EDIÇÃO PARA MULHERES teexxxcctlluuosssiivvoossddee
e e a leão danuz iamsseunção a eobijo fla
Christine
Fernandes As muitas facetas desta mulher incansável em busca de realização: de jogadora de vôlei, modelo e jornalista a atriz de sucesso
de bem com a
Liderança
a visão de luiza helena trajano, do magazine luiza, uma das mulheres mais poderosas do país
NEGÓCIOS
Os cuidados na hora de criar uma empresa na internet
APARÊNCIA
Os estereÓtipos profissionais e a história de mulheres que estão indo muito além deles
Nunca foi tão possível se realizar profissionalmente sem abrir mão de ser feminina. Tenha coragem de se expor e faça valer sua competência — onde quer que resolva aplicá-la
R$ 12,90
carreira edição espe c ial n 0 1 7
D i n heiro, n e t w or k i n g , e t i q ue ta , moda , i n spiração
sumário edição: junhO 2012 tiragem: 71 170 exemplares foto de capa: NANA MORAES COLABORARAM NESTA EDIçÃO
Editora: Gisela Sekeff Editor de arte: Douglas Marques (DMS) Designer: Lygia Lyra (DMS) Editora de moda: Paula Lang
capa
44 Christine Fernandes
nana moraes
A atriz conta como reinventou sua carreira três vezes até se sentir verdadeiramente realizada
8 para você
52 mão de obra em escassez
9 Notas
As domésticas estão em extinção. Veja o que três mulheres fazem para dar conta da casa e da carreira
Carreira, bem-estar, finanças e beleza
16 Primeiras Histórias
56 entrevista: jÚnia puglia
Seis perfis de mulheres que fazem a diferença
A coordenadora da ONU Mulheres diz que o estilo feminino de gestão não existe
Mercado e Carreira
60 chegou minha hora
Uma discussão sobre o projeto de lei que propõe cotas para mulheres nos conselhos administrativos
62 não se sabote
28 direito das mulheres
32 perfil Luiza Helena Trajano fala sobre sua trajetória de sucesso à frente do Magazine Luiza
38 quem vÊ cara não vÊ profissão Não julgue pelas aparências. Uma mulher extremamente delicada e feminina pode, sim, pegar no pesado. E vice-versa
Você está preparada para ser expatriada?
Você pode ser sua maior inimiga. Não caia nessa
64 problemas deles e delas Uma pesquisa revela que homens e mulheres enfrentam os mesmos problemas na profissão
66 elas chegaram lá Conheça a história de três mulheres que se destacam no mercado financeiro
Moda e Estilo
70 do papel para a rede
96 fashion hits
Lições de empreendedoras de empresas virtuais
Estampa de cobra, mocassins e óculos
73 na palma da mão
100 alfaiataria
Seis apps com serviços que são uma mão na roda
Muito além da camisa e do terninho
74 jeitinho feminino
106 peça-chave
As estratégias e os lugares preferidos onde as mulheres fazem networking, bem à moda delas
Seis mulheres da vida real mostram suas apostas no jeans
78 sabático necessário Às vezes é preciso dar uma parada para recarregar as energias e trabalhar mais feliz
112 black power
80 bom dia, por favor, obrigada
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Cultivar a boa educação mantém o ambiente de trabalho agradável e bem mais produtivo
beleza o que uma executiva precisa ter no nÉcessaire
82 Pontualidade britânica Aprenda como se organizar para jamais chegar atrasada aos compromissos do dia
E mais...
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84 enxaqueca A doença afeta 20% das mulheres. Saiba como ficar fora dessa estatística, ou parar de fazer parte dela
sabine lovatelli: a alemã que fundou a associação mozarteum
86 histórias à mesa Ana Goelzer remexe em suas memórias para falar sobre o prazer de reunir a família nas refeições
88 cheque especial Dicas para não cair nessa roubada
92 palavra de homem O ator Fabio Assunção tenta decifrar as mulheres
94 seu astral Os astros e as motivações na carreira
paulo pampolin
118 depois do trabalho Instagram, horta caseira e aromatizador de ambiente
122 Com a palavra, Danuza Leão Quer mudar de vida? Calma, todas passamos por isso
raul junior
Looks na cor mais poderosa do closet
EDIçÃO: Gisela Sekeff Reportagem: bÁrbara ladeia, Danae Stephan e luciana mattiussi
compras em excesso
A culpa é dos hormônios?
portal feminino
Pequenas mudanças
Chegou o fim do mês e o orçamento pareceu mais apertado do que de costume? A culpa pode ser das saídas nos fins de semana. “É preciso fazer a previsão de gastos todo início de semana, item por item, incluindo as saídas de sábado”, diz Samy Dana, professor da Escola de Economia de São Paulo, da FGV. Outra dica é evitar pagar o cinema ou o bar com cartão de crédito. “Como o dinheiro não vai embora na hora, é fácil exceder nos gastos”, sugere. Se as amigas estão numa situação melhor e sempre a convidam para aquele restaurante caro, não faz mal ir uma vez por mês, desde que se planeje. “Você também pode propor passeios mais em conta e até mesmo gratuitos, como exposições”, recomenda o professor.
Mulheres, cartão de crédito e shopping center, geralmente, formam uma combinação explosiva. Principalmente se a mulher estiver ovulando. É essa a conclusão do livro Se Estiver Ovulando, Não Vá ao Shopping, do especialista em biologia do comportamento do consumidor Pedro Camargo. “Os hormônios influenciam o comportamento de consumo porque agem sobre o humor das pessoas e a predisposição para agir ou não. No caso das mulheres, eles agem ainda com mais intensidade, já que a variação hormonal é
maior”, explica Pedro. Mas não é porque os hormônios a fazem gastar mais que você tem uma desculpa para estourar o cartão de crédito e o cheque especial todos os meses. Siga as dicas do livro: • Pratique esportes radicais, que trarão prazer e inundarão o cérebro de dopamina, hormônio que irá satisfazê-la sem precisar ir às compras. • Não ande com cartão de débito ou de crédito se tiver de ir às compras. Leve apenas dinheiro vivo. • Diminua o cheque especial que tem no banco e tenha apenas um cartão de crédito para uso eventual. • Não parcele as compras.
casamento feliz
“Dinheiro não compra felicidade” nem quando o assunto é casamento. Uma pesquisa da Brigham Young University, nos Estados Unidos, com 1 734 casais mostrou que, quanto maior a renda, maiores os problemas em casa. “No Brasil identificamos questões parecidas em consultório”, diz a psicóloga Adriana Fregonese, da Santa Casa de São Paulo. Segundo a especialista, o problema está na maneira como cada um lida com o dinheiro. “No casamento é preciso compartilhar propósitos. Quando as expectativas são individuais, aparecem os conflitos.”
Fotos 123 rf
Na riqueza e na pobreza
a rede delas
Internet dominada Não estranhe se a maior parte de seus seguidores no Twitter e amigos no Facebook for do sexo feminino. As mulheres dominam as redes sociais. Fato comprovado pelo levantamento produzido pelo Online MBA. u Twitter: elas somam 127 milhões, o que representa 59% do total de usuários. u Facebook: há 482 milhões de perfis femininos (57%). u Pinterest: nada menos que 82% dos 21 milhões de inscritos são mulheres. a hora e a vez delas
Esqueça áreas normalmente associadas ao universo feminino, como decoração e moda. Neste ano, as cinco melhores profissões para as mulheres são justamente aquelas que antigamente eram “exclusividade” dos homens. Os setores mais aquecidos, de acordo com Alexia Franco, diretora da consultoria Hays, são engenharia civil, óleo e gás (exploração de petróleo), pesquisa e desenvolvimento, financeiro e tecnologia da informação. “O avanço tecnológico tirou a parte braçal, dando lugar à intelectual. Além disso, as mulheres vêm investido mais na qualificação acadêmica”, explica Alexia.
canudo na mão
Saiba como escolher sua pós Como saber qual é a melhor pós-graduação? “A escolha tem que ter um alinhamento com o plano de carreira. Conheça o perfil do curso, analise que valor ele vai trazer para a carreira, escolha bem a instituição e pesquise sua avaliação no MEC”, diz o diretor de educação executiva da Catho Online, Constantino Cavalheiro. A principal diferença entre os cursos de pós-graduação está na qualificação stricto ou lato sensu. “O primeiro confere título de mestrado e doutorado, enquanto o segundo não. As duas formas são valorizadas”, diz. Os cursos de especialização e MBA são lato sensu. “A especialização normalmente é uma conclusão do curso universitário, mesmo não sendo necessariamente ligada à área. Já o MBA hoje, no Brasil, não é mais restrito à administração de negócios, e é encontrado em diversas áreas, como marketing e RH.”
Fotos 123 rf / ilustração renata fagundes
Invasão feminina
receita caseira
Sem descer do salto
bons sonhos
esporte e aventura
Na altura certa
Adrenalina sobre rodas
Está provado que dormir mal reduz a memória, atrapalha a concentração e prejudica o rendimento durante o dia. Um dos culpados das noites maldormidas pode ser o travesseiro. Na altura errada, ele desencadeia torcicolos, prejudica a respiração e ainda força a coluna vertebral. A Duoflex lançou um modelo que promete acabar com esse problema. Isso porque ele tem altura regulável: vem com três placas de espuma dentro, que podem ser retiradas para adequar a posição. Feito de látex furadinho, é indicado para pessoas que transpiram muito à noite. É superventilado, lavável e vem com capa de algodão. Preço sugerido: R$ 159. Duoflex, tel. 0800-7073703
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Se a palavra patinação recheia sua mente com delicadeza e movimentos suaves, esqueça. Os patins agora trazem uma alternativa cheia de adrenalina. Trata-se do Roller Derby, cujo objetivo principal é a velocidade — ainda que custe alguns tombos e empurrões. A modalidade desembarcou em terras brasileiras em 2009, trazida por Juliana Brüzzi, 31 anos, fundadora da primeira liga de Roller Derby do país, a Ladies of Hell Town. “É a atividade ideal para quem nunca gostou de esportes”, diz. E uma ótima pedida para quem quer perder gordurinhas, já que chega a queimar 500 calorias por hora.
Fotos divulgação / 123 rf
Ao chegar em casa, dedique alguns minutos para alongar as pernas e fazer um massagem na sola dos pés. Essas ações parecem simples, mas a longo prazo podem evitar que o uso do salto alto se torne um problema. A fisioterapeuta Valquíria Santiago, do SPA Natureza do Ser, ensina uma massagem simples e rápida: envolva o pé com as duas mãos, pressione e deslize os dedos entre o calcanhar e a região anterior do pé (nas almofadinhas). Faça vários movimentos somente com os dedos. Na sequência, espalhe um creme específico. “Os mentolados e os canforados ajudam a ativar a microcirculação e, aliados à massagem, dão sensação de alívio e descanso”, afirma.
fresh delivery
Descongele a dieta
Comida saudável, fresca e criativa em casa. Essa é a proposta do Dieta Bistrô, um serviço online de alta gastronomia em que o cliente recebe pratos prontos pelo sistema Fresh Delivery. Ou seja, tudo chega fresquinho e pronto para ser consumido, sem necessidade de descongelamento. São cinco opções de dieta: low carb, baixo índice glicêmico, dieta balanceada e até dieta celíaca. O cliente escolhe o cardápio, decide por quantos dias quer receber a dieta e também em quais refeições. O kit inclui doces e barrinhas de cereais para os intervalos entre os pratos principais. O preço varia de R$ 99,90 (almoço ou jantar para cinco dias) a R$ 379,80 (almoço e jantar para 20 dias), mas está disponível apenas em São Paulo. www.dietabistro.com
ecologicamente correto
Pedaladas de charme Nos grandes centros urbanos da Europa, ir ao trabalho ou às compras de bicicleta não exige um outfit próprio, com roupas de lycra e tênis de fitness. Moda e ciclismo andam juntos, e a tendência está começando a pintar por aqui. A Caloi pega carona nessa cultura, com o modelo Konstanz. A magrela tem estilo retrô e vem até com cestinho de vime! Sem deixar de lado aspectos técnicos importantes: tem rodas de aro 700 com paredes duplas e aros de aço, câmbio Shimano Tourney de sete marchas, corrente Z-51 e selim com quick release. Preço sugerido: R$ 1 299. Caloi, tel. (11) 5853-2744 (Grande São Paulo) e 0800-7018022 (demais cidades)
dieta do bem
Grãos produtivos Quer um jeito rápido e fácil de dar uma turbinada na alimentação e ainda melhorar a memória, a disposição e a concentração? A nutricionista Marcella Quatrucci, da rede Seletti, dá a receita de uma salada de quinua com mix de grãos que é tiro e queda. Cozinhe 1 quilo de quinua por 30 minutos em 3,5 litros de água. Escorra e acrescente 150 g de cenoura ralada, 200 g de cebola, 120 g de uva-passa e salsinha. A receita rende cerca de dez porções. Tempere com azeite, limão, vinagre e sal. Por último, misture porções iguais de linhaça, semente de girassol e gergelim preto, e salpique uma colher de sopa desse mix sobre a salada. “A quinua é um dos alimentos mais completos que existem. Ela melhora a vitalidade, regula o intestino, acelera o metabolismo e retarda o envelhecimento, além de minimizar os sintomas da TPM e da menopausa”, diz Marcella. VOCÊ S/A PARA MULHERES jun.2012
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PRIMEIRAS HISTóRIAS
Thaís Alencar Aos 20 anos, Thaís é a mais jovem advogada aprovada na OAB DE Brasília
A cidade-satélite de Ceilândia é uma das mais violentas do Distrito Federal. Thaís Alencar, de 20 anos, é de lá. “A gente brinca que aqui a gente não vive. A gente sobrevive”, diz a menina que perdeu o pai aos 4 anos. Sua mãe, secretária de escritório de advocacia, trabalhou duro para sustentar a família. Thaís saiu de Ceilândia para dois lugares na vida: Patos de Minas, para passar Natal com a família de sua mãe, e Salvador, para onde foi no ano passado conhecer a praia. Estudou a vida toda em escolas públicas e sempre foi a cê-dê-efe da sala. Por fazer aniversário no primeiro semestre e ter sido adiantada duas vezes na escola, entrou no Ensino Médio com apenas 12 anos e com 15 passou no vestibular para Direito. “Fiquei em quinto lugar no Enem e pude escolher onde estudar.” No fim do ano passado, concluiu os cinco anos de curso e prestou a temida prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Passou de primeira e se tornou a advogada mais jovem a ser aprovada pela OAB-DF. Enquanto aguarda ser chamada em um dos três concursos que prestou no ano passado (Ministério Público, Tribunal Regional Federal e Corpo de Bombeiros) — ela ainda não tinha o diploma em mãos —, continua estudando para prestar mais concursos, agora para nível superior. “Eu tenho orgulho da minha história”, diz Thaís. Por Gisela Sekeff
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Fotos igo estrela
PRIMEIRAS HISTóRIAS
Gabriela Greeb Ela se formou em filosofia, foi se descobrir na Europa, onde viveu 12 anos, e voltou ao Brasil para montar sua produtora de filmes independente
Foi num set de filmagem em Barcelona, Espanha, sentada ao lado de figurões do cinema hollywoodiano, que Gabriela Greeb, de 45 anos, decidiu que era hora de investir na carreira. “Eles conversavam em inglês e eu não entendia patavina. Fiz minhas malas e fui estudar em Londres”, lembra. Lá, ela frequentou como ouvinte a The London Film School, uma das mais cobiçadas escolas de cinema do mundo, e fez bico como roteirista, continuísta, assistente de edição e assistente de fotografia. Três anos depois, decidiu que era hora de aprender francês e seguiu rumo a Paris, onde começou fazer curtas. O primeiro deles, Le Baiser, passou em mais de 300 cinemas na França. O segundo curta, L’Illusion, ganhou prêmio de melhor filme das mãos de Ken Russell em um festival francês. “Nessa noite dancei uma valsa com John Malkovich. Parecia um sonho.” Ela voltou ao Brasil e em 2004 fundou a Home Made Films, uma produtora baseada em São Paulo. “O pensamento transfigurado em estética é a base de meus filmes”, diz Gabriela, filósofa de formação. Depois de ficar em cartaz em todo o Brasil com seu longa sobre a história de Gianni Ratto, a cineasta se prepara para escrever o roteiro de seu novo projeto, um filme-exposição sobre a vida de Hilda Hilst, uma das maiores e mais polêmicas escritoras brasileiras. “Saí do Brasil com 100 dólares no bolso e fui para Barcelona. Voltei 12 anos depois falando quatro idiomas e com uma profissão. E minha história está só começando”, diz Gabriela. por Gisela Sekeff Foto JOENE KNAUS
PRIMEIRAS HISTóRIAS
Sabine Lovatelli Entre alegros e adágios, a alemã que criou o Mozarteum Brasileiro há 31 anos só tem motivos para comemorar
Nem violino nem flauta doce. Sabine Lovatelli, de 64 anos, não toca nem o piano que adorna sua sala de estar. Mas a paixão que sente pela música é tanta que a levou a fundar, em 1981, o Mozarteum Brasileiro, uma das mais importantes associações de música clássica do país. Nascida na Alemanha Oriental em plena guerra e criada em Londres e Paris, Sabine chegou ao Brasil em 1970. “Queria fazer algo por este país tão carente de cultura erudita”, diz ela. Além de trazer o fino da música clássica internacional, o Mozarteum tem várias ações: concertos ao ar livre, bolsas de estudo, programas de intercâmbio, cursos de história da música e, em março deste ano, fez o primeiro festival de música erudita em Trancoso, Bahia. O Mozarteum tem sete funcionários, que cuidam desde a parte financeira até a logística de trazer uma orquestra para cá, que chega a custar 500 000 dólares. “A orquestra paga uma parte e nós temos a ajuda da Lei Rouanet.” Realizada com o que faz, Sabine lamenta apenas não ter aprendido a tocar piano. “Adoraria tocar a Sinfonia no 6 de Beethoven, minha preferida. Quem sabe um dia...” Por Gisela Sekeff
FOTO paulo pampolin
PRIMEIRAS HISTóRIAS
WASMÁLIA BIVAR A manauara de origem simples saiu do norte do país para se tornar a primeira presidente da história do IBGE
