Ministério da Cultura e Vale
Ciclo de Exposições Memorial Minas Gerais Vale 2013 / 2014
ESTANDELAU
4
O LIVRO DA DÚVIDA - CAPÍTULO 01 - ADENTRANDO O FALTO
Terra Firme Riddim / Movimento de um homem só | detalhe Acrílica, guache, lápis, marcador e nanquim sobre papel - 35x45 cm - 2012.
A cidade revela suas potências de sentido e significação, especialmente quando estamos imersos em sua peculiar multiplicidade. Os modos de ocupar, circular e sobretudo dar sentido ao que percebemos faz do espaço urbano, uma trama de significações e subjetividades que nos falam, não apenas do tempo presente, mas dos fluxos que compõem o tempo das cidades. Para Henri Lefevbre: “a cidade se escreve, nos seus muros, nas suas ruas. Mas essa escrita nunca acaba. O livro não se completa e contém muitas páginas em branco, ou rasgadas. E trata-se apenas de um borrador, mais rabiscado que escrito”1. Cidades, livros, textos e literatura, conforme nos mostrou Lefevbre, estão de alguma forma relacionados em inscrições de toda ordem. As materializações da arquitetura, os jogo de interesses e políticas que caracterizam a atual disputa simbólica pelo espaço (do condomínio fechado ao rolezinho), as formas de ressignificação e ocupação, os fluxos subjetivos, a ocupação transitória, a pichação, a arte pública institucionalizada e a intervenção anônima, entre muitos outros discursos e articulações, estão intensamente presentes nas tramas da cidade. Experimentar o espaço urbano é entrar em contato contínuo com esses textos, em todas as suas múltiplas e as vezes desordenadas sobreposições e substuições, em um dinamismo ímpar. Sabemos que o modo de ativar esses diversos textos é colocar-se na cidade. O fenômeno urbano é central para a compreensão de uma significativa parte de nossas experiências, trata-se mesmo de um potente conjunto de linhas de força que nos atravessa e por nós é atravessado, tornando-se um local privilegiado para perceber as dinâmicas da vida social, muitas vezes, ponto de partida para a produção artística. No caso de Estandelau, a operação é dupla, já que a cidade e seus textos aparecem como espaço para a ficcionalização da experiência e, ao mesmo tempo, protagonista de narrativas fluidas, cheias de referência ao universo da literatura e suas estruturas mais típicas. “O livro da dúvida - Capítulo 01 Adentrando o falto” exposição de Estandelau é construída numa vigorosa aproximação entre cidade e literatura, assim como entre as formas do texto e as imagens. Nestas passagens entre texto e imagem 1
Henri Lefevbre. A revolução urbana, pg. 114.
ganham ritmos as narrativas oscilantes tanto entre documentário e ficção, quanto entre real, subjetivo e onírico em desenhos, pinturas, fotografias, vídeos e intervenções no espaço expositivo. O texto, sempre incompleto, sugestivo e lacunar, combina-se com a imagem e nos convoca a entrar no universo peculiar desenvolvido pelo artista. Estandelau, desde criança, sempre foi um atento observador da cidade, como nos mostra em entrevista ao blog ArtArte2: “Minha mãe orientou-me a observar a arquitetura, as pichações e toda uma simbologia urbana como pontos referenciais para traçar e recordar o meu trajeto. Essa percepção do espaço fez com que eu entendesse um tipo de manifestação urbana que além de orientar meus passos dentro da cidade, chamava minha atenção. Refiro-me aos poucos graffitis que via no caminho e que impunham sua presença pela audácia. Transformei essa vivencia banal que eram as caminhadas, em uma experiência ideológica que me orientou e orienta como indivíduo presente no cotidiano dos bairros e cidades por onde passo”. Caminhar pela cidade, apesar de integrar as experiências mais comuns e ordinárias, é um modo de estarmos imersos nas dinâmicas do espaço urbano. Nas obras de Estandelau essa característica surge nas imagens da cidade que oscilam entre o grandioso, como as estruturas físicas de grande porte, e o mais ordinário e comum, aquilo que percebemos quando nos perdemos em caminhadas pela cidade, vendo elementos pequenos e singulares. Além disso, na exposição, as percepções da cidade ganham nova voltagem, já que tudo remete ao onírico fazendo