JORNAL-LABORATÓRIO DOS ALUNOS DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - ANO XIX - ED. 218 - OUT/ 2019
DESCUBRA O QUE ACONTECEU COM OS MACKENZISTAS DOS CARTAZES DO METRÔ LEIA TAMBÉM NESTA EDIÇÃO:
FUTEBOL FEMININO TEM PROFISSIONALISMO E GARRA PROGRAMAS AJUDAM ADULTOS A LER E ESCREVER
PETS SALVA-VIDAS Reportagem de Lucas Taveira. p. 11
DICAS QUENTES PARA UMA CARREIRA DE SUCESSO BASQUETE DE RUA ATRAI JOVENS
A rua como estilo de vida
Victoria Claramunt
Como um evento que reúne esporte e música consegue atrair fãs em São Paulo
Rodrigo Malicheski Ferreira
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O basquete consegue unir uma parte de seus telespectadores e relacionar com a cultura do Hip-Hop. Consegue criar um novo estilo de vida e as pessoas seguem a sua forma de viver com o esporte, inclusive, consegue influenciar na forma de se vestir, que merece destaque a cultura sneakerhead, onde marcas famosas de tênis como Air Jordan ou Adidas estão presente na vida dos amantes de basquete. Toda essa massificação da cultura hip hop e basquete está presente no Streetopia, o maior festival de basquete da América Latina l que ocorre uma vez por ano, em São Paulo, tendo sua primeira edição em 2018 e promove uma união entre a música, batalhas de rap e esporte. O evento consegue proporcionar uma interação entre atletas profissionais e amadores em um único local, com clinicas de basquete, torneios de enterrada, confrontos 3x3. Um prato cheio para quem pratica a modalidade ou apenas para quem gosta de ouvir uma boa música.
Conversei com Danilo Castro e Harley Fadel, da D14 Basketball, sobre a importância de um evento que consegue unir a cultura do hip hop e o basquete de rua. ”Uma iniciativa de amantes do basquete e cultura de rua que em menos de 2 anos já levou as cores da nossa bandeira para mundo. Essa tendência envolve causas nobres como: doação de alimentos, construção de quadras em escolas públicas para a massificação do basquete e muito mais. Essa tendência envolve causas nobres como: doação de alimentos, construção de quadras em escolas públicas. É um ‘’mix’’, uma integração com essência de que com harmonia e respeito todos convivemos no mesmo espaço em prol de algo que vai muito além de um final de semana.” A partir dos anos 80, o basquete conseguiu unir um público fanático, com a massificação da liga norte americana pelo mundo, com ‘’shows’’ em quadra de Michael Jordan e Magic Johnson. O basquete também conseguiu unir uma nova linguagem a população predominantemente negra ou sem muitas condições. Fato esse que pode ser relacionado
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com a cultura Hip Hop, onde, criada no final dos anos 70 em Nova York, no bairro do Bronx, tinha como principal objetivo transmitir uma mensagem sobre problemas sociais, violência e tentar achar uma solução através de rimas e transmitir essa mensagem ao seus ouvintes.
Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. As reportagens publicadas nesta edição não representam a opinião da instituição Instituto Presbiteriano Mackenzie, mas dos autores e entrevistados das reportaUniversidade Presbiteriana Mackenzie
Centro de Comunicação e Letras
Diretor do CCL: Marcos Nepomuceno Coordenador do Curso de Jornalismo: Rafael Fonseca Supervisor de Publicações José Alves Trigo
Editor: Daniel De Thomaz Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.
