Uma volta ao mundo com a moda (amostra)

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África do sul


Localização: extremo sul do continente africano.

Capitais: a África do Sul tem três. São elas:

cidade do cabo: a capital legislativa, onde fica o parlamento (órgão responsável por votar leis, entre outras funções). bloemfontein: a capital judiciária, onde fica a Supreme Court of Appeal (o mais alto órgão sul-africano de Justiça).

Idioma oficial: há, ao todo, 11 línguas oficiais, entre elas, zulu, inglês e africâner. População: cerca de 58 milhões de pessoas.

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áfrica do sul

SL_Photography_iStock

pretória: a capital executiva, onde fica o presidente e alguns departamentos do governo.


Simonmayer, Alexis Gonzalez e SL_Photography_iStock

Diversidade na África do Sul O país tem grande diversidade de raças e culturas. A população costuma ser dividida em quatro grupos: negros, coloridos, asiáticos e brancos. Negros: muitos pertencem a grupos étnicos como zulu, sotho, tswana, xhosa, tsonga, swazi, venda, ndebele. Coloridos: mistura de diferentes raças (pessoas que têm como antepassados indivíduos brancos e negros, por exemplo). Asiáticos: na maioria, indianos e chineses. Brancos: em geral, descendentes de ingleses e cidadãos de outros países europeus.

problemas sociais Atualmente, a constituição (principal conjunto de leis) da África do Sul defende que todas as raças sejam tratadas da mesma maneira. Porém, no dia a dia, é possível presenciar diversas situações e cenários de discriminação racial, principalmente contra negros e coloridos (saiba mais nas páginas 16 e 23).

9,1%

Brancos

77%

9%

Negros

Coloridos

2,5%

Asiáticos e indianos

*Dados do último levantamento, feito em 2019.

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VESTIMENTAS TRADICIONAIS

ZULU Os zulus formam o maior grupo étnico da África do Sul, com aproximadamente 10 milhões de pessoas. Vivem, sobretudo, no sudeste do país. Falando especificamente sobre as roupas, os trajes típicos, tanto masculinos como femininos, são confeccionados a partir de peles de cabra ou vaca, que de tanto serem manipuladas e trabalhadas (eles passam gordura animal para amaciar o material), ficam finas e maleáveis como uma tela.

Mickeym23 e Mrallen_Dreamstime; michaeljung_iStock

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VESTIMENTAS TRADICIONAIS

Quem foi Nelson Mandela?

áfrica do sul atualmente

Keystone_Getty Images e CC commons

O ativista foi um dos principais líderes da luta contra o apartheid, regime sul-africano que separava negros e brancos e que vigorou entre 1948 e 1994. Nesse sistema, os negros eram impedidos de frequentar os mesmos restaurantes, escolas, igrejas e ônibus que os brancos e ter propriedades de terra, entre outras restrições. Indignado com o que via no país, Mandela e alguns companheiros iniciaram uma intensa campanha contra o sistema de exclusão. Em 1964, ele foi preso por autoridades brancas e passou 27 anos na prisão. Mandela, então, tornou-se um símbolo mundial da luta contra a discriminação racial. Tanto na África do Sul como no resto do mundo, pessoas de diferentes raças pediram a libertação dele e o fim do apartheid. Graças a essa pressão, em 1990, o regime foi cancelado e Mandela, solto. Em 1993, ele ganhou o prêmio Nobel da Paz (dado a pessoas que realizam projetos em defesa da paz mundial) e, em 1994, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul.

Embora o apartheid tenha acabado na África do Sul, a segregação e discriminação racial continuam no país. A maior parte dos ricos do país são brancos, que vivem em áreas privilegiadas no centro das cidades, com conforto e acesso à saneamento básico, lazer, educação de primeiro nível, entre outros. Já os pobres, em sua maioria, são negros ou coloridos e moram nas periferias, áreas com problemas de infraestrutura, altos índices de criminalidade e escolas de baixa qualidade. Confira ao lado alguns dados que mostram as diferenças entre brancos e negros no país.

Entre os pobres da África do Sul, cerca de 40% são negros e 25% são coloridos. Ao mesmo tempo, apenas 1% dos brancos passam por dificuldades financeiras no país. Um sul-africano branco tem 20 vezes mais chances de ganhar mais de 60 mil dólares por ano do que um sul-africano negro ou colorido.

Os brancos são minoria na África do Sul. Mesmo assim, a maior parte do poder econômico do país está nas mãos deles. Estima-se que os descendentes de europeus sejam donos de 72% das propriedades agrícolas da nação e ocupem 67% dos maiores cargos das empresas.

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as roupas na história do brasil


brasil Localização: América do Sul. Capital: Brasília. Idioma oficial: português. População: 211 milhões de habitantes*.

