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Agosto 2019
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ANO 10
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Nº75
PUBLICAÇÃO SEMESTRAL DO MACKENZIE
Apoio duplo em Higienópolis Entidade dá abrigo e acolhimento para quem precisa fazer tratamentos em SP
A crise do livro Grandes redes, com Saraiva, fecham lojas devido a queda das vendas
Para o alto e avante! Mercado imobiliário muda a paisagem da Augusta ao trocar casas térreas por prédios residenciais e comerciais
Verticalização modifica o Baixo Augusta
Ajuda nas horas mais difíceis
Nosvas construções causam polêmica na região
Casa de apoio da Ameo também proporciona lazer, produtos higiênicos e cesta básica; local é mantido por doações
Por Camila Depane e Rafael Sant’Ana
Por Ana Beatriz Borges e Maria Fernanda Gimenes sempre foi uma região muito cobiçada pelos paulistanos e pelas construtoras. Disse, também, que essa “pérola da cidade foi se deteriorando, sem a manutenção devida por parte do setor público e privado.” Nos últimos 12 anos, a região passou por uma grande revitalização e incentivos do setor privado com as incorporações imobiliárias, que viram nesta região a grande oportunidade de reaproveitar prédios já existentes a fim de repaginá-los com novos conceitos de decoração e paisagismos em novos empreendimentos imobiliários. Silveira acredita que após muitos anos de abandono, a revitalização e investimentos na região será ainda mais constante, pois esta região continua e continuará sendo o desejo de estudantes, empresas e trabalhadores. Muitos dos clientes de Claudio compraram apar tamentos com o intuito de atualizar o patrimônio com as infraestruturas dos novos prédios. “Algo que todos os incorporadores prezam é pela acessibilidade e infraestrutura da região, pois esses são os pontos que mais atendem a necessidade do consumidor final”, completa Silveira. O Baixo Augusta hoje tem o seus encantos e o glamour de um bairro em uma cidade que não dorme. Cada vez mais surgirão possibilidades de incorporação de áreas para novos empreendimentos e uma grande preocupação da população, bem como do governo em tornar o bairro uma vitrine para vários públicos.
Com a ampla oferta de imóveis diferenciados no importante bairro do Baixo Augusta, investir nesta região se tornou o ponto de partida para um bom negócio, tanto para admiradores do bairro, quanto para comerciantes. O arquiteto e urbanista da Spol Architects, André Teixeira, 29, diz ser bem crítico aos projetos da Augusta. Conta que os empreendimentos viram as costas para a rua, pois “só usam seus lotes para potencial construtivo e esquecem a importância da cidade.” Entende que isso possa existir, talvez, pelo estigma que a rua carregue, mas que já foi muito viva na noite paulista. Diz, também, que os empreendimentos não geram interação urbana e reproduzem muito o uso de planos fechados, com o uso massivo de gradis e outras características de arquiteturas que não se preocupam com a conexão com as pessoas do entorno, ao invés de oferecer essa área verde para a cidade. Se existem pessoas contrárias à verticalização da região, há quem ache normal. É o que diz Anselmo Nascimento, 53, dono de uma banca na rua Bela Cintra. Para ele, essa mudança faz parte do desenvolvimento da cidade e é algo que melhora o comércio em geral. “Para mim, a verticalização foi boa, porque me trouxe mais clientes”, declara Anselmo. Entretanto, ele opina que talvez seja ruim para os moradores por conta da movimentação intensa nos bairros. Para Claudio Silveira, 43, corretor de imóveis há 12 anos no mercado, hoje gerente de vendas na Yuny Incorporadora, o Baixo Augusta
Expediente O Jornal Maria Antônia é uma publicação sob responsabilidade do Instituto Presbiteriano Mackenzie, com colaboração de alunos e professores de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Gerência de Marketing e Relacionamento da Instituição.
