil Dr. MIchel Batlouni ........................................59 Artigo - A máscara do gigante Mario Vargas Llosa ........................................60

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Cardio News

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Aché lança topiramato para tratamento de enxaqueca em adultos e diversos tipos de epilepsia

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ché lança em Agosto o produto Vidmax (topiramato) indicado como tratamento profilático de primeira linha para enxaqueca em adultos, reduzindo a frequência dos dias com dor. O produto também é indicado para adultos e crianças no tratamento da epilepsia recém diagnosticada, e como adjuvante no tratamento de crises epilépticas parciais e generalizadas.

ca Leila Falavigna, gerente de produtos do Aché.

“Vidmax complementa o portfólio da Franquia Sistema Nervoso Central do Aché. O objetivo é ter um amplo portfólio, auxiliando os médicos a obterem qualidade de vida para seus pacientes”, expli-

Vidmax está disponível nas principais redes e farmácias com a apresentação de 60 comprimidos, em três dosagens: 25mg, 50mg e 100mg.

O Vidmax chega ao mercado com preço acessível, além da segurança e eficácia por ser uma molécula amplamente estudada e prescrita. Nos últimos 12 meses, o mercado da molécula cresceu 19%, faturando cerca de R$ 112,4 milhões (Fonte: IMS/PMB Junho/2014).

Aplicativo da Torrent para médicos e farmacêuticos avalia risco cardiovascular

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aseada na nova Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a Torrent acaba de lançar a Calculadora ER, um aplicativo (App) desenvolvido especialmente para médicos e farmacêuticos, e que possibilita a avaliação, de forma rápida e prática, do risco cardiovascular dos pacientes. Segundo o gerente de produtos da linha cardiometabólica da Torrent, Nicholas Dannias, o objetivo é facilitar a prática clínica, pois com a Calculadora ER, o médico ou farmacêutico que acessam o sistema, mediante uma senha, podem obter na hora o risco

cardiovascular do paciente – baixo, médio ou alto – e a meta do LDL-C (mau colesterol). O aplicativo é bem simples e pode ser instalado no smartphone Android e IOS (Apple) ou utilizado no PC, através do site da Torrent (ver em http://www.torrent.com.br/calculadoraer).

Para mais informações entrar em contato com o SAT (Serviço de Atendimento Torrent) pelo telefone 0800-770-8818.

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Agilent Technologies cresce e prevê faturar US$ 7 bilhões em 2014

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Agilent Technologies, empresa de tecnologia para análises químicas, biociências e diagnósticos, superou as próprias expectativas e obteve ganhos de US$1.77 bilhões no terceiro trimestre fiscal, encerrado em julho de 2014, resultando em um aumento de 7% na comparação com o ano passado. Na divisão Biociências, Química Aplicada e Diagnóstico (“LDA”), as receitas da Agilent cresceram 6% contra o mesmo período em 2013 – avanço liderado pelos segmentos ambiental,

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forense, farmacêutico e de diagnósticos. As margens operacionais da “LDA” foram de 19%. Para o quarto trimestre fiscal deste ano, os ganhos deverão ficar entre US$1.81 bilhões a US$1.85 bilhões. E para o consolidado do ano fiscal de 2014, a companhia espera uma receita entre US$ 6.99 bilhões a US$ 7.03 bilhões. As projeções globais foram divulgadas em comunicado à imprensa. Atualmente a empresa conta com 20.600 funcionários e está presente em mais de 100 países.

Central Nacional Unimed espera crescer 29% em 2014

riada há 16 anos para garantir a competitividade do Sistema Unimed no mercado, a Central Nacional Unimed exerce seu papel crescendo e investindo em gestão. Atualmente conta com 1,5 milhão de clientes e prevê faturar mais de R$ 3,1 bilhões este ano, quantia 29% maior quando comparada a 2013. Os últimos investimentos, destinados para tecnologia da informação, contratação de pessoal e treinamento da equipe, somaram R$ 38, 9 milhões. Recentemente, a operadora inaugurou uma ‘nu-

vem privada’, unificando os dados de seus clientes, que podem ser acessados de dois data centers (nas unidades Alameda Santos e Pamplona). Em junho do ano passado, houve a inauguração da filial Pamplona com um investimento superior a R$ 10 milhões. E, agora, se prepara para, nos próximos dias, inaugurar uma nova filial própria, em Brasília. A Central Nacional Unimed superou nossas melhores expectativas e se consolidou em um mercado altamente disputado, com foco em planos empresariais com abrangência nacional”, salienta Akl.

Pfizer compra portfólio de vacinas da Baxter por US$ 635 mi

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farmacêutica americana Pfizer anunciou na semana passada um acordo definitivo para aquisição da divisão de portfólio de vacinas da Baxter, também dos EUA, por US$ 635 milhões. O acordo inclui a aquisição de uma parte da fábrica da Baxter na Áustria que produz os medicamentos. Ainda são necessárias as aprovações dos órgãos regulatórios dos países e territórios em que as duas empresas atuam, incluindo União Europeia, o que deve ocorrer apenas no fim deste ano. O portfólio adquirido inclui vacinas contra meningite C e inflamações virais do sistema nervoso, entre outras doenças. Segundo a Pfizer, a transação não deve ter impacto nos resultados fiscais do primeiro semestre. 8 - Revista Newcor News


Eurofarma tem novo complexo em Itapevi, São Paulo, com investimentos de R$ 260 milhões

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Eurofarma laboratórios farmacêuCom um leque de mais de 169 medicamenticos investiu R$ 260 milhões em tos no mercado, o bloco IV do complexo, que um novo complexo industrial, loca- já foi inaugurado, está operando na produção lizado em Itapevi, em São Paulo. de cosméticos e líquidos, cremes dentais e produtos injetáveis para uso humano. Com 80 mil m² de área construída, o novo projeto da empresa atenderá as demandas Até julho de 2008, os blocos que produziatuais e futuras de fornecimento de medica- rão hormônios humanos serão inaugurados, mentos da Eurofarma, tanto para o mercado para a fabricação de injetáveis, sólidos e semi-sólidos. nacional como internacional. O complexo será responsável pela fabricaToda a estrutura segue o padrão estabeleção e pelo comércio de produtos farmacêuti- cido pela FDA - Food and Drug Administration cos nas áreas de Prescrição Médica (Farma), e a EMEA - European Agency for the EvaluaGenéricos, Hospitalar & Licitações, Oncologia, tion of Medicinal Products. Serviços a Terceiros e Pearson (Veterinária).

18 outubro

Dia do Médico Parabéns

Lucida artes gráficas ltda. 9 - Revista Newcor News


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Sírio-Libanês e Siemens se unem para criar Centro Internacional de Imagem Cardiovascular O Centro, que é o quarto da Siemens no mundo via parceria, pretende unir expertises para pesquisar a vanguarda científica da área e desenvolver novas tecnologias e protocolos

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medicina mudou. E o uso de imagem, hoje, é fundamental para exercê-la”. A frase foi proferida por Roberto Kalil, diretor geral do centro de cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, durante cerimônia de anúncio sobre a parceria do hospital com a Siemens para a criação de um centro internacional de referência em imagem cardiovascular. O parque do Sírio, que já contempla equipamentos de primeira linha da fabricante alemã, será agora fortemente usufruído para fins de pesquisa e capacitação profissional. Os equipamentos continuarão disponíveis para os pacientes do dia a dia, mas a parceria viabilizará o desenvolvimento de novos softwares e customizações. “Os equipamentos são os mesmos, mas eles passam a ter uma chave maior. O que faço hoje no paciente convencional vai até um limite e vou continuar fazendo até esse limite. Mas quando abre-se a porta para a pesquisa, testamos outras capacidades das máquinas, que vão além do aspecto comercial”, explicou o coordenador do departamento de imagem e coração do SírioLibanês, Luiz Francisco Rodrigues de Ávila, em (15/08).

gramas de capacitação em exames por imagem cardiovascular serão oferecidos a médicos de todo o Brasil e de outros países. Os profissionais do Sírio também terão acesso direto às novas tecnologias em desenvolvimento pela Siemens, na Alemanha, e serão responsáveis pelos testes e geração de protocolos dessas novas ferramentas no Brasil. Este centro, localizado na unidade Bela Vista do Sírio, é o quarto da Siemens ao redor do mundo e o primeiro nas Américas. Dois dos outros centros estão na Europa – Alemanha (Elisabeth-Krankenhaus Essen Hospital) e Mônaco (Cardiothoracic Center of Monaco) – e o outro na Ásia, em Taiwan (Cheng Hsin General Hospital).

De acordo com o vice -presidente de relacionamento com o cliente da Siemens, Rui Brandão, a parceria com o Brasil segue o mesmo modelo das demais, onde o prestador é quem define as áreas de interesse a serem desenvolvidas. O executivo informou que o investimento financeiro para o trabalho dependerá do andamento dos projetos e do que o As instituições unirão expertises para pes- hospital vai querer explorar. quisar o que há de mais vanguardista na comunidade científica em ressonância mag“A ideia central é construir uma coerência nética, tomografia e angiografia. Além de entre as várias modalidades de tecnologia, faperseguir as tecnologias mais modernas para zendo com que elas se somem e se compleo diagnóstico do paciente, o acordo também tem”, afirmou o vice-presidente da divisão de prioriza a educação médica. Dessa forma, pro- Saúde da Siemens, Armando Lopes. 10 - Revista Newcor News


Antonio Cardone Medtronic compra assume planejamen- Covidien por Us$ 42 to Estratégico da milhões Medley A empresa norte-americana de fabricação

de aparelhos médicos Medtronic anunciou um acordo para comprar a Covidien, instituição irxecutivo Antonio Cardone é o novo di- landesa especializada em medicamentos ciretor das unidades de Negócios Farma rúrgicos. e Planejamento Estratégico da Medley Indústria Farmacêutica, empresa pertencente A transação teve o valor de US$ 42,9 biao Grupo Sanofi. Cardoni será responsável lhões, entre capital de caixa e ações. A apropelo comando de áreas como Marketing Far- vação pelos conselhos das duas empresas foi ma, Força de Vendas Farma e Suporte à Força anunciada em junho de 2013. No ano pasde Vendas e Business Excellence. sado, a Medtronic registrou um faturamento aproximado de US$ 16 bilhões e contou com O executivo atuou em empresas como Eu- 46 mil empregados. rofarma, Takeda, Bayer, Abott, Astrazeneca e A Covidien está presente em mais de 70 Roche e é graduado em química pelo Instituto Hölters Simons (Buenos Aires). Além da gra- países com mais de 38 mil colaboradores – o duação, Cardone é pós-graduado em marke- faturamento da empresa durante o ano pasting pela Radial, performance executiva pela sado foi de US$ 10,2 bilhões. Após a fusão, FGV e também possui MBA em Gestão de Ne- a Medtronic continuará com as atividades em gócios e Tecnologia pela USP e de Liderança Minneapolis, onde emprega mais de 8 mil e Novas Estratégias para Healthcare pela Har- pessoas, porém contará com um escritório em Dublin, na Irlanda. vard University (Estados Unidos).

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Abbott comprará farmacêutica russa até o final do ano empresa de desenvolvimento de produtos e tecnologias para cuidados em saúde, a Abbott, comprará a Garden Hills, participante de controle na Veropharm, instituição conhecida mundialmente na produção farmacêutica russa.

Segundo a Abbott, o negócio deverá ser firmado por US$ 395 milhões a US$ 495 milhões, mas, o valor exato será conhecido apenas no momento da finalização, dependendo da participação da Garden Hills na Veropharm na concretização da transação. A Garden Hills tem 80% da Veropharm, porém na finalização do negócio, pode contar com mais de 95% da farmacêutica. A estimativa da investidora é de que a compra seja feita entre outubro e novembro deste ano e a Abbott deverá assumir uma dívida líquida de US$ 136 milhões, financiando a compra com dinheiro disponível em caixa. 11 - Revista Newcor News


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TOTVS apresenta nova versão do seu software para Saúde

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rocurando ser mais essencial a seus clientes, a TOTVS, líder no desenvolvimento de software de gestão na América Latina, preparou o seu ERP especialista no segmento Saúde para apoiar as empresas a se adequarem às novas regulamentações estabelecidas pela TISS 3.02, que entra em vigor em 31 de agosto. A Troca de Informações na Saúde Suplementar, ou TISS, é uma normativa da ANS (Agência Nacional de Saúde) e estabelece regras para a comunicação entre as operadoras de saúde e os hospitais, padronizando as suas ações quanto a cobranças, procedimentos e atendimento. Tudo passa a ser automatizado, tornando o processo ágil e bastante dinâmico, inclusive para o cliente final, que tem respostas mais rápidas e acesso às informações de forma transparente. A partir do momento em que todos os dados devem ser, obrigatoriamente, trafegados via Internet surge um novo desafio às operadoras de saúde que, dependendo do seu nível de apoio tecnológico, precisam fazer mudanças drásticas nos seus processos. O impacto é maior em clínicas médicas de menor porte, que costumam se organizar via formulários impressos, mas o mesmo ocorre para grandes redes que ainda usam o papel para registrar alguma das suas rotinas. A preocupação da TOTVS em adaptar o seu ERP para total atendimento às novas regras vai além da oferta tecnológica. A companhia atentou-se às diversas alterações que as empresas precisam realizar internamente para se adequarem à TISS 3.02 e analisou as dificuldades envolvidas neste processo. Com isso, a TOTVS organizou workshops com ana-

listas de sistemas e consultores especializados para que seus clientes possam tirar todas as dúvidas sobre a nova regulamentação e, principalmente, que entendam as funcionalidades e recursos disponíveis no software de gestão para que tenham máximo aproveitamento da solução. “O setor passa por importantes mudanças, em que paradigmas e antigos processos são substituídos por ferramentas precisas e ágeis e que dinamizam todas as rotinas do setor. Estamos nos preparando continuamente para oferecer um serviço completo que apoie as empresas deste nicho de forma especialista e consultiva”, finaliza o diretor do Segmento de Saúde, Nelson Pires.

