1 - Revista Agricultura & Engenharia
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Editorial
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edicamos essa edição as quase 12 décadas de trabalho da Escola de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ/USP - considerada centro de excelência, que desde sua fundação, já formou mais de 14 mil profissionais em nível de graduação e mais de 8 mil pós-graduandos. E nesses anos todos não parou no tempo e a cada dia procura estar presente no dia-a-dia da sociedade Brasileira. A ESALQ foi reconhecida como uma das melhores instituições do mundo nessa esfera do conhecimento. Segundo o U.S. News and World Report um dos principais rankings internacionais de instituições de ensino, pesquisa e extensão, a ESALQ figura em 5º lugar por sua atuação em áreas como agronomia, ciências dos alimentos, nutrição, produtos lácteos e horticultura. Na matéria de Capa apresentamos a ESALQ por inteira. A Ministra Katia Abreu, apresenta seus planos para 2016 e aposta no desenvolvimento da região do MATOPIBA. Destacamos também a entrevista com o secretario nacional da Irrigação, José Rodrigues P. Dória. Essa edição esta repleta de novidades e informações qualificadas sobre Mercado, tecnologia, Meio Ambiente e assuntos governamentais. Contamos com o seu apoio nos enviando via e-mail criticas sobre a revista e sugestões de pautas. Desejamos a todos uma ótima leitura e contamos com sua presença na próxima edição. Editor
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Sumário
Expediente
Agricultura & Engenharia Volume VII Ano 9 - 2016
Agronews
Noticias.........................................................06
Governo
Entrevista com a ministra Katia Abreu .....16
Diretor e Editor Dr. Jose Marcio da S. Araujo
Publicidade
Capa
Homenagem Esalq/Usp..............................20
Gilberto Cozzuol
Administração e Circulação Yvete Togni
Secretaria da Redação
Agromercado...........................................33 Perfil das Empresas e / ou Produtos
Daniela Tarabai
Produção e Publicação Lucida Artes Graficas
Entrevista
José Rodrigues P. Dória Sec. Nac. Irrigação.......................................36
Contato
11-2339-4710 / 2339-4711 j.marcioaraujo@bol.com.br
Atualização
Analise do Mercado Agro............................38
Fotografia e Textos
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO Avenida Pádua Dias, 11 Piracicaba/SP - CEP 13418-900 Tel.: (19) 3429-4485 acom.esalq@usp.br
Agradecimentos
Caio Albuquerque Jornalista ESALQ/USP
Conselho Editorial Prof. Prof. Prof. Prof. Prof.
Dr. Roberto Rodrigues Dr. Paulo S. Magalhães Dr Cesario Ramalho Dr. Roberto Testeziaf Dr. Silvio Crestana
Meio Ambiente Saúde do Planeta........................................46 Tecnologia Drones no campo........................................50
Artigo..........................................................54 Mercado
matérias sobre mercado de trabalho agrícola ........................................................58
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Agronews
PIB da agropecuária tem alta de 1,8% em 2015 Segundo o IBGE, crescimento do setor se deve sobretudo ao desempenho da agricultura Mais uma vez, o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária foi positivo . Em 2015, enquanto o PIB total nacional retraiu 3,8% em 2015, o do agronegócio cresceu 1,8%, em relação a 2014 (0,4%). Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A agropecuária também se destaca em relação a outros setores. Enquanto ela aumentou 1,8% no PIB, a indústria sofreu queda de 6,2% e os serviços, 2,7%. Segundo o coordenador-geral de Estudos e Análises do Ministério da Agricultura, José Gasques, a média anual de crescimento do PIB agro, nos últimos 19 anos, tem sido de 3,6%. Para um ano de dificuldade econômica como o de 2015, o percentual de 1,8%, é comemorado pelo setor. A ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) disse que o bom desempenho é resultado de investimento em pesquisa, tecnologia e inovação. “Temos que louvar o agronegócio, que cada vez mais dá resultado diferenciado e se destaca na economia brasileira. Agradecemos os investimentos do contribuinte no agronegócio.”
Brasil deve voltar a vender carne bovina para a Arábia Saudita Estimativa é que os embarques cheguem a US$ 42 milhões O setor estima que as exportações de carne bovina para aquele país alcancem US$ 42 milhões em 2016. O potencial para os próximos anos, de acordo com cálculos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), chega a US$ 74 milhões. A lista dos 49 frigoríficos habilitados – tanto para carne in natura quanto para industrializada – foi divulgada no site da Autoridade Saudita de Alimentos e Medicamentos (SFDA), no última dia 25. A expectativa é que a quantidade de estabelecimentos aumente nas próximas semanas. Os sauditas habilitaram nove estabelecimentos em Mato Grosso do Sul, seis em Mato Grosso, cinco em Minas Gerais, dois no Rio Grande do Sul, dois em Rondônia, dois no Paraná, 10 em São Paulo, oito em Goiás, três no Pará e um em Tocantins.
A reabertura do mercado saudita é o resultado das negociações da ministra Kátia Abreu com o ministro da Agricultura do Reino da Arábia Saudita, Abdulrahman Al Fadhlyé, em novembro do ano passado. A Arábia Saudita suspendeu a importação de carne bovina brasileira após um caso atípico de doença da vaca louca em 2012. Em 2014, a Arábia Saudita importou do mundo um total de US$ 497 milhões (127 mil toneladas) de carne bovina (in natura e industrializada). Os principais países exportadores foram a Índia (US$ 251 milhões/73 mil toneladas) e a Austrália (US$ 156 milhões/33 mil toneladas). Em 2015, o Brasil exportou um total de US$ 5,3 bilhões de carne bovina (1,2 milhão de toneladas), principalmente para Hong Kong, Egito, Rússia, Venezuela, China, Irã e União Europeia (UE).
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Frango: Forte ritmo das exportações eleva preço interno O volume e a receita obtidos com as exportações de carne de frango no primeiro bimestre de 2016 foram recordes para o período, a exemplo do observado ao setor suinícola. Segundo dados da Secex, a quantidade embarcada nos dois meses somou 574,4 mil toneladas, superando em 11,5% a de janeiro-fevereiro de 2015. A receita totalizou R$ 3,12 bilhões, aumento de 34,3%. As semelhanças com o mercado suinícola, porém, se limitam ao desempenho das exportações. No mercado doméstico, enquanto os preços do suíno caíram em fevereiro, os do frango (vivo e carne) subiram em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. Além do enxugamento da disponibilidade interna por conta das exportações, a alta nos valores domésticos do animal vivo e da carne esteve atrelada à menor oferta de animais para abate. Com isso, muitas empresas integradoras e granjeiros forçaram a elevação dos valores de venda do animal, no intuito de repassar parte das altas dos custos de produção
Agrishow 2016 lança novo canal de conteúdo Informações exclusivas sobre o mercado,
tecnologia, inovação, treinamento e tendências no agronegócio serão divulgadas para contribuir com os negócios dos visitantes Em uma iniciativa inédita para levar informações relevantes sobre o agronegócio para seu visitante, a Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação lança um novo canal de conteúdo exclusivo, com matérias especiais, artigos, reportagens, entrevistas e dicas em formato de e-books, além de whitepapers, infográficos e artigos técnicos de institutos parceiros, do Brasil e exterior. Para acessá-lo, basta entrar no site oficial da feira, www.agrishow.com.br, e clicar na aba “BLOG”. Pioneiro no segmento de feiras de negócios, o canal contará com a participação de especialistas no setor do agronegócio para promover e disseminar conteúdo técnico e relevante, assim como, informações gerenciais, tendências e novas tecnologias, objetivando conhecer de perto as necessidades do visitante, traduzindo-as em materiais informativos, de treinamento e com foco na inovação para ajudá-lo a obter sucesso em seu mercado. A Agrishow 2016 está marcada entre os dias 25 e 29 de abril, em Ribeirão Preto (SP)
Aumento das vendas de adubos em janeiro/2016 Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), em janeiro deste ano foram entregues 2,07 milhões de toneladas de fertilizantes ao consumidor final no país. O volume foi 4,0% maior que o do mesmo período do ano passado, quando as vendas totalizaram 1,99 milhão de toneladas. As importações brasileiras somaram 1,51 milhão de toneladas em janeiro de 2016, 1,7% mais na comparação com janeiro de 2015. A produção nacional, por sua vez, caiu 15,7%, totalizando 682,87 mil toneladas. Com relação aos preços, houve queda no mercado interno. Segundo levantamento da Scot Consultoria, as cotações dos fertilizantes nitrogenados caíram, em média, 1,7% em fevereiro, em relação a janeiro deste ano. Para os adubos potássicos e fosfatados, as quedas foram de 0,6% e 0,5%, respectivamente, no mesmo período. 7 - Revista Agricultura & Engenharia
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Case investe US$ 40 milhões em nova família de colhedoras Linha de máquinas para grãos foi apresentada na fábrica da marca em Sorocaba (SP) A Case IH, marca do Grupo CNH Industrial, apresentou sua nova série de colhedoras para grãos. Os quatro modelos (4130, 5130, 6130 e 7130) possuem a tecnologia Axial-Flow, que foi aperfeiçoada. Os rotores são menores, elevando assim a capacidade de debulha e segregação dos grãos colhidos. Os motores não são mais mecânicos e sim eletrônicos, além de mais potentes, econômicos e menos poluentes, conforme os engenheiros. O tanque graneleiro e de combustível também ganharam capacidade e autonomia. “Os novos modelos permitem colheita de até 18 horas, cinco horas a mais que os modelos anteriores”, disse Christian Gonzales, um dos diretores da marca. O projeto vinha sendo desenvolvido há mais de quatro anos e custou US$ 40 milhões, o mais alto valor já investido pela empresa no Brasil, disseram os diretores em coletiva de imprensa. “Estamos substituindo a linha de máquinas que mais vende atualmente no país”, resumiu o vice-presidente da Case na América Latina, Mirco Romagnoli. O lançamento da nova família de colhedoras
é estratégico para a marca não perder mercado no Brasil num momento de forte recessão econômica. “Em 2015, a nossa participação no mercado de colheitadeiras axiais foi de 18%. O objetivo é chegar a 20% este ano”, disse o diretor comercial da companhia, Cesar Di Luca. Os preços dos produtos tiveram aumento de 5%, em média, sobre as versões anteriores. O modelo menor, com plataforma de 25 pés, custa cerca de R$ 600 mil. Já as maiores, de 35 pés, R$ 950 mil. De acordo com os executivos, as máquinas estão sendo vendidas na rede autorizada da Case desde janeiro deste ano e 50 unidades já foram vendidas no país, 30 foram entregues.
Abimaq elogia medidas de apoio ao crédito Para entidade que reúne indústria de máquinas, economia poderá ser “destravada” A indústria de máquinas e equipamentos fez uma avaliação positiva das medidas anunciadas pelo governo federal para estimular a oferta de crédito no Brasil. Em nota divulgada, a Abimaq, que representa o setor, considerou que as ações devem ajudar as empresas no país. “Acredito que teremos um pouco de fôlego e a economia poderá ser destravada. O aumento do crédito é fundamental para que consigamos ajudar a retomada do Brasil”, avalia o presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, no comunicado. Pastoriza, que integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), pondera, no entanto, que o estímulo ao crédito serve apenas como medida emergencial. Na opinião dele, o governo não pode perder de vista a necessidade das chamadas reformas estruturais no país. 8 - Revista Agricultura & Engenharia
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AGCO investe R$ 100 milhões
por maior participação no mercado de colhedoras de cana Previsão da fábrica de Ribeirão Preto (SP) é de que 700 unidades sejam vendidas em 2016 AGCO, ex-Santal, quer colocar 40 máquinas no mercado no 1º semestre Elevar sua participação nos próximos cinco anos no mercado nacional de colhedoras de cana-de-açúcar, que deve permanecer estável em 2016, com a venda de máquinas apenas para renovação. Com esse objetivo a AGCO Ribeirão Preto, centro de especialidades da multinacional para os negócios envolvendo o setor canavieiro, investiu R$ 100 milhões desde 2012, quando adquiriu 100% da fábrica da Santal, que tinha um share de 3 a 4% do mercado nacional de colhedoras. A indústria de Ribeirão Preto (interior paulista) foi expandida, remodelada e a mão-de-obra foi qualificada para se adequar ao padrão da multinacional. Com isso, a AGCO se tornou a única companhia do país a oferecer a solução completa para a cana: equipamentos para preparo e plantio, colheita, transporte e carregamento e cogera-
ção de energia. No ano passado, a empresa lançou o seu produto principal para atingir a meta de abocanhar uma parte maior do mercado: a colhedora BE 1035e Valtra. As novas máquinas estão em teste desde setembro em canaviais de clientes da empresa no Centro-Sul e Nordeste (e também na Índia, Tailândia e Bolívia), e agora entram em comercialização. Marco Antonio Gobesso, gerente de marketing Cana-de-açúcar da AGCO, estima em 700 o número de colhedoras que vão ser vendidas no país este ano por todas as marcas, mesmo volume do ano passado. Segundo ele, o objetivo inicial é colocar 40 colhedoras Valtra na lavoura no primeiro semestre deste ano. “Sabemos que o mercado não vai se expandir, mas ele existe e queremos uma fatia maior dele.”
Empresa lança plataforma online para vendas de commodities e insumos agrícolas A Central Brasileira de Comercialização contempla desde a agricultura familiar até grandes players do mercado, já movimentou R$ 2,5 milhões em negociações Uma nova plataforma online de compra e venda de commodities e insumos agrícolas promete facilitar as negociações de mais de 200 produtos. É a Central Brasileira de Comercialização (CBC), que está no ar deste dezembro de 2015. Segundo Eduardo Fogaça, diretor comercial da empresa, até o momento já foram comercializados R$ 2,5 milhões, por mais de 800 usuários ativos.
O site funciona assim: em um ambiente digital seguro (o site usa as mesmas tecnologias de bancos como o Itaú), que pode ser acessado em computadores, smartphones e tablets, reúnem-se players do mercado que anunciam seus produtos ou seus interesses de compra. A partir disso, começam a estabelecer todas as condições envolvidas nesse tipo de transação comercial.
