BRECHAS
uma leitura sobre a cidade ademar
luiz gambardella_tgi II
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Brechas: Uma Leitura sobre a Cidade Ademar Luiz Filipe Rodrigues Gambardella Dezembro-2018
AUTORIZO A REPRODUCAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRONICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do Instituto de Arquitetura e Urbanismo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
GG188b
Gambardella, Luiz Filipe Rodrigues Brechas: Uma leitura sobre a Cidade Ademar / Luiz Filipe Rodrigues Gambardella. -- São Carlos, 2018. 90 p. Trabalho de Graduação Integrado (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) -- Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2018. 1. Cidade Ademar. 2. Direito a Cidade. 3. Interseccionalidade. 4. Rede CEU. 5. Região Metropolitana de São Paulo. I. Título.
Bibliotecária responsável pela estrutura de catalogação da publicação de acordo com a AACR2: Brianda de Oliveira Ordonho Sígolo - CRB - 8/8229
2
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Brechas: Uma Leitura sobre a Cidade Ademar
Trabalho de Graduação Integrado apresentado ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP – Campus de São Carlos.
Luiz Filipe Rodrigues Gambardella
Comissão de Acompanhamento Permanente David Moreno Sperling Joubert José Lancha Lúcia Zanin Shimbo Luciana Bongiovanni M. Schenk Simone Helena T. Vizioli Coordenador do Grupo Temático Tomás Antonio Moreira Aprovado em: Banca Examinadora:
Joubert Jose Lancha Instituto de Arquitetura e Urbanismo - USP
Tomás Antonio Moreira Instituto de Arquitetura e Urbanismo - USP
Convidada
3
A
Agradecimentos
Agradeço, primeiramente, às minhas companheiras de discussão Beatriz e Mayra. Agradeço à Céu por ter acompanhado toda essa jornada e a tantas outras mulheres guerreirinhas que me ajudaram tanto. Homens, temos muito a aprender
com elas.
Obrigado, orientadores, oficiais e não oficiais.
4
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Sumário 6
Introdução
8
Reflexões sobre a cidade comtemporânea
14
Profundo das coisas
18
Leitura RMSP
22
Colocação do termo “favela”
28
Leitura de Referências
38
Situação
52
Intervenção
90
Conclusão
92
Bibliografia
5
INTRODUÇÃ
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
À
ÃO
partir da construção de uma linha de pensamento da cidade contemporânea, procura-se expandir a produção do objeto final de graduação como, também, abrir uma discussão sobre os caminhos da intervenção imaginada. Trata-se, portanto, de uma preparação para as atividades não só profissionais, mas como uma reflexão dos rumos das metrópoles atuais e, consequentemente, do avanço do capital em todas as esferas da vivência humana. Entende-se, aqui, o espaço urbano como a forma de organização social inerente ao nosso período histórico e, portanto, não alheio às estruturas das políticas de avanço do capitalismo, mas que, de certa forma, também possui atributos das necessidades propriamente humanas. Na experimentação teórica à seguir, pretendo situar-me tanto como cidadão quanto profissional para a produção de um objeto que faça sentido às minhas reflexões atuais, ambições pessoais e não deslocada da realidade colocada. Procura-se, também, encontrar os disparadores de projeto à partir do território e, assim, preencher de sentido o espaço, que já possui suas dinâmicas locais, junto à um reflexo da produção teórica/acadêmica. Montagem produzida com base no trabalho fotográfico “EntreVistas“ de Cláudia Jaguaribe
(1)
(1)
7
A
forma urbana se constitui com as necessidades antropológicas socialmente elaboradas e suas necessidades específicas, essas atividades são criadoras não apenas de produtos e bens materiais consumíveis, mas também informação, simbolismo, imaginário e atividades lúdicas. Logo, a ciência da cidade não é uma realidade acabada, ela se aplica às necessidades básicas da vida social além de acompanhar o período político que se encontra sendo, a cidade, o objeto virtual de estudo. Não há certeza ao se projetar o espaço de uma cidade, não se aplica uma fórmula para os locais que terão sucesso, precisamos que o projeto se inscreva às especificidades contemporâneas. Procura-se, aqui, no ato de projetar, um sistema de significação elaborado por um conjunto de propostas que não só são percebidas e vividas por aqueles que habitam, mas a partir da interpretação das vivências urbanas hoje. O desenho da cidade em si só não basta, ele tem limites, desfazer as estratégias e ideologias dominantes não é o papel do urbanista sozinho pelo projeto, há a necessidade de repensar as lógicas do capital juntamente à intervenção arquitetônica/urbana; “a estratégia urbana baseada
na ciência da cidade tem necessidade de um suporte social e de forças políticas para se tornar atuante”.(3)
8
Nesse sentido, a classe operária é a única capaz de pôr fim à segregação dirigida contra ela já que as estratégias do urbanismo contemporâneo estão ligadas às forças da classe dominante, que se infiltram em todos os âmbitos da nossa vida política e social, destituindo o poder do projetista de desfazer qualquer amarra social. A luta pelo “direito à cidade”, portanto, está lado a lado com o papel desempenhado pelo espaço urbano como canal de absorção de capital excedente ao longo da história, em outras palavras, como os direitos humanos se aplicam no espaço das cidades subjugados à lógica do mercado neoliberal e da dominância da legalidade e ação estatal burguesa.
(2)
Montagem produzida com base no trabalho fotográfico “EntreVistas“ de Cláudia Jaguaribe (2)
RE
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Discute-se, aqui, como o capital sobrepõe o direito à propriedade privada e a lógica do lucro acima de qualquer direito básico como moradia, lazer e entretenimento. Se, o espaço urbano é a colocação material do tempo histórico e político vivido pela sociedade humana, não há como separar os processos urbanísticos da lógica do capital, assim como não há estudo da cidade sem o estudo do capitalismo.
