io
g1. dsg1005
profs. Marcelo e Roberta
grupo 7 Ana Luiza Mello Boris Descaves Felipe Pierantoni Hanna Gutwilen Matheus Stone
projeto PUC-Rio grupo
professores
Io – individuum oculus
dsg1005
Ana Luiza Mello Boris Descaves Felipe Pierantoni Hanna Gutwilen Matheus Stone Marcelo Pereira Roberta Portas
sumário * Clique no item para navegar até sua página correspondente
Introdução
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Levantamento de dados
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pesquisa etnográfica Questionário sobre hábitos de consumo
9 11
Definindo parâmetros
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Alternativas
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Partido adotado
23
Marcas – similares e valores
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Personas
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Naming
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Design de produto
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Conclusão
34
Cronograma
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7
introdução Descarte é um tema dos mais abrangentes. São tantos materiais e processos que as possibilidades de projeto são vastas. Nenhuma delas, porém, parecia nos satisfazer. Ao picotar o descarte em busca de uma oportunidade de projeto, sentimos que estaríamos apenas remediando um problema, ao invés de lidar diretamente com a sua origem. Assim, utilizamos o tema como trampolim para alcançarmos uma questão ainda maior: o consumo e sua relação com o estilo de vida contemporâneo. O ser humano de hoje é inquieto. Peça de uma máquina que não para de girar, ele gira junto com ela — querendo ou não, consciente ou não. Eterno insatisfeito, ele se define pelo desejo e está sempre à procura de felicidade naquilo que consome. Todavia, o prazer é fugaz e sua busca interminável, pois sua fome voraz parece incapaz de ser saciada. Nessa jornada por mais e mais, o homem acaba com menos — menos tempo, menos energia, menos bem-estar —, e os prejuízos se estendem a quem o rodeia e ao próprio mundo. Na sua rotina, o ser humano pouco pensa sobre o outro — a menos quando para para espiar o que seu vizinho está consumindo. Fechado no seu próprio universo e desconectado dos outros, ele é facilmente levado pela correnteza de informações que inunda nosso mundo. Somos envolvidos por tanto conteúdo que sequer podemos selecioná-lo, filtrá-lo e absorvê-lo adequadamente. Acabamos por consumi-lo da mesma maneira que consumimos todo o resto: sem pensar, devoramos só o que é fácil e atrativo. Parte desse problema reside no fato de que muita informação que nos faria pensar é ignorada ou nunca é canalizada por falta de uma apresentação adequada. Esse ponto, em especial, envolve o designer. Como profissional multidisciplinar dedicado à comunicação e ao projeto, o designer poderia ser o responsável por levar essas informações de maneira coesa e adequada às pessoas. Muitas vezes, porém, nos limitamos a trabalhos de pouca relevância, onde simplesmente projetamos roupagens sedutoras para os produtos que alimentam esse consumo exacerbado. Dessa forma, encontramos na falta de consciência sobre o consumo uma oportunidade de projeto. Queremos provocar uma reflexão acerca dos hábitos enraizados no nosso cotidiano, visando um reencontro com um ritmo mais humano e consciente.
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levantamento de dados De modo a fundamentar nossa proposta, precisávamos levantar dados que servissem para problematizar nosso contexto. Era necessário compreender e parametrizar não apenas a cultura do consumo, mas também propostas capazes de pôr em cheque os estigmas do estilo de vida pós-moderno. Etapa mais longa do nosso projeto até agora, a pesquisa recebeu enfoque especial, já que contávamos com ela para angariar subsídios que nos elucidassem um caminho mais fechado de projeto. Essa etapa foi desenvolvida em duas frentes principais: entrevistas sobre estilos de vida mais simples e questionário sobre hábitos de consumo. i. Pesquisa etnográfica Após decidirmos pelo caminho da redução do consumo, entrevistamos pessoas que mantêm estilos de vida condizentes com esse lema. Inicialmente, tivemos uma conversa informal com Ana Branco, professora e pesquisadora da PUCRio, conhecida por suas práticas de living design e alimentação viva. Ana falou, sobretudo, do papel crucial da alimentação como meio de se alcançar uma vida simples e plena. Além da produção de alimentos industrializados e de origem animal representar um custo enorme para o planeta, sua ingestão causa a acidificação do nosso organismo, gerando doenças e reações bélicas. Enquanto isso, as frutas e verduras cruas não geram resíduos e nos ensinam sobre o afeto e a divindade na natureza e em nós mesmos.
