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JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - ANO XX - ED. 231 - NOV / 2020

Filme discute o papel das redes sociais. p. 3

LEIA TAMBÉM:

O mercado da utopia - p. 2 O teatro em tempos das artes virtuais - p. 5 É hora dos negócios no mundo virtual - p. 6 ONGs se mobilizam em tempos de pandemia - p. 8 Ajuda aos necessitados - p. 10 Novos espaços culturais - p. 13

Jovens entram em rede contra as fake-news p. 11


O mercado da utopia Com a chegada da Fenty Beauty ao Brasil surgem polêmicas sobre o marketing vegano

Beatriz Ferro e Chiara Geia

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marca de cosméticos Fenty Beauty by Rihanna, lançada em 2017, chegou oficialmente no Brasil prometendo cosméticos de cuidados com a pele totalmente veganos e livres de crueldade animal. Contudo, discussões surgiram nas redes sociais em setembro em relação à procedência dos produtos. Há dúvidas se contêm derivados de origem animal e se realizam ou não testes neles. Sua popularidade cresceu ao longo dos anos pela grande diversidade nos tons de pele em seus produtos, especialmente na premiada base, Pro Filt´r Soft Matte Longwear Foundation, pela Allure Readers’ Choice Award, em 2019. Rihanna enxergava uma disparidade na indústria da beleza, e principalmente uma homogeneização dos tons de pele. Em 2019, o grupo LVMH, fundado após a fusão entre Louis Vuitton (LV) e Moët Hennessy (MH), firmou parceria com a cantora para o lançamento da marca de luxo. A parceria é uma tentativa de rejuvenescer a imagem do conglomerado, com seus consumidores jovens. Entretanto, a LVMH ainda é conhecida pelo uso de pele em suas mercadorias e produção

da China, país que exige testes em animais para comercialização. Mesmo após denúncias, a empresa não esclarece sua relação ao problema. A People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), organização não governamental em defesa dos animais e meio ambiente, luta nos últimos anos contra corporações e seus processos produtivos ultrapassados. Uma de suas intervenções é a compra de ações da empresa para poder participar das reuniões de acionistas, e assim pressionar internamente o grupo por mudanças. A jornalista de beleza e influenciadora digital, especialista em cosmética natural, Nyle Ferrari, diz ser completamente fora da realidade achar que ONGs terão poder de decisão dentro de uma empresa. Acrescentou que empresas servem aos seus próprios interesses, mesmo as mais sustentáveis. “Acredito que a mudança efetiva não virá nem por meio dos consumidores, nem por meio de ONGs, mas sim por meio dos tomadores de decisões”, disse. A falta de transparência das empresas com seus consumidores oculta a crueldade aos animais e ao meio-ambiente na produção. A ideia na qual grandes corporações transformam seus proces-

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sos produtivos altamente lucrativos, a partir de uma vontade do público por mudanças, parece um tanto quanto utópica. No Brasil, um exemplo semelhante é a marca de cosméticos naturais, Love, Beauty and Planet, pertencente a Unilever, uma das maiores multinacionais responsáveis no planeta por toda poluição. Nyle conta que “a falta de transparência dos conglomerados cruéis e poluidores é intencional, pensada para evitar boicotes”. Sob outra perspectiva, o diretor executivo da ONG Te Protejo Brasil, Yo Takase, diz acreditar nas mudanças, considerando que é melhor que essas empresas, como a Fenty Beauty, não realizem testes dentro de uma corporação, do que o contrário. “Apoiamos as ‘submarcas’ das empresas, para que impulsionem mudanças dentro do conglomerado”, completa. A Organização criada no Chile, hoje atua em diversos países, com expansão de sua atuação. Yo Takase diz “estamos lutando para apoiar, informar e educar o consumidor brasileiro, impulsionar marcas locais, promover a Campanha Liberte-se da Crueldade e banir em definitivo os testes de cosméticos em Animais no Brasil por meio de uma Lei Federal”.

Jornal-Laboratório dos alunos do 2o semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. As reportagens não representam a opinião do Instituto Presbiteriano Mackenzie, mas dos autores e entrevistados. Universidade Presbiteriana Mackenzie

Centro de Comunicação e Letras

Diretor do CCL: Marcos Nepomuceno Coordenador do Curso de Jornalismo: André Santoro Supervisor de Publicações: José Alves Trigo Editor: José Alves Trigo

Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 100 exemplares.


O dilema das redes Filme discute as mudanças de comportamento nas relações sociais e individuais por meio do dinamismo tecnológico Caio Augusto de Morais Oliveira

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e você não está pagando pelo produto, então você é o produto. Essa frase resume muito bem a ideia em que o novo docudrama da Netflix, O dilema das redes, dirigido por, Jeff Orlowski traz. O docudrama se altera entre as entrevistas de antigos funcionários de grandes empresas como, Facebook, Instagram, Youtube, entre outras e cenas feitas com atores, onde representam acontecimentos citados pelos entrevistados. Esses ex-funcionários deixaram seus empregos por se incomodarem com os dilemas éticos e morais que estavam surgindo, em meio a criação de projetos dentro das empresas. Nos primeiros minutos, um questionamento é nos apresentado, será que esse mecanismo, é implantado de forma proposital? Descobrimos, por meio dos ex-funcionarios, que as empresas que estão por trás das redes sociais, estão sempre competindo pela atenção do usuário e de quanto tempo ele passa logado nesses aplicativos. Empresas como Facebook, Snapchat, Twiiter, Instagram, Google entre outras, têm como modelo de negócio manter as pessoas conectadas á tela. O mais novo exemplo que descobrimos sobre esse modelo de negócio, é a nova atualização que Facebook trouxe recentemente, onde todos os seus usuários tem a opção de criar um avatar de sí proprio. Não é nenhuma novidade, para nós, as diversas quantidades de publicações envolvendo essa nova brincadeira. Pronto o Facebook já triunfou em seu objetivo de negócio, manter as

pessoas conectadas à tela. Com os objetivos de quanto tempo vão conseguir fazer o usuário gastar, ou até mesmo quanto dados da vida do usuário, eles podem te convencer a dar. Por exemplo, quando pensamos que um aplicativo é grátis, descobrimos que na realidade esse mesmo aplicativo, é financiando por alguma empresa que paga em troca de mostrar os respectivos anúncios para nós. Somos o produto, ou seja, a nossa atenção é vendida aos anunciantes, um produto que é uma causa da gradativa, leve e imperceptível mudança em nosso comportamento e nossa percepção de ação. O documentário nos mostra que a sensação de estarmos no controle do que postamos, curtimos, comentamos e compartilhamos é meramente uma falsa percepção, pois, o que acontece é que os aplicativos de internet, tem total controle do que você vê em sua pagina de perfil. Algorítimos que agem de maneiras diferentes para cada pessoa, esses cálculos são específicos, moldando assim o Acontece • 3

que é perfeito para cada um. Cada pessoa tem sua própria realidade, com o que é apresentado. Isso pode ser de um extremo perigo, pois, com o tempo a falsa sensação de que todos concordam com você, gera uma facilidade maior de manipulação. A bolha social que as redes criam podem ser uma das maiores razões do porque as pessoas não conseguem manter diálogos por muito tempo, por não saberem ouvir opiniões contrárias ou até mesmo pela falta de paciência para a construção de uma argumentação. A socióloga recém-formada Tatiana Isabel Parreira de Matos, 21 anos, nos revela que “a internet, diferente de outras, é uma plataforma onde o ódio gratuito é facilmente transmitido. Todas as pessoas são capazes de dar opinião a cerca de tudo, mesmo não dominando o assunto, condicionando uma situação onde haja muito mais discordâncias e que não haja diálogos que sejam frutíferos, diminuindo a capacidade de ouvirem as diferentes opiniões.” Se é dessa


Ex-aluna de teatro Julia Martins Siqueira, 20 anos

maneira que é moldado o comportamento em grupo, como esses habitos podem interferir negativamente em nosso comportamento como indivíduos? A socióloga, continua nos dizendo que “a insegurança, a dificuldade em estabelecer uma boa relação com as pessoas próximas e consigo mesmo” é uma das consequências negativas trazidas pela falta de autoconhecimento. Problema esse provocado pela constante variedade de informações que recebemos no cotidiano, que nos traz um processo de mudança acelerado. “Com o acesso à internet o processo de estabelecer uma identidade própria se torna muito mais difícil, nos é apresentado um constante bombardeamento de comportamentos de diferentes pessoas ao mesmo tempo, fazendo com que o individuo não tenha tempo suficiente de estabelecer uma identidade própria, pois, ele está em constante processo de mudança de opinião, criando uma sensação de indecisão a face das coisas que gosta ou de quem realmente é”. Muitas pessoas procuram se manter distantes das redes sóciais, pelo motivo de já terem consciência dos perigos, por experiências vividas anteriormente. A ex-aluna de teatro, Julia Martins

Siqueira, 20 anos, nos relata sua experiência. “Eu demorei muito tempo pra ter um celular, então no começo eu usava ele o tempo todo, literalmente vidrada na tela (24h) por dia, mas com o passar do tempo isso começou a me fazer muito mal, Além de eu ter ficado muito dependente dele eu também sentia muita ansiedade com tudo, ansiedade em responder mensagens, em ver as redes sociais e etc.” Não foi apenas um prejuízo à saúde mental e emocional de Julia, recentemente por causa da pandemia. As aulas online se mantiveram com a única forma de continuidade do curso. Os diferentes ritmos entre aula presencial e online fizeram com que a aluna não conseguisse se adaptar da melhor forma. “Eu ainda sinto bastante aquela “ansiedade” na hora de responder mensagens e coisas do tipo, tanto que eu simplesmente não consegui me adaptar a aula online por conta de ficar me sentindo nervosa assim”, disse. Com isso agora ex-aluna de teatro, teve que mudar seus planos, trancando sua matrícula em seu curso. Quando as tentativas de adaptação ao um sistema que foi moldado para manter as pessoas conectadas à tela não fazem efeito, de que maneira podemos nos prevenir desse perigoso e sutil habiAcontece • 4

to? A jovem de 20 anos, nos conta como mudou seu comportamento “Até que chegou no ponto em que eu comecei a ignorar, porque meu cérebro já não tava conseguindo processar tudo aquilo, e conforme fui fazendo isso eu fui perdendo o costume de usar tanto a internet, então acho que essa sensação ruim de dependência da internet que foi o que me fez diminuir o contato aos poucos”, completa. Logo após a mudança, veio o resultado “E eu acho que fiquei mais produtiva depois que diminui meu tempo no celular, sim. Depois que diminui o tempo por aqui eu passei a fazer mais coisas por mim mesmo, sem ficar me comparando ou focando tanto em quem eu seguia”. Mesmo que a ausência do uso das redes sociais, nos possibilita, focar em nossa vida e até melhorar nosso desempenho em certas áreas, viver em um mundo de hoje sem o acesso à tecnologia é difícil. Pois, tudo está conectado, como falaríamos com as pessoas que conhecemos? “Mas, por outro lado, eu acabei me distanciando muito de alguns amigos por conta desse hábito de deixar o celular de lado e não responder muito as mensagens”, comenta Julia. O que é preciso, é um uso consciente da tecnologia, usar o celular e outros dispositivos de forma equilibrada, saber balancear o nosso tempo entre o que é necessário e o que não acrescenta em nada. Temos que ter critério e sabedoria nas nossas decisões e ficar sempre em alerta para não sermos influenciados por interesses alheios.


Nos tempos do teatro virtual Professor e alunos comentam sobre como foi fazer teatro durante a pandemia

Henrique Liva da Silva Pedro Hübner Trindade Nogueira da Silva

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om a pandemia da Covid-19 e as recomendações sobre a não aglomeração de pessoas em um mesmo ambiente, o teatro foi diretamente afetado, e com isso, tanto atores quanto diretores tiveram que achar soluções criativas para que as peças fossem produzidas mesmo com o distanciamento social. Já utilizado em shows de música, as lives na internet foram o modelo encontrado para que se pudesse levar o entretenimento e um

pouco de descontração para quem está em casa, principalmente, em um momento difícil como esse. O diretor e professor Marcos Arilho, 59 anos, e os alunos Vinicius Dragaud, 20 anos, Julia Cerdeira e Isabella Rocha, ambas com 18 anos, contaram mais dessa nova experiência e de como foi essa renovação para trazer a imersão do teatro mesmo à distância. Isabella Rocha contou que mesmo se reinventando e tentando se adaptar a essa nova realidade, as dificuldades persistiram até o final. “Eu fazia escola de teatro. Então não era só ensaio de uma peça e sim aulas, e como era meu semestre de formatura estava muito difícil, mas a gente foi se readaptando.”

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Uma das maiores dificuldades encontradas pelos atores foram as cenas com interações entre os personagens, para adaptá-las às plataformas digitais foram utilizadas diversas formas. Vinicius Dragaud contou que o enquadramento foi essencial para esse tipo de cena. “Quando tinha alguma cena que alguém pegava alguma coisa de outra pessoa ou batia em alguém, a gente enquadrava de uma forma que os dois atores parecessem que estavam juntos.” Julia Cerdeira, também, contou sobre essa dificuldade, no caso dela foi decidido utilizar imagens para representar as interações. “A minha personagem ela tinha uma cena de beijo, e não podia ser cortada. As cenas como essa a gente colocava uma imagem para as pessoas entenderem o que estava acontecendo.” Além das dificuldades vividas pelos atores e alunos, os diretores também tiveram que se adaptar a essa nova situação. Marcos Arilho falou sobre essa nova experiência e as diferenças que um diretor de teatro sente. “Eu sou diretor de teatro. Gosto de sentir a respiração dos atores, a tensão para entrar em cena, a palpitação, a improvisação do colega para ajudar o outro. Por outro lado, a grande diferença ainda fica na emoção, súbita e necessária de cada cena que temos adaptado a medida do possível com prazer e empenho.” A reabertura será algo de extrema importância para o setor da cultura, pois foi uma área muito afetada pela pandemia. Segundo um estudo nacional feito pela FGV, em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa e o Sebrae, em julho de 2020, mostrou que, aproximadamente, 86% das empresas que estão no setor da economia criativa, tiveram uma queda no faturamento a partir de março dessa ano, e que 63% tiveram que parar com as suas atividades. Vale lembrar que a economia criativa equivale a 2,64% do PIB no Brasil e emprega mais de 4,9 milhões de pessoas.


Negócios pós-pandemia Saiba como profissionais veem os efeitos do isolamento

Paola Von Atzingen e Dayane da Silva

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era dos que iam às lojas físicas para comprar roupas, escolher presentes, e se locomover até o melhor restaurante pode estar chegando ao fim. Com o advento da tecnologia, da conexão pela internet e do marketing digital, a cada dia mais, marcas e empresas limitam suas vendas ao espaço online. Em algumas cidades do Brasil, vendas dentro do shopping já não são tão rentáveis, considerando que o aluguel de um espaço mostra-se cada vez mais alto. Novamente, a melhor alternativa é migrar para o meio virtual, para redes como o Facebook, o Instagram, ou até para a criação de seu próprio site. Para Juliano Mercadante, gerente de Tecnologia da SEB Arno da América do Sul, nossas relações interpessoais estão sofrendo mudanças, mas é difícil dizer se elas são para melhor ou para pior. Ele diz também que toda a tecnologia acentuada durante a pandemia nos trouxe novas ideias perante os gastos. “Penso que o ensino, por exemplo, pode ficar muito mais barato e acessível com o EAD. Dá para colocar duzentas pessoas em uma sala virtual com um professor, sem precisar do espaço físico de uma escola. Acho que encontraremos novas formas de socialização, e que va-

mos sentir cada vez mais falta, como já estamos sentindo, do contato físico.” Neste ano o país se deparou com uma novidade: o Covid-19. O vírus se espalhou rapidamente, obrigando as pessoas a ficarem em casa, evitando aglomerações e a exagerar nas medidas sanitárias para prevenir o contágio. Junto a isso, estabelecimentos como restaurantes, bares, shoppings e lojas de rua não tiveram outra saída a não ser fechar as portas. A solução para as vendas, por outro lado, foi a internet. Aplicativos de delivery como IFood, UberEats, O interessante é imaginar o que acontecerá a longo prazo. Antes da pandemia, a população já era familiar com as opções de delivery, e agora mais ainda. Nossa sociedade tem as ferramentas necessárias para manter-se em suas respectivas zonas de conforto, abdicando não somente ao contato físico, mas às relações sociais, de certo modo. Fernanda Nunes, formada em Administração pela FGV, e tradutora, nos conta que as experiências online não são tão ricas quanto as que temos presencialmente. “Se a situação do momento de pandemia se perpetuar, será mais difícil começarmos interações com o que não conhecemos, por não termos memórias e experiências com essas coisas. Ainda temos as experiências do presencial. Sabemos como é uma sala de aula, ou uma aula de dança por

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exemplo. O presencial enriquece a experiência, Então para nós é mais simples continuar online algo que já sabemos como funciona quando se tem presença física”. Ricardo Von Atzingen, engenheiro formado pelo Mackenzie, apresenta ainda um terceiro ponto de vista: “É nítido que as empresas visam cada vez menos o custo, e mais o lucro. A tecnologia já estava levando grande parte dos serviços ao âmbito virtual. O home office já existia muito antes da pandemia, o fenômeno todo já vinha acontecendo antes da pandemia. Você pode fazer as coisas independentemente de onde você está, porque a presença física já não se faz mais tão necessária. O mundo vai para um lugar onde a presença física é uma opção. O fato de não precisar ir aos lugares para fazer as coisas libera às pessoas mais tempo para outras atividades. O seu tempo economizado de seu deslocamento para o trabalho, por exemplo, pode te dar mais tempo para comer, encontrar amigos, fazer algo que gosta, é um poupar de tempo.” A tecnologia sempre dependerá da decisão humana. Encontrar ou não pessoas, frequentar lugares ou não, recorrer ao virtual ou ao presencial sempre será uma decisão individual. O importante é saber como enriquecer sua experiência e sua vivência, com o uso das novas ferramentas ou não.


Jovens entram no mundo digital Durante o período pandêmico vários pequenos empreendimentos tiveram uma alta crescente

Dayane da Silva Nascimento

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urante a pandemia muitos jovens perceberam que poderia ser a hora de entrarem no mundo do e-commerce. Stephanie Conto, de 17 anos, também precisou se ajustar ao período de isolamento social. Dona de um pequeno negócio, o “SMC Store” desde o ano de 2019, Stephanie acredita que a Pandemia lhe ajudou em sua pequena loja, já que ano passado não tinha tanto tempo para administrar seu empreendimento. “A pandemia me possibilitou mais tempo para dedicar há minha loja, antes dela eu não tinha tempo, as fotos eram piores. A procura também foi maior principalmente em junho e julho”. Para o futuro, depois desse período de isolamento social, Stephanie disse que não possui planos para continuar com a loja. “Comércio não são meus planos futuros, eu fiz isso mais porque eu gosto, meu foco é a medicina, e eu pretendo fechar a loja no final do ano para me dedicar a cursinhos. Mas ela foi muito boa porque

me ajudou a falar com as pessoas”. Camila Araújo tem 18 anos e também é dona do seu pequeno negócio “Portofino Youth”. Diferentemente de Stephanie, ela pretende continuar com seu empreendimento pós-pandemia. “Eu quero muito. Acho que meu maior plano é criar um site e aprimorar o marketing sabe? Contratar modelos, promover anúncios e afins.” Sendo pré-vestibulanda para Relações Internacionais Camila comenta sobre seus planos de estudar um pouco dessa área na faculdade.

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“Em RI tem um pouco da administração e marketing, adoraria trabalhar mais nessa área comunicativa” Ela termina falando em como surgiu a ideia da sua loja. “Minha mãe e tia fizeram uma loja já que sempre foi o sonho delas, e eu comecei a ver as peças, e senti vontade de montar a minha então acabei montando a portofino youth por influência delas e tentar aumentar as vendas também”. Camila e Stephanie são dois exemplos de como a pandemia de corona vírus teve uma importante participação em seus negócios.


ONGs se mobilizam durante a pandemia Organizações desenvolvem atividades para angariar recursos

Luiza Carniel D’Olivo Erika Gama Ferreira

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s ONGs (Organizações Não-Governamentais) enfrentam as consequências da pandemia e a falta de dinheiro, com isso estão solicitando doações para a comunidade. Também estão propiciando atividades online. As consequências da pandemia de covid-19 chegaram em todos os setores da sociedade. Com a impossibilidade de ações com muitas pessoas envolvidas, devido a fácil contaminação pelo novo vírus, muitas instituições fizeram o possível para se adaptar ao cenário atual. Sobrevivendo principalmente com doações financeiras de pessoas físicas e jurídicas, a situação econômica de recesso apresentou como um problema, pois houve uma diminuição considerável nas doações. Cerca de 67% das instituições sofreram queda acima da metade na arrecadação e 83% correm riscos de fecharem suas portas no curto prazo ou reduzirem as atividades, segundo a Rede do Bem em uma pesquisa feita em abril. O Projeto Shalom, situado em Santo André, atua em prol das

crianças, adolescentes e de suas famílias e comunidade. Segundo a responsável atualmente pelo projeto, Priscilla Gomes da Silva, para lidar com a crise econômica é necessário cortar gastos. “Ao decorrer do ano fazemos alguns eventos beneficentes para fazermos um caixa, temos alguns padrinhos que colaboram mensalmente e estamos em busca de novos, participamos da Nota Fiscal Paulista com digitação de cupons e captando novos doares para doação automática, economizamos o máximo possível e negociamos descontos com os fornecedores e prestadores de serviços”, disse. Priscilla ainda afirma que as doações financeiras desde março foram muito baixas e os recursos foram destinadas somente aos pagamentos essenciais de manutenção da instituição. Já as arrecadações de mantimentos foram distribuídas priorizando o grupo de risco da doença (diabéticos, pessoas com doenças respiratórias, pessoas com pressão alta e idosos). Já Wilson Nascimento, voluntário como professor da ONG Casa Do Zezinho, uma instituição voltada ao desenvolvimento de crianças e jo-

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vens, na Zona Sul de São Paulo, diz que o maior desafio durante o período de isolamento foi o afastamento das famílias necessitadas. “Com certeza foi a quebra de vínculo com as famílias, pois não são só a cestas básicas, kits e as atividades diárias das crianças que priorizamos, queremos ser um ponto de apoio e carinho com todas as famílias”, afirmou. A alternativa para continuar as atividades infanto-juvenil foi optar por incentivar a serem feitas em casa. Os professores se adequaram ao virtual, gravam vídeos ensinando as crianças e adolescentes (dos 6 aos 18 anos) a resolverem a atividade. A ONG então entra em contato com a família e entrega o kit com os materiais necessários. Wilson reconhece que o online, apesar de não ser igual ao presencial, é uma alternativa para manter as crianças ativas, desenvolvendo sua criatividade e sua linguagem cognitiva. Nas palavras dele “recebemos mensagem dos pais falando que as crianças/jovens não querem voltar para escola, mas que sentem faltam da instituição, e isso dá um gás para continuarmos a pensar em outras atividades”, finaliza.


Em busca da ressocialização ONG Arcah trabalha para ajudar pessoas em situação de rua

Felipe Gabriel Ferreira Vital Mateus Frizzero de Lima

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e acordo com um levantamento feito pela Prefeitura de São Paulo, a população de rua em 2019 era de 24.344, 53% de aumento em relação a 2015, onde 15.905 pessoas se encontravam nesta situação. Além disso, 11.693 moradores de rua estão em centros de acolhimento. Para ajudar essas pessoas, ONGs como a Arcah (Associação de Resgate à Cidadania por Amor à Humanidade) atuam em busca de ressocializar e retomar a dignidade daqueles que, muitas vezes são esquecidos e rejeitados pela sociedade. A Arcah surgiu em 2012, inspirada na comunidade terapêutica de San Patrignano, no norte da Itália, onde os internos em tratamento recebem auxílio-saúde, moradia e oportunidade de aprender uma nova profissão. Segundo ela, a busca pelo reconhecimento da seriedade do trabalho realizado e a dificuldade em firmar parcerias com os centros de acolhida para

maior proximidade com o público-alvo, foram grandes obstáculos no início do projeto. Além disso, ainda ocorre resistência na abordagem com certas pessoas. Atualmente, a Arcah conta com alguns importantes projetos. O principal deles, a Horta Social Urbana, oferece um curso que envolve aulas práticas e teóricas de agricultura urbana agroecológica. Os alimentos colhidos na Horta Social estão presentes nas prateleiras dos estabelecimentos do supermercado Pão de Açúcar. Tudo isso em prol de um único objetivo: formar e capacitar pessoas a serem recolocadas no mercado de trabalho. Outros projetos realizados são: Arcah na Rua, programa que leva lazer, esporte, música e cultura a pessoas em situação de rua abrigadas em centros de acolhida, e o Arcah contra o Frio, que realiza a entrega de kits de inverno a essas pessoas. Neste ano de 2020, o mundo foi afetado pela covid-19. Com isso a Arcah teve que se adequar aos protocolos de segurança para continuar suas atividades. De acordo com a assessoria de imprensa os projetos da

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instituição visam ajudar diretamente as pessoas que vivem em situação de rua, ações como a Horta Social Urbana (HSU) contaram com a capacidade reduzida de educandos. Com a flexibilização da quarentena, as turmas contam agora com apenas sete participantes (35% da capacidade). Durante os meses de quarentena, atendimentos virtuais foram realizados pela equipe sociopedagógica do projeto. Para a própria instituição, a Arcah é capaz de ressignificar a vida do seu público atendido oferecendo ferramentas que permitem o descobrimento de paixões, resgate da autoestima e confiança, além do desenvolvimento de aprendizados em diferentes capacitações, despertando o sentimento de pertencimento a um grupo, reconhecendo o seu papel, deveres e direitos na sociedade. “O trabalho desenvolvido pela Arcah, principalmente por meio da Horta Social Urbana, já transformou a vida de muita gente. Muitos educandos do projeto já voltaram a trabalhar e conquistaram sua tão importante autonomia.”, comunicou a Instituição por meio da assessoria de imprensa.


Ajuda aos que estão esquecidos Instituto GAS nasceu com a indignação diante de uma reportagem

Felipe Gabriel Ferreira Vital Mateus Frizzero de Lima

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GAS – Grupo de Atitude Social nasceu após Christian Braga, de 46 anos e idealizador do projeto, ver uma notícia na qual quatro morreram de frio nas ruas de São Paulo em 2016. Foi então que ele reuniu amigos para entregar cobertores à população de rua. A partir daí o número de colaboradores foi se multiplicando até que nasceu o GAS no dia 29 de abril de 2016. O GAS é uma instituição laica e não-governamental que se mantém por meio da ajuda de voluntários e colaboradores. Voltada aos moradores de rua, a ONG ajuda também os animais que se encontram abandonados pela cidade com rações e tratamentos. Hoje, o GAS atende 7 mil pessoas por mês em todas as zonas de São Paulo e em Osasco, Barueri, Carapicuíba, Jandira e Itapevi. Estima-se que mais de 3 mil pessoas já contribuíram com o projeto ao menos uma vez, além de 700 voluntários frequentes.

Atualmente, o GAS promove a possibilidade das pessoas saírem da situação de rua e lutarem contra o álcool e as drogas de forma gratuita e com ajuda psicológica. Há um projeto para a construção de uma casa de reabilitação com um canil para ajudar também os animais, e que contará com médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. “Nosso objetivo é que as pessoas internadas façam o processo de reabilitação junto com os animais do canil, trabalhando e brincando para relembrarem que são seres-humanos, pois quem está na rua não se vê mais como gente.” – contou Christian. Com a chegada do coronavírus, Christian temeu pela continuidade do GAS por achar que as pessoas deixariam de ajudar em razão da insegurança em relação ao próprio futuro, “A gente chegou a ter esse medo mas acabou rapidinho, a galera chegou feroz pra ajudar. Não deu nem tempo de pensar que o pior poderia acontecer.” E agradece. “Eu tenho gratidão por essas pessoas que deram pelo menos um centavo durante essa

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pandemia, pois a pessoa se arriscou para poder ajudar alguém que ela não conhece”, disse. Durante a pandemia do covid-19, o GAS saiu das ruas durante um mês para evitar a contaminação tanto dos voluntários como dos moradores de rua. Em virtude disso, nasceu o projeto “Na Rua Somos Um” onde fazem parte o Padre Júlio Lancellotti e outras 45 ONG’s que se uniram ao GAS para ajudar não só as pessoas em situação de rua, mas também aqueles em situações de extrema dificuldade. Foram arrecadadas 170 toneladas de alimentos e entregues 11.600 cestas destinadas para 60 comunidades diferentes. Para o futuro, os objetivos são bem definidos: “A partir do ano que vem, se tudo der certo, vamos atrás de colocar o projeto da casa de reabilitação em prática. Nossa ideia é de replicar o projeto para que possa ajudar pessoas em mais lugares como: Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus e até fora do país se for possível”, disse Christian.


Projeto contra fake news Proposta da Unicef pretende envolver jovens de todo o mundo no combate às fake news

Maria Eduarda Esteves de Oliveira.

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om o passar dos anos, as redes sociais têm ganhado cada vez mais importância na sociedade moderna, permitindo maior participação democrática e a mobilização social da população. Entretanto, as Fake News trouxeram à tona os perigos de confiar cegamente nos compartilhamentos alheios das redes sociais. No Brasil, observamos cotidianamente as suas consequências, principalmente na política, e recentemente, na área da saúde com a pandemia da Covid-19. Visando diminuir a repercussão destas informações pobremente apuradas e espalhar os direitos da criança e do adolescente, o Fundo das Nações Unidas (UNICEF), criou um projeto de voluntariado online, constituído por jovens (de 16 a 24 anos), chamado #tmjUNICEF. O processo seletivo, que recebeu mais de 3,5 mil inscrições apenas na primeira semana, foi realizado por meio de questionários, relacionados à vida pessoal dos candidatos, ao engajamento virtual de cada um e suas motivação para participar do projeto. Também foi feita uma análise rigorosa das atividades dos candidatos em suas redes sociais, para se certificarem de que suas contas são ativas e não estão vinculadas à distribuição de mensagens

de ódio. A estudante de jornalismo Gabrielly Simeão Delgado, de 17 anos, nunca tinha participado de um programa de voluntariado antes e ingressou no projeto. Segundo ela, ”sempre tive vontade de participar de um trabalho voluntário, mas nunca achei um que pudesse me adaptar nas horas que eu posso disponibilizar. Me identifico muito com a causa que eles lutam. Acho que é de extrema importância garantir os direitos das crianças e adolescentes e tornar esse período da vida o mais justo e saudável possível.”. Rebecca Leitão, estudante de Relações Internacionais, mora na Polônia e enfatiza a importância de um projeto como este: “Fake News não é brincadeira, há um sistema muito complexo e lucrativo por trás disso e afeta, de forma ruim, a vida de todos. Gera confusão e conflito. Pior ainda quando são sobre o coronavírus, que neste caso, pode até por nossa saúde em risco”. Mesmo distante do Brasil, sua contribuição é a mesma. “O projeto já era planejado para ser online, e com a pandemia, só tornou isso mais possível. A nossa atividade é com conteúdo e mobilização online. Então a distância não é um problema. Não realizamos atividades focadas em uma só região ou circunstância, então não realizo uma atividade específica no local em que moro”.

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As informações sobre quais assuntos serão mobilizados e os “desafios” semanais são transmitidos, pelos coordenadores, por e-mail. Segundo Gaby, não são apenas os superiores que pensam nos temas semanais. “Sempre que tivermos alguma ideia podemos enviar para o responsável de cada estado e se for aceita pelo coordenador do projeto e pessoas de dentro do Unicef, a ideia é planejada e colocada em prática.” Becca, como é conhecida, diz que “nossa função é estar sempre a motivar e buscar melhores formas de engajar a todos os voluntários, para que eles envolvam mais no projeto. Fazemos reuniões com dados sobre o grupo e damos ideias para novos eventos internos. A parte dos resumos é para garantir que todos tenham acesso as novidades e informações do programa, pois há muita gente que não consegue participar dos encontros online devido a rotina e horários” Para realizarem suas funções, os voluntários aproveitaram a comunidade que formaram para se auxiliarem. “Alguns voluntariados já lidavam com redes sociais então acabaram por ensinar muito aos outros. Isso é a melhor parte, vamos aprendendo uns com os outros. Muita gente, como eu, não é influencer nas redes sociais, mas mesmo assim, aprendemos com nossos colegas como administrar, para ter um maior alcance, principalmente no


Twitter”, disse a estudante. E é exatamente essa união entre os participantes do #tmjUNICEF que traz um diferencial ao projeto. “A melhor parte é o aprendizado. Com certeza sei muito mais sobre redes sociais e fake news do que eu sabia antes do projeto. Mas não são só esses pontos, um tema muito pedido por nós voluntários, foi sobre saúde mental. Estamos sempre compartilhando experiências e aprendizados sobre diversos temas no grupo de WhatsApp. Também é muito legal ver o engajamento da galera, tanto dentro do tmjUNICEF quanto em outros voluntariados ou projetos pessoais, é inspirador.” Tanto para Becca, quanto para Gaby, a experiência de participar de um projeto de voluntariado, como o #tmjUNICEF, tem sido inspiradora. “Eu entrei nesse projeto despretensiosa e com uma outra visão de mundo, hoje, já sinto que minhas características de amor ao próximo, empatia e sororidade foram intensificadas, tenho certeza que quando este projeto acabar, estarei em minha melhor versão”, expressou Gabrielly. “Gostaria de enfatizar que o trabalho voluntário é incrível, seja qual for e para todo tipo de causa. Aprendi muito no tmjUNICEF. Além de que o trabalho voluntário é uma ótima forma de aprender a trabalhar em grupo. Estou adorando participar do tmjUNCEF e incentivo a todos a participar de um voluntariado, além de estarmos ajudando, também nos acrescenta muito”, aconselha Rebecca.