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REDAÇÃO Coordenação do Curso de Jornalismo: Rafael Fonseca Santos Editores: André Santoro, Denise Paiero, Hugo Harris, José Alves Trigo, Patrícia Paixão e Rafael Fonseca Santos Gerente de Marketing e Relacionamento: Daniel Jankops Grandolfo Editoração: Imagem Um/Silvio Cusato Impressão: Elyon Soluções Gráficas
Tiragem: 500 exemplares, distribuídos gratuitamente pelos bairros de Bela Vista, Consolação, Higienópolis, Vila Buarque, Santa Cecília e Pacaembu. Dúvidas, críticas, sugestões e contatos para publicidade: 2766-7243 - Sheila Cunha
ISSN 2318-020X
Fotos: Maria Fernanda Gimenes
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Rodrigo Trinta Mendes, 24, teve que trancar a faculdade de Engenharia Mecânica que fazia em São Luís, no Maranhão, para tratar em São Paulo um linfoma que descobriu em 2016. Receber o diagnóstico e ter de mudar de cidade não foram situações fáceis de serem enfrentadas, mas o estudante foi surpreendido com uma ajuda. Hospedado há um mês na Casa de Apoio da Associação da Medula Óssea (Ameo), localizada em Higienópolis, na zona central da cidade, Mendes soube da possibilidade de ter um local gratuito pra morar na capital paulista por meio do Hospital Beneficência Portuguesa, onde fazia seu tratamento. Ele vive na casa da Ameo com a tia, Maria de Nazareth Trinta, e descreve a experiência como “muito boa”. O local conta com pessoas de vários lugares do país. São Paulo é uma cidade cara e poder ficar livre dos custos de moradia, contando ainda com outros serviços, ajuda bastante os pacientes. “Temos aqui um ambiente familiar. Você se sente bem”, destaca o estudante. A Casa de Apoio é um projeto exclusivo da Ameo, independente do governo. Foi fundada em 2010 pela médica da Santa Casa, Carmen Vergueiro, que viu a necessidade de um lugar para hospedar os pacientes em tratamento contra doenças do sangue. A casinha está localizada na rua Dr. Vila Nova, n°36. O ambiente é acolhedor e humano. O local oferece assistência social, uma equipe multidisciplinar, cuidados pessoais, apoio educacional, lazer, entretenimento, além de cesta básica, leite e produtos higiênicos. Desde sua criação, a casa abrigou cerca de 150 pacientes. Maria Lucimar do Nascimento Prado, 41, assistente social, é responsável pelo local desde 2011. Ela afirma que muitos pacientes chegam em condições financeiras precárias e uma de suas funções é ajudar naquilo que precisam. “É impossível não se envolver com cada uma das pessoas que passam por aqui. Todos marcam com sua história”, afirma. As atividades da Ameo são mantidas por doações. Conheça a seguir algumas formas de ajudar a entidade: • Doação pelo aplicativo: baixe o app Nota Fiscal Paulista e digite as informações da nota. Você também pode digitar o QRCode quando houver. Entre as instituições escolha a AMEO! Para doar dessa forma, você precisa pedir sua nota sem CPF. • Doação automática: essa ferramenta é uma
forma simples e rápida de ajudar. Basta cadastrar AMEO como entidade favorita dentro de seu cadastro no site: www.npf.fazenda.sp.gov.br e, durante 6 meses, toda vez que você der seu CPF em qualquer compra, a
doação é feita automaticamente para a Ameo. Para mais informações acesse www.ameo.org.br ou ligue para (11) 3333- 4424.