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LS Tractor vende mais no Show Rural Coopavel 2016 A fabricante sul-coreana de tratores, LS Mtron, dona da marca LS Tractor, comentou sua participação no Show Rural Coopavel 2016 com um resultado comercial 15% superior à edição do ano passado. Na opinião do diretor comercial, André Rorato, o sucesso foi obtivo por conta da estratégia da empresa que acreditou na feira como forma de fortalecer sua presença no oeste do Paraná, região com grande atuação agropecuária. “Acrescentamos a isto os produtos que oferecemos, na faixa de potência entre 40 e 105 cvs, com alta tecnologia embarcada e diferenciais que já saem de fábrica”, salientou o executivo. O lançamento de um novo modelo de trator, o R60C, também contribuiu para atrair o produtor ao estande da LS Tractor, na opinião de Rorato. “Num cenário que é de retração de venda, só temos a comemorar o nosso resultado”, finalizou. Fabricante vai mostrar ainda o estreito G40, inédito nesta feira Lançado quase que ao final de 2015, o modelo cabinado do trator R60 é o destaque da fabricante de tratores sul-coreana, LS Tractor, para o Show Rural Coopavel. Derivado do vencedor do prêmio Trator do Ano 2015, na categoria Especial, tem como principal atrativo uma cabine de luxo, que não tem igual no mercado, em termos de tratores compactos. Soma a esta novidade, o motor LS Tractor Tier III com baixo consumo de combustível e de emissão de gases e de baixo nível de ruído e de vibração, melhorando a ergo-
nomia e o conforto ao operador, o que proporciona maior economia de combustível e aumento de produtividade/horas de trabalho. O R60 C que terá versão eixo estreito é o terceiro produto apresentado pela empresa em 2015. Também foram lançados os modelos G40 e R60 estreitos, direcionados para culturas onde o espaçamento entre ruas é pequeno, como hortifrúti e café, por exemplo. No Show Rural a LS vai expor o G40 como destaque. Todos eles possuem ainda o menor raio de giro da categoria, (3,25 m) tomada de força em três velocidades, altura do solo de 50,7 cm, tomada de potência independente operada a partir do painel, direção hidrostática, controle remoto independente, transmissão 32x16 com super redutor, eixo frontal blindado, entre outras qualidades. “É parte do nosso DNA inserir inovações tecnológicas em todos os modelos, com o diferencial que já saem de fábrica, sem que o produtor precise adquiri-las como um acessório”, destaca Rorato. Para o Show Rural, a LS Tractor vai apresentar ainda todos os modelos das linhas G, R, U e P.
Sicoob alcança R$ 1 bilhão em repasse do Pronaf O Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) atingiu a marca de R$ 1 bilhão em repasse do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Os recursos foram divididos entre custeio, com R$ 300 Milhões, e investimento, com R$ 700 milhões. A linha é disponibilizada pelo Sicoob desde 2006. Atualmente, representa 14% do valor da carteira de crédito rural do Sistema. As taxas do programa variam de 2,5% a 5,5% a.a. conforme valor do financiamento. 11 - Revista Agricultura & Engenharia
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Nova solução da UPL Crop Nutrition
combate deficiência de enxofre no solo
Oceana Brasil lança o fertilizante Algen ONE
A Oceana, no intuito de expandir suas tecnologias, Lançamento da linha de fertilizantes UPL, Ativis é indi- lança o Algen ONE. O primeiro fertilizante fosforado cado para todas as culturas balanceado, rico em LithothaDesde o final de 2015, a UPL Crop Nutrition mnium e aminoácidos
– braço da UPL Brasil destinado a nutrição e fisiologia vegetal -, disponibiliza ao mercado sua mais recente criação para combater a deficiência de enxofre nas culturas em todo Brasil. “A cada dia, mais produtores rurais se conscientizam da importância do nutriente para a maior produtividade”, comentou o desenvolvedor técnico de mercado da UPL, Luiz Marcandalli. Com o desenvolvimento do Ativis, os agricultores de todas as culturas poderão contar com um solo com quantidade adequada de nutrientes, o que contribui para plantas mais saudáveis, com maior crescimento, maior taxa fotossintética, além de maior formação de sementes e produtividade. O produto também colabora para maior produção de aminoácidos e proteínas.
“Com estudos iniciados por pesquisadores de renome na área de fertilidade do solo e a observação de campo da equipe técnica da UPL, determinou-se que os solos brasileiros são deficientes e que o uso do enxofre, como fonte nutricional, vem reduzindo a cada ano. Assim, buscou-se uma fonte com altíssima concentração de enxofre, com fornecimento de forma progressiva e equilibrada”, afirmou Marcandalli. O Ativis vem para complementar a rica linha de fertilizantes UPL (como Wuxal, Nutreo, UPDT entre outros), formando a nutrição inteligente com tratamento completo da UPL Crop Nutrition.
Totalmente elaborado com matérias primas nobres, o produto é recomendado para toda aplicação de fósforo e também para adubações de base. O intuito é fazer com que a planta tenha uma nutrição adequada, acrescida de vigor, desde o primeiro dia de germinação dela. O mercado foco do produto é o mercado de HF. “Desenvolvemos um produto extremamente balanceado que visa equilíbrio da rizosfera e melhoria da absorção do micro e macro elementos pelas raízes”, explica Luiz Pugliesi, diretor geral da Oceana Brasil. Dentre os vários benefícios que o produto promove, os mais importantes são o aumento de produtividade com relação aos fosforados comuns do mercado através de condicionamento químico e biológico que atuam aumentando a disponibilidade dos elementos essenciais no solo e também à uniformidade da produção. “O conceito da nossa tecnologia se tem em uma melhor distribuição de micro e macros elementos através do poder ativador do Algen”, afirma Pugliesi. O Algen ONE se compõe de 7% nitrogênio, 34% de fósforo, 5% enxofre e 9% de cálcio. Somados aos aminoácidos de altíssima qualidade e concentrações. “Temos certeza de que, com a busca contínua do produtor por fertilizantes nobres e especialidades num mercado tão delicado que é o HF, o Algen ONE se encaixa perfeitamente, aumentando a produtividade sem agredir o meio ambiente e nem a lavoura”, finaliza o diretor.
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Novo diretor de Semen- Crédito ao Agronegócio tes de Soja da Bayer alcança marca recorde de R$ 174,9 bilhões
O engenheiro agrônomo Hugo Borsari (37 anos) é o novo Diretor do Negócio de Sementes de Soja da Bayer. O executivo tem 13 anos de experiência no agronegócio, em áreas comerciais de soja, milho e algodão em todo o País e passagem pelos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Distrito Federal e Mato Grosso. Antes de chegar à Bayer, Borsari liderou diversas áreas de uma multinacional focada em biotecnologia, tendo atuado com a gestão de produtos, negócios, planejamento estratégico e de unidade de vendas. Natural de Jaboticabal (SP), o engenheiro agrônomo é formado pela Unesp e possui MBA em Administração de Empresas pela Universidade de São Paulo (USP). “Este é um ano muito importante para a Bayer. Teremos a oportunidade de contribuir ainda mais com o sojicultor brasileiro, com grandes lançamentos e soluções customizadas para a cultura da soja. Estou muito feliz com a oportunidade de participar deste processo”, explicou o executivo
A novidade tecnológica é o lançamento do aplicativo que captura as coordenadas das propriedades rurais, permitindo a geração do perímetro, cálculo da área em hectares e facilidade no envio das informações para o BB Destaques para a linha do Pronaf, que totalizou R$ 39,3 bilhões, com crescimento de 9,1% na comparação anual, e Programa de Agricultura de Baixo Carbono, Programa ABC, que totalizou R$ 9,1 bilhões, 13,4% maior frente a 2014. O BB tem participação de 60,9% nos financiamentos destinados ao setor, em Dez/15. A novidade tecnológica é o lançamento do aplicativo que captura as coordenadas das propriedades rurais, permitindo a geração do perímetro, cálculo da área em hectares e facilidade no envio das informações para o BB.
13 - Revista Agricultura & Engenharia
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Stara realizou um grande evento para apresentar seus lançamentos O dia 25 de fevereiro vai ficar na a história da Stara. Um momento único e que ficará marcado nos corações de cada uma das mais de 1500 pessoas que participaram do evento de lançamentos da Stara
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oram mais de 1500 participantes, entre eles produtores de todas as regiões do Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia, e representantes da rede de concessionárias, que se reuniram em Não-Me-Toque para um dia de muitas emoções. Os convidados receberam as boas-vindas do diretor-presidente da Stara, Gilson Trennepohl, que contou a história da empresa e emocionou a todos. Em seguida, o ex-goleiro Rogério Ceni contou a sua história de 25 anos de carreira como jogador de futebol do São Paulo, destacando a importância da determinação para alcançar o sucesso profissional e pessoal. Antes de chegar o momento mais esperado do dia, os convidados puderam conhecer a estrutura fabril da Stara, desde o corte até a montagem e expedição. E a festa iniciou com o desfile das consagradas máquinas da Stara, fazendo uma viagem pela história e a evolução dos produtos até chegar o momento mais esperado: o lançamento da linha 2016. O primeiro lançamento da noite foi a plataforma de milho Brava+, mais eficiente, mais robusta e mais bonita. Em seguida, o distribuidor Hércules 6.0, o maior distribuidor autopropelido produzido no Brasil, com design extremamente arrojado e inovador, com capacidade de carga de 6 mil quilos e largura de distribuição de 36 metros. Para apresentar o terceiro lançamento da noite, a Stara trouxe um convidado especial, João Batista Olivi, um dos maiores entusiastas do agronegócio brasileiro. E o terceiro lançamento foi de uma máquina que veio para se tornar campeã de mercado. A Princesa, plantadora articulada com fechamento lateral para transporte, reúne características que fazem dela uma plantadora
Gilson Trennepohl,
diretor-presidente especial. Ela é compacta e ágil, possui o sistema de distribuição precisa de sementes Stara (DPS) que garante um plantio com mais uniformidade. Está disponível em duas versões, uma delas com caixa de semente suspensa e a outra com caixa de sementes central. Além disso, tem o controlador Topper 5500 e Telemetria Stara. E o grande momento da noite chegou acompanhado de uma das vozes mais marcantes das transmissões esportivas no rádio brasileiro: Pedro Ernesto Denardin. Dono de uma voz que narrou o nascimento e a consagração de muitos campões brasileiros, Pedro Ernesto usou a sua voz marcante para narrar o nascimento de mais um campeão mundial: o Imperador 3.0, um autopropelido único no mundo inteiro, que surgiu iluminado para ganhar o mundo. O Imperador 3.0 é a única máquina do mundo com pulverização e distribuição. Possui reservatório de calda com capacidade de 2.400 litros e barras de 27 metros. Já para a distribuição, conta com um reservatório de inox com capacidade de 3 toneladas. Com o Imperador 3.0 o produtor realiza a pulverização e a distribuição no mesmo rastro, evitando amassamento. E para coroar os lançamentos, um espetacular show de fogos brilhou no céu de Não-Me-Toque. Todos os convidados participaram do lançamento da linha de montagem do Imperador 3.0 e de um maravilhoso costelão, para fechar com chave de ouro o lançamento que ficará nos corações de todos que puderam compartilhar desse evento junto com a família Stara.
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Sementes Com Vigor qualidade tradicional
qualidade de um produto na atualidade não é mais um diferencial, na sua grande maioria é obrigação, ainda mais quando o assunto é semente. A Sementes com Vigor de Raul Basso é uma empresa que está a mais de 40 anos no ramo da produção de sementes assim conseguiu aprimorar e produzir sementes com alto padrão de qualidade física, genética, sanitária e fisiológica. Nos anos de 1960 Sr. Mario José Basso iniciou seus trabalhos no município de Vacaria produzindo trigo e aveia. Ao passar da década iniciou o cultivo de trigo mourisco e soja. Um dos co-fundadores da Apassul (associação de produtores de sementes do RS) começou a produção de sementes fiscalizadas. A tradição passou de pai para filho, em 1982 o Eng. Agrônomo Raul Basso dá início a uma nova era na agricultura da região introduzindo o plantio direto e a rotação de culturas. Aprimorando cada vez mais a diversificação de cultivos chegou a ter ciclos de 9 anos de rotação com culturas como milho, feijão, pipoca, canola, cevada, nabo forrageiro, aveia branca, aveia preta, ervilha, linhaça e centeio com a finalidade de produzir sementes mais sadias, dar vida ao solo e diversificar a receita da empresa. A rotação de culturas complexa, baseada em gramíneas tanto no verão quanto no inverno reduz a fonte de inóculo proveniente da palhada. Desta maneira elimina-se uma forma de
disseminação dos fungos necrotróficos e o alvo para controle de doenças são fontes de inóculo via semente e pelo vento. Sanidade tem sido atualmente a busca da empresa, desta forma realizam-se testes de patologia dos lotes para poder se recomendar o melhor tratamento de sementes para eliminar os patógenos presentes na semente e assim dá-se um início a um círculo de maior sanidade. A empresa produz sementes de soja, feijão, aveia branca, aveia preta e trigo em lavouras 100% próprias, com campos a 940 metros de altitude e frio extremo durante o inverno assim garantindo um ótimo armazenamento e índices altíssimo de germinação e vigor. O desafio é mostrar ao agricultor os benefícios de sementes com diferenciais e valorizar este tipo de produto pois o mercado de semente tem como maior concorrente a semente salva e pirata, onde realmente não existe nenhum tipo de padrão nem segurança. Disseminação de doenças via semente é um problema sério, conhecendo e atestando a sanidade da semente utiliza-se fungicidas específicos e com doses corretas para os patógenos identificados. Possibilidades de até reduzir custos pois sementes mais sadias podem necessitar menos tipos de fungicidas ou até mesmo trabalhar com a dose limiar mínima indicada pelo fabricante do produto. A Sementes Com Vigor acredita no uso racional de produtos químicos e que a diversidade
de cultivos traz sanidade para o solo e ambiente.
15 - Revista Agricultura & Engenharia
Governo
Ministra Kátia Abreu
“A nossa perspectiva para 2016 é crescer de 1,5% a 2% novamente”
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agropecuária brasileira deve terminar 2015 com expansão de 2%, segundo a ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento). “A nossa perspectiva para 2016 é crescer de 1,5% a 2% novamente”. Ela também destacou os ganhos de produtividade do setor (aumento da produção em uma área de tamanho igual por meio do emprego de tecnologia). A Kátia Abreu falou ainda sobre desenvolvimento da região do Matopiba – formada pelo Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia –, regularização fundiária e desmatamento. 16 - Revista Agricultura & Engenharia
“Matopiba é grande oportunidade para o Brasil”
INVESTIMENTOS "Este ano, ainda estamos em ritmo de crescimento. Terminaremos o ano crescendo 2%, diferente de outros setores. A nossa perspectiva para 2016 é crescer de 1,5% a 2% novamente. Estes são indicadores e análises dos Estados Unidos e nós esperamos um crescimento de produtividade maior do que isso. É crescer 2% em área ou em produção, através não só da ampliação de área, mas também pelo aumento da produtividade no mesmo espaço de chão. O fato dos produtores, este ano, terem recuado na procura de crédito de investimento, eu aplaudo, pois em época de crise não é momento de fazer grandes investimentos. As pessoas ficam mais cautelosas. Nos últimos quatro anos do governo da presidente Dilma, foram financiadas 300 mil máquinas, 60 mil por ano. No governo Lula, foram 30 mil máquinas/ano. Então, nossos produtores estão bem abastecidos de maquinários e no ano
que vem esperamos que melhore a economia e que possamos ver a retomada dos investimentos em máquinas e implementos agrícolas."
