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3.2 Internacional: Benga Riverside Residential Comunity
from Arquitetura Vernacular Caiçara: conjunto habitacional para a população da Praia do Bonete em Ilhabel
Ficha Técnica:
Local: Tete, Mozambique
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Ano: 2014
Arquitetura: KéréArchitecture
Área total: 10000m2

Tempo de execução: ainda em construção
Análise Funcional:
O projeto da Comunidade Residencial Benga surgiu da necessidade de introduzir uma nova tipologia de bairro para a comunidade de Tete, que vem crescendo por conta do grande investimento de indústrias na região. Diante disso, gerou-se uma demanda por soluções de casas baratas e de qualidade para as famílias locais e migrantes.
Está localizado entre os rios Revúobé e Zambezi.
Ele cria uma atmosfera de inclusão social entre os residentes que possuem diferentes experiências culturais. Além disso, integra as construções novas com o entorno, gerando relações simbióticas.
Keré foca nas necessidades civis, educacionais e recreativas da população, trazendo diversos edifícios que unem as necessidades privadas e públicas, como uma escola primária, restaurante, um clube e as mais de 100 residências.
Cada casa é composta por uma grande cozinha, duas salas comuns, um banheiro comum e duas suítes. Os ambientes são grandes e espaçosos e permitem que haja sociabilização nas áreas comuns. Além disso, entre as casas existem grandes pátios, onde as famílias põem se encontrar.

Análise Técnica:
Todos os prédios projetados possuem estrutura e fechamento em tijolos e concreto, grandes janelas com caixilhos de aço e coberturas independentes metálicas. As coberturas são sobrepostas à estrutura de cada prédio, sustentadas por treliças metálicas, possibilitando uma ótima ventilação.
Abaixo delas, podemos observar lajes abobadadas de tijolo, provavelmente feitas para diminuir a temperatura dentro dos ambientes.
As paredes de tijolo possuem aberturas – além das janelas – que permitem entrada de iluminação e ar.
Análise Estética:
Mesmo parecendo simples, a arquitetura dos edifícios mostra uma beleza diferente, com tetos curvados dentro das casas, coberturas metálicas que, além de funcionais, são muito bonitas, e possuem grandes aberturas que permitem a entrada de muita iluminação, tornando o ambiente interno muito agradável. Os materiais locais foram muito bem aproveitados. O objetivo do arquiteto foi, como em todos os seus projetos, beneficiar os usuários com novas técnicas aplicadas à arquitetura local. Por enquanto, seu objetivo foi alcançado. As residências que já foram construídas remetem à arquitetura local e mostram técnicas arquitetônicas sofisticadas.



3.3 Internacional: KalíPavilion
Ficha Técnica:
Local: Koforidua, Gana
Ano: 2018
Arquitetura: Irene Librando e NadiaPeruggi

Área construída: 66m2
Orçamento: 9000 euros
Análise Funcional:
Kalí é um projeto sem fins lucrativos que levou à construção de uma sala de aula de ensino médio na zona rural de Gana, construído com a ajuda de voluntários internacionais junto com a mão de obra local.

O objetivo inicial do projeto foi solucionar o problema das crianças que tinham que andar nove quilômetros todos os dias sob o sol ou a chuva para ir para a escola, o que fazia com que a maioria decidisse trabalhar nas plantações de cacau ao invés de continuar estudando.
Ele está localizado em um vilarejo onde outros projetos sociais foram implantados, como um prédio destinado a workshops e depósito, uma quadra de futebol, etc.
O KalíPavilion em si consiste apenas em uma grande sala de aula que comporta mesas para os estudantes e para o professor.
Análise Técnica:
Trazendo fortemente a arquitetura tradicional da África Subsaariana, o projeto foi baseado em materiais locais, como terra, madeira e palha, o que remete à um grande símbolo de sustentabilidade e tradições, unindo técnicas antigas com a melhoria de ideias, criando uma construção de alto desempenho e duradoura.
Três quartos do comprimento da sala de aula são definidos por duas paredes de taipa (3m de altura e 8m de comprimento), onde ficam as mesas dos alunos, enquanto a frente é totalmente feita com painéis de ripas de madeira, criando um espaço iluminado que pode ser modulado por tendas feitas de tecidos tradicionais.
O teto é elevado e inclinado, sustentado por treliças de madeiras que se apoiam em pilares de madeira que se sobressaem às paredes de madeira que, por sua vez, são estruturais. As paredes absorvem a luz solar, impedindo que o espaço interno fique muito quente, enquanto as telas de madeira permitem que a ventilação natural tenha seu curso direto, permitindo a entrada de ar frio e saída de ar quente pelos espaços entre as treliças.
A cobertura é composta por telhas de ferro que são antecedidas por uma camada de espuma, isolando o espaço entre elas.
Análise Estética:
O objetivo dos arquitetos com esse projeto era de, além de ajudar as crianças e estimular a própria população a contruir o pavilhão, capacitando-os para futuras construções, remeter à cultura africana e trazer fortemente a força dos materiais presentes na região. Eles não só conseguiram fazer isso, como fizeram com excelência. As taipa formando padrões diferentes nas paredes, as aberturas remetendo ao artesanato local, a presença dos tecidos produzidos pelas mulheres da região, tudo isso traz a cultura da população para dentro do ambiente, além de torná-lo um espaço muito confortável de se estar.