com que a cidade seja habitada por vestígios da experiência fragmentada dos sonhos, que ganha consistência quando passa da memória à linguagem, nesse caso através da narrativa que se constrói com as obras da exposição. Capítulos, epílogos e prólogos entre outras práticas típicas da literatura compõem conjunto de referências e estratégias que Estandelau maneja em suas obras. O nome da exposição não deixa dúvidas, o artista efetivamente transita pelo território da literatura tensionando as fronteiras entre palavra e imagem para assim gerar representações expressivas em uma espécie de trama narrativa muito fluída e polissêmica, repleta de possíveis formas de construção de sentido. O jogo de sentidos se faz no modo lacunar e aberto com que a narrativa se constrói ou melhor como somos convocados a perceber nos pequenos estilhaços de textos e nas imagens, que avançam em intervenções no próprio espaço expositivo, as impressões, também, falhas e lacunares, de quem narra. O que o jogo narrativo nos traz é a complexa passagem entre a legibilidade da palavra e a visualidade das imagens nos convocando a pensar entre as pinturas, vídeos, fotografias e intervenções quem é aquele que experimenta toda essa diversidade de situações. Quem vê essas imagens compostas como diagramas e transita pela cidade vivendo experiências diversas? Como diria o poeta Waly Salomão em Câmara de ecos: “Agora, entre meu ser e o ser alheio/ a linha de fronteira se rompeu”. Talvez Estandelau aponte, com suas obras, para esse lugar de passagem entre o individual e o coletivo, entre as formas da experiência subjetiva e aquelas que nos vem pelas múltiplas narrativas que experimentamos hoje em dia. A exposição “O livro da dúvida - Capítulo 01 - Adentrando o falto” de Estandelau encerra o Ciclo de Exposições do Memorial Minas Gerais Vale - 2013-2014 composto por seis exposições selecionados pelo Edital para Jovens Artistas. Estiveram nesse espaço Carolina Cordeiro, Luíza Horta, Ricardo Burgarelli, Camila Otto e Renata Laguardia, que entre 2013 e 2104 ocuparam as galerias com um vigoroso e instigante cenário da produção artística contemporânea de nosso Estado. 2 http://arteseanp.blogspot.com.br
ESTANDELAU |
CONTAGEM, 1983
Com formação diversificada, que aponta a multiplicidade de formatos e estratégias que usa em obras, Estandelau iniciou sua formação no Estúdio HQ de Artes Visuais (Belo Horizonte), dedicando-se a estudar a linguagem dos quadrinhos e as formas narrativas seriadas, em 1996. Em seguida, entre 2002 e 2004, cursou ilustração publicitária, editorial e digital na Casa dos Quadrinhos Escola de Artes Visuais (Belo Horizonte), para logo em seguida, em 2005, cursar Design Gráfico no SENAC-MG. Entre 2005 e 2011 trabalha como finalista nas áreas gráfica e têxtil. Em 2011, graduou-se em Artes Plásticas na Escola Guignard (UEMG) com Habilitação em Desenho e Fotografia. No mesmo ano estagiou na área de Educação do Museu Inimá de Paula e anteriormente, entre 2010 e 2011, atuou como educador no projeto “Arte e expressão” da Escola Guignard em parceria com a Defesa Social trabalhando nas Unidades sócio educativas de Sete Lagoas. Ainda em 2011 foi selecionado para residência no CEIA-Fundação Clóvis Salgado que gerou a participação nas exposições no Centro Cultural Usiminas (Ipatinga, 2012) e no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia (Belo Horizonte, 2012). Já em 2013 esteve em residência no JA.CA (Nova Lima) onde desenvolveu o projeto “Atributos dos figurantes”, desenvolvendo junto com os moradores do Jardim Canadá brasões e símbolos familiares. Entre as exposições realizadas destaca-se as exposições “Universo Plural” na Câmara Municipal de Belo Horizonte e “Desenhos” na galeria Desvio, ambas em 2009. Já em 2010 esteve na Bienal Zero (UFMG e Escola Guignard, Belo Horizonte). Participou das exposições “Graffiti sem limite” no Palácio das Artes e Exposição Desenhos na Galeria da Escola Guignard, ambas em Belo Horizonte. Em 2012 esteve na Exposição Fotografia na Galeria da Escola Guignard.
Entrevo Acrílica, guache, lápis, spray, nanquim, pastel oleoso, carvão e colagem sobre tela. 50x50 cm – 2014.
