Universidade Presbiteriana Mackenzie - Centro de Comunicação e Letras Publicação dos alunos do 2º semestre de Jornalismo - Ano XII - Setembro de 2017
Os “food trucks” vão acabar?
A venda de alimentos saudáveis é uma das opções do setor para enfrentar a crise. Página 6
Uma tradição que ainda encanta Na era dos shoppings, o cinema de rua continua fazendo parte da rotina dos brasileiros Fernanda Antônia Bernardes
Fernanda Antônia Victória Theonila
Em 1907, as primeiras salas de cinema da cidade de São Paulo, Cine El Dorado e Cine Bijou, foram inauguradas. O apreço pela considerada sétima arte apenas cresce desde então, e a valorização das salas de cinemas cresce junto. “É no cinema que se encontra a experiência perfeita para apreciar um bom filme”, justifica Joshua Yuri, 19 anos, estudante de letras. Entretanto, com a evolução das tecnologias e mudanças na sociedade, a atual era dos shop-pings fez com que as salas de cinemas de rua migrassem, e assim viraram parte desses centros de comércio. Em pesquisa realizada pelo Datafolha no mês de fevereiro do ano de 2017, apenas 8% dos entrevistados responderam nomes de cinemas de rua à pergunta “A que sala você costuma ir com mais frequência?”. Essa popularidade se dá pela praticidade de poder assistir aos lançamentos, consumir e resolver tudo dentro de um único espaço. Segundo Diogo Viana, 32 anos, produtor cultural do Cine Olido, localizado no centro da cidade de São Paulo, os investimentos feitos na estrutura do espaço, ou seja, a tecnologia e o
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro de Comunicação e Letras
Diretor do CCL: Marcos N. Duarte Coordenador do curso: Rafael F. Santos Supervisor de Publicações: José A. Trigo
Localizado no centro da cidade de São Paulo, o Cine Olido oferece uma programação alternativa pelo preço de quatro reais
tamanho das salas contribuem também para que prefiram ir a um cinema dentro dos centros comerciais. Além disso, também há um maior investimento nas mídias de lançamento. Ele ainda afirma que a divulgação deles é mais poderosa que as dos cinemas de rua. Ainda assim, há os poucos que preferem o velho jeito de assistir a um filme. É o caso de Joshua, que defende que nas salas de cinema de rua “os espaços normalmente são mais ‘acolhedores’, chegam a lembrar a nossa casa”. Além disso, ele também explica que tem tal preferência pelo fato dos ambientes serem menos comerciais e, consequentemente,
menos tumultuados. Os cinemas de rua são marcados pela sua programação singular, em que são exibidos na sua maioria filmes nacionais e independentes. No caso de Joshua, ele aprecia os filmes estrangeiros fora do eixo hollywoodiano que chegam em cartazes dos cinemas de rua e, geralmente, não chegam nas salas de shoppings. “Uma programação alternativa com qualidade” descreve Diogo. Além disso, os preços dos cinemas de rua costumam ser mais acessíveis. O Cine Olido cobra quatro reais a entrada inteira, enquanto cinemas de shoppings podem chegar a valores superiores a 30 reais.
Professores responsáveis: André Santoro (Pauta e Apuração); José Alves Trigo (Editoração e Design).
Jornal-Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo. Centro de Comunicação e Letras - Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Equipe: Amanda Oliveira, Ana Gabriela Domingues, Fernanda Antônia, Gabriel Bezerra, Gabriela Maglio, Isabela Lins, Júlia Gabriello, Julia Taschetto, Karolline Alves, Lara Faria, Priscila Augusto, Rodrigo Loturco, Ronaldo Noda, Victor Caruzo, Victória Theonila
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Foto de capa: Júlia Gabriello e Julia Taschetto. Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 200 exemplares.