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA "Nós estamos trabalhando duramente nisto. Porque se eu pudesse fazer uma lista do que é importante para um estado e um país se desenvolver, colocaria a regularização fundiária. Não adianta ter estrada se eu não tenho produção para passar nas estradas. Regularização fundiária significa direito de propriedade, segurança jurídica e investimento. Aqui, nós estamos trabalhando com a SPU, através do Ministério do Planejamento, para encontrarmos uma solução e fazermos uma experiência no Bico do Papagaio, no sul do Maranhão e no sul do Pará. Essas áreas já estão mapeadas."
17 - Revista Agricultura & Engenharia
Governo
DESMATAMENTO "O que eu disse, na verdade, não foi um estímulo ao desmatamento. O que eu disse, na entrevista coletiva, é que utopia seria produzir sem ter desmatado. Então, nós não desmatamos para jogar terras ao vento, nós tratamos este assunto com seriedade. Então, eu disse que fazer agricultura sem desmate é uma uto-
pia, porque eu não consigo plantar em cima das árvores, não consigo criar gado no meio da floresta. Qual era a opção então? Era não plantar nada? Era não sermos produtores de alimentos? Todos sabemos que o agronegócio é o segmento que está segurando o emprego e a balança comercial brasileira. Não estava incentivando desmatamentos no futuro, nem desmatamento ilegal. Outro ponto importante que tem que ser considerado – e eu não quero tratar este assunto com hipocrisia – é que o antigo e o atual Código Florestal Brasileiro permitem o desmatamento em certas áreas com licenciamento. Então, eu defendo a legalidade e que nós possamos estimular os produtores a tirar tudo da terra que já está desmatada para que possamos aproveitá-la da melhor forma possível."
MATOPIBA "O Tocantins teve duas grandes oportunidades. A primeira foi durante sua criação, onde nós tivemos toda uma condição, uma energia muito positiva de mudança de patamar, de mudança de vida, de mudança de realidade. E agora estamos tendo a segunda oportunidade – e talvez a última tão significativa para que esse boom aconte ça. Não é para a ministra, é para o governo brasileiro. Nós temos 73 milhões de hectares nos quatro estados, sendo que 35 milhões de hectares são agricultáveis. Aí você poderia me perguntar: “como é que eu sei se isso é muito ou pouco?” É só você lembrar que toda a produção de grãos do Brasil é produzida em 50 milhões de hectares. Você também poderia me perguntar: “vai haver desmatamento ilegal?” Não! Nós não estamos apoiando isso, nós estamos incentivando e aguardando que as áreas degradadas de pecuária possam ser transformadas em agricultura. Outro ponto importante: dos cinco maiores rios do Brasil, dois estão no Matopiba, que são o Araguaia e o Tocantins. Se nós fizermos a irrigação, nós teremos uma grande área no Tocantins, no Matopiba irrigável. Nosso objetivo, então, é que a última fronteira agrícola do país e do mundo seja tratada de forma adequada, como as outras não foram. No Matopiba, nós queremos corrigir esta distorção.”
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A ES
presente no dia-a20 - Revista Agricultura & Engenharia
SALQ
-dia da sociedade 21 - Revista Agricultura & Engenharia
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Conheça a ESALQ/USP
U
m dos desafios de uma instituição pública como a Universidade de São Paulo (USP) é potencializar seu conjunto de competências e habilidades constituídos internamente em prol da sociedade. Unidade fundadora da USP, a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), notabilizou-se historicamente por suas contribuições nas ciências agrárias. Nos dois últimos anos, a ESALQ foi reconhecida como uma das melhores instituições do mundo nessa esfera do conhecimento. Segundo o U.S. News and World Report um dos principais rankings internacionais de instituições de ensino, pesquisa e extensão, a ESALQ figura em 5º lugar por sua atuação em áreas como agronomia, ciências dos alimentos, nutrição, produtos lácteos e horticultura. Neste ranking geral das universidades, que considera 10 indicadores que medem o desempenho da pesquisa acadêmica e suas reputações globais e regionais, a USP obteve a 117ª posição entre as melhores instituições de nível superior do mundo e a primeira na América Latina. Na avaliação global, a ESALQ ocupa a melhor posição relativa da USP em qualquer área do conhecimento avaliada. Nas últimas duas décadas, no entanto, a ESALQ ampliou o escopo de atuação com a criação de novos cursos de graduação e programas de pós-graduação. Essas medidas possibilitaram à Escola continuar formando profissionais capacitados e permitiu, sobremaneira, alcançar novas áreas do conhecimento. Estruturada em doze departamentos, a ESALQ é líder em ciências agrárias, mas sua competência hoje pode ser sinalizada em esferas como logística e transporte, educação, saúde, produção animal, meio ambiente, macro e microeconomia, biologia, gestão, genética, matemática e estatística, energia, segurança alimentar, silvicultura, entre outras. Portanto, a ESALQ mantém sua missão de formar profissionais qualificados, que estão a todo momento contribuindo para uma sociedade mais sustentável. Seja nas ciências agrárias, ambientais, ou sociais aplicadas, esta instituição preserva ainda o compromisso de produzir conhecimento em prol do cidadão e assim se faz presente no dia a dia das famílias, seja em ambiente rural ou urbano. A seguir, elencamos iniciativas pontuais desenvolvidas em nossos departamentos que podem, ou poderão em um futuro breve, serem percebidas pela comunidade como agentes facilitadores de um mundo melhor.
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Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição – As atividades de pesquisa deste departamento são agrupadas nas áreas de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Fermentação de alimentos de origem animal e vegetal, Nutrição e Saúde Pública, e Biotecnologia de alimentos e bebidas. São realizadas estudos sobre segurança alimentar e nutricional e suas aplicações na sociedade, prospecção de produtos e reaproveitamento de matéria prima que possam contribuir com a saúde da população e o melhoramento de processos na indústria de alimentos.
Projetos – ● Caracterização e aplicação de subprodutos de frutas no desenvolvimento de hambúrguer
bovino ● Biscoitos amantegados isentos de açúcar de adição elaborados com polpa e semente de jaca ● Aumento da qualidade global da mortadela reformulada com adição de gordura vegetal e marinha em substituição à gordura animal
Departamento de Ciência do Solo Projetos –
– Este departamento desenvolve pesquisas relacionadas ao processo de degradação, manejo e recuperação de solos, microbiologia, de solos, geologia, planejamento do uso da terra nos diferentes biomas (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal, Manguezais, Restingas, Campus Rupestres), nutrição de plantas, qualidade do solo, entre outros.
● O grupo GeoCis (Geotecnologias Em Ciência do solo) vem desenvolvendo o mapeamento de solos do município de Piracicaba via geotecnologias. No caso, a estratégia é a de mapear a textura do solo via satélite com 70% de acerto. Tal produto poderá auxiliar no planejamento e gestão das áreas agrícolas e de produção. ● Projeto em parceria com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), realizou estudos que definiram valores de referência da presença de elementos como o chumbo, por exemplo, para que uma área passasse a ser considerada contaminada exigindo intervenção. Avaliação do teor de determinado elemento pode atingir uma
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Capa planta ou chegar até um lençol freático e ter reflexos na saúde humana. Estudo foi expandido para o Mato Grosso, Rondônia e Pará. ● Estudo mapeia quanto de palha da cana-de-açúcar deve ser encaminhado para a geração de energia e produção de etanol de segunda geração e quanto deve permanecer no solo e garantir níveis globais de produti-
vidade. Sistema Integrado para Tomada de Decisão Sobre a Quantidade de Palha (Sispalha), com objetivo de avaliar as quantidades para a produção de etanol celulósico e bioenergia e a mantida no campo, com intenção de promover a qualidade do solo e sua relação com a produtividade da cultura.
Departamento de Ciências Biológicas
– Os docentes deste departamento estão envolvidos com projetos nas áreas de Botânica, Ecologia Vegetal e Zoologia de Vertebrados. Também há inserção em pesquisas aplicadas de Biotecnologia, Fisiologia de Pós-colheita e Recuperação de Áreas Degradadas. Entre outros exemplos, há estudos com plantas medicinais, aromáticas e condimentares, presença de cianobactérias em reservatórios de água para consumo humano, estresse em plantas, conservação de anfíbios e répteis, florística e ecologia de comunidades florestais remanescentes com importante aplicação na restauração de áreas degradadas etc.
Projetos –
– Estão contempladas neste departamento as pesquisas das áreas de Matemática, Estatística e Química. Assim são desenvolvidos estudos de desenvolvimento e comparação de técnicas e modelos estatísticos para análise de dados, estatística experimental, caracterização e uso agronômico de resíduos industriais e urbanos, análise de fertilizantes e corretivos, comportamento de metais pe-
sados no ambiente, fungos para aplicação agronômica, entre outros.
● Coordenação da área de mamíferos para elaboração do Catálogo Taxonômico da Fauna Brasileira, iniciativa da Sociedade Brasileira de Zoologia e Ministério do Meio Ambiente e Ministério de Ciência e Tecnologia ● Envolvimento de dois docentes em um grupo da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) na discussão de melhorias do projeto de reforma do Código Florestal Brasileiro ● Análise da família floral da Asteraceae quanto ao seu potencial farmacológico.
Departamento de Ciências Exatas Projetos –
● CSI: realizado no Laboratório de Química, mostra para estudantes do ensino médio a importância dessa ciência no cotidiano
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Departamento de Ciências Florestais – Em sintonia com as demandas sociais, as atividades de pesquisa deste departamento visam o desenvolvimento de tecnologias capazes de preservar e restaurar os ecossistemas florestais e criar novos instrumentos de planejamento e gestão ambiental. Assim os estudos em andamento contribuem com a solução de questões prementes como o desracicaba matamento, a poluição do ar, a contamina● estudo dos ventos, solo e quedas de árvoção dos solos e dos recursos hídricos. res na cidade de Piracicaba. Essa pesquisa inclui modelagem microclimática e estudo do tecido urbano da cidade para prevenir Projetos – quedas das árvores em nossas vias públicas ● avaliação e planejamento da arborização e poderá ser aplicada nas cidades brasileide vias públicas em bairros da cidade de Pi- ras.
Departamento de Economia, Administração e Sociologia
Departamento de Engenharia de Biossistemas
– As principais linhas de pesquisa são: Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, Logística, Mercados Financeiros, Extensão rural, Capital Humano, Educação, Saúde e Nutrição, Mercado de Trabalho, Comercio Internacional, Direito e Economia, Distribuição de Renda, Agricultura Familiar, entre outras
– Desenvolve três linhas de pesquisa: Ambiente, Gestão e Tecnologia, com atuação nas áreas de Hidráulica, Mecânica, Máquinas Agrícolas, Física e Meteorologia, Construções Rurais, Topografia e Sensoreamento Remoto, Agricultura de precisão, Bioenergia, Recursos Hídricos.
Projetos –
Projetos –
● Análise mensal do mercado de terrenos em Piracicaba. O objetivo é acompanhar a evolução dos preços do metro quadrado (m²) de terreno em alguns dos bairros da cidade de Piracicaba. Mensalmente, são coletados, nos sites das imobiliárias e nos jornais, os preços do metro quadrado dos terrenos e feita a análise de sua evolução. O boletim informativo é publicado no site do PECEGE.
● Liderança nacional de estudos e implantação de técnicas relacionadas à agricultura de precisão. ● Participação no Comitê de Bacias Hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiai, gerando índices para aperfeiçoamento de processos de cobrança pelo uso da água no meio rural
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Projetos –
Departamento de Entomologia e Acarologia – Desenvolve pesquisas em três linhas princi-
pais: Taxonomia e Bioecologia; Interações artrópodes-plantas-micro-organismos; Estratégias de manejo integrado de pragas. Estudos abrangem biologia de insetos, ecologia química, insetos úteis, controle biológico, resistência de plantas, biodiversidade da mosca-da-fruta, manejo de pragas em citros, comportamento de insetos, entre outros.
Projetos – ● Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Semioquímicos na Agricultura ● Controle biológico e manejo sustentável de pragas agrícolas que atacam soja, milho, algodão, cana, citros, frutas
Departamento de Fitopatologia e Nematologia
● Controle de doenças dos citros, com resultados que contribuíram para seus manejos e para a formulação de políticas públicas de defesa vegetal ● Manejo de doenças viróticas em cucurbitáceas e maracujazeiro. Projeto avalia a viabilidade prática e econômica da condução individual de maracujazeiros em caramanchões, associada com a erradicação sistemática das plantas doentes.
Departamento de Genética – As linhas de pesquisa estão consolidadas nas áreas de Biologia Evolutiva e Citogenética, Genética Biométrica, Genética de micro-organismos, Genética e Biologia Molecular, Genética Fisiológica e Bioquímica, Genética Quantitativa e Melhoramento de Plantas. Neste departamento são desenvolvidos projetos com uso de marcadores moleculares, mapeamento e suas aplicações no melhoramento genético, produção de plantas transgências, genômica, bioinformática.
Projetos – ● Genômica funcional aplicada à descoberta de genes de resistência a ferrugem do eucalipto ● Subsídios para avaliação de biossegurança de cultivares geneticamente modificados de cana
– A produção científica deste departamento está baseada na Etiologia e diversidade de agentes causadores de doenças na agricultura, Epidemiologia e controle de doenças tropicais e de pós-colheita, Resistência de plantas aos patógenos. 27 - Revista Agricultura & Engenharia
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Departamento de Produção Vegetal – Estruturado em grupos de pesquisa que atuam nas linhas Ciência e tecnologia da produção de frutíferas, olerícolas, ornamentais e paisagismo; Ciência e tecnologia da produção de plantas extrativas, alimentícias, estimulantes, fibrosas, oleaginosas e sistemas agroflorestais; Ciência e tecnologia de sementes; Sistemas de produção, manejo de plantas daninhas e modelagem na agricultura.
