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Editorial Faculdade de Medicina da USP

completa 100 anos

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econhecida como o maior centro de formação de recursos humanos do Brasil na área da saúde, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) completa 100 anos. Segundo ranking elaborado pela Universidade de Xangai, a FMUSP está entre as 100 melhores faculdades de medicina do mundo. Os números que envolvem a instituição comprovam a excelência. São 17 departamentos, 360 docentes, 600 funcionários técnicos e administrativos, 1,4 mil alunos de graduação (medicina, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional), 1,5 mil alunos de pós-graduação (mestrado e doutorado), mil residentes, 500 alunos de especialização e mais de 200 grupos de pesquisa. A FMUSP foi pioneira nas novas técnicas que representaram avanços científicos na área médica, como o primeiro transplante de rim da América Latina (1965), o primeiro transplante de coração da América do Sul e o segundo no mundo (1968), o primeiro transplante intervivos de fígado do mundo (1988) e o primeiro transplante de fígado em criança (1989). Esses são uma pequena amostra da grandiosidade da nossa homenageada, veja em nossa matéria de capa a historia completa da FMUSP além disso destacamos duas matérias uma delas e um artigo escrito pela Dra Amanda Sousa sobre o instituto “Dante Pazzanese” de Cardiologia e outro artigo escrito pelo dr, Adib Jatene onde ele apresenta “Uma Nova Proposta” para a formação do médico. Além das matérias que destacamos temos muito mais para sua atualização, Desejamos boa leitura a todos. Os Editores

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Expediente Volume XVII - Nº 36 - 2013

Sumário 06 ...................................................................NNews 14 ......................................Entrevista -Dr. Jose Eduardo de Sousa

Panorama Atual da Cardiologia no Brasil e no Mundo Conselho Editorial Presidente: Dr. Mário F. de Camargo Maranhão Conselheiros: Dr. Armênio Guimarães Dr. Fabio Fernandes Dr. Evandro Tinoco Mesquita Dr. Jorge Pinto Ribeiro Dr. Michel Batlouni Dr. Miguel Barbero Marcial Dr. Nabil Ghorayeb Diretor e Editor Dr. José Márcio da Silva Araújo j.marcioaraujo@uol.com.br Publicidade Gilberto Cozzuol gilbertocozzuol@uol.com.br Administração e Circulação Yvete Togni dra.ytogni@hotmail.com Secretario da Redação Chriistian A. Kaufuman Produção e Publicação Lucida Artes Gráficas lucida.editorial@uol.com.br Colaboração Redacional CDN - Comunicação Corporativa Fotografia Arquivo Correspôndencia Rua Carneiro da Cunha, 212 sl 1 Vila da Saúde Contato Fone - 11- 2339-4710 Fax - 11 - 2339-4711 Agradecimentos Cordenadora de Comunicação da FMUSP

As opiniões expressas ou artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

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16 .........................Palavra do Diretor - José Otávio Costa Auler Junior - Diretor FMUSP 20 .............Matéria de Capa -100 anos da FMUSP

44 ................................Artigo - Inst. Dante Pazzanese de cardiologia - Uma Nova Proposta Dr. Adib Jatene. 52 ..................................Saúde - Qualidae de Vida - Sabedoria do Coração 56 .............................................................Atualização - A aliança entre a medicina e a investigação ao serviço da saúde - Como estão as faculdades de medicina no Brasil - Medicina tradicional e moderna, tudo pela saúde. 60 ....................................................................Opinião - Eles estão chegando - Estrangeiros na medicina

62 .......................................................Ponto de Vista - Água, quanto devo beber? Revista Newcor News


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NNews Descoberta molécula que faz as células de câncer se suicidarem Um grupo de pesquisadores identificou uma molécula chamada TIC10, que pode ser o pontapé inicial para destruir tumores através de uma reação em cadeia. O achado aconteceu em uma série de experimentos com camundongos na Universidade da Pensilvânia. Um dos participantes do estudo afirma que a nova descoberta trabalha junto com a proteína TRAIL, que já faz parte do nosso sistema imunológico, evitando que os tumores se formem e se espalhem. Então, impulsionar essa ação acaba não sendo tão tóxica quanto uma quimioterapia e pode funcionar em uma vasta gama de cânceres, como o de mama, linfático, intestino e pulmão. Os testes iniciais foram todos feitos em camundongos e ainda resta saber se o procedimento vai funcionar da mesma forma em outras espécies. Por isso, o próximo passo é testar a molécula em humanos.

Nortec Química faz acordo de acionistas após se tornar companhia aberta A Nortec Química, integralmente dedicada à produção de Princípios Ativos Farmacêuticos, comunicou a celebração de novo acordo de acionistas, que tem como finalidade adequar as cláusulas ao novo cenário da empresa, em virtude de seu registro como companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e de sua listagem no segmento Bovespa Mais da BM&F Bovespa. Além disso, a empresa terá que considerar a simplicação da regulação de determinados aspectos da relação de acionistas da companhia e a conversão das ações preferenciais de titularidade do BNDES Participações em ações ordinárias. Acionista, a BNDESPar solicitou em janeiro a conversão de 2.375.479 ações preferenciais em papéis ordinários de emissão da Nortec. As modificações introduzidas pelo novo acordo impactaram nas mudanças da composição do capital social da Nortec, que passou a ser de R$ 19.425.132,53, dividido em 11.877.395 ativos ordinários da companhia. 6

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Pesquisa propõe gel para reparar dano cardíaco pós-infarto Uma espécie de "remendo" para corações danificados por infarto, desenvolvido por pesquisadores americanos, poderá ser, no futuro, uma opção para ajudar na reabilitação de pessoas com insuficiência cardíaca. Trata-se de uma mistura à base de músculo ventricular suíno, que sofreu um processo para que todas as suas células fossem retiradas. O material foi, então, convertido no que os cientistas chamam de hidrogel. Ao ser injetado na área necrosada do coração, o material provocaria a melhora na função cardíaca e o aumento do músculo cardíaco. O hidrogel foi testado em porcos, mas, segundo os autores da pesquisa publicada na revista "Science Translational Medicine", os resultados nos animais mostrarão segurança e eficácia suficientes para que estudos em humanos sejam realizados.

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Um ensaio clínico deve começar a ser feito ainda neste ano na Europa. ARCABOUÇO A matriz extracelular injetada via cateter forma uma estrutura em cima da qual as células se organizam. Os autores especulam que esse arcabouço envie sinais e, ao reconhecê-los, as células-tronco do corpo encontrariam base de sustentação e regenerariam o tecido afetado. Segundo Luís Gowdak, médico-assistente da Unidade Clínica de Coronariopatias Crônicas do InCor (Instituto do Coração da USP), o trabalho é um capítulo importante na área de medicina regenerativa e a estratégia merece ser investigada. Ele faz ressalvas, porém, ao pequeno número de animais do estudo -foram usados apenas 14 porcos, dos quais quatro morreram.

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NNews 7 especialidades concentram 53% dos médicos brasileiros

Um total de sete especialidades médicas concentram 53% dos profissionais com títulos dentre as 53 áreas reconhecidas no Brasil. A Pediatria é a área mais procurada entre os médicos brasileiros, reunindo 30.112 titulados, ou 11,23% do total de especialistas no país. A ela, se juntam Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia Geral, Clínica Médica, Anestesiologia, Medicina do Trabalho e Cardiologia no topo desse ranking. As quatro primeiras especialidades, que somam 37%, pertencem às chamadas áreas básicas da Medicina (Tabela 10). Além das primeiras da classificação, também se destacam a Ortopedia e Traumatologia, Oftalmologia, Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Psiquiatria, Dermatologia, Otorrinolaringologia, Cirurgia Plástica e Medicina Intensiva. Assim, as 15 especialidades do topo concentram 74% do total de médicos titulados (197.718). Na posição oposta, outras dez especialidades agregam 5.937 profissionais, o que representa 2,21% do total. Entre elas, aparecem: Genética Médica, Cirurgia de Mão, Radioterapia, dentre outras. As três últimas deste grupo contabilizam 8

em todo o país um total de apenas 908 médicos titulados. A Radioterapia possui 497 profissionais (0,19% do total); a Cirurgia da Mão, outros 411 (0,15%); e a Genética Médica um montante de 200 (0,07%). Idade dos profissionais – Outra constatação do estudo é que médicos mais jovens e mulheres – grupos que apresentam tendência de crescimento consistente – tem concentrado suas escolhas nas especialidades básicas. A presença expressiva desses grupos em áreas básicas fragiliza a tese de que as novas gerações de médicos estariam concentradas ou procurando formação em especialidades mais consideradas “rentáveis”, embora elas possam ter maior proporção de candidatos por vaga nas provas de Residência Médica. O estudo sugere ainda que o futuro número de especialistas poderá sofrer influência da oferta de postos de trabalho e de políticas de abertura de vagas de Residência Médica em determinadas especialidades. Esta tendência revela um cenário desafiador para o Governo: atrair estes profissionais para atuarem no sistema público de saúde e nas regiões de difícil provimento de profissionais. Revista Newcor News


FOLKS eSaúde estreiam no mercado Liderada pelo médico e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) – Cláudio Giulliano Alves da Costa -, aFOLKS eSaúde, empresa de consultoria e treinamento, acaba de surgir no mercado a fim de elevar o nível de conhecimento em eSaúde (saúde eletrônica, do inglês eHealth), atuando nos setores público e privado. “O mercado de TI para a Saúde precisa crescer e amadurecer. Para isso, é fundamental que todos tenham maior conhecimento sobre os temas, disciplinas, metodologias, técnicas e tendências da área de informática em saúde, eSaúde (eHealth) e outros assuntos correlatos”, diz Costa, que deixou a medicina clínica para dedicar-se à informática em saúde, tendo concluído mestrado em Informática em Saúde pela Unicamp e sido certificado em gestão de sistemas de informação em saúde pela HIMSS nos Estados Unidos. Outros especialistas fazem parte da em-

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Cláudio Giulliano Alves da Costa presa, bem como professores e instrutores nas áreas de gestão, saúde, planejamento, tecnologia, jurídica e informática em saúde. De acordo com Costa, a equipe tem experiência e capacidade de interagir com profissionais de diferentes áreas, com uma comunicação simples e direta. “São capazes de entender as questões mais básicas dos “bits e bites” até as mais estratégicas, atuando assim como integrador das áreas operacionais, táticas e estratégicas das empresas do setor da Saúde”. O executivo, que também é diretor comercial para OPME da Bionexo, pretende realizar todos os meses eventos relacionados à informática em saúde, como workshops, cursos e treinamentos. “Gestão de TI para Hospitais”, foi o tema do primeiro workshop, que aconteceu no dia 22 de Março de 2013.

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NNews Einstein assina parceria para progresso da cardiologia Há exatos cinco anos o Hospital Albert Einstein realizava o primeiro implante de prótese aórtica pela técnica minimamente invasiva, via cateterismo. Daí em diante o procedimento veio se revelando tão bom quanto o implante via cirurgia, entretanto, o pouco tempo de uso não o consolida para a indicação generalizada. De olho neste avanço, o Hospital Albert Einstein (HIAE) assinou um convênio com a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), para coordenar o cadastro nacional de implantes via cateterismo, onde todos os Serviços que já utilizam a técnica informam seus casos e acompanhamento de seus pacientes. Na prática, o registro nacional que tem cinco anos de existência e é preenchido eletronicamente por cada Hospital, terá a colaboração do HIAE para o seguimento dos pacientes, coordenação e análises estatísticas.

Comparando com a cirurgia aberta, que conta com mais de 30 anos de história, a introdução da prótese via cateter demanda menos tempo de internação, menos sangramento e dor e, ainda, é mais indicada para os pacientes idosos e/ou com comorbidades, cuja cirurgia de grande porte costuma ser contra-indicada. “A importância dessa parceria é que estamos proporcionando crescimento científico” declara Claudio Lottenberg, presidente do Hospital Einstein. Hoje o banco já conta com 418 casos de todo o Brasil, vindos de 18 hospitais, sendo que 84 casos foram realizados no Einstein. Segundo o diretor de pesquisa do HIAE, Prof. Luiz Vicente Rizzo, “a confiabilidade da informação e ainda, o que fazer com ela, vai favorecer a indicação do procedimento por parte dos médicos”.

