CELEBRAÇÃO DE TODA SAUDADE Jundiaí, 7 de maio de 2016
LITURGIA DA CHEGADA ♫ Prelúdio: Intróito: Toda Saudade [Gilberto Gil]
♫ Ai que Saudade de Ocê: [Vital Farias]
Saudação e acolhida: Oração inicial:
[A comunidade permanece em oração] Toda saudade é a presença Da ausência de alguém De algum lugar De algo enfim Súbito o não Toma forma de sim Como se a escuridão Se pusesse a luzir Da própria ausência de luz O clarão se produz O sol na solidão
Toda saudade é um capuz Transparente Que veda E ao mesmo tempo Traz a visão Do que não se pode ver Porque se deixou pra trás Mas que se guardou no coração
Não se admire se um dia Um beija-flor invadir A porta da tua casa Te der um beijo e partir Fui eu que mandei um beijo Que é pra matar meu desejo Faz tempo que eu não te vejo Ai que saudade d´ocê
Se uma dia "ocê" se lembrar Escreva uma carta pra mim Bote logo no correio Com frases dizendo assim Faz tempo que eu não te vejo Quero matar meu desejo Te mando um monte de beijo Ai que saudade sem fim
[Boas-vindas às/aos presentes e apresentação dos motivos que inspiram esta celebração] Deus dos beija-flores e vaga-lumes, do Sol e da Lua, da Aurora e do Ocaso, do Sereno e do Orvalho, do Sim e do Não... Vem visitar nossa solidão, vestir-nos de transparência e visão. Lava-nos dos olhos as intransponíveis distâncias, para podermos sentir de novo a terna presença e matar a eterna saudade de quem agora só mora no fundo do coração. Tu és o Deus dos beija-flores e vaga-lumes, do Sol e da Lua, da Aurora e do Ocaso, do Sereno e do Orvalho, do Sim e do Não... Tu és o Deus de Toda Saudade.
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♫ Serenô: [Folclore brasileiro]
♫ Serenô, eu caio, eu caio Serenô, deixai cair Serenô da madrugada Não deixou, meu bem, dormir
Minha vida, ai ai ai É um barquinho, ai ai ai Navegando sem leme e sem luz Quem me dera, ai ai ai Ter agora, ai ai ai Os faróis dos teus olhos azuis
LITURGIA DA PALAVRA Atos 1.6-11:
Certa vez, os apóstolos estavam reunidos com Jesus. Então lhe perguntaram: — É agora que o senhor vai devolver o comando do Reino para o povo de Israel? Jesus respondeu: — Não cabe a vocês saber a respeito da ocasião ou do dia que o Pai determinou para aquilo que é da competência exclusiva dele. Porém, quando o Espírito Santo vier morar em vocês, a autoridade será tão natural para vocês como a roupa que usam e, então, vocês poderão ser meus embaixadores em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra. Depois de ter dito isso, Jesus foi levado para o céu diante deles. Então uma nuvem o encobriu, e eles não puderam vê-lo mais. Eles ainda estavam olhando firme para o céu enquanto Jesus subia, quando dois homens vestidos de branco chegaram perto deles e disseram: — Homens da Galileia, por que vocês estão aí com esse olhar perdido, contemplando o céu? Esse Jesus que estava com vocês e que foi levado para o céu voltará do mesmo modo que vocês o viram subir.
Reflexão partilhada ♫ Gozo em Jesus: [L: Rev. Horatiurs Bonar; Trad.: Mary Wardlaw; M: John Bacchus Dykes (HE 366)]
[Diálogo a partir da vida do Evangelho e do Evangelho da vida.] Ouvi o Salvador dizer: “Vem descansar em mim E confiante receber Conforto e paz sem fim”. Fui a Jesus e lhe entreguei Meu triste coração; Abrigo e paz e gozo achei; Achei consolação. Ouvi o Salvador dizer: “De graça eu sempre dou As águas vivas; vem beber; Da vida a Fonte eu sou”. Fui a Jesus e me prostrei; Da Fonte enfim bebi; Jamais a sede sentirei, Estando sempre ali.
Ouvi o Salvador dizer: “Do mundo eu sou a Luz; Oh! vem a mim, pois quero ser Teu guia desde a cruz”. Fui a Jesus, e nele achei O sol que brilha em mim; E nessa luz eu andarei Até da vida o fim.
LITURGIA DA MESA Credo
Cremos num Deus, Pai/Mãe, ecumênico, Criador de todas as raças; E em Jesus Cristo, seu amor feito corpo, que foi concebido pelo Espírito da vida, nasceu do povo, padeceu sob o império das verdades-sem-bondade, foi crucificado, morto e sepultado em nossas desavenças religiosas, ressuscitou ao terceiro dia e está presente na saudade, na luta e na esperança dos homens e das mulheres de boa vontade. Cremos no Espírito da unidade, na religião da solidariedade, na ressurreição dos corpos oprimidos, na comunhão universal de todos os povos, no Eterno Reino da Paz e da Justiça, e na vida eterna. Amém.
