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4.3 Inserção urbana
from Arquitetura Vernacular Caiçara: conjunto habitacional para a população da Praia do Bonete em Ilhabel
4.3.1 Localização e situação
Localização: Localização:
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4.3.2
Situação
Fonte: Documentos fornecidos pela prefeitura da Ilhabela
Fonte: Dissertação “Turismo e poder em lugares tradicionalmente habitados por caiçaras: o caso do Bonete” por Guilherme Paschoal Lima
Conjunto Habitacional para a população caiçara de Ilhabela
5.1 Conceito
O projeto do Conjunto Habitacional da Praia do Bonete surgiu a partir da vontade de estudar a cultura caiçara e entender como ela pode influenciar o modo de morar dessa comunidade.
A população boneteira, por ser muito isolada do restante da civilização, preserva as tradições antigas, tanto em seus hábitos, quanto na sua cultura e em suas construções.
Percebeu-se uma necessidade da própria comunidade de garantir que as relações sociais fossem mantidas, já que eles vivem em um esquema cooperativo, onde todos se ajudam e vivem juntos.
Além disso, foi trazido o tema de como a arquitetura pode influenciar as relações pessoais, como o espaço afeta o indivíduo e, consequentemente, a maneira com que ele se relaciona com as outras pessoas.
A partir disso, o projeto busca garantir que essas relações sejam mantidas e benefeciadas pela arquitetura, ao mesmo tempo que se adequa ao meio ambiente pelos materiais utilizados, gera renda para a população e capacita-os de construir as próprias casas, utilizando as técnicas de construção locais.
5.2 Programa de necessidades
O Conjunto Habitacional consiste em:
Mercado = 272m²
Internamente o mercado é dividido em: área de refrigeração, área de exposição de frutas, produtos, legumes, etc; área para corte de peixe, depósito, câmara fria, banheiro PNE, vestiário com banheiro isolado para os funcionários.
Área para confecção de artesanatos e reuniões comunitárias = 88m²
Mercado de artesanatos = 63m²
Consiste em quatro lojas com banheiro interno e área para exposição dos artesanatos Módulos residenciais = cada módulo possui 27m², sendo 13,5m² construidos e o restante livre, que serão construidos (ou não) de acordo com a necessidade das famílias. Eles possuem infraestrutura básica para portar um banheiro e uma cozinha, podendo adicionar mais elementos.
5.3 Partido arquitetônico
O projeto se baseou, primeiramente, nas leis ambientais do local. A legislação da Ilhabela proíbe que sejam construídos edifícios com mais de dois andares e impede que haja qualquer tipo de desmatamento das árvores do local. Portanto, o terreno escolhido só pôde ser ocupado na área onde já não existiam mais árvores e o prédio não deve ter a área construída muito grande. Depois disso, surgiu o problema de transporte de materiais. Logo veio a ideia de trabalhar com materiais locais, assim como a própria comunidade já faz, utilizando técnicas de construção simples mas agregando conhecimento e tecnologia para torná-las mais interessantes Todo o conjunto é construído com taipa de mão, como a maioria das casas da Praia do Bonete, e apenas a estrutura de madeira, garantindo que uma pequena quantidade da madeira local fosse utilizada e pudesse ser replantada no futuro. A estrutura de madeira foi trazida como premissa para que fosse possível a construção de grandes aberturas na taipa sem danificar as paredes, para garantir uma boa iluminação e boa ventilação, já que a energia elétrica no local também é escassa.
Sobre o programa em si, como foi dito anteriormente, uma questão muito importante para o projeto seria entender como as pessoas são influenciadas pelo espaço que elas ocupam e como isso interfere nas suas relações umas com as outras. A relação do indivíduo com o outro depende muito da cultura em que eles estão inseridos. Logo, entende-se que a comunidade boneteira tem como necessidade a união dos moradoes. Por isso, foram trazidos espaços comunitários que garantem essa relação.
O mercado foi projetado a partir da necessidade da própria comunidade de ter um armazenamento de comida, diante da dificuldade de locomoção para o centro de Ilhabela e, consequentemente, dificuldade de trazer mantimentos para todos. E também acaba se tornando uma fonte de renda para a comunidade diante do aumento significativo de turistas visitando a região. Já os módulos residenciais apareceram como uma solução do problema que é projetar para pessoas que não se conhece. A relação que cada usuário tem com a sua casa é muito específica e, para fazer um projeto adequado, deve se conhecer muito bem cada indivíduo que habitará o local. Como isso não é possivel, a solução encontrada foi de oferecer aos moradores módulos do terreno (dois módulos para cada família) com a estrutura e cobertura já construídas e um dos módulos também, possibilitando que eles ocupem o restante do espaço da maneira que julgarem mais adequada. Dessa maneira, o conjunto habitacional se adequa às necessidades da comunidade como um todo e, também, às necessidades do indivíduo como um.