Carlos Fabal_GettyImages

*Até 2021.


tr a j e s a o l o n g o da hi s t ór i a do B r as il

De 1500 até a atualidade

Oscar Pereira da Silva_Arquivo Nacional Torre do Tombo

As roupas brasileiras, até hoje, mostram a influência que os povos europeus, africanos e indígenas exerceram na nossa história. Saiba um pouco mais sobre as vestimentas usadas pelas civilizações que ajudaram a formar o Brasil que conhecemos.

chegada dos portugueses O dia 22 de abril de 1500 marca a data em que os portugueses chegaram ao Brasil. Comandada pelo navegador Pedro Álvares Cabral, a expedição era composta por 13 navios e cerca de 1.500 tripulantes, que

aportaram onde hoje fica a cidade de Porto Seguro, na Bahia, e deram início à exploração do território. Apesar de algumas pessoas chamarem esse momento de “descobrimento” do país, os europeus não descobriram uma terra nova e inabitada,

uma vez que já havia diversas nações indígenas estabelecidas na região. Além disso, estudiosos afirmam que a chegada dos portugueses ao país foi planejada. Em missões anteriores, alguns navegadores já haviam sido enviados para encontrar novas terras,

portanto, em 1500, Portugal já tinha noção de que havia um território na região que hoje corresponde ao Brasil. Ao mesmo tempo, os relatos da expedição comandada por Cabral não mencionam nenhum tipo de descoberta feita durante o trajeto.

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As roupas usadas no Brasil Colônia A maneira de se vestir naquela época era essencial para simbolizar origem, status social, profissão e poder econômico. Portugueses e cidadãos comuns tinham guarda-roupas bem diferentes.

Johann Moritz Rugendas _Viagem pitoresca através do Brasil_domínio público

europeus e descendentes de europeus Durante o período colonial, a maior parte dos brancos que viviam por aqui era composta por europeus ou descendentes de europeus. A maioria vinha de Portugal, embora também houvesse pessoas da Espanha, França e Holanda, entre outros. Para a sociedade brasileira da época, os brancos eram seres superiores, portanto, tinham mais direitos do que negros e indígenas. É por isso que, durante a maior parte do período colonial, quase tudo era controlado pelas pessoas de pele clara. As grandes propriedades de terra e os estabelecimentos comerciais, por exemplo, geralmente pertenciam a eles, que também eram os “donos” dos negros e indígenas escravizados.

PÍLULA: a ciência já provou que todas as raças são iguais, ou seja, todos os seres humanos têm as mesmas capacidades, independentemente da cor da pele. A teoria da superioridade branca, que existia em séculos passados, não deve jamais ser levada a sério.

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as roupas dos negros escravizados

as roupas dos negros escravizados — homens

mulheres

As vestimentas dos escravizados eram dadas pelos proprietários, que, em geral, queriam que todos os serviçais se vestissem do mesmo modo.

Assim como os homens, as mulheres escravizadas usavam vestes simples e, muitas vezes, gastas.

• Peças feitas de linho fino ou algodão grosso.

As peças variavam de acordo com o dono, mas costumavam ser sujas, simples e gastas. O bem-estar dos escravizados não era prioridade, e as roupas de baixa qualidade eram um reflexo do descaso dos senhores de escravos para com os negros.

• Saia. • Blusa. • Uma espécie de avental para

aquelas que faziam serviços domésticos.

camisas com mangas longas e sem gola, além de uma espécie de colete. No inverno, vestiam um poncho de lã grosseira.

• Em geral, as peças eram feitas de linho fino ou algodão grosso. • Normalmente, andavam descalços. Os escravizados que trabalhavam no campo recebiam chapéus de palha ou gorros chamados barrete. Já os que exerciam serviços domésticos, por trabalhar dentro das casas dos senhores e em contato direto com os brancos, usavam roupas e sapatos limpos e de boa qualidade.

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Algumas mulheres escravizadas costumavam fazer penteados elaborados e enrolar panos em volta do cabelo, os chamados turbantes, que são usados até hoje como símbolo da resistência e orgulho negros.

cabelos Os homens usavam os fios bem curtos ou até mesmo eram mantidos carecas, o que evitava proliferação de piolhos, algo muito comum em virtude das más condições de vida dos escravizados. Outra informação importante sobre os cabelos masculinos é que, em muitas regiões da África, o corte de cabelo era tanto sinal de status como forma de identificar o grupo étnico ou o local onde a pessoa morava. Quando os negros chegavam ao Brasil, os portugueses os obrigavam a cortar seus penteados para mostrar que por aqui eles não tinham o status que tinham na África.

PÍLULA: para alguns povos africanos, o turbante tem a função de proteger a cabeça e a mente, considerada fonte de pensamentos e cultivo da fé.

