Ministério da Cidadania e Vale apresentam
ATÉ AQUI
ARIEL FERREIRA
CURADORIA JÚLIO MARTINS
Iniciativa:
Patrocínio:
ATÉ AQUI, EXPERIÊNCIAS E PERCURSOS PROPOSTOS POR ARIEL FERREIRA. Parceria:
Foi em novembro de 2018 que Ariel Ferreira inscreveu o projeto Até Aqui no Edital Novos Artistas do Memorial Minas Gerais Vale. Esta exposição individual abre o ciclo 2019 do programa e tem por título o nome da obra realizada, com ineditismo, na sala 2. Até Aqui é um trabalho híbrido que conjuga elementos de pintura e performance ao ocupar a arquitetura em termos site-specific. Inicialmente, o artista produziu Realização:
tintas a partir das diferentes tonalidades de terras que coletou em várias cidades do Quadrilátero Ferrífero mineiro para, em seguida, com elas cobrir toda a extensão das paredes do espaço expositivo.
Como medida para essa ação, ao mesmo tempo mecânica, afetiva e simbólica, Ariel Ferreira tomou o alcance
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máximo de seu gesto frente à parede branca. Assim definida pelo artista, Até Aqui proporciona uma pintura que domina toda a sala, cobrindo as paredes com “uma maquiagem sobre a pele institucional”, cujas cores
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térreas delimitam ainda uma linha de horizonte no espaço, feita com terra e sob a escala de seu corpo. 5
O ato final da performance ocorrerá no término da exposição, quando o próprio artista fará a repintura branca das paredes.
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Na primeira sala estão reunidos outros trabalhos de Ariel Ferreira que dão conta de sua economia reduzida
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de elementos, capaz de potencializar gestos mínimos e pequenos, mas decisivos, deslocamentos. (belo horizonte não é aqui, sobre o antigo Elevado) consiste em monocromo pintado num azul que se aproxima da cor do céu local e montado diretamente no viaduto. A intervenção urbana foi fotografada de modo a abrir uma fenda na paisagem, com a pintura dissolvendo os limites “entre sua superfície artificial e o céu natural e etéreo, como se fosse a ele contíguo”. Com um olhar atento às delicadezas da poesia que se esparrama pelo chão de Belo Horizonte, Ariel Ferreira mapeou e interveio sobre a cidade em vários trabalhos. O vídeo O Leviano (2006) registra “um acontecimento urbano paradoxalmente banal e
1 Caos e Retrocesso | Videoinstalação, 2019 | Projeção em looping
extraordinário, ao mesmo momento cotidiano e mágico”. Ao acompanhar os pés que se oferecem no
2 Bacia Artificial Lagoa da Pampulha | Pintura a guache sobre fotografia, 2008-2014 | 216 x 118 cm
enquadramento do vídeo, aos poucos, vamos percebendo que se trata de um catador de papel, que de vez
3 Sem Título nº 2 (belo horizonte não é aqui, sobre o antigo Elevado) l Pintura acrílica, intervenção urbana e
em quando, envergado pelo peso de seu carrinho, é capaz de flutuar sobre o asfalto, como se voasse.
fotografia, 2014 l Registros impressos, 14 x 20 cm cada
Bacia Artificial da Lagoa da Pampulha (2014) nos revela, por meio da operação simples de isolar os
4 O Leviano | Vídeo, 2007 | 5 min
elementos líquidos da cartografia, uma outra cidade que não percebemos. Caos e Retrocesso (2019) é o lema
5 Até Aqui | Performance e instalação, 2019 | Site-specific
com que o artista reage à afirmação positivista de “Ordem e Progresso”. A imagem satura o aparelho ótico do visitante para que ele, na tela branca seguinte, projete outra imagem virtual da bandeira brasileira,
ARIEL FERREIRA
que só existirá em sua retina. Ariel Ferreira nasceu em Montes Claros-MG em 1982. Quando criança, sua família mudou diversas vezes para outras cidades do interior e depois para Belo Horizonte. Estudou sempre em escolas da rede pública. O Edital para Novos Artistas do Memorial Minas Gerais Vale foi lançado entre 2013 e 2014 com o objetivo de apoiar e dar visibilidade à vasta e diversificada produção artística contemporânea do estado, sobretudo de artistas em início de carreira. Durante esse período foram realizadas 19 exposições. Em 2019, inicia-se mais uma etapa do Edital, ainda voltado a artistas em início de carreira, mas independentemente de idade. Com uma nova coordenação, o projeto atual propõe um acompanhamento junto aos artistas, com o objetivo de proporcionar o maior amadurecimento dos trabalhos e a potencialização dos projetos expográficos.
A partir de 2000 passa a morar no centro da capital e a cursar Belas Artes na UFMG, habilitando-se em Gravura. Seu trabalho é dirigido cada vez mais ao espaço público e às intervenções. Participou de várias exposições coletivas, no Palácio das Artes, no Sesiminas, na Galeria da Copasa, na UFOP. Fez o mestrado (até 2009) sobre projetos inconclusos de arte e o doutorado (até 2015) sobre o próprio trabalho artístico e referências sobre o Romantismo, ambos pela Escola de Belas Artes – UFMG. Trabalhou diversas vezes como arte-educador em Belo Horizonte e na Bienal de São Paulo (2016). Participou da Bolsa Pampulha em 2008, do Rumos Itaú Cultural em 2009 e da residência JA.CA Praça 7 em 2014.