Projetos – ● Agricultura, Horticultura e tecnologia de Sementes ● Planejamento Paisagístico, Plantas ornamentais, Conservação pós-colheita de Flores de Corte, Arborização Urbana.
Departamento de Zootecnia – Abrange estudos sobre bovinocultura de corte e leiteira, ovinocultura, caprinocultura, suinocultura, avicultura, piscicultura, forragicultura, melhoramento genético, reprodução animal, metabolismo muscular e qualidade da carne, entre outros.
Projetos – ● A influência do homem na mastite: Foram estudados a influência do produtor e dos seus empregados na qualidade do leite, mais especificamente sobre a presença de células somáticas no leite. As células somáticas são células do sangue que migram para o leite quando na presença de bactérias causadoras de infecção na glândula mamária. O estudo mostrou que produtores motivados são mais dedicados ao negócio e isto leva à produção de leite de melhor qualidade. ● Como ter sucesso na pecuária de leite – o Sistema MDA de melhoria da produtividade e da qualidade do leite. O Sistema MDA é um sistema gerencial fundamentado na liderança do produtor e no seu comportamento para atrair e reter bons funcionários, na padronização das tarefas de rotina, no acompanhamento das tarefas e dos seus resultados.
ESALQ em números Área territorial total: 3.825,4 hectares (corresponde a 48,85% da área total da USP) Área do Campus "Luiz de Queiroz" (Piracicaba): 914,5 hectares Área de estações experimentais em Anhembi, Anhumas e Itatinga: 2.910,9 hectares Departamentos: 12 Laboratórios: 150 Área construída no Campus "Luiz de Queiroz": 171.124,80 m2
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Empresas da ESALQTec
são destaques em inovação tecnológica e empreendedorismo
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á 10 anos atuando, a ESALQTec Incubadora Tecnológica, um projeto da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/ ESALQ) e da Fundação de Estudos Agrários "Luiz de Queiroz" (Fealq), foi berço de diversas empresas de sucesso que atuam na área de inovação tecnológica para o Agronegócio, como é o caso da Promip. Fundada em 2006 na própria incubadora, foi a segunda empresa residente a ser instalada e Graduada em 2013. Atualmente é associada na ESALQTec. Especializada em biotecnologia, a empresa comandada pelo seu CEO, Engenheiro Agrônomo Marcelo Poletti, foi convidada a apresentar o seu projeto como exemplo de "case" de sucesso em um evento que o reuniu o governador Geraldo Alckmin, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, Márcio França, e a subsecretária de Ciência, Tecnologia e Inovação, Ana Abreu em Janeiro deste ano, no Palácio dos Bandeirantes em São Paulo. O evento contou ainda com a presença de outras autoridades, como os prefeitos de Campinas, São José do Rio Preto, Santo André e Botucatu, além de reitores de universidades e representantes de parques tecnológicos. Nos seus discursos, o governador e seu vice demonstraram entusiasmo com os resultados da empresa, como exemplo concreto da parceria com a pesquisa desenvolvida nas universidades paulistas. Poletti explica que a Promip esteve representando todas as empresas apoiadas por programas de apoio tecnológico e de investimentos do governo paulista. No início
da sua apresentação, destacou as origens e o apoio recebido da ESALQ como fundamental, pois o seu projeto nasceu das pesquisas realizadas no departamento de Entomologia, quando realizava o doutorado junto ao seu sócio e também atual diretor da Promip, Roberto Kono, Engenheiro Agrônomo e egresso da ESALQ. Para nós foi extremamente produtivo. Iniciamos 10 anos atrás, tivemos essa passagem pela ESALQTec. O sucesso é a comprovação da importância em ter iniciado as atividades numa incubadora de empresas”, diz. O foco das pesquisas atualmente está na entomologia, fitopatologia e plantas daninhas. A empresa comercializa cinco produtos registrados no Ministério da Agricultura, além da prestação de serviços. “Estamos em contínuo desenvolvimento, em breve vamos ampliar nossa linha com dois novos produtos. Temos hoje 60 funcionários e pretendemos aumentar, principalmente, a parte de atendimento e suporte técnico, o que favorece o nosso serviço”, conta Poletti. Startup de valor – Atualmente residente na ESALQTec, a Max Protein desenvolve pesquisas e produz proteicos de alta solubilidade para alimentação animal (extraídos de oleaginosas como algodão e soja). Recentemente recebeu uma excelente notícia: foi classificada pelo “Open 100 Startups” como uma das 100 startups brasileiras mais atraentes do mercado. O movimento 100 Open Startups conecta as startups com a estratégia de inovação das grandes empresas em busca de soluções e oportunidades para os desafios da sociedade e do mercado. “Figurar entre as 100 startups mais atraentes do
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mercado significa um grande salto em nossos projetos em termos de reconhecimento e de visibilidade e potencial de negócios. A Maxprotein está classificada como a 32ª startup mais atraente na categoria “Desafio Aberto”, onde mais de 60% das empresas atuam na área da sociedade da informação, e primeira colocada na categoria “Agronegócio”, o que é motivo de orgulho para todos nós”, diz Antônio Roberto de Godói, um dos sócios da empresa. Para a elaboração do produto e das pesquisas, a Max Protein foi contemplada por uma bolsa da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), por meio do PIPE (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas) e aguarda a confirmação da segunda fase do programa. Godói destaca o papel da ESALQTec no desenvolvimento do projeto e na busca da empresa por consolidação no mercado: “Ser empresa incubada na ESALQTec significa ter uma enorme janela aberta para o mundo da pesquisa, desenvolvimento, inovação tecnológica , além da iniciação segura do seu empreendimento dentro da área do agronegócio nacional e internacional. Sempre seremos muito gratos à ESALQTec e a todo o seu pessoal”, afirma. Atualmente a empresa encontra-se em fase de ampliação e adequação de uma planta piloto para semi-industrial, em Piracicaba. A empresa irá se graduar neste ano, na ocasião dos eventos de comemoração dos 10 anos da incubadora. Tecnologia contra a dengue – O Brasil atualmente vive um surto de dengue. Só ano passado foram registrados mais de 1,5 milhões de casos. A Oxitec, Associada da ESALQTec, é uma empresa de origem britânica pioneira no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela. Desenvolve uma linhagem de mosquitos machos com um gene que faz todas as larvas descendentes – machos ou fêmeas – morrerem antes
de chegar à fase adulta, evitando a proliferação. No ano passado, a empresa iniciou um trabalho experimental em Piracicaba, no bairro CECAP/Eldorado, espalhando os mosquitos geneticamente modificados que competem com os machos selvagens para a cópula. Em Janeiro, a Prefeitura de Piracicaba anunciou a redução de mais de 80% das larvas do Aedes aegypti na região. Estes resultados foram destaque em diversos veículos de comunicação no Brasil e exterior. De acordo com o Engenheiro Agrônomo Guilherme Trivellato, gerente do projeto e egresso da ESALQ, a Oxitec pretende ampliar por mais um ano o teste experimental na área central da cidade. Nós temos agora esse projeto de expansão para o centro da cidade, e vamos inaugurar em breve uma unidade da empresa em Piracicaba”, diz. Segundo Trivellato, outros municípios se interessaram pelo projeto, mas a escolha por Piracicaba se deu ao fato da cidade ser um polo tecnológico e um importante centro de pesquisas. A nova unidade deverá gerar mais de 100 empregos e investimentos de grandes recursos financeiros no município. Sentimento de "Orgulho e Dever Cumprido” – O Gerente Executivo da ESALQTec, Engenheiro Agrônomo Sergio Marcus Barbosa, destaca a qualidade dos projetos que a incubadora abriga: "Os exemplos da Promip e da Maxprotein tiveram a colaboração de pesquisas realizadas na ESALQ/USP. Esta é uma contribuição da universidade para a sociedade, que através dos impostos, obtém retorno com inovações tecnológicas e formação de profissionais qualificados, resultando em sustentabilidade na produção e melhoria da qualidade dos alimentos. Estas empresas, com seus produtos de alto valor agregado, geram riqueza para o estado de São Paulo e geração de trabalho e renda", ressalta.
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Maciez da carne bovina é tema de pesquisa na ESALQ
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ma das principais responsáveis por atribuir valor à carne bovina, a maciez do alimento foi foco da pesquisa orientada pelo professor Luiz Lehmann Coutinho, do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ). Realizada no Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal e Pastagens, a pesquisa teve como objetivo analisar a qualidade do produto, viabilizando possíveis melhorias para a indústria alimentícia, considerando a alta competitividade e exigência do mercado nacional e internacional. No estudo, o professor e seus orientados, Tássia Mangetti Gonçalves e Vinícius Henrique da Silva, utilizaram como objeto de análise a raça Nelore, que representa cerca de 80% do gado brasileiro. “Entre outras vantagens, a raça Nelore é amplamente utilizada principalmente devido a sua adaptabilidade ao clima tropical”, esclareceu Tássia.
pesquisa mostraram que a maciez da carne pode ser regulada por muitas vias metabólicas, com destaque para a via da apoptose. “Alguns genes encontrados estão de acordo com o que já foi descrito na literatura para bovinos de raças taurinas, mas há diferenças entre outros, o que mostra que outros genes podem ser responsáveis pela maciez da carne em animais de raças zebuínas”, explicou. Com a integração de dados das análises de biologia de sistemas, também foi possível identificar dois microRNAs como potenciais reguladores da maciez. Tássia ainda reforçou que o estudo é benéfico para o agronegócio e para a economia do país. “Com o uso de informações genômicas no melhoramento, há o aumento de ganhos genéticos e a acurácia da seleção, gerando uma nova era na ciência animal”, destacou. Segundo o IBGE, o Brasil tem o maior rebanho comercial e é o maior exportador de carne in natura. A pesquisa foi realizada em parceria com a Embrapa Pecuária Sudeste, com coordenação da pesquisadora Luciana Correia de Almeida Regitano, e também contou com apoio de universidades nacionais como a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), além de internacionais como a Iowa State University (ISU) e a Ludwig-Maximilians-Universität, em Munique, na Alemanha.
O primeiro objetivo do grupo foi mapear no genoma da população Nelore um tipo de variação genética recém descoberta e que diz respeito ao número de cópias que certos segmentos do DNA possuem. “De maneira simplificada, significa que buscamos quais animais tinham certos genes deletados e quais tinham os mesmos genes com muito mais cópias do que um animal considerado comum”, salientou Vinícius. O segundo objeFinanciados pela CAPES e pela FAtivo foi analisar o impacto fisiológico e feno- PESP, os estudos duraram três anos e foram típico advindo da ausência ou da abundân- apresentados em congressos internacionais, cia desses genes. incluindo o 10th World Congress on Genetics Applied to Livestock Production (WCGALP) De acordo com Tássia, os resultados da em 2014, em Vancouver, no Canadá. 32 - Revista Agricultura & Engenharia
Agromercado
John Deere lança nova Série de forrageiras Entre os benefícios estão o alto desempenho operacional, o baixo custo de operação e manutenção, com excelente qualidade da forragem colhida
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egundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB da pecuária continua apresentando alta expansão e registrou alta de 7,09%, no acumulado de 12 meses até o início de 2015. Expandindo-se por mais de 170 milhões de hectares, a atividade é considerada a que mais ocupa solos e gera mais oportunidades para o aumento de produtividade e redução das emissões de carbono. O notável crescimento da produção de grãos, principalmente da soja, tem sido a alavanca no processo de transformação do agronegócio brasileiro. A expansão das áreas cultivadas de soja empurra a pecuária para sistemas de produção mais intensivos, onde a transformação de insumos em leite e carne de forma economicamente eficiente ocupam rapidamente o lugar da pecuária de baixa produtividade, na qual não se consegue produção em escala e padrões mínimos de qualidade para agregação de valor. A silagem de milho é o principal volume empregado no sistema mais intensivo de produção de carne e, principalmente de leite. Estima-
tivas revelam que a área de lavoura destinada a produção de silagem é de cerca de 2,25 milhões de hectares, algo em torno de 15% da área total de milho no país. Para um mercado tão importante e considerado cada vez mais promissor, a John Deere desenvolveu uma nova Série de forrageiras, que foram apresentadas pela primeira vez na Expointer (RS) e já estão disponíveis para a safra de 2015/16. “A Série 8000 traz um conceito completamente novo, não sendo apenas uma atualização da consagrada 7380. São três modelos disponíveis, com as mais variadas configurações, para atender todos os perfis de clientes que produzem silagem e de prestadores de serviço em colheita de forragem”, ressalta Thércio Freitas, gerente de Marketing Estratégico – segmento Pecuária da John Deere Brasil. As máquinas da Série 8000 foram desenvolvidas para ter mais desempenho operacional. Além do novo design e estrutura, elas apresentam uma forma de transferência de força que exige menos potência do motor, que associada a transmissão ProDrive, permite maior velocidade de deslocamento para colher e picar a forragem.
Sobre a John Deere A Deere & Company (NYSE: DE) é líder mundial no fornecimento de serviços e produtos avançados e está comprometida com o sucesso dos clientes ligado à terra, que cultivam, colhem, transformam e enriquecem a terra para enfrentar a crescente demanda mundial por alimentos, combustíveis, habitação e infraestrutura. Desde sua fundação, em 1837, a John Deere tem oferecido produtos inovadores de alta qualidade, contribuindo para a construção de uma tradição de integridade. Para mais informações, visite a John Deere pelo site www.JohnDeere. com ou, no Brasil, www.JohnDeere.com.br.