O Belas Artes alaranjou A cor laranja que substituiu o azul do cinema “diferentão” de São Paulo
Alice Rennar
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m fevereiro deste ano, o cinema perdeu o patrocínio que tinha desde 2014 com a Caixa Econômica e, novamente, correu perigo de fechar portas. A tradição de cinema fora do eixo comercial, com sua fachada e entrada tombadas em 2012, anunciou em maio sua nova parceria com a cervejaria Petra e já não estava mais ameaçada. O atual Petra Belas Artes é parte do cenário paulistano desde 1956, quando Francisco Serrador fundou o Cine Trianon. Desde então, passou por alguns momentos em que suas portas correram o risco de fechar. 1982, 1990, 2001, 2014 e, o mais recente, 2019. A marca, Petra, já se apresentou comprometida com o espaço e manutenção desse ícone da cidade de São Paulo. “Nós, da Petra Origem, não poderíamos jamais deixar fechar as portas desse espaço que é tão democrático e tão acessível. O Belas Artes é um ícone muito importante
para São Paulo e para o Brasil e estamos muito contentes em fazer parte dessa história. O contrato de cinco anos de patrocínio vai garantir a funcionalidade do cinema, com autonomia e liberdade de programação”, disse Eliana Cassandre, gerente de propaganda da Petra Origem. Porém, para um frequentador, há mais de dez anos, como Aloysio Letra, a parceria pode se tornar perigosa. “Uma empresa privada nesse papel é uma inversão perigosa, pois ela não se vê obrigada e não é ou será fiscalizada para cumprir a constituição no que diz respeito à cultura”, explica o cantor, compositor e intérprete de 38 anos. O ambiente foi renovado e agora veste as cores da marca, além de ter sido renomeado Petra Belas Artes. Com um único freezer que vende a cerveja, o ambiente manteve sua identidade visual e continua com sua tradicional curadoria de filmes estrangeiros e de arte. Além de manter uma sala que sempre distribui filmes nacionais. Petra, que também patrocina o Shell Open Air, maior evento de cinema a céu aberto da América Latina, tanto no Rio, quanto em São
A identidade do cinema continua a mesma, mesmo com outras cores.
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Paulo, acredita ser uma responsabilidade de todas as empresas discutir eventos e espaços culturais. “Espaços como o Belas Artes são responsáveis por construir cidadãos melhores. Firmamos um compromisso com a cultura, e vamos patrocinar por cinco anos um dos mais importantes cinemas de São Paulo”, afirmou Eliana. Um espaço que antes contava com o apoio do Estado, hoje se encontra na mão da iniciativa privada. Para Aloysio, um espaço como o Belas Artes é necessário para a desvinculação da arte do âmbito comercial: “Assistir filmes em cinema de rua é diferente, pois você sai da sessão e não é bombardeado por diversas lojas de shopping. Está cada vez mais raro poder refletir com mais calma após sair de uma sessão de filmes”. O Belas Artes, sempre foi protagonista da democratização e da homenagem à sétima arte. “Nós, da Petra Origem, não poderíamos jamais deixar fechar as portas desse espaço que é tão democrático e tão acessível. O Belas Artes é um ícone muito importante, tanto para a cidade, quanto para o Brasil e estamos muito contentes em fazer parte dessa história”, conclui Eliana.
Pontos fora da curva O que fazer para se destacar no mercado de trabalho? Júlia de Lima
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grande competitividade no meio profissional faz com que os candidatos apresentem pontos que somem ao currículo. As empresas estão mais criteriosas em seus processos seletivos e possuem um perfil traçado de profissional a ser contratado. Buscam mais do que um simples profissional, desejam pessoas com competências e habilidades que agreguem valores à empresa. É fundamental estar atento ao movimento do mercado e atender os requisitos solicitados. “Devemos desenvolver competências durante toda a vida para estar empregável. É importante sempre se atualizar, afinal estamos competindo com outras pessoas no âmbito profissional”, afirma Miriam Rodrigues, 51 anos, professora de gestão de carreira e comportamento organizacional e coordenadora dos cursos do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.Não bastam competências técnicas. Recrutadores pedem também competências comportamentais, como bom humor, inteligência emocional e capacidade de solucionar problemas. “É de extrema importância o desenvolvimento destas competências, pois elas serão avaliadas na entrevista de emprego”, relata Flavia Nunes, 34 anos, executiva de contas da Catho, empresa de recrutamento. Afinal, qual é o perfil do profissional atual? Para responder essa questão, confira uma lista com 10 características que formam o perfil mais desejado pelo mercado de trabalho. Tais características variam conforme a área de atuação do profissional, porém há competências básicas em todos os ramos.
1– Comunicação É indispensável que um profissional tenha uma boa comunicação. Saber se expressar é algo muito valorizado, por esse motivo é necessário aprender e aprimorar sua comunicação para se destacar. 2 – Bom humor É esperado uma conduta minimamente amigável no ambiente de trabalho. Levar o bom humor e a educação para o processo seletivo é algo muito importante e torna-se um diferencial. 3 – Trabalho em equipe A empresa é uma comunidade e é importante que haja uma interação positiva para atingir os resultados. Trabalhar em equipe é um grande desafio, afinal somos diferentes. É necessário aprender a olhar para si e para o outro. 4 – Proatividade Um bom profissional deve mostrar iniciativa e participação. Deve também assumir responsabilidades, dar sugestões, inovar e até mesmo evitar que problemas ocorram. 5 – Empatia Saber se colocar no lugar do outro e tentar compreendê-lo é fundamental para criar um ambiente de trabalho saudável.
