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Editorial Hospital A.C. Camargo exemplo de boa gestão...
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econhecido como o principal Centro Oncologico da América Latina, o Hospital A.C.Camargo trata mais de 800 tipos de câncer identificados pela Medicina, divididos em mais de 40 especialidades. Seu espírito de formador de especialistas e conhecimento científico o acompanha desde o início de sua historia. Em 1953 também nasceu o primeiro Programa de Residência Médica em oncologia do país e com ele o A.C.Camargo estabeleceu a sua atuação baseada nos 03 pilares, ensino, pesquisa e assistência médica. Aliado todo a essa dedicação ao hospital juntamente com uma boa administração hospitalar o hospital A.C. Camargo marcou sua trajetória com sucesso no combate ao Câncer. Destacamos tambem a homenagem na seção “memória” prestada ao Prof. Dr. Ricardo Renzo Brentani, falecido em novembro 2011 que dedicou boa parte da sua vida ao Hospital, além disso temos também uma entre-vista com o CEO Sr. Irlau Machado Filho dirigente do hospital que junto com o Dr. Brentani e o José Ermírio de Moraes Neto - presidente do conselho do A.C. Camargo construiram uma das solidas instituições de medicina do país. Apresentamos uma edição especial sobre o grandioso trabalho do Hospital A.C.Camargo e de como uma boa gestão tambem pode ajudar na melhora de um paciente. Desejamos a todos uma ótima leitura é até uma proxima edição Os Editores.
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Expediente
Sumário revista do
Câncer
Panorama da Oncologia Nacional volume IX - nº 22 - ano 2013 Diretor e Editor Dr. José Márcio da Silva Araújo j.marcioaraujo@uol.com.br Publicidade Gilberto Cozzuol gilbertocozzuol@uol.com.br Administração e Circulação Yvete Togni dra.ytogni@hotmail.com Secretario da Redação Chriistian A. Kaufuman Produção e Publicação Lucida Artes Gráficas lucida.editorial@uol.com.br Colaboração Redacional Comunique - Assessoria Imprensa Fotografia Arquivo Correspôndencia Rua Carneiro da Cunha, 212 sl 1 Vila da Saúde Contato Fone - 11- 2339-4710 Fax - 11 - 2339-4711 Agradecimentos Superintendencia de Marketeing e Comunicação - A.C.Camargo
As opiniões expressas ou artigos assinados são de responsabilidade dos autores Conselho Editorial
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Dr. Luiz Conrado Dr. Adonis Reis L. de Carvalho Dr. João Carlos G. Sampaio Góes Dra. Clarissa Cerqueira Mathias Dra. Gildete Lessa Dra. Maria Lúcia M. Batista
06..........................................OncoNews Noticias do setor
12.............................Especial Memória Prof. Dr. Ricardo R. Brentani
16...........................................Entrevista Dr. Irlau Machado Filho - CEO Hospital A.C Camargo
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...................................Matéria Capa
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................Atualização Profissional
Especial - A boa gestão do Hospital A.C. Camargo, destaca a instituição entre as melhores do Brasil
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...............................................Artigo
Tecnologia genômica auxilia luta contra câncer
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...................................Ponto de Vista
Dar um tiro no escuro para acertar o alvo Juntos somos mais fortes
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onconews Para Amil,
TI é fator crítico de sucesso Com a TI subordinada diretamente ao Chairmam, o CIO da Amil, Telmo Ferreira Pereira, é também diretor estatutário, com participação em reuniões estratégicas e do conselho. O resultado não poderia ser diferente: projetos e ações tecnologicamente inovadoras. “A Amil sempre investiu e acreditou na importância de TI como fator crítico de sucesso, agregando valor aos seus produtos, clientes, prestadores médicos e canal de vendas”, avalia Pereira. Um bom exemplo é o programa eMobile, que tem o objetivo de descrever o desenvolvimento de um conjunto de aplicativos móveis em dispositivos da Apple para os beneficiários, corretores e médicos. A partir de um planejamento contemplando funcionalidades, usabilidade e segurança, três aplicativos foram construídos utilizando framework baseado em práticas como Java
Open Source, VRaptor, Hibernate e Scrum. Baseado na estratégia que direciona a área de tecnologia da companhia – que qualquer um de seus públicos só deve se deslocar até uma de suas unidades em caso de necessidade de um ato médico, o projeto foi criado em 2010 e contribuiu para o aumento da maturidade no desenvolvimento de aplicativos móveis, demonstrando a importância do tema no contexto do setor de saúde das organizações brasileiras.“Focamos na entrega, e, em média, levamos quatro meses para desenvolver cada um dos aplicativos, que foram separados por categoria. Naquele momento estávamos mudando nosso sistema corporativo, que também foi dividido, e seguimos as mesmas etapas, com foco na nossa cadeia, que é onde surgem contratos e vendas”, conta o líder de projetos da Amil, Daniel Kamakura.
Sistema de rastreamento ainda não funciona Sancionada há quatro anos, a lei que determina o rastreamento dos medicamentos ainda não está funcionando na prática. A Lei 11.903, de 14 de janeiro de 2009, prevê que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) implante o Sistema Federal de Controle de Medicamento (SNCM), para que todos os remédios produzidos no país possam ser rastreados da fábrica até chegar ao consumidor. Foi estabelecido prazo de três anos, após a sanção, para total implantação do sistema. Segundo a lei, cada embalagem de
de remédios
remédio deverá ter uma identificação exclusiva, um número individual. A identificação servirá para o controle na produção, venda, dispensação e prescrição médica, odontológica e veterinária. O objetivo é evitar sonegação fiscal, falsificação e roubo de cargas. Segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), não houve avanços sobre o tema. A entidade destaca que a rastreabilidade dos medicamentos será uma “sentença de morte” para a sonegação, a falsificação, o
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desvio, o roubo e demais fraudes cometidas na área. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 30% dos remédios usados em países da América Latina, no Sudeste da Ásia e na África são falsificados. A Anvisa informou ter proposto, em 2011, um selo de segurança, que seria fabricado pela Casa da Moeda, e usado nas caixas
de remédio. Na ocasião, porém, a indústria de medicamentos alegou que o selo aumentaria os custos de produção, e a ideia foi abandonada, de acordo com a agência reguladora. Em dezembro de 2011, a agência aprovou diretriz para uso da tecnologia chamada Datamatrix no rastreamento, espécie de código de barras bidimensional, sem prazo para ser implantada.
HCor expande
estrutura e investe milhões em oncologia Aproximadamente R$ 200 milhões estão sendo investidos em plano de expansão do Hospital do Coração (Hcor), que contemplam um novo centro de diagnóstico, inaugurado em novembro de 2013, a construção de um novo prédio com serviços cardiológicos e neurocirurgias e um centro oncológico, previsto para ficar pronto entre 2014 e 2015.
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onconews
Grupo Fleury
segue GRI para ser sustentável Ter um relatório anual para divulgar ao mercado as ações e o desenvolvimento da companhia era uma prática que o Grupo Fleury já adotava desde 2005. Em 2009, primeiro ano da gigante de diagnóstico brasileiro na Bolsa de Valores, as boas práticas amadureceram conforme os regulamentos e o que é exigido para a abertura de capital. O conjunto de boas práticas já estaria adequado aos padrões do “Novo Mercado” da BMF&Bovespa, segmento de listagem ao qual pertence o Fleury e e que exige o mais elevado padrão de governança corporativa, mas o grupo, em 2011, deu mais um passo rumo ao amadurecimento das melhores práticas: publicou seu relatório anual de sustentabilidade (exercício de 2010) com base na metodologia desenvolvida pela Global Reporting Iniciative (GRI), entidade sem fins lucrativos que promove a transparência entre as organizações e seus stakeholders. “O GRI é uma ferramenta que contribui para que as empresas verifiquem a for-
ça de seus pilares de sustentabilidade em todas as dimensões, de forma que possamos avaliar a evolução e entender as oportunidades de aprimoramento das bases que garantem a perenidade do negócio. A empresa se submeteu a essa abordagem porque esses elementos constituem a base de nossa Governança Corporativa”, conta o presidente do grupo, Omar Hauache. Com a incorporação da metodologia, o Grupo Fleury quis entender o que todos os stakeholders: colaboradores, médicos, operadoras de saúde, agências reguladoras (ANS e Anvisa), instituições de pesquisa, investidores, analistas financeiros, imprensa e gerações futuras (universitários, trainees e estagiários) pensam sobre a atuação da companhia, para direcioná-la nas dimensões econômica, social, ambiental, ética e de qualidade. “Essa postura de ouvir quem nos cerca para aprimorarmos nossa atuação empresarial é genuína e constrói um engajamento saudável conosco”, comenta Hauache.
