Wanderly Frota
entre uma nuvem e outra
Gerente editorial Roger Conovalov Projeto Gráfico Lura Editorial Diagramação Lura Editorial Revisão Pâmyla Serra Capa Harison Rocha
Todos os direitos desta edição são reservados a Lura Editorial Rua Rafael Sampaio Vidal, 291 São Caetano do Sul, SP – CEP 05550-170 Tel: (11) 4221-8215 Site: www.luraeditorial.com.br E-mail: contato@luraeditorial.com.br
Catalogação na Fonte do Departamento Nacional do Livro (Fundação Biblioteca Nacional, Brasil)
Frota, Wanderly Voos, entre uma nuvem e outra / Wanderly Frota. ISBN: 978-85-86261-14-5 1. Contos 2. Ficção I. Título.
Índice para catálogo sistemático: I. Ficção e contos brasileiros B869.3 www.luraeditorial.com.br www.facebook.com/luraeditorial
Para aqueles que me ensinaram sobre o amor: À minha mãe, Idely Teixeira, a meu pai, Evandro Filho (in memorian) e aos meus irmãos, Pryscilla Frota e Wagner Frota.
Escrevo curto. A vida é tão breve...
Sumário Prólogo (Re)fazendo Idas Do amor Quando a gente voa Mania de bolso cheio Adeusinho Gavetando Bem-querer Velho hábito Do mínimo Um tom de liberdade Mudanças Pétalas de bem-querer Felicidade é... (In)certezas Das vontades que eu carrego Entre-linhas Completude Entre respostas Pôr do sol Edifício Amanhecer(es) A bênção, Pai Na mala Pra todo dia Ousadia Grandezas Poucos
11 11 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
Dicas femininas Silêncio divino Bagagem Querências Closer to love Dos sins Janela Incertezas absolutas Nós em pedaços Pássaro de primavera Poente I like Navegando Das coisas que eu não preciso Espera Mestre da edificação Palavras de um passado bom Fechadura Café da manhã Amanhecer Diferente A graça de ser mulher Contrição Uffa! Mais ou menos Smile Eu de mim Apesar de Cara metade Dos milagres Bênçãos Fortaleza Partidas Passarinho
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74
Start Despedida Abrigo Presentes Chave Liberdade Faxina Meus desejos Das inteirezas Desacertos Oração Passo a passo Sentimento Paz interior Abraço Debaixo do tapete Saudade Nos eixos Dente-de-leão Da carta que eu não mandei Paixões Escolhas Garra Crescimento Enxergando E se Dança Confiança Vida livro Humildade Espelho Feliz sem saber
75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 97 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108
Prólogo “Vezenquando” um vento de poesia sopra sobre nossas mentes e nos tira o peso da existência do olhar. Daí surge uma leveza típica daqueles que se dispuseram a viver sem abrir mão de cada sensação que esta espreitada produz. Alguns costumes entraram em desuso na pós-modernidade, destes, muitos deixaram saudade. Não ver as horas passar sentado na calçada diante da rua é a saudade que mais nos visita. Eram nessas horas que o tal vento de poesia nos acometia uma leveza que afastava todo o peso do nosso olhar. Esse olhar leve nos trazia de encontro com nós mesmos, naquela porção mais profunda e mais próxima do que somos lá em nossa essência. Que falta faz aos homens oportunidades como esta, momentos de divagações breves e profundas, um olhar atento para dentro de si. Voos é para mim, desde o primeiro contato, alguém sentado na calçada, de olhar leve, atento e despretensioso que resolveu dispor na dimensão infinita da folha branca suas impressões poéticas sobre uma vida que tem perdido o contato com o belo. Com textos breves, impressões curtas e precisas sobre a vida que passa ligeira, Wanderly Frota utiliza a técnica dos 11
textos para redes sociais como forma de fisgar seu leitor apressado, mas sedento por olhar e entender a vida. Descomprometido com o que a vida é, mas totalmente comprometido com o que ela pode ser, essa leitura injetará vontade de viver aos que resumiram a vida aos afazeres diários. Àqueles que sentem saudade de uma boa calçada no final do dia, àqueles que ainda não experimentaram esta sensação e aos sedentos pelo que a vida ainda carrega de beleza, eis aqui um portal que o levará para dentro de si. Bem vindo a você mesmo. Entre, sente e se aproveite! Clécio Bastos Professor da PUC-GO
12
(Re)fazendo Contrariando as nossas vontades, o tempo, por vezes, passa bem devagarzinho deixando um tempo livre para que organizemos o que ainda está de cabeça pra baixo.