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6 – Resiliência Um perfil muito procurado é aquele que tem a capacidade de lidar com problemas de maneira eficiente. Encarar um problema com otimismo, não se desesperar e buscar uma solução é essencial para motivar a equipe e entregar resultados. 7 – Criatividade Inovar é a palavra-chave para entender este ponto. Trazer ideias, estratégias e melhorias é um ponto positivo para se destacar no mercado. 8 – Idiomas Ser fluente em outro idioma, especialmente no inglês, potencializa suas oportunidades. A falta de fluência no idioma torna-se uma grande barreira na entrada de uma organização. 9 – Flexibilidade O profissional do futuro deve ser flexível a mudanças e imprevistos. Se adaptar e enxergar oportunidades diante de novos desafios é um grande diferencial. 10 – Persistência Ser persistente é fundamental. Para alcançar objetivos é necessário unir foco, comprometimento e determinação.
Povo do bem pelo bem do povo Programas gratuitos oferecem ensino para jovens e adultos que sonham com o ensino médio
Diogo Mingione Auad
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diploma de ensino médio no Brasil é algo bem raro dentro da população brasileira, pois a grande dela não teve acesso a esse tipo de ensino. Para ser exato, em 2015 o número de estudantes fora da escola com idade escolar no nível da educação secundária (entre 15 e 17 anos) era de 141 milhões segundo a base da dados do UNESCO-UIS. Isso contando os adolescentes que abandonam a oportunidade de ter esse diploma, mas e quando eles crescerem e quiserem tal diploma? Quem pode ajudá-los? Esses adolescentes quando adultos buscam a ajuda de programas beneficentes particulares ou públicos para tentar correr atrás deste privilégio. Dentro desses programas temos o Projeto Aprender, financiado e administrado pelo Pueri Domus. O Aprender surgiu em 2004, após uma pesquisa da escola, esta constatou que funcionários terceirizados que não eram alfabetizados eram o maior problema social no Pueri Domus do Itaim. Em 2005 o Projeto Aprender abriu as portas para a comunidade, que até então só atendia os funcionários da escola. Este programa se baseia em treinar os próprios alunos da escola particular para dar aulas de múltiplas matérias para os participantes. Tendo diferentes níveis de aula, de alfabetização até ensino médio. Em entrevista, Giuliano Rossini, coordenador geral do Projeto Aprender nas 3 unidades atuais, tem uma opinião sobre os índices de educação no Brasil e o que o governo faz em relação a isto. “Garantir
Aula no projeto Aprender.
acesso à educação de qualidade é lei mas devido a demanda isso nem sempre acontece. Levando em conta a defasagem entre as classes sociais brasileiras em questão de ensino, as comunidades podem sim se mobilizar, mas deve estar claro que isso era pra ser um dever do estado.” disse Rossini. Termina constatando que ele acredita existir uma tentativa de fachada de melhorar os índices de educação do governo. Apontando a maior quantidade de investimentos em provas do que cursos, como uma tentativa de maquiar os números reais. O EJA (Ensino de Jovens e Adultos), financiado pela prefeitura de São Paulo, é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis da Educação Básica do país. Destinada aos jovens, adultos e idosos que não tiveram acesso à educação na escola convencional na idade apropriada. É sediado em múltiplas escolas, com algumas delas participando do projeto Transcidadania, acolhendo transexuais sem-teto com a intenção de integrá-los nas aulas e fornecer comida. Filipe Emmanuel Adolpho Ecard, coordenador do EJA na escola Prof. Linneu Prestes, umas das escolas participantes que possui cursos
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extras como informática e leitura, conta a falta de investimento da prefeitura no setor da educação. “Já houve uma época melhor para o EJA com abertura de novas salas e muitos investimentos com o intuito de melhorar esses índices. Hoje em dia várias escolas com o programa estão cancelando a continuação dele.” “EJA vai além do que própria educação. Com este programa eles evoluem como cidadãos e como seres pensantes.” diz Filipe. Com o funcionamento baseado das 19h até as 23h, os alunos aproveitam os intervalos para interagir socialmente com seus colegas.
