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Catalogação na Fonte do Departamento Nacional do Livro (Fundação Biblioteca Nacional, Brasil)
Loddo, Manuela Nogueira. Design de Apresentações: Sua plateia merece/ Manuela Loddo - São Paulo: Lura Editorial, 2013. 128p. :il ISBN: 978-85-86261-13-8 1. Comunicação visual. 2. Comunicação. 3. Marketing. I. Título CDU: 316.77
Todos os direitos reservados à Lura Editorial Rua Rafael Sampaio Vidal, 291 - Barcelona São Caetano do Sul - SP - Cep: 09550-170 Fone: (11) 4221-8215
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Prefácio A segunda edição do livro Design de Apresentações, de Manuela Loddo, vem atender a um amplo segmento de profissionais que precisam se comunicar com clareza e assertividade. Cada especialidade tem, hoje, que segmentar seu público de modo a apresentar (explicar e vender) conceitos, projetos, teorias e ideias, simples ou complexas, lançando mão de técnicas de comunicação e recursos visuais diversos e eficazes, possibilitados, por exemplo, pelas tecnologias da informação. O mérito da obra de Manuela Loddo é unificar harmoniosamente conceitos e técnicas de diferentes autores nacionais e internacionais. É certamente a expertise da autora, uma feliz junção de comunicadora e arquiteta, a responsável pelo sucesso deste texto útil e indispensável: que mostra como planejar e apresentar todo e qualquer material visual e gráfico de forma simples e atraente. Assim, todo expositor de ideias e projetos precisa admitir a possibilidade de reaprender novas técnicas em suas apresentações profissionais (públicas ou privadas) e ou acadêmicas, simplesmente porque a exposição de conhecimentos precisa ela mesma evoluir. Nos capítulos propostos, a autora oferece ensinamentos para tornar suas apresentações em peças de comunicação e gestão: claras, coerentes e direcionadas. Com a leitura de Design de Apresentações é possível conhecer novas abordagens e formas de embalar o conhecimento, aumentando sua aceitação e o prazer na interação entre apresentador e audiência. Conjugar ideias com cores, gráficos, fotos e desenhos (usando todas as ferramentas aqui disponíveis) vai tornar sua exposição um sucesso. Prof. Dr. Heloiza Matos ECA/USP
Um homem é rico em proporção às coisas que pode dispensar. (Epicuro, 341-270 a.C.)
Agradecimentos À minha querida família, especialmente Luiz, Luiza e Maria Eliza, de quem tirei horas de convivência para trabalhar na publicação. À jornalista Professora Doutora Heloiza Matos, que me orientou, por amor ao assunto, e me estimulou a publicar a segunda edição deste livro. Aos colegas e amigos que cederam imagens e slides aqui apresentados, referenciados nas páginas onde são exibidos.
Manuela Nogueira Loddo Brasília, novembro de 2013.
Cravejado de bullets Palestrante de auto-ajuda é encontrado morto em hotel de quinta categoria. O Doutor Tédius Enfadonho, famoso por suas palestras de autoajuda, foi encontrado na madrugada de ontem em motel da periferia, com as costas cravejadas de bullets. O trabalho dos peritos ainda não terminou, mas o porta-voz da polícia adianta que foram encontrados pelo menos duzentos tipos de bullets no corpo do grande orador. Doutor Tédius começou carreira conduzindo grupos de autoajuda nos anos 1970. Ganhou notoriedade por suas excelentes qualidades de oratória, e já nos anos 1980 proferia grandes discursos a plateias de até mil pessoas, que reservavam seus lugares com seis meses de antecedência. Na virada do século, seus assessores o convenceram de que precisava dar um toque de tecnologia a suas apresentações, utilizando um recurso chamado PowerPoint. Doutor Tédius, que a essa altura já andava entediado de dizer a mesma coisa do mesmo modo, gostou da ideia, apesar de certa desconfiança. O Doutor foi se acostumando tanto ao tal PowerPoint, que foi ficando com preguiça de ensaiar seus discursos. “Está tudo no PowerPoint mesmo, basta dar uma olhadinha e repetir o texto dos slides”. Foi nessa época que ele começou a prestar mais atenção nos bullets. Sentia-se particularmente atraído pela quantidade de níveis que podia explorar usando bullets, e a quantidade de texto que poderia incluir nos slides cheios de bullets.
A coisa foi evoluindo, e os bullets extrapolaram os limites dos slides. O orador já era visto na noite acompanhado de bullets da mais baixa categoria. Os escândalos amorosos do Dr. Tédius já começavam a incomodar a sociedade. Ele então trocou a carreira de orador por uma vida mais reclusa, onde poderia se entregar aos bullets sem que curiosos metessem o bedelho em suas relações íntimas. Os bullets, no entanto, gostavam das aparições. Quanto mais confusão, melhor. Quanto mais bullets misturados nos slides, mais se realizavam. E o único motivo do seu apego ao orador era sua capacidade de agregar pessoas em sua palestras, oportunidades únicas para que ganhassem a celebridade desejada. Ao perceberem que o orador resolvia, por amor ciumento, ocultar os bullets do público, os pequenos malfeitores se rebelaram e armaram a cilada, levando o famoso orador ao triste fim.
