Acontece 189 - turma 2D11 - 2017 02 - ed. 2

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - CENTRO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

Publicação dos alunos do segundo semestre de Jornalismo - Ano XII - Ed. 189 - Novembro 2017

Prevenção cor-de-rosa

Campanhas e projetos contra o câncer de mama foram realizados durante o mês de outubro. Página 3 Acontece • 1


Apaixonados pelas quatro rodas Encontro reúne fãs no estacionamento do Pacaembu Adilson Pacheco Lucas Moura

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oda quinta-feira à noite, por volta das 20 horas, um grupo de apaixonados por automóveis se reúne no estacionamento do Estádio do Pacaembu para expor seus carros e fazer novas amizades. Dentre todos os entusiastas, nos encontramos com Arthur Lima, de 34 anos, proprietário de um Dodge Dart 1974 biturbo com outras modificações. Sendo esse apenas um dos seis carros de sua coleção particular. Arthur conta que sua paixão por carros começou quando tinha seis anos e assistia aos filmes de Mad Max, com suas incríveis cenas de perseguição. Foi o que motivou seu sonho de reunir a coleção de carros, que também conta com um Maverick V8 laranja. Também nos encontramos com Marco Aurélio Yamada, de 23 anos, corretor de seguros, e Fabio Canuto, de 27 anos, advogado. Ambos proprietários de Subaru Impreza, com a diferença que Marco é dono de um modelo 2001, com suspensão a ar, filtro e escapamento esportivo, enquanto Fabio é dono de um Impreza SW (perua) 2.0 1998 apenas com o sistema de escapamento modificado. Arthur, Marco e Fabio relataram que sofrem preconceito no trânsito. Segundo Arthur, as outras pessoas te veem pelo carro que você tem, não pelo ser humano que está dirigindo, além das pessoas acharem que por você dirigir

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Centro de Comunicação e Letras

Diretor do CCL: Marcos N. Duarte Coordenador do curso: Rafael F. Santos Supervisor de Publicações: José A. Trigo Professor responsável: André Santoro

Evento também conta com a presença de carros antigos

um carro modificado, você é um “rachador” (que gosta de disputar corridas de rua) Marco relata que enquanto estava indo para o evento, um motorista que não conhecia o provocava andando grudado na traseira de seu carro. Ao perguntar sobre rachas de rua para os entrevistados, todos falam que há um lugar certo para acelerar, que é no autódromo, tanto por conta da segurança e porque todos lá estão com o mesmo intuito de acelerar, diferente da rua, ondew há pessoas que não têm nada a ver com a situação. Há um tempo o evento havia deixado de ser familiar por conta de pessoas que iam para acelerar dentro do estacionamento, relata Fabio. Hoje, porém, com a presen-

ça da polícia, o evento pode voltar a ser para todos, assim como era anos atrás, quando Marco começou a participar. Com a intenção de incentivar pessoas que não conhecem a cena automotiva, Fabio e Marco, em meio a risos, falam que só andando num carro modificado para entender a sensação. Arthur completa falando que é um hobby caro, portanto é preciso estudar e trabalhar muito pra conseguir manter essa paixão, mas que, apesar disso tudo, vale cada centavo gasto. Mesmo com os altos e baixos do evento, o estacionamento reúne todos os tipos de pessoas, e consegue ser muito interessante para quem realmente tem curiosidade em conhecer carros.

Equipe: Adilson Pacheco, Alexandre Carvalho, Amanda Smera, Antônia Martins, Beatriz Mazur, Caio Simões, Caio Leme, Gabriel Barbosa, Gabriela Abrahamian, Gabriella Ariel, Guilherme Pansonato, Gustavo Beckenkamp, Julia Flores, Larissa Freitas, Lucas Vogan, Marcella Oliveira, Marco Wolf, Natália Pádua, Rafaela Damasceno, Rafaela Rossi

Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo. Centro de Comunicação e Letras - Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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Foto de capa: Larissa Freitas e Gabriela Abrahamian Impressão: Gráfica Mackenzie


As tonalidades do Outubro Rosa Mês de luta contra a o câncer de mama reuniu mulheres que enfrentam a doença e abriu espaço para a divulgação de projetos