Certificado para participantes do programa de Educação de Jovens e Adultos da EMEFM Professor Lineu Prestes.
Elas não só jogam, arrasam! Com a grande repercussão da Copa do Mundo de 2019, o futebol feminino procura maior visibilidade
Giovanna Domiciano
Giovanna Domiciano
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m 3 andares recheados de conteúdos históricos esportivos, o Museu do Futebol em São Paulo dedica 1/3 de seu espaço às conquistas do futebol feminino brasileiro. O tema “Contra-Ataque” sugere aos seus visitantes a incrível trajetória da mulher no futebol. Essa nova exposição tem a intenção de proporcionar aos visitantes maior visibilidade da modalidade feminina, desde os seus primórdios até os dias atuais. Com dados liberados pela CBF, o Brasil tem tido crescimento no quadro de participação de clubes no futebol feminino. Hoje, podemos contar com 340 equipes com times femininos, 52 destes atuando em campeonatos com mais de dez mil atletas vinculadas, destas 3.200 federadas pela CBF e 120 atuando no exterior. Até o final do primeiro semestre de 2019, a modalidade teve R$50 milhões de reais investidos em campeonatos, o dobro do ano de 2018. Pode parecer quantidades estrondosas, mas a modalidade ainda tem muito o que conquistar. Neste ano, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) passou a exigir de todos os clubes brasileiros a participação de times femininos de base e adulto, como regra de licenciamento. Caso algum time não obedeça, este poderá ser levado à exclusão do campeonato que está participando. Mesmo assim, hoje temos apenas 8 de 14 clubes cumprindo as exigências colocadas. A goleira Carla Maria da Silva, mais conhecida como Carlinha, tem 22 anos e joga para o time feminino do São Paulo Futebol Clube e comenta sobre a situação atual do futebol feminino e diz que acredita que após Copa do Mundo as pessoas tiveram mais acesso à modalidade. “Mesmo assim, ainda falta muito para chegar em um bom patamar.”
Exposição “Contra-Ataque” do Museu do Futeboltem frases de impacto
A primeira copa do mundo de futebol feminino ocorreu em 1991 e em 2019, fomos para o oitavo mundial sonhando não somente com a Taça, mas sobretudo, com melhores condições para as jogadoras profissionais no Brasil. A goleira acredita que a modalidade ganhou maior visibilidade quando houve reconhecimento dos times grandes do país, e ainda diz “quando a sua maior emissora do país transmite um jogo da seleção feminina, não há como negar que estamos ganhando o nosso espaço”. E ainda comenta sobre a preparação de futuras jogadoras, “é difícil ter uma escolinha só para o futebol feminino, então por isso acredito que a divulgação fica mais difícil, o desenvolvimento fica mais difícil.” Mesmo com dificuldades no presente, Carla tem perspectivas para o futuro, acreditando em um campeonato nacional com mais jogos, maior investimento e divulgação da mídia. E continua, “eu não acredito que chegaremos no mesmo patamar que a modalidade masculina chegou, porque querendo ou não o futebol masculino gera muito dinheiro, gera televisão... porém, podemos chegar em um valor próximo. Hoje em dia para uma atleta dentro do Brasil, ganhar 10 mil reais é um absurdo. E se você conversar com jogadores sub 15 em times muito grandes, eles ganham de isto para mais.”
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A diferença de valores entre feminino e masculino é gritante. Mesmo conseguindo um grande número de audiência (26,7 milhões de televisões acompanharam a final da Copa) e gerando US$ 20 milhões a mais em receita, as jogadoras continuaram recebendo um valor muito inferior em comparação com o futebol masculino. A discrepância de valores também e nítida no vôlei, não somente no futebol. Na liga Mundial de 2017, a equipe masculina brasileira recebeu US$ 500 mil pelo segundo lugar. Já a equipe feminina, que foi campeã, levou apenas US$200 mil como prêmio. Nos exterior não tem muita diferença. A WNBA tem média de público de 7 mil pessoas, contra 17,5 mil torcedores da NBA, o que se reflete nos salários: na WBNA eles giram em torno de US$ 72 mil contra US$ 525 mil na NBA. Ana Cristina da Silva tem 33 anos e desde sua fase de escola tem o futebol como sua paixão. A volante do time do SPFC acredita que o feminino está no caminho certo, e a dica e persistir ate chegar ao auge. “As oportunidades estão sendo dadas, as portas estão sendo abertas, e estamos fazendo a nossa parte.” E continua, ”então eu acho que tudo é consequência de trabalho. Hoje eu acho que o Brasil tem oportunidade de ter um trabalho legal, de crescer e evoluir, coisas que
Ana Cristina da Silva, atual volante do SPFC feminino.