Cinemas de rua contra a praticidade Projetos culturais acabam prejudicados pela tecnologia atual Gabriel Bezerra
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m uma metrópole como São Paulo, que cresce a cada dia, a facilidade que você tem para conseguir o que você quer em casa também cresce. Sair para comer? Não precisa, tem delivery. Meu filho está doente, vou comprar remédio. Não é necessário, eles também entregam. O filme saiu no cinema, vamos no Shopping assistir. Para que? Prefiro assistir no meu quarto, na minha cama. Só preciso do controle remoto e do meu cartão de crédito. Esse é o cenário atual dos cinemas de rua na capital paulista, em que os moradores são em sua maioria adoradores da praticidade. Lucas Costa, estudante e grande apreciador da cultura em São Paulo, falou um pouco o que acha do cinema de rua. “É diferente, você sente parte daquilo tudo, é uma sensação que você jamais teria na sua casa ou em um shopping, eu adoro cinema de rua”. Sobre isso, ao conversar com Carolina Alonso, assessora de imprensa do “Caixa Belas Artes”, ela falou um pouco sobre a perda de público por causa da facilidade de se ter tudo em casa, mas exaltou que o Belas Artes tem uma magia diferente. “Com certeza hoje é muito mais acessível ver filmes do que antigamente, mas não ganha da magia de ver em tela grande. Temos um público fiel que ama a 7ª arte e que frequenta o Belas há muitos anos”. O cinema Belas Artes foi fechado em 2011, após término do patrocínio do HSBC e problemas com o dono do prédio, que almejava abrir um prédio comercial naquele mesmo local. Mas com
Cinema de rua mais conhecido de São Paulo, Caixa Belas Artes
o maior abaixo-assinado de um cinema de rua, com mais de 100 mil assinaturas, e com a ajuda do patrocínio da Caixa, ele foi reaberto em 2014. Com o nome Caixa Belas Artes e com estruturas novas, mas que ainda dependem do patrocínio para continuarem em pé. Segundo Carolina, o BA que foi fechado e o mais atual continuam parecidos. ”O charme e a atmosfera cult do Belas sempre permaneceram. O público fiel também continua firme e forte, mas após a reabertura e o lançamento da nossa Sala Drive-in, ganhamos novos e mais jovens clientes”. A diferença entre os cinemas de rua e de um shopping é bem clara, antigamente um cinema não era apenas um lugar onde você comprava pipoca, sentava na sua poltrona e assistia aos filmes com sua família e amigos. Era um grande local de so-
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cialização, e atualmente, como está junto ao shopping é só uma parte do consumo. Ainda mais sobre a diferença entre os dois, Carolina nos contou. “Os filmes de shoppings costumam ser comerciais e cinemas de rua procuram ter uma programação mais cult, mais voltada aos filmes de festivais. Filmes de outras nacionalidades e não apenas americanos como a maioria das grandes salas de shoppings projetam”. O cinema alternativo, mais barato, mas com filmes alternativos, ajudando em produções independentes, além de sessões especiais. O cinema de rua é a alma da indústria dos filmes com menos investimento. E por fim, temos muitos cidadãos que preferem preservar e valorizar o patrimônio cultural da cidade e começam a frequentarem os cinemas de rua na capital paulistana.
Medindo responsabilidades Mais da metade da população estudantil brasileira já conciliou trabalho e estudo Victor Caruzo Ronaldo Noda Na vida de um universitário, uma das maiores dificuldades é conseguir conciliar as obrigações acadêmicas junto ao estágio. Existem alunos que preferem não procurar um estágio no inicio do curso, para conseguirem focar mais nos estudos e acabam deixando para o final. No caso de muitos alunos, qualquer outro trabalho que encaixe nos horários de estudo é essencial para o estudante, pois muitos dependem desse salário para pagar a faculdade, como é o caso de Matheus Moraes, de 23 anos, que cursa o curso de Publicidade e Propaganda no Mackenzie e diz que depende desse para pagar a faculdade. “Eu trabalho e estudo desde o começo do curso e sempre paguei a minha faculdade. Se eu não trabalhar meus pais não têm condições de pagar a faculdade, pois o curso é muito caro”. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e da Educa Insights, 94% dos alunos que terminam o ensino médio acreditam que a faculdade é o caminho natural de um jovem após a conclusão do ensino médio. Ainda de acordo com ela 70% desses alunos não ingressam em uma faculdade por não terem condições de pagar. O estágio é muito importante ao longo do curso, pois é onde você cria responsabilidades e amadurece profissionalmente, além de ganhar horas de estágio no curso. Muitos professores aconselham seus alunos a procurarem um estágio na área de formação, pois assim o aluno ganha muita experiência, ajuda no currículo e leva muita bagagem para o restante do curso. É importante saber conciliar o
Matheus Moraes, estudante de Publicidade e Propaganda
estudo com o trabalho, muitas empresas respeitam a carga horária de trabalho de um estagiário, para que o aluno possa fazer suas obrigações acadêmicas, e ter tempo para estudar. Já outras empresas não pensam muito por esse lado e não ligam e deixar o aluno trabalhando horas e horas a mais do que o seu horário permitido, assim diminuindo o seu tempo de estudo. “Eu não paro, é o dia inteiro. E isso interfere na minha rotina de estudos porque o trabalho não se limita mais ao escritório. Através do celular da empresa, por exemplo, eu fico acessível a todo momento”, disse Matheus. De acordo com a pesquisa “Juventude na escola – por que frequentam?”, que foi feita pelo Ministério da Educação (MEC), Organização dos Estados Interamericanos e Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais,
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mais da metade da população estudantil brasileira já se colocou em posição de conciliação entre o trabalho e os estudos. Apenas 41,3% nunca trabalhou. Por outro lado, há alunos que gostam tanto do trabalho que acabam deixando os estudos de lado e focando apenas no trabalho, como é o caso de Bernardo Medeiros, de 25 anos, que cursa Ciências da Computação no Mackenzie, e diz fazer menos matérias, pois não consegue chegar nos horários das primeiras aulas por conta do trabalho. “Geralmente eu faço 3 ou 4 matérias, venho 3 vezes na semana para o Mackenzie só, por causa do trabalho eu não consigo chegar nas primeiras aulas, depois que eu fui efetivado no trabalho eu não tenho mais muito tempo, mas como no final do ano eu já me formo, não tem problema fazer 3 materias só nesse semestre.”
Ônibus de SP ficarão sem cobradores Saiba o que trabalhadores do transporte pensam sobre a medida de Doria Amanda Oliveira
Amanda Oliveira Rodrigo Loturco
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m entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo, em abril deste ano, o prefeito João Dória (PSDB) prometeu acabar com os cobradores de ônibus em São Paulo até 2020. Justifica que grande parte dos passageiros utilizam o Bilhete Único nos transportes, enquanto apenas 6% dos usuários pagam a passagem em dinheiro. No mês de fevereiro, o prefeito fez uma viagem em uma linha de ônibus do Terminal Capelinha até o Terminal Bandeira, para colher informações dos passageiros sobre o transporte. E autorizou uma empresa de ônibus da Zona Sul, entre o Metrô Jabaquara e Terminal Santo Amaro, a circular sem cobradores, desde o mês de março. Durante o debate na Rede TV! em 2016, Dória prometeu que os cobradores seriam promovidos a motoristas, e continua garantindo que não vai ter desemprego em massa. Porém, Ericson de Menezes, 47 anos, motorista da linha 1177, menciona conhecer diversos cobradores que estão tentando vaga para motorista, mas lamenta a falta de contratação: “Tem um pessoal que fez o teste e já faz mais de cinco anos que não foi chamado nenhum”. E faz críticas ao governo e a atual situação financeira do Brasil: “Com essa crise no país, onde que vai surgir vaga para todo mundo?”. Em notícia divulgada no site do Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo), Valdevan Noventa, presidente da entidade, declara que a crise econômica e a falta de vagas pode levar a categoria ao
Da esquerda para direita: Jesse Bragança Ramos, Rodrigo Rocha, Ericson de Menezes.
desemprego. “Em uma cidade com cerca de 2 milhões de turistas, retirar cobradores por não haver pagantes com dinheiro é um argumento fraco.” Para Rodrigo Rocha, 34 anos, cobrador reserva, caso o trabalho do cobrador seja inteiramente feito pelo motorista pode retardar a viagem, por causa da necessidade de auxílio aos deficientes físicos, idosos e passageiros perdidos, e ressalta: “Em um ônibus sem o cobrador, pode haver falta de respeito e o motorista sozinho não vai conseguir ter controle de tudo. Tem o pessoal que pede para passar por baixo, eles não vão respeitar e vão pular a catraca”. Porém, acha que pode haver melhoramento no transporte público com o dinheiro que é pago aos cobradores, ao contrário de José Milhomem, 59 anos, motorista da linha 2762, que afirma: “Não vai mudar nada. O dinheiro que investem no cobrador vai ficar para a empresa. Vamos trabalhar do mesmo jeito, com os mesmos carros, mesmos horários.” Para entender melhor como funciona o trabalho do motorista e do cobrador, um dos critérios de
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trabalho para algumas empresas é o tempo de ida e volta entre os terminais, conhecido como partida. Em 2016, em sua página no Facebook, Dória anunciou que vai diminuir o tempo de trajeto no transporte urbano entre 15 a 20 minutos. Mas o motorista José Milhomem garante que isso não traz benefício para os trabalhadores com exceção das empresas de transportes e evidencia que vai ser corrido para o motorista trabalhar sozinho por causa do tempo gasto com os faróis, lombadas e auxílio aos cadeirantes durante a viagem. Jesse Bragança Ramos, 54 anos, fiscal no terminal do Danfer, defende que a falta de cobrador em linhas muito movimentadas pode dificultar o serviço do motorista. “Só dirigindo já é complicado, pois ele exerce a função de transportar a carga mais importante que é a carga humana, não existe carga mais preciosa. Então a atenção dele tem que ser redobrada na questão de transportar com segurança”, explica, e acredita que pode haver transtorno no sentido da operação em horários de pico devido ao motorista ter que executar as duas funções.
“Food trucks” saudáveis em meio à crise
Apesar da decadência nesse mercado, a busca por uma alimentação equilibrada mantém a demanda.
Júlia Gabriello Julia Taschetto
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m 2014 deu-se inicio à“modinha” dos “food trucks”. Esse tipo de comida de rua, vendida em kombis ou em caminhonetes, cresceu no mercado e tornou-se febre, em meio à era da “gourmetização”. Vendendo desde batatas-fritas e hambúrgueres refinados até cupcakes e waffles, chegou-se a ter aproximadamente 400 “food trucks” na cidade de São Paulo. Em meio às opções “fat”, surgiram também aqueles que utilizavam suas kombis para sugerir versões saudáveis de pratos deliciosos. Mesmo que em menor quantidade, a ideia agradou o público, principalmente aqueles que buscavam na comida de rua opções saudáveis. Rogério Paes foi um dos que adotaram as opções “fitness”. Ele é dono do “food truck” Veggies na Praça, juntamente com sua esposa Agatha Faria. Sem fritura de imersão, reduzindo a gordura dos alimentos e utilizando embalagens recicláveis e energia renovável, adotaram uma versão, também, sustentável de cozinhar. Rogério é o chef de cozinha do “truck” e comenta que a escolha da culinária “fit” veio antes da ideia de entrar no mercado da comida de rua. “Há quatro anos, eu montei um restaurante na Rua Alagoas e era vegetariano porque o dono do ambiente falou que eu poderia montar um restaurante naquele local, desde que fosse vegetariano. Trabalho em cozinha há vinte anos, e quando ele disse isto para mim eu pensei ‘Não vou ter que comprar peixe, carne e frango’, seriam três gastos a menos.
Deliciosa opção disponível na Vila Butantan
A minha esposa é vegetariana, mas eu não sou, o pes-soal que trabalha aqui também não é. Nós comemos comida saudável.” Rogério define o food truck como ovolactovegetariano, sendo esta uma das vertentes do vegetarianismo, em que não se faz uso da carne, apenas ovos e laticínios. “Eu fui aprendendo nesses dois anos os termos e as vertentes. Cozinhar para mim não tem barreiras, é só me dizer qual ingrediente eu posso usar. Se é para ser vegetariano, beleza.” Com o passar da febre inicial, o grande número de food trucks e a recessão econômica o número de carros caiu significantemente. Segundo Osvane Mendes, dono e criador do Guia Food Truck, diminui-se pela metade a quantidade de trucks. Para o chef do Veggies na Praça não foi um problema. “Com certeza nós entramos no mercado de food truck na hora certa. Se nós fizermos direito, vai continuar dando certo. Quando fazemos comida boa, as pessoas voltam para comer novamente. Se ela é natural, com essa ‘moda’ de ser ‘fitness’, é muito
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bom estarmos no mercado saudável. Claro que é difícil se manter, mas isso ocorre em qualquer ramo, você precisa ter um talento e um diferencial. Fazer pratos vegetarianos é um dos nossos.” O estudante Guilherme Mazon, de 23 anos, é vegetariano e reclama sobre a falta de opções de trucks neste ramo, “São poucos os que têm comida vegetariana, eu como vegetariano sinto falta e vivo repetindo as opções que tenho, já que não há muita variedade. Além disso, no período da noite é ainda mais difícil achar locais que vendem pratos vegetarianos”. Guilherme diz sempre procurar ambientes que não financiam o mercado da carne, mesmo que eles tenham opções vegetarianas, eles, ainda assim, dão dinheiro a este mercado e às vezes é inevitável não comer nestes lugares. “Eu mesmo já pensei em abrir um local que funcionasse principalmente no período noturno, acho que faria sucesso, as pessoas estão se conscientizando de como é cruel a produção de carne”, finaliza Guilherme.
Pedalando na Paulista
Aos domingos e feriados é possível andar de bicicleta gratuitamente Karolline Alves
Karolline Alves
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Karolline Alves
esde junho do ano passado a Av. Paulista está oficialmente aberta ao público, e a passagem de carros é proibida das 10h às 18h. Durante esse período é possível encontrar de tudo um pouco na avenida. Feirinhas, apresentações musicais, aulas de dança, artesanato e muitas bicicletas. Todos os domingos e feriados na Av. Paulista encontram-se tendas de empréstimos de bicicletas, uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo com o apoio da Bradesco Seguros. Para pegar uma bicicleta emprestada basta ir a alguma das duas tendas localizadas próximas à rua da Consolação entre 12h e 15h. Para a retirada da bike é preciso de um documento com foto original e preencher um cadastro rápido. Após o cadastro é necessário deixar o documento com os funcionários para poder utilizar o serviço por até uma hora. Caso tenha bicicletas disponíveis é possível renovar o empréstimo e utilizá-lo por mais uma hora. Ariane Cereda, 27 anos, publi-
Tenda do Bradesco na Paulista
Bicicletas disponíveis para empréstimo na Av.Paulista
citária, mora em Curitiba, mas estava passando uns dias em São Paulo e ficou sabendo da iniciativa e foi conhecer. “Eu adorei essa ação, na verdade eu estou aprendendo andar de bicicleta hoje, mas achei muito legal ter uma avenida tão conhecida desocupada para os cidadãos aproveitarem. Não sei se em Curitiba tem alguma coisa parecida com isso, mas com certeza deveria ter”. Outro serviço disponível aos domingos e feriados é o projeto desenvolvido por André e Daniel Moral, o Bike Tour SP. Há um quiosque na Paulista em que há a formação de alguns grupos para andarem de bicicletas juntos e conhecerem os principais pontos turísticos e prédios importantes da avenida. O passeio é gratuito e o grupo é acompanhado por monitores, eles têm diversos tipos de bicicletas, tanto individuais quanto para crianças e triciclos. Todos usam capacetes que contêm equipamentos de áudio para a explicação dos monitores. O Bike Tour SP acontece em vários pontos turísticos de São Paulo, para mais informações
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sobre locais e datas basta acessar o site deles. Para os visitantes que estiverem com as próprias bicicletas e precisarem de algum ajuste em suas bikes há uma tenda chamada SOS BIKES. Lá encontram-se dois ajudantes com diversas ferramentas para fazer pequenos reparos em bicicletas, como encher um pneu, arrumar o banco ou a corrente da bicicleta. O serviço é gratuito e qualquer pessoa pode utilizá-lo, para isso basta preencher um cadastro e pronto. Como a passagem de carros está proibia nesse período, existem pessoas que controlam a parada das bicicletas para a passagem dos pedestres. O empréstimo de bicicleta está sujeito a disponibilidade, em feriados há uma maior quantidade de bikes disponíveis. Todos esses serviços acontecem entre o meio dia e as quatro da tarde. O empréstimo de bicicletas acontece somente até as três da tarde e caso você retire a bicicleta depois disso há uma quarta tenda localizada na rua Haddock Lobo onde é feita a entrega das bicicletas e retirada dos documentos.
Uma por todas, todas por uma
Como as mulheres se uniram para driblar o machismo presente na sociedade
Gabriela Maglio Lara Faria
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rentes e ONGs feministas vêm trazendo clareza para as pessoas que têm dúvidas sobre como enfrentar o machismo, ajudando, assim, mulheres que tenham sofrido de alguma forma por esse mal. O termo “feminista” vem carregado de muito significado. Em sua pura tradução é uma ideologia e um movimento social que reivindica a igualdade de direitos e oportunidades entre mulheres e homens. Assim, o feminismo busca equidade entre os gêneros, para então chegarmos a uma sociedade mais justa. Em conversa com a estudante de jornalismo e militante da FFM (Frente Feminista Mackenzista) Michelli Oliveira, 27 anos, ela contou um pouco como a Frente nasceu. Segundo a jovem várias alunas não estavam se sentindo representadas e, então, criaram o grupo de maneira horizontal, sem hierarquia, e começaram a discutir assuntos que elas julgavam necessários e importantes. “No grupo não tem “Ah, eu mando”, não, todas as decisões são tomadas com o grupo inteiro” Michelli mencionou que elas já fizeram rodas de conversa sobre alguns assuntos muito importantes, como relacionamento abusivo e o machismo nas faculdades. “Na semana da mulher fizemos um LB, que foi uma conversa de meninas lésbicas e bissexuais, em que tivemos algumas youtubers para conversar com as meninas para mostrar que mesmo dentro de um relacionamento homosexual, não significa que não role um relacionamento abusivo.” Organizaram também um cine debate, em que elas discutiram o documentário “Quem matou Eloá”, com o auxílio
Representante da FFM (Frente Feminista Mackenzista)
de uma advogada e uma professora da universidade. Embora essa temática venha ganhando cada vez mais espaço, ainda é cedo para dizer que o assédio disfarçado de flerte ou o machismo disfarçado de piada esteja perto de acabar. A estudante de direito Flávia Parra, 19 anos, participa do coletivo NUG (Núcleo de Estudo de Gênero), e diz que “O machismo ainda existe em diversas esferas e eu não acho, embora seja uma perspectiva negativa, que estejamos perto de mudar esse pensamento. Avançamos bastante em relação à realidade passada, mas ainda há muitos problemas intocados. Acredito que essa atitude do flerte, da piada e do machismo mascarado nessas ações é algo de uma base que se estende a muitos outros fatores. Acho que essa estrutura ainda está longe de ser rompida.” Já Camila Pinheiro, 21 anos, participa do coletivo Dandara, que
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nesse ano completou 10 anos, sendo um dos mais antigos da USP. Com um ponto de vista mais otimista, a garota diz: “vejo muitas pessoas (homens, em específico) que começaram já a refletir melhor sobre essa questão, fazer uma autocrítica e tentar mudar isso na própria conduta. Acho que atualmente vivemos um panorama de muitos extremos na sociedade, em termos de ideologia e movimentos sociais, e isso pode ser perigoso e prejudicial ao debate. Consigo enxergar boas mudanças nesse tipo de pensamento, mas acredito que a mudança completa estará mais próxima se continuarmos lutando de forma tranquila e justa.” A estudante Michelli também destacou a importância da atuação da frente nas redes sociais, através de grupos e páginas que ajudam na integração e conversas entre elas. “Tentamos nos ajudar porque somos nós por nós, não só na frente, mas na vida.”
Em busca do curso ideal A dúvida sobre a faculdade mais adequada faz com que muitos estudantes migrem para outras áreas no ensino superior Ana Gabriela Domingues
Ana Gabriela Domingues Priscila Augusto
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ma pesquisa feita pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira) mostrou que, em 2015, o número de matrículas feitas em cursos de graduação era de pouco mais de 8 milhões, enquanto apenas 1,5 milhões continuavam registradas. Isso significa que a quantidade de alunos que concluíam o ensino superior escolhido corresponde a 14,32%. Esses dados não indicam, entretanto, que os universitários que abandonaram o curso não voltam a estudar. Muitos alunos se questionam sobre o curso que escolheram e decidem migrar para outro, até mesmo dentro da própria universidade – essa taxa de transferência é de 1,36%. Porém, esse fenômeno não é restrito à troca dentro da mesma instituição. Em busca de uma boa formação, os alunos prestam vestibular novamente para entrarem em uma faculdade renomada na área. Fátima Terni Mestriner, psicóloga e orientadora profissional há mais de 30 anos, explica os motivos que levam ao surgimento dessa dúvida. Existem casos em que o jovem se sente influenciado a continuar com a “tradição” da família, outros em que já existe uma estrutura disponível para ele usufruir. “Temos também o desejo por uma carreira onde o jovem não se sente capaz de passar num vestibular e nem de “tocar” aquela carreira”, acrescenta. Ela diz ainda que a questão financeira se inclui como um fator, pois há a necessidade de se inserir no mercado de trabalho e, atualmente, os jovens querem encon-
Mesmo depois de mudar de curso, Pedro Lucas Ribeiro ainda não está na área que sempre quis
trar algo que particularmente os agrade, mas que também seja bem visto no mercado. Além disso, Fátima afirma que a maior dificuldade em escolher o que estudar está na maturidade do estudante. “[eles] Precisam fazer escolhas, muitos deles sem estar preparados”, explica. O aluno César de Castro, 27 anos, cursava Geografia antes de mudar para Biologia. Na primeira vez que prestou vestibular, ele não conseguiu nota para ingressar no curso que queria e decidiu ficar com a sua segunda opção. “Fui continuando o curso enquanto estava interessado, chegou um momento onde não queria mais continuar”, relata. Pedro Lucas Ribeiro, 22 anos, também mudou de curso. Ele trocou sua graduação em Agronomia por Ciências Biológicas. “A minha falta de interesse pelas matérias e o fato de que eu não me via como agrônomo foi a receita completa para que eu desistisse”, revela. O
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estudante explicou que não tinha interesse pelo primeiro curso, mas decidiu arriscar porque queria sair da casa de seus pais, mesmo não tendo a nota suficiente para passar no curso desejado. Hoje, apesar de cursar algo mais próximo do que gosta, ele afirma que não é a graduação dos seus sonhos, mas que o curso possui muitas matérias em comum na grade horária. Estar numa área acadêmica que não é de sua preferência pode acarretar em problemas psicológicos, tais como a sensação de impotência e sentimentos de menos valia. “[o indivíduo] sente-se pressionado a fazer uma escolha porque ouviu durante o Ensino Médio que assim que terminasse teria que fazer uma opção, sendo que muitas vezes, pela pressa, são escolhas pouco assertivas”, aponta Fátima. A psicóloga afirma ainda que nessas circunstâncias ele é orientado a esperar pelo amadurecimento para que assim realize sua escolha.
Paulista Cultural
Fiesp e Sesi-SP oferecem programações gratuitas Isabela Lins
Banda Farufyno apresenta seu show “Made in Farufyno” no palco da Fiesp.
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otivos não faltam para curtir a Av. Paulista aberta aos domingos para os pedestres, e uma das grandes opções culturais para aproveitar a tarde de domingo na Avenida será o projeto “Domingo na Paulista”, promovido pela Fiesp e Sesi-SP a partir do dia 29/01, por meio da iniciativa que democratiza o acesso à cultura, ao levar apresentações para rua, e o novo Centro Cultural Fiesp-Ruth Cardoso. O público terá total acesso a apresentações gratuitas de teatro, música e as exposições na calçada do prédio da Fiesp, em frente à estação de metrô Trianon-Masp, e dentro do novo centro, ao longo do ano, e todos os domingos. Segundo os organizadores, a iniciativa “vem ao encontro dos valores de ambas as instituições em incentivar o exercício da cidadania pela sociedade, comprovando seu apoio aos recentes movimentos de apropriação democrática dos espaços urbanos”. A iniciativa traz idéias divergentes. Felipe Troyano, analista de importação, 32 anos, acha que é um bom projeto, porém quebra com a proposta da Paulista “A
Paulista tá aqui fechada, para os artistas mais independentes, simples, desse tamanho. Então eu já vi muito artista reclamando que o som da Fiesp toma metade da paulista, e o público que eles teriam é perdido. Então acho desproporcional a força da Fiesp, com a dos artistas independentes. Acho que poderiam diminuir a freqüência, fazer uma vez por mês, sem ser todo final de semana”. Já Elenita Souza, aposentada, 67 anos, que acompanha o projeto desde o ano passado, diz: “é uma maravilha, shows de qualidade e que posso vim com toda família”. O presidente da Fiesp e do Sesi-SP, Paulo Skaf, em entrevista com a própria Fiesp, afirma que “o projeto é um presente da indústria às pessoas que vêm curtir o domingo na Paulista. É a cultura e o lazer trazendo mais alegria para as pessoas” e “A Av. Paulista é o grande centro econômico do Brasil, sede de grandes companhias e, no domingo, vira um espaço democrático com muita gente, música, diversão e famílias”. Já o novo Centro Cultural Fiesp, pensado para prestigiar as novas manifestações culturais, inaugu-
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rado no domingo, dia 19 de fevereiro, com mais de 5 mil metros quadrados, conta com atrações como contação de histórias, artes cênicas, artes visuais, arte digital, bonecos, entre outros. O novo centro conta com um teatro, galeria de fotos, espaço de exposições, jardim de inverno e uma livraria, tudo de alta qualidade. Raisa Scandovieri, assessora da área cultural da Fiesp e Sesi, diz que estão muito felizes com o resultado: “o público vem crescendo a cada mês, assim percebemos o impacto da ação para os envolvidos” e “as ações do SESI-SP e as diretrizes da área de cultura da entidade têm como missão a melhoria da qualidade de vida de industriários, beneficiários, seus familiares e da comunidade em geral, por meio da difusão e fomento das manifestações artísticas nas linguagens das artes cênicas, música, literatura, artes visuais e audiovisual, visando democratizar o acesso à arte e à cultura. O FIES/ SESI Domingo na Paulista é mais um dos tantos projetos oferecidos pela entidade, que seguem esses valores. E como tem sido um sucesso, pretendemos mantê-los.”