Placa na entrada da ecovila em Vargem
Refletindo sobre a fala da Ana, decidimos desenvolver o conceito de simplicidade e formulamos as seguintes perguntas para realizarmos novas entrevistas:
1. Conte um pouco sobre os projetos que você realiza [motivação, metodologia, filosofia, experiência, etc]. 2. O que é simplicidade pra você? 3. Descreva a sua relação com o consumo no dia a dia, o descarte, o trabalho e a comunidade. 4. O que você acredita que seja realmente necessário? 5. Quais práticas conscientes você aplica no seu dia a dia que poderiam ser adotadas por um público maior? 6. Como você vê o futuro? A partir desse roteiro, conversamos com Amélia Clark, 35 anos, designer formada pela PUC-Rio que atualmente vive em Piracanga, na Bahia. Trata-se de um projeto que engloba um centro holístico e uma ecovila, condomínio sustentável onde atualmente vivem e trabalham 60 pessoas em busca de uma forma de vida diferente. Cada membro tem a sua função na comunidade e o dinheiro arrecadado com os cursos, terapias e doações é dividido igualmente entre todos; assim como as casas, a comida e as roupas. As principais iniciativas de Piracanga são um lar de crianças cujos pais não têm condições de criá-los, uma escola baseada no ensinamento livre e os cursos holísticos desenvolvidos no local. A filosofia de vida dos moradores é baseada em três pilares: a educação das crianças, a preservação da natureza e o autoconhecimento. Carioca e ex-moradora da Barra da Tijuca, Amélia compartilhou que a principal motivação para sua dramática mudança de estilo de vida foi a percepção de que suas escolhas eram
sempre baseadas no que se esperava dela, e que ela não sabia o que realmente queria da vida. Seu processo de autoconhecimento a fez compreender que a maioria de nós tem carências com as quais não conseguimos lidar e buscamos supri-las com “necessidades” diversas, principalmente a de ter coisas. Desse modo, definimos nossa identidade a partir de posses e aparências: como usamos nosso cabelo, o tipo de sapato que gostamos, etc. Amélia compartilhou sua dificuldade em desapegar-se das coisas, mas afirmou que a convivência com pessoas que já o fazem ajudam-na a quebrar esse condicionamento. Ela acredita que o único meio de se alcançar isso é através do trabalho espiritual (não religioso), seja ele terapia, psicanálise, enfim, qualquer técnica de autoconhecimento que leve a uma abertura dos sentidos e a um entendimento maior de quem somos. Para ela, simplicidade é conhecer seu eu interior para compreender suas reais necessidades. Finalmente, realizamos uma visita a um projeto de ecovila em Vargem Pequena, no Rio de Janeiro. Lá, conversamos com Vanessa Moutinho, 26 anos, fotógrafa e ativista social. Vanessa também defende o autoconhecimento como meio de distinguir o que queremos do que precisamos e as necessidades das estratégias. Seguindo o pensamento de Amélia, Vanessa acredita que transformar-se e ser a mudança que queremos ver no mundo é o suficiente para curar os outros apenas com a nossa presença. Ela frisou que a escolha é a chave da simplicidade, definida como “a graça de ter menos e ser mais”. A ausência de acúmulo, portanto, liberta e gera abundância. Segundo Vanessa, ao nos conectarmos com os nossos motivos, ancestralidade e evolução por meio das escolhas que fazemos, percebemos que não estamos sozinhos e que somos infinitos.
11 ii. Questionário sobre hábitos de consumo Para validar dados que havíamos pesquisado e para conhecer melhor a visão das pessoas sobre seu próprio consumo, realizamos um questionário online voltado para nosso círculo social — amigos, parentes e colegas da faculdade. O questionário tinha as seguintes perguntas:
Como tenta conter a correria do seu dia a dia? 25
Gosto da correria!
20
Passando tempo com amigos Com entretenimento
15
Relaxando e fazendo pausas 10
Fazendo planos e horários
5
0
1. Qual a sua idade? (10–20) (21–30) (31–45) (46–60) (mais de 60) 2. Como você tenta conter a correria do seu dia a dia? 3. Você possui algum ritual em sua rotina? Qual? 4. Caso possua um ritual, qual a importância dele para você e com que frequência pratica?