A maior instituição de estatística do Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem no comando uma mulher que foge completamente às estatísticas brasileiras. Amazonense nascida em Manaus, Wasmália Bivar, de 51 anos, é de família humilde, com pai contador e mãe dona de casa. Estudou em escolas públicas, saiu de casa aos 18 anos para fazer faculdade no Rio de Janeiro e, no ano passado, entrou para a história como a primeira mulher presidente do IBGE, após 76 anos de existência da instituição. Inspirada pelos filmes de Indiana Jones, ela queria ser arqueóloga. Começou psicologia, mas se formou em economia na PUC-RJ. Foi estagiária na universidade, emendou um mestrado e, em 1986, entrou para o IBGE. Foi gerente da pesquisa de inovação tecnológica e em 2004 assumiu a diretoria de pesquisas. Dois anos depois, saiu de licença para um doutorado em economia do trabalho em Milão, Itália. Lá conheceu seu marido, engravidou e teve Anita, que hoje tem 15 anos. Da cadeira mais importante do IBGE, ela administra 7 000 funcionários permanentes e 4 000 temporários. Ao todo são 1 500 agências nas 27 unidades da federação. “Considero o IBGE uma janela privilegiada para ver a realidade brasileira”, diz Wasmália. por Gisela Sekeff
Foto gilvan barreto
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um projeto de lei propõe um sistema de cotas para participação feminina nos conselhos administrativos. Precisa? Por Eduardo Nunomura Ilustração Renata Fagundes
Lugar
Marcado 28
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A
na redução de desigualdades há muito tempo consolieconomista e advogada Ana Novaes prestadadas”, diz a senadora. “Medidas que promovam muva muita atenção na nova peça publicitária danças podem gerar inicialmente alguma resistência, que uma agência apresentava para uma emmas depois passam a ser absorvidas com naturalidade.” presa. Quando teve a palavra, ela protestou: É óbvio que Ana Novaes não faz parte de três CAs “E onde está a diversidade multicultural? por ser uma feminista. Ela ocupa o assento por ser Não existem só mulheres brancas, bonitas e louras no Brauma profissional com uma carreira que causa inveja a sil”. Em outra ocasião e em outra companhia, a discussão qualquer marmanjo de barba. Já foi diretora de invesera sobre a criação de um comitê de ética. De novo, não timentos da Pictet Modal Asset Management, analista titubeou: “Suponham que uma funcionária seja assediada. de investimentos do setor de telecomunicações pelo Esse comitê não deveria ter pelo menos uma mulher?”. A Banco Garantia, economista do Banco Mundial e hoje propaganda não foi ao ar e a segunda companhia acatou o é sócia da Oitis Consultoria. O primeiro convite para se conselho de Ana para formar um grupo de ética mais divertornar conselheira de uma empresa foi feito pela CCR. sificado. Impossível dizer se as duas histórias teriam outro Quando chegou para a sua primeira destino caso não houvesse a presença reunião, ela era a única mulher, mas dessa experiente executiva nos conse sentiu em casa — Ana cresceu selhos de administração (CAs). Mas rodeada por três irmãos homens. Era havia e ela fez diferença. o ano de 2002 e os temas em pauta No Brasil, como no resto do nada tinham a ver com questões de mundo, a diversidade de gênero dos machismo ou feminismo. O dólar esCAs é um tema tabu. Pesquisa remedidas que tava disparando e Ana, especialista no cente do Instituto Brasileiro de Gopromovam mudanças assunto, tinha opiniões sólidas a dar vernança Corporativa (IBGC) indica podem gerar sobre hedge cambial. “A discussão que as mulheres ocupam 7,7% das inicialmente alguma sobre cotas para mulheres nos conposições na alta administração das resistência, mas selhos deveria ser precedida por outra companhias brasileiras abertas. Em depois passam a ser questão: por que estamos em menor 2011, 165 mulheres ocupavam 204 número que os homens nos cargos absorvidas com mais posições nos CAs de 147 empresas. executivos das organizações?” Ela naturalidade” No ano anterior, havia 162 mulheres também faz parte dos CAs da CPFL (7,1%) em 216 posições de 151 orgaMaria do Carmo Alves, senadora, sobre seu projeto de lei e da Metalfrio, além de ter uma pasnizações. Seis em cada dez empresas sagem pelo conselho da Datasul. listadas na bolsa não incluíam neO CA é a instância encarregada de elaborar estranhuma mulher em seu conselho. O país fica numa posição tégias para a empresa. Enquanto a diretoria executiva intermediária entre 25 nações, à frente de Itália, Portugal, pensa no dia a dia do negócio, o conselho pensa no Índia e Japão, e atrás de Noruega, Estados Unidos, França amanhã. É um trabalho bem remunerado: um cone China, segundo dados da Women on Boards 2011. selheiro ganha em torno de 120 000 reais por ano, Um projeto de lei em discussão no Senado, de autoria segundo o IBGC. Numa companhia com um conda senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE), pretende selho independente, isto é, delegada a profissionais reverter esse quadro com a criação de um sistema de cotas qualificados e sem vínculo direto com os executivos para mulheres nos CAs. É um assunto controverso, que dida organização, os assentos são preenchidos por vide opiniões. A ideia é que as empresas atinjam o patamar conselheiros com sólida formação acadêmica, visão de 40% de mulheres nos conselhos, o mesmo índice que geral de administração, conhecimento de finanças, a Noruega adota desde 2004. A lei brasileira, se aprovada, contabilidade e mercado, experiência em estratégia adotará um escalonamento até chegar à cota máxima em de negócios e capacidade de identificar e controlar 2022. A participação das mulheres deve atingir 10% em riscos. É esse grupo fechado que elege e pode demitir 2016, 20% em 2018 e 30% em 2020. “Ter percentual mínipresidentes e diretores executivos. mo em lei é uma forma de garantir também maior rapidez
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A sustentabilidade de uma empresa passa pelo equilíbrio. o homem é mais pragmático e treinado para executar tarefas, enquanto a mulher vê o médio e longo prazo e procura as raízes do problema” Marise Barroso, presidente da operação brasileira da Masisa, do ramo de construção civil
Essa última característica dos CAs remete à seguinte indagação: se os atuais conselhos são formados predominantemente por homens, qual a chance de uma mulher ocupar o cargo máximo de uma empresa? A professora do Insper Regina Madalozzo fez um estudo empírico e chegou à conclusão de que as atuais composições dos CAs reduzem em 12% a chance de uma mulher virar presidente de uma companhia aberta. “É parte da lógica de que julgo melhor o que é parecido comigo. Por se tratar de um ambiente masculino, isso dificulta a subida de uma mulher”, explica. Regina afirma que existe um teto de vidro, uma barreira invisível que impede a progressão das profissionais do sexo feminino. A pesquisadora não defende as cotas, mas admite que podem, durante certo período, obrigar os conselheiros a ver o diferente, e isso acelerará o tempo em que elas vão conquistar o poder nas organizações. Marise Barroso, que acaba de se tornar presidente da operação brasileira da Masisa, do ramo de construção civil, preocupa-se com a questão do pipeline de mulheres. Ela entende que ainda não há mulheres qualificadas em 30
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número suficiente para suprir a demanda no caso da instituição de cotas para o setor. Ex-diretora de marketing, ela nunca ocupou um CA, tampouco dirigiu sua carreira para se tornar uma CEO. Mas em 2009 ela virou presidente da Amanco, também da área de construção civil, e deixou um legado invejável. Preocupada com a questão da diversidade de gênero e igualdade de direitos, Marise deixou a diretoria executiva com metade dos cargos ocupada por mulheres, 35% dos de gerência e 21% do conjunto total de funcionários, o que incluía as funções de mecânico, eletricista e operador de máquinas. Promoções, seleção e aumento de salário deveriam atender à regra da isonomia. Os headhunters foram orientados a oferecer sempre dois homens e duas mulheres com boas qualificações para cada cargo-chave. Acredita-se que, com mais executivas na alta administração, distorções como salários diferentes para homens e mulheres em funções idênticas diminuam gradativamente. O Congresso discute uma proposta de Lei Complementar que impõe multa a empresas que pa-
garem salário maior ao homem, mas o setor empresarial já faz duras críticas à adoção da medida no Brasil — que ainda depende da sanção da presidente Dilma Rousseff. Hoje, 84% das companhias brasileiras não monitoram diferenças salariais em função de gênero, segundo estudo apresentado no World Economic Forum 2010. “A sustentabilidade de uma empresa passa pelo equilíbrio. O homem é mais pragmático e treinado para executar tarefas, enquanto a mulher vê o médio e longo prazo e procura as raízes do problema”, diz Marise. Ela atribui também a essa incansável busca pela diversidade o aumento de 13% para 33% do market share da Amanco durante sua gestão. Para a superintendente do IBGE, Heloísa Bedicks, também conselheira da Mapfre Seguros, o modo de pensar e agir de homens e mulheres é reconhecidamente diferente, e que há sinergia quando se forma um CA mais diversificado. Mas a cota cria uma situação indesejável, que é pôr em dúvida a qualidade da profissional. “Sou mulher, defendo a causa, mas fala mais alto o brio da competência”, afirma. Deborah Wright é membro da Women Corporate Directores e ocupa há quatro anos o CA da Renner em substituição à consultora de moda Gloria Kalil. Mas ela não foi convidada para o cargo por seus conhecimentos nessa área. Com uma sólida carreira, incluindo a presidência de algumas empresas e a vice-presidência corporativa da Editora Abril, a administradora acredita que o estilo feminino de gestão é uma questão nova e só há pouco começou a ser valorizada. Ela lembra que as mulheres que estão hoje nos CAs começaram a atuar nos anos 1970, quando o modelo de business e de gestão era outro. “Minha geração também tinha de apresentar as competências masculinas, como ambição, objetividade e assertividade, e demonstrar que também desempenharia bem nesse gráfico”, afirma. Em dezembro, Flavia Buarque de Almeida foi convidada para fazer parte do conselho da Renner, que entra para o clube seleto de organizações que têm mais de uma mulher na função. A líder da Hays Executive no Brasil, Cynthia Rejowski, afirma que tem aumentado o número de companhias que procuram indicações de profissionais do sexo feminino para cargos da alta administração. E esses pedidos têm chegado à empresa de recrutamento de executivos para segmentos em que há um grande predomínio de homens no comando. Segundo Cynthia, ainda vai levar uma geração para que a situação comece a ficar mais equânime na composição dos CAs.
O jeitinho delas Um estudo da Ceram Business School, na França, descobriu que empresas que tinham mais mulheres na alta administração apresentaram maior resistência à crise financeira de 2008 na Europa. O BNP Paribas, que tem 39% de executivas em cargos diretivos, viu suas ações caírem 20% naquele ano. Já o Credit Agricole, que possui só 16% de executivas, despencou 62,2%. As cotas para as francesas foram adotadas em 2007 e devem chegar a 40% até 2016. Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel já chamou de escandaloso o predomínio de homens nos conselhos de administração e deu um ultimato para que as companhias reduzam essa discrepância antes de adotar cotas. A Espanha também aprovou uma lei de cotas em 2007, mas o período de adaptação das organizações vai até 2015, mesmo prazo estabelecido na Holanda. Bélgica e Itália também já definiram cota de 33% desde 2011. Países como Austrália, Islândia e Finlândia exigem que as companhias listadas em bolsa divulguem suas políticas de promoção da diversidade. Nos Estados Unidos, que não possuem uma política afirmativa de gênero, as mulheres ocupam 15,7% dos assentos em conselhos de administração das 500 maiores empresas, segundo o ranking da revista Fortune. Uma pesquisa da Women Corporate Directors e Heidrick & Struggles, com supervisão de Boris Groysberg, professor associado da Harvard Business School, detectou que uma clara maioria de executivas acredita que um conselho de alta administração diversificado teria um impacto positivo no restabelecimento da confiança dos investidores nas organizações. As mulheres defendem maiores e mais agressivas regulamentações do mercado financeiro, incluindo a alta remuneração dos executivos, e tendem a agir com mais ética. É impossível de prever, mas uma presença mais significativa de mulheres nos conselhos de administração teria evitado as quebradeiras dos bancos em 2008 nos Estados Unidos?
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Dona Luiza Presidente de uma das dez maiores empresas de varejo do país, Luiza Helena Trajano conta um pouco da sua história — e muito sobre o que acredita e o que a fez chegar até aqui Por Daniela Diniz Fotos Raul Junior
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onversar com Luiza Helena Trajano Rodrigues, presidente da rede varejista Magazine Luiza, dá a sensação de estar na sala batendo papo com uma tia querida do interior. Ela chama as pessoas de “bem” e diz que pode chamá-la de “você”, o que faz todo o sentido. Formalismos não combinam com a espontaneidade de Dona Luiza — nem com a decoração de sua sala, que equilibra imagens de santos, porta-retratos que exibem fotos dela com os filhos, os netos e com o ex-presidente Lula, e cerca de 20 — dos mais de 300 — elefantes que coleciona. O vocabulário simples disfarça um conteúdo parrudo, que mistura conselhos da mãe e teorias de gurus da administração, como Tom Peters e Peter Senge. Foi com essa postura — e carregada de valores — que Luiza Helena se transformou em uma das mulheres mais poderosas do Brasil. Não à toa, quando é preciso ter uma presença feminina nos grandes congressos e eventos nacionais, o nome de Luiza é o mais lembrado. “O Brasil ainda é tão carente de mulheres no topo que sou lembrada não por ser boa, mas por ser uma entre as poucas”, diz, cheia de modéstia. Afinal, ela é lembrada também por-
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Luiza Helena na sede de sua empresa,em São Paulo: gestão feminina faz diferença na forma de tratar pessoas
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que é protagonista de uma história de sucesso. Desde que assumiu o Magazine Luiza, em 1991, a empresa saltou de 30 e poucas lojas e um faturamento de 100 milhões de reais para 728 lojas em 16 estados e um faturamento de 7,6 bilhões de reais. Viúva, mãe de três filhos e avó de quatro netos, Luiza Helena diz que chegou até aqui porque fez o simples: soube tratar bem gente dos dois lados do balcão — o cliente e o funcionário. “Hoje, todo mundo fala em pessoas, mas em 1991, quando criamos o plano de carreira para os funcionários, eu era criticada; achavam piegas, coisa de gente do interior”, diz a empresária, que, quando jovem, pensou em ser psicóloga. E quem ousa dizer que ela não é?
Trajetória
“Sou filha e sobrinha única. Comecei a trabalhar nas férias escolares, pois gostava de presentear as pessoas. Minha mãe era muito inteligente emocionalmente e nunca dizia ‘não pode’. Ela me desafiava: ‘Se você quer dar presente, vá, ganhe e faça’. Então, todas as férias eu trabalhava para ter minha poupança. E comecei a gostar do que fazia. Me formei normalista, fiz faculdade de Direito. Minha vida nunca foi ‘quero ser isso ou aquilo’. Não tinha ambição de ser presidente do Magazine Luiza. Minha tia foi inteligentemente me entregando os cargos aos poucos. Foi uma coisa natural. Eu trabalhei em todos os cargos da empresa.”
Escolhas
“Na realidade, eu morava em Franca e queria ser psicóloga, mas na 34
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“Nunca me senti culpada por não estar com meus filhos o tempo todo, pois não tinha o compromisso de ser a melhor mãe do mundo. Eu não lutei pela perfeição. Lutei para ser exemplo de generosidade e simplicidade
Luiza Helena, sobre seu papel e suas responsabilidades de mãe
lá não havia faculdade de psicologia. Então, eu teria de morar fora e, na época, não fui tão corajosa assim para vencer meus pais. Mas também não era algo que eu quisesse demais. Se fosse, sem dúvida, eu teria lutado por isso. E, no final, acho que trouxe muito da minha visão de psicologia e pedagogia para dentro da empresa.”
Chegada ao topo
“Quando chegou a hora, não achei que estivesse pronta, mas, sim, preparada. Eu sabia que iria apanhar, aprender, mas estava preparada. Naquela época — 1991 — eu assumi a holding como se fosse uma executiva paga, e não alguém da família. E deu certo, pois a família está preocupada com a perenidade
da empresa, e não que a gente fique bem; nós combinamos em benefício do negócio. Como se diz: ‘Não mate a galinha dos ovos de ouro’. Nunca brigamos por causa de dinheiro ou de cargos. Eu era a pessoa que estava entre a família e os funcionários. Acho que isso ajudou a fazer a profissionalização rapidamente, sem perder a cultura.”
Filhos
“Eu saía da empresa às 10 horas e meus filhos nasciam ao meio-dia. Os três. Eles nasceram com quase dez meses, pois eu não tive parto normal — quero deixar claro que sou a favor do parto normal. Como tinha de fazer cesariana, trabalhava até os últimos dias. O que mais me ajudou na criação dos meus filhos foi um conselho da minha mãe. Ela dizia que não há receita para criar filho e que sempre iriam existir filhos bons (ou não tão bons) de mães que trabalham fora, assim como existiriam filhos bons (ou não tão bons) de mães que ficam em casa. Significa que não é porque você está o dia inteiro junto com seus filhos que eles serão melhores que os outros.”
