S Edição 5. Ano 3.
O pior design de embalagem do mundo | Fac-símile da primeira revista brasileira | J.A. Acabamentos Gráficos, história e dinâmica | 2º Prêmio Abigraf | Perfil: André Reis
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revista S
CARTA C AO LEITOR
aro leitor, bem vindo a revista S. Aqui, você vai encontrar assuntos relacionados ao campo gráfico e, em especial, a acabamentos gráficos. Área em que, para muitos leigos, se passa despercebida, para os profis-
sionais que trabalham no ramo do design, publicidade e artes visuais, são de suma importância para uma comunicação bem feita. Essa revista, leitor, é composta por arti-
gos, entrevistas e perfil. No perfil, mostramos o trabalho de um profissional que esta inserido no ramo gráfico. Desta vez coube a nós falarmos de André Reis, dono de uma empresa de facas de corte, localizada no bairro Consolação, em Vitória. Ainda nesta edição, além de uma entrevista com um dos sócios-diretores da J.A. Acabamentos Gráficos, você confere também artigos de Clarissa Domingues, Andre Porto Alegre e Luis Guilherme Pontes Tavares. Aproveite a leitura! João Pedro Debbané Julio Cesar Reis Alves Luiza Nicodemos
Direção de arte: João Pedro Debbané, Julio César Reis Alves e Luiza Nicodemos Fotografia: João Pedro Debbané e Luiza Nicodemos Arte final: João Pedro Debbané, Julio César Reis Alves e Luiza Nicodemos Revisão: Sandra Medeiros Jornalista responsável: Sandra Medeiros Impressão e acabamento: Unicopy Colaboradores: Luiz Guiherme Pontes Tavares, Andre Porto Alegre, Clarissa Domingues, Sandra Medeiros, Unicopy, André Reis e Junior Fiere. A revista S circula 2 vezes ao ano Tiragem da revista S: 2000 exemplares Vitória, Espírito Santo, Brasil, 2014.
SUMÁRIO
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O pior design de embalagem do mundo Fac-símile da primeira revista brasileira J.A. Acabamentos Gráficos, história e dinâmica 2º Prêmio Abigraf Perfil: André Reis
PROP. 1
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O pior design de embalagem do mundo Andre Porto Alegre
D
e tudo que não temos de “padrão
ram numa garantia de banho, tamanha a
FIFA”, nada supera o design.
desproporcionalidade entre o tamanho da
Lamento pelos jogadores portu-
tampa e o material da embalagem.
gueses (caso o selecionado lusitano
O curioso é que quando se encontra
se classifique para a Copa do Mundo)
um designer brasileiro (além de poucos,
ao tentarem abrir uma embalagem de
eles se escondem, e com razão) o discurso
azeitonas; pelos franceses ao se depararem
é elaborado, quase pernóstico, absoluta-
com o desafio de abrir uma embalagem de
mente desassociado da realidade.
geléia ou pelos americanos que queiram
A mediocridade da atividade em terras
matar a sede com um singelo suco de laranja.
brasileiras não corresponde ao número de
Todas essas atividades corriqueiras e co-
cursos superiores dedicados ao tema. De
tidianas na vida de qualquer povo se tornam,
duas, uma: ou os cursos são muito ruins,
no Brasil, um exercício de paciência diante
com professores e recursos limitados, ou
do descaso da indústria de alimentação com
decidimos voluntariosamente apostar no
o design das embalagens tupiniquins.
péssimo design de embalagens alimentí-
O pior design de embalagens do mundo entra na lista do “contra tudo que está aí”,
cias como um traço cultural. Assim como o caótico trânsito em Nápoles.
que motiva multidões a invadirem as ruas.
Só me lembro do coco entre os pro-
As embalagens brasileiras nos fazem de
dutos nacionais com um bom design. Ele
trouxas e gravitam imunes às críticas e aos
mantém esse traço cultural e, convenha-
boicotes.
mos, é bem difícil de abrir, mas é mais
Quando havia ração na ponte aérea Rio-
fácil aceitar essa dificuldade como obra
São Paulo, éramos capazes de chegar ao des-
da natureza e não da genialidade (SIC) dos
tino sem conseguir abrir a embalagem da
designers nacionais.
manteiga. Até hoje é mais fácil pescar uma
Há segmentos do mercado e áreas do
sardinha do que se submeter à humilhação
conhecimento em que ainda estamos na
de abrir a lata em que elas foram aprisiona-
pré-história. Portanto, inclua no seu índice
das.
de críticas ao Brasil o péssimo design de
Em prol de uma suposta preocupação ambiental, garrafas de água se transforma-
embalagens, em particular na indústria da alimentação.