Roda Gigante do projeto Giro Pela Vida no Parque Ibirapuera

Larissa Iole de Freitas Gabriela G. Abrahamian

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movimento Outubro Rosa, que nasceu nos anos 1990 nos Estados Unidos, hoje é comemorado em todo mundo, inclusive no Brasil. O primeiro laço cor-de-rosa, que hoje simboliza o significado do mês, foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. Os laços simbolizam a luta contra o câncer de mama e incentivam população, empresas, e entidades a participar da causa. Campanhas de conscientização iluminam com luzes cor-de-rosa prédios públicos, monumentos e outros espaços. Projetos que apoiam a ação do Outubro Rosa, como a doação de lenços para mulheres em tratamento, além de diversos eventos, aconteceram durante todo o mês. Um deles foi a 56ª Corrida e Caminhada contra o Câncer de Mama, no dia 1 de outubro, realizada pelo IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer), a 5ª Edição do Giro Pela Vida, re-

alizado pela Avon, e a 3ª Pedalada Rosa, realizada pelo Instituto Quimioterapia e Beleza (IQeB). A idealizadora do Instituo Quimioterapia e Beleza, Flávia Flores, criou o projeto durante seu tratamento em outubro de 2012, quando foi diagnosticada com câncer de mama. Ela nos conta que inúmeras campanhas não cumprem as promessas feitas em suas propagandas, mas alcançam um percentual grande de mulheres, conseguindo colaborar com o conceito do Outubro Rosa. Pois toda manifestação sobre a causa chama a atenção de algum jeito, o que ajuda as mulheres a perceberem a existência do problema para fazerem o exame e conhecer mais a doença. Muitas vezes, projetos individuais contra o câncer de mama buscam parcerias. Mas essa iniciativa acaba sendo rejeitada pela falta de interesse pela causa. “Não vou colocar minha marca aliada ao câncer”, foi o que Flávia escutou enquanto procurava parcerias no começo do seu projeto do IQeB,

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quando lutava contra o câncer. No Brasil não há uma instituição que centralize os investimentos para a causa. A criação dessa ONG ajudaria a diminuir as campanhas oportunistas e falsos investimentos? Flávia acha que não. “A ideia é boa, mas na prática não funcionaria, os investimentos seriam dispersos e teria muito interesse de uma marca sobre outra”. Um exemplo de projeto que busca de forma autônoma ajudar a causa do Outubro Rosa é o “Pedal Voluntário”, que procura ONGs, Instituições ou até pessoas que precisem de ajuda. Lilian Frazão, organizadora do projeto, ajudou a 3ª Pedalada Rosa, e diz: “Muitas marcas e empresas só aproveitam a popularidade que esse mês traz e não investem nada. Acho que as campanhas do governo sobre conscientização conseguem ser eficientes, mas campanhas independentes não informam o suficiente sobre a causa, e só usufruem da visibilidade do combate ao câncer de mama”.


Ocorrência de DSTs volta a crescer Esse ano o Ministério da Saúde registrou um aumento nos casos de doenças sexualmente transmissísiveis entre jovens Amanda Smera Antônia Martins

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m pleno 2017 dados alarmantes foram divulgados pelo Ministério da Saúde: No Brasil, a cada 15 minutos, 1 pessoa é infectada por HIV, 1 milhão de pessoas contraem sífilis por ano e há, em média, 10 milhões de brasileiros infectados pelo vírus HPV, a maioria mulheres. A estudante de psicologia C. S. (ela e outras personagens não quiseram se identificar), 21 anos, já fez parte dessa estatística. Ela conta que aos 19 anos foi diagnosticada com HPV. “Eu fiquei um mês sem menstruar e sentia muita dor abdominal. Fui ao pronto-socorro e a médica falou que eu tinha uma ferida muito grande no útero. Colhi milhares de exames e depois de uns 25 dias saiu o diagnóstico: era HPV”. Mesmo sendo vacinada e não tendo contraído o vírus, ela conta que o tratamento foi traumático. “Tomei antibiótico por quase 1 mês antes do diagnóstico correto, desenvolvi alergia ao remédio e ainda tive que realizar a cauterização no útero, porque a ferida era realmente grande”. Carolina afirma que por estar em um relacionamento estável, deixou de usar preservativos. Hoje ela encara a doença como um alerta. “Agora eu sempre uso camisinha”. O excesso de confiança no parceiro, segundo o urologista Roberto José Carvalho da Silva, do Centro de Referência e Tratamento de DSTs, é um dos fatores que multiplicam a ocorrência dessas doenças. Além disso, ele também cita a ausência de preocupação com infecções e a diminuição da mortalidade como possíveis causas para o crescimento na parcela da

população afetada por DSTs. “Não se vê mais ídolos como o Cazuza, por exemplo, morrendo por causa disso. Ainda há a questão da confiança em pessoas erradas. Hoje em dia os jovens se conhecem há 15 dias e já iniciam as relações sem preservativo”. No Sistema Único de Saúde há tratamento disponível para a grande maioria das DSTs. Para Roberto, entretanto, o problema não é a disponibilidade, e sim o acesso ao mesmo. A vergonha, a falta de informação sobre como obter as medicações e a pouca identificação com os ambientes de tratamento são elementos que atrapalham a cura dos jovens. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 95% da população sabe que a camisinha é o modo mais eficiente de não contrair o vírus HIV, enquanto 52% da população brasileira nunca usou ou raramente usa preservativos. No entanto, para evitar contrair uma DST, a prevenção vai além disso. Por exemplo, no caso da estudante M. L. M., 18 anos, que contraiu Herpes Genital aos 16 anos. Ela não fazia idea de que