Você possui algum ritual? 20
Cuidar de animais ou plantas Música
15
Desenhar Meditação/yoga
10
Entretenimento em geral 5
Não! Exercício
0
5. Você acha que consome mais do que o necessário? (sim) (não) 6. Caso sim, por que acha que faz isso? 7. O que é simplicidade para você?
Você acha que consome mais do que o necessário? 60%
8. Do que você senta falta na sua vida?
Não Sim
O questionário foi respondido por 64 pessoas e mostrou alguns dos resultados a seguir.
40%
Por que consome mais do que precisa? 12 10 8
Pressão externa Falta de planejamento
O que é simplicidade para você?
25
20
Não resisto! 15
6 4 2 0
Gosto ou vaidade Hábito
Não ligar para modismos Não esbanjar Ser prático Ter só o mínimo necessário
10
5
0
Wordcloud das respostas sobre simplicidade
Sentir-se satisfeito
13 algumas das definições dadas para simplicidade “Simplicidade é consumir só o que você precisa”
“É poder não seguir padrões”
“É a pessoa não ficar esbanjando o que tem”
“Simplicidade é evitar complicações”
“É viver sem o desejo de querer mais bens materiais”
“Dar valor aos pequenos detalhes”
“Não se importar com extravagâncias e futilidades”
“É saber abrir mão e ser consciente”
“Não ter muito luxo, não esbanjar”
“Viver como faz sentido para você”
“É ter e viver com o básico, o mínimo necessário”
“Sentir-se bem na sua pele”
“Ter humildade!”
“Viver sem frescuras”
“Não almejar sempre mais”
“Valorizar sempre seus ganhos!”
“Mínimo com qualidade”
“Viver com o mínimo de conforto”
“Encontrar o que te faz sentir bem”
“Consumir conforme a necessidade”
O questionário mostrou alguns resultados interessantes. Primeiro, que a maior parte das pessoas procura conter o estresse do seu dia a dia planejando suas tarefas. É curioso pensar que o planejamento é considerado um escape, quando, na verdade, seria uma espécie de prova de que se está atado à correria da rotina. Também vale a pena ressaltar os indivíduos — mesmo que poucos — que alegaram gostar de um estilo de vida frenético. Enquanto isso, na pergunta sobre os rituais, encontramos um número expressivo de pessoas que dizem não ter rituais. Sobre os motivos do consumo exagerado, existe certo equilíbrio nas respostas. Todavia, apesar dos números quase parelhos, o consumo por hábito mostrou-se o maior de todos, ressaltando como comportamentos enraizados podem dominar aspectos de nossa vida. A pergunta sobre a definição de simplicidade revelou a subjetividade da palavra. Ter apenas o mínimo e ter apenas o que lhe satisfaz são ideias relacionadas, mas muito diferentes.
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definindo parâmetros Ao analisarmos o resultado da nossa pesquisa, percebemos que não havia um caminho fácil para estimular o consumo consciente. As estatísticas mostravam o poder do consumo em nossa sociedade, as referências bibliográficas ressaltavam o papel da cultura nesse hábito e o questionário mostrava como é particular o juízo de cada um sobre o que se deve ou não deve comprar. Se contávamos com as entrevistas para encontrar uma fórmula para um estilo de vida mais humano, descobrimos que não existem receitas ou guias para viver com simplicidade e harmonia. Cada uma das entrevistadas encontrou sua maneira de desacelerar e refrear seus desejos, encontrando satisfação em outras coisas que não apenas o consumo. O que se repetiu em todos os discursos, porém, foi que a mudança só pode acontecer quando abrimos os olhos para refletir sobre nós mesmos e nossa relação com tudo que nos cerca. Gostamos de enaltecer nossa individualidade, mas, de fato, não estamos sozinhos — nem sobrevivemos sozinhos. Estamos ligados a outras pessoas, à natureza e ao nosso ecossistema, e cada uma de nossas ações reverbera nessa rede — mesmo que muitas vezes não escutemos ou percebamos seus ecos. Ao tomarmos consciência de que fazemos parte de um todo, tomamos para nós responsabilidades e deveres de zelar por aquilo. Mais do que isso, percebemos que temos potencial. Num conjunto, cada indivíduo pode causar prejuízo, mas também pode fazer a diferença. Surgia então um objetivo mais recortado para nosso projeto: provocar uma reflexão da ideia de que fazemos parte de um todo.
uma das nossas referências de instalações
Ao decidirmos que lidaríamos com reflexão, crítica e autoconhecimento, assumimos que tomaríamos uma rota de projeto mais conceitual, voltada para algo mais sensório — como uma instalação ou um sistema —, capaz de proporcionar esse ponto da virada.