Lucro da Hypermarcas avança e chega a R$ 124,7 milhões A Hypermarcas registrou lucro líquido de R$ 124,7 milhões no quarto trimestre, uma alta de 151% em comparação com os R$ 49,6 milhões obtido no mesmo período do ano anterior. A receita líquida da empresa avançou 22%, para R$ 1,03 bilhão. O principal crescimento ocorreu na divisão Farma – segmento da empresa que fabrica produtos farmacêuticos, com marcas como Benegrip, Doril e Epocler. Essa divisão obteve receita líquida de R$ 494,4 milhões no trimestre, crescimento de 31% ante igual período de 2011. “A Companhia redefiniu, ainda em 2012, o processo de inovação e renovação de seu portfólio de medicamentos, visando melhor priorização de projetos com maior potencial de vendas e rentabilidade”, justificou a empresa no informe do resultado trimestral. 10

Na divisão consumo, a expansão foi de R$ 14,5% no trimestre, para R$ 532,3 milhões. As despesas de marketing da empresa cresceram 28,2% no período, com R$ 182,5 milhões. Ao final do ano passado, a dívida líquida da Hypermarcas era de R$ 2,7 bilhões, ou R$ 43,4 milhões abaixo do observado no final de 2011. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subiu 71%, para R$ 230,2 milhões. Em todo o ano passado, a Hypermarcas lucrou R$ 203,9 milhões, frente a um prejuízo de R$ 54,7 milhões em 2011. Segundo a empresa, a receita líquida somou R$ 3,9 bilhões, com crescimento orgânico (desconsiderando aquisições) de 16,5%. Revista Newcor News


Operadoras terão de justificar negativas por escrito As operadoras de planos de saúde que negarem autorização aos seus beneficiários para a realização de procedimentos médicos deverão fazer a comunicação por escrito, sempre que o beneficiário solicitar. A informação da negativa deverá ser em linguagem clara, indicando a cláusula contratual ou o dispositivo legal que a justifique. A nova norma, será publicada no Diário Oficial da União, reforça ainda que a cobertura não poderá ser negada em casos de urgência e emergência.

A resposta por escrito poderá ser dada por correspondência ou por meio eletrônico, conforme escolha do beneficiário do plano, no prazo máximo de 48 horas a partir do pedido. É importante observar que, para obter a negativa por escrito, o beneficiário deverá fazer a solicitação. Ele pode telefonar para a operadora e anotar o número do protocolo em que fez o pedido.

As operadoras sempre foram obrigadas a informar toda e qualquer negativa de coberA ação do Ministério da Saúde está vol- tura. O que muda é que a partir de agora o tada à defesa do usuário e da qualidade dos usuário poderá solicitar a negativa também planos de saúde. Cerca de 62 milhões de bra- por escrito e contará com prazo para o recesileiros têm cobertura de planos médicos e/ bimento. “Além de garantir um direito, a meou odontológicos no País. Durante o ano de dida ajuda a aprimorar o monitoramento das 2012, a Agência Nacional de Saúde Suple- operadoras de planos de saúde. Possibilita mentar (ANS) recebeu 75.916 reclamações inclusive a suspensão de vendas de planos de consumidores de planos de saúde. Destas, das operadoras que não estejam cumprindo 75,7% (57.509) são referentes a negativas de os serviços com os seus usuários”, ressalta o ministro. cobertura.

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NNews Cirurgia traz melhores resultados para diabéticos cardíacos Estudo divulgado indica que para pacientes diabéticos com artérias obstruídas a cirurgia para colocação de pontes (safena, mamária e radial) tende a ser uma opção melhor do que a angioplastia para implante de stent – tubo perfurado que facilita a circulação sanguínea local. Apesar de a angioplastia ser uma intervenção menos invasiva e agressiva, o acompanhamento de 1,9 mil pacientes comprovou que a longo prazo a opção cirúrgica apresenta melhores resultados. A investigação desenvolvida ao longo de cinco anos apontou que a mortalidade entre os pacientes submetidos a angioplastia alcançou 16% – 5 pontos percentuais a mais do que a taxa de pacientes diabéticos que morreram após passar por cirurgia (11%). Além disso, a morte por motivos cardíacos para os submetidos à angioplastia chegou a 11%, contra 7% para os operados. A necessidade de novas intervenções também foi menor para os submetidos à cirurgia: 5% contra 13% para os que receberam o stent. O trabalho contou com a participação de 140 centros cardiológicos de todo o mundo, entre eles, o Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A pesquisa está sendo lançada no American Heart Association, um dos mais importantes congressos 12

de cardiologia do mundo, que ocorre nos Estados Unidos, além de publicada na revista New England Journal of Medicine. Para o cardiologista Whady Hueb, coordenador da pesquisa no InCor, o estudo ajuda a dissipar as dúvidas sobre o resultado dos procedimentos em diabéticos. Ele lembra que a doença altera a resposta dos pacientes aos tratamentos. A partir dos dados, o médico explica que a cirurgia protege mais o paciente da morte e do infarto, além de evitar mais uma nova intervenção. A partir do estudo, o diretor de Cardiologia do InCor, Roberto Kalil, acredita que os médicos tenham mais elementos para recomendar a cirurgia no tratamento da obstrução de artérias em diabéticos. “A posição do médico vai ser mais contundente, com mais dados”, ressaltou em entrevista à Agência Brasil. “A cirurgia é mais traumática, mas a longo prazo é muito melhor”, completou. Kalil ponderou, entretanto, que em casos menos complexos alguns pacientes diabéticos deverão continuar a optar pelo stent medicamentoso, por ser um procedimento menos invasivo. Essa tem sido, segundo o médico, a tendência geral para o tratamento de obstrução de artérias, em que o número de cirurgias diminuiu substancialmente nos últimos 15 anos. Revista Newcor News


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Entrevista

TAVI: Experiência e Inovação

*Dr. José Eduardo M. R. Sousa é diretor-médico do HCor – Hospital do Coração, professor de pós-graduação da Universidade de São Paulo e membro titular da Academia Nacional de Medicina 14

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Dr. J. Eduardo Sousa Como é possível que um hospital público esteja equiparado a uma das maiores e mais importantes instituições de saúde privadas no País no que se refere ao TAVI? O Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo (SP), foi o segundo Serviço de Hemodinâmica a realizar a técnica de implante transcateter de valva aórtica (TAVI) no Brasil, em 2008, e hoje já acumula 100 casos de pacientes tratados. O diretor do Centro de Intervenções Estruturais do Coração do Instituto, J. Eduardo Sousa (SP), fala sobre a experiência do hospital e da importância da inclusão do procedimento no sistema de saúde brasileiro. Revista Newcor News - Como o senhor avalia o desenvolvimento do implante transcateter de valva aórtica (TAVI) desde a consolidação do Registro Brasileiro e qual a sua análise sobre a importância de sua incorporação ao Sistema Único de Saúde do Brasil? Eduardo Sousa - O Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu o implante transcateter de valva aórtica como procedimento eficaz e seguro e é extremamente importante que o Sistema Único de Saúde (SUS) incorpore essa tecnologia para beneficiar a população idosa no Brasil. Existem, hoje, mais de 60 mil casos de pacientes tratados por TAVI na Europa e nos Estados Unidos, com bons resultados clínicos. O estudo randomizado PARTNER demonstrou vantagem do emprego da técnica por via percutânea em comparação com os procedimentos cirúrgicos clássicos ou tratamento clínico convencional. O forte crescimento dessa tecnologia indica que o SUS tem alguma obrigação de oferecê-la à população idosa brasileira, que não é pequena. Revista Newcor News - No Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia já foram realizados vários procedimentos dessa natureza, mesmo sem cobertura específica do setor público. Qual o impacto da introdução desse tratamen15 Revista Newcor News

to no SUS na abordagem dos pacientes portadores de estenose valvar aórtica? Eduardo Sousa - O primeiro centro médico que desenvolveu essa técnica no Brasil foi o Hospital Albert Einstein, há cerca de quatro anos. Seis meses depois, nós começamos a utilizar essa tecnologia no Dante Pazzanese graças à criação, nessa instituição, do Centro de Intervenção em Doenças Estruturais do Coração (CIDEC) que hoje tem um orçamento dedicado ao desenvolvimento desta tecnologia na instituição. O CIDEC congrega os intervencionistas, cirurgiões, clínicos, especialistas em ecocardiografia, tomografia e anestesistas. Assim, temos 100 pacientes tratados, dos quais 94 pela via percutânea e seis pelas vias transaórtica e apical do ventrículo esquerdo. Utilizamos predominantemente as próteses da Medtronic, da Edwards, e mais recentemente fomos incluídos no ensaio clínico com a prótese suíça Symetis. No Brasil temos um grande potencial para criarmos os centros que atuem em benefício dos nossos idosos, pelo SUS. A SBHCI tem trabalhado para que isso seja ampliado, inclusive junto às companhias de seguro de saúde. Creio que ainda estamos no início dessa tecnologia entre nós, mas os resultados já alcançados são bastante estimulantes Fonte: site SBHCI Revista Newcor News 15


Palavra do Diretor Perspectivas e desafios da FMUSP para estar entre as 50 melhores escolas médicas do mundo

Criada em 19 de dezembro de 1912, a primeira escola médica do Estado de São Paulo nascia com uma característica que a acompanharia por todo este centenário: o pioneirismo. Reconhecida como o maior centro de formação de recursos humanos do Brasil na área da saúde, a FMUSP introduziu no país, com a criação do Hospital das Clínicas, o modelo de ensino médico baseado na existência de hospitais universitários vinculados às escolas médicas, onde são realizadas as aulas práticas associadas a atividades de pesquisa e assistência. Na liderança do maior sistema de saúde universitário brasileiro, a FMUSP introduziu novas técnicas que representaram avanços científicos na área médica e permitiram salvar milhares de vidas. Entre eles, o primeiro transplante de rim da América Latina (1965), o primeiro transplante de coração da América do Sul e o segundo no mundo (1968), o primeiro transplante intervivos de fígado do mundo (1988) e o primeiro transplante de fígado em criança (1989).

José Otávio Costa Auler Junior Diretor em Exercício da Faculdade de Medicina da USP

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É responsável por cerca de 14% da produção nacional das pesquisas na área médica, 4% de toda a produção científica nacional de todas as áreas (Humanidades, Biológicas e Exatas) e 2,2% de toda a produção da América Latina (também de todas as áreas). As pesquisas são desenvolvidas em seus 62 Laboratórios de Investigação Médica. Desde sua inauguração, manteve o compromisso com a ética, excelência no ensino, assistência e pesquisa médica. Os cursos ministrados na Faculdade de Medicina da USP Revista Newcor News


estão sustentados nas inovações geradas da produção de conhecimento internacional e da própria unidade. Este modelo educacional proporciona aos alunos uma ampla formação básica e geral, nos três níveis de atenção à saúde (primário, secundário e terciário) e elevada formação ética e humanística para que a profissão possa ser exercida com responsabilidade social e competência técnica. Essas credenciais fizeram com que, na década de 50, a FMUSP já fosse reconhecida como padrão “A” pela Associação Médica Americana, que significava que os médicos formados aqui teriam o mesmo nível daqueles formados nas melhores escolas médicas do mundo.

de de vida nos cinco continentes. No ranking elaborado pela Universidade de Xangai, atualmente a FMUSP está entre as 100 melhores faculdades de medicina do mundo. Os investimentos contínuos em ensino, pesquisa e extensão, associados a uma maior internacionalização, buscam inserir a FMUSP, ainda neste quadriênio, entre as 50 primeiras escolas médicas apontadas pelo Quacquarelli Sumonds Word University Rankings.

