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Carne exposta A energia transmitida pelos modelos era a fonte de inspiração para o mestre retratista Lucian Freud, que ganhou uma retrospectiva na National Portrait Gallery, em Londres, alguns meses após sua morte.
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I reportagem luisa cella
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“Nada além de Deus na natureza. O homem não é nada, sua produção é que é tudo.” A fala do recluso Lucian Freud, nascido em 1922 em Berlim, Alemanha, e naturalizado britânico, demonstra a maneira como ele enxergava a vida de artista, afirmando não significar nada por si só, mas apenas através daquilo que produziu e perpetuou na Terra. Parte do legado que o consagrou como um dos maiores pintores realistas dos últimos tempos está na mostra Lucian Freud Portraits, em cartaz até 27 de maio na National Portrait Gallery, em Londres, seguindo para o Modern Art Museum of Fort Worth, no Texas, a partir do dia 1° de julho. Dedicada exclusivamente à representação de pessoas, a exposição começou a ser organizada antes da morte do pintor, em julho de 2011, e será apresentada com mais de 130 obras. Pela primeira vez, seu último quadro − que Lucian não pôde terminar por estar fraco demais – será visto. Na imagem, figuram seu fiel assistente, David Dawson, e um cão galgo com as patas
inacabadas. Adepto de uma exaustiva rotina de trabalho desde os anos 1940, produzindo em grande volume e escala, Lucian pintava sob encomenda e também recrutava vários tipos de modelo, como a rainha Elizabeth, Kate Moss e a drag queen Leigh Bowery. O reconhecimento efetivo só veio a partir da década de 1990, quando conheceu o galerista William Acquavella. Em 2008, bateu um recorde ao vender o quadro Benefits Supervisor Sleeping por 33,6 milhões de dólares, tornando-se o artista com a obra mais cara vendida em vida até o momento. Dos primeiros desenhos, bem coloridos e estritamente bidimensionais, o neto de Sigmund Freud migrou para a sagacidade carnal que o define, com centenas de retratos nus ou sensuais, mas sempre expressivos. David o acompanhou durante os últimos 20 anos e tornou público o descontentamento do mestre com a certeza da morte e sua frustração com a perda da batalha entre a mente sã e o corpo exausto que se retirava em despedida. I
Na página ao lado, o pintor – fotografado por seu assistente, David Dawson – em seu ateliê e o autorretrato Reflection (1985). Nesta página, a pintura Girl with a White Dog, feita entre 1950 e 1951.
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