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mlc@mackenzie.br - Rua Maria Antônia, 139/163 Consolação - CEP 01222-010 (11) 2114-8431 / (11) 2114-8624 / (11) 2766-7313
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Higienópolis: do passado ao presente
Pedalando em Sampa
Por César Rezende e Thaís Cruz
Por Hellen Camilo e Vitor Lelis
Foto: César Rezende
Foto: César Rezende
Gilson afirma que Higienópolis é um local com uma infraestrutura boa. “Temos conveniências, hospitais e comércio muito bem instalados. É um ótimo lugar para morar”, destaca. José Roberto Franzen, 74 anos, psicólogo e morador de Higienópolis há 20, também foi a favor da construção da estação de metrô. Até porque seu consultório fica localizado no mesmo local, facilitando o acesso das pessoas até ele. Segundo o psicólogo as reclamações vieram mais de pessoas “tradicionalistas” que vivem no bairro. “Com a obra, houve uma movimentação de diferentes públicos no local. O pessoal mais antigo acha isso ruim. Eles reclamam também dos camelôs que ficam vendendo produtos próximo à estação”, explica. Quando perguntado sobre o que precisa ser transformado no bairro, para o seu aperfeiçoamento, Franzen destaca que é preciso melhorar as calçadas, pois algumas encontram-se em estado precário.
De olho no celular
Campanha alerta as pessoas sobre furtos e roubos na região central Por Gabriel Matheus Rodrigues da Silva descuidadamente. Segundo o Sargento Marcinei, 42 anos, do 13º batalhão da PM, “Essa campanha é para diminuir o roubo e furtos de celulares, aumentando a presença da polícia e distribuindo os panfletos com dicas para prevenir o roubo”. Os panfletos alertam as pessoas sobre quem são os “alvos preferidos dos ladrões”. Pessoas falando ao celular distraídas ou com celular no bolso de trás costumam ser alvos fáceis. Outra dica é evitar usar o celular em ambientes com muitas pessoas desconhecidas. Não andar com a mochila nas costas, também, diminui as chances de furto. “As pessoas andam com a mochila nas costas e nem percebem se alguém mexer nela, especialmente em lugares
Fotos: Gabriel Matheus
A polícia militar de São Paulo está realizando a campanha “De olho no celular”, que posiciona oficiais nas regiões mais movimentadas da cidade, como a Consolação e a Av. Paulista, a fim de alertar a população sobre o crescente número de furtos e roubos desses aparelhos”. Esses locais são muito visados por ladrões devido à grande circulação de pessoas, especialmente estudantes, que usam o celular sem atenção na rua. Apenas no ano passado foram registrados mais de 15 mil casos na região central de São Paulo. O projeto, que começou em outubro de 2018, aumenta o policiamento nessas regiões e promove a conscientização da população sobre os perigos de usar o celular
movimentados” afirma o Sargento Marcinei. A campanha, também, ensina o que fazer caso seu aparelho seja furtado. Uma providencia considerada urgente é o bloqueio do IMEI (Identificação Internacional de Equipamento Móvel). O IMEI é um número único que identifica um aparelho celular e, que quando bloqueado, torna o aparelho inútil. Para obter esse número deve-se ligar para *#06#, e para bloqueá-lo envie o código com um BO (Boletim de Ocorrência) para sua operadora. Na região da Consolação a campanha age em conjunto com o programa “Vizinhança Solidária”. O programa integra a polícia militar com a comunidade para aumentar a segurança na região. A prevenção primária e a promoção do senso de coletividade são os principais objetivos do programa. De acordo com o Soldado Lucas do 7º batalhão da PM, 28 anos, a cooperação entre a comunidade e a Polícia Militar ajudou a diminuir os furtos e roubos de aparelhos na região.