No âmbito da internacionalização, a Faculdade trabalha para fortalecer a pesquisa, incrementar as publicações científicas e estabelecer convênios internacionais que possibiEm 2011, passou a ser a primeira esco- litem uma inserção mais eficiente dos alunos la médica da América do Sul a integrar a M8 em programas de mobilidade estudantil e dos Alliance, uma rede global de instituições aca- pesquisadores em estudos internacionais. dêmicas de excelência em ensino e pesquisa que auxilia decisores políticos, econômicos e Atualmente já mantém parcerias de da sociedade civil a desenvolver soluções ba- intercâmbio de graduação com Harvard Uniseadas na ciência para a melhoria da qualida- versity (Estados Unidos), Michigan University 17

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Palavra do Diretor

Detalhes internos do predio da FMUSP (Estados Unidos), University of Toronto (Canadá), Charité (Alemanha), Julius-Maximilian Universität Würzburg (Alemanha), Erasmus Universiteit Rotterdam (Holanda), University of Groningen (Holanda), Universidade de Coimbra (Portugal), Escola de Ciências da Saúde do Minho (Portugal) e Universidad CES (Colômbia), além de acordos com mais uma dezena de instituições para intercâmbio de pós-graduandos, residentes e pesquisadores. A meta é ampliar convênios com outros centros de excelência.

ministradas as disciplinas básicas.

O plano inclui ainda uma avaliação periódica, interna e externa (internacional), dos cursos de graduação no final dos ciclos básico e clínico e dos dois anos de internato (5º e 6º anos); modernização das áreas, estimulando o ensino teórico e prático e a expansão das estruturas de ensino por simulação (Centro de Simulação de Ensino em Saúde); atividades interdisciplinares, interdepartamentais e interunidades, privilegiando o deslocamento e inserção de docentes em múltiplas áreas; e Existe ainda um compromisso para tor- inovação das tecnologias de ensino, com utinar as atividades da FMUSP equivalentes às lização de plataformas interativas de ensino das melhores faculdades de medicina do desenvolvidas pela Disciplina de Telemedicina mundo nas áreas de ensino, pesquisa e as- da Instituição. sistência. O currículo deve ser correspondente aos das mais renomadas universidades para A formação ética e humanista dos aluque disciplinas possam ser oferecidas tam- nos, o fortalecimento da integração de alunos bém para os alunos estrangeiros que buscam e profissionais da saúde, a incorporação de intercâmbio local. novas metodologias de ensino, a avaliação formativa e a utilização de recursos interaHoje a Faculdade de Medicina da USP tivos presenciais e de simulação significam tem investido na graduação por meio de pro- certamente os principais passos da Faculdagramas de iniciação científica, monitoria e de de Medicina da USP para se posicionar entutoria. Outro avanço é a revisão curricular tre as 50 melhores instituições de ensino da dos cursos de graduação, promovendo maior área médica. E, durante todo este processo, a integração com o Instituto de Ciências Biomé- FMUSP estará colaborando para o avanço da dicas (ICB), Instituto de Biociências (IB) e Insti- medicina no país e estabelecendo novos piotuto de Química (IQ) - todos da USP, onde são neirismos. 18

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MatĂŠria de Capa

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ona de um dos cursos de medicina mais disputados do Brasil, além de um centro de pesquisas reconhecido mundialmente, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) completou 100 anos em 2012, mais precisamente no dia 19 de dezembro. Com mais de 18 mil funcionários, a instituição, que é responsável pela administração do Hospital das Clínicas (HC) da capital paulista, realiza anualmente mais de 1,5 milhão de atendimentos ambulatoriais, 250 mil de emergência, 40 mil cirurgias, 8,6 milhões de exames laboratoriais e 600 transplantes. A grandiosidade desses números prova a importância da Faculdade não só para a cidade de São Paulo, mas também para outras regiões do Brasil. As comemorações do centenário da FMUSP vem sendo realizadas desde o ano passado. O primeiro evento foi uma apresentação especial da Orquestra Sinfônica de São Paulo para convidados, na Sala São Paulo, em novembro.

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A Faculdade já formou mais de 10 mil médicos e foi justamente o Hospital das Clínicas um celeiro de muitas e fundamentais inovações da área médica brasileira: o primeiro bebê de proveta de um hospital público, progressos decisivos no combate ao câncer e alguns dos primeiros transplantes são realizações da instituição, agora centenária. Destaques para os transplantes de coração. Ainda na década de 1950, já com a medicina da USP como uma das referências do Brasil, médicos da entidade pesquisaram arduamente e conseguiram criar os instrumentos necessários para o primeiro transplante do País.

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Capa

FMUSP

primeira faculdade de medicina do estado de São Paulo

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Inauguração

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Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) comemorou seu centenário no dia 19 de dezembro de 2012. E alcança os 100 anos com amplas dimensões, na liderança de um complexo hospitalar em que atuam 18 mil funcionários e que realiza, anualmente, um milhão e 500 mil atendimentos ambulatoriais, 250 mil atendimentos de emergência, 40 mil cirurgias, oito milhões e 600 mil exames laboratoriais, um milhão e 600 mil procedimentos de diagnóstico por imagem e 600 transplantes. Os pacientes atendidos vêm de todo o país e muitos de outros países da América do Sul. Toda essa assistência é possível porque a FMUSP foi a primeira faculdade de medicina do estado de São Paulo, criada através de um acordo entre o Governo do Estado de São Paulo e a Fundação Rockfeller, e introduziu no Brasil o modelo de ensino médico baseado na existência de hospitais universitários, vinculados às escolas médicas e onde são realizadas as aulas práticas associadas a atividades de pesquisa e assistência. Para sua efetivação, o Governo construiu o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, primeiro hospital universitário do país. O hospital-escola é formado por sete Institutos Especializados - Instituto Central, Instituto da Criança, Instituto do Coração, Instituto de Medicina de Reabilitação, Instituto de Ortopedia e Traumatologia, Instituto de Psiquiatria, Instituto de Radiologia - e dois Hospitais auxiliares. Além do HC, a Faculdade de Medicina é responsável pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo - que ficou em primeiro lugar na Pesquisa de Satisfação dos Usuários do SUS, realizada pela Secretaria de Revista RevistaNewcor NewCorNews News


Dr. Arnaldo com a Primeira Turma da Faculdade Estado da Saúde no final de 2010 -, Instituto de Infectologia Emilio Ribas, Projeto Região Oeste (atenção primária) e mantém um pólo de atendimento em Santarém – PA. O modelo introduzido pela FMUSP hoje é adotado em todas as principais faculdades de medicina do Brasil. A FMUSP é almejada por alunos de todo o país, tanto que no último vestibular (FUVEST 2011) foi a carreira mais concorrida com 49.25 candidatos por vaga, o que faz com que seja o principal centro formador de recursos humanos na área médica do Brasil. Possui 368 docentes responsáveis por lecionar aos 1405 estudantes de graduação, nos cursos de Medicina, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional e aos 1.430 alunos na pós-graduação estrito senso (Mestrado e Doutorado). A Faculdade também dispõe do maior programa de residência médica de todo o país, hoje com 1.196 residentes. Ainda mantém cursos de especialização, aperfeiçoamento e extensão. Apesar de ser apenas uma das 40 unidades de ensino da Universidade de São Paulo, é responsável por cerca de 4% de toda a produção científica nacional de todas as áreas (Humanidades, Biológicas e Exatas) e 2,2% de 23 Revista NewCor News

Depoimentos

“A Faculdade de Medicina, mesmo com um passado tão grande e tão glorioso, preocupa-se com o futuro e convida tanto pessoas de dentro da universidade quanto de fora a pensar e discutir, de uma maneira bem informal, o que está no porvir. Isso é muito importante, porque sem metas específicas a serem alcançadas, fica difícil avançar. Outro aspecto importante é que a Universidade se apresenta como uma instituição aberta ao diálogo com vários outros segmentos sociais, trabalhando em conjunto de forma a contribuir para a melhoria da sociedade. Revista Newcor News 23


Capa toda a produção da América Latina (também de todas as áreas). Desde sua inauguração, manteve o compromisso com o pioneirismo, excelência no ensino, assistência e pesquisas médicas. Na década de 50, já foi reconhecida como padrão “A” conferido pela Associação Médica Americana, o que significava que os médicos formados aqui teriam o mesmo nível daqueles formados nas melhores escolas médicas do mundo. Ao longo de sua história foi pioneira na implantação de novas técnicas, que representaram avanços científicos na área médica e permitiram salvar milhares de vidas: Primeiro transplante de rim da América Latina (1965); Primeiro transplante de fígado do continente sul-americano (1968); Primeiro transplante de coração da América do Sul e segundo no mundo (1968); Primeiro transplante intervivos de fígado, técnica de retirada de 30% do órgão para sua regeneração em quem recebe (1988); Primeira cardiomioplastia (1988); Primeiro transplante de fígado em criança (1989); Inauguração do primeiro centro de ressonância magnética público país (1990); Primeira aterotomia de artéria coronária do país e desenvolvimento do primeiro cateter-balão capaz de penetrar numa artéria e eliminar uma obstrução, antes que ela provoque um enfarte (1990); Nascimento do primeiro bebê de proveta em hospital público do país (1991); Cirurgia inédita na América Latina, com implantação de um ventrículo artificial desenvolvido e fabricado no país (1993); Primeira cirurgia de auto-implante de coração e segundo transplante cardíaco em criança do país (1993); Desenvolvimento de uma proteína artificial, capaz de atacar células cancerosas sem afetar células normais (1994); Criado primeiro ambulatório do país para tratamento de distúrbios obsessivos compulsivos (1994); Primeiro implante coclear do país em paciente com surdez profunda (1994); Primeiro centro da América Latina a utilizar a técnica da vaporização transuretral da próstata, capaz 24

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Quero parabenizar a FMUSP por ter iniciado esse processo e que isso sirva de exemplo aos demais, para que não se deitem sobre os louros do passado, mas pensem no futuro”, Prof. Dr. João Grandino Rodas, Reitor da USP.

“Observamos que hoje existe pouca integração entre pesquisa e pós-graduação. Como sugestão da nossa mesa de trabalho, deveria haver membros comuns para participar de comitês e ajudar na comunicação entre as áreas. Também achamos que o paciente deve voltar a ser o centro das atenções. É fundamental a atitude do docente perante o paciente, para que o aluno reproduza esse tipo de atitude; que vivencie o exemplo na prática”, Prof. Dr. Paulo Manuel Pêgo Fernandes, Associação Paulista de Medicina (APM)

“A gestão participativa implica que a informação seja disponibilizada e compartilhada e que haja responsabilidade por parte de todos. Não é só dar palpites e opiniões e depois não assumir as responsabilidades nas etapas de atuação, Prof. Dr. Paulo Andrade Lotufo, superintendente do Hospital Universitário (HU) Revista NewcorNews News Revista NewCor


de retirar tumores benignos sem comprometer a função urinária (1995); Realizado transplante cardíaco no mais jovem paciente do país, um bebê de 20 dias (1995); Inaugurado o mais completo centro de hidroterapia do país (2005); Inaugurado o primeiro Laboratório Experimental em Diagnóstico por Imagem (2005); Primeiro hospital público do país a contar com equipamento de Neuronavegação (2007); Primeiro hospital público do país a fabricar radiofármacos, substâncias usadas para diagnóstico de câncer em estágio precoce (2010), Inaugurado o Centro de Investigação Translacional em Oncologia, maior na América Latina (2011). Em 2011, passou a ser a primeira escola médica da América do Sul a integrar a M8 Alliance, uma rede global de instituições acadêmicas de excelência em ensino e pesquisa que auxilia decisores políticos, econômicos e da sociedade civil a desenvolver soluções baseadas na ciência para a melhoria da qualidade de vida nos cinco continentes. A sede atual da FMUSP, inaugurada em 1931, é um prédio tombado e foi restaurado nos últimos anos para modernizar suas instalações sem perder suas características originais. Em 1934, passou a integrar a Universidade de São Paulo e sediou a primeira reunião do Conselho Universitário da então nova Universidade. Fizeram parte de seu quadro docente personalidades como Arnaldo Vieira de Carvalho (seu fundador), Alfonso Bovero, Benedicto Montenegro, Alípio Corrêa Neto, Euryclides de Jesus Zerbini, Adib Jatene, Henrique Walter Pinotti, Jose Aristodemo Pinotti, Angelita Habr-Gama, Silvano Raia e Carlos da Silva Lacaz. Entre os diversos alunos (graduação, residência e pós) que se destacaram em outras instituições estão Miguel Nicolelis, Paulo Vanzolini, Drauzio Varela, Jairo Bouer e Alexandre Padilha. 25 Revista NewCor News