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Agromercado
Tecnologias Bayer para soja são destaques na Tecnoagro 2016
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Bayer lançou na 19ª Tecnoagro, evento promovido pela Fundação Chapadão, em Chapadão do Sul (MS), as sementes de soja CredenzTM, sua marca global que acaba de ser anunciada no Brasil. Outra novidade, que será apresentada, é a tecnologia LibertyLink®, inserida em 11 variedades de soja e que permite maior seletividade no uso do herbicida Liberty®, para o manejo de plantas daninhas resistentes ou de difícil controle. Para completar o leque de novidades que ajudarão a viabilizar todo potencial produtivo das lavouras de soja, estarão presentes as Estações Meteorológicas e o projeto De Primeira Sem Dúvida, além de informações relevantes sobre as tecnologias da Bayer para a proteção das sementes. "Marcaremos presença nesta edição da Tecnoagro com importantes novidades focadas na cultura da soja. Os produtores do Mato Grosso do Sul poderão conhecer mais nossas ferramentas e o nosso time, que estão à disposição para ajudá-los a produzirem mais e melhor”, destaca Rafael Barbiero, Agrônomo de Desenvolvimento de Mercado da Bayer. O Mato Grosso do Sul é estratégico para a Bayer, pois tem uma grande vocação agrícola. “Lançar nossa marca de soja CredenzTM e a tecnologia LibertyLink® durante a Tecnoagro é uma grande oportunidade de contribuir com essa expertise dos agricultores sulmatogrossenses”, complementa Barbiero. Os participantes da Tecnoagro 2016
souberão um pouco mais sobre as tecnologias da Bayer para o tratamento de sementes, que contribuem para a proteção das sementes e a importância deste processo para viabilizar a germinação no solo, com o controle de pragas e doenças de solo. Outro ponto forte da participação da empresa são as Estações Meteorológicas, que estarão disponíveis no estande da Bayer durante a Tecnoagro. Essas tecnologias permitem ao agricultor ter dados locais das mudanças climáticas, o que contribui para uma tomada de decisão sobre o uso de insumos e manejo das lavouras. “Monitoramento faz parte do manejo e é essencial para que o produtor tenha bons índices produtivos”, comenta Barbiero. Outro aliado do campo nesta análise da lavoura é o projeto De Primeira, Sem Dúvida no qual, por meio de um monitoramento 24 horas, é possível avaliar o melhor momento para aplicação de defensivos na quantidade e na hora mais adequada. A Bayer leva, ainda, o Programa de Pontos, iniciativa que possui mais de 45 mil agricultores cadastrados pelo Brasil. A plataforma permite que o agricultor acumule pontos na compra de produtos da empresa e troque por serviços comos consultorias e treinamentos, além de equipamentos que podem ser usados com foco na produção agrícola. “Com o Programa de Pontos, conseguimos atender os médios e pequenos agricultores que nem sempre têm contato direto com a empresa. É uma forma de aproximar os elos da cadeia produtiva e oferecer serviços e treinamentos para o agricultor”, explica Barbiero.
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Jacto apresenta novo pulverizador Condor 800 AM 18
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radicional família de pulverizadores, a linha Condor amplia seu portfólio com o novo modelo Condor 800 com barras de 18 metros, que proporcionam maior produtividade e reduz o amassamento dos cultivos. A tradicional família de pulverizadores, a linha Condor amplia seu portfólio com o lançamento do Condor 800 AM 18. Suas barras de 18 metros proporcionam mais produtividade e reduzem o amassamento dos cultivos. O produto foi apresentado na Expodireto Cotrijal. O equipamento veio atender as expectativas do mercado, uma vez que produtores foram ouvidos no processo de desenvolvimento para que suas necessidades fossem incorporadas nesse novo produto. O Condor 800 tem barras de 18 metros com acionamento hidráulico que proporcionam alta capacidade operacional, sendo 17% mais rápido no mesmo tempo de cobertura da área de atuação e reduzem perdas de amassamento dos cultivos em até 22%. Juntamente com o lançamento do Condor AM 18, a Jacto reforça a campanha de comandos elétricos e eletrônicos para os equipamentos dessa linha, com condições especiais que visam oferecer mais tecnologia aos equipamentos com preços mais atrativos e garantia de aquisição de peças originais Jacto. “ Os agricultores tem buscado cada vez mais tecnologias que visam aumentar a produtividade e, principalmente na agricultu-
ra familiar, também o aumento do conforto, segurança e praticidade das operações. Por isso, esse novo modelo e as condições especiais dos opcionais vêm ao encontro dessas necessidades. Os produtores terão oportunidade de adquirir um equipamento com maior tecnologia e produtividade, contar com a garantia integral da Jacto, disponibilidade de peças de reposição e facilidade de venda futura, quando o equipamento estiver usado.”, explica Paulo Henrique Bueno, gerente de produtos da linha de pulverizadores tratorizados da Jacto. O comando elétrico agiliza as operações de abertura e fechamento das barras e o acionamento da pulverização, facilitando também o acople do pulverizador ao trator, principalmente naqueles que possuem cabines. O comando eletrônico possui as facilidades do comando elétrico e ainda controla automaticamente a vazão, mantendo os l/ha constantes, fornecendo diversas informações como área aplicada, volume aplicado, entre outras, que facilitam o gerenciamento das operações.
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Entrevista
José Rodrigues Pinheiro Dória
Secretário Nacional de Irrigação
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secretário é administrador com ênfase em Gestão de Recursos Humanos e pós-graduado em Administração Pública e Gerência de Cidades. Ocupou o cargo de Secretário do Estado Adjunto de Transporte e Obras Públicas do Governo de Minas Gerais, onde também atuou na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Foi também vice-presidente da Fundação Rural Mineira (Ruralminas) e tem como destaque na carreira sua atuação na implementação de projetos de inovação, gestão de planejamento e desenvolvimento gerencial, principalmente no período em que trabalhou na CBTU. 36 - Revista Agricultura & Engenharia
Revista A&E - As recentes mudanças climáticas e seus impactos no regime de chuvas se apresentam como grande desafio, de forma especial para o produtor rural. A despeito das possibilidades de que se trate de um fato sazonal isolado, e por isso mesmo temporário, de que forma o produtor precisa se preparar para a possibilidade de que novos períodos de calor e estiagem se repitam, e qual a contribuição que a irrigação pode dar nessa questão? José Rodrigues - Sim, sem dúvida alguma todos nós já temos a consciência (o que era o mais difícil e que inclusive todos nós brigávamos para isso). A população, ao sentir na pele, teve uma consciência diferente e isso é o número um para que se economize água no momento. Mas a agricultura irrigada vem muito ao encontro desse momento, porque nós estamos preparando e procurando os Estados exatamente para isso, para que a forma de irrigação seja a mais econômica e eficaz possível. E temos condição de fazer isso, principalmente com níveis de formandos e profissionais, como saem dessa entidade, que vão estar no mercado. Nós precisamos informá-los e dar condições. Esses alunos são o material humano que vamos ter por gerações futuras e que saberá o que fazer e a Secretaria Nacional de Irrigação (Senir), a partir do Ministério da Integração, dará todas as condições de informações para que isso seja feito.
ficaram satisfeitos em São Paulo e se manifestaram a favor, porque é um Estado referência para toda a nação. A partir desse Plano Nacional de Irrigação, conjuntamente ao Plano Estadual de Irrigação, serão adotadas novas técnicas e novos modelos de irrigação, e, acima de tudo, aptidões dos Estados, porque ao plantar o correto em sua região, você também economiza água. Revista A&E: E de que forma instituições como a ESALQ podem contribuir para o sucesso de iniciativas como essa? José Rodrigues - Sem dúvida nenhuma a ESALQ é uma instituição de ensino como tantas outras no país que formam alunos com excelência, então nada melhor que você ir a um centro de formação para que os professores e mestres já comecem a intuir nos futuros agrônomos essa visão. Então, creio que a instituição de ensino seja fundamental.
Revista A&E: E dentro dessa perspectiva, que política tem sido desenvolvida no âmbito da secretaria para ajudar a combater o desperdício no campo e pra fomentar o aumento da conscientização junto ao produtor rural? José Rodrigues - O Ministério da Irrigação, por meio da Senir, vem desenvolvendo e estendendo um novo Plano Nacional de Irrigação. O ministro federal e a presidente
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Atualização
Agronegócio brasileiro vai responder por 10% do comércio mundial
A
participação do agronegócio brasileiro no comércio mundial saltará de 7,04% para 10% até 2018. A meta foi anunciada pela ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) durante entrevista coletiva à imprensa. O crescimento das exportações do setor, afirmou, será baseado em garantias sanitárias, produtividade e conquista de novos mercados. Para responder por 10% de todo o comércio agrícola no mundo – que em 2014 alcançou US$ 1,17 bilhão –, o Brasil continuará investindo em negociações comerciais e sanitárias com os 22 principais mercados internacionais que, juntos, representam 75% da atividade comercial mundial. Fazem parte desse grupo parceiros tradicionais do Brasil e que compõem o chamado “Big 5”, os cinco maiores importadores de alimentos no mundo: Estados Unidos, União Europeia, China, Rússia e Japão. “Somente essas nações são responsáveis por metade de todas as compras mundiais de produtos agropecuários”, disse a ministra, que ressaltou que o país precisará negociar um “mix” de acordos, tanto sanitários quanto tarifários. “Estamos com uma agenda bastante arrojada e agressiva para negociar barreiras sanitárias com nossos parceiros, mas isso não exclui a possibilidade de esses mesmos
países também firmarem acordos tarifários”, assinalou a ministra. “Nossa perspectiva é bastante real e conservadora para atingir a meta dos 10%.” Também fazem parte do hall de prioridades mercados ainda pouco acessados, mas que apresentam alto potencial de importação. Um exemplo é a Indonésia, que pode aumentar as compras de produtos brasileiros em 15% até 2018, principalmente de açúcar e soja. Destacam-se ainda a Arábia Saudita (com potencial de crescimento de 12,4%), a Tailândia (11,5%), o Egito (13,6%) e os Emirados Árabes Unidos (10,6%). Barreiras tarifárias A ministra apresentou dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mostram que o comércio mundial é feito cada vez mais por meio de acordos comercias, o que indica a necessidade de o Brasil priorizar esse tipo de negociação. Em 1998, 20% do comércio agrícola estava inserido em acordos de tarifas ou de cotas. Em 2009, esse percentual saltou para 40%. Em comparação com os 22 mercados prioritários mundiais, a média das tarifas brasileiras aplicadas a produtos agropecuários é baixa, de 10%. O pico está em 55%, provocado por apenas dois produtos, coco e pêssego em calda. Dados da Organização
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Mundial do Comércio (OMC) mostram ainda que o Brasil exporta mais para países com média de tarifária menor, com exceção dos Estados Unidos. Acordos sanitários e fitossanitários Os acordos sanitários e fitossanitários que serão conduzidos pelo Mapa em 2016 têm potencial para aumentar em US$ 2,5 bilhões ao ano as exportações do agronegócio brasileiro. O Mapa negocia com parceiros acordos que visam a harmonizar regras e facilitar procedimentos sanitários e fitossanitários, sem envolver tarifas ou cotas comerciais. As negociações concluídas em 2015 representaram potencial anual de US$ 1,9 bilhão em exportações e, para 2016, a expectativa é ainda maior: US$ 2,5 bilhões. A pasta projeta para 2016 a conclusão das negociações para exportação de carne suína para a Coreia do Sul, que se alonga há quase sete anos. Vai focar ainda no comércio de frutas para diversos países, como Japão, China e Índia e ainda abrir os mercados do Canadá e do México para a carne bovina in natura brasileira. A ministra destacou a iniciativa da Junta Interamericana de Agricultura de fazer um acordo para harmonização de procedimentos de avaliação de risco sanitário e fitossanitário entre os 34 países americanos. “Essa proposta, que é muito ambiciosa, vai favorecer o posicionamento conjunto da região em fóruns internacionais e aumentar o fluxo comercial entre as nações.”
rias que atualmente o Brasil negocia com o México. A lista de ofertas entre os dois países poderá ser ampliada para mais de 5 mil produtos, sendo 673 agrícolas. Destacou também o acordo Mercosul-Índia, que está em negociação. Mercados considerados pequenos também estão no radar do agronegócio brasileiro, destacou a ministra. “Nenhum país deve ser descartado porque tem pouco consumo. O somatório de cada mercado acaba fazendo a diferença na nossa balança comercial.”
Kátia Abreu também falou sobre o acordo de preferências tarifá-
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Atualização
Exportações brasileiras de frutas devem atingir US$ 1 bilhão até 2018
A
s exportações brasileiras de frutas podem atingir, até 2018, US$ 1 bilhão, com crescimento anual médio de 3,5%, segundo informou, nesta terça-feira (01/03), o presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos, durante encontro com o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins. Mesmo com as dificuldades conjunturais enfrentadas pela economia brasileira, disse Roberto Barcelos, as vendas externas de frutas apresentaram bom desempenho no ano passado: receita de US$ 735 milhões de toneladas e crescimento de 3,8% em comparação com 2014 (US$ 708 milhões). O presidente João Martins destacou a relevância da parceria entre a CNA e a Abrafrutas, que comemora neste mês dois anos de existência. Para o presidente da Associação, a atuação conjunta permitiu a valorizar e o fortalecer o segmento com o trabalho adicional da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA. Um dos resultados mais importantes da parceria, afirmou Luiz Roberto Barcelos, foi o projeto de promoção das exportações de frutas firmado com Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), com recursos no valor de R$ 4,2 milhões a serem aplicados no período 2014/2016, visando promover a abertura de novos mercados externos para a fruta brasileira. Outra ação conjunta entre a CNA e Abrafrutas, de grande importância para o setor, foi a criação do Programa Nacional de Combate a Mosca-das-Frutas, lançado no ano passado. O objetivo estratégico é o de monitorar, controlar e erradicar as principais espécies de mosca-das-frutas que têm provocado sérios prejuízos ao produtor. No total, serão investidos, por meio do programa, R$ 128 milhões, até 2018. Com esse investimento, a Abrafrutas espera aumentar a qualidade da fruta brasileira e, em consequência, estimular o consumo tanto interno quanto externo. Controle de pragas - A CNA e Abrafrutas
trabalham também na criação de um Centro de Controle Biológico da chamada MOSCASUL (Anastrepha Fraterculus). Os recursos financeiros necessários para o início do projeto já foram liberados pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, órgão subordinado ao MAPA. O Centro de Controle Biológico iniciou suas atividades sob a coordenação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Uva e Vinho). Em documento entregue pelo presidente da Abrafrutas a João Martins, foi destacado ainda a parceria com a CNA no encaminhamento de soluções para a crise hídrica ocorrida no Vale do São Francisco, onde a falta de chuvas ameaçou inviabilizar a produção de frutas na área. A solução foi encontrada com a participação do Ministério da Integração a partir do uso de bombas flutuantes que bombearam água do meio do reservatório até as estações de bombeamento dos perímetros. Outra ação importante, sempre com a colaboração da CNA, foi o lançamento da marca “Frutas do Brasil – Gifted by the Sun”, marca setorial da Abrafrutas voltada para o mercado externo. A Abrafrutas e a CNA conseguiram, quando da renovação do Sistema Geral de Preferência (SGP), dos Estados Unidos, a manutenção das frutas frescas brasileiras entre os produtos beneficiados. Em consequência dessa ação, houve redução tarifária para as exportações brasileiras de melão, papaya, manga, citrus e limão, para aquele país.