O Bike Tour SP é um projeto que promove passeios de bicicleta gratuitos por pontos culturais da cidade de São Paulo. Os circuitos são feitos em grupos de até 15 pessoas que pedalam acompanhadas por dois monitores e um equipamento de áudio, responsável por informar sobre a história dos pontos visitados, em inglês e português. O programa oferece seis rotas percorridas nos finais de semana. Os trajetos do Parque Ibirapuera, Faria Lima e Centro Novo acontecem aos sábados. Já os do Centro Velho, Avenida Paulista e Vila Madalena são realizados aos domingos. O projeto possui três pilares: bike, cultura e solidariedade. O objetivo é destacar o poder da bicicleta como uma ferramenta que proporciona a sensação de liberdade e observar a cidade por um ângulo diferente. O acesso gratuito à cultura, com um conteúdo histórico vasto, permite às pessoas que moram em São Paulo e nunca conheceram bem a cidade viver essa experiência. A solidariedade é garantida por meio da doação de 2kg de alimentos por participante. As doações são destinadas a instituições filantrópicas. O foco do Bike Tour SP é social. Bicicletas adaptadas e triciclos são utilizados, com o viés inclusivo. O objetivo é permitir que idosos, surdos, pessoas com deficiência e doenças graves possam pedalar. Algumas bicicletas possuem um tablet acoplado, para que o passeio possa ser guiado em libras. Há também bikes adaptadas para os pais pedalarem com os filhos. O coordenador do projeto Wesley Alves, 23, destaca a preocupação com a inclusão. “Quando uma pessoa que vive na cama de um hospital, ou que não tem mais força para pedalar, poderia participar de um passeio cultural em cima de uma bicicleta no centro de São Paulo? Se não fosse pela acessibilidade que o projeto traz, essas pessoas nunca teriam a oportunidade de fazer um passeio assim”, comenta. O garoto Luiz Cláudio Campos, 7, de Nova Andradina (MS), foi diagnosticado aos dois meses de idade com distrofia muscular congênita merosina negativa (doença degenerativa que causa perda da força muscular). Ele está em São Paulo para tratamento da doença e teve a oportunidade de passear pelo Bike Tour, mesmo sem ter os movimentos das pernas e dos braços. A mãe do menino Sandra Campos, 36, manicure e bacharel em
Acolher é preciso
Fotos: Maria Fernanda Gimenes
da Silva Prado. Hoje os antigos casarões dão lugar a prédios, seguindo a tendência de verticalização da cidade. Outra alteração ocorrida foi a construção da estação de metrô Higienópolis-Mackenzie, que, de início, gerou receio em alguns moradores pela possibilidade de uma alteração no perfil de frequentadores e comerciantes locais. Porém, para Maria Cecília, que já foi moradora da região, a estação foi um avanço. “Em especial para os estudantes que dependem deste meio de transporte. No final a estação foi bem aceita pelos habitantes do bairro”, complementa. O professor Gilson Rampazo, 75 anos, que vive em Higienópolis, afirma ter sido a favor da construção do metrô. “Quem se posicionou contra possui uma mente estreita. Essa construção facilitou muito a locomoção das pessoas”, opina o idoso. Fazendo um balanço sobre o histórico do bairro,
Situado na região central de São Paulo, Higienópolis é um dos bairros mais velhos da cidade, repleto de curiosidades. O nome dado ao lugar possui uma explicação. A região, que no final do século XIX era formada por chácaras, em boa parte loteadas em 1890 pelos comerciantes Martim Buchard e Victor Nothmann, foi a primeira da cidade a dar prioridade ao saneamento básico e à higiene doméstica. É o que explica a historiadora Maria Cecília Naclério Homem, autora do livro “Higienópolis: Grandeza de um bairro paulistano”. Ela afirma que o nome do bairro já não faz tanto jus ao seu significado. “Há o abandono pelas autoridades e falta consciência nas pessoas para com o meio ambiente”, avalia. Maria Cecília destaca que quem passa hoje pelas ruas de Higienópolis pode perceber algumas mudanças, dentre elas a demolição de casarões importantes no século XIX, como o Palacete Veridiana
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Programa gratuito tem inclusão social e acessibilidade como diferenciais