Vezenquando vem o medo e sufoca a nossa coragem. Ficamos à deriva, bem perto do abismo que carrega no fundo a nossa esperança mais bonita. Apostamos, então, no tempo e aguardamos ansiosos por alguma coisa que queremos fazer, mas que não podemos. O tempo é dono de todas as nossas incertezas. E fica leve, esperando o tic-tac exato para começar pôr as coisas no eixo. Vezenquando os nossos sentimentos são afogados e nos vemos frágeis, sem força para encarar as coisas de cabeça erguida. É que de vez em quando a vida é muito dura e nos planta algumas dores. Estilhaça-nos e arremessa os caquinhos por aí. Algumas feridas não cicatrizam, é verdade, mas chega uma hora que as marcas não doem mais. Chega uma hora que tudo vira lembrança. Ora boas, ora ruins. Algumas coisas nem o tempo é capaz de apagar. E é isso que faz a nossa coragem, outrora perdida, ganhar força novamente. Vem a vida e segura as nossas mãos. Vem, finalmente, o tempo e nos ajuda a escrever páginas novas e rasgar as velhas – porque só virar a página não funciona. E agora juntos, nasce a poesia; a vontade de nos reinventar como ser humano 13
e acreditar novamente que tudo é possível. Fartos, amamos. Amar! Uma prece que acalma o coração da gente. Um toque de seda na pele. O amor é o próprio tempo, capaz de nos fazer vivos outra vez.
14
15
Idas E por mais difícil que pareça ser, tente. Toda tentativa é um primeiro passo.
Pecamos pelo medo de não acertar. Pelo medo de cair. E por isso, repetidas vezes, não nos damos nem a chance de subir o primeiro degrau. O topo é alcançado por aqueles que se arriscam, que dão a cara a tapa e desafiam até o próprio ser. A vida toda é um desafio. Por isso não tenha medo de desacertar. Afinal, ninguém disse que era obrigado a fazer o que parece exato o tempo todo. Não tenha medo de sujar os pés durante a sua trajetória. A vida é feita de lama também. E no caminho existem pedras, espinhos, armadilhas e ameaças. Pecamos por não ter ousadia. Por atravessar o mar, chegar em terra, chegar em casa e não entrar. Pecamos por perder oportunidades e pela falta de coragem de romper as trancas e abrir as portas. Só se vive bem vivendo. A vida é um risco que devemos estar dispostos a correr.
16
Do amor Sopro divino que move tudo por dentro, Exala vontades e aquece a alma.
Desde muito cedo ouvi sobre a existência de vários amores que, juntos, se resumem no amor celeste. Ouvi vários amores de felizes para sempre. E foi desde muito cedo que destaquei e guardei, por dentro, os que mais me roubam: abraços, carícias e graça. Ouvi que não se ama simplesmente porque sim. Ama-se pelo tom de voz, pelo borogodó, pela paz que o outro provoca ou pelas inúmeras sensações que causa. Pelo piscar do outro, pelo jeito sem jeito, pelo frio na barriga e pelo som do riso. Talvez o fato de amar outra pessoa venha das diferenças que existem na vida de ambos. Todo relacionamento é uma troca e divisão. Todo relacionamento é partilha. E faz bem semear um pouco de você em outras vidas. Amor é ímã. Somos atraídos. Há amores feito ave. Que alça voos pra dentro de si mesmo ensinando todo o ser que respira a manter um louvor na alma. De gratidão. De zelo. E fé. Há amores feito casa. Que abriga. Que tem alicerce. Que traz aconchego. Que aquece. Protege. Amor feito lar. E, independentemente do jeito de amar, sempre dou boas-vindas ao amor. Abro as portas, escancaro as janelas. Deixo que entre, se instale e fique.
Amar é conjugação presente. Amor é cardápio diário. 17
Quando a gente voa Ainda bem que eu amo. E não escondo isso de ninguém. Ainda bem que eu tive coragem para seguir em frente mesmo quando o mundo girava no sentido contrário ao meu. Mas sabe? Eu estou carregada de felicidade por dentro. Porque não tenho vergonha de dizer que errei quando preciso; de dizer que quero voltar pra casa, se eu tiver que voltar; de assumir minhas responsabilidades e de lutar por tudo aquilo que acredito ser melhor. Meu coração de menina soube, da forma mais prudente possível, que ser realmente humano é desaprender e reaprender. É saber agradecer. Repartir. Multiplicar. Hoje em especial – e isso serve para todos os dias – eu estou completamente apaixonada pela vida. Por viver. É que passei achar graça dessa liberdade de voar sem ter que tirar os pés do chão.
18
Mania de bolso cheio Viver pelas beiradas não é para mim. Por isso trago sempre bolsos grandes e fundos, Pra caber todo o bem de uma só vez. Há momentos em que nos perdemos dentro de nós mesmos. Há certas horas que imaginamos que não somos o bastante. Adormecemos e esquecemo-nos de amar. E aí procuramos um lugar que seja aconchegante para armazenar nossos sentimentos. Um lugar que os proteja do mundo. Um lugar seguro à luz. A gente até quer voar, mas tem alguma coisa nos prendendo ao chão que nos deixa imóveis por grande tempo. A gente até quer andar, mas não consegue. Uma coisa é certa: o mundo inteiro gira e tira tudo do lugar. Custe o que custar. As coisas se transformam. Criam novas formas. Isso é esperança. Acreditar na vida é acreditar em nós. Conseguir sonhar é (re)viver aos poucos cada pedaço nosso. E assim poder voltar a sorrir. Acreditar é ter fé. E fé é isso: criar asas por dentro pra tocar a alma que, de tão leve, se cala. Acreditar é recomeçar.
19