Os números da giraffas

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Eu consEgui carlos guErra E cláudio micciEli | Sócios da rede de fast food Giraffas

o filhotinho cresceu

Como Carlos Guerra e Cláudio Miccieli transformaram uma simples lanchonete para amigos numa rede de restaurantes que faturou mais de 500 milhões de reais em 2010

se juntar a uma fêmea de sua espécie. Sem moças girafas por perto à disposição, foi o jeito de providenciar o acasalamento que lhe permitiria passar adiante sua linhagem. “Vai, Raio de Luz, vai até Brasília e procura lá a tua namorada, que te dará prazer e filhos”, escreveu então Carlos Drummond de Andrade na crônica A Solidão do Girafo. “O Rio anda tão pobre que até lhe falta uma girafa para amar um girafo, é preciso recorrer a Brasília, que de resto não consta ser pródiga em atendimento às necessidades nacionais.” As núpcias comoveram os habitantes de Brasília e inspiraram o batismo de uma nova lanchonete na cidade, criada por dois estudantes: a Giraffas, com dois efes. “Gostamos da história e achamos o nome muito simpático”, diz Carlos Guerra, sócio dos restaurantes Giraffas. Seguiu-se então um período de altos e baixos e, depois, um crescimento vigoroso que resultou numa rede com 130 filiais. Com um faturamento que ultrapassou os 500 milhões de reais no ano passado, o Giraffas está em 128 cidades brasileiras, em Miami e em Ciudad del Este, no Paraguai. Aqui, os dois sócios mais antigos da rede, Cláudio Miccieli e Carlos Guerra (que não aparece na foto por se encontrar em Miami para inaugurar a nova loja), contam como tudo isso aconteceu.

carlos guErra

nasci em recife. A minha mãe

era funcionária pública federal e foi transferida para Brasília no final dos anos 70. Eu já tinha passado no vestibular de engenharia elétrica na Universidade Federal de Pernambuco. Então, pedi transferência para a Universidade de Brasília. Na época, fiz um grande amigo, o Ivan Aragão. Ele é carioca e nossas namoradas eram irmãs. Em 1981, decidimos montar

uma lanchonete, a Giraffas. Mais tarde, com o crescimento dos negócios, acabei abandonando a faculdade. a primeira loja ficava na 105 Sul — e ainda está no mesmo endereço. O lugar virou ponto de encontro do pessoal da faculdade, que passava por lá antes e depois das festas. Quando um funcionário faltava, sempre tinha um colega disposto a vestir o avental e fritar hambúrguer para os

clientes. Vendíamos sanduíches, crepes, sucos e sorvetes. Alguns desses sanduíches — como o Brutus, de carne de hambúrguer, e o Galo de Briga, de peito de frango — existem no cardápio até hoje. o nome da rede surgiu em uma

reunião entre amigos. Alguém sugeriu o nome Giraffas porque, naquele ano, os jornais falavam bastante da chegada de uma girafa macho ao zoológico de Brasília para fazer companhia à fêmea que, como ele, estava solitária. Achamos que um desenho de duas girafas daria um logotipo simpático. O estilo do desenho da marca já mudou várias vezes, mas as girafinhas continuam lá, casadas. alguns anos depois, Ivan quis se mudar para Recife e deixou a sociedade. Ele fez muita falta. Minha mãe até arranjou emprego de meio período para me ajudar. Embora ele tenha mudado de cidade e abandonado o setor de restaurantes — hoje, é um empresário bem-sucedido na área de seguros —, continuamos grandes amigos. Nossos filhos são sócios do Oliver, um restaurante fino em Brasília. Eu, que amo cozinhar,

MArisA CAuduro/FolhApress

E

m 1981, a girafa raio de luz, um macho morador do zoológico do rio de Janeiro, viajou para Brasília para

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