Dentre as alterações estão a demolição de antigos casarões e a inauguração da estação Mackenzie do metrô
Foto: Reprodução
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Direito, fala sobre a experiência: “O pessoal foi super cuidadoso com a gente. O passeio foi indescritível e a inclusão é maravilhosa. Ele amou! O meu sonho é ter uma bicicleta adaptada para poder passear com ele sempre”. Luiz também comenta sobre o passeio: “Eu gostei muito de andar no triciclo. A parte mais legal foi conhecer a Casa das Rosas [na Avenida Paulista]. Ter minha irmã pedalando comigo foi muito bom”. O garoto é apenas um dos muitos beneficiados pelo projeto. Os interessados podem agendar os passeios e escolher a bike que melhor se adapta à sua condição pelo site do Bike Tour. Serviço: Bike Tour SP www.biketoursp.com.br Telefone: (11) 3213-2245
Núcleo Penaforte Mendes serve refeições e oferece atividades e suporte para moradores de rua Por Manuela Miranda e Victória Clemente Um jeans despojado, um sorriso contagiante, um sotaque mineiro de quem saiu do seu Estado para tentar uma vida melhor. Vanderlei José Lima, de 45 anos, é chamado de “Governador” pelos seus colegas conviventes, os moradores de rua que frequentam o Núcleo Penaforte Mendes, localizado no bairro da Bela Vista. Lá, “Governador” e seus amigos têm acesso a almoço e café da manhã. O Núcleo, que há 4 meses passou a ser gerenciado pela o Inforedes (Instituto Fomentando Redes e Empreendedorismo Social) em conjunto com a Prefeitura, oferece cerca de 300 refeições diárias, além de oficinas e facilidades para a retirada de documentos pela população de rua. Durante o inverno, o local é também um ponto de apoio para quem vive nas ruas. Vanderlei, ou “Governador”, que frequenta a casa há 15 anos, conta que nesse período percebe um aumento no número de pessoas que comparecem ao Núcleo. Durante o inverno, são distribuídos no local cobertores para quem passa a noite na rua. Em tom de brincadeira, Vanderlei e seus colegas comentam que os cobertores oferecidos não costumam ter muita qualidade “Solta pelo e você acorda parecendo o Tony Ramos”, ri. No entanto, eles reforçam que esse apoio é imprescindível: “você sabe que a frente fria, quando chega, mata muitos moradores de rua”, lembra Vanderlei. Durante a conversa, “Governador” pede para que a reportagem caminhe rapidamente com ele até a área do refeitório: “Aqui é assim, se não correr, perde o lugar e o almoço”.
A história dos óculos
Bons pratos sem carne
Localizado na Bela Vista, museu abriga cerca de 700 peças antigas
Criado em 1996, o Museu dos Óculos Gioconda Giannini oferece aos visitantes uma viagem de oito séculos de história. Montada para ser apenas um passatempo, a coleção particular de Miguel Giannini transformou-se em paixão. Ao comprar um casarão do bairro da Bela Vista, na região central de São Paulo, para montar sua segunda ótica, Giannini transformou seu conjunto de peças antigas em exposição permanente. Assim, nasceu aquele que é considerado o único museu de óculos da América. A mostra expõe todas as tendências importantes de armações, do século XIII aos anos de 1970, passando por uma coleção chinesa do século XVIII, usada pela aristocracia 500 anos antes de Cristo. Harry George Eddelbuettel, gerente de marke
Por Giovanna Reis e Maria Eduarda Moriyama
ting do local, diz que a principal dificuldade para Gian nini, foi a abertura do museu, pois, segundo ele, eram muitas peças colecionáveis guardadas em sua casa. A inspiração para a construção do museu foi um acaso e isso torna a história muito mais interessante. Harry conta que o imóvel estava à venda, e foi avistado, quando Miguel estava jantando na casa de um colega. Foi complicado abrir o museu, pois Giannini tinha várias peças guardadas desde os anos 70. “Eram muitos objetos de colecionador. Eu mesmo jogaria fora tantas caixas acumuladas em casa. Ele decidiu colocar todas as peças nesse local e criar também uma ótica junto ao museu, para vincular o ponto cultural à sua vida profissional”, explica Eddelbuettel. O museu atende semanalmente 15 pessoas.
Participam das visitas grupos escolares e até estrangeiros. Mas a real importância para o local não é a quantidade de público, e sim o conhecimento transmitido. Por ser uma instituição privada, o governo não colabora com a manutenção do estabelecimento. No local é possível acompanhar a evolução das armações e tendências antigas da moda. O museu conta com aproximadamente 700 peças, das quais 350 estão em exposição permanente. O público pode visitar o espaço de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 18h00, e aos sábados, das 9h00 às 13h00. O acesso é gratuito. Serviço: Museu do Óculos Gioconda Giannini Rua dos Ingleses, 108 – Bela Vista www.miguelgiannini.com.br
Discriminação racial, presente!
Profissionais falam sobre a dificuldade de inserção do negro no mercado de trabalho Por Gabriela Caramigo e Giovanna Domiciano Apesar da miscigenação, o Brasil ainda é um país racista. De acordo com um balanço feito pelo Grupo de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho, houve crescimento de 30,5% das denúncias de discriminação nos últimos cinco anos – a maioria ligada a problemas que ocorrem no mercado de trabalho. O primeiro artigo da Lei nº 12.288/10 considera como discriminação racial toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou ética. Ela é a base do Estatuto da Igualdade Racial, publicado no ano de 2010. Carleandra do Rosário, 21 anos, hoje trabalha na loja da Granado do Shopping Higienópolis e diz: “as pessoas continuam preconceituosas, nada mudou, mesmo com lei e punições severas”. E continua: “certa vez um cliente não queria que eu o atendesse por conta do meu cabelo. Ele já tinha ido uma vez à loja quando eu ainda tinha o meu cabelo liso e foi muito educado comigo. Quando voltou, me viu com o cabelo natural e pediu para que fosse atendido por minha amiga que é branca e ruiva”. A discriminação está divida entre a direta (perceptível por xingamentos, atitudes e até agressões) e a indireta, que é a mais sentida por aqueles que estão em busca de um emprego. Renata Cristina, 28 anos, diz que antes de trabalhar na loja em que está hoje, a The Craft, no mesmo shopping, passou por 10 entrevistas. Em sete, ficou nítido que não a selecionavam por conta de sua cor. “Passei para a segunda fase de uma entrevista para trabalhar
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No Brasil, 30 milhões de vegetarianos querem unir alimentação saudável com sabor
Por Alessandra Oliveira e Eduarda Smilari
Fotos: Alessandra Oliveira
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em uma loja de maquiagens. Quando a supervisora me viu, perguntou se eu sabia maquiar tons claros, pois eu era negra”, conta. “Depois de um tempo ela olhou para mim, agradeceu e disse que não precisava dos meus serviços por enquanto. Em seguida ela contratou uma menina sem experiência e branca”. O currículo de um negro pode ser invejável, mas muitos são desprezados por questões raciais. “Quando a empresa olhou o meu currículo e viu que eu era uma pessoa capacitada, eles não conseguiam associar a minha imagem com a pessoa que estava descrita ali”, conta Katy Regina, 29 anos, que hoje é atendente responsável pelo quiosque Scarf Me, uma franquia de lenços, também no Shopping Higienópolis. “Houve uma ocasião que eu possuía um determinado cargo em outra empresa e um cliente que não queria ser atendido por mim disse que gostaria de falar com a pessoa que estava acima de mim, só que essa pessoa era eu mesma”, diz. Melina Candido, 31 anos, trabalha há 10 no ramo de maquiagens e fala que já foi aceita em muitas lojas por ser negra e por eles precisarem de uma referência de sua cor de pele. “Trabalho em oito lojas diferentes, e muitas vezes clientes negras se sentem mais seguras e confiantes quando percebem que ali tem uma atendente negra”, afirma. “Já em contrapartida, quando estou para abordar qualquer outro estilo de cliente, recebo olhares tortos, com medo, desconfiança e até ouço perguntas como “onde você estudou? Como aprendeu isso? Você sabe fazer tudo certinho?”, finaliza, em tom de desabafo.