17 prancha com referências de instalaçþes
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brainstorm para geração de alternativas
alternativas Com o briefing de projeto definido, nos dedicamos a imaginar situações onde o indivíduo se sentiria como parte de um todo — fosse vivenciando ou participando de uma experiência. O conceito geral de coletividade abriga várias ideias — como busca de um equilíbrio, potencial para fazer a diferença, causa e efeito etc. Dessa forma as alternativas se espalharam por diferentes caminhos, alguns mais aprofundados do que outros
a) Sala escura com vozes Nessa ideia de instalação, o indivíduo entraria numa sala mal iluminada, onde ouviria vozes e gravações vindas de várias direções. As gravações tratariam de problemas do mundo causados pelo consumo exagerado ou pelo excesso de individualismo. A escuridão da sala simbolizaria nossa ignorância e relutância em olhar para esses problemas.
b) Labirinto com viseiras Vestindo viseiras que obstruiriam a visão lateral, pessoas entrariam num labirinto de corredores estreitos. Incapazes de olhar para os lados, o visitantes trombariam uns com os outros enquanto procurariam pela saída. A instalação trataria de nosso hábito de olhar só para nós mesmos e como isso é problemático quando temos que conviver todos juntos para resolver os problemas do mundo.
c) Sala de uma só cor Os visitantes receberiam uma camisa de uma cor e entrariam numa sala onde as paredes e objetos teriam a mesma cor. Imersa naquele ambiente, a pessoa se sentiria como parte de um todo.
d) Móbile gigante Grandes móbiles com várias ramificações representariam o equilíbrio e como um pequeno elemento pode desestabilizar todo o conjunto.
e) Gangorra coletiva Os visitantes dessa instalação tentariam se equilibrar numa gangorra com vários assentos de diferentes comprimentos.
21 f) Lixo após a curva Acreditando que veriam uma instalação, as pessoas fariam fila para entrar num ambiente fechado. Na fila, porém, receberiam panfletos de propaganda, cuja maioria acabaria por ser descartada numa lixeira logo diante da entrada. Depois de entrar no ambiente e fazer uma curva, os visitantes deparariam com um monte de lixo formado só pelos panfletos descartados na entrada.
h) Bexiga com bolinhas Cada pessoa que entrasse para ver a instalação acionaria um sistema que faria uma bolinha de gude cair dentro de uma bexiga. De pessoa em pessoa, as bolinhas encheriam a bexiga e a forçariam para baixo. Eventualmente, a bexiga tocaria numa agulha no piso e explodiria.