Sírio-Libanês deve transformar 1,8 tonelada
diária de resíduos em adubo orgânico Entre tantas outras preocupações com o meio ambiente, o Hospital SírioLibanês se dedicou a criar um projeto de compostagem de lixo orgânico gerado pela instituição, que deve custar R$ 100 mil por ano. Abolir o crime ambiental por meio da reutilização e reciclagem de resíduos está em primeiro plano na instituição. Crítico da rápida ocupação de aterros sanitários, o superintendente corporativo,
Gonzalo Vecina Neto, explica. “Encher rapidamente o aterro é um crime ambiental. Penso que tudo que puder ser reutilizado deve ser reutilizado. Tomamos a decisão pelo projeto de compostagem com foco na questão socialmente sustentável, é a nossa responsabilidade e deveria ser a de todas as empresas. Isso não se mede em dinheiro e, sim, no impacto gerado à sociedade, que tem errado por não taxar de for-
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ma mais dura aquele que não está sendo socialmente responsável.” O projeto, criado em 2011, e posto em prática em 2012, já mostra seus custos. Para mandar os resíduos do hospital para o aterro sanitário, é necessário desembolsar R$ 250 mil por ano, mas, com o plano de compostagem, o valor deve chegar a R$ 350 mil. “O meu conselho administrativo pergunta por que pago a mais para nos livrarmos do resíduo que produzimos, mas não manejar agora custará muito mais para o futuro da sociedade.” Para o resíduo compostável virar adubo orgânico, o Sírio-Libanês conta com uma empresa parceira para ajudar no processo de encaminhamento desse material para a usina de compostagem. O recolhimento de resíduos da instituição é feito diariamente
pela equipe de agentes ambientais, formada por funcionários que voluntariamente se oferecem para colaborar com o projeto. O voluntariado é uma opção do hospital, que acredita que tal adesão dos colaboradores levará à mudança de consciência ambiental do País. “Esses agentes são capacitados para estimular outros colaboradores a ter comportamento socioambiental correto, seja em economia de energia elétrica ou de água e em muitas outras ações que os tornem mais conscientes”, diz Vecina. Atualmente, o Sírio-Libanês tem 4 mil funcionários, sendo que 70 deles são voluntários do projeto. O objetivo é aumentar esse número, desde que os colaboradores se autoindiquem como agentes ambientais.
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onconews Medicamento oncológico produzido no
Vital Brazil é entregue ao SUS
No dia 19 de dezembro de 2012, o Instituto Vital Brazil, vinculado à Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, iniciou a distribuição de 220 mil comprimidos de 400mg de mesilato de imatinibe, usado no tratamento da leucemia mieloide crônica e do tumor do estroma gastrointestinal. Para comemorar, foi realizado um evento no Palácio Guanabara com a presença do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, do Secretário de Saúde do Estado, Sérgio Côrtes, do vicegovernador do Rio, Luis Fernando Pezão e representantes dos laboratórios parceiros. A medicação foi encomendada pelo Ministério da Saúde para distribuição ao Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de janeiro de 2013. A produção do mesilato de imatinibe para toda a demanda do SUS será realizada por dois laboratórios oficiais brasileiros: o Instituto Vital Brazil e o Instituto de Tecnologia em Fármacos/Farmanguinhos, da Fiocruz. "Essa produção compartilhada por dois laboratórios oficiais é uma forma de garantir que o resultado seja o melhor possível. As parcerias resultam, ainda, em benefício de redução de gastos ao SUS pela diminuição dos preços praticados, além de economia de divisas", afirma Antônio Werneck, presidente do Instituto Vital Brazil. Além dos laboratórios oficiais, a produção do medicamento é feita em parceria com os nacionais EMS, Laborvida, Cristália, Alfa Rio e Globe Química. As Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP) são resultados da estratégia do Governo Federal de integrar os setores públicos e privados para estimular a produção totalmente nacional de medicamentos de alta complexidade no país e prevê a transferência total de tecnologia para a fabricação e
distribuição do medicamento no decorrer de cinco anos. Nesse mesmo período, estimase que a economia para o Sistema Único de Saúde chegue a R$ 337 milhões. A produção nacional do Mesilato de Imatinibe será suficiente para atender a toda a demanda do Sistema Único de Saúde - aproximadamente oito mil pacientes hospitalizados. "Em janeiro de 2007, quando o Werneck assumiu a presidência do Vital Brazil, estive na instituição e era inimaginável pensar que o instituto voltaria a produzir medicamentos na situação que estava a área produtiva. Os esforços do presidente e de toda a equipe merecem ser ressaltados e parabenizados", disse o secretário Sérgio Côrtes. O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou a importância da parceria entre laboratórios públicos e privados e a urgência de trazermos produção para o Brasil. "Compramos muitos medicamentos de multinacionais, ficamos à mercê das empresas. Se quiserem parar de fabricar, não teremos os remédios para fornecer à população. Por isso é tão primordial que haja esforço para trazer cada vez mais medicamentos para a produção totalmente nacional", disse. Padilha ainda citou que o Brasil é um dos poucos países que fornecem medicamentos de forma totalmente gratuita aos pacientes com câncer. "Esse foi o primeiro medicamento oncológico a ser totalmente produzido no Brasil e é o primeiro, também, a ser distribuído com a nova embalagem do ministério. Todos os medicamentos que tiverem essa embalagem padrão não podem ser vendidos e só devem ser entregues pela rede pública de saúde", alertou o ministro.
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Pfizer
lança aplicativo no Facebook Quem faz bem para você?". Este é o nome do aplicativo que a Pfizer lança no Facebook para incentivar as pessoas a interagir, homenagear e agradecer amigos importantes e presentes – mesmo que virtualmente. Com o aplicativo, é possível quantificar como determinado amigo te faz bem: quantas interações e comentários foram realizados, quantas fotos marcadas, em quantos lugares estiveram juntos (check in), entre outros. "A empresa pretende mostrar que inspirar e marcar presença na vida das pessoas é possível também no mundo digital", explica Ciro Mortella, diretor de Assuntos Corporativos da Pfizer.
"Escolhemos este momento para lançar o aplicativo, logo após a construção da página da Pfizer Brasil no Facebook (Facebook.com/ PfizerBrasil), pois em 2012 completamos 60 anos de atuação no País", explica. Assim, a empresa revisita seu passado, sem se desconectar do presente – já que a página apresenta diariamente pílulas sobre saúde, bem-estar, família, esportes, voluntariado, novidades da companhia, e fatos marcantes de sua história, entre outros. Tudo para tornar mais fácil ficar bem e fazer o bem.
Dia Mundial de Combate ao Câncer O tema de 2013 é Eliminar os mitos e a desinformação sobre o câncer O dia Mundial de Combate ao Câncer é uma iniciativa que reúne o mundo inteiro contra esta epidemia global. Todos os anos, no dia 4 de fevereiro, vários países do mundo organizam eventos, palestras e ações de conscientização com o objetivo de prevenir as diversas formas de câncer e diminuir as mortes causadas pela doença. Este ano, o Dia Mundial de Combate ao Câncer dedica-se à Meta 5 da Declaração Mundial contra o Câncer baseada na Declaração de Paris aprovada em 4 de fevereiro de 2000 que traçou as metas contra o câncer para o novo milênio. O documento define metas a serem cumpridas até 2020 entre as quais: • Reduzir significativamente o consumo de tabaco, a obesidade e o consumo de álcool • Desenvolver programas universais de vacinação contra a hepatite B e vírus do papiloma humano (HPV) para reduzir o câncer de fígado e de colo de útero • Diminuir a migração de profissionais de saúde especializados em oncologia para países desenvolvidos • Eliminar os mitos e desinformações sobre o câncer
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Capa-Memória Ricardo Renzo
Brentani
P
resente na vida acadêmica e científica internacional desde o início dos anos 60, quando aos 25 anos assinou um artigo na prestigiosa revista Nature e introduziu no Brasil os estudos sobre o RNA, por orientação do Professor Isaías Raw, Brentani tem cerca de 300 estudos publicados nas principais revistas do mundo. Foi o primeiro Professor Titular de Oncologia da Faculdade de Medicina da USP, cadeira que criou em 1980 e dirigiu até 2007, quando se tornou Professor Emérito da instituição. Nos últimos sete anos presidiu a FAPESP, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Mas o que fazia seus olhos brilharem era o fato de ter transformado o Hospital A.C.Camargo no principal centro de ensino, ciência e assistência ao câncer no país. O mais importante centro formador na área, fora da universidade pública, numa instituição privada, filantrópica por vocação. 12 - Revista do Câncer
Ele está anos-luz distante do estereótipo do médico de jaleco branco e estetoscópio no pescoço. Formado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP) em 1962, Ricardo Renzo Brentani também não se encaixa na categoria do cientista aparvalhado. Sempre que pode, ele aponta para os sapatos bem lustrados e diz ser a prova viva de que nem todo cientista é maluco porque jamais saiu de casa com uma meia de cada cor. De sua cidade natal, Trieste, na Itália, de onde partiu com um ano de idade para mais tarde se naturalizar no Brasil, Brentani herdou o apreço pelo bem-vestir. Crachá pendurado na indefectível corrente de ouro, ele também não afrouxa os hábitos nem abandona a camisa social e a formalidade, mesmo quando está à paisana. Brentani integra uma outra categoria de pesquisador, distante do bisturi e dos tubos de ensaio, que ele confessa não serem sua praia. Misto de mentor intelectual e administrador de pulso firme, transformou sua gestão à frente da Fundação Antônio Prudente Hospital do Câncer de São Paulo em um marco. Elevou a instituição filantrópica a centro de referência em pesquisa genética do câncer, e seu curso de pós-graduação, fundado em 1997, recebeu nota seis na avaliação anual do Ministério da Educação (a máxima é sete). Seu trabalho está apoiado num tripé formado pelos rumos do hospital, pelas aulas e a orientação de teses de seus alunos na Faculdade de Medicina da USP e pela direção da filial brasileira do instituto suíço Ludwig de pesquisa do câncer. Embora não examine nenhuma lâmina no laboratório, cada estudo é feito a pedido e sob orientação dele. Foi assim que os brasileiros ganharam reconhecimento da comunidade científica inter-
nacional. Em 2001, o Brasil foi o segundo país, depois dos Estados Unidos, com melhores resultados na pesquisa genética do câncer humano, a área mais competitiva da ciência mundial. O Ludwig e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) investiram US$ 10 milhões cada para desvendar os genes associados aos tumores. Desde 1983, todos os cânceres tratados no hospital são decifrados pelo microscópio do instituto suíço. Com base nesse catálogo de doenças, busca-se detectar novas técnicas de diagnóstico e tratamento. O segredo do combate ao mal degenerador das células está em compreender os mecanismos do organismo usando a genética como sinalizadora. Brentani, que desde menino queria ser médico para entender como funcionava o corpo humano, colocou sua marca pessoal nessa marcha. “A força dos hospitais vem de seu instituto de pesquisa e o paciente sente mais confiança se seu próprio médico estiver na fronteira do conhecimento”, sentencia. Treinar bons cérebros para produzir ciência de ponta virou uma de suas obsessões. “Formei 60 pessoas no mínimo e a todas espero ter passado a noção da importância do rigor científico, de publicar artigos em revistas de renome e de valorizar a ciência sobre todas as coisas”, reza Brentani, que tem 130 artigos publicados, quatro deles na prestigiada inglesa Nature e um na americana Science. Seu temperamento arredio à exposição pessoal se reflete no hospital. Ali, os detalhes do tratamento de pacientes famosos, como o governador de São Paulo, Mário Covas, são mantidos numa redoma de sigilo. Só vão a público se o doente autorizar.