conseguiria contrair da forma que contraiu, com sexo oral. Após um certo desconforto e uma ida ao ginecologista, veio o diagnóstico – e a vergonha. Ela não teve coragem de contar ao parceiro e, no início, também não quis procurar tratamento. Infelizmente, a banalização das DSTs, inclusive das mais perigosas, como a AIDS, hoje em dia se torna evidente. Apesar das providências tomadas pelo governo como tratamento gratuito, propagandas e campanhas em redes sociais, educação sexual em escolas públicas, mais jovens passaram a ser afetados pelas doenças nos últimos anos. Além das recomendações mais populares como uso de preservativo, Roberto enfatiza a importancia de informar o parceiro sobre a doença contraída para que ambos procurem tratamento e evitem a propagação de DSTs. O Centro de Referência e Tratamento de DSTs é de fácil acesso. Se localiza próximo a estação Santa Cruz da linha azul do metrô, na Rua Santa Cruz, 81, e abre de segunda a sexta-feira, das 8h até as 21h.

Distribuição gratuita de preservativos feita pelo SUS

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Juntando gente boa Plataforma ajuda voluntários e ONGs a se conectarem para a realização de ações sociais Beatriz Mazur Rafaela Damasceno

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plataforma Atados não é apenas uma ONG, mas uma rede dedicada a conectar uma enorme quantidade de organizações a pessoas procurando oportunidades de voluntariado. Acreditando em “juntar ao invés de separar, conciliar ao invés de romper e cooperar ao invés de competir”, a Atados já conta com mais de 1.100 ONGs e 60 mil usuários cadastrados. Bernardo Carvalho, analista de relacionamento e social media da Atados, explica que a rede surgiu em 2012 como sonho de cinco alunos de administração: “Cansados de carreiras corporati-vas, eles queriam se envolver no setor social e ter um impacto mais positivo”. Hoje, a plataforma possui quatro sedes físicas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Florianópolis, mas atua no país todo com trabalhos voluntários remotos. A rede auxilia na realização de diversas ações sociais e disponibiliza opções de voluntariado em seu site, atados.com.br. Nele, os interessados podem filtrar as oportu-

nidades por assuntos de interesse, público atendido e localização. Empresas e ONGs também podem se cadastrar e receber ajuda na busca por voluntários. As vagas variam entre presenciais e a distância. O propósito da Atados, segundo Bernardo, é mobilizar pessoas para articular soluções e recursos a fim de impulsionar transformações positivas na sociedade. “Temos nossa plataforma de voluntariado que tem como meta facilitar ao máximo a conexão de pessoas que querem fazer um trabalho social com organizações que precisam de apoio”, afirma Bernardo. “E o Atados Empresas, que desenvolve estratégias e a implementação do voluntariado empresarial e responsabilidade social”. Marina Frota, gerente de projetos do Atados, conta que se envolveu na Atados em 2013, inicialmente como voluntária. Formada em Arquitetura, ela diz que após a faculdade sua vida profissional se deu no Atados. Mas a rede se beneficia por contar com as diferentes habilidades do pessoal envolvido. “Aqui nós temos pessoas de muitas formações”, explica. “Temos gente de psicologia, arqui-

Membros do Atados trabahando na sede da rede

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tetura, comunicação, artes visuais, administração, e isso vai agregando conhecimentos”. Sobre a diferenciação da rede, Marina cita a abertura que o Atados proporciona a todos os interessados. “Muita gente quer trabalhar em uma ONG, já tem uma causa que impacta mais, quer trabalhar com educação, com jovens, idosos, pessoas com deficiência (…) e não sabe onde tra-balhar, não sabe como pode colaborar”, reflete. “O Atados surgiu para facilitar o engajamento das pessoas com as organizações sociais, que precisam muito desse apoio”. Ela lembra também que muitas ONGs não têm um site que ajude as pessoas a encontrar oportunidades de voluntariado. “Muitos que chegam aqui estão em uma ‘crise no trabalho’, pensando ‘o que eu estou fazendo? Qual o impacto que eu estou causando no mundo?’. Buscando algo com mais sentido, e conseguem encontrar isso no trabalho voluntário”. Existem ainda os que estão felizes com seus empregos, mas querem algo a mais. O Atados oferece, ainda, materiais - como uma cartilha de voluntariado gratuita disponível no site da rede - e um curso de gestão de voluntariado. Além disso, Frota cita projetos da plataforma: o Criador de Atos, em que grupos são coordenados para desenvolver um projeto dentro de uma certa ONG; um projeto de comunicação, no qual voluntários coletam as histórias das ONGs, que são publicadas no blog; e um projeto de voluntariado em escolas públicas. A rede Atados também é responsável por realizar, no Brasil, o movimento global do “Dia das Boas Ações”. Em 2017, a ação, realizada em 36 cidades, teve a presença de 4.600 voluntários e mais de 22 mil pessoas em Brasília, Rio e São Paulo.