EFLEXÕES SOBRE A CIDADE CONTEMPORÂNEA
A acumulação de recursos norteia o acesso ao que colocamos como urbano, ou seja, o acesso ao básico para se viver, alimentando a necessidade perpétua de se encontrar terrenos lucrativos para a expansão do capital. O território é, como todas as esferas de nossas vidas, mais uma peça no motor voraz dos meios de acumulação de recursos. Esse processo não se limita ao momento em que vivemos hoje, podemos identificar as problemáticas da expansão do capital dentro do espaço geográfico de diferentes formas, como o desemprego tecnologicamente induzido e investido contra o poder da classe trabalhadora; migrações; exportação de capital; busca por novos mercados; promoção de novos produtos e estilos de vida; instrumentos de crédito e financiamento; entre outras ações estão ligados diretamente ao meio urbano, não sendo diferente ou complementar, mas atuantes como desenho urbano proposto. Nesse sentido, o Estado se resume a uma regulação de uma “competição arruinada” da cidade em relação a exportação e acúmulo de capital. Portanto, até que ponto a necessidade de expandir o terreno da atividade lucrativa determina a urbanização capitalista como provedora das necessidades humanas reais e universais? Até que ponto as reformas urbanas solucionam problemas da classe operária já que, as mesmas, servem apenas para a afirmação do capital? No precedente histórico, grandes operações urbanas só afirmam o papel delas de continuação
10
do papel opressor do desenho urbano capitalista sobre a classe operária já que se resume, segundo Harvey, “a uma forma de resolver o capital ocioso excedente e criar oportunidades de absorver trabalho”. Reformas que mudam a escala da vivência urbana são sistemas de financiamento da infraestrutura urbana e aplicação de investimento do capital dentro do território construído, não se constrói apenas um novo meio, mas uma nova maneira de vida social e urbana. Para elucidar tal panorama, o exemplo do plano para Nova Iorque de Robert Moses (1939), a mudança de escala, na concepção do seu projeto, transformou radicalmente os estilos de vida, absorvendo o excedente de capital e criando uma “estabilização social” de conflitos urbanos pelo controle do novo ciclo dos meios de consumo. Claro que o plano de Robert Moses seria anacrônico para a realidade do século XXI, porém o modo operante do maior país disseminador cultural do capitalismo (Estados Unidos da América) é, incontestavelmente, a referência ideológica mais escancarada do ambiente urbano a ser aqui estudado. Logicamente conseguimos encontrar exemplos de remodelagens urbanas comprometidas apenas com a realocação espacial das necessidades de consumo/acumulação da elite dominante. Não distante à nossa realidade, projetos como o “Plano de Avenidas” de Prestes Maia
(LEFREVE, 2000, Pág. 112) (3)
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
em São Paulo (1930) não fogem a realidade histórica implementada pela perpetuação das lógicas econômicas. Tais aplicações em grande escala das estruturas urbanas, em uma leitura contemporânea, sugerem a metropolização. Mega-projetos de urbanização com consequências sociais e ambientais incrementando à urbanização local a necessidade de mecanismos financeiros do capital para se sustentar. Há uma crise programada, exigindo uma completa reconsideração de como opera o mercado de capital, incluindo sua relação com a urbanização. A cidade se torna mercadoria, o interesse principal é o lucro; o consumo do espaço; o turismo; a indústria cultural e do conhecimento como principais aspectos da economia política urbana. Basicamente se resume a experiência urbana contemporânea em sua relação ao consumo.
“[...]as cidades só se tornarão protagonistas privilegiadas, como a Idade da Informação lhes promete, se, e somente se, forem devidamente dotadas de um plano capaz de gerar respostas competitivas aos desafios da globalização, e isto a cada oportunidade (ainda na língua dos negócios) de renovação urbana que porventura se apresente na forma de uma possível vantagem comparativa a ser criada” (4)
(ARANTES; 2000; Pág. 11) (4)
11
Encontramos, nesse cenário, uma crise do que se entende por identidade urbana, não se vê mais a cidade como corpo político coletivo já que, se pensarmos nas reformas como a nova apresentação do poder burguês, há o interesse em dissolver a ideia de classe. Em lugar há uma reestruturação urbana pela “destruição criativa” tensionando cada vez mais as camadas sociais mais vulneráveis com remoções, conflitos policiais e aumentando o poder de acumulação pela especulação imobiliária, redefinição do uso do solo segundo sua taxa de retorno entre outros artifícios. Coloca-se a pobreza cada vez mais na ilegalidade, destitui-se os direitos básicos de uso da cidade como a moradia em nome das demandas de uso “superior” do solo, como pode observar em grandes obras urbanas como a das olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016; nós viários; megaeventos; etc.
“Com a retomada da hegemonia americana, vulgarmente conhecida como “globalização”, o modelo “máquina de crescimento” generalizou-se sob pretexto de responder às mesmas pressões competitivas em torno do capital escasso e nômade, na verdade atendendo aos imperativos (políticos) da cultura anglo saxônica dos negócios, a ponto de convenção de que as cidades devem ser geridas não “like business”, mas antes “for business”. Ou por outra, tudo se passa como se a transnacionalização produtiva e financeira, ao contrário do que se poderia prever, em função do acentuado localismo das máquinas urbanas de crescimento, acabasse conferindo - justamente devido ao redirecionamento das Estados nacionais, cada vez mais socialmente esvaziados e deslegitimados, no rumo de uma simbiose ainda mais estreita com o mundo dos negócios a serem publicamente (e acintosamente) “alavancados” uma segunda juventude cosmopolita às paroquiais colaizões urbanas pró-crescimento” (5)
(ARANTES; 2000; Pág 18) (5)
12
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Lutar pelo direito à cidade e renovação dos modos de desenho urbano é lutar pelo direito de comandar todo o processo econômico; as transformações sobre as camadas históricas presentes na cidade já construídas; sua expansão sobre o rural e modo de produção dos meios de vida e, consequentemente, lutar contra o capitalismo de maneira a não cairmos no “reformismo”, em uma nova roupagem do mesmo sistema econômico.
13
Cidade para pessoas? De que pessoas estamos falando? Quando essas desigualdades estão acontecendo? A que ponto essa desigualdade está sendo gerada e quem ela está atingindo? Em quem ela está batendo mais forte?
“
PROFUNDO D COISAS
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
“O
DAS
(6)
profundo das coisas não está na pauta do dia. De nenhum dia” (7)
do jogo urbano tanto para o uso reflexivo presente como para uma futura revolução do modo operante. Precisamos entender a formação da sociedade para entendermos como se constitui a cidade já que essa é o formada por todas dinâmicas econômicas e sociais, logo, para entender a formação das opressões de classe, gênero, raça e sexualidade, precisamos entender também a cidade e, assim, intervir. A sociedade é estruturada e formada de maneira taxativa na divisão de quem tem direito a cidade.
Como já colocado, precisamos estudar os processos socialmente implementados para entendermos a formação da cidade que, nada mais é que “[...] o espaço físico que responde, armazena, reproduz e produz, aglutina e articula dinâmicas diversas e simultâneas. É nela que as teorias se materializam, que as pesquisas e conceitos ganham vida própria, que as realidades se alternam e se transformam.”(8). Necessariamente precisamos entender de que cidade a gente está tratando para além dos dados e estudos teóricos, há uma materialidade urbana que não pode ser ignorada ou dada como neutra, nela moram todas as desigualdades e incongruências ancoradas “[...] perpetuando uma dinâmica que se sustenta pelas relações de poder que privilegia grupos quantitativamente minoritários em detrimento de grupos socialmente minoritários.” (8). Entende-se o trabalho do urbanismo como tentativa diminuir as ocorrências dessas demonstrações de desigualdade socialmente colocadas já que seu trabalho, sozinho, não consegue amenizar a promoção da segregação socioespacial do Capital. O urbanismo, na prática, é só mais um instrumento de controle econômico, porém, sua Montagem produzida com base no trabaaplicação de forma reflexiva, pode lho fotográfico “EntreVistas“ de Cláudia abrir espaço para brechas dentro Jaguaribe (6)
15
Essa série de questionamentos colocados por Joice Berth não tem resposta prática, pronta ou que possibilita uma intervenção arquitetônica/urbana já consolidada, mas elas serão norteadoras para as leituras conceituais propostas, assim como uma autocrítica a própria produção acadêmica aqui colocada.