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Capa-Memória Na opinião do professor Brentani, nem sempre a terapia estrangeira tem resultados positivos. O disparate entre o índice de cura de tumores infantis nos Estados Unidos e no Brasil ilustra a situação. Uma equipe de oncologistas se desdobrava para saber por que garotos de idade, sexo e diagnóstico idênticos tinham diferentes reações ao mesmo tratamento. Lá fora, salvavam-se sete em cada dez crianças e por aqui, sobrevivia a metade. Após analisarem os casos clínicos nacionais, os médicos concluíram que a desnutrição dos brasileiros tornava devastadores os efeitos da quimioterapia. Descoberto isso, em um ano o porcentual de cura aumentou. de Moraes, presidente do grupo Votorantim, que doou US$ 5 milhões para a construção A história nacional da pesquisa do de um anexo no hospital. Assim como Ercâncer seria diferente se Brentani tivesse mírio, com quem mantinha uma amizade seguido o caminho de seus colegas de cordial, Brentani chegava ao escritório por turma, no obrigatório rumo a uma pós-gra- volta das sete da manhã e considera abjeta duação no Exterior. Filho de um industrial e a idéia de tirar um mês de férias. Ele cosda artista plástica Gerda Brentani, aos 29 tumava emendar folgas nos intervalos enanos ele estava casado com a bioquímica tre congressos e volta e meia deixa rastros Mitzi, com quem trabalhou por 18 anos no de que bateu cartão no final de semana. laboratório de seu orientador, Isaias Raw, atual presidente da Fundação Butantan. A Em parceria com a única filha médica, estabilidade de Brentani sofreu uma revira- Brentani publicou em 1997 um estudo em volta quando Raw foi cassado pelo regime que relata a descoberta de que os integranmilitar. Por milagre da sorte, como diz Bren- tes de uma família com mutação genética tani, os cientistas do Ludwig o procuraram na mesma proteína envolvida na doença para dirigir a versão tropical do centro de da vaca louca sofriam de esquizofrenia, enpesquisa suíço. fermidade mental que leva a pessoa a viver num mundo irreal. Há cinco anos, o médiCom quatro filhos e nove netos, aos co, que falava cinco idiomas – português, 65 anos, Brentani não recebia pelo expe- italiano, espanhol, francês e inglês –, estudiente no hospital. Sua remuneração vinha dava essa molécula, presente nas células das aulas e do Ludwig. Pela legislação da cerebrais, os neurônios, que tem influência filantropia, o Hospital do Câncer deve reser- no mecanismo de memória e aprendizado. var 60% dos leitos ao sistema público de “A memória é a base do pensamento e o saúde, o SUS. “O Brasil é um país rico em neurônio não pode raciocinar sem comgente pobre e é nossa obrigação atender os parar o que está vendo agora com aquilo menos favorecidos”, prega Antônio Ermírio que aprendeu”, ensinava o professor. 14 - Revista do Câncer
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Capa-Entrevista
Irlau
Machado Filho
CEO do hospital A.C. Camargo
O
Hospital A.C.Camargo comemora a conquista de cinco importantes reconhecimentos do mercado corporativo. A Instituição está nos rankings das publicações Exame, Você S/A, Época, ISTOÉ Dinheiro e Valor Econômico. Fato inédito na história do Hospital e, provavelmente, para o setor da Saúde. Para falar sobre esse importante momento do Hospital A.C.Camargo, conversamos com o CEO Irlau Machado Filho. Confira a entrevista. 16 - Revista do Câncer
RCâncer - O Hospital A.C.Camargo conquistou neste ano, de forma inédita, cinco dos mais importantes reconhecimentos do mercado, concedidos pelas publicações Exame, Você S/A, Época, ISTOÉ Dinheiro e Valor Econômico. Qual é o significado disso para a Instituição?
identificados pela medicina A cada ano nós atendemos cerca de 15 mil novos pacientes, vindos de todas as regiões do Brasil, totalizando mais de um milhão de procedimentos, entre consultas, exames laboratoriais e por imagem, internações, cirurgias, quimioterapia e radioterapia. Aqui no Hospital A.C.Camargo, elas têm Irlau - Esse é, sem dúvida, um marco na acesso aos melhores recursos médicos, história do Hospital A.C.Camargo, resulta- científicos e tecnológicos, aliados a um do, antes de tudo, do trabalho em equipe e tratamento humanizado que acolhe o pacido comprometimento de todo o time com ente e sua família. a nossa missão que é "combater o câncer paciente a paciente". Para cada uma desRCâncer - Quais são os diferenciais sas premiações, as avaliações são realiza- do A.C.Camargo que, em sua opinião, fizedas por jornalistas e consultores externos, ram com que vocês conquistassem esses apoiados por instituições de primeira linha importantes reconhecimentos? como a Fundação Dom Cabral, a Fundação Getúlio Vargas e a Fundação Instituto de Ad- Irlau - Primeiramente, a nossa equipe que ministração. As pesquisas, na maioria dos é engajada e extremamente competente. casos, contemplam nossos colaboradores, Ao todo são mais de 3.000 colaboradores, pacientes, fornecedores. São apurações sendo que o nosso corpo clínico, composto realizadas de maneira muito criteriosa. As- por uma equipe fechada de mais de 500 sim, cada um desses reconhecimentos, re- especialistas na doença, a maior parte sultado de uma avaliação externa indepen- com mestrado e doutorado, atua de forma dente, é muito importante para todos nós interdisciplinar, o que resulta nos melhores do A.C.Camargo e quando olhados em seu índices de sucesso para o tratamento. conjunto ganham dimensão ainda maior. Outro ponto fundamental é que somos Eles significam, acima de tudo, que estauma Instituição cujo ensino e a pesquisa mos no caminho certo. cientifica estão diretamente ligados à assistência. Em 2010 fomos responsáveis RCâncer - E qual é esse caminho? por 87% de toda a produção científica onIrlau - O Hospital A.C.Camargo já é consi- cológica do País, somos a primeira Escola derado pelo mercado um Centro de refer- de Residência Médica em Oncologia, senência mundial em oncologia. Por sermos do que 1/3 dos médicos oncologistas em o primeiro Centro integrado no país para o atividade no Brasil foram formados aqui diagnóstico, tratamento, ensino e pesquisa no A.C.Camargo. Não menos importante, do câncer, a nossa casuística nos permite a nossa infraestrutura tecnológica está em ter uma das maiores plataformas de infor- constante atualização. Atualmente dispomação sobre a doença, contemplando o mos de alguns equipamentos que no Brasil tratamento de mais de 800 tipos de câncer só são encontrados aqui.
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Capa-Entrevista RCâncer - Como o Hospital está posicionado em cada uma dessas pesquisas? Irlau - Pela 4a vez, o Hospital A.C.Camargo está no ranking das Melhores Empresas para Você Trabalhar - Guia Você S/A - Exame, que revela a boa percepção de nossos colaboradores em relação a nossa política de Recursos Humanos. No caso do Valor 1000 Maiores Empresas, fomos considerados a melhor empresa do setor de serviços médicos. Também no Anuário 360º Época Negócios, o Hospital A.C.Camargo é a melhor empresa do setor de Saúde e, ainda, ficamos muito orgulhosos de estar no ranking geral dessa pesquisa, que considera diversos setores da economia, em 6o lugar no país. No guia As Melhores da Dinheiro, o A.C.Camargo foi considerado a 5ª melhor empresa de saúde. Também estamos entre as mil empresas listadas no ranking da edição 2012 das Melhores e Maiores da revista Exame.
pessoas referiam-se a ele como "aquela doença", o espírito já era de ousadia e pioneirismo. Ao longo desses anos, contamos com lideranças importantes que deram prosseguimento a história de evolução do Hospital A.C.Camargo. Esse resultado é fruto de uma cultura de austeridade e inovação, associada à busca constante de eficiência. A história recente do Hospital A.C.Camargo tem sido marcada pela expansão e modernização em todas as frentes. Até 2012, 97% de toda a nossa infraestrutura já foi renovada. Hoje temos uma das maiores estrutura do mundo, com 441 leitos de internação, dedicados ao tratamento do câncer. A nossa meta é promover uma renovação completa a cada 5 anos, mantendo em dois anos e meio a vida média dos equipamentos. Cada uma de nossas iniciativas está baseada em nosso planejamento estratégico, elaborado em conjunto com o time de colaboradores e revisado todos os anos para oferecer aos nossos pacientes a melhor alternativa para o seu tratamento. Somos protagonistas no país na luta contra o câncer e nossa trajetória deve ser perene. O desafio é fazer cada vez melhor a um número cada vez maior de pessoas.
“ O Hospital
A.C.Camargo é
considerado pelo mercado um Centro de
referência mundial em oncologia.”