Culpa
“Eu nunca tive culpa de não poder estar com eles o tempo todo. E houve momentos em que eu não pude estar presente. A minha filha caçula às vezes fala que quem a levava ao dentista, ao ortopedista, era o pai. E eu respondia: ‘E daí?’. Não me sentia culpada, pois não tinha compromisso de ser a melhor mãe do mundo. Você não acerta 100%, não tem jeito. Eu não lutei pela perfeição. Lutei pa-
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Luiza Helena na bolsa de Valores de São Paulo: ela comemora a abertura de capital de sua rede varejista, em 2011
ra ser o maior exemplo de generosidade, de simplicidade, e fazê-los entender que dinheiro não compra tudo e que é sempre importante cumprimentar as pessoas.”
Cobrança
“Os filhos sempre sabem cutucar os pontos sensíveis. Mas eu nunca fui de teorizar muito. Acho que a maturidade vai mostrando o que a gente faz de bom e de ruim.”
Gestão feminina
“Temos uma história de mulheres no Magazine, e claro que a gestão feminina fez diferença. Fo36
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mos a primeira empresa de varejo no Brasil a apostar em pessoas. Ninguém acreditava em pessoas e, no varejo, menos ainda. Nós mudamos o jogo e tudo isso nasceu de um jeito feminino, da forma como a minha tia tratava as pessoas. Ela pedia desculpa, atendia pobre, preto, branco, rico. Não entendia de práticas, mas entendia do outro. Em 1991, nós criamos o plano de carreira, algo inédito no varejo, que nunca tinha investido em treinamento por dois motivos: porque não tinha gente que quisesse fazer carreira e porque o negócio é de
curto prazo. As pessoas falavam que eu estava fazendo isso porque era do interior. Achavam tudo piegas e diziam que eu ia quebrar por investir em treinamento e dar bolsa de estudo.” (O Magazine Luiza está há 14 anos no Guia VOCÊ S/A-EXAME – As Melhores Empresas para Você Trabalhar.)
Retenção de mulheres
“As empresas começam a falar mais de pessoas não por humanização, mas por necessidade. O mesmo acontece com o discurso de ter mais mulheres nas companhias.
Acontece que o perfil de um profissional hoje que dá certo e que é necessário às empresas — e você pode ler qualquer cientista como Tom Peters, Peter Senge ou os brasileiros como Shinyashiki — é aquele que tem sensibilidade, capacidade de aprender, eficácia, faz muitas coisas ao mesmo tempo. São características que batem muito com o que nós, mulheres, podemos ter desenvolvido. Por isso, as companhias despertaram e agora querem mulheres para mesclar em seus quadros.”
Processos
“As mulheres são apaixonadas por processos; já os homens são apaixonados pelo resultado. E é também por isso que as empresas hoje querem cada vez mais mulheres. Afinal, a companhia que não pensar em processos, e pensar apenas em resultados, não vai sobreviver. Pensar no todo em primeiro lugar e só depois em todas as partes que formam o todo é hoje uma necessidade grande das organizações — e uma competência das mulheres.”
Mulheres no topo
“Ainda somos poucas no topo por causa de uma falta de história de carreira entre as mulheres. Existia uma premissa de que a mulher nasceu para educar filhos e cuidar da casa e que, para isso, não podia trabalhar. À medida que vemos mulheres bem-sucedidas no topo, como a presidente da Alemanha, a presidente do Brasil, a presidente da Petrobras, esse paradigma começa a mudar. Por isso, eu acredito profundamente que teremos cada vez mais mulheres no topo.”
Mudanças nos gêneros
A mulher é apaixonada por processo; os homens, por resultado. E é também por isso que as empresas hoje buscam mais mulheres. Afinal, a empresa que só pensar em resultado, e não nos processos, não vai sobreviver” Luiza Helena, sobre o discurso corporativo de ter mais mulheres no alto escalão das empresas
Poder
“Na minha opinião, as mulheres lidam muito melhor com o poder, porque elas não foram criadas para lidar com ele. O homem foi educado para ter que conviver com o poder; a carreira dele só seria bemsucedida se ele tivesse poder e título. Para a mulher, não. O poder não é o fim para elas; é processo.”
Dilma
“A gente às vezes não se dá conta do que representa para a sociedade brasileira hoje ter uma mulher à frente da Presidência. É uma mudança enorme de paradigma, para todos. Há empresários, por exemplo, que nunca imaginaram passar seus negócios para uma herdeira, e começam a mudar essa cultura porque percebem que somos agora governados por uma mulher. São outros tempos.”
“Não são só as mulheres que estão mudando. Os homens estão assumindo um papel mais feminino. Eles vão ao médico com os filhos, acompanham a gravidez da mulher. E ela não tem mais tanta vergonha de dizer que precisa se ausentar do trabalho para estar com os filhos. Antes, para você ser profissional, tinha que ser outra pessoa na empresa. Então, você tirava o quepe de mãe para botar o crachá da profissional. A minha maior luta foi para que isso não acontecesse. Eu sou a mesma pessoa aqui e lá fora. Se uma mãe está com o filho doente, ela não vai conseguir disfarçar isso aqui dentro. Ela não tem duas divisões no coração, duas na cabeça.”
Rotina
“Minha rotina é supernormal. Trabalho até as 19 ou 20 horas, dependendo do dia. Eu bato papo, assisto a novelas, fico bastante na internet. Durmo três horas apenas, por isso entro muito na internet. Não estou no Facebook; estou no Twitter — tem alguém que me dá as ideias, mas nada passa sem eu ler. Sei o que está acontecendo na minha casa, apesar de delegar os afazeres. Sou dona de casa também [no final da entrevista, ela atendeu ao telefone e escolheu algumas cores de almofadas para seu novo apartamento em São Paulo] e cozinho, mas não como minha filha [Ana Luiza, chef e proprietária do Brasil a Gosto]. Adoro receber pessoas e dar festas em casa. E sou ótima pilota de lancha!” VOCÊ S/A PARA MULHERES jun.2012
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Vai ficar complicado
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O percentual de domésticas no país está caindo. Conheça as soluções que três mulheres encontraram para ter ajuda em casa sem perder o rumo da carreira Por Michelle Aisenberg Fotos Gilvan Barreto
assa das 18h, a reunião que começou às 17h ainda nem chegou à metade e seu chefe pediu que você ficasse um pouco mais para repassarem a apresentação do dia seguinte. Quem nunca viveu essa cena? Depois de concordar, hora de ligar correndo para casa, acionar marido, babá e colocar em prática uma verda- deira operação logística para buscar as crianças na escola, dar banho, jantar e colocá-las para dormir. Você se sente no filme Missão Impossível toda vez que isso acontece? Pois, prepare-se: a emoção só vai aumentar! O número de profissionais domésticos vem diminuindo sensivelmente. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de domésticas entre 18 e 24 anos no país caiu de 22% para 11% nos últimos dez anos. E a tendência é diminuir cada vez mais, até virar raridade. O fenômeno, causado pelo aumento de escolaridade das jovens e um mercado aquecido, vai mexer na dinâmica das famílias: “A provável escassez das pessoas para o trabalho vai exigir que a mulher brasileira se reposicione”, diz Joel Dutra, professor da Fundação Instituto de Administração (FIA). “O trabalho doméstico será cada vez mais uma obrigação do casal, e a ideia de que a mulher é quem tem de cuidar de tudo 38
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não vai existir nas próximas gerações.” Mais cedo ou mais tarde, a pressão social vai causar mudanças também por parte do governo. “O Estado vai precisar assumir seu papel de oferecer opções para que as famílias possam continuar trabalhando e mantendo a economia funcionando”, diz Joel. Segundo o professor, o mesmo aconteceu nos Estados Unidos e na Europa na década de 1970, quando os casais começaram a procurar uma solução para a questão. “O caminho foi o pacto de um impulsionar a carreira do outro e, mesmo com filhos, muitas mulheres conseguiram se manter no mercado.” Mais tarde, no início da primeira década de 2000, o opt out, movimento em que um profissional decide afastar-se ou diminuir o ritmo de trabalho e interromper por um período o desenvolvimento da carreira, começou a ganhar força. “Até 2005, essa tendência ainda não havia sido observada no Brasil, mas acredito que isso deva mudar rapidamente”, diz Joel. Enquanto a discussão não avança nas empresas, haja criatividade para encarar o famoso “segundo turno” sem diminuir a produtividade no trabalho nem aumentar o estresse em casa. Confira a saída que algumas mulheres encontraram para manter a vida profissional e social nos trilhos mesmo sem a ajuda extra das domésticas.
Faxina em família
A engenheira Simone Kielmanowicz, de 39 anos, começou 2012 com uma notícia que a fez reestruturar toda a rotina da família: depois de cinco anos, a profissional que morava em sua casa e a ajudava na tarefa de cuidar das crianças pediu demissão. “Ela era de Minas Gerais e decidiu voltar para sua cidade, onde arrumou emprego como gerente de uma farmácia”, diz. A dificuldade de encontrar uma nova pessoa de confiança, somada ao fato de seus filhos já terem 8 e 7 anos, a fez adotar uma outra estratégia para conseguir trabalhar e manter a vida pessoal funcionando. “Reuni a família e expliquei que, a partir daquele dia, começaríamos a dividir as tarefas. Cada um passou a lavar a sua própria louça, minha filha cuida do cachorro, meu filho é responsável pelo aquário e por alimentar os peixes, e meu marido varre a casa quando chega do trabalho e coloca o lixo para fora. É dele também a tarefa de ligar para a lavanderia para vir buscar suas camisas que precisam ser passadas”, conta. Com as crianças estudando em horário integral, a preocupação com o almoço foi resolvida. O jantar é pedido em um restaurante, o que também acaba reduzindo a quantidade de louça para lavar e as compras de supermercado para fazer. “Depois do choque inicial, posso dizer que tudo está funcionando bem. As crianças estão aprendendo a ser mais independentes”, garante Simone, que trabalha em esquema de home office, o que facilita quando imprevistos acontecem e o marido não consegue pegar as crianças no inglês ou na aula de teatro e bateria. “Confesso que estou um bagaço, ainda procurando uma faxineira para vir ao menos duas vezes na semana fazer o serviço mais pesado. Mas a tendência aqui no Brasil é de a vida ficar mais prática, como nos Estados Unidos, onde morei por oito anos, com produtos e serviços que facilitem a vida da gente.”
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Horários flexíveis Gêmeas de 4 anos, marido que trabalha embarcado em Angola e só volta para casa a cada 25 dias e um trabalho que envolve viagens semanais. A professora de inglês Marjorie Crespo, de 37 anos, sempre precisou jogar nas 11, já que nunca conseguiu encontrar uma babá que durasse no emprego mais do que algumas semanas. Assim que as meninas nasceram, tentou encontrar uma profissional que a ajudasse, mas nunca teve sucesso. “Eu fiquei tentando por quase dois anos, mas desisti. Acabei optando por colocá-las em uma creche em horário integral, onde elas ficam das 9h às 19h”, conta. Agora, grávida da terceira filha, que deve chegar até o fim do mês, está montando uma verdadeira operação de choque para conseguir dar conta de tudo. Mas, novamente, esbarra na dificuldade de encontrar um braço direito em casa. “Eu já tinha me acertado com uma pessoa que começaria antes de o bebê nascer, mas ela só veio um dia e nunca mais apareceu. Resolvi recorrer a uma agência, já entrevistei várias profissionais e, depois da segunda tentativa, fiz a contratação. Em todo caso, sempre fico com o pé atrás e já tenho meu plano B, de apelar para a creche caso algo dê errado”, diz Marjorie. Para tentar atender às necessidades das filhas, como atividades esportivas e curso de inglês, a professora negociou horários alternativos com seu chefe e muitas vezes trabalha horas adicionais, para compensar as ocasiões em que precisa sair mais cedo. Com toda essa correria, Marjorie aprendeu a lição: “Preciso pedir ajuda e delegar tarefas. Por isso, muitas vezes recorro à minha mãe, que fica com as meninas quando preciso viajar e meu marido não está no Brasil”.
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Ajuda da baby-sitter A maranhense Manuela Cruz, de 36 anos, mora no Rio de Janeiro. Longe da família, precisou recorrer a saídas criativas para conseguir, vez ou outra, dar uma fugida para curtir um jantarzinho ou um cinema com o marido. Cansada de só fazer programa infantil, a publicitária resolveu converter sua manicure, que já conhece há seis anos e frequenta sua casa, em baby-sitter. A melhor parte? Ela topou! “Conversando com a Vanessa enquanto ela fazia a minha unha, descobri que o marido dela é segurança em um prédio e trabalha todas as noites. Ou seja, ela ficava sozinha em casa. Na mesma hora a ideia de unir o útil ao agradável veio à minha cabeça: ela ganha um dinheiro extra e eu consigo manter o mínimo da minha vida social”, diz Manuela. O esquema funciona tão bem que algumas vezes outras amigas recorrem aos serviços da “babá manicure”, como elas a chamam, e reúnem a criançada em uma mesma casa, onde ficam aos cuidados da baby-sitter, enquanto seus pais saem juntos para se divertir. “Não é algo que a gente faça toda semana, até porque pesaria no orçamento. Mas a tranquilidade de saber que posso contar com alguém sempre que precisar não tem preço!”, garante Manuela. Apesar de ser vantajosa para os dois lados, o professor Joel Dutra garante que essa não é uma tendência que o Brasil importará dos Estados Unidos: “Aqui ainda não existe essa cultura de os jovens de classe média trabalharem desde cedo, muito menos em casas de família”, diz. “A situação só deve se repetir em casos isolados.”
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Aos 44 anos, a atriz christine fernandes vive o melhor momento de sua vida profissional. uma combinação de sorte e dedicação com uma mente incansável, sempre em busca de realizações Por Gisela Sekeff Fotos Nana Moraes
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ma vida só parece ser pouco para esta americana com alma de carioca realizar tudo que deseja. Quando comecei a primeira da série de três entrevistas com Christine Fernandes, tinha uma caneta, um bloquinho e toda a atenção voltada ao que ela dizia. Mas jamais seria capaz de conseguir pôr no papel todas as suas ideias, todos os seus questionamentos. Primeiro porque ela fala numa velocidade irrefreável. Christine pensa muito e muito e muito. Ela é do tipo que fala, revê o que fala e jamais conclui sem ter certeza. É reflexiva e ponderada. Depois de mais de 15 anos de terapia, virou uma profunda conhecedora de si mesma e fala com propriedade de tudo que viveu, de seus sonhos e suas grandes realizações. “A terapia foi o melhor investimento que fiz em mim mesma. Além disso, acredito muito na minha intuição e que ela me ajuda a conseguir o que desejo.” Inquieta, realizadora, movida a pensamento, Christine Fernandes, ao longo de seus 44 anos, já se reinventou algumas vezes. Casou-se duas vezes antes de encontrar a tampa da sua panela, o ator Floriano Peixoto. Na vida profissional foi jogadora de vôlei, modelo internacional, fez faculdade de telejornalismo e, finalmente, subiu aos palcos como atriz. “Eu mudaria de direção quantas vezes fosse preciso para saciar minha vontade de traçar grandes rotas”, diz. VOCÊ S/A PARA MULHERES jun.2012
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Chris nasceu em Chicago e saiu de lá para o Rio aos 3 anos de idade. Cresceu em Ipanema. A família era toda de esportistas. O pai jogava vôlei, a mãe, basquete, e o irmão, futebol. Chris fez sua parte e apaixonou-se por vôlei. Treinava profissionalmente, jogava em grandes clubes, como o Flamengo e o América, e aos 13 chegou ao Bradesco-Atlântica, o mais desejado pelas profissionais naquela época. Mas seu 1,70 metro de altura interrompeu sua carreira. “Desisti de ser atacante e virei levantadora. Por fim, perdi a vaga na seleção brasileira para a Ana Richa. E ser banco não combina comigo”, diz Christine, que abandonou as quadras aos 19 anos. “Nunca seria feliz sendo uma jogadora medíocre, que seria meu destino caso tivesse seguido.” Um dia, uma amiga a convidou para desfilar em um evento da marca Company. Chris, que era do mundo do esporte, encarou como brincadeira. “Eu era daquelas meninas que nunca faziam a unha. Não tinha sequer um batom. Minha vida era ser atleta”, conta. Aí o destino fez sua parte. Um olheiro que estava no desfile gostou de Chris e a convidou para fazer parte de sua agência, em São Paulo. Uma amiga fotógrafa fez o book para Chris e, quatro meses depois, aos 20 anos, ela já estava morando no Japão, fazendo campanhas para bancos, chocolate, produtos de beleza. “Foi um golpe de sorte, mas acredito que a sorte só bate à porta de quem está aberto a oportunidades”, diz. 46
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Foram mais de dois anos trabalhando como modelo. Com o dinheiro, comprou um apartamento em Ipanema. Casou-se com um modelo canadense, foi morar em Boca Raton, na Flórida, e lá fez faculdade de telejornalismo. “Foi um jeito de eu me aproximar da carreira de televisão.” Quando voltou ao Brasil, em 1995, fez a Oficina de Atores da Globo e já encarou sua primeira novela em horário nobre na emissora, História de Amor. Fez uma dezena de novelas e minisséries, apresentou os programas Superbonita e Saia Justa no canal GNT e abriu sua própria produtora de teatro. Em 2010, foi convidada para ser a garota-propaganda da marca de cosméticos Mahogany. Desde então, a marca reposicionou-se no mercado, ganhou outros públicos e aumentou 40% as ven-
A Chris é empolgada, vibrante, incansável. Obstinada na vida e no trabalho. Tem uma dose de loucura saudável para uma atriz. Para ela não tem meio termo. Ela se joga quando confia no processo. Uma atriz dos sonhos para um bom diretor” Floriano Peixoto, 52 anos, ator e marido de Christine
Acima: Chris já mostrava intimidade com as câmeras quando criança, em ipanema
das, tornando-se a segunda maior franquia brasileira de beleza. Seu lado família também abre portas para muitas campanhas, como a que fez no ano passado para a Hering ao lado de seu filho, Pedro, de 8 anos. “Empreendimentos imobiliários, shoppings e marcas de beleza sempre são os maiores clientes de Christine, porque ela passa uma imagem de credibilidade, aliada à de mulher inteligente, chique e bem-sucedida que é”, diz Melina Tavares, assessora de imprensa da atriz.