a visibilidade que está tendo hoje.” Para Claudiney, o futebol feminino ainda sofre uma situação de muita dependência, mas ele ainda acredita
Giovanna Domiciano
a gente não vem evoluindo há anos sendo o país do futebol com meninas excelentes, com bastante quórum para trabalhar e com bastante qualidade. Infelizmente a gente não tinha trabalho, então hoje a gente tem e a questão é saber usar.” A jogadora diz que para o futuro, o futebol feminino será algo normal e bonito de assistir. Durante quatro décadas, as mulheres foram totalmente proibidas de jogar bola. Tudo começou com um Decreto-Lei em 1941, durante o Estado novo, que as proibiu de praticarem esportes “incompatíveis com as condições de sua natureza, “eu acho que pelo preconceito que ainda existe, a visão no geral que ainda existe, não chegaremos no mesmo patamar do masculino” comenta. O coordenador da empresa de marketing esportivo (Sport Promotion), Claudiney Terra, trabalha há 33 anos no ramo do futebol e desde 1994 acompanha a evolução do futebol feminino e diz que a realidade da modalidade tem sido muito gratificante. “Eu tive o privilegio de poder ver que o futebol feminino esta crescendo ainda mais. Hoje, este está se tornando um fenômeno no meu ponto de vista, porque é olimpíada, é copa do mundo, as coisas estão acontecendo, e o mais legal de tudo isso é que a gente começou do 0 , praticamente vendo a coisa crescer, é como se fosse um filho, é gratificante ver o feminino tendo
Goleira da seleção feminina da Costa Rica, Noelia Bermudez.
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na evolução. “Em 15 anos as mulheres estarão lado a lado aos homens, e espero estar vivo para ver isto.”
Muito além de uma propaganda A “linha das universidades” também se tornou uma linha de histórias e caminhos Gabriela Caramigo
Susi Mary aguarda seu artigo ser publicado em uma revista internacional
Tito Jensen virou o “cara da estação”
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reportagem do jornal Acontece procurou ospersonagens que participaram da campanha institucional na estação Higienópolis-Mackenzie em janeiro de 2018. Fomos ouvir a repercussão na vida de cada um, o caminho que trilharam e como está a vida deles após o tempo de publicação. Encontramos Susi e Tito, dois dos rostos cartões de visita da estação. Susi ficou surpresa e tímida com tamanha exposição da propaganda, já que não era algo que fazia parte de sua vida: virar famosa e conhecida. Ela não gosta e nem entra na porta que tem o seu rosto, pela possibilidade das pessoas a reconhecerem. Mas ela guarda uma espécie de portfólio com todas as fotos que recebe de amigos e colegas ao lado de seu rosto. Já Tito achou extremamente interessante toda a ideia de aparecer e ser reconhecido, pois os amigos e as pessoas o identificam por onde ele passa como “o cara lá da esta-
ção”. Foi uma experiência diferente, singular e expressiva para ele. Estes dois personagens trilharam e ainda trilham um caminho significativo no Mackenzie. Ele, um menino sonhador, agora universitário, cursando Comércio Exterior no Mackenzie está focado em seus objetivos. Ela, doutora, professora e coordenadora de um programa, o QualiMack. Disse que o reitor Benedito Guimarães Neto ficou surpreso em sua cerimônia de outorga de grau do doutorado. Quando foi receber o diploma, foi calorosamente aplaudida com uma “torcida organizada” na plateia. Com pouco mais de um ano e cerca de 750 mil pessoas circulando na estação por dia útil. A estação tem facilitado e conectado diversos estudantes em seus caminhos, e ainda, tem contado histórias em seus arredores. Assim que inaugurou a estação, o presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie disse que a estação levava o nome da instituição de forma significativa, já que de maneira muito clara a identificação do Mackenzie seria anunciada. E é justamente isto que é pregado em suas paredes e portas: “Desde 1870 muitos caminhos passam pelo Mackenzie, TODOS LEVAM AO FUTURO”. Este slogan tem como ideia principal