RCâncer - Qual a atual posição do Hospital A.C.Camargo no mercado? Irlau - Somos uma Instituição com 59 anos de história. Em 1953, quando o casal Antônio e Carmen Prudente fundou o Hospital A.C.Camargo, em uma época em que pronunciar a palavra câncer era proibida e as
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Matéria de Capa
Hospital
A.C. C O
hospital paulistano A.C. Camargo é uma dessas instituições cujos feitos, de tão surpreendentes, parecem improváveis. Especializado no combate ao câncer, realiza 945 mil procedimentos médicos por ano – de simples exames de sangue a cirurgias de alta complexidade. Seis em cada dez dessas tarefas são precariamente remuneradas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda assim, o hospital é lucrativo. E seu crescimento dá inveja a muita empresa. Nos últimos cinco anos, ele investiu R$ 200 milhões em reformas. Em dezembro 2012, inaugurou um prédio orçado em R$ 60 milhões, que elevou o número de leitos de 321 para 441. O hospital ainda é referência em equipamentos de última geração. A mais recente aquisição nesse campo foi um acelerador linear, que torna as aplicações de radioterapia mais precisas. A máquina custou R$ 1,5 milhão – e foi quitada à vista. Todos esses números são impressionantes, mas não teriam nenhum significado se não fosse um outro, que é a razão de ser do hospital. Seu índice de cura, de 67%, é comparável ao dos melhores centros de oncologia do mundo (a principal referência é o M.D. Anderson, no Texas, que atinge 70% de curas). O segredo dessa 20 - Revista do Câncer
Camargo Boa gestão, marca trajetória gloriosa no combate ao câncer eficiência está na adoção de um modelo de negócios calcado na gestão profissional e na robusta produção científica. Dito assim, parece uma receita fácil. Não é. Chegar a ela consumiu pelo menos duas décadas. O A.C. Camargo foi fundado em 1953, na Liberdade, na região central de São Paulo, pelo médico Antônio Prudente, sobrinho-neto do presidente Prudente de Morais. O nome homenageia o
médico Antonio Cândido de Camargo, um dos pioneiros na investida contra o câncer no Brasil, nos anos 30. Desde seu início, ele era um centro de referência técnica, mas suas contas só fechavam por caridade. A maior parte dos donativos saía da conta da família Ermírio de Moraes, ligada ao Grupo Votorantim, para cobrir até 30% dos gastos da entidade. Esse quadro começou a mudar em 1990, quando o médico e cientista
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Capa
José Ermírio de Moraes Neto - presidente do conselho do A.C. Camargo
Ricardo Brentani assumiu a direção. Ao aceitar o posto, exigiu o fim dos cheques tapa-buracos. “Aquilo não era um sistema. Era uma maneira precária de tentar sobreviver”, diz Brentani, falecido em 2011.. Para equilibrar as contas, ele abriu as portas do hospital para os planos de saúde. Para dar uma ideia de sua ousadia, hoje o Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo vive um debate virulento e interminável em torno da mesma questão. “Não havia outro jeito”, diz Brentani. “Precisávamos de uma nova fonte de receita. E, curiosamente, agora atendemos um número muito maior de pessoas pelo SUS do que naquela época.” Nos últimos cinco anos, os procedimentos em pacientes do Sistema Único de Saúde saltaram de 357 mil para 585 mil.
fixos. Ao lado do presidente do conselho do A.C. Camargo, o empresário José Ermírio de Moraes Neto, Brentani resolveu profissionalizar a administração. A dupla avaliou 11 candidatos a executivo-chefe, selecionados por um headhunter. Escolheu Irlau Machado Filho, ex-diretor do Santander e presidente do grupo de saúde Medial. Ele tomou posse em 2005. “Uma boa empresa precisa de duas coisas para dar certo”, diz Moraes Neto. “A primeira é a filosofia. Nós já a tínhamos: oferecer a todos, sem distinção, o melhor tratamento oncológico existente. A segunda é uma ótima gestão.”
Dar eficiência a uma máquina emperrada significou romper com práticas arraigadas nas equipes médicas. “A briga foi feia”, diz Ademar Lopes, uma das estrelas da cirurgia oncológica no país. “Os médicos Atrás de um CEO foram terceirizados e passaram a receber O salto foi bom, mas ainda insufici- por produtividade. Ninguém mais era vitalíente. Era preciso aumentar o número de cio.” As contratações passaram a ser feitas pacientes para diluir os altíssimos custos por currículo. “É assim que fazem os prin22 - Revista do Câncer
cipais hospitais do mundo. Vivem correndo atrás dos craques, como os times de futebol”, diz Lopes. Machado Filho também impôs uma espécie de mantra da gestão hospitalar: “Temos de comprar somente o que precisamos e usar tudo que compramos. Devemos faturar tudo o que fazemos e receber tudo o que faturamos”. Para fazer isso, padronizou os processos burocráticos. Em apenas um ano, o faturamento, com o mesmo número de procedimentos, subiu 15%. Todas as atividades – até a limpeza dos quartos – passaram a ser auditadas. Também foram implantados indicadores de desempenho em todos os níveis: tanto individuais como para equipes. “Temos de reduzir os custos aumentando a
67% È o indice Geral de cura de Câncer no A.C.Camargo. Em tumores na mama e no intestino. Em estágio inicial a taxa sobe para 95% e 98%
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Capa – o dobro da produção de dez anos atrás. A maioria desses artigos é de ciência aplicada. São inovações que desembocam nas salas de operação, onde atuam especialistas como Ademar Lopes e Luiz Paulo Kowalski. Ambos são responsáveis pela criação (ou introdução no Brasil) de técnicas cirúrgicas revolucionárias. Em muitos casos, elas eliminaram a necessidade de amputação de membros dos doentes. “A vantagem de estar na fronteira do conhecimento é que podemos oferecer agora novidades que demorariam até três anos para chegar à instituição”, diz Kowalski.
Irlao Machado Filho Ceo Hospital A.C. Camargo produtividade”, afirma Moraes Neto. Produtividade, num hospital, se traduz de várias formas. Uma delas é o tempo de internação de um paciente após procedimentos complexos. Em seis anos, esse período desabou, de 12 para 5,2 dias. Outra são os resultados financeiros. Desde 2005, os superávits se tornaram ininterruptos. O último, em 2010, bateu em R$ 77 milhões. Ciência para o mercado Além da gestão da máquina, Brentani, um pesquisador com mais de 130 artigos científicos publicados em revistas especializadas, estimulou a produção de pesquisas. Hoje, 61% de todos os trabalhos científicos publicados no Brasil sobre oncologia têm origem no A.C. Camargo. Em 2010, os cientistas do centro médico da Liberdade produziram 215 artigos técnicos, publicados em revistas de renome
Um exemplo do pioneirismo do A.C. Camargo é o trabalho da médica Maria Isabel Achatz. Há 11 anos, ela constatou uma ocorrência grande no Brasil de uma doença rara: a síndrome de Li-Fraumeni. Ela aumenta em até 90% a incidência de tumores. Nos Estados Unidos, uma entre 5 mil pessoas tem a síndrome. Em algumas cidades do Sul e Sudeste brasileiros, a relação é de uma em 300. Para entender o porquê, Maria Isabel teceu um longo histórico de genes. Descobriu que a mutação responsável pela doença, no gene P53, remonta a um tropeiro no século 18. Ele transportava gado entre Minas Gerais e o Rio Grande do Sul e teve filhos com várias mulheres no caminho. A descoberta resultou na criação do primeiro ambulatório de oncogenética do Brasil, especializado em tumores hereditários. Mudou também procedimentos práticos adotados no tratamento. “A radioterapia, por exemplo, não é indicada em muitos desses casos”, diz a médica, que acompanhou 300 pacientes de 121 famílias em 2010. Para manter a evolução dos resultados, a cúpula do A.C. Camargo já montou
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“O A.C. Camargo precisa crescer mais do que o câncer.”
a estratégia de negócios para 2020. Estudos indicam, por exemplo, um avanço do câncer de mama em mulheres jovens, com idades entre 20 e 35 anos. Está em andamento também uma inversão significativa do problema no pulmão (os casos tornamse mais recorrentes entre as mulheres e sua incidência diminui entre os homens). “Temos de acompanhar essas variações e pesquisar novas formas de tratamento para esses pacientes. A tendência é que as
Dra. Maria Isabel Achatz.
terapias sejam mais personalizadas”, diz o CEO do hospital, Machado Filho. Como em qualquer negócio, um dos principais objetivos do A.C. Camargo é esmagar a concorrência. Nesse caso, a concorrência é uma doença atroz, cujo impacto global mais que dobrou nas últimas três décadas. Pelo bem de todos, o A.C. Camargo precisa crescer mais do que o câncer.
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Capa Sobre o A. C. Camargo
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oncologia, sua maioria com mestrado e doutorado, tem como um dos seus grandes diferenciais a atuação interdisciplinar, que oferece a cada paciente, em um único lugar, o tratamento integral para todos os tipos da doença. Aqui o paciente encontra a expertise e a integração da equipe de médicos e profissionais que formam o corpo clínico, além de ter à disposição o que há Reconhecido como o principal Centro de mais avançado em diagnóstico por ImaOncologico da América Latina, o Hospital gem e Molecular e uma infra-estrutura de A.C.Camargo trata mais de 800 tipos de ponta em todo o ciclo de tratamento, seja câncer identificados pela Medicina, divi- com Radioterapia, Quimioterapia, Cirúrgias didos em mais de 40 especialidades. Seu ou Terapias complementares. espírito de formador de especialistas e conhecimento científico o acompanha desde o A premissa do atendimento no Hospiinício de sua historia. Em 1953 também tal A.C.Camargo é o acompanhamento innasceu o primeiro Programa de Residência dividualizado e personalizado oferecido em Médica em oncologia do país e com ele o todas as áreas. Cada caso é discutido parA.C.Camargo estabeleceu a sua atuação ticularmente por cirurgiões, oncologistas baseada nos 03 pilares, ensino, pesquisa e clínicos, radioterapeutas, patologistas, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, denassistência médica. tre outros especialistas. Todos focados em Com um Corpo Clínico fechado e for- oferecer a cada paciente a conduta clínica mado por mais de 400 especialistas em mais eficaz para o caso. Outro diferencial Hospital do Câncer de São Paulo, hoje internacionalmente conhecido como Hospital A.C.Camargo, foi fundado no pós Segunda Guerra Mundial em 23 de abril de 1953, época na qual era incomum falar abertamente sobre câncer, uma doença que não era associada com cura.