Fotos arquivo pessoal
As voltas que o mundo dá
à esq.: christine ensina a seu filho, pedro, o que aprendeu com seu pai: “uma vez flamengo, sempre flamengo”. Abaixo, momento família com o marido, floriano peixoto, e pedro, no maracanã
Você S/A Edição Para Mulheres – Sua carreira foi um golpe de sorte ou fruto de muito planejamento? Christine Fernandes – Sempre senti que meu lugar era o palco, mas não sabia como chegar lá. Fui indo aonde a vida me levou, de atleta a modelo internacional e de modelo para jornalista. Acabei não seguindo essa profissão porque meu olho estava na dramaturgia e, no fundo, todo esse caminho era minha rota para me tornar uma atriz. Cada um tem seu itinerário
de viagem. Acho que uma dose de planejamento é necessária, mas estar aberto a oportunidades, saber ouvir o destino e acertar as rotas é uma sensibilidade que deve ser desenvolvida. Quais características suas você considera essenciais para ter uma carreira de sucesso? Disposição para trabalhar, profissionalismo, perseverança, sensibilidade, bagagem de vida e algum talento. Isso é minha base. Mas o meu temperamento im-
petuoso, combinado com minha alma independente, sempre me levou a alçar voos altos, desde muito pequena. Quando tinha 10 anos, eu saí da escola, peguei um ônibus para a Praça Saens Peña, centro movimentadíssimo do Rio. A intenção era bater na porta do meu pediatra e pedir dinheiro para comprar tecido na loja que tinha embaixo do consultório. Queria que minha avó costurasse um vestido para eu ir a uma festa. Consegui o dinheiro, comprei o tecido e ganhei uma bronca daquelas da minha mãe quando ela soube. Sempre fui assim, de querer e fazer. Jamais deixei um sonho passar ao largo das minhas vontades. Fazer contatos, circular, é importante para qualquer profissão. Mas você não é de estar muito na mídia. Como lida com essa questão da exposição? Eu não sou arroz de festa e foi difícil para mim nesse aspecto abraçar essa carreira. Também não acredito em relações utilitárias, de interesse. Adoro o convívio social com gente instigante, mas nem sempre o ambiente social proporciona isso, portanto sou mais seletiva. Ser celebridade lhe dá visibilidade, mas o que lhe dá poder de realizar um bom trabalho não é a superexposição, e sim o trabalho de carpintaria do ator na personagem. Hoje me sinto mais forte e confiante para gerenciar minha vida como figura pública, mas cuido sempre para não ser engolida pelos excessos de networking que vejo no meu meio. A zona de mistério de um artista é uma commodity valiosa. Não tenho VOCÊ S/A PARA MULHERES jun.2012
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Facebook. Tenho blog e Twitter para expor minhas ideias. Jamais para dizer a hora em que vou tomar banho. Em que momento você decidiu ser mãe? Ter um filho não era um sonho de criança. Até conhecer meu marido, nunca havia tido esse apito do relógio biológico. De repente soou um alarme e eu queria muito. Demorei uns seis meses para engravidar. Engordei 22 quilos na gestação, tive pouco leite, mas ainda assim amamentei cinco meses. Para qualquer mulher, a maternidade é um limitador, mas a gente não pode se entregar. Como foi o retorno aos palcos? Foi dureza decidir sair de casa para trabalhar de novo. No meu caso, meu convite era para fazer uma novela em São Paulo e eu morava no Rio de Janeiro. Mas fazer a personagem Aurélia Camargo, do romance de José Alencar, era um desejo antigo. Então, tive que tomar coragem e ir. Eu ficava em São Paulo de segunda a quinta e deixava meu filho no Rio. Sentia muitas saudades, mas tinha a certeza de que estava fazendo algo imprescindível para a minha felicidade. E uma mãe feliz é metade do caminho andado para ser uma boa mãe. Quando surgiu a ideia de abrir uma produtora? O sucesso na nossa profissão depende de uma conjunção de variantes. Ora você tem a personagem, mas não tem as ferramentas, ora você tem as ferramentas, a experiência e a intuição, mas não tem a personagem. Daí, a saída é 48
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produzir. Abri a Kizita Produções para dar conta das minhas ideias.O processo é árduo. Tem que fazer projeto, decidir se vamos entrar ou não em editais, conseguir patrocínio, contratar elenco, equipe, e gerir seu sonho até a abertura da cortina no teatro. É uma ralação, mas o resultado é muito prazeroso. E como é a Christine Fernandes produtora? Uma investidora agressiva ou conservadora? Ter uma produtora é investir, acreditar. E produzir teatro é exaustivo, mas nunca perdi dinheiro, o que considero um feito, sabendo o quão difícil é fazer teatro. Meu mérito talvez tenha sido a escolha de bons profissionais. Sou uma investidora conservadora e responsável. Invisto com parcimônia e avalio bem os riscos quando lido com dinheiro. Prefiro deixar meu fluxo livre e descontrolado para o meu processo criativo.
No mundo corporativo, os profissionais têm líderes em que se inspiram. Mentores que os guiam. Quem foi, ou é, seu grande líder? Alguém foi, ou é, seu grande mentor? Eu fui muito influenciada pelo meu falecido professor de filosofia Claudio Ulpiano. Foi ele que me apresentou o bom cinema de mestres, como John Cassavetes, Luis Buñuel, Ingmar Bergman, Andrei Tarkovski e tantos outros. Ele ajudou a educar meu olhar e me ensinou a pensar. Além disso, me apresentou a literatura de Kafka, Dostoiévski, Proust e os filósofos todos. Ele fazia um paralelo entre o cinema e a filosofia, e isso se tornou não só prazeroso como também possível a compreensão do material filosófico e, por que não, da vida. Não seria ninguém sem esse tutor importantíssimo. Outra grande influência é a atriz Camila Amado, minha coach por muitos
livros de cabeceira
Contos de Eva Luna, de Isabel Allende
A Descoberta do Mundo, de Clarice Lispector
O Mundo Pós-Aniversário, de Lionel Shriver
pontos fortes Justa
“Sou muito justa com as pessoas. Sei reconhecer os feitos de alguém que se empenhou muito no trabalho.”
Curiosa “Não vim ao mundo para ver a vida passar. Tento me aprofundar sobre tudo que acho minimamente interessante. A curiosidade me move.”
Modesta “Sou uma pessoa simples, gente como a gente. Acho que isso é importante para não criar nas pessoas que trabalham comigo falsas expectativas.”
pontos fracos Exigente
“Seja na fase de desenvolvimento de projetos, seja nos resultados, eu cobro muito de tudo e de todos. Costumo ser muito crítica, principalmente comigo.”
Rigorosa “Não costumo dar uma segunda chance para quem me decepciona. Risco da lista.”
Caseira “Sou muito preguiçosa para ficar fazendo networking. Esse vapor barato do convívio social, que todo mundo é amigo de todo mundo, me dá preguiça. Prefiro o conforto da minha casa. Sou meio caramujo.”
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anos. Camila é uma atriz densa, extraordinária e que sabe ensinar. Ela me mostrou a profissão. Ser casada com alguém do mesmo meio profissional atrapalha? [Christine é casada com o ator Floriano Peixoto.] Eu e Floriano nos conhecemos em uma novela, em 2000, e nos casamos pouco tempo depois. Temos uma parceria muito forte, uma cumplicidade, isso para mim é potencializador no trabalho. Minha casa e meu relacionamento com o Floriano são harmônicos. Acredito que um ninho tranquilo faz o pássaro voar mais longe. Você fez terapia por 15 anos.Como a ajudou profissionalmente? Acabei de ter alta e sinto que foi o mais proveitoso investimento da minha vida. Mais do que imóveis ou aplicações. Se você se conhece, saberá contornar dificuldades que são inerentes a qualquer caminho profissional. Não poderia quantificar, mas arrisco dizer que jamais poderia ter tido os resultados que tive sem esse investimento em mim mesma. Descobrir minhas limitações e expandi-las é algo que me proporciona um retorno melhor do que qualquer bom negócio. E o melhor negócio é sempre a gente mesmo. Se eu estiver bem, minhas decisões serão mais acertadas e minha vida profissional será mais vantajosa. Você disse que na adolescência não tinha sequer um batom. Hoje é uma mulher linda, superfeminina. Você mudou pela profissão? Eu sempre fui muito moleca. Acha-
Acho que, em qualquer profissão, quem acha que já sabe tudo é um derrotado. Sou e serei para sempre uma atriz em construção. É minha prerrogativa. O sucesso nunca me embriaga porque minha vontade é infinitamente maior que a minha vaidade
Christine Fernandes, atriz
va esse negócio de maquiagem, de cuidar do cabelo, tudo muito chato. Mas com o tempo, com a maternidade e por causa do trabalho fui pegando gosto por esse mundo mulherzinha. Hoje não posso ter uma imagem descuidada por causa dos contratos com segmentos de beleza. Quando falam que “estou com um corpão”, ou algo do tipo, não é dádiva de Deus, nem sorte, eu corri atrás desse corpo. As coisas não vêm de graça. Eu as adquiro com minha força de vontade e trabalho duro. O trabalho enobrece o homem. E a mulher, mais ainda! Como você é no trabalho? Como acha que seus colegas a veem? Gasto cada vez menos tempo ten-
tando descobrir o que as pessoas pensam de mim. Missão inglória ler mentes, mas o que sinto na prática é que sou uma boa colega de trabalho. Gosto muito do que faço. Tenho sempre meu texto decorado, sou organizada, pontual e jamais atrapalho o processo do colega, pelo contrário, costumo ser bem generosa. Eu tenho total consciência de que sou apenas uma peça da trama toda. Isso me livra um pouco da armadilha do ego. Trabalho bem com diretores que sabem o que fazem e o que querem. Admiro os competentes e os visionários e sou facilmente envolvida por um bom argumento. Quais são os planos profissionais? Neste ano volto para o cinema. O filme mais incrível que fiz, Duas Vezes com Helena, era uma joia rara, mas foi em 2001, época da pré-retomada do cinema nacional. Gostaria muito de que esse novo filme fosse um recomeço para mim nesse veículo mágico que é o cinema. Também avalio, como produtora, a oportunidade de remontar Hedda Gabler em praças que não fiz. Como empresária, vou licenciar em breve uma linha de óculos. O que você acha que poderia melhorar em seu trabalho? Tudo, sempre. Acho que, em qualquer profissão, quem acha que já sabe tudo é um derrotado. Eu sou e serei para sempre uma atriz em construção. É minha prerrogativa. O sucesso nunca me embriaga porque minha vontade de realizar é infinitamente maior que a minha vaidade. VOCÊ S/A PARA MULHERES jun.2012
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Novas conexões COM A AJUDA DAS REDES SOCIAIS, AS MULHERES ESTÃo criando sua versão para o networking de salto
Por Michelle Aisenberg
Fotos Paulo Pampolim
m vez de uniforme, caneleira e meião, perdido o contato. Ou começam a criar novas amizades, uma boa escovada no cabelo e um re- que compartilham o mesmo interesse ou hobby. “As novas toque no batom. No lugar de gritos e tecnologias não são um fim, mas um meio de reencontrar palavrões, risadas e conversa anima- antigos amigos ou ainda fazer outros tantos novos. Não se da. A cervejinha no boteco dá a vez trata de substituir contatos verdadeiros, mas facilitar que aos drinques no barzinho. A verdade eles aconteçam. Esse é para mim o uso mais legítimo da é que o futebol do final do dia, momento sagrado para os tecnologia”, afirma Lídia. A ginecologista e obstetra Patrícia Pontes, de 39 homens se divertirem com os amigos e fazer networking, ganhou versões femininas. Com uma ajudinha das redes anos, sempre buscou formas de ampliar seu círculo de sociais e uma nova dinâmica que começa a se formar en- amizades e ganhar uma visão um pouco maior do mundo tre os casais, as mulheres redescobriram o prazer de fazer que a cerca. Mãe de três filhos, Tita, como é chamada, em cada licença-maternidade sentiu a necessidade de novas amizades e explorar outros interesses. Mas, diferentemente dos rapazes, elas tendem a ter aumentar ainda mais seus horizontes. “Acho que a parada contatos mais próximos e intensos. “Isso de reunir dez pes- na rotina profissional aliada à ‘maternagem’ me fez pensar soas para jogar futebol e precisar arrumar um motivo para que existem muito mais coisas a se fazer”, diz. No caso um abraçar o outro é típico do comportamento masculino. dela, a internet sempre foi o caminho natural para buscar As mulheres preferem encontrar dois ou três amigos para novos interesses. “Por estar à mão a qualquer momenjantar, em um ambiente onde possam conversar e ter mais to, ser algo que posso interromper e depois voltar, e não me exigir tanta concentração”, diz. intimidade”, diz a terapeuta de ca“Vivo falando que as Em 2004, a médica participava sais e família Lídia Aratangy. Nessa busca, as redes sociais aparecem pessoas estão lá, há vida de um grupo de discussão chamado interessante na web, “Mulheres de 30” no Orkut. Lá, fez como um dos melhores caminhos só é preciso um pouco várias amigas, com quem passou a para reconectar as pessoas. Por de desprendimento” ter contato na vida real. “Trabalhei meio do Facebook, por exemplo, junto com uma delas e até hoje muitas mulheres reencontram anTita Pontes sobre a mantemos o grupo, só que por etigos colegas com os quais haviam maneira como encara a internet 74
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a mĂŠdica tita pontes usa a internet como aliada: grupo de amigas no orkut e projeto pessoal no instagram
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a administradora Telma vigo (em pé, à dir.): organizadora dos eventos da escola dos filhos
mail”, diz. Há um ano, seu olhar apontou para o Insta- 46 anos, já ganhou o título de “organizadora de eventos” gram, rede de compartilhamento de fotografias, no qual no colégio de sua filha de 5 anos. Além de criar um grujá criou novos relacionamentos e começa a investir em po por e-mail, por onde pais e mães trocam figurinhas e um projeto pessoal. “Vivo falando que as pessoas estão combinam passeios, Telma organiza todo mês uma happy lá, há vida interessante na web, só é preciso um pouco hour e um almoço das mães aniversariantes. Nesse caso, de desprendimento. Com o passar do tempo, encon- os homens ficam em casa, com os filhos. “No início, a partramos quem tem a acrescentar à nossa vida e nos aju- ticipação era um pouco tímida. Agora criamos um vínculo da a descobrir novos interesses. Isso é muito saudável.” de amizade e temos sempre uma mesa cheia de mulheA mudança de comportamento das mulheres, que es- res que falam sobre tudo ao mesmo tempo. É um hábito tão em busca de mais espaço para o networking e a desco- muito saudável”, garante Telma. Os horários dos encontros berta de novos interesses, começa a mudar a dinâmica de alternam entre a hora do almoço e uma happy hour, para que todas possam participar, tanto antigos pontos de encontro, como a “conhecer pessoas de as que trabalham fora o dia inteiro porta da escola dos filhos. “O batetodos os cantos do país quanto as que têm um horário mais papo das mães quando levam e busnão me trouxe apenas flexível. Dessa relação, oportunidacam as crianças sempre existiu, mas ganhou um formato bem diferente. contatos. fiz amigos que des de negócio também começaram Elas agora se reúnem para tomar levarei para toda a vida” a surgir. “Duas amigas que tinham atividades profissionais complemenum chope”, diz Lídia Aratangy. TanRenata Nizer sobre como ampliou tares acabaram se tornando sócias e to isso é verdade que a administrasua agenda profissional após participar de eventos do TED passaram a trabalhar juntas”, diz. dora de empresas Telma Vigo, de 76
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Lídia Aratangy explica que esse novo comportamento da mulher tem uma ligação muito estreita com a independência financeira recém-conquistada e o novo papel que o homem tem assumido nas famílias. “Ao ter seu próprio dinheiro, as mulheres passaram a se permitir a diversão e o tempo para si. Hoje em dia, elas não têm pudor de falar que vão sair com as amigas ou encontrar pessoas do trabalho, enquanto o marido vai para o seu futebol”, diz a terapeuta. Além disso, a nova atitude do homem diante da casa permite à mulher uma vida social mais independente e, principalmente, validada socialmente. “O novo pai é um fenômeno extraordinário e importantíssimo. Ele quer conquistar o ambiente doméstico, com toda a dignidade. E acaba dividindo mais a responsabilidade com a esposa.” Mas não é só de internet que as conexões femininas são feitas. Compartilhar ideias e sonhos foi a receita seguida pela publicitária de Guarapuava Renata Nizer, de 26 anos. Após participar do TEDxSudeste, versão independente do TED, evento que hoje é considerado a maior conferência de ideias inspiradoras do mundo, em maio de 2010, Renata não parou mais. Começou a ativar os contatos que havia feito no evento até ser convidada para organizar o TEDxPOA. “Mesmo sem nenhuma experiência, me juntei à equipe e participava de reuniões semanais por Skype. Até que fui a Porto Alegre para conhecê-los pessoalmente e fiquei por lá quase um mês antes do evento”, conta. Logo em seguida, a publicitária recebeu outro convite para organizar o TEDxCuritiba e já começa a se preparar para repetir a experiência na Itália. “Uma palestrante do TEDxPOA mora em Milão, já conseguiu a licença para o TEDxRimini e, apesar de ainda não ter data definida, já carimbei meu passaporte.” Da experiência, além de uma parceria profissional que a levou a expandir sua agência de publicidade do interior do Paraná e se mudar para São Paulo, Renata criou um grupo de amigos que está sempre se reunindo. “Conhecer pessoas de todo canto do país não me trouxe apenas contatos. Fiz amigos que levarei para toda a vida”, garante. Essa busca de diferentes possibilidades e outras formas de empreender, segundo a coach de executivos Cláudia Klein, faz parte de uma nova busca da mulher por alternativas que conjuguem realização profissional e vida pessoal. “Elas têm flexibilizado mais sua definição de sucesso e realização com o mundo do trabalho e buscado alternativas para sua carreira por meio de novos contatos e uma maior rede de relacionamento”, afirma Cláudia.