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Bahia lança em 2012 fac-símile da primeira revista brasileira Está previsto para o início do próximo ano o lançamento de edição fac-similar de As Variedades ou Ensaios de Literatura, que circulou em 1812. Luis Guilherme Pontes Tavares*
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A
Comemoração dos 200 anos do lan-
o redator Diogo Soares da Silva de Bivar. A
çamento da primeira revista brasi-
revista foi também estudada pelo bibliófilo
leira está marcada para 23 de janeiro
Renato Berbert de Catro, que, em 1982,
de 2012 no Auditório Katia Mattoso
publicou o primeiro fac-símile dela no
da Biblioteca Pública do Estado
número 1 da série “Documentos e estudos
da Bahia. Na ocasião, será lançado
de história e literatura da Bahia: inéditos e
o fac-símile da coleção de As Variedades
reimpressos”, do Arquivo Público do Estado
ou Ensaios de Literatura, cujos três únicos
da Bahia. O texto introdutório, de sua lavra,
números, que circularam entre janeiro e
dialoga com o ensaio de Helio Vianna.
março de 1812, foram impressos na tipo-
As Variedades ou Ensaios de Litera-
grafia de Manoel Antonio da Silva Serva, em
tura foi mais uma iniciativa audaciosa do
Salvador, a primeira unidade da indústria
empresário de origem portuguesa Manoel
gráfico-editorial privada brasileira. O fac-
Antonio da Silva Serva. Em 14 de maio de
símile será acomodado num estojo ao lado
1811, ele lançara o primeiro jornal baiano e
de volumes contendo o texto atualizado da
segundo impresso no País – Idade d’Ouro do
revista e de ensaios a respeito dela e de seu
Brazil –, patrocinado pelo conde dos Arcos,
impressor.
e enfrentava dificuldade para renovar assi-
O evento foi programado pela Fundação
naturas e vender exemplares avulsos. Silva
Pedro Calmon, órgão da Secretaria da Cul-
Serva as encarava com vigor e criativida-
tura do governo baiano, em parceria com a
de: substituía importação ao fabricar em
Associação Bahiana de Imprensa, Empresa
Salvador tipos móveis e prelos – pretendia
Gráfica da Bahia (que comemorará o pri-
fabricar papel a partir da polpa obtida com
meiro centenário em 2015) e o Núcleo de
a folha de bananeira e formava quadros na
Estudos da História dos Impressos da Bahia
sua tipografia, mas o reduzido mercado por
(Nehib). Estão sendo convidados três pa-
causa do predomínio de analfabetos e a au-
lestrantes para o lançamento: a professora
sência de redatores não autorizava o novo
Cybelle Moreira de Ipanema, secretária do
produto que Silva Serva lançou em janeiro
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
de 1812.
(IHGB); o jornalista Leão Serva, diretor do
A missão, digamos assim, de As Varieda-
Diário de S.Paulo e descendente de Silva
des ou Ensaios de Literatura era civilizatória.
Serva; e o empresário Thomaz Souto Correa,
Tanto o prospecto que anunciava o seu lan-
vice-presidente do Conselho Editorial do
çamento como a carta de princípios estam-
Grupo Abril.
pada no número 1 dão conta de que suas páginas seriam preenchidas por “reflexões profundas sobre os costumes e as virtudes sociais e morais, algumas novelas de escolhido
APENAS TRÊS NÚMEROS
gosto e moral, resumo de viagens, extratos de história antiga, pedaços de autores clássicos portugueses, quer em prosa, quer em verso,
O historiador Helio Vianna dedicou o
anedotas curiosas, tudo, em uma palavra,
primeiro cpítulo do seu clássico Contribui-
que pode compreender-se na expressão geral
ção à Historia da Imprensa Brasileira (Rio
de literatura, são os materiais de que o Reda-
de Janeiro: Imprensa Nacional, 1945) para
tor se há de servir para esta compilação, que
afirmar o pioneirismo de As Variedades
pelo correr do tempo se ampliará a alguns
entre as revistas dos primórdios da impren-
ramos dos conhecimentos científicos pro-
sa brasileira. O autor preenche algumas
priamente ditos”. Nos dias atuais seria uma
páginas do ensaio com informações sobre
revista de variedades e autoajuda.