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“o pensamento em trajetos do metrô e sua relação com o Mackenzie”, declarou em nota a Gerência de Marketing. E a maior motivação da propaganda foi levar cada um que passasse pela ViaQuatro pensar sobre o seu futuro. A estação foi um marco para os mackenzistas, em todos os aspectos, mas principalmente, para Susi e Tito. A propaganda obteve um grande retorno positivo, “foi um momento festivo onde todos nós estávamos comemorando a chegada do metrô, queríamos naquele momento mostrar que estávamos prontos para receber quem quisesse e de qualquer lugar” declarou a Gerência. Tito estuda no Mackenzie desde sua infância, não pretende sair, pois aprendeu muito neste caminho e acredita que ainda tem muito para aprender. Susi pretende continuar em busca dos seus objetivos e de tudo que uma carreira acadêmica exige.A gerência de Marketing já planeja uma próxima campanha inclusiva, para comemorar os 150 anos da instituição que agrupa o colégio, a universidade e o Instituto Presbiterino Mackenzie, a partir de 2019. As ações não foram divulgadas, mas estão previstas publicaçõs especiais, atividades acadêmicas e muitos eventos comemorativos.
A nova geração da Turma “Eu vou ser o novo dono da ‘lua’” e “Eu te pego, Cebolinha!” são jargões autênticos até hoje. Beatriz Miho Kuabara
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aurício de Sousa completou 60 anos de carreira em 2019. O cartunista cumpriu, e ainda cumpre, um papel muito importante no estabelecimento de personagens icônicos na vida de crianças e de muitos adultos atualmente. Ajudou também na alfabetização indireta do público infantil nas últimas décadas e contribuiu para a formação da cultura brasileira. Para comemorar tais feitos, está ocorrendo uma exposição, denominada “Olá, Maurício!”, no Centro Cultural FIEP. Realizada pela Maurício de Sousa Produções, empresa criada pelo desenhista e que alguns integrantes da família se encontram representando e perpetuando o legado de seu sobrenome. Entre eles, se encontra a diretora executiva, Mônica Sousa (fonte de inspiração para a personagem principal de mesmo nome) e Mauro Sousa (inspiração para o personagem Nimbus), diretor de produção.
Em todo o universo da Turma da Mônica, foram criados quase 500 personagens e todos podem ser encontrados na mostra, da qual conta com tablets interativos e vídeos com o perfil de todos eles. Cada turma possui sua própria ala, onde possui informações e curiosidades a respeito dos integrantes, e decorada de forma característica. No quarto do Chico Bento, é possível escutar os sons de animais rurais (como vacas e galinhas) e tem até mesmo um segmento especial para todos os pets que aparecem nos quadrinhos, devidamente nomeados e singularizados. Na primeira seção podemos encontrar a página do jornal na qual Maurício publicou sua primeira tirinha, com todas as reportagens e imagens anexadas. Logo após se encontra o bairro do Limoeiro, com um vitral para os visitantes poderem tirar fotos e se sentirem parte desse cenário renomado. A exibição conta com vários itens para interagir com o público, como por exemplo: os ovos do Horácio, que possuem pequenas surpresas para quem for investigá -los; livro digital com todos os per-
O personagem Bidu dava boas-vindas aos visitantes da exposição na FIESP.
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sonagens fantasmas e sobrenaturais da Turma do Penadinho e locais próprios para tirar fotos e guardar como recordação. Há também um espaço destinado ao escritório que foi utilizado pelo Maurício, com todos os troféus recebidos e seus diplomas, prêmios e certificados, um deles sendo do Guinness World Record, como o “maior livro de história em quadrinho do mundo”. O canal do YouTube “Mônica Toy”, com mais de 12 milhões de inscritos, não deixou de ser prestigiado. A placa de Diamante da plataforma, somente presenteando canais com mais de 10 milhões de inscritos, estava exposta juntamente com uma televisão transmitindo os episódios de curta duração. Na exposição também é possível ver as releituras de quadros e artistas famosos, como Van Gogh e Picasso, com a inserção dos personagens e estilo clássicos do cartunista. Pinturas, estátuas, quadros digitais e esculturas são apenas algumas das obras que podemos encontrar lá.