Clube das Luluzinhas
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pesar de terem muito a trocar e acrescentar à conversa, algumas mulheres perdem a chance de conhecer novas pessoas por causa da timidez em ambientes dominados pelos homens. Pelo menos foi isso que a jornalista Lúcia Freitas observou quando organizou o primeiro BlogCamp do Brasil, em 2007. “A presença de mulheres foi tão baixa que resolvi tentar entender o que estava acontecendo. Eu sabia que havia muitas escrevendo blogs no Brasil, alguma coisa tinha que estar errada”, explica. Foi quando Lúcia decidiu organizar uma reunião de blogueiras, na qual homem era proibido, em agosto de 2008. O encontro reuniu 120 mulheres e foi um sucesso. “Tudo foi organizado de forma coletiva, divulgado no boca a boca virtual, sem patrocinador ou dinheiro”, explica a jornalista. Surgia o Luluzinha Camp, um ponto de encontro em que mulheres, com idades, profissões e histórias diferentes, trocam informações, fazem amizade e constroem uma rede profissional. “Precisamos de uma instância coletiva em que possamos discutir diversos assuntos, fazer novas amizades e perceber que não estamos sozinhas”, diz Lúcia. “Viramos uma central de ajuda para a mulherada. A gente indica empregada, terapeuta e de tudo um pouco”, brinca. Quase quatro anos depois, as Luluzinhas já são mais de 500 e se encontram diariamente na internet. Nos encontros nacionais e regionais, no Rio de Janeiro, Salvador, Florianópolis, Brasília e Tubarão, o número varia entre 100 e 120 participantes. Lúcia afirma que o Luluzinha Camp acabou virando uma vitrine para as mulheres na internet. “Imagine o valor de estar em um evento para o público feminino que está na boca de um monte de blogueiras? Isso traz uma força viral muito grande que, se não tiver retorno na hora, vai trazê-lo em pouco tempo”. A prova disso são as parcerias profissionais que já saíram do grupo. “Das Luluzinhas que estiveram no primeiro encontro, todas, exceto eu, estão trabalhando em grandes agências de mídias sociais”, finaliza.
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Pratique a gentileza bom-dia, por favor e obrigado são o tripé para um ambiente saudável e cordial Por Daniela de Lacerda Ilustração Mariana Belém
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o fim do século 19, uma mulher se faz passar por homem para conseguir trabalho em um hotel. Outra, também para sobreviver num mundo dominado por eles, incorpora as roupas, a postura e a profissão do falecido marido, tornando-se um pintor de paredes. Disfarçam-se sob o vestir e também sob o agir, estereotipadamente masculinos. Na primeira década do século 21, o número de mulheres em cargos executivos das 500 maiores empresas do país duplicou. No guarda-roupa de muitas delas, vestidos em lugar de terninhos. Na mesa de reunião, firmeza, sim, mas com delicadeza. Não há mais que se disfarçar o ser mulher. Há que simplesmente ser. E ganhar com isso. O mordomo/garçom Albert Nobbs (vivido por Glenn Close em filme de mesmo nome) e seu amigo pintor (Janet McTeer) valeram às atrizes merecidíssimas indicações ao Oscar deste ano por seus papéis no filme de Rodrigo García. Na vida real, executivas passaram décadas tentando se desvenci-
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lhar de arquétipos masculinos impostos a elas pelas organizações. Até que finalmente conseguiram. “A mulher precisou se masculinizar para conseguir seu espaço no mundo corporativo. Mas esse passo a gente já deu”, diz a executiva Camila Valverde, 37 anos. Diretora de sustentabilidade do Walmart Brasil, é uma mulher doce e gentil, que gosta de se sentir feminina e faz o tipo família. Coisa de mulherzinha? Sim. De mulherzinha poderosa. Desse jeitinho aí — em nada parecido com a típica imagem da chefe-general —, Camila começou como estagiária e hoje ocupa um dos cargos de maior responsabilidade na empresa. “Nunca dei espaço para preconceito. E sempre entreguei resultados.” Pois que venham os resultados, atrelados a mais graça, leveza e cortesia. Esqueça as amarras impostas pelo gênero. E, principalmente, os protótipos machistas de poder. Nunca foi tão permitido e produtivo ser uma lady. “Falar palavrão, bater na mesa, gritar ou humilhar são atitudes completamente fora do contexto do mercado, tanto para
eles como para elas”, diz a consultora de etiqueta corporativa Renata Mello. Hoje, o que conta pontos, e muitos, é exatamente o contrário. “O ambiente organizacional se baseia em relações interpessoais. Se você estabelece vínculos de respeito, consideração e parceria, consegue um retorno muito melhor.” É simples assim: um pedido feito educadamente tem muito mais chances de ser prontamente atendido. Outro, rispidamente imposto, corre um grande risco de ir direto para o fim da fila. De uma maneira mais ampla, esse raciocínio vai pautando toda a sua trajetória na companhia. Ser sempre muito bem-educada com todos (todos mesmo), respeitar as diferenças e evitar julgar são sinônimos de boas maneiras e, consequentemente, de um ambiente mais positivo, mais agradável e muito mais eficiente. Os indispensáveis bom-dia, por favor e obrigada conquistam simpatia. O olho no olho mostra que você se importa com quem está falando e com o que está ouvindo. O tom de voz, mais para bai-
xo do que para alto, indica respeito. O interesse pelo outro mostra consideração. E tudo isso junto passa uma boa imagem não só de você mesma, mas da sua empresa. Alguns deslizes, no entanto, podem botar tudo a perder, alerta Renata Mello. Nada de confundir feminilidade com sensualidade. Nem com uma postura infantilizada e melosa. Do mesmo modo, nunca esqueça que há, sim, limites entre o universo pessoal e o profissional. É legal ser simpática e conversar sobre o mundo lá fora, mas sem exageros. Reserve os apelidos carinhosos para a sua família e nunca, jamais, nem no banheiro e de luz apagada, como diria Danuza Leão, revele intimidades ou perca o controle emocional. Lady que é lady mantém a classe. Sempre. P.S. Claro que nem toda mulher faz o tipo doce e angelical, nem todo homem faz o tipo ríspido e durão. Que venha a diversidade, com todas as suas singularidades. Mas sempre com muito respeito, gentileza e educação. Para Albert Nobbs, com amor.
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Do papel para a
internet
Pensando em abrir um negócio virtual? Antes, leia as dicas de duas empreendedoras que já transformaram a ideia em realidade
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Por Ana Paula Calabresi Ilustrações Bruna Zanardo
er um negócio na internet pode parecer tarefa fácil: é mais barato, flexível e conveniente. Mas, acredite, os desafios encontrados por empreendedores digitais são grandes. “Abrir um negócio nunca vai ser simples”, afirma Silvia Valadares, gerente de relacionamento com startups da Microsoft no Brasil. O mesmo nível de planejamento e organização requeridos na criação de empresas no mundo real é igualmente necessário no ambiente virtual. Não basta ter uma boa ideia. “Ideia é uma coisa que pipoca em toda esquina. Tem que ter disciplina para executá-la”, diz Silvia. A carioca Vanessa Caldas é CEO da Amo Muito (www. amomuito.com), loja virtual de acessórios femininos, inaugurada há dois anos. Vanessa percorreu uma longa estrada até decidir encarar o desafio de ter uma empresa na internet. Aos 19 anos abriu uma cafeteria, mas depois de três anos 70
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resolveu experimentar o ambiente corporativo e foi trabalhar em outras organizações, na área de marketing. “Eu queria voltar a ter meu negócio, mas, até isso acontecer de novo, demorou. Eu pesquisei muito, pensei em abrir comércio, franquia, consultoria”, lembra Vanessa. Ela acredita que a experiência adquirida nas diversas companhias em que trabalhou antes de virar empreendedora novamente foi fundamental para que a Amo Muito seja um negócio bem-sucedido. No segundo ano de funcionamento, seu faturamento triplicou. Para abrir um negócio na internet, ou fora dela, é preciso lidar com riscos e estar ciente de que um bom planejamento é fundamental. Em 2008, Maria Carolina Cintra criou a Kingo Labs, uma startup de programas para métricas de mídias sociais. A empresa durou apenas três anos, encerrando suas operações no ano passado. Maria Carolina atribui o fracasso da Kingo Labs à falta de experiência que
Cadê as mulheres?
ela e os sócios tinham na época em que criaram a empresa. A falta de envolvimento do investidor contribuiu para que o negócio ficasse sem rumo. Felizmente, da Kingo Labs saiu o Sorteie.me, um aplicativo que Maria Carolina criou com sua equipe em 2009 para a realização de sorteios na internet, um dos primeiros no mundo. O programa ganhou popularidade no Facebook e no Twitter e hoje tem cerca de 1,5 milhão de usuários por mês. Segundo a empreendedora, “o Sorteie.me é um negócio completamente digital, enxuto e lucrativo”. No fim de março, Maria Carolina inaugurou um novo empreendimento digital: o Socialle (www.socialle.com.br), uma ferramenta integrada com o Facebook para viabilizar a realização de desejos dos usuários. Ela está confiante: “Estou começando do jeito certo — agora eu conheço bem mais os meus sócios do que conhecia na época do primeiro empreendimento”.
Apesar de liderarem metade dos empreendimentos brasileiros, as mulheres ainda são minoria na internet. Uma pesquisa do grupo RBS mostra que 75% dos empreendedores digitais são homens. Silvia Valadares, da Microsoft, manda um recado para o time feminino: “Muitas mulheres trabalham em startups nas áreas de marketing e recursos humanos. Precisamos mudar a educação que a gente dá aos nossos filhos: menina também pode fazer matemática! Temos que quebrar esses tabus porque o país está precisando de profissionais em ciências exatas”. Outra questão para aumentar a participação das empreendedoras nesse mercado é a capacidade de se relacionar e construir uma rede de contatos eficiente. “As empresas dos homens tendem a dar mais certo porque eles estão focados em networking. Às vezes, negócios são fechados no futebol, na happy hour. As mulheres precisam aprender a fazer networking desde cedo, se expor mais, criar grupos para falar de oportunidades”, diz Silvia. “Algumas mulheres não têm coragem suficiente para acreditar que podem criar a próxima Microsoft ou o próximo Facebook. O homem acha que pode virar o dono do mundo amanhã, que pode construir coisas imensas.”
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A seguir, as lições aprendidas pelas duas empreendedoras digitais e que podem ser úteis para você colocar sua ideia na internet Trâmites burocráticos
Tirar uma empresa do papel leva tempo. Você deve considerar todos os mecanismos legais para a criação de um empreendimento digital e se preparar financeiramente para os meses anteriores à inauguração do negócio. Apesar de o site da loja Amo Muito ter ficado pronto em dois meses, Vanessa teve de esperar mais quatro para inaugurar. “Era para ter ido ao ar em dezembro de 2009 e, por causa de alvará, só aconteceu em março de 2010. Toda minha reserva financeira, que já era pouca, acabou”, lembra. Maria Carolina, da Sortei.me, também enfrentou desafios semelhantes: “Demoramos meses para ter um contrato social e para entender como seria feita a contabilidade da empresa, porque não tem contador que entenda de internet no Brasil”. Pequenos passos
Seja realista e invista em infraestrutura de acordo com a necessidade da empresa. Maria Carolina confessa ter jogado dinheiro fora no primeiro ano da Kingo Labs, que tinha um escritório perto da Avenida Paulista, equipado com computadores de última linha e muitos funcionários. “A gente começou grande para fazer coisas pequenas, em vez de começar pequeno para fazer coisas pequenas.” Em comparação, a Amo Muito começou dentro da casa de Vanessa, mudou para um escritório compartilhado com outras três empresas depois de dois meses, quando o estoque de mercadorias aumentou, e só se mudou para um escritório próprio no fim do primeiro ano. Dedicação exclusiva
Muitas pessoas abrem empresas enquanto ainda estão empregadas. Apesar de ser possível, o desgaste é muito grande e há risco de o novo negócio demorar a engrenar. Vanessa saiu da empresa em que trabalhava para se dedicar exclusivamente a seu empreendimento. “As pessoas querem abrir um negócio, mas querem manter seu emprego estável, seu salário no fim do mês. Se eu tivesse feito isso seria uma catástrofe”, afirma Vanessa. 72
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Área de competência
Maria Carolina aprendeu que não podia fazer tudo sozinha: “Se você colocar a área administrativa nas mãos de uma pessoa técnica, em algum momento tudo vai dar errado”. Na Socialle, ela tem a ajuda de uma especialista para cuidar dessas questões, enquanto se concentra em suas áreas de experiência: criação e tecnologia. Seja paciente
É necessária muita coragem para encarar um desafio na internet. É um mercado relativamente novo, do qual ainda não há dados suficientes para saber o que dá certo e o que não dá. “Claro que há vários exemplos de sucesso, mas na internet tudo vira sucesso instantâneo ou fracasso retumbante em 24 horas. Então, passar dessas 24 horas é um desafio. Precisa de muita maturidade, muita paciência”, diz Maria Carolina. Erre para aprender
Como tudo na vida, abrir um negócio virtual é um grande aprendizado. Não tenha medo de errar. As empresas por onde Vanessa passou foram escolas em que aprendeu os segredos de tocar um negócio próprio: “Com 19 anos eu não tinha experiência. A maior parte do que sei aprendi em outros lugares, tentando. Todo mundo erra, eu continuo errando, é normal”. busque apoio
A jornada dupla das mulheres, que ainda são as grandes responsáveis por administrar a casa, faz com que o desafio de empreender seja ainda maior do que é para eles. Para Silvia Valadares, da Microsoft, a mulher precisa contar com apoio da família e ter determinação para não sentir culpa por estar investindo tempo em sua ideia. “Se não conseguir fazer com que o marido ou o namorado entenda que vai precisar virar a noite trabalhando, ela não vai levar o empreendimento adiante.”
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Na palma da
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Escolher o look ideal, controlar os gastos do mês, estar sempre alerta aos compromissos mais importantes, contabilizar as calorias diárias, sem esquecer o treino para manter o corpo em forma. Tudo isso na ponta dos dedos Por Roberta Queiroz
Para malhar / Nike+ GPS O que faz: este aplicativo é para quem pratica corrida ou caminhada e quer monitorar o desempenho físico. Ajuda a definir metas, mapeia as corridas e monitora o progresso no treinamento. Você pode compartilhar o treino com amigos. | Quanto custa: 1,99 dólar
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Para cuidar da silhueta /
Boa Forma O que faz: você conta o que comeu e quanto fez de exercício no dia e o aplicativo lhe diz se o balanço calórico foi positivo ou negativo. Tem ainda uma tabela nutricional com mais de 2500 alimentos e uma ferramenta para controlar o consumo de água. | Quanto custa: gratuito
Para ajudar com o supermercado / BoaLista
O que faz: com uma base de lojas e de produtos, o aplicativo permite que você compare preços, monte sua lista e acompanhe seus gastos no supermercado. Com o sistema de leitura de QR Code, antes de chegar ao caixa é possível saber o valor total da compra. Quanto custa: gratuito
6 Para controlar as finanças pessoais
/ PocketMoney O que faz: o gerenciador financeiro ajuda no controle de seu dinheiro. É possível anotar os gastos por categoria — manutenção do carro, impostos, supermercado, compras, viagens etc. — e o saldo de sua conta no banco. No fim do mês, fica mais fácil calcular os totais e analisar em que é possível economizar. | Quanto custa: 4,99 dólares
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5 Para melhorar a produtividade / Priorities O que faz: é um app simples de tarefas e listas que auxiliam a priorizar atividades e ações profissionais e pessoais. A ferramenta também dispõe de alertas para ajudar a lembrar as tarefas marcadas. | Quanto custa: 2,99 dólares
Para ficar na moda
/ TrendStop.com Fashion O que faz: o app mostra fotos e vídeos dos desfiles das principais semanas de moda do mundo. É possível acompanhar as tendências com notícias diárias, enviar fotos de seus próprios looks e compartilhá-los com os amigos no Twitter, no Facebook ou por e-mail. | Quanto custa: gratuito
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Nem tão
diferentes Uma pesquisa da Accenture mostra que homens e mulheres enfrentam PRATICAMENTE as mesmas barreiras profissionais e têm perspectivas muito parecidas Por Karla Spotorno
57%
H
das mulheres e 59% dos homens estão insatisfeitos com seu trabalho ou procurando uma nova colocação profissional.
omens e mulheres são bem menos diferentes do que se imagina quando o assunto é a vida profissional. Eles dizem estar tão insatisfeitos com seus empregos quanto elas. Os motivos são muito parecidos: excesso de trabalho, longas horas no escritório e falta de perspectivas para continuar crescendo na empresa. Para conquistar um novo cargo ou um aumento de salário, eles e elas tratam de assumir novas responsabilidades e esperam (um dia) ganhar o devido reconhecimento. Uma recente pesquisa da consultoria Accenture revelou que as poucas diferenças entre executivos e executivas recaem sobre aspectos da vida pessoal. Elas dizem que, ao voltar da licençamaternidade, sentiram um impacto na velocidade de ascensão na escada corporativa. Também reclamam (mais do que eles) quanto ao peso das demandas familiares no dia a dia. Nesse sentido, as brasileiras demonstram estar numa situação melhor do que a média das mulheres nos 31 países pesquisados. Apenas 15% dos entrevistados no Brasil reclamaram da desaceleração na carreira provocada pelas tarefas domésticas, como arrumar a casa, cuidar dos pais ou levar e buscar os filhos na escola. Apesar da insatisfação de mais da metade dos profissionais pesquisados, 69% não pretendem sair imediatamente da empresa. A flexibilidade no trabalho é o motivo apontado por 64% dos 3 900 executivos e executivas entrevistados para não abandonar o emprego. Talvez esteja aí um bom recado para as organizações.