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O primeiro número, datado de janeiro de 1812, saiu com 30 páginas. Circulou no início de fevereiro, mês em que a revista não ofereceu um novo número aos assinantes. Isso
Diogo Soares da Silva de Bivar
porque o redator caíra doente. Em março saiu, então, o número duplo – 2 e 3 – com 67
Não há uma data precisa da
páginas e com esse a vida do periódico foi
chegada acidental a Salvador do
encerrada. Em 1814, Silva Serva comerciali-
redator da revista As Variedades.
zou num único volume os três números da revista, aproveitando os exemplares que sobraram de 1812. Imprimiu novo frontispício, exibindo assim, mais uma vez, seu tirocínio comercial e sua criatividade. É um dos volumes de 1814 que está sendo digitalizado e que será lançado em janeiro próximo.
Ele havia sido degredado de Portugal para Rios de Sena, em Moçambique, sob a acusação de ter apoiado os franceses quando da ocupação napoleônica de 1807, cuja consequência foi a transmigração da Corte portuguesa para o Brasil. Ficou preso no Forte se São Pedro até 1821, quando dom João VI restabeleceu-lhe a liberdade. Durante esse período colaborou
EXEMPLAR RARO
com o seu texto nos impressos da Tipografia Serva. Constituiu
É provável que só tenha restado um
família casando-se com Violante
único volume da coleção de As Variedades
Ceo e Lima e teve três filhos, uma
ou Ensaios de Literatura, daí a relevância
das quais, a caçula, foi a primeira
do fac-símile que será lançado em 2012.
jornalista
Tanto Helio Vianna como Renato Berbert de
Atabalipa Ximenes de Bivar e
Castro utilizaram-se deste que é, portanto,
Velasco. Assim como há questões não
pertence à Fundação Clemente Mariani,
respondidas sobre a história da
entidade cultural ligada ao Banco da Bahia
primeira revista brasileira, há
cionador fluminense Francisco Marques dos Santos. Em 1949, após o volume ser submetido, no Rio de Janeiro, a ações restaurativas sob a responsabilidade do bibliófilo Tancredo de Barros Paiva, Marques dos Santos doou-o ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. O volume está em bom estado e a mancha gráfica permite usufruir de leitura agradável. *Jornalista e produtor editorial. É diretor cultural da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) para o biênio 2011-2012. É autor de Arthur Arezio da Fonseca (Salvador: Egba, 2005). Recebeu da Abigraf/ABTG, em 1991, o Prêmio Ignaz Johann Sessler.
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Violante
uma raridade: o volume que há alguns anos
Investimentos, fora anteriormente do cole-
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brasileira:
também questões não respondidas sobre Diogo de Bivar. Seu destino fora traçado em Portugal para acabar na África. No entanto, depois de cumprir “prisão” em Salvado, foi para o Rio de Janeiro como funcionário da Corte e experimentou o prestígio de ser o primeiro orador do Real Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e diretor do Real Conservatório Dramático. O que se lamenta é a ausência da biografia de Manoel Antonio da Silva Serva, o pioneiro da indústria gráfica privada brasileira.
ENTREVISTA
J. A Acabamentos Gráficos, história e dinâmica Este mês, a revista S foi ao encontro de Junior Fiere, sócio-diretor da J.A. Acabamentos Gráficos, empresa capixaba, situada no bairro Consolação, em Vitória. Em conversa descontraída, Junior conta um pouco de sua história, assim como a de sua empresa, e aponta problemáticas no ramo de acabamentos gráficos no Espírito Santo. Confir a seguir a netrevista na íntegra.
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Revista S: Como foi o início da empresa do
deiras, entre outros. Porém, por exemplo, o
senhor?
acabamento em cola hot melt, só gráficas de
Junior Fiere: Nós começamos em 2001, com
porte maior possuem, como a GSA e a Grafi-
as máquinas de corte e vinco, e foi progre-
tusa. As outras gráficas precisam terceirizar
dindo com o passar dos anos.
esse serviço.
Revista S: O senhor comentou que começou
Revista S: E o senhor atende gráficas peque-
com corte e vinco, mas já pensava em ofere-
nas aqui também?
cer outros tipos de acabamentos?