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A FUNDAG (Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, cujo propósito é promover e implementar a inovação no agronegócio brasileiro. Faz isso ao mediar a viabilização de convênios e parcerias entre setores do agronegócio. Ao longo de sua história promoveu mais de 1.700 projetos, em parceria com instituições privadas e públicas de renome no setor, como o Instituto Agronômico de Campinas, Instituto de Zootecnia, Instituto de Pesca, Instituto Biológico, Instituto Florestal, Fundecitrus, Instituto de Economia Agrícola, Unicamp, ESALQ-USP, entre outras. Não obstante, a Fundação compreende os novos desafios globais porvir e deseja se posicionar como uma das principais promotoras de inovação no setor agro do país. Pois acredita na capacidade que o setor possui de transformação na vida das pessoas. Nossa estrutura flexível e moderna permite atendimento personalizado e ágil junto às grandes empresas do segmento agrícola, instituições públicas e produtores rurais. Também auxiliamos na administração, execução técnica e na contabilidade financeira do projeto, bem como na promoção e divulgação dos resultados. Empresa, Instituto e Pesquisador, venham nos conhecer.
www.fundag.br fundag@fundag.br @fundag2 fundag.br (19) 3739-8035 Campinas-SP 41 - Revista Agricultura & Engenharia
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Atualização
Quanta água tem na carne
Você já ouviu falar dos famosos 15 mil litros de água necessários para se produzir um quilograma de carne vermelha. Uma afirmação que pode até ser verdadeira, mas que dita assim, fora do contexto e sem análises adicionais, é no mínimo, injusta
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os fóruns internacionais um dos temas recorrentes é o uso consciente da água, uma preocupação legítima, presente em qualquer lista de prioridades de governos, instituições ou pessoas. Na produção animal, a primeira abordagem sobre o uso dos recursos naturais foi proposta por William Rees e Mathis Wackernagel no início dos anos 1990. Eles criaram um indicador chamado pegada ecológica (PE) que indica a área em hectares necessária para a produção de um determinado produto. Mas foi somente em 2002 que Arjen Hoekstra, da Universidade de Twente (Holanda), introduziu um novo indicador e o batizou de pegada hídrica (PH) o volume de água usado durante a produção e o consumo de bens e serviços. A PH tornou possível a cada cidadão se autoavaliar como consumidor. Até aí, tudo certo. Cuidar do planeta é uma obrigação. Mas as discussões ficam polarizadas e perdemos a capacidade de encontrar as soluções mais equilibradas e factíveis, já que
não faz parte da lista de opções da humanidade deixar de se alimentar. Como é de praxe, a pecuária foi para a berlinda. As pegadas hídricas estimadas colocam a criação de gado, especialmente a de corte, como líder no consumo de água. Só que é preciso considerar muitos aspectos. Água azul é aquela proveniente de fontes naturais rios, lagos ou fontes subterrâneas. É a mais sensível entre as três classificações. Água verde tem origem no ciclo natural da água das chuvas, desde que não seja perdida por escoamento, e que alimentam o solo, o qual, por sua vez, alimenta as plantas e retorna ao ciclo hídrico. Água cinza é a necessária para remover os poluentes de um determinado sistema de produção, mais demandada em sistemas industriais e outras atividades intensivas e de transformação de produtos. Na pecuária, o uso mais expressivo é o da água verde, aquela que naturalmente se integra ao ambiente e é transformada, via solo e planta, em energia e proteína. A PH indica que 94% do total de água consumida
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na produção de carne vermelha é água verde e ainda, que 98% dessa água são absorvidos através do alimento. Apenas 1,1% é água bebida. Nesse contexto, a produção a pasto é a mais equilibrada do ponto de vista do consumo de água. Neste sistema não há competição com a alimentação humana porque ninguém come capim. A água consumida via alimento se perderia via evapotranspiração das plantas caso não fosse transformada pelos ruminantes em proteína nobre. Já a pecuária intensiva, baseada na alimentação com grãos, acaba sendo mais produtiva sob o ponto de vista de redução de tempo de abate e da produção relativa de energia/proteína por unidade de consumo. Contudo, há nesses sistemas intensivos um aumento no uso de água azul,de forma direta ou na produção de grãos que irá alimentar o gado.
O desafio da pecuária é descobrir o boi que cresça e termine rápido a pasto, consumindo, essencialmente, água verde. Afinal, toda água doce um dia chega ao mar. Se nesse trajeto uma pecuária consciente colocar vacas, touros e bois bebendo um pouco de água para produzir eficientemente proteína nobre, isso será apenas a natureza tal como ela foi feita e somente melhorada por nós e para nós mesmos. Melhor encontrarmos uma pecuária otimizada, onde os bois, com seus milagrosos rumens povoados de bactérias, fungos e protozoários do bem, continuem operando de forma sustentável o milagre de transformar capim em proteína nobre para o nosso sustento. Por LUIZ JOSAHKIAN, superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ)
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Meio Ambiente
A SAÚDE DO PLANETA
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e certa forma, a história da humanidade é marcada por profundas e constantes transformações - avanços tecnológicos, urbanização, explosão populacional, disseminação de informações -, para citar apenas esses poucos exemplos. Inexoravelmente, essas – e quaisquer outras – transformações, cedo ou tarde, acabam nos acertando em cheio; razão pela qual sempre percebemos o mundo em frenético movimento. Dentro desses poucos exemplos citados, vale dar especial atenção, primeiramente, a taxa de urbanização. Se, em 1800, apenas 3% dos indivíduos no mundo viviam em cidades, duzentos anos depois - dados de 2010 - metade da população mundial é citadina. Para o ano de 2060, há uma previsão de que 80 por cento da população mundial estará habitando os centros urbanos, abandonando assim os costumes da vida rural. Em 1900, quando a população mundial contava 1,6 bilhão de habitantes, apenas 12 cidades mundiais possuíam mais de 1 milhão de moradores. Cinquenta anos depois, esse número de cidades saltou para 83. Hoje, com 7,2 bilhões de habitantes, existem 23 megacidades com população superior a 10 milhões de habitantes. Para 2050, com projeções indicando uma população global de 9,5 bilhões de pessoas, serão 50 as cidades mundiais que terão população superior a 10 milhões de indivíduos, pressionando por serviços ecossis-
têmicos, desequilibrando mais ainda a situação ambiental, agravando um pouco mais a já combalida saúde do planeta. Esse inchaço populacional das megacidades, obviamente, permite então degradar a qualidade de vida dos povos de diferentes maneiras, quer seja nas inóspitas condições de moradia, no ar que se respira, no caótico trânsito, no aumento da marginalidade e da insegurança, na explosão do subemprego com salários aviltados pelo excesso de mão de obra entre outros. Com isso, nem é preciso ressaltar que transformações tecnológicas e científicas, independentemente dos setores em que se manifestam, mudam completamente padrões de comportamento social e humano. Às vezes, para o bem; outras, nem tanto. o estágio atual em que as coisas estão cada vez mais interligadas, afinal, tudo se conecta a tudo, uma vez que nada está separado, é comum parte considerável da humanidade não dar devida atenção às duas forças mais poderosas que conferem sentido ao universo: a vida e o amor.
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Por conta disso, a maioria – mas não todos - dos indivíduos se afastam não raras vezes da busca espiritual, deixando de lado suas crenças religiosas, relegando, pois, a segundo plano a prática de alguns princípios e valores éticos, preferindo no lugar um mergulho no mundo material – objeto de cobiça para uma pretensa vida hedonista, recheada de satisfação e prazer, a partir da acumulação de bens e do usufruto de serviços. Isso, inequivocamente, leva a civilização a um completo isolamento dos princípios mais elementares da vida, bem como das mais importantes relações sociais. Não obstante, opera-se no interior das pessoas a falsa sensação de se achar pertencente a uma raça superior, verdadeiros “senhores absolutos do universo”; muitos se julgam, comumente, capazes de subjugar a tudo e todos, incluindo às leis da natureza, usadas e exploradas ao próprio bel-prazer dos povos. Talvez isso explique, em linhas gerais, a ruptura do ser humano com a natureza, do homem com o meio ambiente, da criatura com as coisas naturais (a água, o ar, o solo, as plantas, os animais) feitas pelo Criador. Tal conduta leva à configuração de uma crise maior, por isso sistêmica, tal qual a vivenciada atualmente. Desse modo, somos forçados a pensar que, desde que a modernidade colocou o indivíduo no centro de tudo, o aparecimento e acirramento de diversas crises – econômica, cultural, ambiental, agrícola, de ausência de valores morais - foi então facilitada, e cada vez mais se imiscui em nosso convívio. Ademais, não é nossa intenção analisar aqui de forma pormenorizada cada uma
dessas crises. Mesmo assim, três delas – ausência de valores morais, econômica e ambiental – merecem, en passant, algumas breves notas. Dessas três crises, a mídia parece sempre dar mais destaque a econômica. Diante disso, os diferentes governantes, agindo como espécies de “médicos-salvadores” da enfermidade global, adotam sempre o mesmo tipo de remédio milagroso: doses excessivas de crescimento industrial injetado nas veias econômicas, a partir da recuperação e do incentivo ao consumo. No entanto, esse “corpo médico”, não raras vezes, faz vistas grossas aos efeitos colaterais do medicamento aplicado, não se dando conta de que o aumento brutal do consumo verificado nas últimas décadas no mundo globalizado constitui, essencialmente, uma das causas principais (senão a principal) da patologia consumista que só faz agravar a já combalida saúde do planeta, decorrente do esgotamento dos serviços ecossistêmicos e da acintosa depleção natural imposta pelo modo de produção econômica global. Tal qual uma infecção generalizada, da crise econômica resulta então a crise ambiental; por sinal, de proporções e consequências mais graves que a primeira. Mapeando a origem da atual crise ambiental, a meu ver, ela pode ser contada justamente a partir da posição central que o indivíduo passou a ocupar na civilização, quando decidiu tomar decisões pautadas numa lógica que, de três séculos para cá, tem ditado o ritmo e o estilo de vida da humanidade.
Em 2060, há uma previsão de que 80 por cento da população mundial estará habitando os centros urbanos
Qual seria essa lógica? A que faz do
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Meio Ambiente
consumismo espécie de escada de acesso à melhoria de vida pessoal, como se a aquisição (e o acúmulo) de coisas materiais resultassem automaticamente em mais felicidade e bem-estar. Envolvido na busca das coisas materiais, quase que literalmente “consumido” pela ideologia consumista, adepto da financeirização da economia e da homogeneização cultural, sequioso de alcançar o progresso pessoal em curtíssimo prazo, o homem de hoje, erroneamente chamado de moderno, insiste em quantificar - pela via monetária - a vida em toda sua plenitude. Lamentavelmente, isso parece conduzir os indivíduos à terceira crise que mencionamos: a ausência de valores morais. Essa crise, como não poderia deixar de ser, também apresenta idiossincrasias próprias: começa a partir do “valor” e da prioridade conferidas ao mercado de consumo e as mercadorias, aos bens e serviços consumidos, a partir do momento em que os indivíduos passam a ser conduzidos pelo mercado publicitário, pela mania consumista, e, não obstante, acabam sendo “abduzidos” pela obsolescência programada, pela moda e pelo constante apelo de marketing.
Não por acaso, em pouco tempo a indústria da publicidade se tornou o segundo maior orçamento mundial, perdendo apenas para a indústria bélica. Voltando a atenção para o ser humano, é fato indiscutível que em nenhum outro momento da história a humanidade se viu assim, mergulhada numa sociedade de descarte, em que “comprar algo novo” tem mais importância que consertar o usado; em que o “ter” tem mais “peso e valor” - em alguns casos até mesmo valor sentimental - do que o “ser”. A taxa de derrelição material da humanidade nunca foi tão abusiva e tão sem sentido. Somos hoje transformadores de lixo; descartamos tudo. Na média, cada indivíduo consegue produzir 1 quilo de lixo por dia. No mundo, a cada 24 horas, dois milhões de toneladas de esgoto e outros efluentes são lançados nas águas do mundo, de acordo com estudos publicados pela UNESCO/WWAP2003. Por tudo isso é recorrente a afirmação de que essa crise de ausência de valores morais passa também pelo tratamento desdenhoso que a civilização confere à natureza, sempre subordinando-a às condutas econô-
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micas que respondem, por sua vez, por mais 40 por cento das florestas e 50 por cento produção, sem a prática mínima de ética al- das áreas alagadas. O estoque de peixes, guma, sem o menor cuidado e parcimônia em âmbito global, nesse momento em que quanto aos limites existentes na natureza, escrevo, está 80 por cento menor. especialmente no que concerne ao uso dos Assim, já adentramos na fase da defaurecursos naturais e energéticos. nação, termo que indica a ação de defaunar, A prova cabal disso é que a humani- ou seja, remover ou destruir uma população dade, desde os anos 1980, vem usando 20% de animais. A taxa de extermínio de espécies a mais do que o planeta é – plantas e animais – capaz de oferecer. Se a ocasionada pela ação saúde do planeta já estahumana, tem sido estiO mundo já va debilitada, imaginemos mada de 50 a 100 veum corpo (a Terra) 20% zes superior à perda por perdeu, apenas nos mais quente, em termos causas naturais. Por dia, febris. a humanidade elimina últimos 50 anos, 35 quase 150 tipos diferenColocando essa questão num terreno mais tes de organismos vivos sólido, explicitamente o elo por cento dos man- – componentes bióticos. existente entre produção, A saúde precária consumo, seres humanos guezais, 40 por cento do planeta, como pode e biodiversidade, mostra ser facilmente observauma relação bem conflituda, é causa direta da das florestas e osa, resultando em consiinterferência desordederável perda, alteração e nada do ser humano no 50 por cento das fragmentação de habitats, meio ambiente. Em oue destruição do patrimônio tras palavras, por conta áreas alagadas. natural. de nosso consumo exConsoante a isso, as cessivo, de nosso estilo O estoque de Pegadas Ecológica e Hide vida, de nosso jeito drológica - medidas de deagressivo de lidarmos peixes, em âmbito mandas da humanidade com o mundo natural, sobre os recursos naturais agentes causaglobal, nesse mo- somos renováveis da terra - evidores da enfermidade denciam de forma clara a ecológica que tem demento está 80 por sequilibrado as condiinsuportável pressão exercida pelos humanos sobre ções naturais da Terra. cento menor. o Planeta. Não há como esEm torno disso, os conder o sol diante de números não mentem: uma peneira: a comba10% das terras férteis do mundo já viraram lida saúde do planeta tem tudo a ver com a desertos; a cada ano, 13 milhões de hecta- nossa ação sobre o meio ambiente. Contra res, equivalente ao território da Grécia, são fatos, não há argumentos. desmatados para dar lugar a atividades agropastoris. O mundo já perdeu, apenas nos últimos 50 anos, 35 por cento dos manguezais, PROF. MARCUS EDUARDO DE OLIVEIRA
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Tecnologia
Drones
sobre o campo Avanços tecnológicos ampliam as possibilidades do uso de aeronaves não tripuladas na agricultura
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vanços recentes em áreas da tecnologia da computação, associados ao desenvolvimento de sistemas globais de navegação e geoprocessamento, estão ampliando as perspectivas de uso dos veículos aéreos não tripulados, os drones, na agricultura. Relativamente baratas e fáceis de usar, essas aeronaves, equipadas com sensores e recursos de imagem cada vez mais eficientes e precisos, podem auxiliar agricultores a aumentar a produtividade e reduzir danos em lavouras por meio de levantamentos de dados que permitem detectar pragas e estimar o índice de crescimento das plantas, para citar alguns exemplos. Diante das possibilidades de uso dessas aeronaves, os cientistas da computação Bruno Squizato Faiçal, Heitor Freitas e o professor Jó Ueyama, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP) de São Carlos, interior paulista, desenvolveram um sistema inteligente e autônomo de pulverização de agroquímicos com drones.
