1966 Nós Recusamos …
COPYRIGHT ASSOCIAÇÃO CULTURAL «O MUNDO DE LYGIA CLARK»
1966 Nós Recusamos …
1966 - Nós Recusamos...
O que se passa a meu redor? Todo um grupo de homens vê claramente que a arte moderna não comunica e se torna cada vez mais um problema de uma elite. Então eles se voltam para a arte popular - esperando assim preencher o fosso que os separa da maioria. Conseqüência: eles rompem os laços que os ligavam ao desenvolvimento da arte universal e se rebaixam a uma expressão de caráter local. Vejo um outro grupo que sente lucidamente a grande crise da expressão moderna. Os que fazem parte disso procuram negar a arte - mas nada encontram para expressar essa negação além das obras de arte. Pertenço a um terceiro grupo, que tenta provocar a participação do público. Essa
participação
transforma
totalmente
o
sentido
da
arte
como
o
entendíamos até então. Isso porque: recusamos o espaço representativo e a obra como contemplação passiva; recusamos todo mito exterior ao homem; recusamos a obra de arte como tal e damos mais ênfase ao ato de realizar a proposição;
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1966 Nós Recusamos …
recusamos a duração como meio de expressão. Propomos o tempo mesmo do ato como campo de experiência. Num mundo em que o homem tornou-se estranho ao seu trabalho, nós o incitamos, pela experiência, a tomar consciência da alienação em que vive; recusamos toda transferência no objeto – mesmo no objeto que pretendesse apenas salientar o absurdo de toda expressão; recusamos o artista que pretenda transmitir através de seu objeto uma comunicação integral de sua mensagem, sem a participação do espectador; recusamos a idéia freudiana do homem condicionado por seu passado inconsciente e enfatizamos a noção de liberdade. Propomos
o
precário
como
novo
conceito
de
cristalização estática na duração.
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existência
contra
toda