Junior Fiere: Sim, gráficas do interior e de
Junior Fiere: Corte e vinco é um acabamen-
fora do estado.
to que estava escasso no estado e foi difícil, porque existe um processo que, além do
Revista S: Há alguma preocupação socioam-
corte e vinco, é necessário a colagem. A co-
biental no processo de produção da empresa
lagem ainda hoje é feita por coladeiras, mu-
do senhor?
lheres, manualmente. Com isso, tivemos que
Junior Fiere: O que é descartável, sim, como
acrescentar em nossa dinâmica interna de
o papel, que vai para a reciclagem. O resto é
produção a colagem nos envelopes, caixas,
lixo doméstico.
etc. Foi aí que crescemos na área deprodução de acabamentos.
Revista S: Então também deve haver algum aproveitamento de papel?
Revista S: Como surgiu o interesse do senhor
Junior Fiere: Sim, o máximo possível. Todos
por acabamentos gráficos?
os papéis são reciclados, nada vai para a na-
Junior Fiere: Então, foi através do contato
tureza.
com a área. Eu tinha um irmão que trabalhava com corte e vinco, além de outros tipos de
Revista S: Quais são os tipos de acabamentos
acabamentos.
que o senhor oferece? Junior Fiere: Hoje nós temos verniz loca-
Revista S: Então o senhor percebeu que
lizado e u.v, plastificação (fosco e brilho),
havia uma demanda nessa área?
colagem de livro (hot melt) e facas de corte
Junior Fiere: Sim, até hoje há. Acabamento
e vinco.
está escasso no estado. O serviço de acabamentos gráficos não é bem reconhecido,
Revista S: A procura pelo acabamento parte
porque todos os clientes finais acham que
mais do cliente final ou da gráfica?
todo o tipo de serviço é feito dentro das grá-
Junior Fiere: É a gráfica quem nos procura.
ficas. Eles não sabem que o acabamento é
Com o cliente não entramos em contato. Este
terceirizado, por isso nós somos tidos como
vai à gráfica e pede o serviço. Por isso o clien-
inexistentes.
te jamais imagina que o nosso ramo existe. Acham que tudo é produzido pela gráfica,
Revista S: As maiores gráficas do estado ter-
desde a impressão, até o acabamento. Esse é
ceirizam esse tipo de serviço?
o motivo pelo qual não fazemos propaganda
Junior Fiere: Sim, terceirizam.
e não temos fachada. Nossa empresa é como um galpão abandonado.
Revista S: Elas não fazem nada de acaba-
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mento então?
Revista S: Qual tipo de impresso é o mais
Junior Fiere: Fazem sim. Algumas gráficas
finalizado pelo senhor?
trabalham com acabamento internamente,
Junior Fiere: São caixas, folders e revistas,
como corte e vinco, plastificação, dobra-
capas de revistas.
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Revista S: E cartões de visita?
evitar ao máximo fazer hora extra, pois o pro-
Junior Fiere: Há muita pouca demande de
fissional já fica o dia todo em pé operando as
cartão de visita hoje. As próprias gráficas
máquinas, o que não é brincadeira. É muito
terceirizam até a impressão de cartões de
perigoso devido ao cansaço e, as vezes, o
visita. Eles já fazem em um lugar em Minas
dono da gráfica que nos contrata, acha que
Gerais, onde enviam o arquivo e o cartão é
nós não queremos trabalhar. Não é isso, é
produzido já com aplicação de verniz e com
que realmente nossos funcionários ficam em
preço muito baixo.
pé de oito da manhã até as seis da tarde.
Revista S: E as gráficas rápidas?
Revista S: O senhor tem idéia de qual é a
Junior Fiere: Quando há a necessidade do
quantidade de trabalho realizadado por mês?
acabamento, as gráficas rápidas fazem a
Junior Fiere: Varia muito. A quantidade de-
impressão e nos procuram para realizar o
pende muito do mês. Muita gente acha que
acabamento.
ano de eleição é bom para o ramo de acabamento gráfico. Não é. Ah! Vai vir a Copa do
Revista S: O senhor já pensou em abrir
Mundo. Também não é bom. O bom mesmo
alguma gráfica?
é quando tem um evento de grande porte,
Junior Fiere: Gráfica nunca. Nós não pode-
que pede a produção de folder, banners, pa-
mos. Se abrirmos uma gráfica, perderemos
pelarias, revistas, etc.
todos os nossos clientes. Viraríamos con-
Agora, quantidade por mês, mais ou menos,
correntes e a concorrência aqui no estado é
na casa de 100 mil folhas, 150 mil. Não tenho
terrível. Aqui nós temos uma preocupação.
uma média, nunca parei pra fazer uma média
Quando algum representante de uma grá-
disso.
fica entra em nossa empresa, pode olhar os serviços dos outros, mas não pode sair com
Revista S: E qual é o tipo de acabamento
sequer uma folha daqui. Nós não guardar-
mais utilizado pelo senhor?
mos modelo nenhum. Acabou o serviço, vai
Junior Fiere: Hoje o acabamento mais utili-
tudo para o lixo, porque a concorrência entre
zado é o verniz total u.v e corte e vinco.
eles é muito grande. Revista S: Os principais clientes do senhor Revista S: E tem muitas empresas de acaba-
são as gráficas maiores, ou as gráficas meno-
mentos gráficos aqui em Vitória?
res?
Junior Fiere: Vamos colocar que tenham
Junior Fiere: Olha, infelizmente, nós depen-
cinco empresas. Porém, para ganhar dinhei-
demos muito das gráficas grandes. Por que
ro no ramo aqui no estado, hoje, seria neces-
eu falo isso? Infelizmente, se você perde ela
sário sermos, no máximo, apenas três. Com
(a gráfica maior como cliente), você tem que
isso, podemos dizer que está muito difícil
reestruturar toda a sua empresa. Você pode
trabalhar no meio gráfico, em acabamento,
perder mão-de-obra, o que já não esta fácil
por aqui. Falta mão-de-obra qualificada e,
de encontrar. Se eu pudesse ter 30 gráficas
quando tem, é um profissional com vícios.
pequenas para suprir, prefereria, porque,
Esses vícios, nessas máquinas, são perigosos.
se você perder uma gráfica pequena em 30,
Se pegar uma máquina de corte e vinco e o
é fácil recolocar. Agora, se você perder uma
cara linchar a mão, perdeu a mão. Já houve-
gráfica grande, como Grafitusa, GSA, é mais
ram casos aqui no estado, comigo não, graças
complicado.
a Deus. Nós ficamos muito preocupados se o profissional está bem. Liberamos para ir
Revista S: Então o senhor dá prioridade para
embora caso esteja se sentindo mal. Tento
as gráficas maiores?
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Junior Fiere: Não, nem sempre. Se chegar o
tem que dar sorte de achar uma pessoa que
pedido da gráfica pequena primeiro, eu faço
queira aprender. Aquela máquina lá é au-
o da gráfica pequena, porque o poder aqui-
tomática (nesse momento, Junior aponta o
sitivo é menor e, com isso, ela depende de
dedo para nos mostrar a máquina), só quem
você. Já a gráfica grande pode, de uma hora
tem uma dessas no estado sou eu. Antes de
para outra, comprar a máquina, pôr lá dentro
comprar, fui a São Paulo, junto de um funcio-
e não precisar mais dos meus serviços. Com
nário meu, para aprender a manuseá-la. O
gráficas do interior, por exemplo, você tem
Espírito Santo é um estado atrasado. Você vai
que se desdobrar para mandar o trabalho
a capitais de outros estados e percebe esse
feito no mesmo dia, pois elas já perdem um
grande atraso.
ou mais dias para enviar e receber o material.
“
Revista S: E o senhor faz entrega também?
Junior Fiere: Fazemos entrega, mas não
fazemos para o interior, só aqui na Grande Vitória.
Caso vocês queiram abrir uma empresa
de acabamentos gráficos, saiam enquanto é tempo (risos). Máquina é fácil de comprar,
eu quero ver é montar uma equipe. Mãode-obra, como eu já disse, não está fácil
de encontrar. Aqui no estado não tem, por exemplo, no Senac, cursos para esse tipo
de produção. Então, para trabalhar, você
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Caso vocês queiram abrir uma empresa de acabamentos gráficos, saiam enquanto é tempo (risos)”.
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Conheça os projetos que concorreram ao 2° Prêmio Abigraf de Responsabilidade Socioambiental Clarissa Domingues
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P
romovido a cada dois anos, com o
no processo de cura, com grande economia
objetivo de estimular iniciativas so-
de material, uma vez que o processo permite
cioambientais em organizações da
minimizar a quantidade de substratos utiliza-
indústria gráfica, o Prêmio Abigraf
dos nos impressos: a queda das perdas pode
de Responsabilidade Socioambiental
atingir níveis entre 30% a 40%, em comparação
pode ser considerado uma verda-
com o sistema de embalagem convencional.
deira vitrine de bons exemplos. Afinal, esta
Na categoria “Social”, o case inscrito foi
é a oportunidade que empresas de diversas
“Instituto Papel de Menino”, entidade funda-
partes do Brasil têm de mostrar de que modo
da em 2008 pela Antilhas para viabilizar ofici-
vêm agregando a sustentabilidade aos seus
nas de artesanato – a partir do fornecimento
processos produtivos.
de materiais doados pela própria gráfica – e
A segunda edição do prêmio, que teve
que tem objetivo pedagógico, com promoção
como vencedores a Gráfica Plural, na catego-
do ganho de consciência sobre os conceitos
ria Social, e a Posigraf, na Ambiental, registrou
de preservação do meio ambiente, educação
o total de 35 trabalhos inscritos por 26 empre-
para o trabalho e sensibilização para a arte.
sas gráficas, sendo 14 na categoria “Social”
O instituto é parceiro da Terracycle, que cria
e 21 na categoria “Ambiental”. A partir desta
produtos verdes a partir de vários tipos de
edição, a Revista Abigraf passa a apresentar
materiais de difícil reciclabilidade, que não
os cases dessas empresas, começando pelos
possuem destinação adequada, e trabalha
projetos da Antilhas, Ápice, Burti, Caeté e
com cooperativas de catadores. Em um dos
Congraf.
esforços recentes dessa união, foram produzidas 300 sacolas a partir de rótulos descartados de embalagens de chocolate, vendidas para a Nestlé, que as distribuiu como brindes.
ANTILHAS A Antilhas Soluções para Embalagens inscreveu cases nas duas categorias contem-
ÁPICE ARTES GRÁFICAS
pladas pelo prêmio. Adotando o conceito de sustentabilidade em todo seu processo pro-
Instalada em São Caetano do Sul (SP), a
dutivo, o que inclui desde os estudos de de-
Ápice apresentou o case “Responsabilidade
senvolvimento de novos produtos até as ações
ambiental como premissa de trabalho na
de relacionamento com os clientes, a gráfica
Ápice Artes Gráficas”. As ações contemplam
de Santana de Parnaíba (SP) apresentou na
iniciativas de gerenciamento de resíduos
categoria Ambiental o projeto “Impressão
líquidos e sólidos, educação ambiental, cons-
com cura por feixes de elétron”. A empresa,
cientização do uso de energia e água e reuso
que há três anos implementou a tecnologia
de papel.
EB (eléctron beam) – para a secagem por feixe
Nos últimos três anos, o conjunto de
de elétrons –, apoiou o desenvolvimento da
iniciativas culminou na redução de 55% dos
tinta criada especialmente para esta finali-
resíduos líquidos e de 7% dos resíduos sóli-
dade, a Easy Rad, com patente internacional
dos gerados pelos processos. Cem por cento
requerida pela TechnoSolutions, empresa do
desses resíduos recebem destinação correta
Grupo Antilhas.
e são totalmente co-processados por uma
Dentre os ganhos ambientais do projeto, sobressai a redução da emissão de carbono
tecnologia de destruição térmica em forno de cimento.
e de solventes (VOC – compostos orgânicos
Mesmo com a expansão de seus negócios,
voláteis), bem como a toxicidade do proces-
desde 2008, a Ápice vem reduzindo o con-
so, pois a limpeza dos equipamentos é feita
sumo de energia com a adoção de uma me-
somente com água e detergente. Reduziu-se
todologia que otimiza o gasto necessário aos
também, em até 50%, o consumo de energia
acionamentos de máquina e, também, por
revista S
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meio da programação do PPCP, que permite
de ar, abastecimento de tintas e outros
que os equipamentos sejam eficientemente
equipamentos –, que proporciona a
ligados usados, sem a necessidade de perma-
não geração de ruído e risco químico na
necerem ligados quando fora de operação.