“O espaço não pode mais ser concebido como passivo, vazio ou então, como os produtos, não tendo outro sentido senão o de ser trocado, o de ser consumido, o de desaparecer.” (9)
Tendo essa leitura e pretendendo não fazer uma leitura vazia do espaço urbano, há a tentativa de uma proposição interseccional de levantamento de projeto. Interseccionar vem de intersecção ,ou seja, corte, sobreposição de fatores ou interação entre pontos distintos. Entender a vivência e as camadas que ali se apresentam, leituras da cidade. Colocar características se entrecruzando sem tratar as desigualdades como iguais para todos, falha detectada nos planos diretores de pensar apenas o superior. Se o Capital desapropriou qualquer significado urbano em nome da perpetuação da acumulação produtiva, procura-se, com essa leitura trazer algum sentido ao jogo de interesses do urbano, abrir brechas para uma possível reflexão da população mais atingida pelas grandes reformas, marginalizada socioeconomicamente, oprimida nas relações de classe, raça, gênero e sexualidade.
16
(Micheliny Verunschk em Nossa Teresa - vida e morte de uma santa suicida) (8) (BERTH; 2017; IX CBDU) (9) (LEFEBVRE; 2000; Pág.5) (7)
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Planejamento Urbano Hegemônico + Ações Públicas Reflexivas + Direito à Cidade + Interseccionalidade = Cidades que possivelmente podem englobar a pluralidade e, assim, abrir brechas para a reflexão, organização e futura revolução.
17
LEI
A escolha da cidade de São Paulo é estratégica para entender, na escolha de um recorte de caso, as dinâmicas de promoção do capital em um cenário metropolitano. Foco nas bordas da cidade São Paulo e suas relações com os outros municípios da RMSP, entendendo os processos geradores das ações do plano diretor. Há ,nessas leituras do plano diretor, uma perspectiva crítica daquilo que se coloca como necessário e uma adaptação do que já é proposto pelo estudo governamental junto a promoção de intervenções arquitetônicas/urbanas.
ITURA RMSP
rede de educação pública
rede de saúde pública
rede de escolas públicas de ensino infantil, fundamental, médio e técnico
rede de equipamentos de saúde, sendo eles upas, ubs, postos de teste rápidos e leitos do sus
rede de transporte público
macrozonas de interesse
macroárea de estruturação metropolitana
rede de transporte público existente rede de transporte público planejado
macroárea de redução vulnerabilidade
da
macroárea de redução da vulnerabilidade e recuperação ambiental
20
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
zonas especiais de interesse social
Escolha a subprefeitura da Cidade Ademar para ampliação das próximas leituras em um sentido de entender a interpolação de uma grande área de ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) e do Perímetro de Incentivo ao Desenvolvimento e dos nodais de transporte público. zeis 1: áreas caracterizadas pela presença de favelas e loteamentos irregulares e habitadas predominantemente por população de baixa renda zeis 2: áreas caracterizadas por glebas ou lotes não edificados ou subutilizados, adequados à urbanização
Fonte dos Mapas: PDSP - Quadro Analítico; 2016; 21
COLOCAÇÃO DO TERMO “FAVEL
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
I
(10)
O LA”
assim, dois pesos e duas medidas para a dissolução das ilegalidades urbanas: “[...] de um
lado a inadequação dos critérios objetivos definidores dessas noções [legislativas] e, de outro, nicio, aqui uma crítica aos prin- a disputa, no campo simbólico, da cípios que norteiam as políticas representação dos territórios da urbanas e há uma tentativa de re- cidade nomeados por tais noções.” pensar o que se coloca como “ilegalidade urbana”, logo, refletir e repensar o que se colocar como “favela” e “loteamento” com base nas diferentes formas de acesso a cidade. A ilegalidade urbana se coloca como critério na discussão sobre o direito à cidade; na formação de cidades mais democrática e na colocação da questão da pobreza estrutural no capital, porém, essa ilegalidade não transpassa para as camadas médias e altas. A pura problematização dos loteamentos ditos como “favelas” e sua dissolução enquanto espaço, em função de sua mera ilegalidade é problematizada, desse modo, a repensarmos a nossa maneira de agir junto a tais formações. A visão dualista de favela-bairro, formal-informal, integrado-excluído, centro-periferia também se mostra no panorama de leitura para a dissolução das mazelas urbanas, mas precisamos pensar no loteamento urbano precário em sua formação enquanto peça de perpetuação do capital. Se as legislações urbanas estão, irrefutavelmente, ligadas a produção da cidade para o capital, precisamos assim, repensar nossas políticas públicas em busca de ordenar de maneira diferente nossos espaços. Coloca-se a disputa simbólica do espaço urbano como imagem do capital e,
23
(11)
A disputa da imagem da favela se coloca pelo conflito da promoção deste espaço enquanto berço da criminalidade, somando a sua aparente pobreza extrema. Coloco tal pressuposto para o seu entendimento pois o foco acadêmico em torno da problematização do termo “favela” é a violência urbana e de remoção dessas áreas e a relação inexorável da ilegalidade com a pobreza reafirmando diariamente a criminalização da pobreza. O cenário colocado não nos permite pensar o espaço espontâneo da “favela” enquanto formação pertencente à promoção do capital e resultado do jogo urbano, precisamos pensar tais espaços fora da perspectiva da ilegalidade, apenas.
Montagem produzida com base no trabalho fotográfico “EntreVistas“ de Cláudia Jaguaribe (11) (LAGO, 2003, Pág 3) (10)
“Uma questão a se pensar é se nessa disputa simbólica há uma reafirmação do “outro” como excluído, destituído de direitos, como não cidadão. Dois movimentos contraditórios estão por trás desse conflito. Por um lado, quando o morador de “favela” se utiliza do termo “comunidade” para nomear seu lugar de moradia, ele reafirma esse lugar como uma unidade fechada, ele reafirma a particularidade do seu território em relação à cidade, negando o estigma que ele carrega, mas aceitando e colocando esse estigma em outras favelas, reafirmando, portanto, o termo.”(12) A colocação do termo “comunidade” se coloca com a representação desses espaços para os próprios moradores e o acesso dos mesmos aos equipamentos presentes na cidade conflitando a noção de criminalidade ao espaço de moradia. Esses conflitos aparecem com o espraiamento das relações de mercado, o acesso da população da “cidade informal” a criação de uma camada de consumo para tal população. O objetivo do capital nas áreas mais periféricas é se introduzir à escala cotidiana de consumo de maneira a planejar o privado em todas as camadas sociais, nas populações em condições de maior vulnerabilidade. A falta de recursos apontam para a precariedade de condições de vida e surgimento de movimentações sociais que se deslocam em reivindicações relativas a essas carências. Tal terreno é fértil para a ação de grupos de empreendimento privado que crescem ao criar dessas necessidades uma faixa de consumo, oferecendo, gerindo e
24
promovendo serviços junto à ações práticas e de assistência conformando novas formas de gestão do cotidiano das populações e reconfigurando as relações entre o Estado e os seus serviços.