O livro ainda é “pop” Vendedores ambulantes apaixonados pela leitura fazem sucesso nas ruas de São Paulo Caio Villela Leme

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oje em dia é raro ver uma barraca de livros na cidade de São Paulo. Mesmo assim, alguns vendedores acreditam na venda do livro físico e fazem sucesso com suas vendas na cidade. O vendedor Sidnei Rodrigues Neves, 56 anos, está todos os dias, das 12h às 20h, na esquina da Rua da Consolação com a Rua Amaral Gurgel trabalhando na sua venda ambulante de livros usados. O vendedor acredita que faz um trabalho importante, pois, segundo ele, a venda de livros se tornou Sidnei Rodrigues é vendedor ambulante de livros muito raro na cidade, mas não dei- camiseta de time, mas devido aos pessoas e trocar informação é saxou de existir graças a vendedores trabalhos da prefeitura e às dispu- bedoria. Acho bem legal”. como ele. “O livro físico ainda tem tas de espaço entre os vendedores, O vendedor se diz consciente um peso, um charme. É importan- eu acabei cansando, e resolvi mu- que o livro físico não vai acabar. te estar lendo folha por folha. As dar para vender o que eu gosto”. “Quer queira, quer não, eles salpessoas ainda procuram e nunca O vendedor acrescentou que vam muitas ideologias e pensavai sair da moda”. apesar de ser uma barraca peque- mentos. Com certeza o livro semSidnei se diz apaixonado pela na, tem um ótimo conteúdo, e que pre estará nas mãos dos leitores”. literatura e valoriza o livro em sua vontade era de chegar até os Há um ano sua venda fica em suas mãos. “Saiu uma pesquisa portões do Mackenzie, porém tem frente à FAM, o que lhe dá uma fenas grandes mídias, e infelizmente medo de ser deslocado pelos se- licidade enorme, pois pode atingir o livro no computador não vingou, guranças. Mesmo assim, se sente boa parte dos alunos. “Tem alguns por isso estou firme e forte aqui. muito alegre pelos alunos o procu- que já são meus clientes frequenAcredito que além de informação, rarem atrás dos livros. tes. Eles compram, vendem, troo livro é cultura, é história, e não “Fico feliz pra caramba, no co- cam, e alguns até me dão livros podemos perder isso”. meço de tudo eu tinha muitas in- para eu vender ou repassar para Há dois anos com sua venda, já certezas, passei sufoco nesses anos alguém”, diz. é conhecido na região, e se diz feliz de São Paulo, agora tenho um re“No começo, quando os alunos vendo seu trabalho sendo reconhe- conhecimento e isso eu levo como ou os frequentadores aqui da Aucido. Além disso, ele se sente ale- suporte para a vida”, concluiu. gusta não me conheciam, eu tinha gre de conhecer seus clientes. “A Carlos Almeida de Souza, de 47 que lutar para ganhar um trocado, venda do físico te permite o conta- anos, tem seu ponto de venda na ficava aqui até meia-noite tentanto olho no olho, gosto de conversar Rua Augusta, em frente à Facul- do vender. Hoje em dia já está e conhecer todos os clientes. Aqui dade das Américas, e trabalha das mais fácil”, conta o vendedor. tenho clientes e amigos de todos 9h às 21h de segunda a sexta, e nos O dono da venda concluiu dios estilos e culturas, desde crian- sábados até às 23h. zendo que se sente muito realizaças, idosos, moradores de rua até Carlos tem paixão pela leitura do quando as pessoas param para empresários”. e literatura, e assim como Sidnei valorizar o seu trabalho. “Muitos Sidnei, que sempre trabalhou resolveu vender livros juntando a vêm até mim e agradecem. Paracomo ambulante, já realizou mui- necessidade com o que gosta de benizam-me pelo o que eu estou tos tipos de venda. “Já vendi de fazer. “Vender livros hoje me faz fazendo. Minha proposta é nunca tudo, frutas, brinquedos, roupas, feliz, me faz conversar com muitas deixar o livro morrer”.