A construção visual de São Paulo IMS - Paulista relembra as origens da cidade em exposição criativa
Thiago Pastro
Instituto Moreira Salles apresenta “São Paulo: Três Ensaios Visuais” entre 20 de setembro de 2017 e 29 de dezembro de 2019, com curadoria de Guilherme Wisnik, crítico de arquitetura e assistência de Marina Frúgoli, curadora e arquiteta. Trata-se de uma exposição audiovisual com aproximadamente 30 minutos de duração, no 9º andar do edifício. São Paulo: Três Ensaios Visuais nasce de um ano intenso de pesquisa e imersão em mais de 20 mil fotografias sobre a cidade, todas do acervo fotográfico do IMS, um dos acervos mais importantes do país, conta Marina Frúgoli. Foram analisadas fotos de mais de 40 fotógrafos num período de 150 anos de história, contando com nomes como Militão Augusto de Azevedo, Marc Ferrez, Alice Brill, Mauro Restiffe e Thomaz Farkas. A iniciativa cumpre bem seu objetivo, que é desenvolver e entender como a grande metrópole se construiu e reconstruiu, e relatar isso através do vídeo. Junto da sala de vídeo, onde ocorre a parte principal, no exterior da exposição estão presentes cinco computadores touch, onde você pode navegar pelas fotografias separadas por temas, como arquitetura, pessoas, fotógrafos, outdoors e entre outros. Isso torna a exposição bem interativa e intuitiva, além de contar com funcionários do Instituto que estão dispostos a ajudar caso você não se dê muito bem com tecnologia. Julia Torrecilha, de 19 anos, conta que “nunca tinha vindo aqui no IMS, gostei muito da exposição, apesar de ter demorado um pouco pra achar o 9º andar. Nunca tinha ido atrás da história de São Paulo”.
Tela de projeção com narração e imagens ao fundo
A apresentação mostra, com sucesso, o crescimento exponencial da cidade de São Paulo no último século e meio, através de sua arquitetura e personagens, principalmente. A terra da garoa se desenvolveu sem uma identidade fixa, porque ao decorrer do tempo sempre teve de ser demolida para se reconstruir e suprir as demandas que o crescimento econômico impunha; São Paulo era a “cidade do futuro”. Foi construída de maneira caótica e desenfreada pela mão de obra imigrante europeia e migrante nordestina. A exposição mostra que essas pessoas foram fundamentais na for-
mação da maior cidade da América Latina, sendo responsáveis por boa parte do processo de transformação de vila a metrópole da cidade que conhecemos hoje. O vídeo é divido em 5 partes, mostrando as pessoas, o contexto social da época, a arquitetura, a demolição, os movimentos imigratórios, a propaganda, o contexto político e entre outros fatores na metamorfose da capital paulista. É uma exposição obrigatória para quem mora na cidade, pois contem registros históricos muito importantes para compreender o que foi e o que é São Paulo.
Computadores touch com imagens de Sāo Paulo presentes no acervo do IMS
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Doadores caninos Poucas pessoas sabem, mas pets também podem doar sangue
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ocê já doou sangue? E seu pet já? Isso mesmo, seus animais de estimação também podem ser doadores e assim salvar outros pets. A prática infelizmente ainda não é muito conhecida, porém é muito simples ser um doador. Os cachorros devem ter entre um e oito anos e pesar no mínimo 25 quilos, já os felinos devem ter peso mínimo de quatro quilos e entre um e sete anos. Além disso, ambos devem ter temperamento dócil, vacinação, vermifugação e controle de pulgas e carrapatos. Existem diversos bancos de sangue veterinários em São Paulo, entretanto, o Sanim Vet, localizado em Pirituba, é o único na América Latina com uma unidade móvel, dessa forma consegue atender em diversas regiões. Ademais, o doador também é beneficiado, pois todos os exames realizados para saber como está a saúde do pet são feitos gratuitamente.O procedimento de doação consiste na coleta de uma amostra de sangue, que passa por uma bateria de exames para atestar a saúde do pet e evitar que alguma doença seja transmitida. Após todo esse check-up, realizado de forma gratuita, se tudo estiver bem, o cachorro poderá doar 20ml de sangue por quilo em um intervalo de três meses. Já o gato 11ml por quilo em 4 meses, porém esse raramente não precisa ser sedado e isso, portanto, faz com que os donos fiquem com receio de leva-los às clínicas, mesmo a sedação não ocasionando nenhum problema de saúde. Dessa forma, há uma falta maior do sangue felino. “Vale ressaltar, que uma bolsa de sangue pode salvar até três vidas, pois devido os avanços na tecnologia conseguimos dividir os componentes sanguíneos”, afirma, Márcio Moreira, veterinário responsável pelo Sanim Vet.