“Todo dia, a gente é sem carne aqui”, diz Gabriel Ibrahin, 23, sócio-diretor da Alternativa Casa do Natural. O restaurante, localizado na região da Vila Madalena, é um dos apenas 240 vegetarianos ou veganos no Brasil declarados pela Sociedade Ve getariana Brasileira. Gabriel também é vegetariano e reconhece as dificuldades desse público quando o assunto é alimentação saudável de forma inclusiva. Com quase 20 anos de funcionamento a casa recebe cerca de 500 clientes por dia. O lugar também funciona como loja de produtos orgânicos e veganos. Tem como filosofia a expansão desse modo de vida e o ganho de consciência entre as pessoas. Segundo Gabriel, durante esse tempo houve muita experiência no desenvolvimento do cardápio, mesmo que haja o desafio de se adequar ao paladar de todos e manter uma iniciativa saudável. A nutricionista e professora Daniela Chaud afirma que no caso desse tipo de dieta restritiva é imprescindível a garantia de uma alimentação que suplemente a necessidade do indivíduo. “Exames pe riódicos e completos são de extrema necessidade para o acompanhamento do estado nutricional”, destaca Daniela. Além disso, cita a importância de evitar ultra processados e priorizar oleaginosos (nozes) e aqueles naturais. Os alimentos das dietas em questão oferecem alta oferta de vitaminas e ajudam na prevenção de diversas doenças, como o câncer. Sem opções sau dáveis oferecidas, a pessoa pode desenvolver ane mias, raquitismo e desnutrição. Isabela Utrilha Branco, 18, técnica em nutri
ção e dietética, é vegetariana e “aspirante” ao vega nismo. Ela destaca que o desapego de produtos de origem animal é progressivo e diz como adaptou sua alimentação após parar de ingerir carne “Comecei a me apegar mais aos alimentos derivados do leite, ovos e alguns vegetais que são ricos em proteínas,
como a escarola e brócolis”, disse. A dificuldade de Isabela é a mesma da estudante Manon Desombre, 18. Vegana há um ano e meio comenta não apenas sobre a falta de restaurantes veganos baratos, mas também opções para quem não gosta de produtos de origem animal em qualquer restaurante.
Campeãs da cultura
Bairros da região central são os que mais oferecem opções aos paulistanos Por Pedro Duarte República, Sé, Barra Funda, Consolação, Pinheiros, Pari, Bela Vista e Butantã encontramse mais de uma vez entre os melhores índices de equipamentos como museus, teatros e cinemas, segundo a pesquisa “Viver em São Paulo: Cultura”, lançada pelo Ibope Inteligência em parceria com a Rede Nossa São Paulo em abril no SESC Pompeia. O estudo trata sobre o acesso à arte no município e revelou os principais hábitos culturais dos paulistanos. A Bela Vista apresenta um dos melhores índices, em especial quando se avalia a quantidade de espaços de cultura. O bairro carrega em sua geografia o Masp, o Itaú Cultural, a Japan House, entre outras casas de cultura que, segundo a pesquisa, só são visitadas por 27% da população. “Quando acontece uma exposição como a da Tarsila no MASP, com filas de dobrar o quarteirão é a prova de que basta você ter, você dar a oportunidade, que o povo quer”, reflete Pedro Bial, jornalista e apresentador. “A política cultural paulistana é a locomotiva da política cultural do Brasil”, completa ele. Possuidora do maior acervo de literatura adulta de São Paulo e conjuntamente a maior quantidade de teatros, a República é um dos bairros mais privilegiados do município quando o assunto é cultura. A Biblioteca Mário de Andrade é a 2ª maior biblioteca do Brasil e abriga periodicamente exposições de arte, seminários e peças. Em abril o
local inaugurou um espaço intitulado Sarauzódromo, um recinto dedicado a saraus e slams. Cinema foi a arte mais consumida pelos habitantes de São Paulo. O Cine Belas Artes, na Consolação, recentemente deparou-se com cortes no patrocínio. Antes Caixa Belas Artes, o cinema perdeu em fevereiro seu parceiro, a Caixa Econômica Federal. Em 2011, o estabelecimento passou por uma situação similar que levou ao seu fechamento por 3 anos. O prédio só reabriu com apoio da Caixa e da Prefeitura, após reunir 900 mil assinaturas na “maior mobilização já ocorrida no Brasil em defesa de um patrimônio cultural”, segundo nota da empresa. Situação semelhante ocorre com o CineArte (Bela Vista) que perdeu em abril o patrocínio da Petrobrás. A série de mudanças nas regras de patrocínio da estatal se deve ao “maior foco nos segmentos de ciência, tecnologia e educação, principalmente infantil”, justifica a empresa. Neste pacote, o audiovisual foi o principal afetado. “As empresas, de uma maneira geral, incluindo Petrobrás, não apoiam a cultura no Brasil. Isso é um fato”, afirma o produtor Leonardo Kehdi. Para Eliana Fonseca, professora de cinema, a situação enfraquecerá muito o setor cinematográfico. “É equivalente à indústria farmacêutica, a indústria cinematográfica, no que diz respeito a números”, afirma a educadora que tem mais de 35 anos de carreira.