“A presença de uma metodologia participativa reflete as transformações que a escola vem passando. Estamos vivendo um momento interessante, com necessidade de transformação, e esse processo reflete na Administração e no Ensino. Não saí da faculdade preparada para ter gestão profissional. É preciso ter um gerenciamento adequado dos processos. Um dos nossos pontos fracos é o tamanho grande da instituição. O ponto forte é a nossa força de trabalho”. Prof. Dra. Clarisse Tanaka, diretoria de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional

“Vozes dissonantes sempre existirão, ainda bem. Você já imaginou se todos falassem as mesmas coisas e gostassem do azul, como seria chato? O que seriam das outras cores? A gente precisa ter divergência de pensamentos, pois só assim a gente amadurece e cresce. Eu espero que tenha muita divergência e que, na Conferência, possamos debater profundamente as questões de base comum de futuro. No final, que todos nós possamos ser convencidos do melhor caminho, com base em toda essa diversidade.” Prof. Dr. Marcos Boulos, ex -diretor da FMUSP Revista Newcor News 25


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Início difícil O surgimento da FMUSP aconteceu após a institucionalização das práticas médicas e de saúde no final do século 19, como explica o coordenador do Museu Histórico da entidade, André Mota. “O forte processo de imigração com o cultivo do café em São Paulo fez com que se criasse um movimento de organização de rede sanitária e, em 1891, foi criada uma lei para implantação da faculdade de medicina na capital paulista”, esclareceu. Após duas tentativas de criar universidades, em 1912, foi inaugurada a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, pelo Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, em lei assinada pelo presidente Francisco de Paula Rodrigues Alves e pelo secretário do interior Altino Arantes. Carvalho foi o responsável por criar o curso, já que exercia o cargo de diretor clínico da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, desde 1894. “Com alguns prédios emprestados e toda parte clínica locada na Santa Casa, Arnaldo Vieira de Carvalho trouxe alguns professores da Europa no campo de cirurgia e anatomia, do Rio de Janeiro, da Bahia e fundou o curso. Com dificuldades para implementar os ensinamentos como gostaria, principalmente estruturais, surge em 1916 a oportunidade de uma parceria com a Fundação Rockefeller”, contou Mota. Essa instituição norte-americana procurava por locais em toda América Latina para fundar áreas científicas. Com intercâmbio de médicos, construção de 26

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um grande prédio (onde está a faculdade até hoje), novos aparelhos e aporte financeiro, a instituição ganhou corpo e começou a crescer consideravelmente, claro, com pressupostos americanos. A contrapartida do Governo do Estado de São Paulo seria criar um hospital de clínicas, que foi inaugurado em 1944. Um pouco antes, em 1934, a faculdade foi incorporada à Universidade de São Paulo (USP), o que também auxiliou no crescimento da entidade. Vale lembrar que um dos grandes idealizadores da FMUSP, Arnaldo Vieira de Carvalho, fundador e primeiro diretor da universidade, morreu em 1920, antes da grande consolidação da instituição. Para homenageá-lo, a universidade ainda é chamada por muitos de “casa de Arnaldo”, sem contar a avenida do complexo educacional e de saúde, que também leva o nome do médico. No começo dos anos 1950, a FMUSP já

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se posicionava entre as 15 melhores faculdades de medicina do mundo e a mais importante da América Latina. “Mesmo com esse status inimaginável no começo, o projeto pedagógico, sua viabilização e com o fim da Segunda Guerra Mundial, além da volta de São Paulo a uma posição de destaque no cenário nacional, nossa universidade de fato se transformou em uma referência até internacional”, afirmou Mota. Vários médicos de renome fazem parte da história da FMUSP. Até para não cometer injustiças, o coordenador do Museu prefere lembrar daqueles que deram início à instituição. “Além da figura central do Dr. Arnaldo, tivemos Sérgio Meira, Pereira Barreto, Carlos Botelho, Adolfo Lutz, Emílio Ribas, Vital Brasil e Rubião Meira, todos anteriores à chegada da universidade, com participação importante em sua formação”, citou.

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Faculdade de Medicina/USP “100 melhores do mundo” Além do Hospital das Clínicas (HC), a Faculdade de Medicina é responsável pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, o Instituto de Infectologia Emilio Ribas, Projeto Região Oeste e mantém um polo de atendimento em Santarém (PA). Toda essa infraestrutura tornou a FMUSP um sonho para alunos de todo o país. No último vestibular da Fuvest, cada vaga na FMUSP foi disputada por 49 candidatos. Para atender a essa demanda, a faculdade possui 368 docentes responsáveis pelo ensino de 1.405 estudantes de graduação e 1.430 alunos na pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). A faculdade também dispõe do maior programa de residência médica de todo o país, hoje com 1.196 residentes. "Embora a FMUSP seja apenas uma das 40 unidades de ensino da Universidade de São Paulo (USP), ela é responsável por cerca de 4% de toda a produção científica nacional de todas as áreas: Humanidades, Biológicas e Exatas, e 2,2% de toda a produção da América Latina, também de todas as áreas", afirma o Prof. dr. André Mota. Na década de 50, a FMUSP foi reconhecida como padrão "A" conferido pela Associação Médica Americana, o que significava que os médicos formados aqui tem o mesmo nível daqueles formados nas melhores escolas médicas do mundo. "Esse é um dos motivos pelo qual a Faculdade de Medicina da USP está entre as 100 melhores do mundo", diz Mota. 28

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O Incor O Incor é um hospital público universitário de alta complexidade, especializado em cardiologia, pneumologia e cirurgias cardíaca e torácica. Além de ser um pólo de atendimento desde a prevenção até o tratamento -, o Instituto do Coração também se destaca como um grande centro de pesquisa e ensino. O Incor é parte do Hospital das Clínicas e campo de ensino e de pesquisa para a Faculdade de Medicina da USP. Para a manutenção de sua excelência, o Instituto conta com o suporte financeiro da Fundação Zerbini, entidade privada sem fins lucrativos. O Instituto do Coração foi oficializado pelo Decreto-Lei nº 42.817 de 1963, que o denominava Instituto de Doenças Cardiopulmonares. Sua concepção como um centro de excelência no ensino, pesquisa e assistência em cardiologia, pneumologia e cirurgias cardíaca e torácica, no entanto, data da década de 50, época em que a cardiologia, tanto no Brasil quanto no exterior, iniciava seus primeiros passos como especialidade. 30

Capitaneados pelos professores Euryclides de Jesus Zerbini, na cirurgia, e Luiz Venere Décourt, na clínica, um grupo de médicos da Clínica Médica do Hospital das Clínicas sonhava em construir um centro de referência para a formação de novos especialistas e para o desenvolvimento de técnicas e tecnologias básicas para a prática da cardiologia no País. O primeiro transplante da América Latina e um dos primeiros do mundo, em 1968, realizado pelas equipes dos doutores Zerbini e Décourt, deu impulso singular ao ideal desses jovens. O episódio possibilitou reunir energias dispersas, articular iniciativas políticas e recursos para que as obras do prédio do Instituto fossem iniciadas em 1969, com conclusão em 1975. Dois anos mais tarde, em 10 de janeiro de 1977, com a operacionalização de seu Ambulatório, o Incor deu início ao atendimento a pacientes, que teve impulso significativo a partir da criação da Fundação Zerbini, em 1978, como órgão de apoio às atividades do Instituto. Revista Newcor News


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ICESP “Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira”

Inaugurado em maio de 2008, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira é uma Organização Social de Saúde, criada pelo Governo do Estado em parceria com a Fundação Faculdade de Medicina para ser o maior hospital especializado em tratamento de câncer da América Latina. Com 112 metros de altura, construído em uma área aproximada de 84.000 m² na Av. Doutor Arnaldo, próximo à Avenida Paulista, o Icesp é fruto do investimento de R$ 270 milhões em obras e equipamentos. No prédio, de 28 andares, cerca de 6 mil pacientes com diagnóstico de câncer são atendidos mensalmente e tratados por alguns dos mais qualificados profissionais do Brasil nesta especialidade. Uma característica essencial do Instituto é a inovação na assistência prestada, que permite ao paciente ter todas as fases de seu atendimento, do diagnóstico à reabilitação, integradas no mesmo local. Além do atendimento médico, os profissionais do Icesp desenvolvem atividades de ensino e pesquisa de acordo com o modelo de ensino médico introduzido pela Faculdade de Medicina da USP no país. O objetivo é transformar o Instituto em um centro de pesquisa de referência em nível internacional na área do câncer, inclusive no estudo de novos fármacos e tratamentos inovadores para a doença 32

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Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Inaugurado em 19 de abril de 1944, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - HCFMUSP é uma autarquia estadual vinculada à Secretaria de Estado da Saúde para fins de coordenação administrativa e associada à Faculdade de Medicina da USP para fins de ensino, pesquisa e prestação de ações e serviços de saúde de alta complexidade destinados à comunidade. São órgãos da administração superior do HC o Conselho Deliberativo, a Superintendência e a Diretoria Clínica Conselho Deliberativo: é composto por Professores Titulares da Faculdade de Medicina. Cabe ao Conselho definir as diretrizes básicas das atividades médico-hospitalares, de pesquisa, e de cooperação com os cursos da FMUSP Diretoria Clínica: tem a atribuição de coordenar as atividades médicas e apoiar as de ensino e de pesquisa científica das unidades hospitalares. 33

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O Complexo HC ocupa uma área total de 352 mil metros quadrados com cerca de 2.200 leitos distribuídos entre os seus seis institutos especializados, dois hospitais auxiliares, uma divisão de reabilitação e um hospital associado. Compõem o Complexo: • Prédio da Administração • Instituto Central • Instituto do Coração • Instituto de Ortopedia e Traumatologia • Instituto de Psiquiatria • Instituto de Radiologia • Instituto da Criança • Hospital Auxiliar de Suzano • Instituto de Med. Física e Reabilitação Unidade Vila Mariana Unidade Umarizal • Hospital Auxiliar de Cotoxó • Laboratórios de Investigação Médica • Centro de Convenções Rebouças • Casa da Aids • S.A.M.S.S • Rec. dos Aposentados - G. Vida Esperança • Assoc. Voluntários do Hosp.das Clínicas Revista Newcor News 33


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Biblioteca A Biblioteca existe desde a criação da própria Faculdade de Medicina, estabelecida em 19 de dezembro de 1912. O seu desenvolvimento vem procurando acompanhar o crescimento da Instituição. Uma das grandes realizações do passado foi a iniciativa precursora do médico e bibliotecário Jorge de Andrade Maia, no campo da documentação científica brasileira, na área médica, com o Catálogo Médico Paulista e o Índice Catálogo Médico Brasileiro. Em 1985 passou a denominar-se Serviço de Biblioteca e Documentação, SBD, designação que melhor reflete seus objetivos e funções, acompanhando a evolução na área como biblioteca do conjunto de base SIBi - Sistema Integrado de Bibliotecas da USP. Em 2009 passou a denominar-se Divisão de Biblioteca e Documentação, DBD. A DBD/FMUSP gerencia, organiza e dissemina a informação na área de Ciências da Saúde para o complexo HC/FMUSP, e define o planejamento e as estratégias que visam os melhores resultados, produtos e serviços para a comunidade. A estrutura da DBD é constituída por uma Biblioteca Central (BC), duas bibliotecas setoriais especializadas - Centro de Medicina Nuclear (CMN) e Instituto de Radiologia (INRAD) e a Biblioteca Satélite do Pacaembu. A missão da DBD/FMUSP é promover o desenvolvimento das Bibliotecas da FMUSP, capacitando-as a oferecer a docentes, pesquisadores e alunos, os serviços e produtos necessários ao desenvolvimento das atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão. 34