Unidades de saúde do Estado do Amazonas com soluções da Agfa Healthcare

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erca de 61 unidades de saúde do interior do Estado do Amazonas passarão a contar com as soluções de Teleradiologia da Agfa HealthCare. O processo de implementação foi intermediado pelo Grupo Bringel. A parceria vai gerar economia e reduzir o tempo de entrega dos resultados dos exames aos pacientes. Hoje, os resultados demoram, em média, 15 dias. Com a inclusão dos serviços este tempo poderá ser reduzido para 4 horas. “A dificuldade geográfica da região amazônica em oferecer exames modernos e precisos fez com que nós, em parceria com o Grupo Bringel, apresentássemos um modelo de laudos à distância por meio da digitalização dos exames de raios-x e mamografia, favorecendo ao Estado do Amazonas uma modalidade pioneira em saúde pública”, comenta José Laska, Diretor-geral da Agfa HealthCare Brasil.

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SAP lança aplicativo para facilitar a vida dos pacientes

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SAP, Soluções de Software para a Área da saúde, a fim de facilitar a vida dos pacientes mais exigentes lançou o aplicativo para tablets e celular chamado Patient Relationship Management, solução é voltada para o paciente de hoje, muito mais exigente e esclarecido que também pode ajudar o prestador a se relacionar melhor com este paciente.

tivas ofertas e decisões de tratamento. Hoje em dia com as redes sociais, a propaganda “boca a boca” se tornou mais forte, antes a opinião sobre profissionais da saúde se restringiam à vizinhos e familiares e agora existem até redes para discussão de atendimento e indicações. As decisões de compra na área de saúde são direcionadas por diversos fatores e não só pela questão de custo.

De acordo com comunicado da SAP, a soluEm comunicado, a SAP afirma que “os seus ção possibilita ao profissional da saúde uma recursos integrados de análise de dados forvisão abrangente de cada paciente, com aná- necem uma maneira simples de medir o delise integrada de dados, para adequar respec- sempenho do procedimento em questão”.

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Air Liquide Healthcare faz nova aquisição

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ir Liquide Healthcare adquiriu a SEPRODOM, uma empresa chave em tratamento domiciliar e no monitoramento de pacientes com doenças crônicas no território europeu. Criado em 2003, a SEPRODOM possui aproximadamente 90 empregados, cuidando de 4.500 pacientes em domicílio nas cidades de Reunião, Maiote e Guadalupe, localizadas na França e no arquipélago Nova Caledônia. A Air Liquide manterá a continuidade da administração da empresa

com Jean-Philippe Rouquié, apoiado pela expertise e comprometimento de suas equipes. Pascal Vinet, Vice-Presidente de Operações Globais do Healthcare e membro do Comitê Executivo do Grupo Air Liquide, afirmou que a aquisição completa os serviços oferecidos. “Com a integração desses times, nosso serviço de atendimento domiciliar na França será ainda mais reforçado.”

Mulheres estão mais suscetíveis ao infarto Mais de 43 mil brasileiras morreram com doenças cardiovasculares, 41,9% das ocorrências. Há 50 anos, a taxa era de 10%

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luta das mulheres por mais igualdade no mercado de trabalho, somada ao acúmulo de funções em casa, onde muitas vezes elas são as responsáveis pela renda e pelas tarefas domésticas, resultou em um aumento significativo no número de infartos entre as brasileiras. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), enquanto há 50 anos as mulheres representavam 10% das ocorrências, atualmente, elas estão empatadas com os homens. Em setembro, se comemora o Dia Mundial do Coração. O mês foi escolhido para intensificar a prevenção e a orientação em caso de doenças cardiovasculares. Especialistas aproveitam o momento para conscientizar a população e a classe médica sobre o tema. O país registra, em média, 300 mil infartos por ano, desses 80 mil são fatais. Os últimos dados consolidados de mortes por infarto mostram que, em 2011, as mulheres eram 41,9% das vítimas — 43.317 brasileiras. No mesmo período, 60.158 homens morreram depois de um infarto, 58,1% dos óbitos. O presidente do Congresso Brasileiro de Cardiologia, Augusto De Marco, acredita que esse aumento se deve, em grande parte,

à mudança na rotina das mulheres. “O número de mulheres em condição de comando nas empresas cresceu muito. Além de ganharem espaço no mercado de trabalho, elas mantiveram as atribuições anteriores de mães, esposas, donas de casa. Essa sobrecarga aumenta os níveis de estresse”, afirma o médico. Outro dado é o elevado número de mulheres tabagistas. De acordo com De Marco, o risco de infarto é seis vezes maior entre as fumantes. Não bastasse o estresse, tanto pacientes quanto profissionais de saúde não conseguem identificar o quadro com a agilidade necessária. “Os sintomas do infarto nos homens são diferentes”, explica o médico. Enquanto nos homens a dor do lado esquerdo do peito e o formigamento no braço são logo relacionados ao evento, as mulheres sentem náuseas, fadigas intensas, dor no estômago. “Há uma demora na procura por um profissional e, muitas vezes, os próprios médicos têm dificuldade em associar os sintomas ao infarto”, afirma. Por isso, Augusto De Marco sugere a promoção de campanhas permanentes incentivando hábitos saudáveis, alimentação balanceada, momentos de lazer e detalhando os sintomas.

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Capa Início

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m janeiro de 1954 era criado o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, primeira Instituição da Rede Pública do Estado de São Paulo dedicada à Medicina Cardiovascular. O início modesto, numa pequena casa na Avenida Paulista e logo depois no Ibirapuera num ambulatório de 1.000 m2, não prenunciava a admirável Instituição em que este Hospital viria a se transformar. Sessenta anos depois, com três edificações (60.000 m2) e 380 leitos, responde hoje por 2.500.000 atendimentos anuais, voltados essencialmente aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), efetuados por cerca de 2.200 colaboradores. Estes procedimentos envolvem: 320.000 consultas (45.000 em emergências); 470.000 exames não invasivos de imagens; 12.000 cateterismos diagnósticos e terapêuticos por ano, que resultam em 10 a 12 cirurgias cardiovasculares por dia. Especial destaque é dado à Cardiologia Pediátrica, com atendimento intervencionista e cirúrgico avançado das cardiopatias congênitas complexas. Outro aspecto relevante foi a incorporação dos procedimentos híbridos, conjugando as habilidades cirúrgicas àquelas por cateter, em moderna sala híbrida inaugurada no princípio de 2012. Se a visão aguçada do Fundador nutriu os princípios e o caminho traçado na fase inicial, foi o espírito inovador e pioneiro que o sustentou ao longo das décadas. Graças a essas características, o Instituto ofereceu contribuições de grande importância e destaque para o país e para o mundo. Ali foi realizada a primeira coronariografia (Sousa,

Instituto

Dante Pa

de

60 anos de

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1968) e a primeira ponte de safena (Jatene, 1969) no Brasil e as cirurgias de correção anatômica da transposição das grandes artérias – Cirurgia de Jatene (1975) e da correção geométrica do aneurisma do ventrículo esquerdo (1979), até hoje praticadas rotineiramente. Nos anos 80-90’s, a Cardiologia Intervencionista, sob a liderança de Eduardo Sousa, deu novamente um grande salto mundial, com o implante do primeiro stent em humanos (1987) e da primeira série de stents farmacológicos liberadores de sirolimus (1999-2000), Estudo FIM – First In Man. O Ensino pós-graduado igualmente caracterizou o Dante Pazzanese, desde que em 1959 o primeiro Curso de Residência em Cardiologia do Brasil fora aí constituído. Aos moldes daquele do Instituto de Cardiologia do México, ícone da Medicina Cardiovascular na América Latina dos anos 50’s, a Residência Médica conta hoje com mais de 1.700 egressos, 60% dos quais em posições de liderança em seus estados ou países sul americanos.

azzanese

e Cardiologia

e exelência

Assistência terciária, ensino pós-graduado e pesquisa inovadora e pioneira permitiram então que, em 1991 o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia se tornasse uma das oito Entidades Associadas da Universidade de São Paulo. Nessa condição passou a qualificar adicionalmente seu corpo clínico, agora no stricto sensu, de tal modo que, no início dos anos 2000 metade de seu staff já possuía o Doutorado concluído. Em 2007, iniciou o seu próprio Programa de Pós-Graduação ligado à Universidade de São Paulo: Medicina – Tecnologia e Intervenção em Cardiologia, já com 33 egressos do Doutorado Direto. Quando ou onde, em nosso meio se ouviu falar de um hospital público, da administração direta do Estado, que tivesse galgado estas alturas e conseguido estas

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Capa credenciais? É isto que lhe deu a alcunha de “Hospital Público Competitivo” mas é isto também que destaca as realizações possíveis, patrocinadas por um Estado como o de São Paulo, com a visão de futuro, trabalhando na vanguarda, e apoiadas por uma Fundação de direito privado, como a Fundação Adib Jatene.

sim como na moderna Bioengenharia, com o desenvolvimento e fabricação de equipamentos de grande importância social e para a Saúde Pública, como o Tele-ECG (150 pontos instalados no Estado de São Paulo desde 2009, com 650.000 ECG’s laudados e um projeto Ao completar de expansão 60 anos, esta Instipara 372 munituição jovem, mas cípios paulistas bem experiente, com menos de sólida e amadure20.000 habicida empenha-se tantes), detenem projetar, para tor de dois prêo novo século, um mios nacionais: futuro igualmente Mario Covas e promissor, por meio Saúde Abril. Profª. Amanda Sousa de mecanismos de Equipainteligência organimentos de úlzacional, no contexto da cultura global e in- tima geração, laboratórios modernos e mateternacionalização e das extraordinárias revo- riais avançados não fazem a grandeza de uma luções científica e tecnológica do século XXI. Instituição. São as pessoas. São as gerações. Não é por outra razão que tem se lançado em E a estes é que se dedicam as homenagens investir na contínua atualização de seu par- deste jubileu, porque são estes, estes todos: que tecnológico, hoje totalmente renovado; os do passado, os do presente e os que se prena pesquisa básica, com a constituição de param para o futuro que, das bancadas dos uma moderna área de Biologia Molecular; na laboratórios, atrás das macas e das mesas cipesquisa epidemiológica e translacional, com rúrgicas; com as pipetas, os cateteres e os bisavançados estudos populacionais no estado e turis nas mãos; munidos da efervescente busno país; na investigação de fronteira na Car- ca e aplicação dos novos conhecimentos, que diologia Intervencionista, com programas pio- tem construído o formidável edifício humano neiros no mundo de stents coronários bioab- e a Escola Dante Pazzanese de Cardiologia, sorvíveis e implantes percutâneos de prótese em prol da nossa população, última beneficiáaórtica em nonagenários e centenários; as- ria dessas ideias e desses ideais. 18 - Revista Newcor News


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Capa Entrevista

Prof. J. Eduardo Sousa

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bastante bem conhecido em nossa comunidade médica e fora das fronteiras do Brasil, pelas suas contribuições pioneiras, ao longo de cinco décadas, na área de Cardiologia Intervencionista. Contudo, seu perfil de comando, exercido por mais de 20 anos frente à 5ª Diretoria Geral do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), é menos explorado e este foi o tema da entrevista que nos concedeu. 20 - Revista Newcor News