Entrevo Acrílica, guache, lápis, spray, nanquim, pastel oleoso, carvão e colagem sobre tela. 50x50 cm – 2014.
ESTANDELAU
Como começou seu interesse por pintura? Você transita em distintos suportes, técnicas e procedimentos fazendo referência a diversos sistemas e linguagens visuais. Como foi sua formação? Essa multiplicidade de suportes é, na verdade, a tentativa de encontrar o sistema expressivo mais apropriado para mostrar de forma autônoma as experiências que vivencio direta e indiretamente. Acredito na concepção de um trabalho que leve em conta todas as possibilidades de apresentação do mesmo, porém, aceito e me preparo para as possíveis consequências dessa liberdade. Iniciei meus estudos em 1996 no Estúdio HQ, Bairro Santa Efigênia, na cidade de Belo Horizonte. Desde sempre fui muito observador com tudo que estava ao redor. Meu foco de interesse na vida ainda estava se fundamentando e um belo dia tive meu primeiro contato com a manifestação que fez minha cabeça. Refiro-me ao graffiti. Onde moro, havia um galpão abandonado da Rede Ferroviária Federal S.A. Lembro-me como se fosse hoje que costumava acordar bem cedo e sentar nesse galpão a espera dos vagões que em sua maioria estavam ‘pixados’ ou repletos de graffitis. A imagem mental da passagem dos trens “rabiscados” ficava gravada por alguns minutos na minha memória. Comecei então a copiá-las e criei uma compilação particular de interpretação dos graffitis que via nos vagões. Na Escola Guignard, tive o contato mais formal com algumas práticas artísticas que ampliaram minha visão do mundo da arte. Tive também, duas bolsas de iniciação científica uma intitulada “Guerrilha visual: imposição estética como forma de existência” e outra “Street art e arte erudita – passagens e fricções”. Com o incentivo das bolsas tive a oportunidade de aprofundar meus estudos teóricos acerca do graffiti, da street art e da ‘pixação’ buscando reflexões e desdobramentos. Com isso, minhas experiências anteriores foram somadas e originaram a minha produção artística atual.
2. Seu trabalho frequentemente se aproxima de questões típicas da literatura. De onde partiu esse interesse e como você conjuga essa verve mais literária e narrativa em suas obras? De onde partiu seu interesse pelas relações entre palavra e imagem? Sempre gostei de ler e como moro na cidade de Ibirité, região metropolitana de Belo Horizonte, sempre tive muito tempo dentro do ônibus para ampliar esse hábito. Além disso, venho de uma família de leitores compulsivos. Esse foi o conjunto de saberes adquiridos que me servem até hoje de subsídios para experimentar escrever. Quando comecei a me relacionar de uma forma mais direta com o graffiti esbarrei na tradição novaiorquina de utilizar o número das ruas somado a seus nomes ou pseudônimos. Tive a ideia de personificar um indivíduo, o “697 VIVE”. Comecei a escrever essa marca por onde passava. Era o número da casa onde moro mais a palavra “VIVE” que confere a ideia de algo que não se acaba, como se em meio às indefinições de uma cidade que impõe lógicas próprias aos indivíduos, tornando-os anulados e sem vida, existisse um personagem que tentava irromper tais lógicas. Perpetuava na paisagem urbana um discurso cínico, tosco e efêmero de eternidade. Era a tentativa desesperada de um personagem de angariar atenção em uma cidade onde todos passam quase despercebidos por ela. Creio que esse foi o primeiro passo para o que venho fazendo atualmente. Esse papel de protagonista de uma história que tem a cidade como enredo e que utiliza de uma manifestação para desenvolver uma trama. Atualmente venho desenvolvendo uma estratégia que aposta na sedução provocada por uma imagem e a possibilidade de dar indícios tanto de um relatório sobre a realidade, quanto do que está por trás dela. Observei que a palavra ‘grafiteiro’ só existe no Brasil, no restante do mundo quem faz graffiti recebe a designação de writer (escritor). A partir daí me senti livre o suficiente para construir semificções alimentadas por leituras imaginativas sobre a cidade, na qual as situações descritas carecem de signos, textos, referências das mais variadas fontes, experiências pessoais, alheias, e o principal, um rigor “gramático” que se apropria do real como matéria prima para a construção de um mito.
Terra Firme Riddim / Movimento de um homem só | detalhe Acrílica, guache, lápis, marcador e nanquim sobre papel - 20x30cm - 2012.