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Museu Histórico “Prof. Carlos da Silva Lacaz”

Criado em 1977 como “Museu Histórico da Faculdade de Medicina”, o órgão assumiu a denominação de Museu Histórico “Prof. Carlos da Silva Lacaz” em 1993, em homenagem ao fundador e seu diretor vitalício até 2002, ano de falecimento desse médico e pesquisador da área de Microbiologia e Micologia Médica. O projeto museológico instituído se deu em bases privadas, mas com apoio da elite médica paulista e de parte significativa dos professores e alunos da própria Faculdade. Dedicou-se a partir de então em reunir materiais, que conseguissem traduzir uma “história oficial” médica e institucional, apoiado na concepção de uma trajetória histórica linear, progressiva e extremamente cravada por vultos e feitos heróicos. Paralelamente a isso, o Museu Histórico foi capaz de agrupar um vasto acervo documental, com prioridade aos primeiros tempos da institucionalização médica em São Paulo, variando de grupos e especialidades, a partir dos critérios atribuídos unicamente por seu diretor. Nesta direção, a morte do Prof. Carlos da Silva Lacaz em 2002 abriu um hiato em relação ao espaço de poder ocupado anteriormente pelo ex-diretor. A estrutura administrativa do Museu, que até então estava diretamente subordinada à diretoria foi transferida

para a Comissão de Cultura e Extensão (CCEx), e desde então, o Museu passou a vivenciar um profundo processo de redefinição de suas características e funções. A partir do ano de 2007, a Comissão de Cultura e Extensão Universitária (CCEx), presidida pelo Prof. Dr. José Ricardo C. M. Ayres, criou a Sub-comissão de Museus responsável por dar novos direcionamentos institucionais ao Museu Histórico. Com o apoio institucional e irrestrito do Diretor da Faculdade de Medicina, Prof. Dr. Marcos Boulos, do Diretor da Fundação Faculdade de Medicina, Prof. Dr. Flávio Fava de Morais, um amplo trabalho foi coordenado no sentido da revitalização infra-estrutural e das atividades museológicas do Museu Histórico. Cabe lembrar, que no processo de revitalização infra-estrutural do Museu Histórico, houve a participação do Banco Santander através de seu Projeto Universidades. Para que houvesse o acompanhamento da reforma infra-estrutural do Museu Histórico, bem como a introdução das modificações regimentais e da constituição das novas atribuições nas áreas da pesquisa, da museologia e educacional, foram contratados os historiadores André Mota (Coordenador do Museu Histórico) e Maria Gabriela S.M.C. Marinho (Pesquisadora).

Acervo

Bula Papal de Clemente VI, 1346.

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Primeiro Marcapasso Cardíaco construído no Incor-HC, década de 1960/70. Acervo particular

Primeiro Máquina Coração-Pulmão Artificial construída no Hospital das Clínicas da FMUSP, 1958. Acervo: Incor-HC

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Nova Diretoria

Prof. Dr. Giovanni Guido Cerri

O Prof. Dr. Giovanni Guido Cerri, professor titular do Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina da USP, foi escolhido novo diretor da FMUSP pelo reitor da Universidade, João Grandino Rodas. Cerri encabeçava a lista tríplice dos professores titulares eleitos, pelos membros da Congregação e dos conselhos de Departamentos. O novo diretor obteve 162 votos no primeiro escrutínio, numa votação expressiva equivalente a 88,5% do total de votos. Integravam a lista tríplice os professores José Otávio da Costa Auler Júnior (Cirurgia) e Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho (Ortopedia e Traumatologia). O Prof. Dr. Giovanni Cerri tomou posse após a eleição do novo vice-diretor da FMUSP. Esse é o segundo mandato do médico radiologista frente à Faculdade. O primeiro ocorreu de 2002 a 2006, quando implementou as reformas necessárias para modernização e restauro do prédio da FMUSP e deu início à reformulação do 38

currículo médico, com a inclusão do ensino de Atenção Básica e a integração das disciplinas de humanidades. Giovanni Cerri nasceu em Milão, na Itália, há 57 anos. É professor da FMUSP desde 1979. Formado pela Faculdade de Medicina da USP, em 1976, especializou-se primeiramente em ultrassonografia e tomografia computadorizada na Universidade de Birminghan, no Alabama (EUA), e posteriormente em tomodensitometria pela Universidade de Saint-Antoine, em Paris. Em 1996, tornou-se professor titular da FMUSP. Cerri é diretor do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas-FMUSP, diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e coordenador do Centro de Diagnóstico por Imagem do Hospital Sírio-Libanês. Recentemente, presidiu a World Federation for Ultrasound in Medicine and Biology. Revista Newcor News


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Metas

da Nova Diretoria

A gestão do Prof. Dr. Giovanni Cerri coincidim com o centenário da Faculdade de Medicina da USP, que aconteceu em dezembro de 2012. Para definir o futuro da instituição, foi criado o movimento Unidade no Centenário, que é resultado da reflexão de vários professores da Faculdade. A proposta do grupo é baseada em uma gestão participativa, descentralizada e com transparência em suas ações. Além de reforçar a posição de liderança nacional no ensino médico, na produção científica e na qualidade de assistência, a FMUSP pretende dar um salto qualitativo, projetando a instituição em nível internacional. Na área de pesquisa, serão estabelecidos mecanismos para incentivo e apoio às atividades e grupos da instituição, visando à sua integração, com a criação e implementação de um Conselho Central. A diretoria da FMUSP terá o papel de conduzir o processo de transformação, promovendo as condições administrativas e de infraestrutura para a implantação de uma política consistente em pesquisa que será delineada por este órgão 40

central. Outra meta é criar um fundo institucional de suporte à pesquisa. Já na área assistencial, entre as propostas estão a criação e implantação do Conselho Central de Assistência, que englobará o Conselho Deliberativo do HCFMUSP, Icesp, Emílio Ribas, Região Oeste, Lucy Montoro e Hospital Universitário, visando maior integração entre os diversos órgãos e níveis de atenção à saúde. Além disso, será dada prioridade à modernização da infraestrutura do Instituto Central do Hospital das Clínicas (ICHC), melhorando a disponibilidade para atendimento de convênios, incluindo internação. Outra meta é completar a integração do Icesp e do Instituto Emílio Ribas ao Complexo Hospitalar da FMUSP, reforçando os mecanismos de fluxo entre eles e os demais hospitais. Na área de ensino, pretende-se oferecer aos alunos da FMUSP com bom desempenho, avaliados ao longo dos seis anos de curso, o acesso à especialização dentro da própria instituição. Também será promovida a internacionalização por meio de intercâmbios no exterior com o reconhecimento de créditos. Revista Newcor News


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Capa FMUSP comemora 100 anos com apresentação da Bachiana Filarmônica SESI-SP

A orquestra foi regida pelo maestro João Carlos Martins A Faculdade de Medicina da USP realizou solenidade em comemoração ao Centésimo Aniversário da Instituição, com concerto da Bachiana Filarmônica SESI-SP e inauguração da nova iluminação do prédio. Sob a regência do maestro João Carlos Martins, a orquestra apresentou repertório formado por obras de Johann Sebastian Bach, Luigi Boccherini, Piotr Ilitch Tchaikovsky, Dave Brubeck, Mateus Araújo e Ennio Morriconne. Além de celebrar os 100 anos da FMUSP, o evento teve como objetivo de reunir todos que fizeram e que fazem parte da história da Instituição, colaborando para manter o prestígio da escola médica e o histórico de pioneirismos e avanços no modelo de ensino e na assistência médica. Reconhecida como o maior centro de formação de recursos humanos do Brasil na área da saúde, introduziu no país o modelo de ensino médico baseado na existência de hospitais universitários vinculados às escolas médicas, onde são realizadas as aulas práticas associadas a atividades de pesquisa e assistência. Na liderança do maior sistema de saúde 42

universitário brasileiro, a FMUSP foi pioneira nas novas técnicas que representaram avanços científicos na área médica e permitiram salvar milhares de vidas. Entre eles, o primeiro transplante de rim da América Latina (1965), o primeiro transplante de coração da América do Sul e o segundo no mundo (1968), o primeiro transplante intervivos de fígado do mundo (1988) e o primeiro transplante de fígado em criança (1989). Em 2011, passou a ser a primeira escola médica da América do Sul a integrar a M8 Alliance, uma rede global de instituições acadêmicas de excelência em ensino e pesquisa que auxilia decisores políticos, econômicos e da sociedade civil a desenvolver soluções baseadas na ciência para a melhoria da qualidade de vida nos cinco continentes. No ranking elaborado pela Universidade de Xangai, atualmente a FMUSP está entre as 100 melhores faculdades de medicina do mundo. Os investimentos contínuos em ensino, pesquisa e extensão, associados a uma maior internacionalização, buscam inserir a FMUSP entre as 50 melhores. Revista Newcor News


Indicação destaca pioneirismos e relevantes serviços prestados à medicina. A Faculdade de Medicina da USP contemplou, professores da Instituição com a Medalha Institucional do Centenário, criada com a finalidade de agraciar as pessoas que contribuíram de modo excepcional e decisivo para a valorização institucional, cultural, social e acadêmica da FMUSP. A solenidade integrou os eventos comemorativos dos 100 anos da Faculdade. A homenagem ao Professor Dario Birolini deveu-se à excepcional contribuição à área médica, através de seu pioneirismo na implantação dos serviços de resgate médico e desenvolvimento da área de atendimento ao trauma no país e na criação da Sociedade Brasileira para o Atendimento Integrado do Traumatizado. A extraordinária contribuição à área médica, através de sua atuação no planejamento e consolidação do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, tornando-o um centro de referência na pesquisa, no diagnóstico e no tratamento de doenças do coração, outorgou a Medalha Institucional do Centenário ao Professor Fúlvio José Carlos Pileggi. O Professor György Miklós Böhm foi contemplado pelo seu destacado pioneirismo ao instituir, na Faculdade de Medicina da USP, a primeira disciplina estruturada de Telemedicina do Brasil e o primeiro Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental na América Latina, além de papel fundamental na consolidação da Fundação Faculdade de Medicina. A excepcional atuação no desenvolvimento de pesquisas científicas e estudos da Oncologia na Faculdade de Medicina da USP, contribuindo para a estruturação e consolidação do estudo da Oncologia em todo o Brasil conferiu a homenagem à Professora Maria Mitzi Brentani. O Professor Silvano Mario Attilio Raia foi agraciado pela sua excepcional contribuição à área médica ao realizar o primeiro transplante de fígado com sucesso na América Latina e o primeiro transplante de fígado intervivos do mundo. A solenidade contou ainda com a presença do Magnífico Reitor da USP, Professor João Grandino Rodas, do Secretário de Estado da Saúde, Professor Giovanni Guido Cerri, da Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Professora Linamara Rizzo Battistella, e do Diretor em Exercício da Faculdade de Medicina da USP, Professor José Otávio Costa Auler Junior. 43 Revista Newcor News

Professor Dario Birolini

Prof. Fúlvio José Carlos Pileggi

Professor György Miklós Böhm

Professora Maria Mitzi Brentani.

Professor Silvano Mario Attilio Raia Revista Newcor News 43


Artigo

Complexo Hospitalar do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia Amanda Guerra de Moraes Rego Sousa*

O Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, criado em 1954, é uma Unidade Hospitalar da Administração Direta da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo, sendo exclusivamente voltada ao diagnóstico e tratamento das doenças cardiovasculares. É também um dos 160 hospitais brasileiros e um dos 43 paulistas categorizados como Hospitais de Ensino dos Ministério da Saúde e da Educação e, desde 1991, é Entidade Associada da Universidade de São Paulo. Com três edifícios, que somam 60.000 m² de área construída (figura 1), dedica-se à assistência, ao ensino e à pesquisa na área de Medicina Cardiovascular. Seu Corpo Clínico reúne 2.010 servidores, sendo 284 médicos, 176 enfermeiros, 606 técnicos de enfermagem, 163 profissionais de outras áreas da Sáude (Nutrição, Psicologia, Fisioterapia, Assistência Social, Educação Física e Terapia Ocupacional, Farmácia, Fonoaudiologia, Odontologia) 10 engenheiros, além de funcionários da Administração e de Apoio. 44

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Nas atividades assistenciais, dedica-se no Ambulatório (23 seções médicas, 243.374 atendimentos em 2012) e no Pronto Socorro (porta aberta, 43.617 consultas em 2012) ao atendimento eletivo e de emergência de pacientes exclusivamente do Sistema Uníco de Saúde – SUS.