O uso de agroquímicos é essencial na agricultura de larga escala. Esses defensivos químicos, em geral, são pulverizados manualmente sobre as lavouras ou com o auxílio de tratores. Mesmo quando usam algum tipo de proteção, como máscaras, os trabalhadores rurais ficam expostos ao produto, que pode provocar sérios problemas de saúde como câncer e efeitos adversos ao sistema nervoso central e periférico. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos. A venda no país cresceu substancialmente nos últimos anos, saltando de US$ 2 bilhões em 2001 para mais de US$ 8,5 bilhões em 2011, segundo um relatório do Instituto Nacional do Câncer (Inca) sobre os riscos para a saúde humana do uso de agrotóxicos. Controlar a quantidade de agroquímicos aplicados nas lavouras, por sua vez, é muito difícil. A pulverização quase sempre está sujeita a fatores meteorológicos, como a velocidade e direção do vento, que podem comprometer sua aplicação na área de cultivo, espalhando-o por áreas vizinhas.
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As coordenadas registradas no sistema O sistema desenvolvido pelos pesquisade navegação do drone, em concordância dores do ICMC-USP prevê o uso orquestrado de um drone de asas rotativas, na forma de com os cálculos cruzados entre a aeronave e hélices, e uma rede de sensores sem fio ins- os sensores, determinam a potência de uma talada ao redor da área de cultivo. Baseia-se bomba que regula a quantidade de agroquíem um sistema de inteligência artificial ca- mico liberado. Quanto maior for a potência, paz de ajustar a rota da aeronave de acordo mais produto é liberado. Segundo os pescom condições meteorológicas específicas. quisadores, isso favorece uma pulverização Segundo eles, isso se dá por meio do cruza- mais segura e precisa, capaz de melhorar a mento de dados gerados pelo drone com os cobertura da aplicação e a qualidade do proobtidos em tempo real pelos sensores insta- cesso de cultivo, garantindo maior aproveilados às margens da área a ser pulverizada. tamento dessas substâncias pelas plantas com menos prejuízo ao “Primeiro, o drone faz alambiente. O sistema foi guns voos de treinamenavaliado em um drone de to em diferentes alturas Nos últimos 15 asa rotativa com oito moe condições meteorológicas para conhecer o paanos, agricultores tores elétricos mantidos por baterias e capacidadrão de deposição de seu de vários países de de carga de 2,5 quilosistema de pulverização gramas (kg) em campos e a influência causada começaram a ver abertos dentro da própria pelas condições meteouniversidade. rológicas”, explica Faiçal. nos drones uma “Essas informações são O protótipo mosoportunidade para armazenadas para que trou-se eficaz ao liberar mais tarde sejam usadas aplicar no campo quantidades controlapara construir um modedas de agroquímicos em lo de conhecimento que conceitos da áreas predeterminadas, permita ao drone tomar levando em conta aspecdecisões durante a pulchamada tos meteorológicos e as verização em condições rotas calculadas pelo seu agricultura de meteorológicas semesistema de GPS. “Nosso lhantes às anteriores ou precisão sistema poderá garantir inéditas.” uma aplicação específica e inteligente, com menos Ao se aproximar dos sensores instalados ao redor da área desperdício e menor contato do agricultor pulverizada, o drone verifica se as informa- com o agrotóxico”, comenta Faiçal. Outra ções por ele geradas conferem com as obti- vantagem, segundo ele, é que esse mesmo das em tempo real pelos equipamentos no sistema pode ser adaptado e instalado em solo. Com base no cruzamento dessas infor- outros veículos usados em terra, como tratomações, o sistema é capaz de regular a libe- res, por exemplo, se conectando com sensoração do produto químico sobre a lavoura. A res espalhados na lavoura. Um longo camiideia é que a aeronave e demais sensores nho ainda precisa ser percorrido, no entanto, funcionem de modo autônomo, com uma até que a tecnologia esteja à disposição estação de controle e um técnico para moni- de agricultores. Um dos desafios é adaptar todo o sistema para ser usado em aeronatorar o andamento do processo.
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Tecnologia
ves maiores, capazes de pulverizar grandes áreas agrícolas. A equipe do ICMC-USP já entrou com um pedido de patente por meio da Agência USP de Inovação. Novas aplicações Nos últimos 15 anos, agricultores de vários países começaram a ver nos drones uma oportunidade para aplicar no campo conceitos da chamada agricultura de precisão, baseada no uso de instrumentos e recursos da tecnologia da informação para implementar melhorias na produção agrícola. A vantagem dos drones sobre outros sistemas de monitoramento é que eles podem fazer sobrevoos semanais, a baixo custo, durante todo o período de produção. A Embrapa Instrumentação, em São Carlos, interior de São Paulo, investe desde a década de 1990 no desenvolvimento de novos sistemas e aeronaves capazes de operar com bom desempenho mesmo em condições de campo adversas. Sob coordenação do engenheiro eletrônico Lúcio André de Castro Jorge, os projetos procuram ampliar as possibilidades de adaptação dos drones a operações agrícolas diversas por meio do uso de câmeras convencionais de alta definição, sensores e câmeras termais e multiespectrais, em geral, usadas no monitoramento de lavouras,
em estimativas de volume de produção e índice de doenças e pragas. Em Gavião Peixoto, município próximo a São Carlos, pesquisadores testam novos componentes em drones semelhantes a um mini-helicóptero, com hélice de 2,80 metros (m) de diâmetro. Eles fazem sobrevoos periódicos em plantações de laranja para a detecção do greening, doença que afeta o amadurecimento dos frutos, deixando as folhas das plantas amareladas, e costuma ser identificada apenas em estágio avançado. Mais flexíveis e precisos durante a pulverização, sem uso de sensores e de forma manual, também em culturas de arroz, soja e trigo, os drones da Embrapa integram um conjunto mais amplo de pesquisas voltado ao desenvolvimento de softwares e sistemas embarcados de captura de imagens adequados a várias aplicações agrícolas, de pequenas a grandes propriedades. Os projetos contam com o apoio da Rede de Agricultura de Precisão da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq) e da própria Embrapa, e são desenvolvidos no novo Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre), inaugurado em 2013. Nele, a equipe
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de Lúcio Jorge trabalha na concepção de novos sistemas integrados, testando-os e validando-os em plantações de soja, milho e pastagens cultivadas em uma fazenda da Embrapa ao lado do laboratório. “Os testes são feitos com diferentes modelos de aeronaves, como o Isis, da Hórus, o Echar, da XMobots, e o Otus, da Aérials, todas empresas nacionais, e embarcados com software livre, o que ajuda a baratear o processo de inovação”, diz o pesquisador. Os sistemas hoje desenvolvidos pelo grupo de Lúcio Jorge têm possibilitado identificar falhas no plantio, estimar o índice de crescimento das plantas e detectar diferentes níveis de estresse nutricional e anomalias causadas por ferrugem, estresse hídrico, fungos e pragas, por meio de câmeras multi e hiperespectrais, capazes de obter simultaneamente imagens em alta resolução espacial, espectral – com várias faixas de comprimento de onda eletromagnética na formação da fotografia – e de infravermelho. Outras, ainda em desenvolvimento, poderão ajudar na dispersão de sementes de eucalipto e liberação de inimigos naturais de algumas pragas para controle biológico. Os primeiros drones no Brasil começaram a ser desenvolvidos em meados dos anos 1980 com o Acauã, aeronave na forma de um miniavião concebida pelo Centro Tecnológico Aeroespacial em parceria com a empresa Avibras, inicialmente para fins militares. Esse crescimento – para além do âmbito militar – tem se refletido em aplicações diversas, do monitoramento ambiental à inspeção aérea em operações de combate ao tráfico de drogas, até missões humanitárias, com a entrega de medicamentos e vacinas em áreas de difícil acesso, por exemplo. Mesmo com o desenvolvimento acelerado do setor, os voos dos drones ainda carecem de regras específicas. A legislação brasileira avançou um pouco nesse sentido a partir de uma consulta pública feita recentemente pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), segundo Lúcio Jorge. “Não haverá restrições ao uso de drones nos campos, desde que se res-
peite as altitudes estabelecidas”, diz. As empresas do setor vendem aeronaves, peças e softwares, mas esperam por uma regulação mais específica. Nos Estados Unidos, no dia 14 de dezembro, a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) anunciou novas regras para o uso de drones em seu espaço aéreo. Os proprietários dessas aeronaves naquele país terão de cadastrar nome, endereço e e-mail em um banco de dados nacional, que gerará um certificado de registro das aeronaves. Os drones são responsáveis em grande medida pela expansão e pelo desenvolvimento da indústria aeroespacial mundial, com estimativas de grandes investimentos, dos atuais US$ 2,7 bilhões por ano para cerca de US$ 8,3 bilhões anuais na próxima década. As possibilidades são várias e com a regulamentação do setor o uso civil da tecnologia deverá ser ainda mais expressivo. Enquanto os órgãos regulatórios do Brasil procuram a melhor maneira de lidar com questões de segurança e privacidade, a Lux Research, empresa norte-americana que presta consultoria em pesquisas de mercado, estima que mais de 1 milhão de drones deverão ser vendidos até 2025. A tecnologia embarcada deve ser responsável por US$ 670 milhões do US$ 1,7 bilhão movimentado neste mercado durante esse período. No relatório Commercial drones: Market shares, strategies, and forecasts, worldwide, 2015 to 2021, um documento de 620 páginas produzido e divulgado pela empresa norte-americana RnR Market Research, analistas do setor afirmam que os drones estão mudando a maneira como a agricultura é conduzida no
mundo e que essas aeronaves movimentaram US$ 609 milhões em 2014. Eles estimam que esse valor deva alcançar US$ 4,8 bilhões em todo o mundo até 2021.
Autor: Rodrigo de Oliveira Andrade Fonte: FAESP
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Artigo
Defensivos Agrícolas Ilegais no Brasil Silvia de Toledo Fagnani,
D
vice-presidente executiva do Sindiveg – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos Para Defesa Vegetal.
esde 1990 casos de comércio ilegal de agroquímicos no Brasil crescem como consequência da alta lucratividade do negócio e das penas reduzidas para os crimes de contrabando e falsificação, segundo autoridades policiais. Para esclarecer os riscos dessa prática, desde 2001, o SINDIVEG, em parceria da ANDAV e apoio da ANDEF, realiza a Campanha contra Defensivos Agrícolas Ilegais, com o objetivo de conscientizar sobre os riscos de ter esses produtos ilegais no campo e suas consequências para o agronegócio. O contrabando de agroquímicos pode prejudicar em até 20% o mercado nacional de agroquímicos - que estima faturamento em 2015 de US$9,5 bilhões, e pode ter pre-
juízos de até US$1,9 bi. Atualmente, o país está também entre os países mais afetados no ranking da pirataria. Em 2014, por exemplo, o Paraguai importou US$ 110 milhões excedentes à necessidade interna do inseticida Benzoato de Emamectina, que foi provavelmente todo destinado ao mercado brasileiro informalmente, sem atender as regras de registros de agrotóxico no país, nem regularização das importações. Apreensões feitas pelas autoridades brasileiras nos últimos 13 anos evitaram que aproximadamente seis milhões de hectares fossem “tratados” com produtos ilegais, mas essa realidade requer mais ações imediatas e severas das autoridades policiais e fiscalizatórias brasileiras, e esforços junto às autoridades do Paraguai e Uruguai, para prevenir a ilegalidade nesse setor.
Culturas
Área (ha)
rodução (kg)
Soja Trigo Milho Arroz Algodão Batata Feijão Total
2.870.107 2.325.456 356.879 142.060 178.369 54 250 5.873.185
7.539.771.089 4.855.552.128 1.265.136.055 617.108.640 646.230.887 1.350.000 209.500 14.925.358.299
Áreas que deixaram de ser tratadas com Defensivos Ilegais e produção estimada (2001- 2015) 54 - Revista Agricultura & Engenharia
No Desenvolvimento Constante do Agronegócio Brasileiro Fábio Meirelles
M
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
anter o homem no campo, assegurando seu desenvolvimento e prosperidade é a grande meta da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo, daí suas ações serem direcionadas para o equilíbrio das cadeias produtivas e a sustentabilidade dos negócios no campo, garantindo renda e uma melhor condição de vida ao produtor, ao trabalhador rural e de seus familiares. Um país de dimensão continental como o Brasil não pode prescindir de políticas públicas de médio e longo prazo, bem como de políticas de mercado, tais como mecanismos de proteção ao produtor, essenciais para a manutenção das atividades agropastoris e a produção de alimentos, gerando emprego e
renda, e estimulando as bases econômicas do país, ao fortalecer a agroindústria, o comércio e a indústria de máquinas, tratores, implementos e insumos agrícolas. A FAESP mantendo-se atenta a este objetivo, envida seus esforços no sentido de sensibilizar as autoridades para a importância dessas ações, já que não se pode pensar em agronegócio sem considerar o valor e a realidade da produção, sendo este um trabalho permanente e contínuo, ao reconhecer o valor do produtor como indutor fundamental para o desenvolvimento econômico e social da nação brasileira. A força do Brasil está alicerçada na agropecuária e, quanto mais consolidarmos a economia agrícola, mais estaremos sedimentando as bases econômicas do nosso país.