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r não
em
23%
dos executivos e das executivas disseram que 30% enfrentam uma carga das mulheres e de trabalho muito 31% dos homens afirmam que sentem pesada.
suas carreiras estagnadas e não veem possibilidade de mudanças a curto prazo.
20% das mulheres e 18% dos homens
dizem que estão cansados ou totalmente desmotivados no trabalho.
46% das mulheres
23% das mulheres e 17% dos homens pesquisados
23% delas e 24% deles responderam que veem oportunidades para crescer na mpresa onde estão.
17% das executivas e 19% dos executivos
17% das executivas e 19% dos executivos afirmam que o chefe tem barrado o avanço de sua carreira.
procuram assumir novas responsabilidades em busca de uma remuneração melhor.
11% delas e 12% deles
dizem que as demandas familiares desaceleram a carreira.
A média brasileira (15%) nessa questão é a quarta mais baixa entre os 31 países. O maior percentual é o da Indonésia (49%).
reclamam que sofreram uma desaceleração na carreira ao voltar da licençamaternidade. Somente 35% dos executivos sentiram o mesmo baque depois de ter filhos.
A média geral nos países pesquisados é de 40%. O número é bem mais alto do que o percentual brasileiro, que é de 20%.
reclamam da falta de treinamento como um problema para avançar profissionalmente.
Fonte: Accenture
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No horário Sair de casa na hora certa é uma tarefa árdua para a maioria das mulheres. Não desanime. É possível gerenciar seu dia para ganhar tempo e ser pontual Por Roberta Queiroz Ilustrações Fernando Volken Togni
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Decida a roupa no dia anterior
Comece a planejar a semana no domingo
Compartilhe responsabilidades
A manhã é um período de baixa produtividade para muitas mulheres. Se esse for o seu caso, deixe a roupa separada na noite anterior. “Para ser pontual e aproveitar melhor meu tempo, escolho a roupa à noite e deixo apenas os detalhes para decidir na hora”, afirma Katia Bivanco, diretora de marketing do Grupo ABC.
“Confira a agenda da semana e defina as prioridades”, orienta Christian Barbosa, especialista em gestão do tempo e produtividade. Antecipe tarefas para deixar as manhãs mais livres. “Isso evita que você perca tempo pensando no menu do almoço na hora em que está saindo de casa”, diz Ana Paula Vanzan, do blog Espaço Ordenado.
Divida antecipadamente as tarefas da semana com todos em casa. “Tento organizar meu dia de uma forma bastante prática e com distribuição de funções muito claras. Do motorista aos nossos filhos, todos têm suas funções e responsabilidades”, afirma Mônica de Carvalho, vice-presidente de business da agência de publicidade DM9DDB.
Organize acessórios e maquiagens
Tenha um guardaroupa coordenado
Utilize um sistema de pastas
Compre uma pequena caixa com divisões para seus acessórios. Coloque em cada divisão um item específico: anéis, brincos, colares. Faça o mesmo com a maquiagem. “A organização vai fazer você localizar os itens de que precisa mais facilmente”, diz Ana Paula.
“Ter peças que combinem entre si dispostas lado a lado no armário ajuda na hora de montar um look sem perder muito tempo”, afirmam Cristina Gabriele e Fernanda Resende, da consultoria de imagem pessoal Oficina de Estilo.
Crie pastas com assuntos específicos, por exemplo: carro, IR, bancos, contas a pagar, imóvel, escola, academia. “Com a papelada bem organizada na pasta correspondente, você terá facilmente sempre à mão tudo o que precisar”, diz Christian Barbosa.
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Seu astra Seu astral Por Vanessa Tuleski, do Personare (www.personare.com.br) ˜ Ilustrações Erika Inodera
OS 12 SIGNOS E AS MOTIVAÇÕES NA CARREIRA
Áries
de 21/3 a 20/4
Autonomia é o que este signo mais preza, e inteligente será o chefe que souber disso, pois a ariana fará muitas coisas por conta própria. Ela necessita de um ambiente pouco restritivo e prefere ser avaliada por resultados a pequenos detalhes do dia a dia. Gosta de estar sempre ocupada. Autoconfiante e ambiciosa, aspira crescimento — e logo. Encaixa-se melhor em setores em busca de novos talentos, pois gosta de desafios e de áreas não exploradas, em que deem carta branca para implantar ou começar algo.
de 23/9 a 22/10
Touro
de 21/4 a 20/5
Gêmeos
de 21/5 a 20/6
Este signo busca coisas bastante concretas, como salário, benefícios e estabilidade. Levará esses itens em conta na hora de escolher uma empresa, e preferirá aquelas bem estabelecidas e consolidadas ou com potencial para isso. Estuda sua carreira em termos de longo prazo. Prefere executar tarefas que envolvam qualidade e um trabalho de base, em vez de lidar com urgências. Tende a ser leal e comprometida, vestindo a camisa, mas no dia em que decidir ir embora não adiantará tentar segurá-la.
Avessa ao tédio e ao isolamento, a geminiana requer um ambiente com novidades, pessoas, possibilidade de contato e muita circulação. Leveza é essencial para este signo, que tem de ter espaço para brincar e para usar seu senso de humor. Produz melhor com algumas pausas, por isso o ambiente não poderá ser muito restritivo ou formal. É também muito motivada para aprender coisas novas, ficando mais feliz em lugares mais antenados e articulados e também em empresas em que possa fazer cursos e ter experiências novas.
de 23/10 a 21/11
de 22/11 a 21/12
Libra
Escorpião
Sagitário
A libriana precisa de um mínimo de harmonia, por isso não convive bem com chefias injustas ou grosseiras. Também é extremamente complicado para ela lidar com lideranças ultra-exigentes, as quais tentará atender, mas não sem grandes desgastes no longo prazo. Sociável, costuma se dar bem em ambientes com muitas pessoas, como grandes empresas, bancos ou locais onde atenda o público. Ela tem habilidades mentais destacadas e, por isso, se sairá muito bem em atividades que envolvam raciocínio e planejamento.
Este é o signo do “amo ou deixo”, de maneira que ou é uma funcionária feliz ou passa a ter comportamentos dissonantes e pessimistas. Precisa acreditar na chefia para que sinta que pode dar sua valiosa contribuição. Mas, se perceber bastidores que não a agradam, será a primeira a se esquivar e querer não fazer muita coisa. É uma excelente investigadora e capaz de mergulhar fundo no que faz. Gosta de tarefas importantes e significativas. Necessita se concentrar e de ambientes que possibilitem isso.
A exigência número 1 deste signo é poder crescer. Com isso, a sagitariana irá demonstrar todo o seu entusiasmo e proatividade. Ela precisa muito de estímulo e reconhecimento, tendo um desempenho proporcional ao grau em que é notada, ou então torna-se desinteressada. Trata-se de uma promotora nata, adequando-se bem a funções em que tenha de transmitir ideias e filosofias. Mas é preciso que acredite de fato no seu produto e na empresa. Deve ter seu talento para multiplicar contatos explorados.
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ral de 21/6 a 21/7
Câncer
Leão
de 22/7 a 22/8
Virgem
de 23/8 a 22/9
O local de trabalho deve ser a segunda casa da canceriana, precisando, portanto, ficar à vontade e construir relações. O ambiente tem de ser minimamente acolhedor, um lugar em que as festas de aniversário sejam afetuosas. O emocional influi em seu trabalho, sendo que a produtiva canceriana dará ainda mais de si quando gostar da empresa e da chefia, podendo ir bem além dos resultados esperados pelos superiores. A vida pessoal é importante, por isso não deve ser subordinada a chefes muito rígidos e muito impessoais.
A leonina faz tudo com capricho, tende a ser leal e responsável, por isso tem de ter seu empenho e boa vontade sempre reconhecidos. Muitas gostam das oportunidades de se expor e se apresentar em público, e mesmo as mais tímidas se esmeram em causar uma boa impressão quando têm de representar a empresa. A identificação com a chefia é um dos pontos focais para este signo, que precisa sentir admiração pelos seus chefes e sentir que é apreciada e respeitada pela equipe. Se não gostar dos superiores, irá se fechar.
Eis um signo que gosta muito de trabalhar e que fica melhor em um ambiente motivado por objetivos e resultados elevados, com constantes melhoras e aperfeiçoamentos. A virginiana terá sempre prazer em realizar. É muito importante que tenha a chance de intervir nos métodos de trabalho, procurando lógica e organização melhores para eles. Embora esteja disposta a sacrificar sua vida pessoal, é necessário que tenha o devido reconhecimento material ou psicológico, pois em geral se torna útil e indispensável a seu setor.
de 22/12 a 20/1
de 21/1 a 19/2
de 20/2 a 20/3
Capricórnio
Aquário
Peixes
A vida profissional é uma das áreas de mais importância para este signo. Por isso, não poupa esforços em sua formação e especialização, esperando um dia ser reconhecida e ganhar muito bem. Não se incomoda em trabalhar duro e assumir grandes responsabilidades. Ajustase bem a ambientes com regras claras e bom plano hierárquico, em que se possa subir degrau por degrau e em que as lideranças valorizem a lealdade, a responsabilidade e a capacidade de gerar resultados — exatamente seus pontos fortes.
Este signo respira liberdade, por isso jamais se deve prender uma aquariana em um setor em que não queira mais estar. Terá destaque em um ambiente em que o importante não seja o quanto a pessoa seja certinha ou perfeita, mas sim que possa olhar para a contribuição original que ela tem a dar. Costuma ter visão sistêmica e lógica das coisas e boas ideias para sugerir. Gosta de estar em grupo e tem humor afiado, mas pode bater de frente com figuras de autoridade com as quais não concorde.
Os vínculos de trabalho são importantes. Sensível, a pisciana não sobrevive bem em ambientes com um grau elevado de hostilidade e negatividade, por isso sua primeira necessidade é de paz. Quanto ao trabalho, ela tenta se organizar de maneira a fazer várias coisas no automático e cometer o mínimo de erros possível, pois tem um lado avoado que tenta domar. É fundamental para a pisciana intercalar horas produtivas com o descanso, sendo que ela também volta renovada depois de umas boas férias!
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Xô,
sabotagem
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á tempos você não ganha uma promoção. O seu salário está abaixo da média do dos colegas com o mesmo cargo. E, pela enésima vez, você não é convidada para participar de um projeto ou de uma oportunidade que lhe daria grande exposição na empresa. Você não é a única nessa situação, se isso lhe conforta. Outras mulheres — analistas, gerentes ou diretoras — passam pelos mesmos problemas. Talvez seja a hora de enfrentar a realidade. Esse misto de estagnação e falta de reconhecimento pode ser, pelo menos em parte, culpa sua. Em uma palavra: autossabotagem. A remuneração média mais baixa das mulheres resulta, em muitos casos, do fato de elas não negociarem quanto vão ganhar antes de aceitar o emprego. “Muitas se sentem tão agradecidas por terem sido escolhidas que nem questionam o que é oferecido”, afirmam Linda Babcock e Sara Laschever no livro Women Don’t Ask 62
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(“Mulheres não pedem”, numa tradução livre). Em uma pesquisa, as autoras descobriram que 57% dos homens costumam fazer essa negociação e somente 7% das mulheres fazem o mesmo. Muitas dizem ficar apreensivas com a possibilidade de entrar em conflito com o interlocutor, por isso não negociam. Outros estudos revelam que, apesar de gostarem de competir, as mulheres conseguem resultados inferiores quando seus oponentes são do sexo masculino. Uma dessas pesquisas demonstrou que alunas boas em matemática tiravam notas baixas em exames ao serem lembradas do estereótipo de que meninas são competentes em letras, não em números. Esse comportamento é resultado da “ameaça dos estereótipos”, um conceito da psicologia social estudado pelo americano Claude Steele. Funciona assim: as pessoas estereotipadas como incompetentes em uma atividade ficam tensas e perdem a concentração quando têm suas habilidades colocadas à pro-
va. Normalmente elas falham ou, pior, desistem de participar da competição. Em um outro estudo, Joseph Price, professor da universidade americana Brigham Young, demonstrou que os homens se candidataram mais rapidamente a vagas de bolsas de estudo depois que souberam que a seleção seria um processo competitivo e que havia mulheres inscritas. “É preciso entender que aumentar o grau de competição entre as pessoas [de uma empresa ou universidade] eleva o resultado médio do grupo [afinal, só os melhores vencem], mas também aumenta as diferenças de conquista entre homens e mulheres”, afirma o professor em um artigo de 2008. Aloisio Buoro, professor de comportamento organizacional do Insper, lembra que o mundo corporativo ainda é bastante masculino. “Já melhorou muito, apesar de o discurso das empresas ainda não se refletir em mais mulheres no topo”, afirma. Ele lembra que “antigamente, diziase que, quando uma mulher era ex-
Foto arquivo pessoal
A estagnação na carreira nem sempre é culpa da falta de sorte ou de oportunidades. Reflita sobre suas atitudes. Elas dizem muito mais do que você imagina sobre seu progresso profissional Por Karla Spotorno
Marilia Figueiredo, gerente da Henkel, e o filho, Lucas: depois que ele nasceu ela negociou e mudou de vez o horário de trabalho
celente gestora, ela tinha um perfil masculino”. “A gente ainda vive num mundo onde a verdade masculina é absoluta.” Uma executiva assertiva, muitas vezes, é vista como agressiva, autocentrada ou até mesmo irresponsável ao se candidatar a um projeto que exigirá, aparentemente, muito mais do que sua capacidade. “O homem, nessa situação, é visto como ousado”, diz a coach Eliana Dutra.
Em alguns momentos, Marilia Figueiredo, gerente de P&D e inovações de embalagem de consumo da Henkel, sente esse tratamento diferenciado. Quando expõe rigorosamente sua discordância em uma discussão, alguns colegas perguntam se ela está brava. Marilia acha engraçada a reação, mas não se abala. “Há situações em que, se eu não falar com firmeza, as pessoas não vão sen-
tir credibilidade”, afirma a executiva de 36 anos que administra 11 funcionários, distribuídos em três equipes. Para acabar com a autossabotagem, Eliana Dutra sugere uma atitude que considera essencial: controlar a tensão e o sentimento de injustiça e manter-se absolutamente racional. A defesa de seu aumento de salário deve ser feita com base nos resultados conquistados no trabalho, não pelo tempo de serviço, por exemplo. Eliana também recomenda que a mulher construa uma relação de confiança com o gestor. “Exponha sua capacidade e seu interesse para assumir novos desafios. E saiba estabelecer limites”, diz. Foi exatamente isso que a engenheira Marilia fez. Quando voltou da licença-maternidade à Henkel, procurou seu gestor para explicar que trabalharia das 8h às 17h. Ela precisaria sair nesse horário para buscar o bebê na creche. “Nunca tive problema com isso”, diz. O pequeno Lucas já está com 2 anos e meio. E a negociação de Marilia continua valendo.
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Salário Por Roseli Loturco
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elástico
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esde os 19 anos, quando conquistou seu primeiro emprego como estagiária, C.F., que se autoclassifica como uma “consumidora nervosa”, começou a usar o limite de seu cheque especial, e não parou mais. Conforme galgava novos cargos e sua receita engordava, suas dívidas se expandiam na mesma proporção. O cheque especial passou a ser uma extensão de seu salário. Hoje, aos 25 anos, diversifica seu uso em dois bancos diferentes – Santander e Bradesco — para poder gastar mais e mais. Qualquer motivo é suficiente para fazê-la entrar em uma loja de grife. “Briguei com o namorado. Em uma única loja, queimei 500 reais, o que me deu um prazer imediato e aliviou um pouco a dor que sentia”, diz a profissional, ainda em início de carreira mas relati-
vamente bem-sucedida. Há dois anos trabalhando como analista de recursos humanos (ela prefere manter em sigilo seu nome e o da empresa, só autorizando a publicação de suas iniciais), tem renda de 3 500 reais e dívidas que somam 1 952 reais mensais. Na ponta do lápis, descontando o Imposto de Renda retido na fonte, sobram pouco mais de 500 reais para colocar gasolina no carro, se vestir, se alimentar e se divertir. O que explica, de certa forma, por que C.F. está no cheque especial de dois bancos. “Não abro mão de me divertir. Saio quase todos os dias e sempre gasto mais do que deveria.” A analista de recursos humanos, que também investe alto em sua formação por meio de mestrado e cursos de inglês e italiano, é o retrato de milhares de mulheres que se estima estar endividadas hoje no país. São várias as for-
fotos: istock
Dotadas de um instinto consumista compulsivo, muitas mulheres usam o cheque especial e o cartão de crédito como extensão da renda, se iludem com compras imediatas e enlouquecem com dívidas longas
mas de endividamento, mas a grande maioria se enrola mesmo é no cheque especial e no cartão de crédito, comprando constantemente pequenos mimos — a si própria ou aos outros. “O que acontece é que muitas vezes elas compram por impulso e, com um cartão de crédito na mão, têm a ilusão do dinheiro fácil. Só percebem quanto gastaram quando chega a fatura”, explica o pesquisador Fabiano Guesti Lima, do Instituto Assaf, especializado em finanças. Esse tipo de relação de consumo, característica do público feminino, leva a mulher a perder muito dinheiro pagando juros do cheque especial e do crédito rotativo, que, em fevereiro deste ano, bateu a casa de 10,69% ao mês, ou 238,30% ao ano. “Não é razoável. Ao cair nesse tipo de endividamento, deve-se tentar, num primeiro momento, quitá-lo à vista. Se não der, a renegociação com o banco é um bom caminho e deve ser feita em parcelas fixas que caibam no bolso”, orienta Fabiano. O ideal é que o percentual a pagar não ultrapasse 30% da receita individual. Uma outra saída é a portabilidade do crédito. Por meio de pesquisa e negociação com os bancos é possível descobrir qual instituição
cobra a menor taxa de juros pelo mesmo tipo de crédito e pedir a transferência de seu financiamento.
círculo vicioso
Ter como objetivo “sair do cheque especial” ou mesmo “fugir do crédito rotativo” é o primeiro passo para conseguir escapar do círculo vicioso da dívida. “Normalmente, a mulher se endivida em pequenas compras, que se transformam em grandes volumes, enquanto o homem, que muitas vezes se gaba de comprar pouco, adquire um carro e contrai dívida em várias parcelas, comprometendo grande parte do orçamento. É preciso ter determinação para fugir disso”, diz Erasmo Vieira, consultor e sócio da Planilhar Planejamento Financeiro. No caso de C.F., uma alternativa para sair do sufoco, na opinião do especialista, seria contratar um crédito pessoal no valor de 1 000 reais, com juros bem abaixo do que ela paga atualmente — em média, 3,99% ao mês —, quitar a dívida velha e dividir a nova em 12 parcelas de 100 reais. “Esse é o valor que ela paga nos juros mensais do cheque especial”, calcula Erasmo.