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é o fato de que o suporte clínico oferecido aos pacientes e seus cuidadores nasce longe dos consultórios, no ambiente de ensino e nas bancadas de pesquisa. O A.C.Camargo é responsável por 61% da produção científica da área no país, com mais de mil trabalhos publicados na última década nas principais revistas internacionais de alto impacto. Ainda na área de ensino, é formador de um em cada três oncologistas em atividade no Brasil. Sua pós-graduação, criada em 1997 foi avaliada com nota máxima durante toda a última década. Todos os anos no A.C.Camargo são tratados aproximadamente 15 mil novos casos de câncer. Também são recordes anuais as mais de 14 mil cirurgias, a maioria delas de alta complexidade. Ao todo, o hospital realiza mais de 950 mil atendimentos anuais incluindo também consultas, exames laboratoriais e por imagem, internações, sessões de quimioterapia e radioterapia. A dedicação e interação destes profissionais em atividades interdisciplinares resultam em um tratamento com os melhores índices de sucesso, só encontrados nos maiores centros oncológicos internacionais.
Números Equipe Multidisciplinar Formada por 500 especialistas, sendo cerca de 120 oncologistas atuam em 44 especialidades diferentes que tratam mais de 800 tipos de câncer. Números de Estrutura Um completo centro de tratamento oncológico com 441 leitos, Ambulatórios de Atendimento, Área de Diagnóstico, UTI, Centro Cirúrgico, Anatomia Patológica, Quimioterapia e Radioterapia. Nosso Atendimento Média anual de 14 mil cirurgias, 40 mil sessões de quimioterapia, mais de 50 mil aplicações de radioterapia, 200 mil exames de diagnóstico de imagem, 70 mil exames de anatomia patológica e 396 mil consultas por ano. Pesquisa e Ensino Mais de mil oncologistas formados no Programa de Residência Médica, 87% da produção científica oncológica do país e, na última década, mais de 1300 publicações em revistas internacionais.
Acreditação Canadense O Hospital A.C.Camargo conquistou a certificação da Acreditação Canadense, do Canadian Council on Health Services Accreditation, um importante selo de qualidade que atesta sua conduta na adoção das melhores práticas da medicina mundial. A Acreditação Canadense é uma metodologia internacional que as organizações de saúde utilizam para implementar processos voltados principalmente à segurança do paciente, promovendo qualidade e melhoria contínua na assistência. Essa certificação ratifica o posicionamento do A.C.Camargo como centro oncológico de excelência internacional, ao lado dos maiores do mundo e é também uma maneira de o paciente identificar os hospitais mais qualificados, pois quando se escolhe uma instituição com essa certificação, significa que no local os processos são controlados e seguros. 27 - Revista do Câncer
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Nova Torre Professor Dr. Ricardo Renzo Brentani
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.C.Camargo realizou o evento de inauguração da Torre Professor Dr. Ricardo Renzo Brentani que trouxe 120 novos leitos de internação, totalizando 441. Nova torre, com mais de oito mil metros quadrados de área construída, conta com oito andares nos quais serão oferecidos serviços de Centro Cirúrgico, Quimioterapia, Oncopediatria, Oncologia Clínica, Psicologia, Nutrição, Fisioterapia, dentre outros. Esteve presente o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Dando continuidade ao seu projeto de expansão, o Hospital A.C.Camargo, em
São Paulo, principal referência da América Latina em ensino, pesquisa e tratamento de câncer, realizou o evento de inauguração das instalações da Torre Professor Dr. Ricardo Renzo Brentani, integrando o Complexo A.C.Camargo. Construída exclusivamente com recursos próprios - na ordem de R$ 70 milhões - a Torre traz oito andares dispostos em mais de oito mil metros quadrados de área construída. O destaque do edifício fica por conta de seus 120 leitos de internação que somados aos atuais 321, totaliza 441 leitos - crescimento de 37% - tornando o
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da Oncologia Pediátrica, incluindo ambulatórios, brinquedoteca, leitos de internação e a Escola Especializada Schwester Heine, também conhecida com Escolinha O corpo clínico formado por cerca da Pediatria (que ministra o curso fundade 500 especialistas será distribuído tam- mental e médio oficiais, para que crianças bém para a nova Torre. É o mesmo corpo e adolescentes não percam as atividades clínico, mesmos protocolos, processos e escolares ou o ano letivo durante o tratatambém o mesmo conceito de interdisci- mento). plinaridade, fundamental no tratamento Fundado em 1953, o Hospital do câncer, doença com inúmeras facetas e alta complexidade. "Além de oncologistas A.C.Camargo é mantido pela Fundação clínicos, temos a dedicação de psicólogos, Antônio Prudente e se caracteriza como farmacêuticos, nutricionistas, fisiotera- uma instituição privada sem fins lucrativos. pias, dentre outros, todos com formação Mantendo o foco de oferecer um suporte em oncologia", destaca o CEO do Hospital humanizado a todos os pacientes e acompanhantes, a torre oferecerá o mesmo A.C.Camargo, Irlau Machado Filho. padrão de conforto e qualidade pelo qual A ampliação incluiu o Departamento a Instituição já é reconhecida. O atendide Quimioterapia, que adicionou mais dez mento é estendido aos pacientes particulanovos pontos de infusão, totalizando 61 res, aos provenientes do Sistema Único de pontos. O local disponibiliza também um Saúde, originados do Município (através do Centro Cirúrgico com mais quatro moder- convênio firmado com o Gestor Municipal), nas salas e, com isso, o A.C.Camargo pas- inúmeras cidades do Estado e de várias sou a ter 23 salas. Além de atender pacien- regiões do País, bem como de convênios tes adultos, a Torre abrigará as novas áreas privados. Hospital detentor de uma das maiores estruturas de internação e atendimento em câncer do país.
Em constante expansão Nos últimos cinco anos, o Hospital A.C.Camargo inaugurou três amplos ambientes ambulatoriais, sendo um deles - o Ambulatório Carmen Prudente - inédito no país em oferecer atendimento diferenciado para mulheres, com foco em Mastologia (câncer de mama) e Ginecologia Oncológica (câncer de ovário, colo do útero, endométrio e vulva). Também se destaca a inauguração do Edifício Hilda Jacob, que contempla o Núcleo de Quimioterapia, Oncologia Clínica, Anatomia Patológica (incluindo o Banco de Tumores) e andares exclusivos para estacionamento. Também foram inaugurados neste período o Centro Internacional de Pesquisa do A.C.Camargo (CIPE) e o Núcleo Oncológico Avançado do ABC, em Santo André.
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Máquina que ‘vê’ câncer de mama em ação
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omo identificar entre uma infinidade de células aquelas que são afetadas pelo câncer? A resposta está no apetite destas células por consumir grandes quantidades de glicose. Isso ocorre porque as células alteradas pelo câncer necessitam de mais energia para se multiplicar rapidamente e acabam se alimentando mais. A nova armadilha para tirar as células do câncer da tocaia atende pelo nome de Mamógrafo por Emissão de Pósitron (PEM, na sigla em inglês), equipamento que é uma espécie de PET-CT (aparelho de tomografia com-
putadorizada usado no corpo todo) com a diferença que o PEM é desenhado exclusivamente para examinar as mamas. A máquina está em início de seu funcionamento no Hospital A.C.Camargo, responsável por introduzir a técnica no Brasil inicialmente em protocolo de pesquisa com o propósito de obter a validação da utilização do equipamento no país e assim mostrar os benefícios de incluí-lo na prática clínica. No decorrer de um ano, pacientes serão avaliadas pelo PEM e os resultados serão comparados com os obtidos pelos
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demais métodos de imagem das mamas, casos de mamografia, ressonância magnética e PET-CT de corpo todo. "Nosso objetivo é confirmar o potencial do exame em reduzir as biópsias que se mostram depois como sendo desnecessárias, diminuir os casos de falso positivo e oferecer maior especificidade ao diagnóstico", destaca o diretor de Diagnóstico por Imagem do A.C.Camargo, Rubens Chojniak. Diferentemente da mamografia e da ressonância magnética, esse tipo de aparelho mostra, além da localização dos nódulos, a atividade metabólica das lesões, o que pode ajudar a distinguir as benignas das malignas. Com um PET específico para as mamas, espera-se poder identificar de forma mais precisa as mulheres que necessitam de uma biópsia para saber se o nódulo é canceroso. "A mamografia enxerga uma série de lesões, a ressonância vê outras, mas não se sabe exatamente se a lesão é maligna ou não. Isso faz com que a paciente faça uma biópsia, mas em 50% das vezes não é câncer", diz Eduardo Nóbrega Lima, diretor de Medicina Nuclear do Hospital A.C.Camargo. Nóbrega Lima afirma que o ideal seria decidir de forma mais precisa quem vai ter de passar por esse procedimento agressivo. Casos duvidosos, portanto, fariam o exame com o PEM como uma espécie de "tira-teima". O especialista ressalta que a indicação do exame é feita principalmente para as mulheres mais jovens, cujas mamas costumam ser mais densas. Outra recomendação é para quem tem mutações no DNA da família. Além da função diagnóstica, o PEM tem demonstrado nos países onde o apa-
Dr. Rubens Chojniak Diretor do Núcleo de Diagnóstico por Imagem relho já foi validado e está em uso frequente, ser importante durante o tratamento oncológico. "Ele tem um papel marcante desde o planejamento pré-cirúrgico, passando pela identificação por açúcar marcado com 18-FDG (radiofármaco do tipo 2-flúor-2-deoxi-D-glicose), dos linfonodos comprometidos, potencial de metástase e monitoramento da quimioterapia, ou seja, se está sendo eficaz para cada uma das pacientes - até a avaliação do risco de doença metastática", destaca Judy Kalinyak, chefe médica da Naviscan Inc, empresa responsável pela produção do equipamento. Testes para Validação - O projeto do Hospital A.C.Camargo prevê que até o segundo semestre de 2013 a máquina será objeto de estudos. "Pretendemos avaliar sua eficácia e determinar quem deverá usá-la, quando e como", observa a diretora
de Mamografia do A.C.Camargo, Elvira Ferreira Marques.
