Grandes decisões

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dAnIelA tOvIAnsky

grandEs dEcisõEs

lígia VElozo crispino e rosângEla souza

companhia dE idiomas — São Paulo, SP

Escola de inglês | Faturamento 3 milhões de reais(1) conquista Tem grandes clientes, como o banco Itaú 1. Em 2011

Vagas abertas

A Companhia de Idiomas quer crescer 30% em dois anos ensinando línguas para brasileiros e estrangeiros. A demanda existe. O dilema é encontrar professores qualificados à altura para atendê-la lEo branco 44 | Exame pmE | Junho 2012

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estão enfrentando um tipo de problema fre­ quente entre as pequenas e médias empresas em crescimento — a difculdade de encontrar mão de obra para sustentar a expansão. Elas são donas da Companhia de Idiomas, que no ano passado faturou 3 milhões de reais ensinando línguas estrangeiras para os funcionários de clientes como o banco Itaú e a empresa de refei­ ções coletivas GRSA. Desde 2010, a empresa vem crescendo em média a uma taxa anual de 10%, desempenho que tem deixado Rosângela e Lígia insatisfeitas. Nos últimos meses, elas recusaram contratos por falta de professores para atender novos clientes. “Poderíamos ter crescido o dobro se tivéssemos mão de obra disponível”, diz Rosângela. Como é comum em muitas escolas de idiomas, os professores da Companhia de Idiomas são prestadores de serviços, que recebem uma porcentagem sobre o valor que a empresa cobra dos clientes pelas aulas. Hoje, a empresa mantém aproximadamente 100 professores, que aten­ dem, em média, 700 alunos por mês — a maioria das aulas é para turmas pequenas, de um a três alunos, que geralmente se reúnem durante o ex­ pediente num espaço cedido pelas empresas. Para atender à demanda e inves­ ferem a presença do professor e, tir em novos serviços — como au­ para manter os contratos, pedem las de português para estrangeiros descontos, diminuindo a renta­ que vêm trabalhar no Brasil e tra­ bilidade do negócio. dução de documentos —, Rosân­ As sócias também estudam gela estima que seria necessário criar um programa de treina­ cadastrar dez novos professores mento para suprir as defciências por mês. “Raramente consigo atin­ dos professores reprovados nos gir essa meta”, diz ela. “Analiso testes de seleção. mensalmente cerca de 100 currí­ A intenção é for­ Para culos, dos quais costumo aprovar mar turmas de superar a não mais que três ou quatro profes­ treinamento no escassez, sores.” Uma das difculdades é que espaço disponí­ as sócias elas exigem que seus profssionais vel na sede da planejam a tenham, além da fuência num escola, instalada criação idioma estrangeiro, conhecimen­ em um sobrado de um to dos termos técnicos usados nos na Vila Mariana, negócios dos clientes, especial­ bairro da zona curso para mente em áreas como fnanças e sul de São Paulo. treinar tecnologia. “Nosso processo de Para isso, seria novos seleção é extremamente rigoroso”, preciso dobrar os professores diz Lígia. “Acreditamos que tem investimentos de continuar assim para não per­ em treinamento, der a qualidade do ensino.” que hoje representam 5% do fa­ Desde o ano passado, as donas turamento da escola. da Companhia de Idiomas bus­ Para discutir os próximos pas­ cam caminhos para superar a es­ sos a ser tomados pelas sócias, cassez de professores. Uma das Exame PME ouviu o empreende­ possibilidades é dar aulas pelo dor Marcel Magalhães, fundador Skype. “Sem perder tempo se da escola UNS Idiomas. Também deslocando entre um cliente e opinaram Cristiane Brandão, só­ outro, a produtividade dos pro­ cia da Cravo, empresa especializa­ fessores pode aumentar pelo me­ da em treinamento a distância, e nos 10%”, diz Rosângela. O pro­ Sérgio Rivas, da Syrius, consulto­ blema é que muitos dos clientes ria especializada em recursos hu­ alegam que seus funcionários pre­ manos. Veja o que eles disseram.