“Trata-se de uma intrincada forma de engenharia organizacional que combina investimentos e aplicação de recursos cruzando setores de forma bastante complexa, o que requer uma fina apreensão e manejo dos meandros dos processos de financiamento assim como uma perspectiva cruzada que permita caminhar pelos processos de terceirização da saúde no estado que parece ser a meca brasileira da privatização dos serviços públicos [...]” (12) E tal perspectiva se coloca não somente no espaço de saúde, importantes transformações nos modos de comunicação, disse-
(LAGO, 2003, Pág 4) (12)
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
minação e organização do capital mundializado descobriram em quase todos os setores uma perspectiva de negócio. Arte, cultura, educação, transporte, todos os setores da vida caracterizam uma nova fronteira possível de gestão do capital financeiro mundializado. As políticas públicas se baseiam, nesse sentido, no serviço de alimentação de tais táticas de acumulação de maneira vincular os serviços às instituições para que os mesmos consigam minimamente se manter vivos.
“Considerados separadamente, a gestão privada de programas de cultura, de ensino musical a espetáculos e a gestão de equipamentos de saúde em todos os âmbitos (de grandes hospitais terceirizados até a gestão de programas de saúde da família) já apontam para sua extensão, principalmente no escopo da cidade de São Paulo. Quando articulados, a questão se complexifica: tanto porque apontam para um planejamento de captação e investimentos bastante intrincado quanto porque induzem a pensar planejamento local e territorial privado assim como planejamento de um fluxo de captações e investimentos que potencializam a ação cultural e de saúde.”(12) A representação do assentamento da “favela” como ocupantes da terra alheia, portanto, como responsáveis pela ilegalidade se choca com sua capacidade de consumir, pelo pagamento pelo direito à cidade.
25
Proponho, dessa forma, a reposição do termo “favela” desligado do sua característica de assentamento irregular, portanto: favela, nesse trabalho, se colocará como a terminologia do capital para os espaços de criminalização da pobreza; o posicionamento, muitas vezes irreal, da criminalidade no espaço urbano; e a disputa da imagem (e invisibilização) da pobreza enquanto reflexo da promoção do capital. Pretendo, com o posicionamento do termo, refletir maneiras de desmistificar os espaços de modo a não promover remoções arbitrárias de habitações já consolidados nas dinâmicas locais (com o pretexto apenas da irregularidade do assentamento), promover equalizadores das desigualdades à partir das leituras do local, promover espaços que possivelmente possam englobar a pluralidade e entender que a promoção do capital não se encerrará com a recolocação das pessoas no espaço urbano. O posicionamento crítico em relação aos termos, planos diretores e políticas públicas hegemônicas, etc, é a nossa única ferramenta para a aplicação imediata do projeto urbano/arquitetônico de maneira a deixar espaço para uma possível revolução das formas sociais de produção do espaço.
26
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
27
C
om todo o posicionamento teórico colocado, como encontrar uma referência projetual que abarque todos os questionamentos colocados? Como não cair na falha de tentar resolver projetualmente o capitalismo enquanto sistema opressor? Pretendo trazer a referência das Bibliotecas Parque de Medelín não como detentoras de todos os elementos projetuais que utilizarei como ferramenta, mas como um exemplo de tentativa de promoção de políticas sociais, educacionais, culturais em seus bairros circundantes.
‘contrastes históricos’”. Esses “contrastes históricos” são expressos pelos locais escolhidos para esses edifícios: todos eles estão em lugares que têm uma história recente de extrema violência (campos de execução, bases de tráfico de drogas, prisões) que lembram a “Medellín dos cartéis”. A intenção do projeto é usar os locais e a “arquitetura monumental” dos edifícios das bibliotecas como símbolos de modernização social (social upgrading) bem sucedida.”(13) Claramente questões de salubridade, saúde pública, vulnerabilidade social, etc, aqui não abordadas na questão da moradia não podem ser ignoradas, mas, nesse trabalho...
“[...] usar a arquitetura pública como meio para alcançar uma reinvenção das práticas sociais” (13) A tentativa dos projetos de tentar ressignificar as manchas de violência da periferia da cidade, além da tentativa de transformar o que se coloca como “espaço do pobre” é de grande validade em um viés de modificar o que se coloca socialmente como favela, espaço da criminalidade e mazela urbana. Há a presença significativa do Estado na paisagem da periferia, cuidado na qualidade arquitetônica dos projetos, promoção de um ambiente livre multifuncional e de inclusão social na sociedade contemporânea. “Além desse “contraste arquitetônico dos prédios da biblioteca com os seus arredores, os edifí- (MONTAYA , 2014) cios também pretendem construir (13)
28
L RE
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
o foco é recolocar os espaços públicos ligados a favela de modo a modificar sua visão no panorama da metrópole; entender as necessidades de desenvolvimento social, profissional e pessoal das classes sociais oprimidas, focando na serviço educacional.
LEITURA DE EFERÊNCIAS
Leitura sobre a tipologia Proponho-me a entender os fenômenos de globalização da economia e como isso se transmite na produção educacional não só no Brasil, modificando não só o porte do ensino básico e médio, mas como a produção de um novo demanda por qualificação profissional, cujos efeitos sobre a educação da juventude brasileira é bastante notada. Para entendermos o porquê da formação do sistema de ensino técnico como entendemos hoje é necessário entender que ela é resultado de uma série de indagações do rumo do país nas últimas décadas e também das operações no âmbito dos setores produtivos e de serviços articulados à globalização da economia regulada pelo mercado. A leitura dessa maneira de ensino como alternativa ao ensino superior, novidade ou oportunidade junto à formação profissional é perigosa ao desconsiderar o capital como um ciclo de consumo e que, tal modo de ensino, é produto das necessidades do sistema de produção vigente. Uma visão finalista, por exemplo, da substituição do paradigma fordista de produção ou o esgotamento do modo de organização do capital da década de 40/50 e mera troca por uma nova organização é, além de a-histórica, alienadora em um sentido de apagar o ciclo anteriormente citado. “Esta visão de ruptura, de tituição de paradigmas, de guração de um novo momento pultamento do passado, é mais perigosa quanto mais
30
a se estender para outros campos, além do econômico, dando origens a outras “mortes” e à “inauguração” de outras tantas “superações” (por exemplo, a superação do “modernismo” pelo “pós-modernismo”, das metateorias pelas explicações mais de acordo com as especificidades, das classes sociais pelos grupos de interesse etc.). Este tipo de leitura, que tende a ignorar as relações entre continuidade/ruptura, velho e novo, é problemática porque simplifica o que é complexo, condena o velho sem lhe creditar as contribuições que pode oferecer e deslumbra-se com o novo a tal ponto que questioná-lo transforma-se em ato herético.” (14) Quando pensamos em resultados mais palpáveis das abordagens do ensino técnico, hoje, há o entendimento da apenas continuidade da produção principalmente industrial. No modo de ensino, conseguimos ver tais diretrizes para os espaços de ensino: ênfase no treinamento dirigido aos setores operacionais por parte das empresas que adotam/criam novas tecnologias; listagem de atributos desejáveis aos “novos” trabalhadores, no âmbito das cognições, comportamento, etc, e seu repasse ao sistema educacional; uma desconexão entre o ensino e seu rebatimento social, tornando a matéria a ser aprendida à mera tarefa; pressão em criar um
subsinaue setanto FERRETI; 1997; Pág. 226-227 tende (14)
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
sistema básico “de qualidade” de modo a encaminhar a população jovem à essas diretrizes de ensino. A ação dos recursos humanos das empresas trabalham com o setor produtivo, ou de serviços, em um binômio de flexibilidade e integração das massas de trabalhadores condicionando as peças da produção. Ao mesmo tempo que é promotora do trabalho humano ela controla, sutilmente, a massa com a ameaça constante de exclusão e o oferecimento constante de “crescimento pessoal” pela conhecimen-
to técnico das tarefas. De maneira resumida, as novas tecnologias disseminam as novos interesses do ensino, às novas demandas por qualificação tecnocrata independente do status social da área em questão e desqualificando uma educação cidadã. Desse modo, o ensino técnico é nada mais que uma ferramenta de controle do trabalhador contemporâneo em relação às tarefas desejáveis do capital internacional.