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Capa O aparelho já tem a aprovação da FDA (agência que regula medicamentos e alimentos nos EUA) e custa cerca de US$ 850 mil (cerca de R$ 1,7 milhão). Do protocolo clínico participarão cerca de cem mulheres com lesões suspeitas e candidatas a biópsia. Também farão o exame mulheres jovens com histórico de mutações genéticas na família. Segundo Eduardo Nóbrega Lima, se o aparelho for eficiente e adequado às necessidades do hospital, será incorporado na rotina clínica. "Estamos só começando, mas muito otimistas", adianta. O hospital pretende ainda criar, até o fim do ano, um centro de diagnóstico de oncologia da mulher e, se tudo der certo, o novo PET de ma-
mas fará parte do Complexo. O passo a passo do exame - A paciente recebe uma injeção que contém glicose e o elemento radioativo 18-FDG. - Após um período de captação do material, a paciente é posicionada no aparelho, que enxerga os sinais de radiação e mostra onde há maior presença de glicose e, desta forma, descobre-se a localização dos tumores, pois eles consomem mais glicose como fonte de energia para poderem crescer mais rapidamente.
Vantagens • Definir as pacientes que precisam ser submetidas a uma biópsia em caso de lesões com diagnóstico não definido em mamografia e ressonâncias. • Enxergar as lesões em mulheres mais jovens, que têm as mamas geralmente mais densas ou em pacientes que fazem uso de próteses mamárias. Em outros exames a visualização é prejudicada. • Acompanhar a lesão durante o tratamento. • Ajudar a guiar biópsias, sendo que o médico vê a lesão brilhando e usa uma agulha que também tem material radioativo para fazer o procedimento no local exato. • Avaliar o comprometimento de linfonodos e lesões axilares para auxiliar o planejamento da cirurgia e outras modalidades de tratamento. • Monitorar possível volta da doença.
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Atualização Uma Nova Quimioterapia em teste
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édicos do Hospital Geral de Southampton, da Inglaterra, realizaram uma operação de quimioterapia fora do corpo humano. Em dois pacientes com câncer de fígado, somente o órgão afetado foi retirado e, em seguida, banhado em drogas, para depois ser devolvido. O tratamento inovador começou há três meses, e vem sendo estudado com cautela também por outros pesquisadores dos EUA e da Europa. O maior benefício do novo processo, acreditam os cientistas, é a possibilidade de redução dos efeitos colaterais ao indivíduo, já que apenas o órgão, e não o corpo inteiro, é exposto à química. Além disso, é possível aplicar maiores doses de medicamentos. A terapia durou 60 minutos em cada paciente. O fígado foi separado através de dois balões inflados inseridos dentro de vasos sanguíneos do órgão para desviar o fornecimento de sangue. Em seguida ao tratamento, chamado perfusão hepática percutânea (PHP), o sangue foi drenado do paciente e processado através de uma máquina de filtragem para reduzir sua toxicidade antes de retornar ao corpo humano pela veia jugular. “Retirar um órgão do corpo humano por 60 minutos, banhá-lo em uma alta dose de drogas, filtrar o sangue até que esteja completamente pronto e devolvê-lo ao corpo humano é algo realmente inovador” comemora Brian Steadman, consultor do serviço de radiologia intervencionista do hospital. Segundo Steadman, o tratamento ainda pode se desenvolver para ser usado em
outros tipos de câncer, como de cólon, de mama e de Reconhecido como o principal Centro Oncologico da América Latina, o Hospital A.C.Camargo trata mais de 800 tipos de câncer identificados pela Medicina, divididos em mais de 40 especialidades. Seu espírito de formador de especialistas e conhecimento científico o acompanha desde o início de sua historia. Em 1953 também nasceu o primeiro Programa de Residência Médica em oncologia do país e com ele o A.C.Camargo estabeleceu a sua atuação baseada nos 03 pilares, ensino, pesquisa e assistência médica ele. Basicamente, qualquer órgão que possa ser separado do fornecimento de sangue, como rins, pâncreas e pulmões, pode passar por este tipo de processo. Para o oncologista Paulo Hoff, diretor geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), a maior novidade das operações realizadas no Reino Unidos é o método. O tratamento localizado em apenas um órgão, e não em mais tecidos, porém, já é feito no Brasil e em diversos membros. “Nossa própria entidade trata casos de melanoma e sarcoma (tipos de câncer de pele). Injetamos os medicamentos na artéria e depois filtramos o sangue nas veias. Já há também, quimioterapia localizada em pulmões e rins. A novidade deles é o modo”, garante. Médica do setor de Oncologia Clínica do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Uerj), Fernanda Esteves lembra, porém, que a eficácia do tratamento localizado depende do nível de metástase do tumor no organismo. “Se estiver muito avançado, não basta pensar no tratamento de apenas um órgão. É preciso pensar em outras estratégias” explica.
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Aspirina pode reduzir risco de metástase e morte por câncer
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o final de 2010, a equipe do Dr. Peter Rothwell, da Universidade de Oxford, publicou um estudo que sugeria que a ingestão de uma aspirina por dia reduzia o risco de morte por câncer. Naquele trabalho, a equipe se concentrou sobretudo sobre o câncer de intestino, e seus resultados mostravam que a aspirina deveria ser tomada por longos períodos, que variavam de oito a 20 anos. Agora, em um novo estudo, também publicado na revista Lancet, eles argumentam que os benefícios podem vir bem antes - de três a cinco anos. Tratamento adicional Os pesquisadores destacam que não se trata de medidas preventivas contra o câncer, o que exigirá novos estudos, mas como um tratamento adicional para pessoas que já estejam com a doença. O estudo identificou benefícios mais relevantes sobretudo em relação aos eventuais efeitos da aspirina sobre a metástase, o espalhamento de um tumor pelo restante do corpo. "Nós não estamos no estágio de recomendar o uso da aspirina para todas as pessoas, mas os protocolos médicos sobre o uso da aspirina pela população saudável de meia-idade certamente precisam ser atualizados, a fim de levar em conta os efeitos [da aspirina] sobre o risco e a progressão do câncer, assim como o risco de ataques cardíacos e derrames," disse Rothwell. Benefícios da aspirina O grupo não fez experimentos diretos, mas uma revisão dos experimentos realizados por cientistas de todo o mundo - foram revisa-
dos 51 estudos, envolvendo mais de 77 mil pacientes. O levantamento foi subdividido em três artigos agora publicados. No primeiro, a ingestão diária de aspirina detectou-se uma redução no risco de morte por câncer de 15%. Essa redução aumentou ao longo do tempo, chegando a 37% entre aqueles que tomaram aspirina durante 5 anos ou mais. No segundo artigo, os cientistas relatam os efeitos da ingestão de aspirina sobre a metástase. Foi identificada uma redução do risco do espalhamento do câncer de 36% em um período de 6,5 anos. O terceiro artigo cobre estudos anteriores do tipo observacional, em vez de testes onde a ingestão do medicamento é controlada. Os resultados corroboram os resultados dos outros dois artigos. Tomar ou não tomar aspirina Alguns estudos associam a aspirina à redução dos riscos de ataques cardíacos ou de derrames entre as pessoas nos grupos de risco. Outros, porém, questionam o uso da aspirina na prevenção de ataques cardíacos. Os críticos da aspirina como medicação preventiva ressaltam que os efeitos de proteção contra doenças cardiovasculares são pequenos entre adultos saudáveis. E, segundo eles, há documentação de que a prática aumenta o risco de sangramentos no estômago e no intestino. Uma pesquisa publicada em 2009 concluiu que o uso regular da aspirina pode fazer mais mal do que bem.