3. Qual o ponto de partida para a exposição “O livro da dúvida - Capítulo 01 - Adentrando o falto” apresentada aqui no Memorial Minas Gerais Vale? Lao Tsé expressa o caráter essencial do vazio: “Trinta raios convergem no centro, mas é o vazio que faz a carruagem se movimentar. Utilizamos a argila para fazer um vaso, mas é o vazio interior que lhe fornece uma utilidade. Uma casa é feita de portas e de janelas, mas ainda é o vazio que lhe possibilita o habitat. O ser fornece as possibilidades, mas é pelo não-ser que as utilizamos.” A dúvida é a não certeza e, por conclusão, a falta de conclusão. É uma condição psicológica ou sentimento caracterizado pela ausência de convicção opondo-se à crença e ao saber. Ela é a incerteza ou a desconfiança em relação a uma ideia, um fato, uma ação, de uma asserção ou de uma decisão. Já falto significa alguém desprovido ou privado de algo. O ponto de partida foi conceber um personagem ao qual foi dado o privilégio de vislumbrar o que possui. Isso ao mesmo tempo em que o engrandecerá também o esvaziará. A ideia é convocar o público a percorrer o mesmo itinerário: a cada passo uma nova situação e a cada situação um novo passo. Para o ‘andarilho’ inexiste o descanso.
Entrevo Acrílica, guache, lápis, spray, nanquim, pastel oleoso, carvão e colagem sobre tela. 40x40 cm – 2014.
4. Você recentemente esteve em residência no JA.CA (2013) e também no CEIA (2012). Conte-nos sobre essas experiências e os trabalhos desenvolvidos nestes dois espaços. O projeto ‘Conversas’ da iniciativa CEIA, foi uma grande oportunidade de trabalho e principalmente de convívio. Ofereciam estrutura física (atelier e pró-labore) para os artistas selecionados. Algumas de minhas ideias que existiam apenas como projetos, ganharam a possibilidade de existência, a partir do momento em que fui contemplado por esse edital. Outro fator generoso da iniciativa CEIA é a oferta aos artistas de um ambiente de intenso aperfeiçoamento profissional, a partir do contato com outros artistas, suas pesquisas, interlocutores, curadores e os demais profissionais da área. Esse foi o primeiro programa de Residências que participei e de maneira geral, possibilitou que eu percebesse algumas das dimensões reais do que é trabalhar na área das Artes Visuais. A Residência JA.CA possibilitou conhecer grandes profissionais, moradores do bairro, artistas, gestores culturais que se tornaram para mim grandes amigos. Foi extremamente importante residir no Jardim Canadá, pois o meu projeto, intitulado “Atributos dos Figurantes”, necessitava do reconhecimento das questões sócio políticas do bairro e precisava de uma relação direta com alguns moradores. O projeto consistiu na criação de brasões e emblemas na parte externa de algumas casas populares no bairro Jardim Canadá. Para tal, foram desenvolvidas três peças em três diferentes casas. Os moradores das respectivas casas participaram da construção das simbologias empregadas nos brasões, lemas e epigramas. Todo material conceitual foi coletado através de conversas e entrevistas. O ato de “brasonar”, ou seja, desenhar os brasões fez uso de alguns princípios da Heráldica, mas, o imperativo deste trabalho foi a construção reinterpretada desses conhecimentos como um procedimento análogo a um “registro linguístico”. O trabalho proposto teve que se adaptar expressivamente a um determinado espaço ou finalidade e assim sendo, agregar tanto o patrimônio vocabular da arquitetura, quanto à representação dos modos de vida nessas casas. Com isso a abordagem desse trabalho se deu como um inventário de possibilidades de se pensar diferentes realidades apresentadas não como um término provisório de uma rede de elementos interconectados, mas como uma narrativa que prolongou e reinterpretou as narrativas anteriores.