Propor um espaço de ensino técnico após essa reflexão é, de certo modo, entender que a massa trabalhadora precisa encontrar modos de sobreviver na atualidade, mas é ver uma oportunidade de abrir a primeira “brecha” em um espaço que é, por sua essência, uma escola onde há a oportunidade de oferecimento de uma educação libertadora. A “brecha” aqui colocada é tanto para o momento presente, no dia a dia do espaço construído, como para uma futura libertação dos seres humanos ao sistema econômico.
31
Leitura sobre a rede CEU “Porque não considerar em cada bairro, a escola, o grupo escolar, como fonte de energia educacional, como ponto de reunião social, como sede das sociedades de “amigos de bairro”, como ponto focal de convergência dos interesses que mais de perto dizem com a vida laboriosa das suas populações?”(15)
meio de transformar a sociedade. Seu papel enquanto provedor de uma escola que nos influencia até hoje (e continuará influenciando) assim como indagador de reflexões sobre o ser na cidade é, de modo inquestionável, real, exigindo atenção dessa referência enquanto projeto arquitetônico. É inegável a influência da funcionalidade moderno aos parâmetro projetuais da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação - Estado de São Paulo) e para os CEUs (Centros Educacionais Unificados) sendo o segundo de minha maior atenção. O programa CEU tem grande capacidade de enfrentar os desafios de combater, com a presença do Estado, os processos de urbanização da cidade de São Paulo. A ideia, que podemos dizer que tem fonte no educador Anísio Teixeira que reflete sobre o modelo estadunidense de ensino, de que a educação pública é a chave para a revolucionar socialmente toda uma nação encontra, nos projetos modernos desses centros, um respiro. O CEU tem, em seu espírito, a tentativa de polarizar uma comunidade inexistente em seu contexto de implantação tentando, assim, ser um centro de cidadania.
Se considerarmos o sistema educacional como estratégico tanto para as políticas públicas sociais, quanto para os espaços que criamos dentro dos nossos bairros, as construções destinadas para a educação das nossas crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos deve refletir o anseio mais profundo do que a sociedade espera quando cidadania à toda a população. Mesmo com a dura crítica ao sistema técnico de ensino, há nesse espaço uma grande oportunidade de reflexão sobre como nos portamos no nosso cotidiano e como isso reflete nos nossos livres públicos. Projetos que visam, de certa maneira, a liberdade enquanto trânsito no espaço substituindo o paradigma do espaço dos serviços (principalmente o educacional) enquanto protótipos de prisões ganham, neste trabalho, destaque. A arquitetura moderna e seus inúmeros rebatimentos históricos e teóricos conseguiu, minimamente, discutir a promoção de construções maleáveis em relação à paradigmas programáticos, modos de construção e, principalmen(DUARTE, 1951) te, discutindo seu papel enquanto (15)
32
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
A concepção do programa escolar de Anísio Teixeira bebe da fonte arquitetônica moderna da escola parque, que nada mais é que junção do espaço estudantil com uma grande área verde livre mesclando o espaço interno com o externo, quebrando o paradigma do espaço do estudo enquanto enclausuramento. A escola parque, projeto de Hélio Duarte e Diógenes Rebouças (Salvador, 1947), entra em um contexto de grande oscilação política na década de 1940/1950 junto ao Comissão Executiva do Convênio Escolar do estado da Bahia que se encerrou em 1952. O que é importante, nesse momento, sobre esse plano foram as experimentações espaciais e a estruturação nos espaços em três conjuntos: o de ensino, administração e recreação com ênfase na socialização dos estudantes.
“Frente ao rápido inchamento das cidades brasileiras, para que a concepção do pragmatismo educacional norte-americano funcionasse era necessário que a escola tivesse um papel destacado na transformação desses heterogêneos agrupamentos populacionais em comunidades organizadas. A escola passa a ser um instrumento para a estruturação da sociedade e das cidades.” (16)
(ANELLI, 2014) (16)
33
Leitura de ReferĂŞncia CEU Jambeiro
Leitura de ReferĂŞncia CEU Pimentas
34
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
35
“O projeto concebido pela equipe de arquitetos do Departamento de Edificações da Prefeitura de São Paulo (EDIF), que se consideram herdeiros do Convênio Escolar, agrupa o programa em três conjuntos volumétricos de formas simples e despojadas. O maior em forma de grelha ortogonal reúne as salas de aula, refeitórios, biblioteca, programa de inclusão digital, padaria-escola, áreas para exposições e para a convivência. O menor, em forma de disco elevado do solo abriga a creche. O terceiro reúne em um paralelepípedo de cinco andares teatro, ginásio esportivo e sala de ensaios musicais.”(16)
transformação social, situação parecida com a referência das Bibliotecas Parque de Medelín. Desse modo, não de maneira a copiar acriticamente os projetos dos CEUs, o TGI em questão pretende entender tal tipologia como ponto de partida à reflexão da educação como promotora do pensamento crítico cidadão, como unir a questão social/educacional pública e técnica/crítica cidadã à uma perspectiva de abrir brechas à uma possível revolução social que um dia possa a vir. Não pretendo criar, assim, uma nova tipologia, mas entender o espaço da liberdade dentro das estruturas arquitetônicas vigentes para saber até onde elas po A forma bem sistematizada dem chegar, o que elas podem ser do projeto possibilitou uma gran- e quem elas podem transformar com de disseminação dos CEUs por toda os estímulos certos. a cidade de São Paulo, ainda mais com sua estrutura pré-moldada que traz rapidez para a montagem e os blocos separados de forma pragmática (possibilitando diferentes implantações para cada desafio). Isso se mostra em exemplos como o do CEU Jambeiro e CEU Perus, nos dois casos há a clara situação de várzea já que as periferias crescem de modo a apenas deixar esses espaços livres, desse modo a implantação dos edifícios abre margem ao redesenho desses espaços de modo a trazer desenvolvendo tais áreas, delimitando limites entre o construído e a preservação ambiental. Podemos dizer que tal tipologia, considerando a ideia do CEUs como centros de cidadania e ensino, tem um papel muito importante na demonstração na presença do poder público no espaço, assim como seu potencial poder de
36
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
CEU
ensino administração recreação
Não pretendo criar, assim, uma nova tipologia, mas entender o espaço da liberdade dentro das estruturas arquitetônicas vigentes para saber até onde elas podem chegar, o que elas podem ser e quem elas podem transformar com os estímulos certos.