3.4 Nacional: Casa Montemor
Ficha Técnica:
Local: Monte Mor, Brasil
Ano: 2021
Arquitetura: Brasil Arquitetura
Área construída: 400m2


Análise Funcional:
A Casa Montemor é definida e estruturada por três muros de taipa de pilão feitas com terras de diferentes colorações. A partir de um pátio triangular resultante do encontro desses três muros, ela ocupa o lote, e todos os espaços internos são organizados a partir deles. A área comum da casa é composta por um hall de entrada, uma grande sala de estar, sala de televisão e escritório, cozinha, lavanderia quarto e banheiro de serviço e espaço para armazenamento. Nos espaços privativos temos quatro suítes. A área externa possui um grande jardim com piscina e espaço para garagem.


Análise Técnica:
A estrutura da casa é feita de madeira, os muros de taipa atuam como paredes estruturais e as demais paredes são feitas de tijolo normal e pintadas com tinta branca. O piso de toda a casa é de pedra e a cobertura de madeira recoberta por um telhado de telha de barro. Por toda a casa existem grandes aberturas com janelas de caixilho de madeira e vidro, algumas com elementos vazados.
Análise Estética:
A construção mostra como é possível conseguir beleza, proporção e grandiosidade utilizando materiais tão básicos. A taipa cria padrões de cor muito mais bonitos do que qualquer pintura, as grandes janelas fazem com que toda a casa seja muito iluminada e todos os materiais se complementam e tornam o projeto muito harmônico.





3.5 Nacional: Centro comunitário Camburi
Ficha Técnica:
Local: Ubatuba, Brasil
Ano: 2018
Arquitetura: CRU! Architects


Área construída: 175m2

Análise Funcional:
O Centro Comunitário Camburi é construído a 50km de Ubatuba, no Parque Estadual da Serra do Mar, que foi criado pelo governo para proteger os remanescentes florestais, o que acabou restringindo as atividades de seus moradores.
Quilombolas e caiçaras, misturados em uma comunidade homogênea, seguem uma vida tradicional baseada na agricultura, caça e pesca há 150 anos.
O projeto foi concebido a partir e três requisitos principais: fornecer um espaço comunitário para manter reuniões, formar uma percepção de centro geográfico do bairro e integrar o edifício dentro da paisagem circundante e a escola localizada no mesmo terreno.
Traz para a comunidade local uma maior capacitação para formação de renda, incentivando o eco-turismo, venda de trabalhos manuais e até mesmo para construir o próprio edifício.
Como uma nova forma de gerar renda para a comunidade, a cooperativa local de eco-construção, recebeu um treinamento essencial para o projeto e teve suas habilidades aperfeiçoadas para poderem prestar serviços de qualidade para servir diferentes clientes.
Ele é composto por dois edifícios maiores que são o centro comunitário em si, um grande pátio, área externa coberta, espaço de emergência, uma padaria com cozinha de apoio, que serve como fonte de renda para a comunidade, espaço de armazenamento e centro administrativo. Além disso, criaram uma loja de artesanatos na entrada da vila, de onde vendem artefatos para os turistas de passagem.
Análise Técnica:
Seguindo as técnicas tradicionais, a construção foi feita com a ajuda de materiais locais. Árvores, galhos e bambu foram usados para fazer um quadro no qual terra molhada é lançada. A estrutura consiste em bambu e madeira e os fechamentos foram feitos em taipa de mão, tijolo e adobe, com técnicas renovadas e melhoradas e adicionando outros sistemas baseando no mesmo material.
O centro é orientado na direção do mar para aproveitar o vento principal. O teto é elevado, evitando paredes perpendiculares que podem bloquear o fluxo do ar no interior do edifício.
A cobertura consiste em telhado de telhas de barro e metálicas, que é sustentado por treliças de bambu. Entre o telhado e os fechamentos em taipa, existem janelas que permitem maior ventilação.


Análise Estética:
Esteticamente, o projeto é muito simples e tradicional. As paredes de taipa foram muito bem feitas e suas diferentes cores criam padrões bonitos. As janelas são de madeira e vidro, no interior dos espaços o piso é de concreto aparente e de madeira. A ideia de reforçar a tradição do local foi muito bem preservada.