Terra firme Riddim /Movimento de um homem só Instalação composta de onze bandeiras, duas flâmulas e quinze desenhos e um rádio com uma gravação de vários sons externos ouvidos pela população de Ibirité, compilados e reorganizados de forma a produzir um ritmo - Dimensões variáveis - 2012
5. Como você caracteriza o trabalho do coletivo CERCA e em que medida este se relaciona com seu trabalho individual? O CERCA [Coletivo de Experiências em Residências e Colaborações Artísticas] é uma iniciativa de artistas, produtores e curadores de Minas Gerais que desenvolve eventos para a formação e troca de experiências entre os profissionais da área artística. O processo de associação estabelecido por nós, os integrantes do CERCA, envolve diferentes pesquisas onde o fazer artístico surge como o fio condutor e também como princípio de um processo de articulação político cultural. Dessa forma, a proposta do CERCA é desenvolver dentro do campo artístico uma sociedade de fato, no que diz respeito à forma de se relacionar com outras iniciativas, grupos e os mais variados profissionais da área. Enquanto artistas, somos seres sociáveis, buscamos as trocas, as iluminações e a reciprocidade. A estratégia é, portanto, refletir sobre linhas de pensamento que possam interligar-se, através dos pontos em comum, das vias que conectam e que unem as várias distâncias físicas ou simbólicas. A relação que estabeleço com os outros dois idealizadores do CERCA, Juliana Gontijo e Marcel Diogo, ambos artistas visuais, compreende-se na apreensão de características diversas, pontos de vista e interpretações abrangentes, distintas colocações estéticas e narrativas que construímos individualmente enquanto artistas, e que de alguma forma essas características, promovem iluminações recíprocas dentro do grupo. Essa ligação, que se dá em um constante fluxo ininterrupto é parte constante da forma como penso meu trabalho.
F.Y.A (Prólogo) | detalhe 25 x 35cm - 2012
6. Você tem uma forte ligação com o universo do graffiti e da street art, como essas manifestações habitam seu trabalho? Qual a relação? Experimentei algumas abordagens mais ligadas a estas práticas na época que atuei diretamente no espaço urbano. A ponto de entender que minha pesquisa não comportava mais as possibilidades que essas manifestações me forneciam. Dessa forma, passei a perceber essas interferências no corpo da cidade, experimentá-las esteticamente e buscar autonomia no uso ‘residual’ das tramas da cidade, seus fluxos, ritmos e seus mitos. Concluo que tais manifestações compreendem uma historiografia própria que carece de ser reconhecida e profundamente pesquisada. Da mesma forma que o graffiti e a street art se apropriam do corpo da cidade, meu trabalho também se apresenta como um ideário de apropriações da cidade, das suas manifestações e de seus habitantes. Alguns dos conceitos e métodos de trabalho do graffiti e da street art, possibilitaram-me a junção com os conhecimentos de outras práticas artísticas. Atuo de forma crítica com as possíveis interposições advindas dos diversos meios.
F.Y.A (Prólogo) | detalhe Seis Impressões Fine Art Photo Rag® Ultra Smooth - 25 x 35 - 2012.
F.Y.A (Pr贸logo) | detalhe 25 x 35cm - 2012
O Memorial Minas Gerais Vale, mais do que um espaço dedicado às tradições, origens e construções da cultura mineira é um lugar de trânsito, tensionamento e cruzamento entre a potência destas manifestações fundantes e as pulsações mais contemporâneas e atuais da arte e da cultura. Longe de dar visibilidade apenas a um recorte histórico, o Memorial coloca em contato direto presente e passado promovendo, com esse gesto, outras formas de aproximação do público com as questões que atravessam nosso tempo. Toda essa dinâmica visa gerar processos de fruição – sejam eles vindos da história ou das produções contemporâneas – mais intensos, renovadores e criativos estabelecendo novas modos de pensar identidade e memória. Na série de mostras que compõem o Programa de Exposições 2013 / 2014 do Memorial Minas Gerais Vale, vamos trazer ao público um panorama complexo e instigante da produção de seis jovens artistas e coletivos mineiros. A ideia central do programa é dar visibilidade à diversidade de discursos e estratégias da arte contemporânea produzida por aqui garantindo aos jovens artistas boas condições de exposição e acesso. O gesto, mais uma vez, é aproximar passado e presente como forma de nos inserirmos no mundo e revelarmos assim nossas singularidades diante dele.
www.memorialvale.com.br
FICHA TÉCNICA Realização: MEMORIAL MINAS GERAIS VALE / Gestor: Wagner Tameirão Montagem: Guilherme Machado Design Gráfico: Voltz Design Assessoria de Imprensa: Pessoa Comunicação Produção: Mercado Moderno Seleção das exposições: Eduardo de Jesus, Francisca Caporalli, Júlia Rebouças e Wagner Tameirão Coordenação geral e textos: Eduardo de Jesus
Produção:
Iniciativa:
Parceria:
Realização:
Patrocínio: