Celebração das “Palavras Andantes” Jundiaí, 31 de outubro de 2015
POR ONDE VAMOS? PELOS CAMINHOS/UTOPIAS DO REINO. Prelúdio: Intróito: Salmo 145.5
♫ Kyrie eleison: [Texto litúrgico tradicional; Música: Liséte Espíndola & Jonas Paulo]
Saudação e acolhida: Primeira leitura: Isaías 35
[A comunidade permanece em oração] Abre, Senhor, os nossos lábios, e a nossa boca manifestará os teus louvores. Praza-te, SENHOR, em caminhar conosco; vem depressa, ó SENHOR, nos socorrer. Glória à bendita Trindade por toda sua santa diversidade, Único Deus, agora e para sempre. Amém. Kyrie eleison, Kyrie, Kyrie eleison, Christe eleison, Kyrie eleison. [Boas-vindas às/aos presentes e apresentação dos motivos que inspiram esta celebração] O deserto se alegrará, e crescerão flores nas terras secas; cheio de flores, o deserto cantará de alegria. Deus o tornará tão belo como os montes Líbanos, tão fértil como o monte Carmelo e o vale de Sarom. Todos verão a glória do Senhor, verão a grandeza do nosso Deus. Fortaleçam as mãos cansadas, deem firmeza aos joelhos fracos. Digam aos desanimados: “Não tenham medo; animem-se, pois o nosso Deus está aqui. Ele vem para nos salvar...” Então os cegos verão, e os surdos ouvirão; os paralíticos pularão e dançarão, e os mudos cantarão de alegria. Pois fontes brotarão no deserto, e rios correrão pelas terras secas.
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A areia quente do deserto virará um lago, e haverá muitas fontes nas terras secas. Os lugares onde agora vivem os animais do deserto virarão brejos onde crescerão taboas e juncos. Haverá ali uma estrada que será chamada de “Caminho da Santidade”. [...] Até os tolos andarão nela e não se perderão. Nesse caminho, não haverá leões, animais selvagens não passarão por ele; ali andarão somente os salvos. Aqueles a quem o Senhor salvar voltarão para casa, voltarão cantando para Jerusalém e ali viverão felizes para sempre. A alegria e a felicidade os acompanharão, e não haverá mais tristeza nem choro.
♫ Lâmpada para os meus pés: [Autor do Arranjo: Anders Mikael Nyberg; Letra e Melodia: Andries van Tonder; Tradução: Thabo Mkize]
Salmódia: Salmo 119.1-8
♫ Cria em mim: [Salmo 51.10 e 12; M: Liséte Espíndola]
Epístola: Romanos 11.33-36
♫ Fala, Senhor : [L1Rs 3.10e Jo 6.68 (adap. Luiz Carlos Ramos); M: Liséte Espíndola]
Caminhamos pela luz de Deus, caminhamos pela luz de Deus. Caminhamos, oh! Caminhamos pela luz de Deus. Bem-aventurados os que trilham caminhos retos e andam na lei do Senhor. Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos e o buscam de todo o coração. Que não praticam injustiças, mas andam em seus caminhos. Tu ordenaste os teus mandamentos, para que diligentemente os observássemos. Tomara que os meus caminhos sejam dirigidos de maneira a poder eu observar os teus estatutos. Então, não ficarei confuso, pois meus olhos estarão fixos nos teus preceitos. Louvar-te-ei com retidão de coração, à medida que for aprendendo os teus justos juízos. Observarei os teus estatutos; não me desampares jamais. Cria em mim, ó Deus, coração puro. Renova em mim um espírito firme. Dá-me a alegria da tua salvação. Sustenta-me, Senhor, com bondade e gratidão. Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. Fala, Senhor, que teu servo ouve / Tu tens palavras de vida eterna Fala, Senhor, que tua serva ouve / Tu tens palavras de vida eterna De Salvação / De salvação, ó Senhor
Leitura do Evangelho: Lucas 24.13-15:
“No domingo da ressurreição, dois dos seguidores de Jesus estavam indo para um povoado chamado Emaús, que fica a mais ou menos dez quilômetros de Jerusalém. Eles estavam conversando a respeito de tudo o que havia acontecido. Enquanto trocavam palavras consternadas e argumentavam desolados, o próprio Jesus chegou perto e começou a caminhar com eles.”
“Palavras Andantes”:
“Palavras andantes” é o título de um livro de Eduardo Galeano, o jornalista uruguaio que queria ser jogador de futebol, mas que, por causa das suas palavras, acabou preso e entrando para a lista do esquadrão da morte durante a ditadura naquele país. Sua poesia nos inspira, particularmente nesta celebração, por juntar, como Jesus o faz, essas duas entidades: palavra e caminho. Interessa-nos, porque também nós trilhamos picadas abertas pela palavra. Religião é uma linguagem, um jeito de falar sobre o mundo, dizia Rubem Alves: É tapeçaria que a esperança constrói com palavras. Tudo se faz com palavras e desejo. Por isso, para entender a religião, é necessário entender o caminho da linguagem, o caminho das palavras. ... e havia trevas sobre a face do abismo e um vento impetuoso soprava a superfície das águas. E disse Deus: “— Haja luz.” E houve luz...
Sim, as palavras caminham, e é pela poesia (do gr.: “feitura”), na liturgia (do grego: “trabalho solidário”) das palavras que se criam mundos ainda inexistentes. Liturgia é abrir janelas que descortinam novos horizontes. Liturgia não é outra coisa senão dar com palavras os primeiros passos rumo
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a um mundo novo. Liturgia são palavras que têm pés, porque enquanto tecemos nossas esperanças, vamos construindo novas trilhas. Lembram-se do poeta castelhano Antônio Machado? Caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais; caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar. Ao andar se faz o caminho, e ao voltar a vista atrás se vê a senda que nunca se há de tornar a pisar. Caminhante, não há caminho senão estrelas no mar.
E é novamente o poeta dos pampas que nos ajuda a entender ainda melhor essa relação entre as palavras e os pés, o desejo e o caminho: A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar. (Eduardo Galeano)
E assim iam, Jesus e os caminhantes de Emaús, mirando o crepúsculo no horizonte, contemplando o pôr do sol. Não sei se foi Lorca ou Camus que disse para o seu amor, mas bem o poderia ter sido Jesus aos seus companheiros de estrada e conversa: Não vá à minha frente, porque talvez eu não te siga, não vá atrás de mim, porque talvez eu não te guie, caminha ao meu lado e sê meu companheiro.
♫ Canção da Caminhjada: [Simei Monteiro]
Se caminhar é preciso, caminharemos unidos E nossos pés, nossos braços, sustentarão nossos passos. Não mais seremos a massa, sem vez, sem voz, sem história, Mas uma Igreja que vai em esperança solidária. Se caminhar é preciso, caminharemos unidos E nossa fé será tanta que transporá as montanhas. Vamos abrindo fronteiras onde só havia barreiras Pois somos povo que vai em esperança solidária. Se caminhar é preciso, caminharemos unidos E o Reino de Deus teremos como horizonte de vida. Compartiremos as dores, os sofrimentos e as penas, Levando a força do amor em esperança solidária Se caminhar é preciso, caminharemos unidos E nossa voz no deserto fará brotar novas fontes. E a nova vida na terra, será antevista nas festas. É Deus que está entre nós em esperança solidária.
PARA ONDE VAMOS? PARA O HORIZONTE/PLENITUDE DO REINO. Sursum corda:
O Senhor seja com vocês. | E com você também. Elevemos os nossos corações. | Ao Senhor os elevamos. Rendamos graças ao Senhor. | Sim, é justo e bom render graças a Deus. Nós te rendemos graças, ó Deus, porque em Cristo tu caminhas conosco pelas estradas da vida e nos sustentas com Palavras de Vida Eterna. Por isso te saudamos, cantando: ♫ Santo, Santo, Santo, Senhor Deus onipotente, Terra e céus estão cheios da tua glória, Glória a ti Senhor!
Memorial: Anamnese
E, enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo dado graças, o partiu e deu aos discípulos, e disse: Isto é o meu corpo dado por vós: fazei isto em memória de mim. ♫ Bendito sejas para sempre! Depois de cear, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos e disse: Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado por vós; fazei isto em memória de mim. ♫ Bendito sejas para sempre!
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Consagração: Epiclese:
Mysterium fidei: Partilha eucarística:
♫ Ó vem, caminhante: [Letra: Charles Wesley; Trad.: Simei Monteiro; Música: Melodia tradicional Irlandesa; Harm.: Liséte Espíndola (1ª, 2ª, 3ª e 5ª estrs.)]
Despedida: [Luiz Carlos Ramos, cf. Lc 9.53 e Jo 11.16]
Eterno Deus, nosso materno Pai, nós humildemente te suplicamos que envies sobre nós e sobre estes alimentos o teu Espírito Santo e cumpras a tua Palavra, a fim de que o pão que vamos comer seja para nós a comunhão no corpo de Cristo, e o vinho que vamos beber seja a comunhão na vida de Cristo; é o que te pedimos em ação de graças; por Cristo, com Cristo, e em Cristo. Amém! ♫ Cristo morreu e ressuscitou, breve voltará! O pão pelo qual damos graças é a comunhão no corpo de Cristo; O cálice pelo qual damos graças é a comunhão na vida de Cristo. Ó vem, caminhante, meu desconhecido, a quem eu me apego mas não posso ver! Quem, neste caminho, me havia seguido se foi, estou só e sem nada saber. Aqui, toda a noite pretendo ficar lutando contigo até o dia raiar.
Vem, fica ao meu lado porque já fraquejo e, embora confie, é grande a opressão. Ó fala bem perto, é tudo o que almejo, e inclina os ouvidos à minha oração. Ó fala! Senão não te deixo, Senhor. Só quero saber se teu nome é Amor!
Quem sou e o que fiz, tu já me revelaste; confesso a miséria do meu caminhar. Meu nome eu ouvi pois tu me chamaste e inscrito em tuas mãos vais meu nome guardar. Mas quem, quem és tu? Eu preciso saber! Ó vem, bem depressa, teu nome dizer.
Eu sei quem és tu, és Jesus Cristo, o amigo; Apoio sincero do frágil e incapaz. Tu não me abandonas na noite, em perigo, Mas cheio de graça, por mim velarás. Mercê infinita, eterno favor, Essência divina, teu nome é Amor! Teu nome é Amor!
Deus veio até nós em Jesus Cristo, vencendo infinitas distâncias, para nos abrir, por suas palavras andantes, caminho plano para a vida plena. Seu olhar nos aponta o horizonte e o seu rosto é o de quem decididamente vai para a cidade da paz. Vamos também nós com ele para enfrentar os poderes da morte a fim de vivermos para sempre.
Bênção do caminho: [Luiz Carlos Ramos]
Que o Deus peregrino te faça companhia desde as estradas empoeiradas da Galileia e te ajude a atravessar as regiões inóspitas da Síria, Samaria e outros confins da terra, até chegares, são e salvo, à cidade da Paz. Que ele te encoraje a anunciar graciosamente as boas-novas aos pobres e a denunciar intrepidamente as más condutas dos poderosos. Que ele te dê forças para resistir aos opressores e a carregar com dignidade a tua cruz. Que ele te ilumine quando atravessares o vale da sombra da morte e te reanime quando for a hora de trilhar os novos caminhos da ressurreição.
♫ Bênção cantada: [Da Liturgia irlandesa; Ver. para o espanhol e Música: Juan Gattinoni (Argentina); Trad. ao port.: Luiz C. Ramos]
Que a terra vá abrindo um caminho ante teus passos E que o vento sopre suave nos teus ombros Que o sol brilhe sempre cálido e fraterno em tua face Que a chuva caia suave entre teus campos E até quando nos tornemos a encontrar Deus te guarde na palma de sua mão. E até quando nos tornemos a encontrar Deus te guarde, Deus nos guarde, em suas mãos.
Despedida:
Abraço da paz
“Celebração das Palavras Andantes”, Capela da Serra, Jundiaí, 31 de outubro de 2015, foi preparada por Luiz Carlos Ramos, é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada. Permissões além do escopo dessa licença podem estar disponíveis em http://www.luizcarlosramos.net Pianista: Liséte Espíndola; Regente: Neusa Cezar e Elenise Ramos Ambientação: Vastí Ferrari Marques Fotografia: Carlos Nagumo e Walfrido dos Santos; Diagramação: Luiz Carlos Ramos Arte do convite e ilustração: Juliana Mesquita _______________________________________________________________________________________________________________ Para ter acesso a outras liturgias da Capela da Serra e para ver fotos das celebrações anteriores, acesse: http://www.luizcarlosramos.net