Resenha: "Technological revolutions and techno-economic paradigms"

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS

SISTEMAS ECONÔMICOS COMPARADOS

LUÍS OTÁVIO DE SOUZA

PEREZ, Carlota. Technological revolutions and techno-economic paradigms. Cambridge Journal of Economics, Volume 34, jan. 2010, p. 185–202. Disponível em: <https://doi.org/10.1093/cje/bep051>.Acessoem:7 jul.2022.

No artigo “Technological revolutions and Techno-economic paradigms” (2010), a acadêmica Carlota Perez trata didática e assertivamente acerca de revoluções tecnológicas e nos paradigmas tecnoeconômicos causados por elas. O trabalho pode ser interessante para estudantes e pesquisadores atuantes nas áreas de economia, tecnologia entre outras, uma vez quetratadeassuntosqueserelacionamdiretaouindiretamentecomasáreas.

Perez dá início ao artigo citando Schumpeter e comentando que o autor está entre os poucos economistas modernos a colocar a mudança técnica e o empreendedorismo na raiz do crescimento econômico (SCHUMPETER, 1911 apud PEREZ, 2010, p. 185). Segundo a autora, o objetivo do economista era explicar o papel dainovaçãonocrescimentoeconômico enaciclicidadedosistema.

A autora entende a inovação como um processo coletivo que envolve cada vez mais agentes demudança,comofornecedores,distribuidoresemuitosoutros,oqueincluiosconsumidores. Ela conta que o que Schumpeter chamou de clusters eram as redesdinâmicascomplexasque eram tecidas entre produtores e usuários, fruto das interações tecno-econômicas entre esses atores. Ademais, ela acredita que as inovações tendem a ser indutoras de outras inovações; elas exigem complementares a montante e a jusanteefacilitamoutrossemelhantes,incluindo alternativasconcorrentes(PEREZ,2010,p.188).

Perez salienta que, quando suficientemente radicais, as inovações estimulam indústrias inteiras.Assim,paraela,

o surgimento da televisão levou ao crescimento de indústrias que fabricam equipamentos de recepção e transmissão, bem como de múltiplas indústrias

fornecedoras especializadas Ao mesmo tempo, estimulou a transformação das indústriasdeproduçãoepublicidade,cinema,músicaeoutrossetorescriativos,além de novas atividades de manutenção edistribuiçãoeassimpordiante(PEREZ,2010, p 188)

Desta forma, para Carlota, é essetipodeinter-relaçãodinâmicaqueéenglobadananoçãode um sistema de tecnologia (FREEMAN, 1974 apud PEREZ, 2010) para descrever como os clusters schumpeterianos são formados e evoluem.Aautoradásequênciaaoescritocontando que uma revolução tecnológica pode ser definida como “um conjunto de avanços radicais inter-relacionados, formando uma grande constelação de tecnologias interdependentes; um cluster de clusters ouumsistemadesistemas”(PEREZ,2010,p.189).

A autora então começa uma análise sobre as 5 maiores revoluções tecnológicas na história, nomeadamente a primeira Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, em 1771; a segunda revolução Industrial conhecida também como a Era do Vapor e da Ferrovia, em 1829; a terceira revolução Industrialoueradoaçoeeletricidade;aquartarevoluçãoindustrialcomou era da indústria deproduçãoemmassaeatualmentevivemosnoqueaautorachamadeerada informação e telecomunicações. Cada sucessiva revolução levou a criação de um novo paradigma, transformando orestodaeconomiaesendooimpulsionadordocrescimento,além desercapazdereorganizarasatividadesjáexistentesanteriormente(PEREZ,2010,p.190).

Além do potencial transformador de cada revolução, outras características são necessárias para que uma revolução industrial possa ser dita chamada assim, a sua estrutura. Para Perez (2010), todas as revoluções seguem as seguintes características gerais: surgem das mesmas áreas do conhecimento,necessitam novas habilidades para serem operadas, estimulam uma rede de fornecedores para manter seu funcionamento, desenvolvimento no campo de uma tecnologia inovadora costuma ter um efeito de estimular outras tecnologias inovadoras e os novos instrumentos e tecnologias servem como vanguarda para a introdução de outros produtos parecidos ajudando na aprendizagem sobre determinado mercado do público consumidor

Para fins de aprofundamento Perez nos traz um outro conceito que serve para definir a principal característica que faz uma revolução tecnológica ser merecedora de tal título techno-economic paradigm (TEP) que é a habilidade de interferir na forma como uma sociedade se organiza e é organizada.Essa reorganização da sociedade se dá em parte seguindo a tendência de crescimento econômico em que as práticas mais bem sucedidas no

mercado que com o passar do tempo e com a rotina de trabalho estabelecida se torna onovo normalcomasidéiasanterioressendogradativamenteesquecidasouperdidas.

Por fim, a autora arremata o escrito com a contribuição de que as trajetórias tecnológicas de produtos individuais são agrupadas em sistemastecnológicosque,porsuavez,sãoagrupados em revoluções tecnológicas. Assim, as trajetórias do sistema se sobrepõem e geram externalidadesemercadosunsparaosoutros,oqueinfluencianocaminhodemaisinovação.

Com isso, ela chega à conclusão de que as revoluções tecnológicas são agrupamentos de sistemas tecnológicos inter-relacionados que, para a autora, só merecem otermo“revolução” porque “seu impacto se estende muito além das fronteiras das novas indústrias que introduzem” (PEREZ, 2010, p. 200). Carlota segue contando que as transformações eventualmente abrangem toda a economia, elevam o nível de produtividade dos setores, rejuvenescem indústrias maduras e abrem novas trajetórias de inovação. Desta forma, uma grande onda de desenvolvimento é constituída pelo processo de difusão das mudanças maciçaseseusefeitoseconômicosesociais(PEREZ,2010,p.200).

A nível de avaliação, pode-sedizerqueotextodeCarlotaPerezédegranderelevânciaparao meio acadêmico, pois traz informações pertinentes e elucidativas ao longo de suas linhas. A título de recomendação, sugere-se a leitura a estudantes, pesquisadores e também ao público em geral, já que traz assuntos interessantes para o estudo da economia, inovaçãotecnológica etc., sendo estes temas muito interessantes e necessários para desenvolvimento de conhecimento,especialmentenaáreadeinovaçãoedesenvolvimentotecnológico.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

PEREZ, C. Technological revolutions and techno-economic paradigms. Cambridge Journal of Economics, Volume 34, jan. 2010, p. 185–202. Disponível em: <https://doi.org/10.1093/cje/bep051>.Acessoem:7 jul.2022.

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