Lucas Taveira
Lucas Taveira
Hércules e Pandora animados em salvar outras vidas.
O estabelecimento também funciona como um centro diagnóstico, ou seja, tem o papel de auxiliar o veterinário clínico a concluir análises através de exames, como raio x, ultrassom, ecocardiograma e eletrocardiograma. Além disso, fornece diversos atendimentos para quase todas as especialidades dentro da veterinária. Em entrevista, Márcio explica quais são as principais causas para uma transfusão, disparadamente o câncer aparece como maior problema, em seguida acompanham
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acidentes como atropelamentos com ferimentos graves, problemas de coagulação e hemorragias. Além dessas, existem doenças específicas, no cão a doença do carrapato é a mais diagnosticada, já no gato é a leucemia viral felina. Ele ainda esclarece como são definidos os tipos sanguíneos, os cães possuem 13 diferentes, conhecidos como DEA, Dog Eritrocyte Antigen, já os felinos são bem parecidos com os humanos, possuem apenas o A, B e AB. Em 2007, foi descoberto outro tipo san-
guíneo, conhecido como MIC, porém esse ainda não é possível tipar, portanto trabalham apenas com os outros três. Contudo, após a coleta, é muito importante explicar como funciona a distribuição das bolsas. O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), instituição encarregada pela fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnista, informou que ainda não há resolução que regulamente a prática e, ainda lembrou, que o Conselho Federal de Medicina Veterinária trabalha em uma resolução sobre os serviços. Porém, a distribuição no Sanim Vet é realizada de duas maneiras, normalmente quando alguma clínica ou hospital veterinário precisa de sangue é com certa urgência, então sempre que há estoque eles encaminham as bolsas. Além disso, uma porcentagem dessas são doadas para hospitais públicos, os quais repassam para pessoas que não tenham como arcar com o custo da transfusão.Para Lea Gonçalves, dona de uma labradora, mais conhecida como Filó, “os veterinários explicam tudo, fiquei bem mais tranquila após entender o procedimento. E agora conhecemos outros doadores, assim se torna uma festa canina”. Já para estudante de jornalismo, Natália Belo, que por causa de sua Yorkshire, diagnosticada na época com a doença do carrapato, passou por uma experiência de transfusão, explica que não recebeu muitas explicações dos médicos e destaca que não achou justo ter que pagar pelo sangue, pois vinha de uma doação e estava acostumada com a medicina humana, a qual não se paga pelo procedimento.Márcio esclarece essa questão do custo para transfusão, “não temos igual na medicina humana, o SUS que banca o serviço, logo arcamos com a equipe de coleta, a bolsa que é o recipiente que conserva o sangue, os exames e toda a tecnologia para separar os componentes sanguíneos. Desse modo, o doador não paga por nada, porém repassamos o custo para o receptor, pois ele está adquirindo um material com o máximo de biossegurança e, ainda ajudando a manter nosso ser-
Marcio Moreira ao lado das bolsas de sangue
viço”. Cabe salientar, que o CRMV-SP não possui dados sobre hospitais ou clínicas públicas, os quais forneçam a transfusão de maneira gratuita. A divulgação desse tema é de extrema importância, porque, assim como na doação de sangue humana, ainda faltam doadores. E, por muitas pessoas, hoje em dia optarem em ter um cão menor, o problema para eles se torna ainda maior. Outro problema era a falta de disposição para levá-los até a clínica, porém o Sanim
Vet resolveu esse problema com uma unidade móvel preparada para coleta, que está em diversas campanhas, assim aumentando muito mais a praticidade. Portanto, leva-se de lição que o pet doador, além de salvar outras vidas, é beneficiado, pois realiza diversos exames, de forma gratuita, que as vezes descobrem alguma doença escondida, desse modo com um diagnóstico antecipado, há mais chance do animal de estimação estar saudável novamente.
Serenidade no olhar de Boris para doar sangue.
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