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partido adotado Analisando nossas alternativas, encontramos no labirinto com viseiras o caminho mais interessante. Todavia, quando nos aprofundamos na ideia, percebemos que o labirinto era desnecessário — a viseira, por si só, representava tudo aquilo que queríamos evidenciar. Inspirada nos antolhos que cobrem os olhos de cavalos para que não enxerguem ao redor, as viseiras simbolizam a individualidade exagerada que comanda nossa sociedade, onde erguemos barreiras para ignorar aquilo e aqueles que não queremos ver. Ao pinçarmos os antolhos como um objeto independente, poderíamos torná-lo também um objeto de consumo — inútil como muitos outros, mas desejado. Muitos produtos criam necessidades que alienam e isolam as pessoas e enaltecem qualidades individualistas, oferecendo foco, privacidade e autenticidade. Vários deles vendem-se como objetos simples ao travestirem-se com uma roupagem clean e moderna, criando modismos que por vezes beiram o absurdo. Portanto, como partido adotado, decidimos projetar antolhos para seres humanos, num objeto conceitual satírico que coloque em evidência a individualidade e a futilidade do consumo pós-moderno. Para tornar nossa crítica contundente e impedir que ela se perca no humor, optamos por projetar os antolhos como verdadeiros produtos de consumo. Os antolhos devem parecer reais e desejáveis, e para isso eles precisam mais do que uma forma — eles precisam de um contexto. Um nome, uma marca, publicidade e propaganda — ao criarmos um universo para os antolhos, podemos aproximar o crível do absurdo. parte de propaganda da Electrolux, 1931* *clique para ver o original
25 prancha de produtos reais, mas que tendem ao absurdo
a) Marca — similares e valores Uma marca não é apenas uma entidade comercial ou seu símbolo visual. Mais do que isso, é um conjunto de valores que identifica, localiza e dá credibilidade à empresa/produto. Portanto, o primeiro passo para o projeto dos antolhos era reunir esses valores. Um bom ponto de partida foi levantar marcas que carregassem ideias similares — por mais variados que fossem seus produtos. Percebemos que nossas marcas referência eram modernas ou inovadoras, com poderoso apelo estético, mas livre de muitos ornamentos. Seus produtos são objetos de desejo, os quais as pessoas gostam não só de ter, mas gostam de serem vistas usando. A partir dessa pesquisa e dos nossos objetivos com o projeto, encontramos os valores da nossa marca:
inovador
•
cool
•
atual
•
ergonômico
•
simples
27 b) Personas Uma ferramenta muito utilizada pelo marketing para a representação e compreensão do público alvo de um produto/serviço é a criação de personas. Personas são personagens fictícios que representam estereótipos do perfil do consumidor. Para nossa marca, criamos três personagens. Cool Teen Com a farta mesada que recebe dos pais, o Cool Teen vive sempre na moda. Vaidoso e inteirado, não deixa passar o gadget da vez. Se a tendência da hora é camisa xadrez, pode ter certeza de que ele já tem umas seis. Muitas das novidades vêm dos amigos — e são muitos, todos mais velhos, é claro. Faz sucesso na escola, principalmente com a garotada mais nova, mas também faz questão de esnobar. Quando o cercam, boquiabertos e perplexos com seu myPhone 6, o Cool Teen veste sua viseira e age blasé. Mãe f*da Três celulares na bolsa, quatro cartões na carteira, zero de tempo. Essa é a Mãe F*da, publicitária da maior agência de propaganda da cidade. Moderna e independente, construiu sua carreira com ideias rentáveis e sabe que não pode pôr tudo a perder. Por isso, quando a pressão engrena e a inspiração evapora, puxa os antolhos e se concentra. Voilà — lá vem o slogan perfeito. Quem sabe sobre até uns minutinhos do dia — perfeito para uma corrida na esteira ou um passeio no shopping. Bem Sucedido Sexta-feira de noite ele chega cansado. Gerir uma multinacional de petróleo não é fácil — ainda mais para quem está em final de carreira —, por isso nada mais merecido do que um copo de uísque e uma confortável viseira. Naquele seu mundinho de paz e conforto, o Bem Sucedido suspira, satisfeito com a semana e ansioso pelo sábado. Amanhã de manhã vai subir na sua Harley… E deixar o destino levá-lo.
c) Naming Diferentes caminhos foram testados para encontrarmos um nome para nosso produto/marca. Primeiro, pensando que muitas vezes sequer refletimos sobre o que consumimos, procuramos em diferentes línguas palavras relacionadas ao projeto. Incorporando o espírito satírico do nosso partido adotado, incluímos na lista alguns termos críticos e pejorativos.