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Caminhadas culturais pelo centro SP Free Walking Tour é opção para quem quer conhecer São Paulo a pé

Caio Dias Simões Guilherme Pansonato Neto

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pesar de se expor basicamente como metrópole comercial e centro econômico do Brasil, a cidade de São Paulo também apresentou muita cultura e história ao longo de sua existência, tornando-se um grande centro turístico no país. Em 2011, uma pesquisa realizada pelo núcleo de pesquisas e estudos “Observatório do Turismo” mostrou que 12,5% das viagens à cidade são destinadas ao lazer, contando com o aumento de 39% desde 2009. Com a crescente do número de visitantes, diversos passeios foram criados para que os turistas possam conhecer a cidade como quiserem. Os grupos podem ser organizados a pé, de bicicleta ou de ônibus, e são feitos principalmente em inglês e espanhol. Há também os “tours” privados, que podem ser contratados de acordo com o desejo do viajante. Uma opção para quem quer conhecer o centro de São Paulo é a SP Free Walking Tour, uma organização para turistas fundada em janeiro de 2011 no Brasil. O objetivo da empresa é fornecer um panorama histórico, turístico, cultural e local da cidade por meio dos passeios a pé, de um jeito divertido, informativo e dinâmico. O passeio é feito somente em inglês e, por isso, 85% do público é composto por estrangeiros vindos da Europa, e os outros 15% são brasileiros de outras cidades e latino-americanos. Mais de 64.000 turistas já participaram do passeio. “Vivemos em baixas e altas temporadas. Em outubro e novembro estamos na baixa temporada, então o número de participantes varia de 20 e 25 pessoas por passeio.

O tour recebe pessoas de todos os cantos do mundo

Quando chega o verão, nos meses de dezembro e janeiro, a média de turistas participantes sobe para 50 por passeio”, conta Rafael Freitas, 31 anos, um dos representantes da empresa de turismo. A empresa conta com três roteiros diferentes para quem quer conhecer e explorar a cidade: o Old Town Tour, que abrange a parte histórica de São Paulo; o Paulista Ave Tour, que vai pelo centro moderno; e o Vila Madalena, que foca no bairro e nos grafites e artes urbanas. Com isso, o tour fica dinâmico e consegue dar espaço para os turistas fazerem a própria exploração da área junto dos guias, que, além de guiarem as pessoas pelo espaço, fornecem informações sobre a história do Brasil. A organização não cobra um valor estipulado para os passeios, pois utiliza o conceito “pague quanto puder”. “O plano funciona através de economia colaborativa seguindo o conceito universal dos Free Walking Tours. Tem gente que paga 50 ou 100 reais e te gente que paga 5 ou 10”, diz Rafael. Guilherme Alves, 32 anos, gaúcho de Porto Alegre, aproveitou o dia de folga e foi curtir o passeio. “Vim para a cidade a trabalho nesta semana e aproveitei o

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tempo livre para fazer o passeio. Conheço o centro só passando de carro e sempre quis saber mais sobre as coisas, acho que é uma boa forma de fazer isso”, diz. Para ele, a iniciativa de atender o público somente em inglês é boa, mas deveria ser ampliada para outras línguas, como o próprio português e o espanhol. “Sou brasileiro, mas como falo inglês vou conseguir acompanhar o guia normalmente. Porém nem todo mundo aqui sabe inglês. Se eu trouxesse meus pais, por exemplo, eles não poderiam acompanhar o tour”. Histórias como a de Leonardo Díaz, colombiano de 30 anos, são comuns. Ele veio visitar São Paulo com três amigos e aproveitou para fazer o passeio. “Sempre vimos São Paulo de fora, principalmente a bela arquitetura, e como é a primeira vez que nós viemos conhecer a cidade, aproveitamos para conhecer o centro histórico”, diz. Leonardo ainda confidenciou que optou pelo SP Free Walking Tour por ser mais livre e a pé. “É muito melhor fazer o passeio caminhando porque tem muito mais liberdade de locomoção para eu ver o que quero. O ônibus deixa os turistas mais presos no que eles querem mostrar”.


Caiu a linha Os populares “orelhões” perderam espaço para os telefones celulares e tornaram-se quase obsoletos Gustavo Beckenkamp Alexandre Carvalho Os telefones públicos, mais conhecidos como orelhões, estão camuflados na cidade há muito tempo. Para muitas pessoas, trata-se de uma tecnologia obsoleta. Inventados pela arquiteta e designer Chu Ming Silveira, os modelos em forma de concha foram lançados em 1972 e possuem uma longa história como um dos meios de comunicação mais importantes durante a sua época. As ligações a cobrar e aquelas feitas com fichas posteriormente, foram adotados os cartões telefônicos foram substituídas pelas chamadas pelo celular. E os orelhões foram abandonados em grande parte do país. Mas sua presença ainda existe de forma oculta e muitas vezes sem ser percebida pelas pessoas que cruzam com telefones públicos no seu dia a dia. Em São Paulo existem aproximadamente 25 mil orelhões e, de acordo com a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), cada orelhão realiza cerca de duas ligações por dia, um número muito baixo para um sistema de comunicação que cobre São Paulo. Atualmente os lugares que possuem o maior uso de telefones públicos são a Rodoviária Tietê e a região do Brás que, ao invés de duas ligações tem em média de oito a dez ligações por dia. Existem vários motivos para entender por que os orelhões viraram um sistema de comunicação ultrapassado. Entre todos os motivos, o principal apontado por uma pesquisa que fizemos, com 85,5% de respostas, foi o celular, que permite que o usuário faça tudo que um telefone público faz sem sair do lugar, tornando a situação mais