O Dante Pazzanese igualmente voltouse para o ensino na área Cardiovascular, tendo criado sua Residência Médica em 1959 (a primeira voltada à especialidade no País), contando hoje com mais de 1.700 egressos. Posteriormente, foram criadas as residências em Cirurgia Cardiovascular e Vascular Periférica, conferindo-lhe tradição no ensino médico Dispõe de Cirurgia Cardiovascular de especializado, na área. Em 2012, foi constiponta (12 salas cirúrgicas e 1 sala para pro- tuída a residência na Enfermangem, ligada cedimentos híbridos), realizando 8 a 10 à Escola de Enfermagem da Universidade de cirurgias cardíacas, 4 a 6 cirurgias vasculares São Paulo – USP periféricas e 2 a 4 implantes de marcapassos/disfribiladores por dia. Adicionalmente, Após sua ligação à USP em 1991, o Incom 6 laboratórios de cateterismo cardíaco stituto Dante Pazzanese de Cardiologia teve e 1 de eletrofisiologia possui avançada área metade de seu corpo clínico à época (90 de de Cardiologia Intervencionista, com mais de 180 médicos) titulados pelo Programa de 11.000 procedimentos anuais, incluindo an- Doutorado Direto da Disciplina de Cardiogioplastias coronárias, tratamento percutâ- Pneumologia da Faculdade de Medicina da neo das cardiopatias congênitas e valvulares, USP (1992-2005). Em 2006, aplicou seu terapêutica endovascular com emprego de próprio Programa de Pós-Gra-duação que, stents e ablações para o tratamento das ar- aprovado pelo Conselho Universitário da USP ritmias cardíacas. e pela CAPES (nota 4), iniciou suas atividades de ensino e pesquisa pós-graduados, em abril Contribuiu pioneramente, em âmbito de 2007. O Programa de Doutorado USP-IDPC nacional e internacional, com a introdução de está voltado à: Medicina/Tecnologia e Interdiversas técnicas percutâneas e cirúrgicas, al- venção em Cardiologia e é constituido por: gumas que mudaram a prática da Medicina Continua pag. 46 Cardiovascular, entre as quais citam-se: • correção anatômica da transposição das grandes artérias (Adib Jatene, 1978); • • correção geométrica do aneurisma do Ventrículo Esquerdo (Adib Jatene, 1980); • • realização do primeiro implante de stent coronário de Palmaz - Schatz em humanos (Eduardo Sousa,1987): • • realização do primeiro implante de stent coronário farmacológico com rapamicina no mundo (Eduardo Sousa, 1999).

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Amanda Guerra de Moraes Rego Sousa* • Graduada em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (1975), Especialização em Cardiologia e Ecocardiografia no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (1979). • • Diretora Técnica de Departamento de Saúde

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Artigo

• • 1 área de concentração: - Medicina/Tecnologia e Intervenção em Cardiologia • 6 linhas de pesquisa: - Terapêutica Intervencionista Endovascular; - Fisiopatologia e Estratégias Terapêuticas nas Síndromes Coronárias Agudas; - Imagens Invasivas e não Invasivas em Medicina Cardiovascular de Adultos e em Cardiologia Pediátrica; - Farmacologia Cardiovascular e Tratamento das Arritmias Cardíacas; - Cirurgia Cardiovascular e Tecnologia Aplicada ao Aparelho Circulatório; - Epidemiologia Cardiovascular. • 14 Disciplinas: - Metodologia Científica; - Cardiologia Intervencionista; - Estudos Avançados em Síndromes Coronárias Agudas; - Pesquisa em Medicina Cardiovascular: Planejamento, Execução e Avaliação; - Dislipidemias e Prevenção Cardiovascular; - Farmacoterapêutica Cardiovascular; - Cardiologia Pediátrica; - Emergências Cardiovasculares; - Arritmias e Estimulação Cardíaca; - Imagens em Medicina Cardiovascular; - Cirurgia Cardiovascular; - Conceitos de Tecnologia em Medicina(Biogenharia): - Bioestatística; - Genoma, Transcriptoma e Proteoma Aplicados à Cardiologia. • 21 Docentes Permanentes; • 7 Docentes Colaboradores; • 67 alunos matriculados, sendo 61 médicos, 4 engenheiros e 2 tecnólogos, • dos quais 22 já defenderam suas teses de Doutorado entre 2011-2012.

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Diretoria do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia

Com 21 anos de ligação à Universidade, o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia reflete hoje o forte perfil de academização que o caracteriza. Além das evoluções na área médica, o IDPC dedicou-se a capacitar outros profissionais da Saúde, iniciando Programas de Aprimoramento em nove áreas: Nutrição (1970), Psicologia (1980), Enfermagem (1981, com 236 egressos), Serviço Social (1983), Biologia na área de Doença de Chagas (1985), Fisioterapia (1996), Educação Física (2005), Odontologia (2007) e Fonoaudiologia (2010). Reune, portanto a cada ano, cerca de 400 aprendizes, configurando-se assim numa verdadeira Escola voltada aos diversos aspectos da Saúde Cardiovascular. A qualidade de seus Programas de Apri47 Revista Newcor News

moramento, em especial na área de Enfermagem Cardiovascular, é amplamente reconhecida no Estado e no país, sendo um paradígma assistencial neste campo do saber, atuando frequentemente na Secretaria de Estado da Saúde na propagação de conhecimentos e capacitação de outros profissionais da área, no que diz respeito: à Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE); aos Processos de Trabalho; à Enfermagem em Cardiologia Intervencionista e nas Unidades de Terapia Intensiva; em Indicadores de Qualidade e Quantidade Assistenciais e Gerenciais, assim como ao Ensino e Pesquisa na especialidade. A produção institucional, no triênio 20092012 é a que esta disposta nas tabelas de 1 e 2. Revista Newcor News 47


Artigo Tabela 1. Produção Bibliográfica do IDPC no quadriênio 2009-2012

Tabela 2. Produção Técnica do IDPC no quadriênio 2009-2012

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Artigo

Uma nova proposta Dr.Adib Jatene - é cardiologista, professor emérito da Faculdade de Medicina da USP, diretor-geral do Hospital do Coração e foi ministro da Saúde. A discussão sobre a falta de médicos para atuar na periferia das grandes cidades ou em municípios remotos, ambos carentes desses profissionais, vem mobilizando todos os administradores públicos, especialmente os prefeitos, que não conseguem contratá-los para o Programa Saúde da Família (PSF), mesmo oferecendo remuneração igual ou superior a R$ 10 mil mensais. A proposta de algumas importantes figuras da administração é ampliar a oferta de vagas pela abertura de novos cursos e, simultaneamente, importar médicos formados no exterior. Mas nenhuma dessas propostas seria capaz de corrigir a demanda atual. Novos cursos só vão formar médicos após seis anos. Formar novos médicos no sistema atual significa considerar a residência médica indispensável. Porém o número de vagas para residência, apesar das 1.260 criadas recentemente pelo Ministério da Saúde, é ainda inferior ao número de graduandos. Também a residência médica existe apenas em grandes hospitais, que utilizam toda a moderna tecnologia. Desse modo, a residência médica forma especialistas e subespecialistas que não vão trabalhar com a população carente, mas agravar as 50

distorções, indo atuar em áreas mais ricas e centrais das cidades. Por outro lado, importar médicos envolve grande risco, desde que essa importação não seja feita de países onde o ensino médico prime pela qualidade. Existe contingente significativo de alunos brasileiros buscando sua graduação em países onde há facilidade de ingresso e cujos cursos não formam o profissional com a qualidade mínima exigida. Uma vez formados, querem exercer a atividade no Brasil. A tentativa de acordos bilaterais reconhecendo automaticamente os diplomas tornou-se inviável, levando os Ministérios da Educação (MEC) e da Saúde a elaborar o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras (Revalida), para uniformizar os critérios nas universidades federais encarregadas dessa revalidação. Uma proposta ouvida no MEC é de que tais profissionais poderiam trabalhar por dois anos, sob supervisão de tutores, e só depois prestar o exame para revalidação. Propõem até reduzir as exigências do Revalida para facilitar a aprovação, o que nos parece inadmissível. Revista Newcor News


Nenhuma dessas duas propostas, portanto, resolveria o nosso problema. Entendo que é o momento de propor um pré-requisito para a residência médica: cumprir dois anos no Programa Saúde da Família, supervisionado pela sua escola. Isso traria impacto de três ordens: fornecer o profissional para locais pouco atrativos, envolver a escola na assistência e reformar o ensino médico. Diante da gravidade da situação em que nos encontramos, é ingênuo pensar que mantendo a situação atual se consiga corrigir as desigualdades. São necessárias medidas que podem ser consideradas radicais para mudar. Vivemos um tempo de mudança e o ensino médico deve mudar pensando na população desassistida, cuja condição precisa ser recuperada. Parto do pressuposto de que nenhum país do mundo, mesmo gastando mais de US$ 7 mil per capita por ano, consegue oferecer a moderna tecnologia a todos indistintamente (assinale-se que gastamos menos de US$ 900 per capita). Mesmo porque 80% dos casos, que procuram o médico, podem ser tratados sem esses recursos, que, entretanto, devem ser postos à disposição de quem deles precisa. Assim, o curso médico deve formar um profissional capaz de atender um paciente em situação de emergência e em situação eletiva, basicamente fazendo diagnóstico e orientando a terapêutica com base em história clínica detalhada e nos sinais obtidos pelo exame físico. Essa característica da Semiologia se está perdendo, já que é mais fácil lançar mão de exames de imagem.

que faz a residência médica.

De pouco adianta preparar esse médico se o enviarmos diretamente para a residência, que só existe em hospitais que detêm toda a tecnologia e onde se internam os 20% que necessitam dela. Antes de o curso preparar especialistas precoces, deve fazê-los atuar como médicos capazes de atender a população, sem usar a moderna tecnologia. Além da supervisão pela sua escola, esses médicos devem contar com especialistas na área em que atuam e com possibilidade de leitos para eventuais internações, constituindo uma rede de serviços assistenciais. Para que a proposta se torne eficaz é ainda necessário corrigir a desigualdade na oferta de vagas. Enquanto no Tocantins existe uma vaga para cada 4.068 habitantes e em Minas Gerais, uma para 6.665, em São Paulo há uma vaga para 13.193 e no Pará, uma para 19.456. Nas regionais de São Paulo a mesma desigualdade se verifica. Enquanto a regional de São José do Rio Preto tem uma vaga para 3.391 habitantes, a de Ribeirão Preto dispõe de uma para 4.712, a regional da Grande São Paulo conta com uma para 20.700 e a regional de São José dos Campos, uma para 28.957. O médico recém-formado deve estar pronto, ao sair da escola, para trabalhar junto à população no PSF, por dois anos, como pré-requisito para buscar a residência médica. Assinale-se que quando eu cursei a Faculdade de Medicina, de 1948 a 1953, o curso era de seis anos. Hoje continua de seis anos, mas assistimos a uma avassaladora acumulação de Mas para o curso formar um profissional conhecimento e tecnologia. é preciso que se garanta um exercício da ativiE o modelo deve abranger todos os dade onde, com esses pressupostos, ele pode- recém-formados. Dessa forma, se tomarmos ria atuar. É necessário expor o recém-formado como parâmetro o último ano, em que mais de a atuar junto à população, supervisionado 13 mil médicos foram formados em dois anos, pela sua escola, antes de induzi-lo a escolher cobriríamos toda a demanda para uma área que uma área de especialidade, o que, ao fim, é o não é atrativa, mas precisa ser atendida. 51 Revista Newcor News