área produtiva e redução no número de
O consumo de água também tem diminuído
máquinas e equipamentos nos setores
em decorrência do uso de filtros e sistemas de
de produção, bem como facilidade de
reuso.
acesso e manutenção. Para controle de
No quesito da educação ambiental, a
sobras do processo, a Burti implantou
Ápice promove, internamente, ações que
duas centrais de coleta de aparas, dotadas
visam à minimização do desperdício, com
de filtros manga e triturador. Há, ainda,
a conscientização constante da equipe. Um
uma estação de tratamento de resíduos
exemplo está na substituição dos copos
orgânicos, onde separa-se a matéria
plásticos descartáveis por squeezes de aço
sólida da líquida, filtra-se e descarta-se
inoxidável, distribuídos aos colaboradores.
corretamente todo o material. Além de
Externamente,
ações
diversas medidas de redução de impactos,
educativas com crianças do Sesi-SP, em pro-
são
empreendidas
a Burti é responsável pela manutenção de
gramas que demonstram como minimizar os
uma área de preservação ambiental com
impactos gerados pelos processos gráficos e
150 mil metros quadrados de mata nativa,
atividades práticas, como oficinas de recicla-
com árvores e animais típicos na região de
gem caseira de papel e o plantio de árvores.
Itaquaquecetuba (SP), onde o parque está
A gráfica traduz seus resultados da política
instalado.
de respeito ao meio ambiente na conquista
Pela categoria Social, o case inscrito
das certificações ISSO 9001, 14000 e FSC, que
foi “A impressão que dá”, com estratégias
incentivaram a adoção de tais práticas e moti-
de responsabilidade social corporativa re-
vam sua continuidade.
lacionadas aos objetivos do negócio e experiências da empresa. O conjunto inclui o incentivo ao voluntariado a as ações de filantropia entre seus funcionários. Ex-
BURTI
ternamente, em parceria com entidades, sobressai no case o projeto realizado junto ao Centro Gaspar Garcia de Direitos Hu-
A Burti também inscreveu projetos nas
manos. A entidade promove a melhoria
duas categorias do prêmio. O case “Sustenta-
das condições de vida de pessoas carentes
bilidade como modelo de negócios” apresen-
a partir da coleta de materiais recicláveis,
tou o conjunto de iniciativas de preservação
incluindo atendimento em diversas fren-
ambiental implantado no parque gráfico da
tes sociais. A Burti também inclui em seu
Burti. A proposta começa pela própria edifica-
case o Projeto Reviravolta, que se baseia
ção, planejada para privilegiar o uso de ilumi-
em oficinas de produção artesanal para
nação natural e a captação de água da chuva,
acolher e criar oportunidades de inclusão
além de contar com um poço artesiano que
social para pessoas em situação de rua
fornece 50% do volume consumido. O prédio possui uma central de geração de energia capaz de suprir 100% das necessidades, proporcionando economia de 30% no consumo desse recurso.
CAETÉ EMBALAGENS
Além disso, a Burti possui sistema de
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tratamento, que faz a limpeza e o controle do
Inscrita na categoria ambiental do
odor dos gases provenientes do processo de
prêmio, a Caeté Embalagens, situada em
secagem dos materiais submetidos aos fornos
Campo Bom (RS), mostrou, por meio de
das máquinas de impressão. Há também uma
seu case “Impressão offset Caeté: tecnolo-
central externa de utilidades – compressores
gia a favor da sustentabilidade”, uma série
de boas práticas ambientais que envolvem a
CONGRAF
substituição de matérias-primas e processos em seu sistema de trabalho.