37
s jabaquara
santo amaro
são ber
marginal pinheiros
diadema cidade ademar
capão redondo
represa billings
SITUAÇÃO 38
santo andré
rnardo do campo
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
“A Subprefeitura Cidade Ademar é composta por 2 distritos: Cidade Ademar e Pedreira, o qual está predominantemente inserido na Área de Proteção e Recuperação de Mananciais Billings (APRM-B). Assim sendo, a parte norte do sítio físico associa-se a Sub-bacias que drenam para o Pinheiros e a porção sul, às Sub-bacias tributárias da Billings.” (17) A formação do local constitui-se desde a década de 1930 com a passagem dos carros de boi que seguiam para São Bernardo do Campo, sua ocupação residencial se inicia na década de 1960 com a expansão da mancha urbana paulistana, criação de fábricas ligadas, principalmente, a olaria e a chegada de elementos de infraestrutura básica como luz e água. O loteamento de antigas fazendas presentes no local, na década de 1970, intensifica o movimento de êxodo rural na região. Outro aspecto marcante na ocupação dessa região é a irregularidade de vários loteamentos e a inadequação ambiental nas áreas de drenagem nas áreas mananciais, mesmo com a lei de proteção dos mananciais de 1976 (Lei Estadual n° 1.172 de 17 de novembro de 1976). Área da bacia de contribuição da represa Billings. População das áreas de relevo mais acidentado colocadas como de grande vulnerabilidade social, sendo as principais regiões de “favelamento” o Jardim Apurá, Americanópolis, Jardim Martini e Vila Joaniza. Pertencente a região administrativa de Santo Amaro até 1966, a Cidade Ademar apresenta um atraso em serviços, recursos públicos e a densa ocupação não deixa grandes espaços para a proposição de grandes aparatos construídos. População das áreas de relevo mais acidentado colocadas como de grande vulnerabilidade social, sendo as principais regiões de “favelamento” o Jardim Apurá, Americanópolis, Jardim Martini e Vila Joaniza. Pertencente a região administrativa de Santo Amaro até 1966, a Cidade Ademar apresenta um atraso em serviços, recursos públicos e a densa ocupação não deixa grandes espaços para a proposição de grandes aparatos construídos. PDSP - Quadro Analítico; 2016; Pág. 06 (17)
39
rede de educação pública
rede de escolas públicas de ensino infantil, fundamental, médio e técnico
rede de saúde pública
rede de equipamentos de saúde, sendo eles upas, ubs, postos de teste rápidos *inexistência de leito do SUS na área
40
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Na subprefeitura, 13,3% da população vive a mais de um quilômetro de uma unidade escolar, índice considerado alto para a cidade de São Paulo; porém, a presença de escolas profissionalizantes é irrelevante nesses números; em relação à equipamentos culturais e de lazer, o índice chega a 86,8%. Na educação básica, apenas 54,02% dos jovens foram atingidos pela rede pública de ensino; a educação básica para jovens e adultos (pessoas fora da faixa etária “ideal” em seu período escolar) atinge apenas 44,5% da população que poderia usar esse serviço. A matrícula de jovens em escolas de ensino técnico também não atinge o ideal para a região.
46% não tem acesso a rede pública de ensino
86% não tem acesso a equipamentos culturais
87% moram a mais de um km da unidade escolar
0 cadeiras
de ensino técnico público
Na saúde, por mais que os índices proporcionais de unidades de atendimento básico estejam beirando o ideal, não há nenhum leito do SUS para internação no território.
0 leitos do SUS
outros índices favoráveis em relação à saúde, comparados a RMSP Fonte dos Mapas e Gráficos: PDSP - Quadro Analítico; 2016
41
rede de transporte público
av. yervant kissanjikian
av. cupecê
avenidas de ligação metropolitana rede de transporte público existente
est. do alvarenga
zeis
zona especial de interesse social 1: áreas caracterizadas pela presença de favelas e loteamentos irregulares e habitadas predominantemente por população de baixa renda
42
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Para o incentivo ao desenvolvimento, a Av. Cupecê tem coeficiente de aproveitamento igual a 4 com isenção de cobrança de outorga onerosa para empreendimentos não residenciais. Essa área de transformação representa apenas 9,40% do território da subprefeitura. Nas Zonas já consolidadas, 74,25% apresentam a necessidade de fomento à atividades produtivas e diversificação dos usos, adensando a população moderadamente à depender das condições ambientais e sociais dadas.
16% domicílios em favelas
cidade ademar
83% tem renda entre 1 a 3 salários mínimos rmsp
63% tem renda entre 1 a 3 salários mínimos
Fonte dos Mapas e Gráficos: PDSP - Quadro Analítico; 2016 43
av. yervant kissanjikian
Dada a grande densidade da região em todo o recorte apresentado, procuro brechas de intervenções seguindo a rede de transporte que corta o bairro e passa pelas três principais avenidas de escoamento.
av. cupecê
est. do alvarenga
av. yervant kissanjikian
Levando em consideração a fragilidade da área, o recorte da malha escolhido tenta, de maneira estratégica, escolher pontos de interesse dentro da zeis.
av. cupecê
zona especial de interesse social (zeis) 1: áreas caracterizadas pela presença de favelas e loteamentos irregulares e habitadas predominantemente por população de baixa renda est. do alvarenga linhas de transporte público dentro do bairro
44
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Á partir de uma leitura do espaço da av. cupecê, o círculo destacado se mostra em localização estratégica na interpolação das zeis com o corredor da macrozona de estruturação metropolitana.
Área de altíssima densidade de ocupação, o círculo destacado tem grande potêncial de ser uma passagem em nível da linha de ônibus às favelas, abrindo uma brecha dentro da dinâmica quase impossível de se transpor da grande ocupaçao da região.
Maior área de interesse, apresenta uma dinâmica ligada a estrada do alvarenga, duas escolas de ensino fundamental, parque dos sete campos (único da subprefeitura), ecoponto e centro de reciclagem o círculo destacado apresenta grande vulnerabilidade ambiental, ocupações irregulares e se ascende como espaço estratégico para uma intervençao que expressa as preocupações colocadas na teoria disparando ações projetuais, modificando essa brecha do espaço em significado, programa e relação com o entorno.
45
Ponto 01
Ponto 02
Ponto 03
46
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Ponto 01
Reapropriação do prédio que é a intersecção entre a eixo de reestruturação metropolitana aplicando, em seu domínio, o programa hospitalar aproveitando a sua estratégica posição, propondo um marco do plano estatal na paisagem da periferia que chega à cupecê.
Ponto 02
Tentativa de propor uma melhoria ao espaço, mesmo que este esteja densamente preenchido e suas dinâmicas bem posicionadas no território o grande desnível se mostra como desafio na proposição de uma passagem em nível que também tem potencial de local de encontro.