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Saúde

A sabedoria do coração Processo Conexão Natural dá especial atenção às práticas bioenergéticas que, por meio da ativação da glândula timo, despertam todo o potencial do coração. Vejam, a seguir, um texto captado na internet que nos oferece um excelente panorama das atuais pesquisas científica sobre o coração. Hoje, as novas descobertas da neurociência e da cardioenergética nos mostram que o coração não é apenas uma fantástica bomba de sangue para o corpo, ou uma metáfora romântica para sentimentos entre pessoas. As pesquisas da nova ciência demonstram que o coração possui talentos e características próprias, que ultrapassam a nossa capacidade racional de compreensão e abrem caminho para uma atuação pessoal e profissional mais criativa, produtiva e saudável. “Dispomos hoje de provas científicas de que o coração nos envia sinais emocionais e intuitivos para nos ajudar a governar a nossa vida. Em vez de simplesmente bombear sangue, o coração dirige e promove o alinhamento de muitos sistemas do corpo, de modo a fazer com que funcionem em harmonia uns com os outros.” ( Doc Childre e Howard Martin – Institute HeartMath- Califórnia- USA) Alguns fatos surpreendentes sobre o coração redescoberto pela ciência: - O campo elétrico do coração é 40 a 60 vezes superior ao campo elétrico gerado pelo cérebro. Registros já mostram também que o seu campo magnético é de 4.000 a 5.000 vezes mais potente que o do cérebro, e podem ser medidos até 3 metros. 52

- Os batimentos cardíacos são gerados a partir do interior do próprio coração, não precisando de uma ligação com o cérebro para continuar a bater. Os cientistas ainda não sabem exatamente o que o faz o coração de um feto começar a pulsar. - Dentro do coração existe um pequeno cérebro, um sistema nervoso independente, com aproximadamente 40.000 neurônios, o cérebro do coração. Este complexo neuronal é gerador de uma inteligência própria, diferenciada e altamente intuitiva, que processa informações e envia sinais para o cérebro, em seu sistema límbico e neocórtex, esta a parte do cérebro responsável pelo raciocínio e pensamento. O coração comunica-se com o cérebro e o corpo de quatro maneiras: 1. comunicação neurológica (sistema nervoso) 2. Comunicação biofísica (ondas de pulsação) 3. Comunicação bioquímica (hormônios) 4. Comunicação energética (campos eletromagnéticos) - Cada batida do coração carrega informação para as células do corpo, numa linguagem Revista Newcor News


inteligente que influencia diretamente a nossa maneira de perceber, pensar e reagir ao mundo. Os ritmos cardíacos geram campos eletromagnéticos específicos, de maior ou menor coerência, que impactam diretamente o funcionamento de todos os órgãos, especialmente as funções cerebrais, impactando a performance individual. - Já está comprovado por testes que, quando cérebro e coração estão em sincronia energética, mais inteligência e intuição ficam disponíveis para os indivíduos. • (Fontes: Instituto HeartMath – Califórnia – EUA; livro memória das Células, Dr. Paul Pearsall; livro The Biology of Transcendence, John Pearce, entre outros) Como vemos pelas novas descobertas, a qualidade do campo energético do coração afeta os ritmos cardíacos, que, por suas vez, influenciam diretamente as funções fisiológicas e cerebrais. Mudanças poderosas e surpreendentes ocorrem quando usamos as técnicas da cardioconsciência para experimentar intencionalmente sentimentos positivos e coerência nos ritmos

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do coração. Podemos, então, concluir que o coração é o grande maestro dos sistemas físicos e cognitivos, aquele que dá o ritmo e regula a maior ou menor coerência do corpo humano. Se sentimos frustração, medo, raiva, mágoa, etc, criamos um campo energético interno e externo desordenado e incoerente, e as pessoas sentem-se confusas, pouco criativas, com reduzida clareza mental. Se, ao contrário, vivenciamos o que chamamos as freqüências superiores do coração – sentimentos como amor, apreciação, compaixão, alegria, entusiasmo, perdão, gratidão, entre outros – produzimos um campo coerente e ordenado, que se irradia como informação para todas as células do nosso corpo, gerando maior equilíbrio, maior clareza mental, máxima criatividade e bem-estar. Na verdade, os sentimentos são códigos de acesso ao que chamamos de Sabedoria do Coração, que podemos definir como a capacidade do indivíduo de gerar níveis excepcionais de energia interior, criando a excelência dos estados mentais, emocionais, espirituais e físicos.

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Saúde

Qualidade de Vida A saúde é amplamente reconhecida como o maior e o melhor recurso para se obter a qualidade de vida. Tanto se ouve falar em programas de TV que os cuidados com a saúde reflete no seu dia-a-dia e no seu bem estar...Afinal você vivendo com qualidade, tem mais disponibilidade para realizar coisas novas e positivas. Saúde e qualidade de vida são dois temas estreitamente relacionados, no nosso cotidiano Isto é, a saúde contribui para melhorar a qualidade de vida e esta é fundamental! Pois sem saúde não fazemos nada. Há um bom tempo que a qualidade de vida tem sido assunto na vida das pessoas e das organizações. Há sempre alguém batendo na mesma tecla: você deve melhorar a sua qualidade de vida. E o que seria afinal esta qualidade de vida? Seria bem materiais? Seria estar com status social? Seria relacionar-se melhor? Quando se fala em qualidade de vida, o ser humano pensa automaticamente em um padrão de conforto mais elevado. Assim, muitos imaginam que cargos importantes, casa, carro, eletrodomésticos, Internet, roupas de grife, celular e outras coisas que podem melhorar a qualidade de vida. 54

Definitivamente errado, qualidade de vida tem tudo a ver com a saúde física e mental de uma pessoa. E está relacionada com a superação de desafios, porque o ser humano não vive sem desafios. E a necessidade de conquistar e de se superar é uma característica de quem busca melhorias em sua vida. Se a qualidade tem relação direta com a superação de desafios e a capacidade de realização do ser humano, é natural admitir picos de oscilação positiva e negativa durante toda a sua existência. Você não vai conseguir tudo, por maior que seja o esforço, mas pode conquistar muito, dependendo do seu esforço. Na prática, o que isso quer dizer? Momentos bons e ruins fazem parte da vida de qualquer pessoa, portanto, a forma como você administra esses momentos e as lições que você aprende a partir deles que determina a sua qualidade de vida. Quer aumentar a sua qualidade vida? Não espere por milagres e soluções mágicas. Nada muda se você não tomar atitudes concretas para mudar seus hábitos a fim de extrair melhores resultados. Tenha tempo para você,para se cuidar. Tenha tempo e momenRevista Newcor News


tos de lazer com sua família e seus amigos. Administre bem as finanças. Arrume tempo para cuidar do seu corpo, ele é uma máquina que deve ser cuidada. Arrume tempo para relaxar, meditar, estar próximo a natureza e orar sempre. Estar em sintônia com Deus é a base para estar em equilíbrio. Viva em harmonia com as pessoas e dê o melhor de si, evite se expor a situações de stress.

Eis aqui umas dicas preciosas: To r n e - s e mais produtivo: Planeje e pense no que você não faz e no que você pode fazer para conquistar o padrão de vida que deseja. O que você está fazendo para extrair o melhor da vida e o melhor de si mesmo? Suas metas e objetivos estão alinhados com os seus valores? Você usa o tempo a seu favor? Pratica alguma atividade física? Reveja seus valores: Valores energizam o espírito e contribuem para aumentar o sentido de realização. Pergunte-se: o que você deseja para si mesmo? Como você quer viver? Quem você quer se tornar? Que exemplo você quer deixar? O que lhe faz realmente bem? Avalie seus desejos e necessidades: você precisa de tudo o que você compra?

Seus desejos são legítimos ou cada vez que você se deprime vai para o shopping e estoura o limite do cartão? Existe algo que você pode abrir mão para desperdiçar menos tempo e energia e aumentar a sua qualidade de vida? Examine seus relacionamentos: que tipo de pessoas você atrai? Que tipo de relacionamento você deseja?Como você se relaciona com as pessoas? Você tem bons amigos? Quantas pessoas pode contar de verdade nas horas de dificuldade?

é sua eterna morada?

Reflita sobre seu emprego e sua empresa: qual é a empresa ideal para você? Como está o clima organizacional? Os valores da empresa estão alinhados com os seus? Será que é isso mesmo que você quer para sua carreira? A zona de conforto

Torne-se menos influenciável: quanto mais você pensa pela cabeça dos outros, mais maria vai com as outras você se torna. Não fuja da sua responsabilidade, mas não assuma a parte dos outros. Quanto mais você espera dos outros, mais você se frustra, portanto, não espere nada, não reclame e continue fazendo a sua parte. Lembre-se você responde pelos seus atos no seu dia a dia perante as pessoas e dentro de uma empresa...

Reflita e comece a mudar seu estilo de vida e seja feliz! 55 Revista Newcor News

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Atualização

A aliança entre a medicina e a

investigação ao serviço da saúde Não existe Medicina sem Investigação e a investigação não existiria sem a medicina. Atualmente a saúde de cada indivíduo é assegurada e acompanhada desde o primeiro momento de vida pela Medicina, e não teríamos chegado a um programa medicinal eficaz que melhora a qualidade de vida e vem aumentando a sua esperança média, sem o recurso à investigação. E é dessa aliança entre a Medicina e a Investigação ao serviço da saúde que estamos falando.

Medicina A medicina é uma área do conhecimento associada à restituição e conservação do estado de saúde. O âmbito de atuação da medicina atravessa desde a prevenção à cura da doença. Ela não trata apenas de trabalhar no sentido de erradicar uma doença, ela busca o bem-estar geral tanto aos níveis físico, como ao mental e psicológico. A medicina engloba variadas ciências na sua prática (química, biologia, física, anatomia, etc.) por sua vez a investigação usa como recurso todas essas ciências para garantir que a medicina possa diagnosticar e tratar a doença de modo eficaz. A medicina evoluiu muito desde o seu começo, por isso hoje em dia, estão definidas e desenvolvidas imensas especialidades como a pediatria, dedicada à saúde da criança, a cardiologia, centrada no coração, a dermatologia ligada às doenças de pele.

Investigação A investigação é um processo vital da medicina. Este processo trata, de modo muito resumido, de aplicar as mais variadas áreas do saber científico, para desvendar problemas relacionados 56

com a doença, os seus mecanismos e a cura. A investigação médica se reflete a maioria das vezes na procura de desenvolvimentos farmacológicos e a busca de novos medicamentos que tragam a melhoria da qualidade da vida humana. A investigação médica tem o reconhecimento da sociedade total, como a própria medicina. São indiscutíveis as vitórias que a investigação já trouxe ao longo da história, como por exemplo a descoberta do hoje tão conhecido antibiótico, que revolucionou para sempre o rosto da medicina.

A sua aliança Por tudo o que já foi referido, é inegável o avanço que a medicina tomou e continua a seguir, por conta da investigação médica. Ao longo do tempo, o seu crescimento foi “travado” por opiniões públicas que apontavam o lado ético que, por vezes foi afetado pelo trabalho da investigação médica. Mas estão claros todos os benefícios que resultam da investigação para a prática da medicina compensam quando se trata de promover a saúde humana. Sendo esta uma aliança que jamais será quebrada. Revista Newcor News


Como estão as universidades de medicina no Brasil Para muitos cursar medicina é um sonho que começou bem cedo, ainda naquela época em que éramos crianças. Seja pelo estatuto da profissão ou pelo salário, realizar esse sonho não é fácil e exige empenho, dinheiro, muita dedicação e força desde os primeiros anos enquanto estudante. Depois vem a competição por uma vaga na faculdade que é apertada, e claro no final é necessário escolher a melhor faculdade.