Newcor News - Ao assumir a direção do ram o crescimento do IDPC na área científica? IDPC, em 1983, qual foi a tônica do seu Programa de Gestão? Prof J. Eduardo Sousa - A primeira delas foi a organização de uma estrutura instiProf J. Eduardo Sousa - Inicialmente, tucional que possibilitasse o desenvolvimenpreocupou-nos a escassez de recursos finan- to de investigações científicas, coordenação ceiros. Depois de analisarmos algumas op- de estudos e cooperações internacionais. No ções, ocorreu-nos a ideia da criação da Funda- início dos anos 80´s, participamos assim do ção Adib Jatene - FAJ (1984), para facilitação Registro do NHLBI sobre angioplastia com o da solução deste problema e flexibilização da balão, do Benestent II, do Emeras, Debate II, nossa Gestão. Arts, que foram os primeiros de mais de uma A seguir, dedicamo-nos, com afinco, à centena de estudos dos anos a seguir. expansão da área hospitalar, constituindo Adicionalmente, treinamos equipes de uma nova unidade de 100 leitos, com forte es- pesquisadores, para profissionalizamos esta trutura terciária, para atendermos à alta com- produção científica e concomitantemente, plexidade. Em 1991, imaginamos este prédio, incentivamos os membros do Corpo Clínico com a emblemática cirurgia que reuniu, como a que obtivessem titulação no stricto sensu. nos tempos iniciais, os dois grandes cirurgiões Assim, dos 180 médicos de então, metade, da época: Zerbini e Jatene. ao final de nossa gestão, eram portadores Naturalmente, era necessário uma gera- do Doutorado, obtido na Universidade de São ção nova de médicos, que viessem a reforçar Paulo ou nas suas co-irmãs (UNICAMP, UNESP, o Corpo Clínico e assumir novos postos de li- UNIFESP). derança. Para tanto enviamos, predominantemente para os EUA, duas dezenas destes Newcor News - Como vê o Dante Pazzaprofissionais, com o intuito de especialização nese, na fase atual? complementar. Entre eles figuram: Amanda Sousa, Vera Gimenez, Sérgio Pontes, Fausto Prof J. Eduardo Sousa - O IDPC, ao Feres, Dalmo Moreira, Celso Amodeo, Carlos completar seu Jubileu de Diamante, é uma Gun, Rui e Auristela Ramos, Ibraim Pinto e Ál- instituição jovem, mas já bastante amadurevaro Avezum. Posteriormente, Alexandre e An- cida. Isto pode ser evidenciado: drea Abizaid, Carlos e Simone Pedra, Gustavo - pela atividade febril (2.500.000 atendide Oliveira. mentos) que ocorre em sua grande área física Reformulamos o Programa de Residên- de 60 mil m² (que ora se expande); cia Médica, respondendo às necessidades da - pela qualidade, atualidade e completuépoca na formação de especialistas. de de seu parque tecnológico; Planejamos um organograma novo - pela qualidade de seu corpo médico e (1991), que pudesse atender às exigências de outros profissionais de Saúde, que fazem de expansão e da administração moderna e, dos seus cursos de Doutorado, Residência e neste mesmo ano, promovemos, em associa- Aprimoramento alguns dos mais procurados, ção ao Prof. Adib Jatene, a ligação do IDPC à em nossa comunidade e Universidade de São Paulo, na qualidade de - pela forte contribuição para o cresciEntidade Associada. O período de academiza- mento da Cardiologia brasileira e mundial. ção institucional começava então. Este perfil que a Instituição ostenta orgulha-nos a todos que, de uma maneira ou de Newcor News - Enumere algumas de outra, ligaram o nosso destino ao destino inssuas contribuições e destaques, que favorece- titucional. 21 - Revista Newcor News


Capa Doença do Século

Prevenção Cardiovascular

no século XXI

Drs. Marcelo Bertolami e Celso Amodeo

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s doenças cardiovasculares, por suas altas taxas de morbidade e mortalidade, receberam, durante as últimas décadas do século XX, o título de “Epidemia do Século”. Apesar dos grandes avanços no diagnóstico e tratamento dessas enfermidades elas permanecem ceifando vidas em idades precoces, continuando no século XXI a merecer o mesmo título. A perspectiva é sombria para os próximos anos, particularmente para os países em desenvolvimento, uma vez que eles apresentarão aumento dos índices de mortalidade por essas doenças de cerca de três vezes. No Brasil, são aproximadamente 300 mil mortes por ano por doença cardiovascular. Em outras palavras, a cada dois minutos alguém morre em nosso país vítima de eventos cardiovasculares, principalmente acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio. Nos países desenvolvidos haverá pequeno aumento desses índices, ocorrendo a quase estabilização dos milhões de mortes delas decorrentes. Esse cenário vem contra a proposta da Organização Mundial da Saúde de se conseguir a quase total erradicação das doenças cardiovasculares para os primeiros anos deste século. E por que esse horizonte sombrio? A principal causa responsável pelas altas morbidade e mortalidade das doenças cardiovasculares é a aterosclerose com suas múltiplas

manifestações, particularmente a morte súbita, o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral. Há cerca de 50 anos são conhecidos os fatores de risco ligados à aterosclerose: tabagismo, dislipidemias, hipertensão arterial, diabetes, obesidade, sedentarismo, estresse emocional, sexo, idade e hereditariedade. Existem múltiplas evidências de que a aterosclerose começa a se desenvolver em idades precoces, muitas vezes até na vida intrauterina, dependendo de fatores genéticos e do ambiente a que a mãe é exposta antes e durante a gestação. Numerosas, também, são as evidências de que os maiores benefícios na luta contra a aterosclerose e suas manifestações são obtidos com o combate intensivo aos fatores de risco passíveis de serem modificados (sedentarismo, dieta rica em sal, calorias e gorduras saturadas, tabagismo dentre outros). No entanto, a humanidade tem caminhado no sentido contrário, possibilitando cada vez mais que esses fatores tenham intensa participação na vida de cada um. Tem sido evidenciado que o combate aos fatores de risco após sua instalação traz benefícios, mas as necessárias mudanças de estilo de vida capazes de proporcionar bons resultados nessa guerra têm-se mostrado difíceis de serem obtidas e principalmente mantidas em longo prazo. Os resultados de múltiplos estudos clínicos randomizados que envolveram populações portadoras de hipercolestero-

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Dr. Marcelo Bertolami

Diretor da Divisão Científica e do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia

lemia, hipertensão arterial e/ou diabetes são unânimes em mostrar que o controle desses problemas por meio de medicamentos é capaz de reduzir o risco cardiovascular de seus portadores em curto e médio prazo. Por outro lado, fatores como o tabagismo, obesidade, sedentarismo e estresse emocional, com certeza não serão vencidos por meio da farmacoterapia. O que se impõe é o combate tenaz a esses fatores, o que envolve imediatamente a educação tanto dos profissionais da saúde como das populações expostas. Diante da grande dificuldade de serem obtidas mudanças do estilo de vida após a implantação dos fatores de risco, tem-se chamado a atenção para o papel da “prevenção primordial” que é aquela que impede não o desenvolvimento da doença, mas de seus fatores de risco. Assim, a população que é suscetível a essa intervenção é a das crianças

e adolescentes, que deverão se desenvolver com base no entendimento dos malefícios advindos dos múltiplos fatores de risco que seus pais e avós, infelizmente, não conseguiram dominar. Os resultados de estudos sobre os variados fatores de risco, como por exemplo, o INTERHEART, evidenciam o papel de cada fator de risco na gênese dos eventos cardiovasculares. Eles mostram o risco atribuível de cada um deles, estimando que, se fosse possível a eliminação completa de um fator de risco, qual o percentual a menos que determinada população sofreria daquele problema. Por exemplo, teoricamente, o fator de risco que poderia ser mais facilmente eliminado, uma vez que depende exclusivamente da vontade dos envolvidos, seria o tabagismo, o que poderia repercutir em 1/3 a menos de eventos cardiovasculares na população. Exemplo concre-

23 - Revista Newcor News


Capa to dessa afirmação tem surgido com os dados recentes de populações em que o tabagismo tem sido proibido em múltiplos locais públicos e o preço do cigarro bastante aumentado, o que já tem trazido, em curto prazo, redução da incidência do infarto do miocárdio. Outro aspecto muito importante na gênese da doença cardiovascular é o excessivo consumo de sal. Enquanto o ser humano necessita em torno de 4 a 6 gramas de sal por dia, nossa dieta habitual contém em torno de 12 a 15 gramas de sal ao dia. Isso porque consumimos muitos produtos industrializados, maior fonte de sal de nossa dieta. Há evidências de que 76% do sal consumido advém dos produtos industrializados. Dados de um grande estudo chamado INTERSALT mostraram a relação entre populações que consomem muito sal e o aumento da pressão arterial com a idade. Em comunidades onde o consumo de sal é baixo, o jovem, o adulto e o idoso apresentam o mesmo nível de pressão arterial, diferentemente daquelas populações que têm elevado consumo de sal. Para cada 20 mmHg de aumento na pressão sistólica e/ou 10 mmHg de aumento na pressão diastólica o risco cardiovascular dobra. Portanto, para se diminuir esse risco é imperativa a educação

alimentar desde idades mais precoces para que não ocorra esse aumento na pressão arterial e auxiliando na prevenção cardiovascular. Consciente do papel da prevenção cardiovascular no mundo moderno e da necessidade do debate desse tema entre profissionais de saúde, o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia programou para este ano, entre as comemorações dos 60 anos de sua fundação, seu Simpósio de Primavera com o tema Prevenção Cardiovascular. Serão abordados os aspectos mais relevantes da área debatendo desde a prevenção primária à secundária, mas com ênfase no combate aos fatores de risco antes do aparecimento das complicações da doença e mesmo na prevenção primordial. Pela sua importância, esse assunto deverá despertar interesse não somente para os cardiologistas, mas também entre outros colegas como pediatras e clínicos gerais, bem como entre outros profissionais da saúde como nutricionistas, educadores físicos e enfermeiros. Tal evento está programado para os dias 30 e 31 de outubro e deverá incluir, também, atividades junto ao público leigo, com “estações” para análise e orientação sobre os principais fatores de risco para a população que frequenta o Instituto diariamente, bem como os frequentadores do Parque Ibirapuera que se interessarão em aumentar seus conhecimentos sobre os fatores de risco para a aterosclerose e sua consequente capacidade para combatê-los. Esperamos contar com sua honrosa e valorosa presença em nosso simpósio e na luta para a prevenção cardiovascular.

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Capa Fisiopatologia

Evoluções nas Abordagens da SCA Drs. Ari Timerman e Rui Ramos As síndromes coronarianas agudas (SCA) lideram as causas de hospitalizações de adultos nos Estados Unidos. No Brasil as doenças cardiovasculares ocupam o primeiro lugar nas causas de mortalidade. As SCA formam um continuum diagnóstico e fisiopatológico que varia de angina instável (AI) até infarto agudo do miocárdio (IAM) com supradesnivelamento do segmento ST. A AI e o IAM sem supradesnivelamento do segmento ST (SS-ST) têm muitos aspectos fisiopatológicos, clínicos e terapêuticos semelhantes e, por isso, são agrupados numa só entidade; a diferença entre ambos é feita pela elevação dos marcadores de necrose miocárdica no IAM SS-ST, o que não ocorre na AI. FISIOPATOLOGIA

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s SCA são o resultado da redução na perfusão arterial coronariana associada à rotura ou à trombose da placa aterosclerótica. À medida que a placa rica em lípides aumenta no seu interior a produção de proteases pelos macrófagos e de elastase pelos neutrófilos, ocorre, em consequência, um afilamento da capa fibromuscular que a recobre. Essas alterações, em combinação com a tensão circunferencial de parede e a tensão de cisalhamento do fluxo sanguíneo, podem levar à erosão do endotélio, à fissura ou à rotura da placa, especialmente na junção da capa fibrosa e da parede do vaso. O processo trombótico que segue a rotura da placa tem múltiplos estágios e começa com a exposição dos constituintes subendoteliais que são reconhecidos pelos receptores da superfície das plaquetas, ocorrendo a adesão destas à parede do vaso. Quando as plaquetas se aderem à parede do vaso, elas

se tornam ativadas, secretando uma série de substâncias que levam à vasoconstrição, à quimiotaxia, à mitogênese e à ativação das plaquetas vizinhas. A ativação das plaquetas leva ao recrutamento e à “funcionalização” dos receptores de superfície glicoproteínas (GP) IIb/IIIa, que são mediadores da agregação (ligação plaqueta-plaqueta). As plaquetas agregadas aceleram a produção de trombina, que é um potente agonista para ulterior ativação das plaquetas e estabiliza o trombo pela conversão de fibrinogênio em fibrina. Quando a obstrução é parcial da luz do vaso, a manifestação clínica em geral é a SCA SS-ST. Com a obstrução total, manifesta-se em geral a SCA com supradesnivelamento do segmento ST. Nessa ultima situação, o tratamento fundamental é a abertura o mais rápido possível da artéria relacionada ao IAM, quer com utilização de fibrinolíticos, com intervenção coronária percutânea (ICP), ou até mesmo com cirurgia de revascularização miocárdica. Na SCA SS-ST, os fibrinolíticos não es-

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Dr. Ari Timerman

Diretor da Divisão Clínica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia

tão indicados, pois podem transformar uma obstrução parcial em total, por hemorragia intraplaca; nessa situação sobressai no tratamento a utilização de antitrombínicos e de antiplaquetários.

orais do receptor P2Y12 das plaquetas como clopidogrel, prasugrel ou ticagrelor. Em pacientes de mais gravidade, principalmente na ICP, potentes inibidores da glicoproteína IIbIIIa podem ser utilizados.

Enquanto na SCA com supra de ST o tratamento deve ser o mais rápido possível para preservar a maior quantidade de miocárdio, não devendo se aguardar os resultados da dosagem dos marcadores de necrose, na SCA sem supra, é fundamental a estratificação de risco de eventos, para direcionar a forma de tratamento; os principais estratificadores são o de Braunwald, o escore de risco TIMI e o escore Grace. Pacientes de risco elevado e mesmo moderado, devem ser encaminhados para ICP em até 48 horas. Os de baixo risco podem ser estratificados de forma não invasiva, com testes provocadores de isquemia para direcionar o tratamento. É fundamental também estratificar os pacientes quanto ao risco de sangramento, para poder cotejar os ricos e os benefícios e estabelecer a estratégia terapêutica mais adequada à situação.

Quanto aos antitrombínicos, a substância padrão é a heparina não fracionada (HNF). Entre as heparinas de baixo peso molecular, a enoxaparina se mostrou em diferentes estudos superior à HNF tanto como adjuvante aos fibrinolíticos na SCA com supra de ST, como na SCA SS-ST. Novos medicamentos, como o fondaparinux, substância sintética que inibe o fator Xa e a bivalirudina, inibidor seletivo do fator IIa, têm sido utilizados. Outros medicamentos são utilizados como adjuvantes no tratamento da SCA; oxigênio, analgésicos (principalmente a morfina), nitratos, betabloqueadores adrenérgicos, estatinas e inibidores da enzima de conversão da angiotensina.

Assim, com os novos e potentes medicamentos e estratégias terapêuticas, tem se Quanto aos medicamentos, a aspirina é conseguido a redução da morbidade e da morutilizada em geral em conjunto com inibidores talidade dos pacientes acometidos por SCA. 27 - Revista Newcor News


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Centro Materno-Fetal

Drs. Simone Pedra e Glaucio Furlanetto

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cardiologia pediátrica evoluiu de forma surpreendente nos últimos anos. Novas técnicas cirúrgicas e intervencionistas, dispositivos intracardíacos e aparelhos de assistência circulatória têm propiciado o tratamento neonatal de várias anomalias cujo prognóstico anteriormente era sombrio. A cardiologia fetal vem impulsionando este crescimento não apenas pela possibilidade do diagnóstico precoce, como também, pela abertura de novas opções terapêuticas ainda na vida intra-uterina. Esta especialidade tem trazido um novo paciente para dentro do hospital de cardiologia, o feto, com todas as suas particularidades, e, em especial, por estar dentro do organismo materno. Com o surpreendente avanço nos últimos anos, a cardiologia fetal se estabeleceu como subespecialidade altamente especializada, tendo se desenvolvido não só na área diagnóstica como principalmente no tratamento intra-útero das anomalias cardíacas. O principal instrumento desta atividade é a ecocardiografia fetal, técnica diagnóstica que permite a avaliação anatômica, funcional e do ritmo cardíaco do feto. Esta modalidade diagnóstica possibilitou o aprofundamento dos conhecimentos de fisiologia e desenvolvimento do sistema cardiovascular do feto humano, o que era conhecido previamente apenas em modelos animais. Além disso ampliou o conhecimento da história natural das doenças cardíacas congênitas para a vida intra-uterina. Vários estudos demonstraram os benefícios do diagnóstico pré-natal das cardiopatias congênitas na redução da morbidade e mortalidade neonatal e dos custos do tratamento de doenças graves. Ressalta-se ainda que o conhecimento pré-natal da malformação fetal é essen-

cial para o preparo psicológico da família e para a programação do local, data e via ideais de parto. Habitualmente, os programas de cardiologia pediátrica ao redor do mundo, estão instalados em hospitais infantis ou institutos de cardiologia, e não dispõem de maternidade. Por este motivo, mesmo diante do diagnóstico pré-natal de cardiopatias de apresentação neonatal, o bebê cardiopata nasce em unidades hospitalares diferentes daquelas nas quais será tratado. Sabendo-se dos efeitos deletérios do transporte de neonatos portadores de cardiopatias de fluxo pulmonar e sistêmico dependentes do canal arterial entre hospitais, tem-se tornado tendência mundial, o estabelecimento de uma estrutura obstétrica e de medicina fetal específica para cardiopatas no próprio centro especializado em cardiologia pediátrica. Nesta nova concepção de serviço, o paciente é vinculado ao programa terapêutico desde a vida fetal, no momento em que a malformação cardíaca é identificada. Durante o diagnóstico, o especialista precisa definir qual a abordagem terapêutica necessária e com isso planejar se será útil a condução do parto dentro do serviço de cardiologia pediátrica. Esta decisão depende do tipo de anomalia identificada e só se justifica, se a cardiopatia for do tipo que necessita abordagem terapêutica logo após o nascimento. Os principais exemplos destas anomalias são a transposição das grandes artérias, a síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, a coartação aórtica, e obstruções críticas das vias de saída dos ventrículos direito e esquerdo. Para que o parto de gestantes cujos fetos são portadores de cardiopatias congênitas seja realizado no serviço de cardiologia pediátrica, há necessidade de uma verdadeira reestruturação do programa, de modo que todas as neces-

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ao diagnóstico tardio, ainda corriam o risco do transporte inter-hospitalar, chegando a unidade cardiológica em condições clínicas muito desfavoráveis. Isso adiava o tratamento definitivo pela necessidade de vários dias para o restabelecimento clínico para atingir condições favoráveis para a cirurgia. O advento da ecocardiografia fetal mudou dramaticamente este caminho sombrio. Os primeiros trabalhos mostrando os benefícios do diagnóstico pré-natal de cardiopatias congênitas datam do final do século passado. Hoje em dia é bem estabelecido que o impacto positivo não esteja restrito a redução da mortalidade, mas também a menor morbidade, tempo mais curto de internação e custos mais baixos do tratamento, com significativo impacto positivo e relevância em termos de saúde pública.

Dra. Simone Pedra Coordenadora da área de Ecocardiografia Pediátrica e Fetal sidades da gestante, do feto e do recém-nascido possam ser atendidas de forma ampla e precisa. É o que chamamos de Centro Materno Fetal inserido no hospital cardiológico. Para tal, são necessários equipe de enfermagem preparada em atendimento obstétrico, obstetras, especialistas em medicina fetal (em imagem e cirurgia fetal), neonatologistas e unidade de terapia intensiva neonatal. Nesta concepção, o parto normalmente é operatório e com data programada, sendo realizado no centro cirúrgico, que se transforma em uma pequena unidade obstétrica preparada com material para atendimento e ressuscitação neonatal. No passado, antes da era do diagnóstico pré-natal de cardiopatias, a identificação de malformações graves acabava ocorrendo quando o recém-nascido apresentava sinais clínicos da doença. Naqueles portadores de anomalias de apresentação neonatal, na maioria das vezes, isso ocorria no momento em que o canal arterial começava a fechar espontaneamente. Choque cardiogênico, acidose metabólica grave e cianose levavam a maioria destes pacientes a óbito e, quando sobreviviam, sofriam de complicações graves do tipo isquemia intestinal, insuficiência renal e sequelas neurológicas. Somados

Além de evitar o transporte entre hospitais de recém-nascidos criticamente enfermos, o Centro Materno Fetal inserido em hospital de cardiologia permite que mãe e bebê fiquem na mesma unidade hospitalar nos dias subsequentes ao parto, o que tem inquestionável benefício psicológico. Do ponto de vista médico, o Centro Materno Fetal é sem dúvida decisivo para a evolução mais favorável em portadores de condições clínicas tais como o bloqueio atrioventricular fetal total, pela necessidade de implante de marcapasso logo após o nascimento e nos casos de transposição das grandes artérias ou síndrome de hipoplasia do coração esquerdo quando há grave restrição ao fluxo no plano atrial, em que há necessidade de atriosseptostomia nas primeiras horas de vida. Por todas as razões descritas acima, o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia está sofrendo uma grande reestruturação na área de Cardiologia Pediátrica e em breve contará com o seu Centro Materno Fetal trazendo para dentro do Instituto o feto cardiopata. Desta forma, estará dispondo de diagnóstico e terapêutica cardíaca fetal, atendimento ao parto para gestantes de fetos portadores de cardiopatias congênitas graves e atendimento neonatal imediato a estes recém-nascidos, trazendo grandes benefícios à população usuária do sistema único de saúde.

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Projeto Tele Integrado Bioengenharia

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Grupo Projeto TeleECG

telemedicina teve um desenvolvimento extraordinário nos últimos anos, em todo o mundo. No Brasil, o Departamento de Bioengenharia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e a Fundação Adib Jatene desenvolveram um projeto denominado Tele-ECG a partir de julho de 2007. Consiste de um eletrocardiógrafo acoplado a um teclado especial, com chips de operadoras de celular que permitem a transmissão e recepção de dados através do canal GPRS, configurando assim uma rede de telediagnóstico que integra diversos pontos de atendimento como hospitais, prontos-socorros e ambulatórios a uma central de laudos localizada dentro

do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. A coleta do exame permite a introdução dos dados do paciente inclusive com as informações clínicas e os medicamentos em uso que juntamente com o ECG das 12 derivações simultâneas compõe um único arquivo que é enviado através desta rede O tipo de transmissão automática foi pioneiro, pois diferia dos demais existentes porque não utilizava computador para a remessa dos exames no ponto remoto nem precisava da intervenção de um interlocutor. O computador só é usado na Central de Laudos e nos provedores. Na central o exame é decodificado, analisado e diagnosticado. O caminho de volta é o mesmo.

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Diagrama do sistema de transmissão e recepção do sistema Tele-ECG Em junho de 2008, uma parceria com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo possibilitou a implantação desta rede em diversos municípios do estado. Pelo fato do IDPC ter um forte elo entre a engenharia e a medicina, foi possível aprimorar o sistema, ao longo dos anos, com a introdução do cálculo de diversos parâmetros como as medições de todas as ondas eletrocardiográficas incluindo os eixos elétricos. Forma-se assim o pilar de sustentação do sistema Tele-ECG integrando a Bioengenharia com a Medicina Cardiovascular. A coordenação, treinamento e supervisão da equipe médica constituiu-se um ponto fundamental do sistema, atualmente composta por 6 médicos assistentes e 14 plantonistas que garantem um funcionamento ininterrupto do atendimento.

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Central de Laudos no IDPC.

De junho de 2008 à 28 de fevereiro de 2014 , foram implantados 150 equipamentos, dos quais 58% em unidades de emergência Os pontos abrangem postos de saúde, Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) , Hospitais Gerais, Hospitais-Escola, ProntoSocorros estaduais e algumas unidades municipais. A finalidade principal é atender as unidades de saúde que necessitam de um eletrocardiograma com diagnóstico preciso e em curto espaço de tempo, principalmente nos locais em que não há um especialista em cardiologia. O sistema Tele-ECG apresenta-se como um facilitador na abordagem ao paciente e permite ainda, uma comunicação com a Central de Laudos. As vantagens do sistema incluem : a) disponibilidade de laudos de ECG em toda área onde houver cobertura pela telefonia celular; b) tempo médio de captação-transmissão-retorno de 10 minutos; c) padroniza a interpretação dos exames por especialistas em eletrocardiografia, proporcionando mais qualidade e uniformidade ao atendimento; d) descentralização do atendimento, evitando deslocamentos desnecessários dos pacientes ; e) possibilidade de reemissão dos laudos em qualquer hora e lugar pois os exames encontram-se armazenados em um banco de dados central; f) O modelo

de gestão adotado (centralizado) permite a racionalização dos recursos com redução dos custos; g) Suporte técnico, suporte ao usuário, fornecimento de insumos e treinamento realizados por uma equipe técnica altamente qualificada; h) O Sistema Tele-ECG retira do usuário preocupações como manutenção do equipamento, falta de insumos, retreinamento e etc o que permite uma prestação de serviço ao SUS de alta qualidade. Os exames convencionais demandam tempo para sua realização, às vezes com longo período para emissão do laudo que nem sempre é realizado onde foi feito. Pelo sistema Tele-ECG assim que o exame é recebido pelo servidor central, o usuário é notificado com a impressão de um número de protocolo acompanhado do nome do paciente. Na central o exame é analisado detalhadamente e emitido um laudo eletrocardiográfico cujos diagnósticos são padronizados. O laudo finalizado fica então disponível aguardando o usuário digitar no teclado o número do protocolo do exame, para ser baixado e registrado em papel térmico com todas as informações do paciente. Terminando assim o ciclo, com o exame destacado e entregue ao paciente ou à unidade de saúde que o solicitou.