A Gráfica Conselheiro – Congraf, da
A empresa adotou como regra básica
capital paulista, apresentou seu projeto
a filosofia dos 3 Rs (Reduzir, Reutilizar e
“Redesenho da linha Acqua Kids, colônia
Reciclar), com o objetivo de participar efeti-
menino e menina”, idealizado em parceria
vamente da construção de um futuro susten-
com o cliente Nazca e os fornecedores Sun
tável. A promoção do conhecimento entre os
Chemical e Papirus. O case, inscrito na cate-
colaboradores, aliada a uma contínua análise
goria de Responsabilidade Ambiental, teve
para prosseguir na otimização sustentável de produtos e processos, vem refletindo em uma sistemática que inclui o uso racional de recursos, a troca de materiais originários de fontes não renováveis no parque gráfico por produtos que geram menos descartes e, por consequência, menores danos ao meio ambiente. O offset é um processo que utiliza substâncias potencialmente contaminantes, como restaurador de blanquetas, solventes, tintas, filtros, trapos, estopas, panos, óleos lubrificantes e graxas, entre outros. Para citar um exemplo, a Caeté, seguindo uma tendência de mercado, formou parcerias com fornecedores e passou a utilizar tintas com óleos vegetais, á base de soja. Outra iniciativa foi a eliminação do restaurador de blanqueta do processo e a utilização de óleos e graxas sintéticas, produtos não oriundos do petróleo. A empresa também optou pela instalação direta de um filtro granulado na solução de molha, que é purificada de partículas com até 2 microns de tamanho. Um dos ganhos do novo processo é evitar o
como principal ação a substituição das matérias-primas por opções menos poluentes, com maior apelo sustentável, possibilitando ainda a otimização do processo produtivo em geral, bem como o favorecimento da reciclagem pós-consumo e a redução do impacto da embalagem no meio ambiente. Dentre as mudanças destacam-se as substituições do cartão tríplex Pharma 275 g/m² pelo Vitacarta da Papiros, um produto 100% reciclado, desenvolvido em conformidade com o novo conceito de embalagem, com apelo socioambiental. Certificado pelo FSC, o cartão tem em sua composição 40% de aparas pós-consumo, advindas de um programa desenvolvido com cooperativas de catadores. Foi feita também a troca da tinta Coatset, à base de óleo mineral, pela Exact da Sun Chemical, que tem como base de sua formulação óleo vegetal de soja. A tinta possui baixíssimo VOC, o que permite mitigações de emissões dos gases do efeito estufa no processo produtivo interno, bem como no cliente. Permite, ainda, melhor resultado
consumo de milhares de litros de água limpa.
na reciclagem do cartão com ela impresso,
Essa ação mantém seu impacto positivo por
devido à baixa absorção dos compostos da
toda a cadeia, posterior ao uso, diminuindo
tinta nas fibras do papel, o que viabiliza sua
o volume de efluentes, energia e materiais
reciclagem pós-consumo e gera economia
necessários para tratamento e disposição
no momento do descarte.
adequados.
O redesenho do layout da embalagem
Ainda com o intuito de diminuir resíduos
possibilitou vários benefícios para toda a
contaminados de estopas e trapos, a gráfica
cadeia produtiva, não apenas na Congraf
passou a utilizar toalhas industriais retorná-
e no cliente Nazca. Ao disponibilizar ao
veis, conseguindo um melhor controle numé-
consumidor final um produto com a mesma
rico das toalhas. Os resíduos líquidos e sólidos
qualidade, mas em uma roupagem “verde”,
também foram reduzidos e recebem correta
inserida no contexto de desenvolvimento
destinação. Entre os resultados alcançados
sustentável, o projeto também promoveu a
pelo conjunto de ações destaca-se a sensível
disseminação de conceitos de preservação
redução no consumo de água: anualmente
ambiental para os pequenos consumidores,
são economizados cerca de 7 mil litros de
crianças de 3 a 8 anos de idade, e suas mães
água potável.
compradoras.
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PERFIL
ANDRÉ REIS A
ndré Reis, 47 anos, dono da empresa de facas de corte AC Reis, trabalha no ramo gráfico há 33 anos. Começou cedo, aos 14 anos de idade, de forma autonoma, com o pai, Oséias Reis, no Rio de Janeiro, cidade onde nasceu. Há 17 anos, já no Espírito Santo, André fundou a AC
Reis com o irmão. Porém, a sociedade durou apenas 9 anos e agora André administra a empresa sozinho. “Comecei em
um fundo de quintal, trabalhando com meu pai. Mais tarde, juntei com meu irmão, arrumamos uma máquina emprestada velha e fomos crescendo aos poucos. Fomos investindo, trabalhando e, hoje, só opero com maquinário novo”. Quando ainda trabalhava com o pai, a produção era restrita a fabricação de facas de corte. Hoje, com sete funcionários, além de facas de corte, André trabalha também com plastificação, corte e vinco. Sobre a dinâmica de produção de sua emrpesa, André cita “A gráfica nos manda o arquivo do cliente com o layout. Imprimimos e colocamos a impressão sobre a madeira. Furamos com a furadeira e, depois de toda serrada, enviamos para a montagem”. Hoje, André é referência no parque gráfico do Espírto Santo, trabalhando com empresas como Pimpolho, Gráfica Santo Antônio, Gráfica JEP e Grafitusa. A AC Reis também realiza trabalhos para fora do estado.
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