próximos passos

>>

gabriel rinaldi

a

s sócias rosângela souza, de 43 anos, e lígia velozo Crispino, de 47,

sérgio rivas

syrius Consulting — São Paulo, SP Consultoria especializada em gestão de pessoas

Dar mais aulas a distância

•Perspectivas O crescimento da economia brasileira abre muitas oportunidades de internacionalização para os negócios brasileiros, seja para atrair investidores, seja para encontrar fornecedores no exterior, seja para abrir novos mercados fora do país. Com isso, muitas empresas terão mais necessidade de treinar seus funcionários para que se tornem fluentes em idiomas estrangeiros. •Oportunidades Os responsáveis pelos departamentos de recursos humanos costumam ter dificuldade para encontrar bons fornecedores para dar cursos de idiomas nas empresas — trata-se de um mercado muito pulverizado, em que muitos professores trabalham por conta própria, informalmente, abrindo espaço para escolas especializadas em prestar esse tipo de serviço. •O que fazer As sócias da Companhia de Idiomas devem investir nas aulas pelo Skype para atender mais alunos sem ter de aumentar o número de professores. Feitas as contas, pode ser que os ganhos de produtividade compensem os descontos necessários para manter os clientes que preferem aulas presenciais — e a tendência é que, à medida que os alunos aprovem o novo sistema, a empresa recomponha seus preços.

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grandEs dEcisõEs

Marcelo correa

próximos passos

cristianE Brandão agência cravo — Rio de Janeiro, RJ Escola de treinamentos para grandes empresas Faturamento 7,5 milhões de reais(1) fabiano accorsi

1. Em 2011

Treinar novos professores

•Perspectivas O negócio de cursos a distância é um mercado bastante interessante por permitir que empresas com muitas filiais possam fornecer um treinamento padronizado a seus funcionários, onde quer que eles trabalhem. Na Cravo, atendemos clientes com esse tipo de necessidade, como a construtora Gafisa e a operadora de telefonia Oi, que têm unidades espalhadas pelo país inteiro. •Oportunidades Há um grande mercado formado por empresas em crescimento no interior do Brasil, que têm necessidade de qualificar seus funcionários, mas nem sempre encontram bons fornecedores de serviços locais. Caso Rosângela e Lígia decidam investir nas aulas pela internet, elas poderão ter acesso a esse mercado. •O que fazer Uma das vantagens do ensino a distância é que alunos e professores não precisam estar na mesma cidade. Por isso, as sócias devem investir nas aulas de idiomas pela internet — não só para conquistar novos clientes mas também para treinar mão de obra. O treinamento deve ser cobrado. Isso faz sentido, porque seus professores são prestadores de serviços sem vínculo formal — e nada impede que, após passar pela qualificação, deem aulas por conta própria ou em um concorrente.

marcEl magalhãEs uns idiomas — São Paulo, SP Rede de franquias de idiomas Faturamento 40 milhões de reais(1) 1. Em 2011

Adotar um modelo híbrido

•Perspectivas Minha experiência mostra que há mercado para aulas presenciais e pela internet. Muitos alunos sentem-se mais confortáveis frente a frente com o professor e se dispõem a pagar mais por isso. Outros preferem o ensino a distância, que geralmente custa mais barato por proporcionar ganhos de escala às escolas. •Oportunidades Empresas dispostas a aproveitar as oportunidades que surgem com grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016,

têm urgência em preparar seu pessoal. Ensinar os funcionários a lidar com termos técnicos em outro idioma, como faz a escola de Rosângela e Lígia, é um argumento para conquistar esses clientes. •O que fazer As sócias podem adotar um modelo híbrido com as primeiras aulas pela internet. Caso o aluno se sinta à vontade, o curso pode continuar a distância, proporcionando o ganho de produtividade que a escola precisa. Caso contrário, as aulas passariam a ser presenciais a partir daí.

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