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♫ Materno Deus: [L: Luiz Carlos Ramos; M: Liséte Espíndola]
Preparação:
Sursum corda:
Materno Deus, buscamos abrigo em tua casa, buscamos sustento em tua mesa, buscamos refúgio em teus braços.
Materno Deus, nós amamos porque nos deste teu amor primeiro: amor eterno, amor materno, amor inteiro.
Amigos e amigas, Jesus está presente na saudade, na luta e na esperança dos homens e das mulheres de boa vontade. Por isso ele está vivo em cada um de nós, na lembrança dos mesmos gestos fraternos de solidariedade e partilha. Hoje repetimos esses gestos com saudade, e o faremos até o último dia. O Senhor esteja com vocês. | E com você também. Elevemos o nosso coração. | Ao Senhor o elevamos. Rendamos graças ao Senhor. | Sim, é justo e bom render graças a Deus. Nós te rendemos graças, nosso materno Pai, porque nos convidas para comer e partilhar em comunidade o pão da vida, em memória do teu filho Jesus Cristo, cujo amor sem limites venceu a morte para sempre, e mesmo tendo sido encoberto dos nossos solhos pelas densas nuvens do tempo, ainda podemos contemplá-lo com os olhos do coração. Por isso te saudamos, cantando: ♫ Santo, Santo, Santo, Senhor Deus onipotente, Terra e céus estão cheios da tua glória, Glória a ti Senhor!
Memorial: Anamnese
Recordamos agora, o Memorial de Toda Saudade que Jesus nos ensinou: Na noite em que fora traído, tomou o pão, abençoou-o, e, tendo dado graças, o ofereceu a todos, até ao traidor, dizendo: Isto é o meu corpo que reparto com e por vocês: comam em memória de mim. ♫ Bendito sejas para sempre! Depois de cear, tomou um cálice, abençoou-o, e, tendo dado graças, o ofereceu dizendo: Este gesto de oferecer o cálice, é a partilha da minha própria vida, a vida da nova aliança, transbordada por e para vocês; bebam em memória de mim. ♫ Bendito sejas para sempre!
Consagração: Epiclese:
Mysterium fidei:
Partilha eucarística: ♫ Nada te turbe: [Poema de Santa Tereza de Jesus (d’Ávila); Mel.: Jacques Berthier, Taizé]
Eterno Deus, nosso materno Pai, nós humildemente te suplicamos que envies sobre nós e sobre estes alimentos o teu Espírito Santo e cumpras a tua Palavra, a fim de que o pão que vamos comer seja para nós a reconciliação no corpo de Cristo, e o vinho que vamos beber seja a comunhão na vida de Cristo; é o que te pedimos em ação de graças; por Cristo, com Cristo, e em Cristo. Amém! ♫ Cristo morreu e ressuscitou, breve voltará!
O pão pelo qual damos graças é a reconciliação no corpo de Cristo; O cálice pelo qual damos graças é a comunhão na vida de Cristo. Nada te turbe, nada te espante Quien a Dios tiene nada le falta. Solo Dios basta.
LITURGIA DA DESPEDIDA Despedida: ♫ Doce Paz: [Soraya de Lima Junker]
Partida:
“Quando a saudade é demais, não cabe no peito: escorre pelos olhos. (Bob Marley) Paz, que a doce paz De Jesus Cristo Seja sobre nós, Nossas casas e famílias, Hoje e eternamente,
Hoje e para sempre, Seja sempre, Assim seja! Amém!
“A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.” (Rubem Alves) Vamos em paz, na prática do amor, e na esperança de poder voltar, sabendo que “amar é semear saudade” (Aristóteles).
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♫ Chega de Saudade: [Tom Jobim e Vinicius de Moraes]
Vai minha tristeza E diz a ela que sem ela não pode ser Diz-lhe numa prece Que ela regresse Porque eu não posso mais sofrer Chega de saudade A realidade é que sem ela Não há paz Não há beleza É só tristeza e a melancolia Que não sai de mim Não sai de mim Não sai Mas Se ela voltar Se ela voltar Que coisa linda! Que coisa louca! Pois há menos peixinhos a nadar no mar Do que os beijinhos Que eu darei na sua boca Dentro dos meus braços, os abraços Hão de ser milhões de abraços Apertado assim, colado assim, calado assim, Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim Que é pra acabar com esse negócio De você viver sem mim Não quero mais esse negócio De você longe de mim Vamos deixar esse negócio De você viver sem mim...
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“Celebração de Toda Saudade”, Capela da Serra, Jundiaí, 7 de maio de 2016, foi preparada por Luiz Carlos Ramos, é licenciado sob uma Licença Creative Commons AtribuiçãoNãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada. Permissões além do escopo dessa licença podem estar disponíveis em http://www.luizcarlosramos.net Pianista: Liséte Espíndola; Regente: Neusa Cezar e Elenise Ramos Ambientação: Vastí Ferrari Marques Fotografia: Carlos Nagumo e Walfrido dos Santos; Diagramação: Luiz Carlos Ramos Arte do convite: Juliana Mesquita Ilustração: Marcos Brescovici *** Para ter acesso a outras liturgias da Capela da Serra e para ver fotos das celebrações anteriores, acesse: http://www.luizcarlosramos.net