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Novos espaços culturais Espaços no centro de São Paulo se popularizam nos últimos anos entre os jovens Sarah Boiteux

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spaços culturais na capital paulista têm sido um grande interesse nos últimos anos especialmente dos jovens, que muitas vezes procuram lugares novos para se encontrar, se divertir e com coisas diferentes para se fazer. Somado a esse fator, espaços culturais são geralmente renovados de tempos em tempos, trocando exposições e contando com novas atrações. Entretanto, a maioria desses lugares conta com artistas que já possuem um nome consolidado no mercado, ou com artistas que possam financiar a exposição de seus trabalhos nesses espaços culturais mais conhecidos ou até teatros, os quais geralmente cobram preços altos. A partir dessa ideia, querendo atingir não somente o público a conhecer um pouco mais de arte e se envolver nesse meio, mas também artistas independentes que estão começando no meio artístico, foi criado o QG 791. O lugar conta com uma estrutura adaptável a cada tipo de uso que será destinado, tendo camarim, palco, estúdio além de um amplo espaço para o público. Lá acontecem alguns shows de stand up comedy, shows de bandas, exposições de arte plástica e são realizados ensaios para peças de teatro, brechós, pinturas nas paredes e noites de jogos de tabuleiro. Ele junta diversas atividades, além da arte, e se torna um lugar perfeito para que artistas iniciantes possam interagir com o público, e fazer com que pessoas que se interessam pelos mesmos assuntos possam trocar experiências. Um dos donos do espaço cultural Athos Magno conta que “no início erámos eu e mais dois amigos (seus atuais sócios, Rafael Custódio e Daniel Kamui) tentando a vida no meio artístico e sentimos que faltava um lugar para que pudéssemos ensaiar”. Foi então que os três

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resolveram arranjar um lugar em que eles pudessem ensaiar, criar e proporcionar isso a outros artistas que também não tinham condições de alugar outros lugares para expor seus trabalhos, pois a vida como artista não é tão simples. Hoje em dia um artista ganha em média R$ 2.446 o que torna a vida não muito simples, principalmente considerando os altos custos de vida de São Paulo. “Queríamos um lugar que fosse adaptável a diferentes atividades e que tivesse um preço justo tanto para nós [artistas] quanto para o público” diz Athos, sendo assim, o QG tem entradas com preços acessíveis, de R$ 10 ou entrada franca em alguns casos. Quanto à decoração do espaço, fica por conta dos próprios artistas que tiverem interesse em expor seu trabalho e testar novas técnicas. Um dos artistas, Mateus Bruza, que é formado pela Academia Internacional de Cinema e hoje trabalha como diretor tecnico na Tv

Democracia, continua atuando em peças de teatro e escrevendo roteiros, além de estar começando uma banda de Rock Alternativo. Conta que conheceu o “QG e o Athos na montagem da peça Inferno - Interlúdio Expressionista. Fizemos uma permuta onde eu faria uma lousa lá e em troca ele deixaria eu fazer festas lá para levantar dinheiro pro meu filme Venéreas, hoje em fase de pós produção. Na primeira festa toquei com a minha banda”, completa. Alguns dos casos são feitos dessa forma de permuta, desse jeito, há benefícios para as duas partes, além de integrar diversas pessoas no mundo da arte e possibilita que mais gente conheça o QG 791. A inspiração para os desenhos feitos no lugar vem de diversas formas, além de ser feito diferentes tipos de desenhos e técnicas, a que Mateus faz é um desenho feito com giz em uma parede de lousa, ele fala onde surgiu a inspiração para os desenhos. “O que me inspirou para

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fazer a lousa foi a resistência cultural que o QG representa. Partindo desse princípio fiz a banda Cuecas em Chamas da série Irmão do Jorel tocando e os militares (na série representados como palhaços) invadindo o show”, complementa. O nome do QG 791 surge de uma brincadeira com a localização do espaço “o endereço Major Diogo 791, é perto da Avenida Brigadeiro. Então falamos que estamos em um “quadrante militar”, e por isso QG (quartel general). O slogan é resistência cultural, no sentido de sobrevivência da arte em meio as dificuldades, além disso a cor roxa foi escolhida por ser o negativo de verde que é a cor militar”, diz Athos. O espaço tem sido aberto durante a pandemia apenas para algumas reformas e novas artes, por enquanto sem exposição, mas os donos esperam poder reabrir normalmente em 2021, voltando com os shows e apresentações no lugar.


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