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Fronteiras das Imagens Cardiovasculares Drs. Jorge Assef e Romeu Meneghelo

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s exames complementares constituem uma ferramenta poderosa para o manejo apropriado dos pacientes cardiopatas. Dos exames laboratoriais mais simples à Ressonância Nuclear Magnética, todos participam diretamente do diagnóstico, quantificação da gravidade, decisão terapêutica e avaliação prognóstica. O grande avanço nas mais diversas áreas tecnológicas observado nos últimos anos traduziu-se, na cardiologia, em enorme desenvolvimento dos métodos não invasivos de imagem cardiovascular. Dentre estes se destacam a Ecocardiografia, a Medicina Nuclear, a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Nuclear Magnética. Com início de suas atividades no final da década de 1970, a Seção de Ecocardiografia atingiu recentemente seu maior crescimento. Dos 34 aparelhos que esta Seção dispõe, encontram-se os equipamentos mais avançados e disponíveis hoje em dia no mercado, dentre os quais se avultam aqueles com tecnologia tridimensional de aquisição em tempo real e os que avaliam a função ventricular pela técnica do Speckle Tracking. Com seus 24 médicos contratados e 40 residentes anuais, atende a aproximadamente 210 pacientes por dia, números que conferem a esta a posição de maior Seção de Ecocardiografia não somente do país, mas da América Latina. Além da assistência e do ensino, a “pesquisa” completa o tripé que fundamenta as atividades da Seção. Numerosas teses de doutorado strictu sensu

são ali desenvolvidas, concomitantemente aos trabalhos originais elaborados e apresentados a congressos nacionais e internacionais e publicados em revistas especializadas em todo o mundo. A comunhão do elevado número de atendimento à população com o ensino de tantos residentes e estagiários e pesquisa de qualidade reconhecida somente é possível graças à utilização de “estações de trabalho” que permitem a análise off line dos dados sem interrupção dos exames. Logo após os primeiros trabalhos publicados sobre o uso da técnica radioisotópica na área cardiológica criou-se, em 1978, a Seção de Medicina Nuclear do IDPC. Inicialmente com a técnica planar, a cintilografia de perfusão miocárdica, exame diagnóstico que até hoje continua a ser o mais utilizado, empregou durante muito tempo o Talio201 como radioisótopo. Com o advento dos cortes tomográficos e posterior sincronização ao eletrocardiograma, as isonitrilas ligadas ao Tecnécio99m passaram a substituir o Talio201 na prática diária. A técnica teve seu uso ampliado e tornou-se ferramenta indispensável na prática cardiológica contemporânea. Contando com três câmaras de cintilação (também conhecidas como gamacâmaras), são realizados em nossa Instituição 1.500 exames por mes. Uma destas gamacâmaras é destinada aos exames gerais enquanto as outras são utilizadas exclusivamente nos exames cardiológicos. Estas últimas tem tamanho menor que a primeira e necessitam de menos tempo para a aquisição de imagens. Entretanto, é a

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Dr. Romeu Meneghelo diretor da Divisão de Diagnóstico e Terapêutica

gamacâmara de cintilação dotada dos recursos mais modernos na atualidade e conhecida como CZT que apresenta as maiores vantagens sobre as outras duas. Sua tecnologia proporciona aquisição de imagens três a cinco vezes mais rápida que os demais equipamentos, sendo necessário somente 1/3 da dose de radiofármaco habitualmente empregado. Permite assim a realização de um maior número de exames e consequente redução do tempo de espera para sua realização, tendo como principal vantagem a menor exposição à radiação a qual os pacientes são submetidos (sem contar com a economia feita com a menor utilização de radiofármacos). O staff é composto por médicos especialistas em cardiologia e em medicina nuclear, formação pouco observada em outros Serviços de nosso país com as mesmas características e que nos destaca no meio cardiológico. Além do ensino aos residentes de nossa própria Instituição, atuamos na formação de médicos nucleares de diversas outras Instituições como, por exemplo, os da Unicamp, da Faculdade de Me-

dicina de Barretos, do DIMEN, do Hospital AC Camargo e do Hospital da Beneficiência Portuguesa, além de médicos de outras entidades da América Latina. Os trabalhos originais desenvolvidos conferem à Seção de Medicina Nuclear um nível de excelência não somente na assistência e ensino, mas também na área de pesquisa. O Setor onde são realizados os exames de Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear Magnética do IDPC iniciou suas atividades em outubro de 2006, à época contando com um tomógrafo de 64 fileiras de detectores. Realizava 60 exames mensais, a maior parte deles voltada para a avaliação das artérias coronárias e dos grandes vasos. Dedicou-se desde o início à pesquisa e ao ensino, dando inicio em 2007 ao seu programa de estágio. Atualmente, conta com quatro médicos no corpo clínico, sendo dois especialistas em cardiologia, um radiologista dedicado às áreas não cardíacas e um radiologista com forte formação cardiovascular. Estes con-

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Capa duzem o programa de estágio de dois anos de duração que envolve sete médicos novos por ano e participam de programas de cooperação em pesquisa com médicos da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de São Paulo. São realizados 250 exames mensais em um novo tomógrafo computadorizado que possui 128 fileiras de detectores. Esta nova tecnologia permite a realização de exames com níveis de radiação 6 a 10 vezes menor que os equipamentos convencionais e com tempo de aquisição de imagens muito reduzido. Seu detector possibilita trabalhar com diferentes níveis de energia resultante dos raios x utilizados, inclusive para a avaliação do coração e das artérias coronárias. Aprimora a análise de lesões calcificadas e de stents, dá mais segurança na analise de placas não calcificadas e possibilita encontrar a imagem mais próxima do ideal com menor dose de radiação. Conta com programas específicos para minimizar artefatos, faz reconstruções de imagens em tempos curtos e permite a condução de trabalhos científicos sofisticados, incluindo a análise da perfusão cerebral e cardíaca. Como a imagem é feita rapidamente e com maior definição, é possível usar pouco volume de contraste, o que aumenta a segurança para os pacientes.

homogeneidade suficiente para a realização de todo tipo de imagem cardíaca, incluindo perfusão em repouso e sob estresse, realce tardio, pesquisa de doenças do miocárdio e angiografia não invasiva sem contraste, além de propiciar excelente definição para exames neurológicos avançados. Seu túnel de 70 cm de diâmetro oferece mais conforto, permite a realização de exames em pacientes obesos e facilita o manejo de crianças que necessitem de anestesia. O magneto instalado fornece imagens de alta definição por contar com um sistema avançado de transformação digital da imagem já no interior da sala de exames, além de proporcionar a aquisição simultânea em múltiplos canais paralelos, o que aprimora a qualidade do estudo. Possui um sistema avançado de bobinas que torna o preparo do paciente mais simples e rápido e possibilita a aquisição de excelentes imagens de todos os órgãos que se deseje estudar, facultando inclusive a realização de exames do corpo inteiro.

Com tamanha tecnologia à disposição dos pacientes, os exames por imagem não invasivo de nossa Instituição ocupam posição de destaque na assistência cardiológica nacional. A integração das diferentes técnicas diagnósticas observada na prática diária reContudo, a novidade tecnológica de sulta também na integração do ensino, com maior impacto foi a aquisição da Ressonância a criação da primeira residência de imagens Nuclear Magnética de 3.0 tesla, que apresenta cardiológicas não invasivas do nosso país.

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Procedimentos Híbridos Drs. J. Eduardo Sousa, J. Ribamar Costa e Alexandre Abizaid

1. Introdução

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m Medicina, entende-se por terapia híbrida a combinação de procedimentos de diferentes subespecialidades. Em Cardiologia, este conceito traduz-se na combinação de tratamentos tradicionalmente disponíveis apenas no laboratório de cateterismo com tratamentos usualmente realizados no centro cirúrgico, visando oferecer ao paciente o melhor dos dois “mundos”. Para caracterizar realmente um procedimento híbrido, na era atual da cardiologia, é necessário que a abordagem cirúrgica e a percutânea sejam realizadas no mesmo ato, ou no máximo, em curto espaço de tempo (algumas horas ou mesmo dias). O conceito de abordagem híbrida das cardiopatias ganhou força nos últimos anos graças ao desenvolvimento de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas e ao aperfeiçoamento do instrumental utilizado nas intervenções percutâneas. Com a crescente complexidade dos pacientes encaminhados para tratamento cardiovascular, parece lógico que uma abordagem conjunta possa ao mesmo tempo oferecer o melhor de cada especialidade e minimizar os riscos inerentes ao procedimento. Dentro da cardiologia é possível realizar vários tipos de procedimentos híbridos: procedimentos de revascularização miocárdica híbridos (mamária/safena + stent), implante valvar percutâneo, troca valvar cirúrgica + intervenção coronária percutânea, abordagem híbrida de patologias da aorta e das malformações congênitas, procedimentos eletrofisiológicos híbridos para tratamento de arritmias complexas (abordagem endomiocárdica e epicárdica), etc. A seguir discutiremos brevemente as indicações dos principais procedimentos híbridos bem como o ambiente onde devem ser executados e a importância da equipe multidisciplinar na seleção, execução e acompanhamento dos pacientes submetidos a esta modalidade de tratamento cardiovascular. 40 - Revista Newcor News


Dr. Alexandre Abizaid Diretor do Serviço de Cardiologia Invasiva

Dr. J. Ribamar Costa cardiologista Intervencionista do Serviço de Cardiologia Invasiva

Uma vez que os demais enxertos utiliza2. Procedimentos híbridos de revascularidos na cirurgia clássica em geral são de veia zação miocárdica safena, que não possuem a mesma excelenNas últimas décadas, uma série de estu- te evolução da artéria mamaria esquerda, aldos compararam os resultados imediatos e no guns grupos tem sugerido que, em pacientes longo prazo de procedimentos de revasculari- com doença multiarterial complexa e elevado zação miocárdica realizados por via percutâ- risco cirúrgico e/ou importante comorbidanea (angioplastia) versus a cirurgia clássica des, dever-se-ia realizar uma abordagem hícom uso de enxertos de mamária e safena1. brida, com anastomose da artéria mamária esquerda à artéria descendente anterior e Embora de um modo geral ambos os abordagem das demais obstruções coronáprocedimentos resultem em similares taxas rias por via percutânea, com emprego de stende mortalidade no longo prazo, a intervenção ts farmacológicos. percutânea parece se associar com menor Nesse cenário, a anastomose da mamámorbidade na fase hospitalar, devido ao seu aspecto menos invasivo, enquanto a cirurgia ria poderia inclusive ser realizada com miniclássica parece resultar em menores taxas toracotomia lateral, reduzindo o desconforto de re-intervenção na fase tardia, sobretudo da incisão esternal e as complicações dela redevido aos excelentes resultados conferidos sultantes. Tal abordagem também poderia ser pelos enxerto de artéria mamária esquerda utilizada em pacientes nos quais as obstru(também denominada artéria torácica inter- ções coronárias fossem localizadas em sítios na esquerda) quando anastomosada à artéria de difícil acesso cirúrgico e que resultariam descendente anterior, cuja a patência aos dez em cirurgia de revascularização incompleta. Esta abordagem híbrida também é uma posanos situa-se em geral acima dos 95%3. 41 - Revista Newcor News


Capa sibilidade em pacientes com síndrome coronária aguda, em especial com infarto agudo do miocárdio, que apresentam severo comprometimento de outros territórios coronários. Por exemplo, um paciente com IAM inferior e concomitante lesão de tronco de coronária esquerda poderia, em uma fase inicial ter a artéria culpada (coronária direita) tratada com angioplastia e posteriormente, após estabilização do quadro agudo, ser submetido a cirurgia clássica para tratamento dos demais sítios de obstrução coronária. Já existem publicados e em andamento vários estudos avaliando os resultados desta abordagem híbrida em território coronário, e embora não se disponha de resultados definitivos, as primeiras evidências sugerem que, em casos bem selecionados, os resultados podem ser bastante encorajadores. Entretanto ainda há várias questões a serem definidas, como por exemplo, qual procedimento realizar primeiro (percutâneo ou cirúrgico), quando realizar a segunda parte da revascularização (no mesmo procedimento ou estagiado), quando e como iniciar a terapia anti-plaquetária dupla, etc. 3. Procedimentos híbridos de revascularização miocárdica e troca valvar

sanguínea, além de outras complicações respiratórias, renais, etc. relacionadas ao prolongamento do tempo cirúrgico. Esta opção deve ser considerada sobretudo para pacientes muito idosos ou com severas comorbidades que limitem a extensão do procedimento cirúrgico. 4. Implante valvar percutâneo Na última década tem havido crescente interesse pela realização de implante valvar transcateter, sobretudo como opção terapêutica para os indivíduos de elevado risco cirúrgico e para aqueles considerados inoperáveisNeste sentido, grande progresso foi obtido no tratamento sobretudo da estenose aórtica e das insuficiências mitral e pulmonar, com desenvolvimento de dispositivos dedicados com bons resultados clínicos nestes cenários.

Este tipo de procedimento, embora comumente denominado de implante percutâneo, deve ser visto também como um procedimento híbrido, pois a presença da equipe cirúrgica é fundamental desde a seleção do paciente ideal para esta técnica, até a obtenção da melhor via de acesso para realizar a intervenção (embora a via percutânea transfemoral hoje predomine, em casos onde o acesO racional para realização destes pro- so vascular é limitado, deve-se utilizar vias alcedimentos consiste em executar a troca val- ternativas como a transaóritca e a transpical, var cirúrgica através de minitoracotomia ou que demandam intervenção cirúrgica) e trataesternotomia parcial e realizar, por meio de mento das complicações que possam ocorrer angioplastia, o tratamento das obstruções (exemplos: tamponamento, perfuração/rupcoronárias, uma vez que a cirurgia de revas- tura miocárdica/aórtica, complicações na via cularização miocárdica, não é passível de rea- de acesso, etc.) lização com minitoracotomia ou esternotomia parcial. Embora fuja ao escopo desta breve revisão, hoje o procedimento de implante valvar Sabe-se que os resultados de uma troca transcateter representa talvez a abordagem valvar simples são superiores à combinação híbrida mais bem estabelecida dentro da carde cirurgia de troca valvar e revascularização diologia, com estudos randomizados e ammiocárdica, com menor tempo de permanên- plos registros mostrando sua exequibilidade e cia em unidade terapia intensiva no pós-ope- eficácia no tratamento de indivíduos de alto ratório e reduzida necessidade de transfusão risco para as abordagens convencionais. 42 - Revista Newcor News


Observa-se amplo espaço físico para circular pessoas e equipamentos envolvidos nos diferentes procedimentos híbridos. Nota-se à esquerda equipamento de última geração de ecocardiografia, com capacidade de realizar exames transesofágicos e 3D. Do mesmo lado, mais ao fundo o equipamento de anestesiologia, frequentemente empregado nestas intervenções. Ao centro, a mesa que pode servir tanto à cardiologia intervencionista como pode ser utilizada como mesa cirúrgica. Nesta foto observa-se o arco de raio-x em posição para realizar cineangiografia. Cabe ainda lembrar que os pacientes submetidos a implante valvar percutâneo muitas vezes possuem obstruções concomitantes no leito coronário e/ou carotídeo, e podem se beneficiar do tratamento híbrido nestes territórios também.