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Artigo
O decisivo papel da academia para o salto e a modernização do agronegócio brasileiro
A
tor. A própria Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) é exemplo disso. A contribuiposição de desção de instituições taque mundial de ensino do porte conquistada nas da Esalq, em seus últimas décadas mais de cem anos pelo agronegócio de atividades tambrasileiro, com a bém foi inestimável colocação do país para capacitar um entre os maiores time de engenheiros produtores e exe técnicos responLuiz Carlos Corrêa Carvalho portadores das prinsáveis pela criação e presidente da ABAG – cipais commodities evolução da Embrapa Associação Brasileira do Agronegócio agrícolas, não seria – Empresa Brasileira alcançada sem a competência pedagógica de de Pesquisa Agropecuária, que é a principal um grupo de escolas de engenharia, entre elas responsável pelo Brasil ter, ao longo dos últia ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz mos 30 anos, um sistema produtivo voltado de Queiroz, da Universidade de São Paulo, que especificamente para o domínio de técnicas tropicais de plantio e manejo agrícola. Hoje, tal é anterior a própria USP. Os profissionais formados pela institui- domínio conta com o reconhecimento mundial ção – aproximadamente 14 mil já passaram e o Brasil já consegue exportar esse know how pelos cursos de graduação e outros oito mil para outras regiões tropicais do planeta, como pela pós-graduação – contribuíram para que no caso de alguns países africanos. Os conceitos básicos de produção do a agricultura brasileira conseguisse um nível de profissionalismo e de produtividade hoje agronegócio vieram dos Estados Unidos, mas reconhecidos internacionalmente. A capaci- todo o desenvolvimento da tecnologia tropical dade pedagógica da escola também foi deci- é brasileiro e tem o respeito dos países de clisiva para o processo de amadurecimento do ma temperado. Por um longo período o Brasil setor ocorrido nos últimos anos que resultou tentou adaptar a tecnologia do mundo temna consolidação de uma robusta cadeia pro- perado à sua realidade, assim como a grande dutiva. maioria dos países dos trópicos ainda o fazem. A formação de bons profissionais na A formidável mudança que veio lá de trás com área de Engenharia Agronômica e florestal foi ótimas faculdades como a Esalq e órgãos importante para o processo de consolidação como o IAC, de Campinas e o IAPAR, do Parae valorização do setor, na lógica das cadeias ná, como exemplos, foram a base da explosão produtivas, pois permitiu uma maior versati- dos bons resultados obtidos, sobretudo, pela lidade, fator fundamental para a moderniza- atuação decisiva da Embrapa. ção e diversificação das culturas resultando Por todos esses motivos, a celebração no fortalecimento da agroindústria, cuja com- pelo aniversário da mais respeitada instituição petitividade fica patente com os sucessivos de ensino de Agronomia do país é mais do que recordes na balança de exportações do se- merecida. Parabéns Esalq!!
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Tecnologia e Sustentabilidade Agrícola Orivaldo Brunini Presidente da Fundação de Apoio a Pesquisa Agrícola – FUNDAG
crescente preservando o meio ambiente e recursos naturais”? Para tanto, ações e inovações tecnológicas precisam ser implementadas e dirigidas trazendo como resultado uma agricultura tanto familiar como empresarial de alta eficiência, preservando o meio ambiente e recursos naturais.
P
or vários séculos o ser humano desenvolveu uma atividade extrativista de modo a fornecer alimento para seu consumo. Isto pode ser observado nas culturas pré-colombianas na América pelo processo de mudança local e queima de áreas florestais ou mesmo em países africanos pelos cultivos nas “machambas”. Este processo de extrativismo aliado ás mudanças de local de cultivo permaneceu por vários séculos e a decomposição de áreas e preservação para produção de alimentos sempre foi uma constante, tanto no passado, não importando o atual estagio de desenvolvimento do país, como atualmente em países menos desenvolvidos. Contudo, uma pergunta deve ser feita “como gerar alimentos e manter uma sustentabilidade agrícola, para uma população
As instituições de pesquisa e ensino, tanto públicas como privadas, e mesmo empresas do Agronegócio, desenvolvem inovações e atividades visando uma agricultura sustentável, porem em muitos casos a transferência destes resultados para o setor final, ou os próprios usuários não são efetivas. Neste sentido a ação intermediativa das entidades do terceiro setor como a Fundação de Apoio a Pesquisa Agrícola – FUNDAG – é importante para tornar eficiente e aumentar a competitividade do setor agrícola sendo um mecanismo de ação rápida e eficaz. Desta maneira, a FundAg com seus 25 anos de existência gerando e administrando mais de 1200 projetos de pesquisa e inovação tecnológica, envolvendo entidades nacionais e internacionais com ação em mais de 20 países, esta sempre pronta a dar apoio a todos os programas, projeto e ações relacionadas em seu Portifólio.
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Mercado
Isabela Kojin Peres
Atuação profissional
F
ormada em 2011 em Gestão Ambiental, trabalhei durante a graduação nas áreas de educação ambiental e educomunicação, principalmente por meio de projetos de extensão da Universidade. Fiz parte da equipe de produção do documentário “Nas Águas do Piracicaba” ligado ao Projeto Temático do Programa Biota da Fapesp - “Mudanças Socioambientais no Estado de São Paulo e Perspectivas para a Conservação". Em 2015, finalizei o mestrado realizado no Programa Interunidades em Ecologia Aplicada (PPGI-EA/ESALQ/CENA), na linha de Ambiente e Sociedade, no qual estudei o processo de alteração do Código Florestal Brasileiro. Além de participar de diversas palestras e mesas redondas sobre o tema, pude me aprofundar nas áreas de políticas públicas e conflitos ambientais. Atualmente, trabalho como educadora e consultora ambiental, além de fazer parte da Secretaria Executiva do FunBEA – Fundo Brasileiro de Educação Ambiental. 58 - Revista Agricultura & Engenharia
Revista A&E - A que área ou setor se dedica atualmente? Descreva as atribuições pertinentes ao cargo que ocupa. Qual a importância delas para o mercado? Isabela - Tenho atuado a partir de três linhas: a primeira como educadora ambiental em cursos de formação e projetos na área. A segunda como consultora ambiental, principalmente na realização de pesquisas que envolvem a implementação de programas e políticas públicas. A terceira (e principal) linha é como gestora, faço parte da Secretaria Executiva do FunBEA onde realizo trabalhos nas áreas de comunicação (interna e externa), mobilização e captação de recursos, articulação com parceiros e elaboração de projetos e relatórios, além de integrar a equipe do ObservaEA – Observatório Brasileiro de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas de Educação Ambiental, um dos pilares do fundo. Revista A&E - Quais os principais desafios desse setor? Isabela - O grande desafio é a elaboração de projetos de qualidade e com orçamentos bastante restritos, por isso acredito que maior dificuldade seja o aporte de recursos para a área ambiental, em especial para a educação ambiental e a conservação da biodiversidade, que ainda é vista meramente como externalidade.
Os poucos editais que existem são bastante burocráticos e, muitas vezes, ineficazes. É necessário construir outras formas de apoios e financiamentos que permitam que os projetos, programas e políticas sejam contínuos nos territórios e tenham capilaridade. Outro desafio é a formação e o fortalecimento de políticas públicas estruturantes e Inter setoriais. De maneira geral, as políticas públicas, principalmente as ambientais, são bastante setorizadas e não integradas. Nesse contexto, há também uma crescente demanda no país para se pensar a educação ambiental não apenas como ação ou projeto, mas como política pública, e as possibilidades de traduzir as teorias na prática. Revista A&E - Que tipo de profissional esse mercado espera? Isabela - É preciso saber trabalhar em equipe, elaborar programas, projetos, relatórios e documentos técnicos, estabelecer processos de facilitação e de comunicação (interna e externa) e construir parcerias com diferentes atores e setores, além de saber integrar as diferentes dimensões (econômica, social, ambiental, ecológica, política etc.) nas ações desenvolvidas. Também é fundamental saber realizar mapeamentos e diagnósticos da realidade a ser trabalhada, buscando envolver os públicos-alvo desde o início do processo.
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Mercado
O novo empresário rural e o desafio da gestão do negócio
Provável sucessor de um negócio rural: alguma vez você já parou para pensar como seria herdar a gestão de um negócio familiar? O que você faria para dar continuidade ao negócio que o pai construiu e fez crescer? Seguiria fazendo tudo da mesma forma? Isso seria suficiente para levá-lo às próximas gerações?
A
bsorver a cultura, os valores e o amor pelo negócio criado pelo pai é essencial na etapa da transição. Entretanto, é necessário ter a percepção de que o que funcionou no ano passado até pode funcionar novamente neste ano, mas talvez não funcione no próximo. Assim, o que deu muito certo até hoje na gestão do pai, pode não ser o melhor caminho para os próximos anos. Portanto, é papel do gestor, além de reconhecer todas as coisas boas que ainda podem ser mantidas, repensar decisões anteriormente tomadas, avaliando os melhores caminhos. Todo o gestor de negócio rural precisa compreender o que é o exercício da gestão. Ele deve estar sempre atento às mudanças de condições nas áreas econômicas, tecnológicas ou climáticas, repensando decisões o tempo todo. Repensar decisões e traçar novos caminhos é um exercício diário da gestão. Sabe-se que, de forma geral, grande parte do tempo de um gestor é gasto com trabalhos e tarefas de rotinas e, o diferencial está no tempo investido em planejamento. Podemos classificar as tomadas de decisão em dois tipos: as táticas e as estratégicas. As decisões táticas são aquelas pontuais, de curto prazo, que geralmente dispõe de urgência e são tomadas para que o negócio continue andando. Já as decisões estratégicas são de longo prazo, exigem planejamento e são tomadas para que o negócio prospere.
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Nessa linha, podemos dizer que agir de forma tática significa fazer algo corretamente, com eficiência. Já atuar estrategicamente busca a eficácia, fazendo a coisa certa. Em outras palavras, a primeira faz com que o negócio continue andando e a segunda faz com que o negócio cresça e se desenvolva. Decidir o preço e o momento certo para a venda de um produto são exemplos clássicos de uma decisão tática. Escolher o momento de plantar, colher e/ou vender também são exemplos de decisões táticas, no entanto, mais complexas, pois necessitam de um pouco mais de planejamento. Traçar regras para as próximas gera-
ções, através de um protocolo familiar; investir no gerenciamento de dados contábeis e financeiros; implantar um processo de governança coorporativa e a sucessão em vida são exemplos de decisões estratégicas. Nestes casos, o planejamento é fundamental. Planejar é buscar uma linha de ação, estabelecendo metas a curto e/ou a longo prazo, tendo "jogo de cintura" e percepção de que às vezes os rumos iniciais podem ser alterados por uma mudança de cenário. Em suma, planejamento não é um ato fixo, imóvel, e sim um conjunto de ações variáveis, que, ainda assim, deve seguir uma se-quência lógica para ser eficaz:
1º passo: Identificação da mudança de cenário ou oportunidade de melhoria 2º passo: Traçar uma linha de ação 3º passo: Estabelecer metas de curto e de longo prazo 4º passo: Colocar em prática o que foi planejado 5º passo: Monitorar, acompanhar o andamento 6º passo: Ajustar o que for preciso 7º passo: Voltar ao primeiro passo Nota-se que o planejamento é periódico. Após o ajuste, surge uma nova ideia, que é novamente colocada em prática, devendo ser sempre acompanhada e ajustada quando o gestor perceber a necessidade. Diante dessa realidade, o acompanhamento e assessoramento de profissionais multidisciplinares e capacitados nas mais diversas áreas de atuação é de grande valor para o gestor, seja ele o pai preocupado com a sucessão do negócio ou o filho sucessor que assumirá o desafio diário da gestão do negócio rural. Autor: Hugo Monteiro da Cunha Cardoso Bacharel em Ciências Contábeis e Pós-graduando em Direito Tributário 61 - Revista Agricultura & Engenharia
Mercado
Agronegócio, precisamos falar sobre os jovens urbanos
V
elocidade. Esta tem sido a tônica quando falamos de mudanças na forma de se comunicar. A tecnologia nos surpreende com novidades praticamente todos os dias.
a grande dificuldade do meio rural. É importante lembrar que as novas gerações, chamadas de Y e Z, estão entrando com força como formadores de opinião e de conceitos na atual sociedade e ainda há resistências no que diz respeito à imagem da atividade agropecuária, muitas vezes deseDa internet passamos para as redes nhada nas redes como uma força do mal, sociais e nomes como Snapchat, Pinterest, que polui, destrói e causa danos para o nosPeriscope, entre outros, já começam a en- so planeta enquanto temos muitos exemplos trar em um cotidiano como já estão os popu- positivos de que o jogo é outro, mas falta dilares Twitter, Facebook e WhatsApp. zer isso em alto e bom tom. O agronegócio pouco tem acompanhado estas transformações. O lado bom é que talvez seja o último segmento da sociedade que vá deixar os tradicionais meios, especialmente pelas dificuldades que ainda existem com telefonia, banda larga, e outras tecnologias que ainda não chegam com tanta força lá no campo. No entanto, se circularmos pelas redes sociais mais populares, já é perceptível que existem grandes comunidades interligadas e trocando conhecimentos e experiências por elas. Ainda há um tabu muito grande sobre o uso das redes sociais por empresas e entidades do setor, o que gera certa desconfiança em relação ao investimento nas novas formas de comunicação. A versão mais ouvida é de que o produtor não acessa com frequência estes meios. Mesmo que seja uma verdade, ainda falta lembrar que é preciso também se comunicar com o fora da porteira, e aí reside
Repetindo algo dito no início deste artigo, o agronegócio talvez seja o último segmento da sociedade que vai permanecer com os meios tradicionais, tanto pelas dificuldades de comunicação existentes no campo quanto pela formação de seu público. É imprescindível colar o informativo no mural da cooperativa ou associação, mas é preciso também se conectar com as novas realidades de comunicação, especialmente para falar com o urbano e as novas gerações. Cabe a todos os gestores e responsáveis pela comunicação do setor fazer esta leitura e se reciclar a todo o momento para entender este fenômeno e utilizar todas as formas para todos os públicos. Precisamos sair do lugar comum e sermos mais amplos e que atinja a maioria, quebrando preconceitos e evoluindo na forma de se comunicar assim como a nossa agropecuária evolui constantemente.
Nestor Tipa Júnior Jornalista, especialista em Marketing em Agribusiness. 62 - Revista Agricultura & Engenharia
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