O plano de André esteves - ISTOÉ Dinheiro
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FINANÇAS Nº EDIÇÃO: 548
| 02.ABR.08 - 10:00 | Atualizado em 13.06 - 16:14
O plano de André esteves Por que o Matone, um pequeno banco gaúcho, entrou na tela do radar do bilionário sócio do UBS Pactual? Por MILTON GAMEZ
É REALMENTE UM MISTÉRIO o futuro do banqueiro brasileiro André Esteves. Ele ganhou notoriedade ao vender, junto com seus sócios, o Banco Pactual para o suíço UBS, em maio de 2006, por US$ 3,1 bilhões. Recentemente, voltou às manchetes da imprensa internacional ao supostamente propor a compra do próprio UBS, em sociedade com o bilionário Jorge Paulo Lemann, na esteira da crise dos empréstimos imobiliários de alto risco (subprime) que abalou a instituição. Na semana passada, um novo rumor: Esteves teria comprado 49% do Banco Matone, em parceria com o sócio Gilberto Sayão. Banco o quê? Isso mesmo: Matone. Pouco conhecido fora do Sul do País, o Matone tem sede em Porto Alegre. Sua origem remonta a 1967, quando o empresário José Matone abriu a primeira distribuidora de valores do Rio Grande do Sul, a Divalores. Em 1989, ele transformou a Divalvest DTVM em banco múltiplo. Hoje, o Matone continua tão pequeno que nem aparece na lista dos 50 maiores bancos do País. Com patrimônio líquido de R$ 175 milhões, depósitos de R$ 122 milhões e empréstimos de R$ 650 milhões, dos quais 92,3% em créditos consignados, o banco gaúcho teria tudo para ser solenemente ignorado pelo radar de um banqueiro como André Esteves, que chefia a área global de renda fixa do UBS, em Londres – um gigante financeiro com ativos de US$ 2 trilhões (R$ 3,3 trilhões) –, e tem grandes ambições no cenário financeiro mundial. Mas não foi isso que aconteceu. O banco presidido por Alberto Matone não só apareceu na mira como é cliente antigo do Pactual. Em 2004, por exemplo, a equipe de Esteves estruturou o primeiro fundo de investimentos em direitos creditórios (FIDCs) da instituição. Até aí, tudo bem. Mas o que levaria o banqueiro carioca a dar o bote em cima da instituição gaúcha? As más línguas do mercado financeiro especulam que ele estaria preparando sua volta ao Brasil. Aqui e lá fora, o banco de investimentos nega que isso seja verdade. E o Matone insiste que a informação da venda da participação a Esteves não procede. Qualquer que seja a verdade, o que se sabe é que muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte. No acordo de compra do Pactual, do qual Esteves tinha 30%, o UBS pagou US$ 1 bilhão à vista e amarrou os sócios vendedores até 2011, com o recebimento de US$ 500 milhões em cinco anos e US$ 1,6 bilhão conforme o desempenho do negócio no Brasil. Coincidência ou não, os gaúchos acabam de alugar duas salas no mesmo edifício do UBS Pactual em São Paulo. “Estamos expandindo nossa área de crédito imobiliário”, afirma o diretor João Paulo Pacífico. Focado em crédito consignado depois que vendeu a financeira CrediMatone ao HSBC, em 2004, o banco entrou na área de crédito habitacional no final do ano passado e, segundo Pacífico, contratou especialistas de grandes instituições, como Santander, Unibanco, Real e Itaú. No balancete do quarto trimestre de 2007, o Matone reportou operações imobiliárias de R$ 21,5 milhões. A grande ofensiva dos gaúchos é o varejo. Eles seguem o modelo da pioneira BM Sua Casa, do Grupo Brazilian Finance & Real Estate, e investem em lojas de rua para oferecer financiamento de imóveis a partir de R$ 60 mil. “Queremos 20 a 30 lojas no Brasil”, afirma Pacífico. Com a marca Plano A, o Matone já tem quatro pontos em São Paulo e Porto Alegre. O tempo vai dizer se é, ou não, o embrião do plano B de André Esteves.
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