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Atualização Composto impede avanço de melanoma
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estes pré-clínicos feitos na Universidade de São Paulo (USP) revelaram que um composto extraído da pariparoba (Pothomorphe umbellata), arbusto originário da Mata Atlântica, é capaz de inibir o desenvolvimento do melanoma e impedir que as células tumorais invadam a camada mais profunda da pele e se espalhem para outros tecidos. A molécula, batizada de 4-nerolidilcatecol (4-NC), foi testada em um modelo de pele artificial durante o doutorado de Carla Abdo Brohem, realizado no Departamento de Análises Clínicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF-USP). A equipe já iniciou a etapa de testes em animais. Os resultados estão em artigo publicado na revista Pigment Cell & Melanoma Research. Segundo Silvya Stuchi Maria-Engler, coordenadora do estudo, o melanoma é a forma mais agressiva de câncer de pele e tem origem nas células produtoras de pigmentos, os melanócitos. Dados da literatura científica indicam que de 20% a 25% dos diagnosticados com a doença morrem. “Se tratado na fase inicial, as chances de cura são altas. Mas quando ele se torna metastático o tempo de sobrevida é curto, em torno de oito meses, pois o tumor é muito resistente às drogas existentes. Medicamentos novos, portanto, são bemvindos”, disse. O composto 4-NC, encontrado no extrato da raiz da pariparoba, já havia demonstrado em estudos anteriores um potente
efeito antioxidante, capaz de proteger a pele dos danos causados pela radiação solar. Essa outra pesquisa, foi coordenada pela professora Silvia Berlanga de Moraes Barros, da FCF-USP. Em 2004, uma formulação em gel contendo extrato de raiz de pariparoba foi patenteada para uso cosmético para prevenção do câncer de pele. Testes posteriores, em culturas de células tumorais, demonstraram que o 4-NC era capaz de induzir a morte celular. “Mesmo que ele não se prove eficaz contra o melanoma nas demais etapas da pesquisa, o composto tem diversas qualidades. Podemos avaliá-lo contra outros tipos de câncer”, disse Stuchi Agora, no modelo de pele em 3D, o 4-NC impediu que as células tumorais migrassem da epiderme para a derme. “A molécula já passou por exames de toxicidade em animais. Se também for aprovadas na avaliação de eficácia, poderá ser testada em humanos”, contou Berlanga. Desdobramentos A pele artificial usada no experimento é resultado do projeto "Geração de peles artificiais humanas e melanomas invasivos como plataforma para testes farmacológicos", coordenado por Stuchi e financiado pela FAPESP. “A gente chama de artificial, mas se trata de pele humana reconstruída em
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laboratório”, explicou. Tudo começa com um fragmento de pele doado após cirurgia plástica, que a equipe recebe graças a parcerias com o Hospital Universitário e com o Hospital das Clínicas. Os cientistas então isolam os constituintes básicos da pele – fibroblastos, queratinócitos e melanócitos – e os armazenam em um biobanco. “No momento em que precisamos testar uma nova molécula, remontamos esses elementos e construímos um tecido muito semelhante à pele humana”, contou Stuchi. Além dos estudos com o 4-NC, a pesquisa tem outros desdobramentos. Em um deles, células do sistema imunológico estão sendo acrescentadas ao modelo de pele artificial, deixando-o ainda mais completo. “Dessa forma, além de testar a toxicidade e a eficácia de um novo composto, poderemos avaliar se ele tem potencial para causar alergia ou irritação”, explicou. Em outra vertente, os pesquisadores simulam in vitro as condições de uma pele envelhecida.“Com o passar dos anos, resíduos de glicose se depositam sobre as proteínas, como por exemplo o colágeno. Isso desorganiza a matriz extracelular que compõe a camada dérmica da pele, causando rugas e flacidez”, disse Stuchi. Esse problema, acrescentou, ocorre de forma mais evidente na pele de pacientes diabéticos e tornam mais difícil a cicatrização de feridas. O modelo de pele envelhecida, portanto, permitirá testar a ação de cosméticos antirugas e de medicamentos para a pele de diabéticos. “Nosso objetivo, a longo prazo, é realizar transplante de pele para tratar feridas crônicas e
queimaduras”, disse. A equipe da FCF-USP também está estudando o desenvolvimento do melanoma no modelo de pele envelhecida e no modelo de pele imunocompetente. A vantagem das pesquisas feitas com pele artificial é a redução no uso de cobaias, além de ser um tecido mais semelhante ao humano. No caso dos cosméticos, é possível eliminar totalmente os testes em animais. Na Europa e nos Estados Unidos são vendidos kits de pele artificial para a indústria cosmética e farmacêutica. No Brasil, as empresas precisam enviar suas moléculas para serem testadas no exterior, embora o país já possua a tecnologia. “Fomos procurados por diversas empresas, mas não temos condições de realizar esse serviço como rotina. Para isso, seria preciso grande investimento em equipamentos e treinamento de profissionais”, disse Stuchi. Até o momento, a equipe fez uma parceria com a empresa Johnson & Johnson para avaliar a eficácia e segurança de um produto para a saúde.
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Atualização Orégano destroi células do câncer de próstata
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conhecido tempero orégano, muito usado em pizzas e massas, tem efeitos benéficos à saúde conhecidos há muito tempo. Entre esses benefícios estão os efeitos antioxidantes, a redução do risco de doenças crônicas, mas, mais particularmente, o combate aos fortes efeitos colaterais da quimioterapia. Agora, em uma pesquisa ainda com cultura de células em laboratório, cientistas descobriram que o orégano consegue destruir células do câncer de próstata. Super tempero A Dra. Supriya Bavadekar e seus colegas da Universidade Long Island (EUA) isolaram um composto do orégano, chamado carvacrol, e testaram seus efeitos contra as células tumorais. Os estudos demonstraram que o constituinte do orégano dispara o fenômeno de apoptose, a morte programada das células. "Nós sabemos que o orégano possui propriedades antibacterianas e antiinflamatórias, mas seus efeitos sobre as células do câncer realmente elevam o tempero ao nível dos super temperos, como o açafrão," disse a pesquisadora, citando outro vegetal com largos benefícios à saúde.
Licopeno e carvacrol Embora o estudo esteja em estado inicial, a pesquisadora acredita que os resultados são suficientes para apostar no uso do carvacrol como um fármaco anticâncer. "Alguns pesquisadores já demonstraram que a ingestão de pizza pode reduzir o risco de câncer. Esse efeito tem sido atribuído ao licopeno, um composto presente no molho de tomate, mas agora acreditamos que o orégano possa ter sua participação nesse benefício," disse ela.
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Artigo
Tecnologia genômica auxilia luta contra câncer
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novo Centro de Oncologia Molecular do Hospital SírioLibanês inaugurou em abril um laboratório com duas máquinas sequenciadoras que dão apoio às pesquisas de medicina personalizada. Os aparelhos, batizados de Frederico e Griselda, trabalham vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, literalmente, processando amostras de DNA numa sala fria, mantida a 14°C, nos fundos do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do hospital. Mais um sinal de como o avanço superveloz das tecnologias de sequenciamento genético está desencadeando uma lenta, porém consistente, revolução no
tratamento do câncer. Outros hospitais, como o A.C. Camargo, também estão investindo fortemente na área. Cada máquina pode sequenciar o genoma inteiro de uma pessoa em até dez dias. Mas não é exatamente nisso que os pesquisadores estão interessados, apesar de já ter muita empresa por aí vendendo sequenciamento como se fosse uma apólice de seguro contra todo tipo de doença. As amostras de DNA entregues a Frederico e Griselda são oriundas de células tumorais, nas quais os cientistas buscam mutações específicas que possam servir como marcadores genéticos da doença. Marcadores específicos não só para cada
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Artigo paciente, mas para cada tumor. O tumor já é personalizado por natureza. Falta a gente personalizar o tratamento”, diz o bioquímico Luiz Fernando Lima Reis, diretor do IEP. Ele se refere ao fato de que cada paciente tem um tumor diferente de qualquer outro, refletindo uma combinação única de alterações genéticas e de interações bioquímicas do genoma com o organismo e com o ambiente de cada indivíduo.
rapia e, ao final do tratamento, uma análise clínica conclui que não há mais vestígios do tumor. Do ponto de vista clínico, ele está curado. O que seria motivo para comemoração, porém, marca também o início de um dilema. O procedimento padrão é retirar o reto assim mesmo, por precaução. A pessoa pode optar por não operar, mas há sempre o risco de o câncer voltar, pois sempre podem sobrar células tumorais que os exames clínicos não conseguem detectar. É com esse tipo de caso que os pesquisadores estão trabalhando para desenvolver um método de detecção precoce via sequenciamento. “O objetivo é prever a volta do tumor antes mesmo que ele seja detectável clinicamente”, explica a geneticista Anamaria Aranha Camargo, coordenadora do centro e diretora do Instituto Ludwig para Pesquisa do Câncer no Brasil.
Em várias situações, já é possível customizar o tratamento dos pacientes com base em características genéticas do tumor. Várias mutações são conhecidas por conferir resistência ou susceptibilidade a determinadas drogas, por exemplo. “Em O primeiro passo é obter uma amostra do vez de testar vários remédios, você dá o re- tumor. O segundo é sequenciar o genoma das médio certo logo da primeira vez”, explica células tumorais. O terceiro, e mais trabalhoso, Reis. é identificar marcadores genéticos específicos daquele tumor que permitam diferenciá-lo de células sadias. “Tiramos uma impressão molecular do genoma do tumor, como se fosse a impressão digital de uma pessoa doente”, compara Anamaria.