Adesivos colados em orelhão na cidade de São Paulo

prática. Além dos celulares, os telefones fixos, hoje disponíveis em qualquer residência que solicite o serviço, também viabilizam ligações de forma muito mais cômoda. “Conforme o tempo vai passando as pessoas vão adquirindo celulares e os telefones públicos vão ficando para trás”, disse Alexandro Gabriel, 38 anos. Mesmo com todos esses fatores desvantajosos para os telefones públicos, eles continuam presentes no nosso dia a dia. Tanto que sua função na cidade já chegou a ser repensada. Uma das ideias é a customização, que tem como objetivo a pintura por dentro e por fora dos orelhões permitindo que, além do valor de comunicação, os telefones possam adquirir um valor artístico e de atração turística. Além desse projeto existe a ideia de retirar os orelhões e transformá-los em pontos de Wi-Fi, em um projeto pensado desde 2013 e inspirado em iniciativa ocorrida em Nova York. Em nossa pesquisa, 44% res-

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ponderam que usam os orelhões para ligações a cobrar, mas somente quando acontece alguma emergência. Mas a maioria dos telefones públicos sofreu depredação e não passaram por consertos. “Na rua tem muita molecada que estraga os telefones e as empresas acabam não cuidando, eu fico bem na frente de um telefone público e eu nunca vi arrumarem ele. Estou há dois anos nessa banca e nunca vi uma manutenção daquele telefone”, disse Helena Jardins, 65 anos, dona de banca de jornal. E se alguém precisar fazer uma ligação, ela vende o cartão? “Não, pois tenho dificuldade de achar, a Embratel dificulta muito”, disse Helena. Porém, mesmo com esses empecilhos, é importante manter os telefones públicos funcionando e em bom estado para as pessoas, pois mesmo que seja apenas em momentos de emergência, 74,2% responderam que é importante a presença de telefones públicos na cidade, pois alem da função de comunicação é um direito de todos.


A doença da beleza Como o transtorno alimentar passa da ficção para a vida real

Julia Flores Marco Wolf Com o recente filme «O mínimo para viver», surgiu um debate sobre transtornos alimentares, focado mais ainda em anorexia, tratada em seus vários motivos e origens. Caroline Sargologos, 18 anos, falou de como o filme ajuda a enxergar o outro, porque você nunca imagina o que se passa na vida alheia. Ela ainda diz: «são aquelas pequenas coisas que ajudam a conscientizar». Conta também já ter amigas que passaram por isso e na época não ajudou, talvez por falta de informação. Clara Valdizeo, 18 anos, diz que o filme mostra o lado ruim e real de um problema, afinal alguém que tem esse distúrbio não fala sobre ele. Afirma também que esquecemos muitas vezes da pressão masculina, que também existe. Encerra dizendo: «quando você vê que essa pressão pode se tornar uma doença e muitas vezes sem volta, quando você percebe isso muitas vezes antes de começar, você não tem coragem». O GATDA (Grupo de Apoio dos Distúrbios Alimentares) revelou que em cada dez pessoas com anorexia, apenas um é homem. E a Secretaria de Saúde do estado relevou que a propensão em jovens é de 77%. Além disso, no começo do ano passado o SUS afirmou ter tido 97 internações por causa de distúrbios alimentares. Como outros distúrbios, a anorexia pode trazer dúvidas e falácias do senso comum, por isso há a necessidade de uma explicação de quem entenda do assunto. A psicóloga Marina Barboza foi entrevistada sobre o assunto em questão para auxiliar na compreensão da anorexia: seus sintomas, carac-