5. Procedimentos híbridos para tratamento de cardiopatias congênitas Junto com o implante valvar transcateter, este parece ser um dos cenários mais propícios para o desenvolvimento de técnicas híbridas de tratamento cardiovascular.

Em nosso país, a equipe multidisciplinar Não infrequentemente vemos crianças do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia nasceram com complexas malformações possui a maior experiência com este tipo de procedimento, com quase 200 intervenções congênitas que requerem cirurgia para sua correção, porém não apresentam condições já realizadas. 43 - Revista Newcor News


Capa de se desenvolverem, facilitando o parto e melhorando sua sobrevida. Ainda que em fase inicial, há uma grande expectativa a respeito do progresso desta abordagem. Entretanto, a realização destes procedimentos requer além de uma equipe multidisciplinar altamente capacitada, uma estrutura que forneça a adequada assistência não somente à criança cardiopata mas tamMais recentemente, graças ao desenvol- bém à parturiente, com equipe obstétrica devimento dos métodos de imagem e ao refina- dicada a estes procedimentos. mento das técnicas percutâneas, passou-se a Mas uma vez, o Instituto Dante Pazzanerealizar alguns procedimentos em fetos, ainda se tem a primazia em desenvolver no Sistema na fase uterina, propiciando a eles condições clínicas (em especial por limitação ponderal) para suportar tais procedimentos longos e espoliantes. Assim sendo, várias técnicas percutâneas tem sido desenvolvidas como forma de palear as limitações da patologia congênita, oferecendo à criança condições de se desenvolver até o estágio em que tolerem a correção cirúrgica definitiva.

A sala híbrida “ideal” Pode estar localizada dentro do centro cirúrgico ou no ambiente da hemodinâmica, possui algumas particularidades que a distinguem de uma sala cirúrgica ou de cateterismo convencionais, tais como: a) Presença de equipamento de raio X de ponta, capaz de fornecer imagens angiográficas similares às obtidas em salas de cateterismo de última geração; preferencialmente, este equipamento de raio X deve ser retrátil, podendo, em caso de emergência cirúrgica, ser completamente isolado do ambiente de trabalho, transformando o ambiente em uma sala cirúrgica tradicional; b) Equipamentos de imagem cardiovascular não-invasivos de ponta: a sala híbrida ideal deve possuir bons aparelhos de ecocardiografia, inclusive com capacidade para executar avaliação transesofágica e imagens em 3D, de grande valia para orientar a execução de vários procedimentos híbridos. Ademais, se possível, a presença de um equipamento de tomografia computadorizada integrado, pode auxiliar na tomada de decisão terapêutica e em guiar a intervenção; c) Presença de múltiplos monitores que possibilitem a avaliação dos sinais vitais e dos resultados dos exames complementes para os profissionais trabalhando em diferentes posições; d) Espaço físico adequado para circular pessoas e equipamentos que possam vir a ser utilizados; e) Presença de equipamento de anestesia/ventilação e de perfusão, caso necessário. As figuras 1 e 2 ilustram a sala híbrida de nossa Instituição, demonstrando os vários aspectos acima discutidos e que podem facilitar a execução destes complexos procedimentos. 44 - Revista Newcor News


Nesta figura observa-se o arco de raio X em posição para executar exame de tomografia. Este mesmo arco pode ser deslocado para o canto da sala, liberando espaço para a conversão cirúrgica do procedimento, caso haja necessidade. Único de Saúde (SUS) uma estrutura dedicada à realização destas complexas intervenções. Encontra-se hoje em construção, um departamento destinado exclusivamente a este tipo de paciente e as estas intervenções.

arco de raio X), ou mesmo em alguns casos no laboratório de hemodinâmica, acreditamos que a chamada “sala híbrida” represente o ambiente ideal para a execução destes complexos procedimentos.

Em paralelo, já existe no hospital uma 7. Equipe multidisciplinar em cardiologia: equipe multidisciplinar plenamente habilita- o papel do “Heart Team” da à realização de procedimentos híbridos em Dentro da cardiologia, o conceito de crianças e neonatos, e também com experiên“heart team”, foi oficialmente introduzido na cia em intervenções fetais intrauterinas. última década, na tomada de decisão e trata6. O ambiente ideal para realizar os proce- mento de várias patologias complexas, dentre as quais destacam-se a insuficiência cardíaca dimentos híbridos congestiva (ICC), as patologias congênitas, a Embora a priori os procedimentos híbri- doença aterosclerótica coronária, e mais redos possam ser realizados em uma sala ci- centemente, nas intervenções nas válvulas rúrgica convencional (desde que disponha de mitral e aórtica. 45 - Revista Newcor News


Capa O uso da abordagem multidisciplinar para decisão da melhor conduta ser tomada em casos complexos e para realizar procedimentos híbridos está amplamente respaldada nas diretrizes contemporâneas da Sociedade Europeia e Americana de Cardiologia. Embora a decisão terapêutica baseada no diálogo multidisciplinar já seja parte de nossa rotina há várias décadas, o “heart team” foi oficialmente instituído em nosso serviço em 2011, com a criação do Centro de Intervenções em Doenças Estruturais do Coração (CIDEC), oficializado por portaria no Diário Oficial do Estado de São Paulo (portaria IDPC no 1, de 22/02/2011).

O CIDEC possui mais de trinta membros, das mais diversas subespecialidades não só da cardiologia mas também da cirurgia vascular, radiologia, anestesiologia, analista de sistema coordenador de pesquisa, etc. Até como forma de preservar sua isenção, o CIDEC é uma estrutura independente, não estando vinculando à sessão clínica, de intervenção ou de cirurgia cardiovascular da Instituição. Em geral este grupo reúne-se semanalmente para avaliar casos considerados de alta complexidade e difícil decisão terapêutica, bem como para avaliar os resultados dos procedimentos até então realizados.

8. Considerações Finais Ainda que promissora, a abordagem híbrida das diferentes cardiopatias encontra-se em fase inicial de desenvolvimento, com poucos centros no mundo habilitados à execução destes procedimentos e com indicações restritas à pacientes considerados de elevado risco para as abordagens tradicionais. Acreditamos que no futuro, cirurgia e intervenção percutânea caminharam cada vez mais juntos, com procedimentos alinhados para oferecer a melhor opção terapêutica aos nossos pacientes. Entretanto, mais do que executar procedimentos híbridos, é preciso ter uma equipe que compartilhe uma forma “híbrida” de pensar, que não se limite a definir o que cada um pode oferecer ao paciente mas sim o que ambos podem fazer em conjunto por ele. Essa tem sido a visão que guia nossa equipe e nos permite desfrutar a tão sonhada “lua-de-mel”.

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Capa

Fundação Adib Jatene – Faj

e Instituto Dante Pazzanese De Cardiologia – IDPC

Parceria que faz bem ao Coração

Sorria, embora seu coração esteja doendo, Sorria mesmo que esteja partido Enquanto houver nuvens no céu Você sobreviverá...

É

Charles Chaplin

facilmente percebível o enorme crescimento de serviços que estão a cargo do Poder Público. Isso dificulta, em muito, a qualidade e eficiência que se exige para que esses serviços, possam ser atendidos. Por isso, a experiência prática cotidiana demonstra que o Poder Público não consegue desempenhar diretamente, por exemplo, os serviços de saude, de modo a atender a demanda social, com a qualidade, excelência e eficiência desejadas. Por conta disso, o próprio Poder Público acabou por reconhecer a necessidade de compartilhar, com particulares, tarefas que, anteriormente, só ele pretendia desempenhar.

Esse ideal de fortalecimento da participação da iniciativa privada no atendimento das demandas sociais reclamadas pelo cidadão moderno, bem mais esclarecido, graças ao fenômeno da globalização e a chamada era da informática, deu força às pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, porque elas, por sua natureza jurídica e por suas finalidades estatutárias, tornaram-se as aliadas preferidas do Poder Público, para atividades de interesse coletivo. Tanto assim que, hoje em dia, se tornou próprio da sistemática e disciplina das parcerias com o Poder Público, uma das modalidades de pessoas jurídicas sem fins lucrativos de estrutura administrativa sólida e de fins estatutários de

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Grupo Fundação Adib Jatene -FAJ bons propósitos, à fundação. Essa predileção, mais especificamente, se voltou para a chamada fundação de apoio. As fundações da área da saúde, em especial, costumam ser instituídas sob o modelo de fundação de apoio de algum órgão público incumbido da oferta de serviço essencial de saúde. Elas promovem a aproximação entre cientistas, professores e pesquisadores, entre a produção científica e tecnológica e sua aplicação junto à sociedade. E, por falar em fundações de apoio que se põem a serviço da saúde, um dos mais nobres exemplos desse modelo fundacional, é a Fundação Adib Jatene – FAJ. Foi instituída em 02 de julho de 1984. Os instituidores, todos renomados profissionais da área de saúde, em especial, da cardiologia, a origem, a natureza jurídica, os objetivos da Fundação Adib Jatene – FAJ, fizeram-na pronta para ser uma fundação de apoio ao Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – IDPC. E essa profecia se cumpriu. A parceria FAJ/IDPC

se consumou em grande estilo, desde 02 de julho de 1984. É uma parceria que visa a colaboração da FAJ, ao IDPC, na prestação de serviços essenciais de saúde, como também no desenvolvimento científico, tecnológico e em outras atividades de interesse coletivo, além do prestígio ao o aprimoramento da qualidade, eficiência e excelência desses serviços. Essa união estabelecida entre FAJ e IDPC abarca a complementaridade entre ambos, respeitando-se as vocações de cada qual dos parceiros, na execução de suas peculiares atividades. Tudo que a FAJ faz, como parceira do IDPC, o faz consciente de que essa devoção se rege unicamente por princípios de mera colaboração. A FAJ, no seu relacionamento com o IDPC, ainda, tem consigo, pleno convencimento de sua condição de fundação de apoio e, bem por isso, nunca teve a menor intenção de substituir o IDPC na prestação dos serviços essenciais de saúde, porque sempre os reconheceu como de competência reservada ao seu parceiro.

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Capa São serviços, para cuja prestação, a FAJ colabora, há mais de 30 anos e, cada vez mais, se confirmam reconhecidos como serviços de qualidade, excelência e eficiência. É exatamente assim que se rege a parceria FAJ/IDPC. Parceria de elevados propósitos, com certos, verdadeiros e seguros resultados em prol da saúde. Longe, muito longe, de excluir, confirma a licitude e conveniência de a FAJ continuar com as rotinas de fiel e consagrada fundação de apoio ao IDPC. Esta parceria, aliás, bem se presta, a demonstrar que estão a favor da história, todos aqueles que têm buscado prestigiar o aparato estatal dos serviços de interesse coletivo, buscando parcerias com a iniciativa privada, como na prestação de serviços essenciais de saúde. Os que são contra, antes de promoverem o bem estar social e assegurar direitos fundamentais do cidadão, só trarão a consequência maléfica e perversa de aniquilar todas as conquistas positivas dessas parcerias. Bem por isso, é inconcebível, pretender amesquinhar o papel das fundações de direito privado na área da saúde, dentre as quais se insere a FAJ. Da parceria FAJ/IDPC, aliás, afloram razões a favor da fundação de apoio a hospitais públicos. Essa parceria já se consagrou como afetuosa e eficiente colaboradora na prestação dos serviços essenciais de saude. Assim se diz, com segurança, posto que se trata de verdade sabida. A Fundação Adib Jatene – FAJ é exemplo convicto de motivação para a celebração de parcerias de entidade privada sem fins lucrativos, para o desempenho do serviço de saúde, no que se inclui a gestão do serviço médico-hospitalar,

cuja delegação ao particular jamais foi vedada pela Constituição Federal. Ao contrário, nossa Lei Maior estatui incumbir, ao Estado, o financiamento, a normatização e fiscalização da saúde. Certo, pois, que a falta de sensibilidade na rejeição de parcerias como as que aqui são exaltadas, acabarão por resultar em injustiças, cujos maiores prejudicados serão os cidadãos de baixa renda, dentre os quais se incluem os usuários dos serviços de saude dos hospitais públicos. Assim, não há se negar por verdadeiro, que a fundação de apoio é a parceira que mais apta se apresenta como colaboradora de hospital público na prestação de serviços essenciais de saude. Mais que isso, é do perfil típico de uma fundação de apoio da área de saude atuar tanto na frente da pesquisa científica e tecnológica, conjugada ao ensino-aprendizagem, quanto na frente da oferta de serviço essencial de saude, conjugada à gestão hospitalar. De modo que é comum e geral, dentre as fundações da área de saúde, se verificar a presença de finalidade estatutária da fundação na área da educação. E, por essa parte da educação, a FAJ, como parceira do IDPC, também se sustenta como exímia colaboradora. Em razão da difusão do conhecimento científico e tecnológico, bem como em razão da oferta de serviço público essencial de saude contínuo e gratuito, conjugada com a sequência ordenada de especialização, que se mantêm em operação no âmbito do IDPC, tudo com a contribuição da FAJ, a parceria de ambos, mais se projeta rumo à confirmação da excelência, qualidade e eficiência de seus serviços.