Ótimo, mas não suficiente. Além de escolher o melhor tratamento, cientistas querem usar a genômica para monitorar a recuperação dos pacientes e garantir que o câncer, uma vez “curado”, não retorne mais Por menor que seja, à medida que um tarde de forma sorrateira, sem ser perce- tumor se desenvolve, ele libera DNA e células bido. tumorais na corrente sanguínea, que carregam Um dos projetos do Centro de Oncologia Molecular é usar a genômica personalizada para desenvolver métodos de detecção supersensíveis, capazes de denunciar a presença de tumores “invisíveis” - pequenos demais para serem vistos até numa tomografia. A denúncia, neste caso, não é anônima: vem com nome e retrato falado do suspeito, identificado por meio das mutações específicas daquele tumor. Imagine o seguinte: um paciente com câncer de reto passa por químio e radiote-
essa “impressão molecular” da doença. Com as tecnologias modernas de biologia molecular, é possível rastrear e amplificar (produzir milhões de cópias) esse “DNA circulante” do sangue com facilidade. Se a impressão molecular do tumor estiver circulando por ali, é fato que ela será detectada. Seu grupo, em parceria com a médica Angelita Habr-Gama, está testando a metodologia em amostras de tumor e sangue de sete pacientes que tiveram câncer de reto. Um passou por terapia, continuou com o tumor, e teve de remover o reto. Outro passou por terapia, ficou
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sem sinais clínicos de tumor, mas optou por retirar o reto assim mesmo. Os outros cinco tiveram resposta positiva ao tratamento e, após vários meses, três continuam sem sinais clínicos da doença e dois tiveram recidiva e foram obrigados a operar. Com o apoio de Frederico e Griselda - e de uma equipe de biólogos e bioinformatas -, Anamaria já mapeou as translocações dos sete pacientes e espera validar os dados nas próximas semanas. Em seguida, vai procurar por essa “impressão digital” nas amostras de sangue (coletadas antes e depois do tratamento) e ver se os resultados moleculares batem com o que foi observado clinicamente. “A avaliação da eficácia do tratamento é fundamental nessas situações”, diz. “Com o custo do sequenciamento caindo cada vez mais, já é hora de começarmos a fazer isso.” A metodologia está sendo testada em câncer de reto, mas tem potencial para ser apli-
cada em uma grande variedade de tumores. Essencialmente, em qualquer situação em que haja risco de recidiva. E também para detectar a presença de metástases - tumores secundários, derivados do tumor principal, que podem permanecer escondidos em outros órgãos depois que o foco da doença foi eliminado. Uma vez registrada a impressão molecular do suspeito, basta procurar por ele - ou por seus filhos - numa amostra de sangue. “Se o DNA tumoral estiver no sangue, pode procurar que em algum lugar ainda tem tumor”, conclui Reis. Ou não. No caso do paciente que optou por retirar o reto mesmo sem ter mais sintomas clínicos da doença, por exemplo, uma análise subsequente do órgão removido confirmou que o tumor realmente havia desaparecido - ou seja, a cirurgia não era necessária e poderia ter sido evitada se o teste molecular já estivesse disponível.
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Ponto de Vista
tiro no escuro
Dar um para acertar o alvo
Marco Aurelio Smith Filgueiras
é conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba (CRM-PB)
A
lém das medidas já sobejamente conhecidas da Secretaria de Educação Superior (SESU) do Ministério da Educação (MEC), tais como a abertura de novas escolas médicas e o aumento de vagas nas já existentes com as alegações de que “está faltando medico no Brasil” e “precisamos de mais médicos para interiorizar a medicina no País” estamos trazendo à discussão um velho problema relacionado ao ensino medico que tem muito nos preocupado já há algum tempo e que merece a atenção dos órgãos responsáveis pela educação deste país. Estamos nos referindo à deficiência na grade curricular das escolas ou faculdades de medicina públicas ou privadas da disciplina de Farmacologia Clinica e Terapêutica. Estas matérias apesar de sempre existirem na estrutura curricular nunca atenderam aos anseios, às necessidades do estudante de Medicina, da classe médica como um todo e da população brasileira. Por esta razão, os médicos de ontem não foram e os de hoje não estão preparados convenientemente para o exercício profissional do nobre oficio de prescrever um medicamento, de medicar seu paciente ao final de uma consulta. Temos que confessar: o treinamento, os erros cometidos sem tentar repeti-los é lógico, a vida prática, enfim a experiência profissional foram nossos professores. Acreditamos que este problema vigora desde os primórdios do ensino medico no Brasil quem sabe até desde a fundação na Bahia da primeira Faculdade de Medicina, em 18 de fevereiro de 1808, portanto há 204 anos. A Farmacologia Clinica e Terapêutica
evoluíram com a necessidade de se comprovar a eficiência e segurança dos fármacos em seres humanos, em função das leis que regulamentavam o desenvolvimento, produção e comercialização dos medicamentos. Atualmente é a expressão contemporânea do emprego do método cientifico para a racionalização da terapêutica medicamentosa. E como acabamos de dizer, profissionais da área de saúde, particularmente os médicos, nunca receberam a devida qualificação durante sua formação acadêmica. Senhores, isto quer dizer que o medico sempre concluiu seu curso sem saber realmente o que é medicamento e assim sendo nunca teve segurança na hora de prescrevê-lo. O que aprendeu (pelo menos posso dizer que aprendemos assim) foi com os propagandistas de laboratório que circulavam pelos corredores das faculdades e o assediava constantemente nos intervalos das aulas ou na saída, oferecendo amostras-grátis e divulgando apenas os benefícios dos seus produtos farmacêuticos. Claro que os malefícios não eram relatados e em contrapartida nossos professores não nos alertavam para esses riscos. Este quadro continua nos dias atuais e com mais intensidade. Por esta razão a polifarmacoterapia ou prescrição excessiva e desordenada de fármacos prosperou e há muito se alastra no seio da nossa categoria atingindo em cheio a sociedade brasileira e até mesmo a população mundial, assolando-a e criando um numero elevado de doenças iatrogênicas ou provocadas pelo próprio tratamento medico e que têm conduzido muita gente para o leito da morte. Temos uma frase que explicita muito bem a capacita-
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ção do esculápio, na ocasião de prescrever um medicamento e que serviu de titulo para essa nossa matéria: “Ele dá um tiro no escuro para acertar o alvo”. Os grupos mais afetados são sem duvida as crianças e os idosos. Pacientes idosos que chegam a tomar entre dez a vinte comprimidos diariamente. E vocês devem conhecer pessoas assim polimedicadas, até mesmo na própria família, mas talvez nem tivessem despertado para essa grave questão que ora levantamos. Sem aquelas disciplinas que ensinam o que são medicamentos, suas indicações, suas contraindicações, efeitos adversos, interações medicamentosas, farmacodinâmica e farmacocinética, informações inclusive obrigatórias nas bulas dos fármacos e as quais não são dadas as mínimas atenções, o medico não deveria nem receber o diploma, quanto mais se abrir novas
escolas e aumentar as vagas nas já existentes. Pedimos a Secretaria de Ensino Superior (SESU) do Ministério de Educação (MEC) que reflita sobre estas questões que ora expomos. Precisamos fazer uma reforma na grade curricular de todas as escolas de medicina do país, quiçá impondo a contratação de professores dessas áreas podendo até sermos nós, desde que estejamos verdadeiramente capacitados e preparados para ensinar os fundamentos da farmacologia clinica e terapeutica e alertar os futuros médicos para a importância do saber prescrever. Informamos que encaminhamos a Comissão de Ensino Medico do Conselho Federal de Medicina carta-proposta a este respeito e recebemos a resposta nos dando total apoio. Estamos dispostos a auxiliá-los com a nossa humilde colaboração.
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Ponto de Vista Juntos somos mais Roberto Luiz d´Avila
fortes!
É presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM).
N
o fim do ano, sempre somos levados a refletir sobre as ações praticadas ao longo dos últimos 12 meses. São os famosos balanços, que, muitas vezes, nos permitem colocar em perspectiva nossas forças e fraquezas. Neste processo, o bom-senso nos orienta a observar os fatos e aprender com eles. Ao olhar para os meses anteriores, temos a percepção de que acumulamos importantes créditos diante da categoria médica e da sociedade, em 2012. Na verdade, o CFM – na gestão 2009-2014 – descobriu a importância do planejamento estratégico, da articulação política e do uso adequado da comunicação. Descobrimos como usar ferramentas essenciais que levam às tomadas de decisões. Sem dúvida, ainda estamos distantes de nossos objetivos maiores. Nossa caminhada vem de longa data, no entanto, com os novos desafios que se impõem, ainda estamos longe de terminar. Mas como prosseguir nessa jornada de forma segura, consequente e ética? Será que há uma fórmula para o êxito manifesto no avanço de projetos no Congresso, na pressão exercida sobre os planos de saúde, na receptividade da imprensa aos pleitos médicos, entre outros pontos? Convenhamos, por melhor que seja o protocolo, sabemos que sempre haverá a exceção ou caso particular. Por isso, nos abstemos de regras rígidas. O que destacamos, aqui, é um alerta sobre a relevância de mantermos determinadas posturas e comportamentos que configuram ingredientes importantes na busca da conquista de louros para a classe médica. Um dos mais relevantes é a capacidade de unir forças contra os adversários comuns.
Sabemos que juntos somos mais fortes! Por muitos anos, nós, médicos, não buscamos o fortalecimento de alianças em defesa de nossas propostas. Mas isso ficou no passado: nos últimos tempos, descobrimos o valor do coletivo para a conquista dos direitos individuais. Outro elemento significativo é a capacidade de identificar as janelas de oportunidade que abrem espaço para discutir questões próprias da saúde e do exercício da medicina. Ou seja, é necessário ser pertinente. Devemos estar atentos aos movimentos característicos da sociedade e neles enxergar sinais de rotas a serem seguidas. Fazemos parte de uma sociedade complexa, onde os avanços serão mais consistentes se forem pautados pelas necessidades de todos. Finalmente, dependemos da busca da eficácia de nossas ações para que os resultados apareçam. Ideias que não são nutridas com esperança, empenho e dedicação estão fadadas ao desaparecimento. Na transpiração do trabalho, muitas vezes, encontramos o sentido para as nossas causas e sonhos. Esperamos que, em 2013, possamos agregar tudo isso: união, pertinência e capacida-de de trabalho no encalço de nossos objetivos pessoais, profissionais e institucionais. Como representante de entidade médica, contamos que nosso esforço resulte na aprovação do projeto de regulamentação da medicina, leve à libertação de todos os médicos das operadoras de planos de saúde e, sobretudo, contribua com a valorização da medicina. Assim, nos despedimos do ano que foi e saudamos o que chega: seguros de que o futuro nos espera de braços abertos.
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