Dicas para se livrar de dívidas abusivas Não entrar no crédito rotativo do cartão nem nos juros do cheque especial. O que se paga de juros é abusivo. Renegocie com seu banco os juros pagos nesses produtos e não os use como forma de financiamento. Contrate outra linha de crédito pessoal com juros menores e quite a dívida anterior. Enquanto os juros do cheque especial e do cartão de crédito estão em média 10,69% ao mês, no crédito pessoal estão em 3,99%. Pesquise as taxas cobradas pelos bancos e peça a portabilidade do crédito para uma instituição que cobre juros menores. Fonte: Mário Amigo, professor da Fipecafi e da FIA e sócio da PPS Consultoria
Mais grana para investir As mulheres subiram mais um degrau no mundo dos investimentos e não vivem só de dívidas no cheque especial e no cartão de crédito. Quando conseguem organizar as finanças e se livrar do endividamento, elas costumam se transformar em investidoras organizadas. Pesquisa feita pelo segundo ano consecutivo pelo instituto Sophia Mind traz uma radiografia detalhada sobre como e onde elas estão dispostas a aplicar seus recursos. O levantamento ouviu 1 157 mulheres entre 18 e 60 anos, de diferentes profissões e classes sociais — todas com autonomia financeira. A grande maioria, 67%, disse que pretende aumentar o total de recursos investidos nos próximos 12 meses, independentemente de estarem endividadas. Ao investir, a mulher não pensa só nela, mas, principalmente, nos filhos e na família. O instituto, que busca mapear os hábitos de consumo do sexo feminino, detectou que elas estão mais ousadas e conscientes. “Intuitivamente, as mulheres acabam seguindo as regras básicas do mercado, pois costumam diversificar os investimentos para além da poupança e ampliar sua exposição não só em renda fixa, mas também em variável”, avalia Isabela Portella, gerente de inteligência de mercado da Sophia Mind. Se comparada à mesma pesquisa feita no ano anterior, aumentou em 56% a quantidade de mulheres que pretendem investir no mínimo 10% de seus recursos em novos produtos financeiros. “Esse movimento deve se elevar ainda mais até o fim deste ano”, diz Isabela.
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Fernanda lima, executiva do setor financeiro: em sua gestão, a receita da gradual investimentos passou de 1 milhão para 100 milhões de reais em seis anos
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Elas chegaram S
lá
ão indiscutíveis a ascensão da mulher no mercado de trabalho e as conquistas sociais que acompanharam esse avanço. Mas ainda existem alguns tabus que rondam o universo feminino. O topo da pirâmide corporativa é uma dessas barreiras a serem superadas. A Você S/A – Edição para Mulheres apresenta a seguir a história de três vencedoras que fizeram carreira no mercado financeiro. Elas romperam o cerco masculino, fazem a diferença para a empresa em que atuam e dão brilho único ao trabalho que executam.
Histórias de três mulheres que inverteram a ordem no mercado financeiro com competência, talento e muita feminilidade Por Roseli Loturco Fotos Paulo Pampolim
Voz baixa e frases assertivas Fernanda Lima, 43 anos
Há algumas coisas na história de Fernanda Lima que são únicas e marcantes. Além de ser a primeira mulher na presidência de uma corretora de valores, ela tem feito escola e obtido grandes conquistas ao longo de seus 43 anos. Liderou no fim da década de 1990 o Movimento das Mulheres do Centro Financeiro de Londres para a criação de algo raro à época: um child care para abrigar os filhos de mulheres que trabalhavam como gestoras dentro de grandes instituições financeiras. “Eu costumava brincar que meu bônus era para pagar as horas da babá. Reuni dez mulheres de outros bancos e escritórios de advocacia da City, que não tinham onde deixar seus filhos, e fomos reivindicar o que nos parecia natural.” Fernanda trabalhava na linha de frente na área de fusões e aquisições do J.P. Morgan, uma das principais instituições financeiras do Reino Unido. Como sempre gostou de modelagem, desenvolveu modelos de avaliação de bancos brasileiros que foram usados durante muitos anos pela instituição britânica. Sem se deixar cair em tentações de propostas de trabalhos que não paravam de chegar, após oito anos a economista e matemática de formação resolveu voltar ao Brasil por causa da família (marido e três filhos). E, por falar em família,
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foi justamente no ambiente familiar que Fernanda teve os primeiros contatos com a área financeira. Seu avô era ninguém menos que Paulo Augusto de Lima, dono do antigo Banco da Lavoura, mais tarde comprado pelo Banco Real (hoje, Santander). Já o pai, Paulo César de Lima, comprou, em 1992, uma corretora de valores pequena à época, a Gradual Investimentos, empresa com a qual Fernanda teria contato direto anos depois. “Nenhum dos meus irmãos foi para a área financeira. Só eu”. Quando voltou ao Brasil, Fernanda resolveu montar um portal de informações e ferramentas financeiras, o Infomoney, vendido recentemente para a XP Investimentos. “Em 2006, quando meu pai faleceu, decidi assumir a Gradual e transformá-la numa grande corretora.” De lá para cá, a Gradual só cresceu. Saiu de uma receita de 1 milhão de reais para 100 milhões de reais no ano passado. Eram100 pessoas e uma única mulher na mesa de operações — hoje, coordena 400 funcionários, sendo dez mulheres operando. “Quando entrei na Gradual, o preconceito era forte e percebi um certo incômodo com a minha presença. Os antigos sócios de meu pai me chamavam de menininha. Foi aí que resolvi impor um novo padrão.” Com o tom de voz baixo e frases assertivas, Fernanda media cada ação cuidadosamente. A voz baixa é para forçar as pessoas que estivessem por perto (geralmente homens) a diminuir o tom e ouvir o que ela tinha a dizer. No fim de 2009, convenceu os antigos sócios do pai a sair da sociedade e comprou a parte deles. Profissionalizou e investiu em pessoas, tecnologia e em uma nova sede, na imponente Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, em São Paulo. Hoje, se considerarmos só as corretoras independentes, a Gradual Investimentos está entre as duas maiores do país.
Reciclagem constante Alexandra Almawi, 30 anos
Economista e financista, o interesse da carioca Alexandra Almawi pelas finanças começou na faculdade, quando montou duas empresas juniores e coordenou projetos de análises econômicas e financeiras para quem batia à 68
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Alexandra Almawi, economista e financista: com apenas 30 anos, já fez mais de dez cursos e especializações, mestrado e se prepara para o doutorado
porta da universidade. “Eu tinha 19 anos e me envolvi em dois projetos. Isso foi ótimo como experiência. Hoje, sei lidar com situações de risco. Não me intimido fácil.” Esse foi só o início. Mesmo sendo jovem, Alexandra construiu uma sólida formação dentro e fora do mercado de trabalho. A executiva, que nunca parou de se reciclar, tendo feito mais de dez cursos e especializações, além de duas universidades — graduação e mestrado —, já se prepara para iniciar o doutorado. “O segrego para sobreviver em um mercado como esse é se reciclar o tempo todo. Outra dica é não carregar dúvidas. Sempre penso em como resolver e ser prática diante dos obstáculos que aparecem”, diz Alexandra. Toda a sua trajetória profissional esteve relacionada à estruturação de serviços e produtos ligados à área financeira e de gestão de recursos. Desde seu primeiro estágio, na Associação Nacional dos Bancos de Investimento, Alexandra se enfronhou por esse segmento e não saiu mais. Lá, ajudou a estruturar o ranking das gestoras de recursos do mercado nacional. Um ano depois, pulou para a controladoria do BNY Mellon, com a incumbência de apontar os erros cometidos pelos clientes da
instituição, incluindo os grandes fundos de investimentos. Conforme se apropriava dos temas e ganhava moral, a financista foi galgando outros postos e áreas da Mellon e virou, em 2008, a gerente responsável pela estruturação de produtos para os gestores na área comercial. Como a vitrine de exposição de seu trabalho era grande, passou a ser cortejada por outras empresas e acabou, em maio de 2010, sendo fisgada pela Lerosa Investimentos, onde está até hoje. “Não participo da gestão, mas sim da modelagem do produto e da definição do perfil do cliente e no aconselhamento sobre em que ele deve investir.” Quando entrou na Lerosa, Alexandra lembra que a presença feminina tanto dentro da corretora quanto no mercado financeiro como um todo ainda era insignificante. Hoje, as mulheres já representam metade dessa carteira tanto em números absolutos quanto em volume financeiro. “Nos últimos dez anos, a entrada da mulher no mundo das finanças evoluiu muito e, ao que tudo indica, deve avançar ainda mais.”
Aposta na crise
Carla dos Santos , 41 anos
A decisão parecia inusitada: montar uma consultoria financeira e de gestão de recursos em meio à crise financeira internacional de 2008. Assim nasceu a CDS Brasil. Carla dos Santos, sócia-fundadora da empresa, viu na crise uma oportunidade de aproveitar seus quase 20 anos de experiência no mercado financeiro para montar o próprio negócio. “As pessoas e as organizações precisam de muita orientação financeira e, em meio à crise, esse sentimento fica ainda mais exacerbado.” A aposta de Carla parece que estava correta. Hoje, ela cuida da reestruturação de dívidas de 30 empresas do chamado middle market (médio porte) e de seis clientes pessoa física, num total de cerca de 220 milhões de reais de recursos sob sua gestão. A contabilista e administradora de formação só trabalha com quem tem, no mínimo, 5 milhões de reais para aplicar. Tudo começou aos 17 anos, quando dava aula de informática para pagar as duas faculdades que fez. Não começou a trabalhar logo de cara na área financeira, tendo de amargar alguns anos no departamencarla dos santos, gestora financeira: to de compras de algumas empresas. Foi em ela fundou sua 1993 que Carla conseguiu migrar de vez para própria consultoria em 2008 e já tem mais o setor de seu interesse. Daí investiu em uma de 30 clientes e cerca imersão em economia internacional na Univerde 220 milhões de reais sob sua gestão sidade de Coimbra, em Portugal. Ao voltar, em 1995, começou a trabalhar no antigo Banco Real de Investimentos, para cuidar de linhas de repasse do BNDES para exportação e capital de giro de grandes companhias. Depois de alguns meses, migrou para a área de estruturação de securitização de recebíveis, eurobonds e de captação de recursos externos. “Dois anos depois, fui convidada a trabalhar no corporate do Banco Real como gerente de conta. Em 1998, quando foi vendido ao ABN Amro, continuei no corporate, até 2005, quando me tornei líder de equipe no atendimento ao middle market.” Em outubro de 2007, quando o Real foi vendido para o Santander e em meio à crise que se instalava no mercado internacional, Carla viu que era hora de sair. “Além de enxergar a oportunidade que se desenhava para mim naquele momento, queria usar meus 20 anos de experiência e montar meu próprio negócio. Ao que tudo indica, eu estava certa.”
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Nécessaire básico
Que mulher fica sem seu kit de sobrevivência por mais de 24 horas? ainda mais depois de turbiná-lo com os produtos que vamos mostrar nesta reportagem. confira! Por Michelle Aisenberg Ilustração Marcelo Calenda
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ocê viaja tanto a trabalho que já se sente em casa nas salas vips dos aeroportos? Pois fuja dos efeitos que o jet lag e muitas horas seguidas dentro de um avião podem causar em sua pele e esteja sempre pronta para a próxima reunião, não importa em que continente ela vá acontecer. A saída é ter um nécessaire turbinado, com produtos para todo tipo de clima e ocasião. Fernanda Delgado, de 37 anos, é coordenadora da área de inteligência de exploração e produção da Vale Óleo e Gás, está sempre nos Estados Unidos, onde participa de treinamentos e eventos, e já elegeu seus itens favoritos. “Por ser muito vaidosa, tenho uma bolsinha só de maquiagem para viajar. Não vou nem até a esquina sem meu Falsies, um rímel da Maybeline, e o StudioFix, da M.A.C. Para o cabelo, meu truque é o Real Control, da Redken, um spray alisador. Aplico no cabelo todo, prendo por dez minutos e já estou pronta para sair”, garante. Julia Séve, diretora da Vichy e Innéov, também tem seus favoritos. “Minha maior aliada é, sem dúvida, a água termal. Carrego sempre uma versão pequena comigo. Quando saio de um voo longo ou estou muito cansada depois de uma agenda apertada de viagens, borrifo um pouco no rosto. Aju-
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da a ficar com um visual mais fresh. Também carrego protetor solar, indispensável em qualquer lugar, e desodorante. O Stress Resist, de Vichy, é ótimo. No quesito maquiagem, sou louca pela máscara azul para cílios La Roche-Posay. Comprei na França e virei fã”, diz. Fabiana Gomes, maquiadora sênior da M.A.C, ensina que um nécessaire de viagem precisa ter poucos e bons itens. “Leve apenas o que você realmente usa e escolha produtos que possam ter dupla ou tripla função, como um blush cremoso que pode ser usado como batom. Acrescente um quarteto de sombras básico, um batom poderoso e uma máscara de cílios e você está pronta para embarcar”, ensina. Cristina Vicentini, gerente de educação da Clinique, lembra que mulheres que passam muito tempo viajando precisam ter a mão itens básicos para manter a pele e os lábios hidratados e protegidos do ar condicionado do avião. “Se estiver viajando para um local de clima quente, o ideal é usar cremes mais fluidos ou soros para não chegar ao destino com a sensação de pele oleosa e brilhante. Em viagens para locais mais frios, invista em cremes mais espessos.”
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1. Eye Kohl / M.A.C Lápis preto ou marrom bem macio. Com ele, você consegue o efeito de olho esfumado em cinco minutos. 2. The Falsies / Maybelline Uma máscara dois em um: olhar básico para o dia com menos camadas de aplicação. À noite, abuse do produto e ganhe cílios volumosos. 3. Cremeblend / M.A.C Blush bem cremoso, que pode ser aplicado com as mãos e também usado como batom.
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4. Chubby Stick Moisturizing Lip Colour Balm / Clinique A cor neutra é um curinga para qualquer ocasião, sem contar o brilho e a hidratação extra que o produto garante. 5. Desodorante Stress Resist / Vichy Regula a transpiração excessiva por 72 horas, mesmo em condições de estresse, permitindo que a pele respire.
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6. Stay-Matte Sheer Pressed Powder / Clinique Pó compacto que controla o brilho e garante um efeito de pele aveludada por mais tempo. 7. Sheer Physical UV Defense / SkinCeuticals Esse fotoprotetor conta com 100% de filtros físicos na fórmula. Tem FPS 50. 8. Ceralip / La Roche-Posay Como a pele dos lábios é fina e delicada, a região é a primeira a sofrer com as mudanças de temperatura. O Ceralip é um reparador labial com manteiga de karité na composição. 9. Moisture Surge Face Spray Thirsty Skin Relief / Clinique Hidratante em spray que protege a pele do ressecamento e dá uma sensação refrescante.