terísticas e outras questões sobre a patologia. Sobre a mazela, a psicóloga explica se tratar de um distúrbio alimentar associado por uma distorção da autoimagem com a insatisfação exagerada que a pessoa tem com o seu peso. Complementando seu raciocínio, Marina diz que há dois subtipos de anorexia: a anorexia nervosa do tipo restritivo e a do tipo compulsão periódica ou purgativa. O primeiro tipo citado refere-se a quando alguém se submete a dietas e exercícios físicos de maneira rigorosa. Já o segundo tipo resume-se à pessoa consumindo quantidades grandes de comida e, logo após, provocando vômito para expelir os alimentos. “Geralmente o indivíduo tem família em que alguns membros são obesos ou possuem eles próprios históricos de obesidade ou de sobrepeso”, comenta ela. A anorexia pode ser percebida pela própria pessoa que sofre desse distúrbio, mas é indicado que o indivíduo procure um profissional para um diagnóstico mais preciso. Contudo existem sintomas que podem contribuir no reconhecimento da patologia e, se alguém possuir um dos sintomas, é recomendado que a pessoa procure um profissional da saúde. Entre os sintomas mais frequentes citados por Mari-

na Barboza, estão: perda de peso, como sintoma físico, e transtornos depressivos como retraimento social, irritabilidade, insônia e falta de interesse por relação sexual. Em relação ao desenvolvimento da patologia, a psicóloga comenta que a anorexia tem fatores “biopsicossociais” e complementa: “os indivíduos podem apresentar alterações hormonais, constituição de identidade que favorece o desenvolvimento do distúrbio, e a cultura que o circunda pode estabelecer padrões estéticos e de conduta que reforçam o transtorno”. Ou seja, a sociedade pode afetar o indivíduo. Quando questionada sobre diferenças da patologia entre os sexos e a relação da anorexia com a mídia, Marina diz não ter diferenças entre os sintomas e causas em homens e mulheres, mas que a ocorrência é maior em mulheres pela pressão de seguir padrões estéticos de magreza. Enfim, Marina expressa sua opinião sobre a relação da patologia e a mídia: “Se a ideologia promovida (de empresas) estiver permeada com conceitos estéticos de magreza ou cultura de valorização de condutas infantilizadas, poderá influenciar a formação de identidade dos indivíduos e estimular a busca por estes padrões estéticos e de condutas”.

Marina Barboza, psicóloga entrevistada

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Um vira-lata para chamar de seu Feiras de adoção no bairro de Higienópolis ganham reconhecimento e atraem interessados em animais de estimação Gabriella Ariel Natália Pádua Desde o ano de 2015, o número de adoções de animais tem aumentado significativamente. Com isso, o número de feiras de adoções também cresceu. Uma das mais famosas no bairro de Higienópolis é a feira “Luiz Proteção Animal”, também conhecida como “Feirinha da Angélica”. A feira está há mais de 10 anos no mesmo local, na Avenida Angélica, 1383. Perguntamos para Cícera Maria, que é uma das Protetoras dos Animais, o que ela diria às pessoas que compram animais ao invés de adotar: “Nós aconselhamos que não comprem, pois as matrizes são maltratadas”. A mulher também diz que as pessoas têm se conscientizado sobre a adoção, por isso o número de cachorrinhos adotados aumentou tanto. Quando a questionamos sobre como o processo de adoção funciona, Cícera diz: “A pessoa vem, faz a entrevista com uma das protetoras. Depois disso o dono vai para outra entrevista e, com isso, se ele tiver passado em ambas, assina o termo de responsabilidade”. A mulher ainda brinca: “Nós bagunçamos a vida da pessoa inteira para saber se ela tem condições”. Luiz Lucatto estava na feira e lá ele adotou um novo integrante. “Eu senti ele, houve uma conexão bem ali, por isso eu o escolhi”, disse o jovem, que também apoia a adoção ao invés da compra a partir das matrizes. Luiz Scalea, 50 anos, que é o proprietário da feira Luiz Proteção Animal, esteve envolvido em um resgate polêmico de 135 cães, realizado no mês de outubro. Luiz diz: “Haviam denunciado tanto para a polícia quanto para o cen-

tro de controle de zoonose e eles não fizeram nada a respeito”. Os cachorrinhos ainda não estão sob a “guarda” dele, mas assim que estiverem, vão todos para a adoção. “Para adotar é necessário um comprovante de residência de quem quer adotar, junto com uma taxa de 80 reais e as entrevistas também”, diz. Todos os animais são entregues castrados e vacinados. A feira funciona todos os sábados das 9h da manhã às 17h da tarde O Centro de adoção Natureza e Forma (localizado na Rua General Jardim, 234) também tem ganhado reconhecimento. O seu logo é “Penso, logo adoto”, que incentiva a adoção dos animais. O centro encoraja a adoção responsável e acompanha o animal no novo lar. O lugar nasceu em 2004 e veio da necessidade de conscientizar as pessoas em relação ao meio ambiente e ao respeito a todos os seres vivos. Em 2011 foi aberta a primeira loja com a Matilha Cultural, localizada no centro de São Paulo. O espaço promove o vegetarianismo como a “forma completa de respeito aos animais”. Todos os