Sumário 1. Reflexões genéricas sobre apresentação.......13 2. Planejamento da apresentação
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3. O padrão visual.......29 4. Slides com imagens: porque, quando e como usar.......53 5. Diagramas.......63 6. Animações.......91 7. Exemplos trabalhados.......99 8. Conclusão: não faça documentos, faça slides!...... 107 9. Princípios, teorias, características de cognição e design..... 111 Referências bibliográficas.......122
reflexões genéricas sobre apresentações
Regras básicas setH godin é esPeciAlistA em marketing e autor do texto mais lido na web sobre apresentações: “Really Bad PowerPoint”, encontrado em www. sethgodin.com/freeprize/reallybad-1.pdf. Para Godin, comunicar é fazer com que os outros adotem um ponto de vista, ajude-os a entender porque o apresentador está tão empolgado, ou triste, ou como ele queira que os outros o percebam. Godin (2001) diz que, se tudo o que se pretende é criar um arquivo com fatos e números, é melhor cancelar a apresentação e mandar um relatório. O cérebro humano tem dois lados. O direito é emocional, musical, criativo, intuitivo. O esquerdo é lógico, focado em fatos e dados. Em uma apresentação, as pessoas da plateia utilizarão os dois lados do cérebro: primeiro o direito, para analisar a linguagem corporal do apresentador, suas roupas, seu tom de voz. Depois, o esquerdo, que é lógico, racional. Geralmente, as pessoas chegam a uma conclusão sobre a apresentação no segundo slide. Depois disso, segundo Godin (2001), será tarde demais para os slides carregados de texto e listas de marcadores salvarem o apresentador. Você pode destruir um processo de comunicação com falta de argumentos lógicos ou fatos não comprovados, mas não pode completá-lo sem emoção. Lógica não é suficiente. (Godin, 2001)
Comunicar é transferir emoções
Se todos concordassem com o apresentador, não seria necessário fazer uma apresentação. Godin (2001) diz:
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R E F L E XÕ E S G E N É R I C A S S O B R E A P R E S E N TAÇ Õ E S
Apresentar é vender ideias
Você faria um grande favor a sua plateia e economizaria tempo de todos se imprimisse um texto de uma página e mandasse para cada pessoa. Fazemos apresentações porque temos um argumento, precisamos vender uma ou mais ideias. Se você acredita em sua ideia, então venda-a. Construa argumentos fortes e faça o que veio fazer. Sua plateia vai agradecer.
Para fazer uma grande apresentação, Godin (2001) sugere quatro componentes. 1.
A “cola”: Fazer uma cola exclusiva do apresentador. Essa “cola” não deve ser projetada. Mas deve ficar à mão, para o apresentador ter certeza de que estará dizendo tudo o que veio dizer. A “cola” pode ser feita em fichas ou mesmo com a impressão dos comentários que acompanham cada slide. Dependendo da posição do computador em relação ao apresentador, as notas do apresentador podem ser vistas no modo de exibição do apresentador, dispensando-se o papel.
Faça uma cola só sua.
Design
D E A P R E S E N TAÇ Õ E S
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Slides reforçam, não repetem.
2. Os slides: Eles devem reforçar as palavras do apresentador, e não repeti-las. Os slides devem demonstrar, com provas emocionais, que o que está sendo dito é verdadeiro e preciso. Todos sabem ler. O raciocínio dos slides deve ser visual. Eles devem reforçar a mensagem do discurso, e assim buscar uma conexão emocional com a plateia. Repetir texto escrito nos slides reduz o foco no apresentador, pois as pessoas escolherão entre ler ou ouvir. Caso escolham ler, o apresentador passa a ser desnecessário, ou pior: como as pessoas lerão mais rapidamente do que o apresentador, ele pode passar por lento. Muitos apresentadores dão as costas à plateia para ler seus textos projetados, o que piora ainda mais a situação. No exemplo da imagem anterior, em vez de projetar um slide e repetir o texto, que tal projetar um número em letras garrafais sobre uma imagem impactante? Isso liga o emocional ao racional e pronto, a mensagem foi reforçada! 3. O documento impresso: É algo para ficar para a plateia. Esse documento pode ser detalhado. Assim, ao iniciar a apresentação, o apresentador informa sua plateia que irá distribuir os detalhes da apresentação posteriormente. Isso deixa as pessoas tranquilas para desfrutar da apresentação sem estresse, sem terem de anotar tudo o que é dito.
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R E F L E XÕ E S G E N É R I C A S S O B R E A P R E S E N TAÇ Õ E S
Crie um documento impresso, mas só entregue ao final da apresentação.
A apresentação é o momento da emoção. O documento é a prova que ajuda os intelectuais da plateia a aceitarem a ideia que lhes foi vendida com a emoção. (Godin, 2001)
É importante que o documento impresso seja distribuído depois da apresentação, para que as pessoas não fiquem lendo em vez de prestar atenção no apresentador. Outro ponto importante é não distribuir a versão impressa dos slides da apresentação. Se eles forem feitos corretamente, não farão o menor sentido fora do contexto da apresentação. 4. O ciclo de feedback: Se a apresentação é para aprovar um projeto, por exemplo, ao final deve ser entregue um documento de aprovação de projeto que deve ser assinado, para evitar dúvidas por parte de todos. Não se deve sair sem um comprometimento, mesmo que seja uma data para entregas futuras.
Crie um ciclo de feedback. Estabeleça um compromisso.
Design
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