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Magia
negra O PRETO REINA ABSOLUTO QUANDO O ASSUNTO É MODA NOITE. SOFISTICADO, FÁCIL DE USAR E ALTAMENTE EMAGRECEDOR, É SEMPRE UM GRANDE ALIADO FEMININO. PARA DAR VIDA NOVA AO LOOK BLACK NESTE INVERNO, APOSTE NA RIQUEZA De TEXTURAS, COMO RENDAS, BRILHOS E TRANSPARÊNCIAS, MISTURADAS E SOBREPOSTAS SEM PUDOR
Fotos Hugo Toni Styling Ana Laura Villega e Cintya Misobuchi
Vestido de tule e seda Apartamento 03, R$ 4 998, tel. (31) 3271 6067. Cinto de corrente e strass Vania Nielsen, R$ 999, no Conceito Showroom, tel. (11) 3849-5318. Bracelete com cristais Swarovski Camila Klein, R$ 755, tel. (11) 5189 4908. AnĂŠis de cristal Marco Apollonio, R$ 250 (cada), tel. (11) 3081 6370
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moda { n o i t e
Blusa de lã Mixed, R$ 297, tel. (11) 3031 7268. Saia com placas de acrílico Animale R$ 1 998, tel. (11) 3068 8043. Colar de tela e pérolas fake Opto Design, R$ 190, tel. (11) 3062 4900. Anel com strass Diferenza, R$ 602,80, tel. (11) 3061 3437, e anel esmaltado com strass Jorge Armele, R$ 198, tel. (11) 3885 1850. Carteira New Order, R$ 319, tel. (11) 3034 3222
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Casaco de lã e renda Gloria Coelho, R$ 2 780, tel. (11) 3085 6671. Vestido de renda Gomide, R$ 418, no Conceito Showroom, tel. (11) 3085 6671. Sutiã de renda Scala, R$ 69,90, tel. (11) 3598 2149. Hotpant de paetês Lança Perfume Concept, R$ 600, tel. 0300-1406900. Ankle boot Esdra, R$ 449,90, tel. (51) 3551 0203. Colar de tule bordado Marco Apollonio, R$ 380, tel. (11) 3081 6370. Anel com strass Estela Germoni, R$ 294, tel. (11) 5542 7861, e anel com cristal Marco Apollonio, R$ 250, tel. (11) 3081 6370
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Trench coat de linho Mara Mac, R$ 798, tel. (11) 3082-8902. Camiseta Vida Bela, R$ 80, Jaqueta de veludo tel. (11) 5093-8320. e canutilhos Calça Cantão, Carina R$Duek, 443, R$ 4 950, tel. (11) 3086 1292. Saia tel. (11) 3031-7007. de cetim Burana, com elastano Sapatos Dominica, R$ 228, R$ 285, 3061 0096 tel.tel. (51)(11) 3559-3600
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VOCÊ S/A S/APARA PARAMULHERES MULHERES jun.2012 nov.2011 VOCÊ
Produção de moda: André Maragno; assistente de produção: Tetê Cruz; modelos: Nahara Backes (Elite) e Bruna Mattos (Mega)
moda { n o i t e
Pelerine de lã e renda R.Rosner, R$ 8 000, tel. (11) 3129 5685. Calça de paetê Lia Souza, R$ 1 122, tel. (11) 3062 3877. Bota de camurça Schutz, R$ 520, tel. (11) 4508 1499. Anel com strass negro e branco Diferenza, R$ 602,80, tel. (11) 3061 3437 Produção de moda: Oraide Oliveira e Daylane Cerqueira Assistente de produção: Thelma Nakae Beleza: Catia Marques Modelo: Renata Klein (Way Model) Assistente de fotografia: Bruno Geraldi
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estilo
poder Na moda trabalho você pode mais. Produções elegantes, mas contemporâneas, que transcendem o clássico terninho com camisa. Veja como se destacar no mundo corporativo
Fotos Diogo Telles Styling Ana Laura Villega e Cintya Misobuchi
NO LUGAR DO TERNO, QUE TAL UM MACACÃO? Macacão de viscose com elastano Huis Clos, R$ 956, tel. (11) 3812 4021. Cinto de couro e metal Lita Mortari, R$ 590, tel. (11) 3064 3021, Ankle boot de couro, Emporio Naka, R$ 299, tel (11) 3846 1294
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USE SEDA. ESTE NOBRE TECIDO ESTÁ EM ALTA
Camisa de seda Espaço Fashion, R$ 590, tel. (11) 5181 2334. Calça de seda Faith Connexion na Acaju do Brasil, R$ 990, tel. (11) 3262 4657. Ankle boot de camurça Santa Lolla, R$ 320,90, tel. (11) 3045 8504. Anel de metal com pedra Maria Dolores, R$ 255, tel. (41) 3026 1302
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APOSTE NA PARCERIA TERNO + BLUSA TRANSPASSADA + MAXICOLAR
Terno de algodão Mixed, R$ 1 120, tel. (11) 3031 7268, blusa de seda Plisée no Conceito Showroom , R$ 912, tel. (11) 3849 5318. Colar de metal Acessórios Modernos, R$ 145, tel. (11) 3237 2145
A SAIA MÍDI É CONFORTÁVEL, RESPEITÁVEL E MUITO MODERNA
Blusa de seda Paula Raia, R$ 1 390, tel. (11) 3073 1205. Saia de ráfia de seda Apartamento 03, R$ 698, tel. (31) 3271 6067. Ankle boot de camurça Santa Lolla, R$ 269,90, tel. (11) 3045 8504. Bracelete de metal (largo) Acessórios Modernos, R$ 125, tel. (11) 3237 2145, e bracelete de metal (quadrado) Turpin, R$ 129, tel. (11) 3208 3800
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PEÇAS BEM CORTADAS PARA ELEGÂNCIA, MESMO SEM PALETÓ
Camisa de seda com couro Colcci, R$ 469, tel.: (47) 3247 3000. Bermuda de lã Triton, R$ 580, tel.: (11) 3085 9089. Ankle boot de camurça Santa Lolla, R$ 269,90, tel. (11) 3045 8504. Bracelete de metal Acessórios Modernos, R$ 98, tel. (11) 3237 2145
Produção de moda: Oraide Oliveira e Daylane Cerqueira Assistente de produção: Thelma Nakae Assistente de fotografia: Luis Cambur Beleza: Patrick Pontes (Capa) Modelo: Tainá Roland (Way Model) Agradecimento: Condomínio Centenário Plaza (Robocop)
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DO CASUAL FRIDAY PARA A BALADA
Blazer de crepe Daslu, R$ 990, tel.: (11) 3552 3033. Camisa de crepe Shop Shop Store, R$ 163, tel. (11) 3060 9224. Calรงa black jeans Ellus, R$ 319, tel. (11) 3061 2900. Escarpim de verniz Schutz, R$ 300, tel. (11) 4508 1499. Bolsa estruturada Maria Bonita, R$ 990, tel. (11) 3062 6433. Anel de metal escovado Beth Salles, R$ 180, tel. (11) 3032 3292. Colar de metal Lulu Souto, R$ 284, tel. (79) 3217 9865
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retratos do
jeans
ELAS são MULHERES DA VIDA REAL QUE, ASSIM COMO VOCÊ, AMAM USAR JEANS. ESTAS seis PROFISSIONAIS MOSTRAM COMO VESTEM E POR QUE NÃO VIVEM SEM Essa peça indispensável
Priscilla Tanaka, 29 anos, Analista de marketing
“Eu uso jeans todo dia, no trabalho e no fim de semana. Adoro, é meu melhor amigo. Ele combina com tudo, é confortável e não é preciso pensar muito para me vestir.” Casaco de tweed Giulia Borges, R$ 1 290, tel. (21) 2429 3237. Blusa de moletom e poliéster Ágatha, R$ 95, tel. (11) 5189 6656. Calça jeans Ellus, R$ 430, tel. (11) 3552 6699. Pulseira de metal, R$ 798, anel de metal, R$ 478, ambos Raphael Falci, tel. (11) 3073 0388. Sapato de couro metalizado Schutz, R$ 300, tel. (11) 4508 1499
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Fotos: G. Prado Styling: Ana Laura Villega e Cintya Misobuchi
Maria Fernanda Michelin, 38 anos, Estilista
“Não vivo sem, é essencial na minha vida. Gosto dos mais podrinhos, com lavagem marcada, e de misturar com peças românticas, para criar um contraste.”
Blusa de seda Ateen, R$ 517, tel. (11) 3816 4724. Colete de lã Bobô, R$ 698, tel. (11) 3062 8145. Calça jeans John John, R$ 458, tel. (11) 3061 9906. Brinco de metal e cristais 3:AM, R$ 240,30, tel. (11) 4306 9557. Pulseira de metal Vania Nielsen no Conceito Showroom, R$ 512, tel. (11) 3849 5318. Pulseiras pingente dragão Acessórios Modernos, R$ 125, tel. (11) 3237 2145. Anel de metal, maior, R$ 180, e anel de metal pequeno, R$110, ambos Marco Apollonio, tel. (11) 3081 6370. Bota de pelo Tabita, R$ 256,50, tel. (51) 3545 1600
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Colete de linho com aplicações de metal Paula Raia, R$ 1 022, tel. (11) 3073 1205. Blusa de malha Cavendish, R$ 158, tel. (21) 3325 5508. Calça jeans Triton, R$ 199, tel. (11) 3085 9089. Colar de metal Lita Mortari, R$ 420, tel. (11) 3064 3021. Anel de metal Mary Design, R$ 115, tel. (31) 3055 0065. Sandália de camurça My Shoes, R$ 349,90, tel. (11) 3061 2839
Fernanda Camano de Souza, 41 anos, Advogada
“Uma vez por mês os profissionais do escritório compram a autorização de usar jeans, fazendo uma doação para uma instituição de caridade. É o nosso jeans day.”
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Gabriela Prado, 37 anos, Servidora Pública do Tribunal do Estado
“De manhã, de tarde, de noite... Tenho uma relação eterna com o jeans. Ele é versátil, agiliza minha vida. Chego do trabalho, troco de sapato e estou pronta para o que vier.”
Jaqueta de lã, R$ 429, tricô metalizado, R$ 429, ambos Ágatha, tel. (11) 5189 6656. Calça jeans resinada Elisa Chanan, R$ 80, tel. (11) 3062 2672. Bota de lã CC Corso Como, R$ 475, www.corsocomo.com.br. Anel de metal e cristais Hector Albertazi, R$ 252, tel. (11) 2292 9178
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Oraide Oliveira, 23 anos, Produtora de Moda
“Jeans pra mim é curinga, por isso opto sempre pelo black ou colorido, combinado com camiseta de malha e sapatilhas de dia, e camisa com brilho e salto poderoso de noite.”
Camisa de seda bordada JouliK, R$ 329, tel. (11) 3884 7110. Calça jeans resinada Maria Bonita Extra, R$ 369, tel. (11) 3063 3609. Brincos de metal Acessórios Modernos, R$ 37, tel. (11) 3237 2145. Na mão esquerda, anel de metal e ônix Maria Dolores, R$ 345, tel. (41) 3026 1302. Sapato de couro metalizado Santa Lolla, R$ 249,90, tel. (11) 3045 8504
Produção: Daylane Cerqueira e Oraide Oliveira Beleza: Bruno Miranda (capa mgt) Assistente de foto: Flavio Melgarejo Assistente de produção: Thelma Nakae Assistente de beleza: Wesllen Johansson (capa mgt) Agradecimentos: Objetos de Cena, tel. (11) 3258 6054, e Madeiras Pinheiro, tel. (11) 3030 0800
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Ana Paula Marques, 38 anos, Publicitária
“Jeans pra mim é a base neutra para compor diferentes looks. Adoro brincar com estilos e fazer muitas sobreposições.”
Blusa de jacquard bordada Fernanda Yamamoto, R$ 630, tel. (11) 3032 7200. Regata de seda Bobô, R$ 648, tel. (11) 3062 8145. Calça jeans 7 For All Mankind, R$ 714, tel. (11) 3032 8615. Na mão direita, anel de metal Marco Apollonio, R$ 190, tel. (11) 3081 6370. Na mão esquerda, anel de metal Raphael Falci, R$ 468, tel. (11) 3073 0388. Anel de prata Guerreiro, R$ 492, tel. (11) 3088 8922. Escarpim de camurça e píton Luiza Barcelos, R$ 400, tel. (31) 2102 0100
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Depois do Trabalho
Renda-se à brincadeira digital mais gostosa do momento: ver o mundo pelas lentes do instagram
FOTO mario rodrigues
Por Gisela Sekeff
Twitter de fotos 118
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Certamente você já viu uma foto recente com cara de foto dos anos 1970. Pode apostar que é obra do Instagram, um app gratuito que é a nova febre do mundinho digital. A brincadeira é simples. Você tira uma foto e na mesma hora consegue tratá-la com filtros que mudam a luz, o brilho, as cores e o contraste. Um vício gostoso para quem gosta de fotografia, mas nunca levou adiante a profissão. “Além dos efeitos que dá nas fotos, a grande sacada do aplicativo é que você pode compartilhálas nas redes sociais, como Facebook e Twitter, o que só aumenta o desejo de fazer parte da rede”, diz Michel Lent, sócio-diretor de estratégia do Grupo Mobi. Os números do negócio não deixam dúvidas de que a ideia de Kevin Systron e do brasileiro Mike Krieger é sensacional. Uma semana depois de lançado, em outubro de 2010, o Instagram já tinha 100 000 usuários, número que o Twitter só alcançou depois de dois anos. Quando esta revista estiver em suas mãos, o app, que já foi traduzido para dez idiomas, deverá ter passado de 40 milhões de usuários. “A simplicidade da brincadeira, a beleza das fotos e a facilidade de acompanhá-las são ingredientes que contribuem para o sucesso da rede”, diz Michel. Tá esperando o que para começar a se divertir?
Depois do Trabalho Você adoraria temperar o macarrão com manjericão plantado em casa? Aprenda a fazer uma horta e curta os pequenos prazeres da vida Por Gisela Sekeff
Mãos na terra 119
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Não tem coisa mais gostosa do que uma varanda ou um quintal repleto de verde. Melhor ainda é poder cozinhar usando temperos plantados na horta de casa, fresquinhos e livres de agrotóxicos. O engenheiro agrônomo Marcelo Noronha, da empresa Minha Horta, dá as dicas para quem quer temperinhos sempre à mão. Passo a passo do plantio: 1) Comece com uma camada de argila expandida para drenar a água, depois forre com a manta de bidim, jogue um pouco de terra adubada sem adubos químicos e depois um pouco de areia ou substrato (terra solta que ajuda na penetração da água). Disponha a muda no centro com cuidado para não destruir o torrão, onde fica a raiz, e cubra com terra. Regue e finalize com casca de pínus ou pedriscos. 2) O ideal é plantar de cinco a seis mudas juntas, com um palmo entre elas, para formar uma touceira. Salsinha, cebolinha, coentro, orégano e tomilho podem ser misturados na jardineira. Já o manjericão e a hortelã devem ser plantados sozinhos. 3) As plantas precisam de quatro a cinco horas de sol por dia. O horário ideal de rega é de manhã ou no fim do dia. Em dias muito quentes, molhe duas vezes. No frio, pode ser de dois em dois dias.
Depois do Trabalho
a consultora olfativa Roberta Campos ensina a fazer um aromatizador para deixar sua casa com o cheirinho que quiser Por Gisela Sekeff
Novos ares
Quem não gosta de sentir a casa perfumada, que dá aquela agradável sensação de bem-estar? “A aromatização traz aconchego, completa a decoração e ainda pode ter uma finalidade terapêutica”, explica Roberta Campos, sócia-proprietária da By Samia Aromaterapia. Os aromas naturais, feitos a partir de óleos essenciais, têm propriedades que podem ajudar quem sofre de ansiedade, insônia e até hipertensão. O alecrim é energizante e, por isso, indicado para ambientes de trabalho e salas de ginástica. A lavanda ajuda quem sofre de insônia, e o ylang ylang dá um clima romântico e afrodisíaco. Escolha o óleo e prepare seu próprio aromatizador. Aromatizador de ambientes com varetas • 100 ml de álcool de cereais • 20 ml de água mineral ou destilada • 60 gotas de óleo essencial (pode misturar até 3 óleos se quiser colocando até 20 gotas de cada) • 10 varetas de rattan ou bambu Misture o óleo com o álcool de cereais numa vasilha de vidro. Acrescente a água, misture e ponha as varetas. Pronto! De dois em dois dias, vire as varetas para aumentar a dispersão do aroma.
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artigo
pa l av r a d e m u l h e r p o r
D A N U Z A
L E Ã O
Começar de novo az parte, e nunca ouvi falar de mulher nenhuma que não tenha tido, pelo menos às vezes, vontade de virar a vida pelo avesso; pode até não virar, mas que passa pela cabeça, isso passa — o que é sempre um perigo. Se você for impulsiva, é capaz de fazer o que deu vontade naquela hora, sem parar um só minuto para lembrar que tudo que se faz traz consequências; mas quem quer ouvir essa palavra quando quer trocar de pele, se transformar em outra mulher? Conselhos não adiantam, mas não resisto: deixe para amanhã o que está louca para fazer agora, até porque vontades passam; algumas, claro. Quando estiver no limite para fazer alguma coisa bem radical, não siga apenas o seu coração, pois, segundo a canção, ele tem razões que a própria razão desconhece; mas também não deixe de ouvi-lo. Muitas vezes ele está certo, mas outras pode levar vo121
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cê ao abismo. Ouça também sua cabeça, o que, pensando bem, é quase impossível; os dois não costumam dançar no mesmo ritmo. A verdade é que, com muita frequência, não se sabe o que se quer, e até na hora de ir a uma festa a gente se enrola; vai vestida para matar ou faz a linha elegante? Quer ser discreta ou arrasar? Depende do dia, depende de como nos sentimos em determinados momentos, por isso é tudo tão difícil, de escolher o restaurante a decidir o que vai comer, se sushi ou nem isso. A vida é feita de opções, e é difícil optar. Porque somos muitas, a cada momento queremos coisas diferentes, e, se não fôssemos assim, morreríamos de tédio; é por isso que os homens não conseguem entender as mulheres, e com razão, já que nós mesmas não nos entendemos. Como diria minha avó, tem hora para tudo; hora para seguir a cabeça e hora para fazer o que o coração manda. Mas o coração e os desejos costumam
ser mais fortes do que a razão (a não ser quando se trata de um banqueiro). Seja para largar aquele trabalho tão bom, que dá tanta segurança e paga até o plano de saúde, seja para ir para uma ilha grega, seja para jogar o computador e o celular pela janela e nunca mais ouvir falar de iPod nem iPad; mas será? Pensar não adianta; quando a cabeça está quente nada funciona direito; então, para tentar ter um pouco de juízo, nada melhor do que uma boa noite de sono. Mas se na manhã seguinte seus desejos forem os mesmos, então vá em frente. Faz parte da vida mudar de casa, de trabalho, de amigos; e é tão bom começar de novo, é quase como nascer de novo. Se for seu caso, jogue tudo para o alto e siga seu coração, até porque, se por um lado não se deve fazer tudo que ele pede, quando não se faz ele costuma cobrar — e aí vai passar o resto da vida se arrependendo do que não fez. E é muito melhor se arrepender do que se fez, claro.
FOTO OSCAR CABRAL
Tem dias que a gente acorda como o diabo gosta, querendo mudar tudo. Virar loura, trocar de casa, de emprego e até, em casos mais extremos, de marido