animais ali encontrados vêm de resgates voluntários de protetores independentes ou de ONGs. Aos domingos, os cães ficam soltos e interagem com o público em meio à exposição de arte e ao cinema da Matilha Cultural. Os animais encontrados no Natureza em Forma são: cães, gatos, coelhos, porquinhos da índia, camundongos, gerbis (um tipo de roedor), chinchilas, pombos deficientes, frangos e galos. Além das adoções, o centro oferece a identificação animal, atendimento veterinário, mutirões de castração e vacinação a preço popular, materiais educativos e palestras. Todos os animais são doados castrados, vacinados e registrados, com RGA e RG animal, vermifugados e passam por uma consulta veterinária. Para a adoção é necessário ter mais de 21 anos, passar por entrevista, apresentar alguns documentos e pagar uma taxa. Além disso, o interessado deve levar uma foto do local em que o animal irá viver, se comprometer a enviar fotos pós adoção e permitir acesso às visitas.

Animais no interior do Centro de Adoção Natureza e Forma

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A gente não quer só comida Restaurantes temáticos oferecem serviços diversificados e funcionam como espaços culturais em São Paulo Marcella Oliveira Rafaela Rossi

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segmento de restaurantes continua sendo altamente competitivo em qualquer lugar do mundo. Não importa se você quer investir num conceito de serviço rápido, rápido-casual, casual ou requintado, existe uma característica comum a todos: a inovação. Os restaurantes temáticos,que criam uma atmosfera única e se tornam conhecidos por algumas peculiaridades, são um tipo de estabelecimento que tem crescido muito no Brasil. Atualmente, além de preço, as pessoas procuram por um diferencial no ambiente que elas frequentam e o tema é algo que pode fazer muita diferença, principalmente em datas especiais. O Jeti’s Burger e Grill, localizado na Vila Maria Eugênia, é um restaurante temático que oferece um ambiente inspirado nos filmes de naves espaciais, além da diversidade no cardápio com lanches baseados na famosa franquia de filmes Star Wars. “Gostaríamos de algo diferente, e não apenas de mais uma hamburgueria comum. Nosso desejo era que as pessoas se sentissem viajando em uma nave intergalática”, diz a diretora administrativa Michelle Barduchi, 30 anos. Devido ao aumento da competição e da informalidade, para um comerciante que investe na gastronomia lucrar nos dias de hoje é preciso fornecer experiências originais e sabores locais. “Com toda certeza o principal é o sabor dos lanches, que são todos artesanais com hambúrgueres gourmet. A temática da casa é um complemento para a experiência ser positiva e inesquecível”, conta Michelle. oOOo

Restaurante Laundry Deluxe na Rua da Consolação

Deixando a criatividade fluir, Jeff Paiano, de 38 anos abriu o restaurante Laundry Deluxe na rua da Consolação. Este é baseado no conceito americano e europeu de lavanderias ‘do it yourself’ (faça você mesmo), em que os clientes podem realizar, por conta própria, a lavagem e a secagem de suas roupas. “Muito além disso, a ideia é matar aquela coisa chata que é ficar esperando a roupa lavar como acontece nas lavanderias pelo mundo. Procuramos trazer para o mesmo ambiente serviços, tecnologia, entretenimento, música, arte e gastronomia”, explica Jeff. O espaço é rico em decoração e arte, com grafites de cores vibrantes, móveis e objetos decorativos customizados, todos disponíveis para venda. Além de lavar roupas e funcionar como restaurante, o espaço realiza eventos diversos, feiras culturais e exposições. Com a originalidade nítida no comércio, a Laundry Deluxe tem apenas 1 ano e meio de funcionamento e parece estar conquistando os clientes. “É um ambiente agradável e com muito conteúdo. No início, achei que as máquinas de

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lavar eram apenas decoração, mas observei as pessoas utilizando-as para lavar suas roupas e fiquei surpresa”, conta Marcia Nagumo, 36 anos. Ela diz nunca ter usado o serviço de lavanderia, mas pretende fazê-lo em breve. Tendo a soma de dois prêmios de melhor hambúrguer de São Paulo em eleição realizada pela Revista Veja, o O Big Kahuna Burger, localizado no Jardim Paulista, nasceu da paixão de Renato Veras Jr. por sanduíches. O restaurante é conhecido como o templo do bacon, além de ser muito semelhante à lanchonete que aparece no filme “Pulp Fiction”, de Quentin Tarantino. Tudo é inspirado nele, da decoração ao cardápio. “Algumas referências são tão famosas que mesmo quem não viu o filme é capaz de entender. Tudo muito criativo”, diz a cliente Mariane Martins, 20 anos. Segundo ela, sua primeira experiência no local foi incrível. Mas na sua segunda visita ao restaurante, nos conta que, como a demanda foi grande, o atendimento acabou demorando. E John Travolta, infelizmente, não apareceu.


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