RUBEM ALVES
Quando o silĂŤncio cobre o Nome &texto extura1
Rubem Alves
Quando o silĂŤncio cobre o Nome
Quando o silêncio cobre o Nome © Rubem Alves, 2012 Todos os direitos reservados
Ficha catalográfica preparada pela bibliotecária Aparecida Comelli Tavares (CRB/8- 3781)
www.textoetextura.com.br
H
avia certa vez um homem que dizia o nome de Deus.
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Q
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uando o coração lhe doía por uma criança que chorava, ou um pobre que mendigava, ele andava até a floresta, acendia o fogo, entoava canções e dizia as palavras. E Deus o ouvia...
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O tempo passou.
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V
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oltou à mesma floresta. Mas não carregava fogo nas mãos. Só lhe restou cantar as canções e dizer as palavras. E Deus o antedeu ainda assim.
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U
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m tempo mais longo se foi. Sem fogo nas mãos, sem força nas pernas não alcançou a floresta. Mas do seu quarto saíram as mesmas canções e as mesmas palavras. E Deus lhe disse que sim...
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C
hegou a velhice. Nem floresta, nem fogo ou cançþes... Restaram as palavras. E o mesmo milagre, ocorreu.
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P
or fim, sem fogo ou floresta, sem canções ou palavras, só mesmo o infinito desejo e o silêncio: E Deus tudo entendeu... Estória que me contaram.
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