Assim conhecido, em remate final, vale a pena dizer: FUNDAÇÃO ADIB JATENE – FAJ E INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA – IDPC

formam uma parceria que faz bem ao coração. 50 - Revista Newcor News


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Capa

Prof. Adib Jatene

O Prof. Adib Jatene, 3º Diretor Geral do IDPC, tem se notabilizado, como homem público, pela luta em prol de recursos para Saúde; Educação Médica, de qualidade e Assistência Médica de bom nível para toda população. Alguns destes tópicos são explorados na entrevista que se segue. 52 - Revista Newcor News


Newcor News - Para a solução da falta de recursos do orçamento, foram criados no passado os Fundos de Pesquisa. O que o Sr. pode nos relatar a respeito? Prof. Adib Jatene - Esta questão fez-me lembrar do Dr. Dante Pazzanese e dos fundos de pesquisa. Em 1954, durante o governo de Lucas Nogueira Garcez, o Dr. Dante Pazzanese, que era o chefe do serviço de Cardiologia do Hospital Municipal, conseguiu criar o Instituto de Cardiologia do Estado de São Paulo, na Secretaria Estadual de Saúde. Em 1958, já instalado no Ibirapuera, em ambulatório com 1.000 m2, convenceu o governador Jânio Quadros de que uma instituição pública que incorporasse pesquisa, seja na área de saúde ou em qualquer outra, não poderia sobreviver apenas com os recursos do orçamento. Este, que era apresentado no ano anterior, e desgastado pela inflação, era sabidamente insuficiente. A gestão da instituição ficava refém da administração pública, que, por causa da isonomia salarial, não conseguia diferenciar a remuneração conforme o mérito de cada um e dispor de agilidade para atender necessidades que, muitas vezes, o caso exigia. Era necessário recurso extraorçamentário, que ele propôs fosse buscado pela própria Instituição. O governador concordou com a criação do Fundo de Pesquisa, do então Instituto de Cardiologia do Estado São Paulo, hoje Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. A proposta visava a captar recursos de doadores ou dos clientes atendidos, de acordo com suas posses, classificados pelo serviço social em seis categorias, chamadas A, B1, B2, B3, B4 e C. Cada ano o Diário Oficial trazia o valor de cada procedimento, que era o corrente da clínica privada. A essa época os segurados da Previdência não eram atendidos em próprios do Estado, reservados exclusivamente aos indigentes. Esses recursos eram depositados numa con-

ta bancária, movimentada, em reunião, pelos diretores da instituição, com a presença de um representante da Secretaria da Fazenda. Quando, em 1961, pedi demissão do Hospital das Clínicas e fui trabalhar, em tempo integral e dedicação exclusiva, no Instituto de Cardiologia, isso só foi possível porque o fundo de pesquisa suplementou meu salário, com valor equivalente ao que eu ganhava no Hospital das Clínicas. Participações em congressos no País e no exterior eram financiadas pelo fundo de pesquisa. Missões específicas, como envio de profissional para adquirir, em prazo curto, qualificações em determinada técnica desenvolvida no exterior, eram feitas sem delongas burocráticas. Foi assim que o Instituto foi pioneiro, em nosso meio, na implantação de prótese aórtica, em outubro de 1962. Também foi pioneiro em cinecoronariografia, o que lhe possibilitou o pioneirismo da ponte de safena aortocoronária, em setembro de 1968. Também a Oficina Experimental e de Pesquisa, que implantamos em 1961, teve contribuições pioneiras na construção de oxigenadores de bolhas e conjuntos de coração-pulmão artificial. Em 1964, outra contribuição pioneira, a de prótese valvular de bola, seguida por oxigenadores descartáveis de bolha e de membrana, de marca-passo implantável, rim artificial de membrana, desfibrilador externo e interno de corrente contínua, próteses valvulares de pericárdio de boi e grande parte do material utilizado em cirurgia cardíaca. O fundo de pesquisas tinha duas características responsáveis por seu sucesso: não era orçamentado e a aplicação dos recursos era feita, predominantemente, em pesquisa e em pessoal, o que nos permitia evitar a isonomia salarial. As pessoas criativas e que contribuem para o avanço fazem jus à remuneração diferenciada. Se a inovação resultar em patente, com desdobramento comercial, deve participar do resultado

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Capa financeiro. É a forma de reter no serviço público os que são criativos, responsáveis pelos avanços. Afinal, o tempo integral e a dedicação exclusiva não podem ser voto de pobreza, que resulta em seleção negativa, ressalvados sempre os idealistas. O Fundo de Pesquisa do Instituto de Cardiologia deu tão certo que, logo, todas as instituições de pesquisa do Estado criaram seus próprios fundos para esse fim. Foi um período que durou pouco mais de 20 anos. No governo Paulo Egydio Martins (1975-1979), o secretário da Fazenda fez uma reforma administrativa, no seu conceito, tão perfeita que não precisaria mais dos fundos. Por decisão administrativa, extinguiu todos os fundos, mas não abdicou da receita, criando o Fundo Especial de Despesa, com duas novidades: passava a ser orçamentado e proibia a aplicação em pessoal. Tive a oportunidade de comparecer, por mais de uma vez, à Assembleia Legislativa, com representantes dos vários fundos de pesquisa, pleiteando a sua recriação, o que não conseguimos, infelizmente. Newcor News - Como o Sr. vê o problema da falta de médicos em nosso meio? Prof. Adib Jatene - A discussão sobre a falta de médicos para atuar na periferia das grandes cidades ou em municípios remotos, ambos carentes desses profissionais, vem mobilizando todos os administradores públicos, especialmente os prefeitos, que não conseguem contratá-los para o Programa Saúde da Família (PSF), mesmo oferecendo remuneração igual ou superior a R$ 10 mil mensais. A proposta de algumas importantes figuras da administração é ampliar a oferta de vagas pela abertura de novos cursos e, simultaneamente, importar médicos formados no exterior. Mas nenhuma dessas propostas seria capaz de corrigir a demanda atual. Novos cursos só vão formar médicos após

seis anos. Formar novos médicos no sistema atual significa considerar a residência médica indispensável. Porém o número de vagas para residência, apesar das 1.260 criadas recentemente pelo Ministério da Saúde, é ainda inferior ao número de graduandos. Por outro lado, existe contingente significativo de alunos brasileiros buscando sua graduação em países onde há facilidade de ingresso e cujos cursos não formam o profissional com a qualidade mínima exigida. Uma vez formados, querem exercer a atividade no Brasil. A tentativa de acordos bilaterais reconhecendo automaticamente os diplomas tornou-se inviável, levando os Ministérios da Educação (MEC) e da Saúde a elaborar o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras (Revalida), para uniformizar os critérios nas universidades federais encarregadas dessa revalidação. Nenhuma dessas duas propostas, portanto, resolveria o nosso problema. Newcor News - E o Programa Saúde da Família (PSF) atenuaria esta situação? Prof. Adib Jatene - A estratégia implantada em 1995 foi o Programa Saúde da Família (PSF), com base no agente comunitário. Este deve obrigatoriamente residir na microárea onde vive a população a que serve, constituída por 100 a 200 famílias, dependendo da concentração. Os agentes - na maioria, mulheres - cadastram a população, que passam a visitar a cada mês. Dessa forma, todas as doenças existentes, como hipertensão, diabetes, tuberculose, passam a ser controladas, o mesmo ocorrendo com as gestantes e a caderneta de vacinação. Para cada cinco ou seis agentes se põe num posto pelo menos um médico, uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem e um dentista. Para complementar o modelo equipes de ao menos 12 especia-

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listas, com acesso a tecnologia e estrutura Newcor News - Qual seria a solução, no seu hospitalar, deveriam dar cobertura à varias ponto de vista? equipes do PSF. Sua quase total ausência Prof. Adib Jatene - Decidiu-se importar limita e desestimula a atuação dos médicos médicos então. Parece-nos que o goverde família. no, na pressa de atender deficiências que Entretanto, para que essa estrutura funcione teríamos de reformar o ensino médico. são reais, tenha posto a perder o esquema como lhes descrevi, que poderia tomar temEssa reforma significa entregar a graduação a professores que não queiram ensinar po, mas teria tudo para reformar o ensino médico e organizar o atendimento. É urgenespecialidades, mas, de cada especialidate que o governo reveja suas propostas e de, o que nenhum médico pode deixar de acione os mecanismos dos Ministérios da saber, seja em situações eletivas, seja, prinSaúde e da Educação para que propostas cipalmente, nas situações de emergência. Essa estratégia estava em início de discusrealmente estruturantes e duradouras sejam desencadeadas. É necessário que as são e precisaria de amplo debate com as entidades representativas dos profissionais escolas, as entidades e os alunos. Subitada saúde e do sistema educacional façam mente foi imposta por medida provisória, o uma análise crítica da situação atual, com que acarretou rejeição pela classe médica, uma visão fundamentada na real necessipelos alunos e por todas as entidades do sedade de toda a população. tor.

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Evento

A

Sociedade Brasileira de Cardiologia vai comemorar novamente a sua principal finalidade, na sua maior reunião científica anual.

Na sua 69a edição, o Congresso Brasileiro de Cardiologia procurou, com muita maturidade, o aperfeiçoamento da educação continuada e da visibilidade da produção científica nacional. Dirigida pela Dra Maria da Consolação Vieira Moreira, uma comissão altamente qualificada, experiente, associativa e representativa das lideranças científicas nacionais, estudou meticulosamente a estrutura do congresso para consolidar e implementar continuadamente os conceitos necessários à nossa missão científica. Nesse sentido, sempre que possível, procurou-se privilegiar a renovação e a meritocracia dos palestrantes, orientados pela produção científica indexada e pela orientação departamental e regional. Procurou-se também intensificar o foco na formação do cardiologista privilegiando os aspectos mecanísticos das doenças cardiovasculares, sem

Angelo Amato V. de Paola Presidente Sociedade B rasileira de Cardiologia

desconsiderar os aspectos diagnósticos e terapêuticos, necessários para o dia a dia das nossas atividades assistenciais com os nossos pacientes. A parceria institucional com as entidades irmãs internacionais americanas (ACC, AHA e SIAC), europeias (ESC) e mundiais (WHF) propiciará atividades científicas conjuntas com as maiores lideranças científicas do mundo, consolidando o congresso brasileiro como um dos maiores eventos da cardiologia contemporânea. A participação da cardiologia brasiliense liderada pelo incansável, competente e entusiasta presidente do Congresso, Dr. Augusto Dê Marco Martins, efetivou a possibilidade desse evento histórico ser realizado no CICB, um dos mais modernos e bem aparelhados Centros de Convenções da América do Sul no coração do Brasil em Brasília, numa cidade com grandes possibilidades de lazer, confraternização e agregação dos nossos colegas cardiologistas para, de uma forma confiante e cidadã, aprender, ensinar e discutir os avanços técnicos, científicos e sociais necessários para a nossa melhor prática clínica, sonho de todos os médicos do nosso país.

Augusto Dê Marco Martins Presidente 69º Congresso Brasileiro de Cardiologia 56 - Revista Newcor News

Maria da Consolação V Moreira Presidente da Comissão Executiva e Científica do Congresso Diretora Científica da SBC


O Evento Neste congresso foram reunimos 515 palestrantes de todo o país com expertise em suas áreas de atuação, para formar uma corrente de opinião que reflita a experiência acumulada da cardiologia brasileira. Não deixamos de valorizar, também, a inserção internacional da SBC. Estreitamos ainda mais os nossos laços com as Sociedades Médicas Científicas Internacionais que estarão aqui representadas por 28 palestrantes. Elaboramos 19 Simpósios Internacionais, sendo 14 Conjuntos com o American College of Cardiology, a American Heart Association, European Society of Cardiology, Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Sociedade Interamericana de Cardiologia e Sociedade Argentina de Cardiologia, Duke University and Harvard University.

sub-especialidades da cardiologia e priorizando a interatividade com a audiência. Também inovadoras são as Sessões focadas na avaliação do paciente assintomático, na escolha Inteligente em Cardiologia e dos grandes TRIALS da atualidade. Buscamos a colaboração com os programas de Pós Graduação do país e solicitamos que enviassem o produto da ciência cardiológica brasileira para ser divulgado no nosso congresso. Recebemos 972 abstratos da área médica, sendo que 385 foram aprovados após análise criteriosa de um corpo seleto de julgadores nacionais e internacionais.