O ensino da medicina no Brasil O Brasil é o país com maior número de universidades e cursos de medicina proporcionalmente ao seu número de habitantes. A oferta de faculdades é imensa, público ou privado sendo que o número do privado é bastante superior. Atualmente existem mais de 180 escolas de ensino médico. O estado de São Paulo, seguido de Minas Gerais surgem nos primeiros lugares da lista com o maior número de faculdades. Este crescimento do número de universidades no Brasil onde cursar medicina teve vários momentos. O aumento mais destacado foi no período entre os anos 60 e 69 principalmente no sudeste do país. No ano de 1996 aumenta o número de faculdades do setor privado. E de 2000 a 2011 mais 77 novas universidades acrescem ao número de cursos de medicina, uma vez mais no privado.

As melhores faculdades O curso de medicina USP (Universidade de São Paulo) está classificado como sendo o melhor no Brasil. A USP prima pela sua qualidade de ensino, é conceituada como sendo a primeira na lista 57 Revista Newcor News

com o melhor curso e os melhores professores. A universidade federal do Mato Grosso é também muito reconhecida no ensino da medicina, apresentando as melhores médias nas classificações do desempenho dos seus alunos. E no ensino público, oferecendo o melhor curso gratuito no país está a Universidade federal de ciências da saúde de Porto Alegre, nesta área de ensino especializado.

O estado atual Apesar da oferta atual ser imensa, de grande qualidade, conceituada e distribuída por vários estados do Brasil, o estado quer aumentar ainda mais o número de vagas para cursar medicina. Isto porque apesar do ensino ter aumentado bastante, segundo informação da organização mundial da saúde, o Brasil tem ainda um número inferior de médicos comparando com países como a Argentina ou o Uruguai. A proposta é criar os cursos em estabelecimentos de ensino que ainda não oferecem a medicina. Ao mesmo tempo, se pretende aumentar o número de oportunidades de residência médica por todo o Brasil. Revista Newcor News 57


Atualização Medicina tradicional e moderna, tudo pela saúde. A medicina sendo ela tradicional ou moderna, tem um único propósito: a preservação da saúde do ser humano. Embora sejam vertentes diferentes da medicina, uma complementa a outra na sua essência, e são indiscutivelmente dois lados que têm muito a aprender um com o outro.

Medicina tradicional Não existe uma definição única da medicina tradicional. No fundo ela é o conjunto de métodos e prática no tratamento de doenças, construídos com base em experiências pessoais que foram sendo passados de geração em geração. A medicina tradicional está muito ligada à medicina popular, centrada no saber e segredos populares. É comum o uso de variadas plantas medicinais pois o conhecimento de todas as suas particularidades, aplicações e finalidades foi amplamente explorado pelos curandeiros. Sendo uma medicina que vem da observação ao longo de várias gerações e em diferentes culturas, ela se diferencia de acordo com cada uma dessas culturas (medicina chinesa, tibetana, africana). E foi cada uma dessas culturas, que contribuiu em parte em muitas das terapias que hoje vemos na medicina moderna. Medicina moderna A medicina tradicional evoluiu e deu lugar à medicina moderna no final do século XV. A medicina moderna se carateriza pela procura por proporcionar o alívio rápido e imediato da dor e dos sintomas. O recurso a químicos é comum, ao contrário da medicina tradicional que se baseia nos recursos que a própria natureza 58

nos oferece. Por este motivo a medicina moderna traz alguns efeitos colaterais que não surgem na medicina tradicional, fruto da utilização de produtos sintetizados ou tratamentos químicos agressivos. Antes da medicina moderna, a maioria dos problemas de saúde eram associados a problemas do foro espiritual, ligado ao paranormal. Isto porque não havia o conhecimento do funcionamento do corpo humano e das causas para poder fazer um diagnóstico. Existe lugar para as duas vertentes da medicina na sociedade atual? A resposta a esta pergunta é sim. As duas medicinas se podem complementar, e são muitos os especialistas que quando não encontram uma resposta numa, a buscam na outra. A própria medicina moderna se baseia em muitos dos conhecimentos trazidos pela tradicional e pela experiência do povo ao longo da história da humanidade. Naturalmente que o avanço da medicina moderna a torna mais preparada para proporcionar o alívio e o conforto de modo mais rápido e eficaz que a medicina tradicional. Mas quando se atinge um momento no qual a esperança de uma cura na medicina moderna já não existe, muitos são aqueles que buscam na medicina tradicional e cultural a cura e a saúde tão desejadas. Revista Newcor News


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Opinião Eles estão chegando Aloísio Tibiriçá Miranda É 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), conselheiro federal pelo estado do Rio de Janeiro. Foi preciso que, de 10 a 15 de dezembro, o Jornal Nacional levasse aos quatro ventos a crítica situação do ensino médico no país para que o MEC, enfim, cumprisse seu papel, como agente do estado brasileiro, e criasse, através da Portaria de 1/2/2013, os critérios para a abertura de novas escolas médicas. Vê-se que não era tão difícil assim, para o governo, enfim, governar essa área que trata diretamente da formação de profissionais, que vão cuidar da saúde de nossa população. Não deixa de ser um grande avanço, depois do amplo domínio, nesse setor, do chamado mercado na abertura desses cursos. Afinal, foram 44 na era FHC, 52 na era Lula e 18 somente nos dois últimos anos do atual governo federal, num total, hoje, de 197 faculdades, o que, em números absolutos, só perde para a Índia. O ensino médico, a sua qualidade e a abertura indiscriminada de escolas têm ocupado um espaço privilegiado de debate entre as entidades médicas e o próprio governo. Propostas de avaliação dos alunos e das instituições fazem parte dessa agenda. São Paulo, através do Cremesp, procurou os seus caminhos, com a avaliação obrigatória dos formandos a título de pesquisa sobre a qualificação do ensino. A aplicação do chamado teste de progresso durante todo o curso e não isoladamente do seu “produto final” tem o amplo aval das entidades médicas e sua implementação ganha contornos cada vez mais definidos por nossas entidades. O tempo dirá se a intenção do MEC de definir os locais de abertura de escolas em regiões pré-determinadas, com vista a ali fixar os profissionais, terá ou não sucesso. Pela nossa avaliação, a resposta seria que não. O CFM acaba de lançar o estudo “De60

mografia Médica 2”, em que são avaliados os cenários e os indicadores de distribuição e migração médica no Brasil. Neste são confirmados os dados de que a fixação dos médicos e demais profissionais de saúde acompanham a presença de estabelecimentos de saúde, vantagens de infraestrutura, maior presença do estado, melhores condições de trabalho,remuneração, atualização, carreira e qualidade devida. Aliás, como em qualquer profissão, os fatores hoje dominantes são as vantagens oferecidas pelo “mercado”, tanto na especialização quanto na região ou local de trabalho. A conclusão lógica seria a de que, então, na ausência do “incentivo do mercado” e diante das flagrantes necessidades das populações, esses incentivos fossem supridos pelo estado brasileiro, com a criação das reais condições de atração dos profissionais de saúde para os locais chamados de “difícil provimento”. Parece que o caminho escolhido pelas autoridades será ainda o da improvisação mal feita. Provavelmente, será anunciada, com os ornamentos de praxe, a boa nova da importação de médicos estrangeiros (!!), já que faltam médicos no Brasil (tese contestada pelo estudo Demografia 1) e os que por aqui exercem sua profissão “não se imbuem do esperado patriotismo”. A notícia já se anuncia pelas vozes “autorizadas”. Clamam os prefeitos de todo o país (os mesmos que precarizam o trabalho médico) pela chegada dos profissionais redentores. Prepara-se o desembarque diante da plateia atônita, frente a essa grande demonstração de iniquidade nacional. Revista Newcor News


Médicos Estrangeiros João Medeiros Filho É presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba (CRM-PB)

Mais uma vez em pauta a discussão em torno da importação de médicos estrangeiros ou formados no exterior. Não poderíamos nos abster de reiterar nosso posicionamento sobre matéria tão relevante. Hoje somos mais de 380 mil médicos no País, o que nos coloca na 5ª. colocação no mundo, em números absolutos. Temos 197 escolas, perdendo apenas para a Índia (1,2 bilhão de hab.), superando a China (1,3 bilhão de hab.) e os Estados Unidos que detêm, respectivamente, 150 e 134 faculdades. Nossa pequenina Paraíba, com uma população de cerca de 3,8 milhões de almas, conta com 6 escolas médicas e, pelo menos, mais 2 em fase de implantação – um recorde, com certeza. Formam-se por ano, aproximadamente, 16500 esculápios no Brasil e 500 a 600,em nosso meio. Como se não bastasse, a Presidente Dilma Rousseff anunciou recentemente a intenção de criar mais 4500 vagas anuais para medicina. Será que precisamos trazer profissionais do exterior? E como seria a revalidação de diploma desses profissionais, via decreto? Faltam médicos em nosso meio? Não existe ainda um consenso em relação ao número ideal de médicos/ habitante. Pesquisa realizada pelo CFM/ CREMESP evidenciou que no Brasil tal coeficiente é de 1,95/1000, o que nos remete ao patamar de diversos países de 1º. mundo, a exemplo do Canadá e dos Estados Unidos.Temos sim, má distribuição dos profissionais que se concentram nas grandes cidades e capitais, por falta de políticas públicas que priorizem a interiorização do médico. Em João Pessoa, onde pontificam mais de 3000 esculápios, a relação é de 4/1000, o dobro da média nacional; no entanto, mais de 15% das equipes da ESF não dispõem de médicos, devido a diversos fatores, entre os quais, a falta de condições adequadas de trabalho e de segurança, a fragilidade do vínculo trabalhista e a baixa remuneração. Não é importando médicos que vamos corrigir tal distorção. Não cultivamos a xenofobia, mas defendemos a revalidação dos diplomas estrangeiros nos moldes do REVALIDA, que é aplicado anualmente pelo MEC. Precisamos sim, garantir a qualificação profissional daqueles que pretendem atuar em nosso País, em defesa da população menos favorecida, para que não incorramos no erro de oferecer uma assistência médica medíocre, de segunda categoria, para o pobre. 61 Revista Newcor News

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Ponto de Vista Água: quanto devo beber por dia?

Desde que somos pequenos e ingressamos nos primeiros anos da escola, ouvimos nossos pais e professores dizendo o quanto é importante que bebamos água. Mas ao longo de nossas vidas somos bombardeados com muitas informações conflitantes, não sobre a importância do líquido, mas sobre a quantidade exata que precisa ser ingerida para que tenhamos uma vida saudável. O site LifeHacker entrou em contato com uma médica especializada no assunto e conseguiu respostas bem interessantes. Segundo a Dra. Pamila Brar — que trabalha em San Diego, nos Estados Unidos —, existe uma diferença importante entre as quantidades necessárias para um homem e uma mulher — sempre deixando claro que as quantidades são baseadas em pessoas de altura e idade medianas. Enquanto um homem precisa beber cerca de três litros de líquidos ao longo do dia — água, sucos e outros alimentos que contenham líquidos —, mulheres necessitam de cerca de 2,2 litros. Isso representa cerca de 13 copos e 9 copos de água, respectivamente. Vale ressaltar que pessoas com maior atividade física preci62

sam de mais líquidos para a reidratação. Por que a água é tão importante? Simplesmente porque toda a sua vida depende dela. Cerca de 70% do seu corpo é baseado em água e você pode imaginar o quanto suas funções corporais poderiam ser alteradas no caso de ocorrer a falta de líquidos no seu corpo. Como a Dra. Brar disse ao LifeHacker: “Desidratação faz você se sentir cansado. A quantidade certa de água vai ajudar seu coração a bombear sangue com mais eficiência e água pode ajudar o sangue a transportar oxigênio e nutrientes para suas células.”. Ela ainda diz que a água é essencial para dar energia aos músculos e evitar câimbras e outras lesões musculares. Há ainda uma série de benefícios que a água pode levar às outras funções do corpo humano. Isso inclui a facilitação no processo de digestão e até mesmo a prevenção para dores de cabeça e outros problemas de saúde. Como você pode ver, a expressão “Água é vida” realmente é verdadeira. Fonte: Dra. Pamila Brar LifeHacker Revista Newcor News


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