Ponto 03
Maior área de intervenção, se mostra a necessidade de reposição do centro de reciclagem e do ecoponto de maneira a utilizar essa área de maneira que ela integre ao seu entorno imediato e ligue o bairro às dinâmicas do grande fluxo da est. alvarenga ao sul da cidade.
47
Croqui Ponto 01
Croqui Ponto 02
48
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
49
Croqui Ponto 03
Croqui Ponto 03
50
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
51
Círculo de intervenção
Círculo de leitura
Ponto 03 Represa Billings
IN
Parque Sete Campos
a detalhada
NTERVENÇÃO
1 2
3
Círculo de intervenção
Círculo de leitura
Ponto 03 Represa Billings
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
No dia 18 de agosto, às 8 horas, iniciei minha primeira ida ao local de projeto saindo do bairro de Bela Vista, zona Oeste de São Paulo, seguindo primeiramente a Estrada do Alvarenga, Cidade Ademar, zona Sul da capital paulista. Era um dia nublado como tantos outros da cidade e segui no contrafluxo do metrô da estação Brigadeiro até a Jabaquara já localizada na zona sul. Importante lembrar da inexperiência da minha pessoa em relação ao uso do ônibus na capital, assim como era minha primeira visita à áreas não pertencentes à zona central ou oeste. Isso demonstrou um grande abismo social entre eu e a minha escolha de terreno, para iniciar minha viagem constatei certo medo em enfrentar os locais assim como desconexão entre a paisagem e meu repertório empírico.
a detalhada
Foi de grande valor didático o choque de classe entre o espaço e a percepção na esfera individual, a minha percepção, no caso, deixando nítida o distanciamento acadêmico entre o estudo teórico da metrópole e sua real percepção e possível ação enquanto profissionais de arquitetura e urbanismo. Segui viagem pela linha 5106 - 21 (Jardim Selma - Shop Ibirapuera) passando, como mostrado pelo mapa, pelo corredor São Paulo - ABC (Av. Eng. Armando de Arruda Pereira), Av. Cupecê e seguindo, via bairro, para a Est. do Alvarenga. A paisagem, quanto mais próximo a àrea 3 de projeto, ia se tornando horizontal, cheia de assentamentos de baixo padrão e popular, com menor predominância de condomínios verticais.
Percebi uma urbanidade diferente e que não possuía contato dentro de São Paulo, é importante pontuar, também que meus receios em relação a visita se tornaram pífios quando houve a percepção que tal sentimento era vinculado ao desconhecimento de uma urbanidade espontânea popular. Iniciei uma reflexão da percepção de segurança enquanto espaço de classe; eu, classe média baixa, me sentia inseguro apenas por não estar no meu espaço de conforto e, por isso, subjugava o espaço enquanto do outro, diferente à mim.
No processo de leitura tirei fotos e conversei com simpáticas pessoas, entendi espaços como “perigosos” por outras características desvinculadas à paisagem e fiz uma leitura rápida do local indicado no mapa. Algo a se notar é o aroma do espaço, pela proximidade com a represa Billings a área de intervenção tinha péssimo aroma e despertou a necessidade trazer a reflexão sobre questões ambientais vinculadas ao projeto, já que o terreno é um coletor das águas para a represa. No retorno, segui viagem pela mesma linha de ônibus com a produção de um vídeo do caminho e uma parada à pé na Avenida Cupecê para à visita dos pontos 1 e 2. O repertório da paisagem é próximo aos condomínios de classe média e a presença de grandes muros é predominante, a questão do relevo acidentado também se nota. A avenida é nutrida de grande concentração de comércio em escala local e metropolitana (grandes mercados e serviços como o Poupatempo) e o ponto 1, ligado a avenida, se apresentou como um novo estabelecimento comercial, um grande açougue. Entendi o espaço como mais próximo a minha realidade, o que me preocupou já que não tenho pretensões de projetar para a classe média, não houve tempo para seguir para o ponto 2. Para voltar segui pela linha 5106 - 21 (Jardim Selma - Shop Ibirapuera) até a estação Jabaquara e posterior retorno para casa.
56
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Vista do bloco (em destaque) da estrada do Alvarenga, na chegado pelo ponto de ônibus mais próximo (indicado no mapa da página anterior).
1
Vista da área da represa Billings (área de várzea e captação do escoamendo ediundo da área).
2
Vista do bloco (azul) implantado sobre área de fragilidade ambiental (apresentada nas próximas páginas) e do ecoponto do alvarenga futuramente retirado pelo risco ambiental que representaria.
3 57
Leitura da Área Diagrama de situação
escola ensino médio
igreja
residências lindeiras ecoponto (retirado)
0
10
50
100
200
58
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
formação de favela
linhas de ônibus de conexão
residências lindeiras
escola ensino médio
formação de favela
bloco distribuidora (retirado)
formação de favela
Estrada do Alvarenga 59
Leitura da Área Primeiras estratégias/leitura de fluxo fluxo de pedestres
escola ensino médio
fluxo interno em cota única
igreja
0
10
50
100
residências lindeiras
200
60
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
formação de favela não realocação das formações de favela fluxo de pedestres
linhas de ônibus de conexão
residências lindeiras
Área própria para intervenção respeitando o curso d’água
escola ensino médio
formação de favela
ligação da intervenção com fluxos/meios de transporte
formação de favela
Estrada do Alvarenga 61
Leitura da Área Situação Ambiental
Curvas de nível Situação 0
62
10
50
100
200
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
área de alagamento
área propícia para construção
Curvas de nível Intervenção
área propícia para construção 63
Implantação
G
G C
B
F
D
A
G
E
D
Círculo de intervenção
64
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Escolho uma implantação perto da área de várzea para conter o crescimento para a àrea sujeita à alagamento. Houve a escolha de não intervir nas áreas de favela já que, como discutido em teoria, não há a crença de dissolução do modo desse tipo de moradia sem a quebra total do Capital. Assim, o complexo construido junto ao parque traz elementos que propõem a reflexão sobre a moradia e do nosso modo de vida econômico e social.
G
Junto ao parque, nos blocos A e B foram pensados espaços a serem utilizados para a promoção de cursos técnicos públicos, gratuitos e que se relacionam com a realidade local. Os blocos A e B tem um destaque na paisagem com suas coberturas de modo a criar um marco na paisagem da região (como veremos nas perspectivas). A promoção de um espaço livre e junto ao natural é de fundamental importância para esse projeto. A B C D E F G
Círculo de leitura detalhada
65
Bloco A Bloco B Área de Feira Ponto de ônibus Área de Alagamento Quadras Poliesportiva Formação de Favela
Planta
G
G C
B
F
A
A E B D
66
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Os blocos possuem uma configuração de corredor junto às coberturas que ligam os espaços educacionais aos caminhos do próprio parque. Há o respeito aos caminhos já utilizados pela população e a abertura de novos em uma cota única como mostrado no corte AA´ (Pág. 68). Vemos no corte BB´ (Pág.68) a relação da chegada pelo ponto de ônibus do bairro ao complexo, assim como a diferença de alturas entre os patamares e seus usos.