Os temas serão apresentados em horário nobre, e, com premiação dos melhores trabalhos. Vimos neste projeto uma forma de interação com os Programas de Pós GraduaA programação científica, composta de ção e uma oportunidade da SBC de contribuir 277 Sessões Temáticas e mais de 1.000 ativi- para incentivar e divulgar a ciência nacional, dades, tenta ser inovadora, com participação prestigiando nossos pesquisadores “sêniors” multiprofissional, interagindo a diversidade das e principalmente os jovens.

Grade Geral do Congresso

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Mercado

Hospital Israelita Albert Einstein Exemplo de sucesso O Hospital Israelita Albert Einstein goza de uma reputação de sucesso em âmbito nacional e internacional. Recentemente, foi eleito o melhor entre 343 hospitais de São Paulo. Tal sucesso advém de um conjunto de capacidades internas que, ao mesmo tempo, sustenta e é sustentada por uma burocracia profissional que adquiriu, ao longo de sua trajetória, características de um modelo inovador, a despeito de mudanças importantes no contexto hospitalar nos últimos anos.

O

HIAE está inserido em um setor que passou por transformações profundas nos últmos anos. Novos conhecimentos médicos, diferentes abordagens terapêuticas, a conscientização por parte das populações acerca dos fatores de risco de agravo à saúde e a crescente incorporação de novas tecnologias à prática assistencial têm possibilitado a extensão do atendimento a situações que eram, antes, insolúveis. O investimento no desenvolvimento de novas tecnologias, com capacidades de resolução diagnóstica e terapêutica mais efetivas, por parte de setores industriais envolvidos com a saúde, tem se acentuado, especialmente, nas sociedades desenvolvidas onde a exigência dos usuários em relação ao sistema introduziu a necessidade de novas formas de atuação e a revisão do modelo de produção de serviços médico-assistenciais Nos diversos países, fatores como o envelhecimento da população, a queda nas taxas de natalidade e fertilidade, a urbanização,

o aumento da violência, a complexidade do perfil nosológico das populações, o aumento da frequência de doenças crônico-degenerativas, o aumento do desemprego e as distorções das distribuições de renda tornam-se, cada vez mais, parte das preocupações com que os responsáveis pelo planejamento da saúde têm que se defrontar. De acordo com Porter O’grady, a revisão do modelo assistencial moderno deve levar em consideração o alto grau de complexidade da sociedade, as exigências por qualidade e os custos crescentes relacionados à área da saúde. Neste cenário, emergem tendências de reorganização da assistência que privilegiam novos valores e conceitos. É relevante, por exemplo, citar os movimentos em direção à adequação dos custos, à valorização das evidências no exercício da prática médica, ao desenvolvimento de novas formas de atendimento extra-hospitalares e à busca de tecnologias de alta capacidade resolutiva ambulatorial.

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Perfil Esta pagina tem como objetivo homenagear os grandes nomes da medicina atual.

Dr. Michel Batlouni Professor de pós-graduação em cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e consultor científico do Instituto Dante Pazzanese

Curriculo 1. Graduação em Medicina pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, hoje Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1953). 2. Médico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC, 1959). Chefe da Seção Médica de Aterosclerose. (IDPC, 1972). Diretor Clínico (IDPC, 1991) 3. Título de Especialista em Cardiologia conferido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação Médica Brasileira (1971). 4. Professor Livre-Docente de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Góias (1978). 5. Professor de Pós-Graduação em Cardiologia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (1993). 6. Membro da Diretoria do FAPEC - Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia, hoje FUNCOR (1975-1978). 7. Diretor-Editor dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia (1979-1989). 8. Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (1989-1991). 9. Ordem do Mérito Médico, grau de Oficial, conferido pela Presidência da República. (1988) 10. Diploma do Mérito Científico “Professor Eurycledes de Jesus Zerbini” conferido pela Sociedade Sul Mineira de Cardiologia. (1997)

11. Vice-Presidente do Comitê Executivo do XIII Congresso Mundial de Cardiologia, Rio de Janeiro 1998. 12. Prêmio “JABUTI – 2000” - na área de Ciências Naturais e Saúde, atribuído ao livro Farmacologia e Terapêutica Cardiovascular de sua autoria. 13. Sócio-Honorário da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Sociedade Paraense de Cardiologia, Sociedade Sul-Mineira de Cardiologia, Sociedade Portuguesa de Cardiologia e Sociedade Argentina de Cardiologia. 14. Eleito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, um dos destaques da Cardiologia do século XX. (2002) 15. Honra ao Mérito concedido pela Sociedade de Cardiologia de Estado de São Paulo pelos relevantes serviços prestados à Cardiologia Brasileira. (2004) 16. Grande Homenagem Científica 2010 da Sociedade Brasileira de Hipertensão. 17. Prêmio Mérito Sociedade Brasileira de Cardiologia – Destaque Docente 2010 – Congresso Brasileiro de Cardiologia, Belo Horizonte. 18. Editor dos Livros Insuficiência Coronária, 1984; Farmacologia e Terapêutica Cardiovascular, 1ª Edição 1999; 2ª Edição 2004); Cardiologia. Princípios e Prática, 1999. 19. Capítulos de Livros publicados, 71. 20. Trabalhos publicados: Em Revistas Nacionais, 184. Em Revistas Internacionais, 18.

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Opinião

A máscara do gigante

Mario Vargas Llosa

F

É escritor, jornalista, ensaísta e político peruano.

iquei muito envergonhado com a cataclísmica derrota do Brasil frente à Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, mas confesso que não me surpreendeu tanto. De um tempo para cá, a famosa seleção Canarinho se parecia cada vez menos com o que havia sido a mítica esquadra brasileira que deslumbrou a minha juventude, e essa impressão se confirmou para mim em suas primeiras apresentações neste campeonato mundial, onde a equipe brasileira ofereceu uma pobre figura, com esforços desesperados para não ser o que foi no passado, mas para jogar um futebol de fria eficiência, à maneira europeia. Nada funcionava bem; havia algo forçado, artificial e antinatural nesse esforço, que se traduzia em um rendimento sem graça de toda a equipe, incluído o de sua estrela máxima, Neymar. Todos os jogadores pareciam sob rédeas. O velho estilo – o de um Pelé, Sócrates, Garrincha, Tostão, Zico – seduzia porque estimulava o brilho e a criatividade de cada um, e disso resultava que a equipe brasileira, além de fazer gols, brindava um espetáculo soberbo, no qual o futebol transcendia a si mesmo e se transformava em arte: coreografia, dança, circo, balé. Os críticos esportivos despejaram impropérios contra Luiz Felipe Scolari, o treinador brasileiro, a quem responsabilizaram pela humilhante derrota, por ter imposto à seleção brasileira uma metodologia de jogo de conjunto que traía sua rica tradição e a privava do brilhantismo e iniciativa que antes eram inseparáveis de sua eficácia, transformando seus jogadores em meras peças de uma estratégia, quase em autômatos. Não houve nenhum milagre nos anos de Lula, e sim uma miragem que agora começa a se dissipar Contudo, eu acredito que a culpa de Scolari não é somente sua, mas, talvez, uma manifestação no âmbito esportivo de um fenômeno que, já há algum tempo, representa todo o Brasil: viver uma ficção que é brutalmente desmentida por uma realidade profunda. 60 - Revista Newcor News


Tudo nasce com o governo de Luis Inácio 'Lula' da Silva (2003-2010), que, segundo o mito universalmente aceito, deu o impulso decisivo para o desenvolvimento econômico do Brasil, despertando assim esse gigante adormecido e posicionando-o na direção das grandes potências. As formidáveis estatísticas que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística difundia eram aceitas por toda a parte: de 49 milhões os pobres passaram a ser somente 16 milhões nesse período, e a classe média aumentou de 66 para 113 milhões. Não é de se estranhar que, com essas credenciais, Dilma Rousseff, companheira e discípula de Lula, ganhasse as eleições com tanta facilidade. Agora que quer se reeleger e a verdade sobre a condição da economia brasileira parece assumir o lugar do mito, muitos a responsabilizam pelo declínio veloz e pedem uma volta ao lulismo, o governo que semeou, com suas políticas mercantilistas e corruptas, as sementes da catástrofe. A verdade é que não houve nenhum milagre naqueles anos, e sim uma miragem que só agora começa a se esvair, como ocorreu com o futebol brasileiro. Uma política populista como a que Lula praticou durante seus governos pôde produzir a ilusão de um progresso social e econômico que nada mais era do que um fugaz fogo de artifício. O endividamento que financiava os custosos programas sociais era, com frequência, uma cortina de fumaça para tráficos delituosos que levaram muitos ministros e altos funcionários daqueles anos (e dos atuais) à prisão e ao banco dos réus. As alianças mercantilistas entre Governo e empresas privadas enriqueceram um bom número de funcionários públicos e empresários, mas criaram um sistema tão endiabradamente burocrático que incentivava a corrupção e foi desestimulando o investimento. Por outro lado, o Estado embarcou muitas vezes em operações faraônicas e irresponsáveis, das quais os gastos empreendidos tendo

como propósito a Copa do Mundo de futebol são um formidável exemplo. O governo brasileiro disse que não havia dinheiro público nos 13 bilhões que investiria na Copa do Mundo. Era mentira. O BNDES (Banco Brasileiro de Desenvolvimento Econômico e Social) financiou quase todas as empresas que receberam os contratos para obras de infraestrutura e, todas elas, subsidiavam o Partido dos Trabalhadores, atualmente no poder. (Calcula-se que para cada dólar doado tenham obtido entre 15 e 30 em contratos). As obras da Copa foram um caso flagrante de delírio e irresponsabilidade As obras em si constituíam um caso flagrante de delírio messiânico e fantástica irresponsabilidade. Dos 12 estádios preparados, só oito seriam necessários, segundo alertou a própria FIFA, e o planejamento foi tão tosco que a metade das reformas da infraestrutura urbana e de transportes teve de ser cancelada ou só será concluída depois do campeonato. Não é de se estranhar que o protesto popular diante de semelhante esbanjamento, motivado por razões publicitárias e eleitoreiras, levasse milhares e milhares de brasileiros às ruas e mexesse com todo o Brasil. As cifras que os órgãos internacionais, como o Banco Mundial, dão na atualidade sobre o futuro imediato do país são bastante alarmantes. Para este ano, calcula-se que a economia crescerá apenas 1,5%, uma queda de meio ponto em relação aos dois últimos anos, nos quais somente roçou os 2%. As perspectivas de investimento privado são muito escassas, pela desconfiança que surgiu ante o que se acreditava ser um modelo original e resultou ser nada mais do que uma perigosa aliança de populismo com mercantilismo, e pela teia burocrática e intervencionista que asfixia a atividade empresarial e propaga as práticas mafiosas.

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Opinião

Não houve nenhum milagre nos anos de Lula, e sim uma miragem que agora começa a se dissipar Mario Vargas Llosa Apesar de um horizonte tão preocupante, o Estado continua crescendo de maneira imoderada – já gasta 40% do produto bruto – e multiplica os impostos ao mesmo tempo que as “correções” do mercado, o que fez com que se espalhasse a insegurança entre empresários e investidores. Apesar disso, segundo as pesquisas, Dilma Rousseff ganhará as próximas eleições de outubro, e continuará governando inspirada nas realizações e logros de Lula. Se assim é, não só o povo brasileiro estará lavrando a própria ruína, e mais cedo do que tarde descobrirá que o mito sobre o qual está fundado o modelo brasileiro é uma ficção tão pouco séria como a da equipe de futebol que a Alemanha aniquilou. E descobrirá também que é muito mais difícil reconstruir um país do que destruí-lo. E que, em todos esses anos, primeiro com Lula e depois com Dilma, viveu uma mentira que seus filhos e seus netos irão pagar, quando tiverem de começar a reedificar a partir das raízes uma sociedade que aquelas políticas afundaram ainda mais no subdesenvolvimento. É verdade que o Brasil tinha sido um gigante que começava a despertar nos anos em que governou Fernando Henrique Cardoso, que pôs suas finanças em ordem, deu firmeza à sua moeda e estabeleceu as bases de uma verdadeira democracia e uma genuína economia de mercado. Mas

seus sucessores, em lugar de perseverar e aprofundar aquelas reformas, as foram desnaturalizando e fazendo o país retornar às velhas práticas daninhas. Não só os brasileiros foram vítimas da miragem fabricada por Lula da Silva, também o restante dos latino-americanos. Por que a política externa do Brasil em todos esses anos tem sido de cumplicidade e apoio descarado à política venezuelana do comandante Chávez e de Nicolás Maduro, e de uma vergonhosa “neutralidade” perante Cuba, negando toda forma de apoio nos organismos internacionais aos corajosos dissidentes que em ambos os países lutam por recuperar a democracia e a liberdade. Ao mesmo tempo, os governos populistas de Evo Morales na Bolívia, do comandante Ortega na Nicarágua e de Correa no Equador – as mais imperfeitas formas de governos representativos em toda a América Latina – tiveram no Brasil seu mais ativo protetor. Por isso, quanto mais cedo cair a máscara desse suposto gigante no qual Lula transformou o Brasil, melhor para os brasileiros. O mito da seleção Canarinho nos fazia sonhar belos sonhos. Mas no futebol, como na política, é ruim viver sonhando, e sempre é preferível – embora seja doloroso – ater-se à verdade. Fonte: Saude online

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