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Livrarias em crise
Rede Saraiva soma 20 lojas fechadas até março de 2019 Por Marcela Frese Teixeira e Maria Eduarda Paiva O avanço da tecnologia gerou diversas crises no Brasil, entre elas a das livrarias, cuja gravidade aumenta a cada ano: a rede Saraiva fechou mais uma de suas unidades, desta vez a do Shopping Pátio Higienópolis, zona oeste de São Paulo, no dia 31 de março deste ano. Depois de 10 anos em atividade, a loja não conseguiu pagar o valor mensal de aluguel cobrado pelo shopping, que chegava a 160 mil reais, fora a porcentagem de lucro, segundo o gerente Igor Neitor, 24 anos, que trabalhava no local. Os brasileiros perderam o hábito de leitura para as redes sociais e internet e, além de ter ocorrido uma disparidade entre os preços dos livros e a inflação econômica no país, os conteúdos podem ser facilmente encontrados online, em algum arquivo gratuito ou até ilegal. “É triste ver que neste país as pessoas leem tão pouco. Às vezes me desespero por saber que não tenho tempo de ler todos os livros do mundo”, afirma uma cliente da livraria em Higienópolis que preferiu identificar-se como Malu e não quis revelar sua idade. A baixa rentabilidade das livrarias agravou-se em 2018, quando a Cultura entrou com um pedido de recuperação judicial para ajudar com as dívidas da rede, mesma situação que a Saraiva enfrentou em novembro do ano passado. Segundo Igor, a empresa tentou negociar um acordo financeiro com o local, mas não teve sucesso. “Os funcionários serão difundidos e vai entrar aqui uma loja de roupas, a Zara”. A notícia despertou diversos sentimentos nos clientes do local. “Estou consternada. Sou de Recife e sempre venho aqui, amo esse espaço e os livros”, diz Malu. Além das lamentações, houve críticas: “Acho errado o fechamento. É um espaço de entretenimento, sempre há eventos e exposições por aqui. Livros
passam conhecimento, roupas são inúteis depois que a moda passa”, disse uma mulher de 24 anos que preferiu identificar-se como estudante. A má gestão financeira é outro fator que pode influenciar em meio a uma crise. Como acrescentou a estudante durante a entrevista, uma solução para o problema seria uma gestão terceirizada, além de encontrar sócios, os quais deveriam, inclusive, ser aqueles que frequentam o local. “Quando se tem sócios fiéis aos seus produtos e serviços, fica mais
fácil falar a mesma língua e não chegar a esse ponto”, afirma. Um ponto em comum: todos ficaram muito abalados com o fechamento da unidade. “Como esse bairro é residencial e bem tradicional, tem muito cliente que cresceu aqui, os filhos cresceram aqui, e acabavam vindo todo dia”, explica Igor. Ele finaliza: “Eles ainda vêm ler e passar o dia sentados nas poltronas, mas é nítido que ficou um clima melancólico. Ninguém esperava por isso”.
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