A’
G D
B’
No programa técnico, (Pág. 71) proponho a promoção de três cursos: técnico em enfermagem (bloco A); técnico em gastronomia (bloco A);
técnico em construção civil
G
(bloco B). Círculo de intervenção
Estrada do Alvarenga
67
A B C D E F G
Bloco A Bloco B Área de Feira Ponto de ônibus Área de Alagamento Quadras Poliesportiva Formação de Favela
Cortes Gerais
Bloco A
Ă rea de Alagamento
Bloco A
Quadras PoliEsportivas Ă rea de Alagamento
68
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Corte AA’ Ponto de Ônibus
Corte BB’ Bloco B
Área de Feira Área de Alagamento
69
Plantas dos Blocos A e B E
D
3
0
1
5
10
20
6
5
3
C
3
4
E’
3
4
D’
2
1
C’
Térreo - Bloco A
E
D
3
0
1
5
10
20
6
3
4 E’
D’
C
3
3
4
9
8
7
C’
1º Pavimento - Bloco A
E
D
C
9
0
1
5
10
20
E’
D’
C’
2º Pavimento - Bloco A 70
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
As salas e os laboratórios, pensados para as aulas do curso técnico em enfermagem, tem uma disposição de abertura no térreo para a promoção de campanhas de vacinação, saúde da família e acompanhamento da população do entorno e transeuntes. O restaurante popular tem uma abertura para o pátio abaixo da cobertura, de modo a servir, em pequena escala, a população e ser de extensão do curso técnico em gastronomia.
O bloco B possui salas de aula e as oficinas “cegonha“, ocupadas pelo curso técnico em construção civil. O curso tem como proposta a realização de atividade de extensão em conjunto à população da favela ao lado. Nesses espaços seriam disponibilizados equipamentos para a população utilizar em suas casas. O curso teria como missão ajudar a população refletir sobre os problemas em suas moradias, transformar sua própria realidade e fazer a manutenção dessas soluções. 1 Gentilezas Urbanas (Bebedouro/Bicicletário) 2 Administração 3 Salas de Aula 4 Laboratórios 5 Saguão Restaurante Popular 6 Cozinha SemiProfissional 7 Sala de Projeção 8 Espaço Livre 9 Biblioteca/Centro Cultural 10 Oficina “Cegonha“ F
10
3
0
1
5
10
20
3
10
3
3
F’
Térreo - Bloco B 71
Cortes dos Blocos A e B
Corte CC’
Bloco A
Corte DD’
Bloco A
Corte EE’ 72
Bloco A
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
A cobertura em altura se torna um marco na paisagem e também permite, em uma futura ampliação com complexo, uma brecha para a construção de mais um pavimento de salas de aula e laboratórios. Também, como visto nas plantas do bloco A (Pág. 70) e na isométrica explodida (Pág. 80), há uma possível ampliação das lajes da biblioteca/centro cultural em uma tentativa de deixar espaço para a apropriação popular do prédio arquitetônico enquanto objeto construído.
Corte FF’
73
Bloco B
Isométrica Geral Primeiras estratégias/leitura de fluxo
ligação da intervenção com fluxos/meios de transporte
fluxo de pedestres
cobertura dos blocos demonstrando a presença do Estado na paisagem
ligação com flux
74
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
fluxo de pedestres
fluxo interno em cota única
linhas de ônibus de conexão
ligação da intervenção com fluxos/meios de transporte
o da intervenção xos/meios de transporte
ligação da intervenção com fluxos/meios de transporte
Estrada do Alvarenga
75
Isométrica Geral Implantação/Destaques
interação do bloco B com as quadras e seu entorno
entrada do complexo do bloco A junto à est. do Alvarenga
76
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
ponto de Ă´nibus junto ao bairro e entrada para o parque na cota mais alta conformando um mirante do complexo
ponto de Ă´nibus junto a est. do Alvarenga e entrada para o parque
77
Isométrica Geral Implantação/Destaques
entrada para o complexo com canteiros separando as casas do parque
entrada para o complexo abrindo o caminho usado pela população que mora nas casas lindeiras
78
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
área para feira, e iso da ponte de ligação entre os espaços respeitandos a área de alagamento
79
Isométrica Explodida (Bloco A)
referência CEU
ensino administração recreação
Cobertura
Circulação
Ensino
Ensino/Recreação Biblioteca/Centro Cultural Ensino/Extensão
Sanitários
Ensino/Extensão
Sanitários
Administração
Bloco A 80
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Isométrica Explodida (Biblioteca/Centro Cultural)
Cobertura
Ensino/Recreação
Circulação
Biblioteca/Centro Cultural
81
Isométrica Explodida (Bloco B)
referência CEU
Cobertura
ensino administração recreação
Extensão
Extensão
Ensino
Ensino
Sanitários
Bloco B 82
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Isométrica Explodida (Elementos construtivos)
Estrutura de concreto moldado in loco
Fechamento em estrutura metálica
Módulo de Construção
módulo explodido
módulos encaixados
Construção das pontes (módulo) 83
Perspectivas
vista da entrada pela estrada do alvarenga 84
Ponto de vista da perspectiva
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
vista da entrada pelas favelas ao norte
Ponto de vista da perspectiva
85
Perspectivas
vista da entrada pela รกrea para feiras
Ponto de vista da perspectiva
86
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
vista da entrada pelo ponto mais alto (Ă´nibus)
Ponto de vista da perspectiva
87
Perspectivas
vista para o bloco A do bloco B
Ponto de vista da perspectiva
88
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
vista do bloco B da ĂĄrea de passeio pĂşblico
Ponto de vista da perspectiva
89
90
brechas: uma leitura sobre a cidade ademar
Conclusão Gostaria de deixar um pequeno relato sobre a realização desse trabalho: em momento de grande turbulência, a produção de uma discussão complementar à minha formação, não só como arquiteto e urbanista, mas como ser pensante, me deu esperanças em entender melhor qual será meu papel daqui para frente, em tempos tão nebulosos de um governo Bolsonaro. Tentar refletir em todas as nossas ações, daqui para frente, é um ato de não apagamento de tantas existências ameaçadas pelo avanço do capital e de sua tirania.
91
Bibliografia ANELLI, Renato - “Centros Educacionais Unificados: arquitetura e educação em São Paulo “; 2004 ARANTES, Otília - “Gentrificação Estratégica”; 2000 BERTH, Joice - “Cidades Plurais” - IX Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico; 2017 CAPILLÉ, Cauê - “Arquitetura como dispositivo político: introdução ao projeto de Parques Biblioteca em Medellín”; 2017 DUARTE, Hélio. “O problema escolar e a arquitetura”. Habitat, n. 4, São Paulo, jul. 1951, p. 5 FERRETI, Celso - “Formação profissional e reforma do ensino técnico no Brasil: Anos 90”; 1997 HARVEY, David - “O Direito à Cidade”; 2012 HENRI, Lefebvre - “O Direito à Cidade”; 2000 JAGUARIBE, Cláudia - “EntreVistas”; 2014 LAGO, Luciana - “Favela-loteamento: reconceituando os termos da ilegalidade e da segregação urbana”; 2003 Planos Regionais das Subprefeituras - Quadro Analítico; 2016
92