nosso primeiro brainstorm de nomes alvo
individualismo ÚNICO
FRENTE
INDIVIDUUS
INDIVIDUUM
asno
MIRA META
objetivo
UNO CELO
EINZERNE
ZIEL
EZEL
ASINUS
ESER
OSEL
personagens cegos AJAX
COLONUS
METAM
onisciente OMNISCIENS
OMNI
GRÄ GRIS
blind
AVEG
GRY
ÍRIS
SHADOW
UMBRA
SIVA
FOKUS
JAMIL
VIZIO
RETINA
SIGHT LOOK
NEVTVI
AMATHIS
UVIDENDE
POLYPHEMUS
EPHIALTES
TITÃS
ORIS
FRUSTRA
NUTELOOS
NUTZLOS
IMAGO
MIRAZ
NEUH nebulosa
PROTEGO
NEBULA MASKA daredevil
inútil
miragem
OPPIMATON
WUZHI máscara
vain . futile . idle . unnecessary . nugatory
sombra
CENTRO
FOCUS
ignorante
VIZYON
ZAMAN
FOCO
CEL
visão
ZADAR
ORION
SAHASI
TEMERARI
NEO
TIRESIAS THEBES CICLOPE
concentração GRIS
EURYSTHEUS
HÖR
TYFLOS ITSU
GRAU
DAPHNIS
ERYMANTHOS
TYPHOEUS
SYAN cinza
CAECUS
ATÊ
tubarão SHARK
No entanto, apesar de alguns resultados interessantes, acabamos por abandonar essa abordagem, pois sentimos que estávamos apenas brincando com piadas internas ao invés de embasando conceitualmente o projeto. Dessa forma, resolvemos definir a palavra mais importante do nosso trabalho e seguir a partir dela. Sendo o cerne da crítica do nosso objeto, escolhemos o conceito do individualismo.
MIRAJ
29
uni
io
sui
ego
IO individuum oculus
id
Das possibilidades de nomes encontradas, separamos as que mais gostamos, dando preferência a palavras breves, de simples memorização, que pudessem também responder por todo o novo segmento de produtos que os antolhos inaugurariam. Então, numa última triagem, optamos pelo nome Io. “Eu” em italiano, Io é um nome curto, simpático, gostoso de falar e fácil de lembrar. Aproveitando suas duas letras e resgatando a abordagem de naming anterior, propomos que ele fosse também uma sigla da expressão individuum oculus — visão individual, em latim.
31 d) Design de produto Agora, com conceitos e nomes definidos, começa de fato o design dos antolhos Io. Embora o desenvolvimento atual ainda não passe de sketches, jå podemos afirmar que o produto comporta vårias possibilidades de formas e materiais.
33 prancha de acess贸rios inesperados para a cabe莽a
35
conclusão
Até aqui, nosso trabalho trilhou caminhos inesperados. Primeiro, nos afastamos da metodologia usual da disciplina, desviando de um enfoque objetivo para uma abordagem mais aberta, baseada na pesquisa e na etnografia. Solução para um grupo até então incerto sobre seus objetivos, essa escolha implicou alguns momentos de ansiedade, mas que diminuíram à medida que os resultados apareceram. No momento de definir um partido, contudo, as dúvidas voltaram, e felizmente tivemos a liberdade de dar uma nova e brusca guinada no projeto. Nunca imaginaríamos projetar um objeto “inútil”, puramente simbólico e conceitual — especialmente numa disciplina de projeto. No entanto, por mais absurdos que sejam, os antolhos humanos alinharam nosso grupo, unificando e dando sentido a todo o trabalho que havíamos feito até então. Agora, temos um partido não apenas original, mas também bem fundamentado. Contamos com toda motivação para torná-lo realidade e agradecemos aos professores pela orientação e confiança.
cronograma Com conceituação e nome definidos, daqui em diante o projeto está pronto para avançar num ritmo muito mais rápido. O período de pesquisa e fundamentação serviu para nos embasar, e acreditamos que temos capacidade para tocar um projeto tão diferente com objetividade e qualidade. Apesar da natureza aparentemente exótica dos antolhos Io, as próximas etapas de projeto estão bem claras e definidas. Em paralelo à identidade visual da marca, trabalharemos com o design do produto, que eventualmente correrá em simultâneo com a criação de um protótipo. Conforme nos aproximarmos da versão definitiva dos antolhos, daremos partida no material auxiliar do projeto. Além de ser requisito do curso, o manual de produção merece atenção especial já que estaremos definindo um produto inédito. A publicidade, enquanto isso, simulará a existência dos antolhos no mundo, estruturando o canal de contato das pessoas com o produto, a fim de proporcionar a tão desejada reflexão sobre o individualismo e os hábitos de consumo. O principal risco de nosso planejamento é a sobrecarga de trabalho. Para evitar que isso aconteça, decidimos tomar partido do tamanho do nosso grupo e dividir times para diferentes tarefas. Por exemplo, para as próximas semanas, uma parte do grupo trabalhará na identidade visual e a outra no design do produto.
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identidade visual design de produto protótipo manual de produção publicidade video
1
20 outubro
29
15
29
novembro