Não se sabe exatamente quando os turbantes surgiram, mas acredita-se que esse acessório já fosse usado há milhares de anos por povos do Oriente, como os árabes. Ao longo dos séculos, as mulheres negras da África também começaram a usar a peça, que variava em cores, estampas, amarrações e significados, dependendo do povo que a estava utilizando. Aqui no Brasil, as mulheres negras escravizadas continuaram usando os turbantes, que remetiam à cultura de seu povo de origem.

Johann Moritz Rugendas _Viagem pitoresca através do Brasil_domínio público

turbantes das mulheres

• Costumavam usar calças,


símbolos imperiais manto imperial

as penas do manto A gola do manto imperial era feita de penas. No Primeiro Reinado, foi confeccionada de penas de galo-da-serra. Já no Segundo Reinado, ela foi refeita usando penas de papo de tucano. A confecção da primeira gola é atribuída a um comerciante que a encomendou aos indígenas tiriyó e com ela presenteou o imperador. Diferentemente de D. Pedro I, que foi coroado com farda militar sob o manto, ostentando todas as suas insígnias militares e calçando botas com esporas, D. Pedro II foi coroado com vestes que haviam pertencido ao avô, o imperador Francisco I da Áustria. Atualmente, o manto imperial com as vestes de D. Pedro II se encontra no Museu Imperial, em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

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Aglaya Fateeva | Dreamstime.com; Pedro Américo e Jean-Baptiste Debret_domínio público

O tecido foi confeccionado para a coroação de D. Pedro I, em 1822. Em forma de poncho e com gola de penas, era muito diferente dos tradicionais mantos europeus vermelhos ou azuis.

PÍLULA: a indústria têxtil no Brasil teve início por volta de 1815, na Bahia, graças ao algodão. Já a indústria de calçados começou as operações em meados de 1820, no Rio Grande do Sul, com o beneficiamento do couro. Hoje, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de roupas e calçados do mundo.

• O poncho era de veludo verde-escuro e a parte interna, de cetim amarelo. •Na parte externa do manto, ramos de cacau e

tabaco foram bordados com fios de ouro. • No centro, havia uma série de serpes (figura fantasiosa de um réptil alado), que

representava a Real e Imperial Casa de Bragança (sobrenome da família real). • Trazia arcos em formato circular, antigo símbolo do

Reino do Brasil. •Estrelas que simbolizavam o novo império integravam o figurino. Senhoras da nobreza as confeccionaram em um mês.


• Camisa. • Calça. • Colete. • Paletó (inspirado no que era usado pelos nobres portugueses). com o tempo, adaptações foram sendo incorporadas, como: • Estampas xadrez. • Botinas. • Sandálias de couro. • Chapéu de palha (acessório que costuma ser muito utilizado por trabalhadores do campo). • Remendos nas roupas (técnica muito usada na roça, servia para que a roupa usada diariamente ganhasse cara nova).

traje tradicional feminino Alberto da Veiga Guignard_domínio público; WikipediaCC_domínio público; kleber Cordeiro_iStock

traje tradicional masculino

• Vestidos e saias produzidas de algodão e chita (tecido bem colorido e estampado, feito de algodão barato e de pouca qualidade). No passado, esses materiais para confecção de roupas eram muito usados no campo. • Para ganhar um “ar elegante”, as mulheres enfeitavam as peças com fitas, babados, flores e rendas. • Com o passar do tempo, as saias ficaram mais curtas, para que as meninas não sofressem com o calor.

Não existem regras rígidas! Atualmente, vale tudo! Nas festas, que podem ser no campo, na praia ou nas cidades, o que importa é o “mix” de criatividade! Não existe mais a ideia de “roupa de mulher” ou “roupa de homem”. O importante é se vestir como você quiser!

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CURIOSIDADES SOBRE O CARNAVAL NO BRASIL

• O trio elétrico, grande marca do Carnaval brasileiro atual, surgiu em 1950, quando dois músicos resolveram colocar instrumentos na caçamba de um caminhão. Enquanto o veículo passava pelas ruas da cidade, Dodô e Osmar, como eram chamados os artistas, iam tocando os instrumentos, que tinham o som amplificado por alto-falantes.

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Guy B de Veloso_CC

• A primeira escola de samba do país se chamava Deixa Falar e foi fundada em 1928. Depois dela, surgiram outras agremiações, como a Vai Como Pode (hoje conhecida como Portela) e a Mangueira. O primeiro desfile de escolas de samba foi em 1932 e teve a Mangueira como vencedora.


caubóis


Por que se mudar para o Oeste? No século XIX, somente o equivalente a um quarto

RobertPlotz_Unsplash

do território que forma os Estados Unidos era de nacionalidade estadunidense. Eles ocupavam a área leste do continente, entre o litoral e o rio Mississippi. Os outros três-quartos, território onde hoje se encontram Califórnia, Nevada, Utah, Texas, Arizona e Novo México, pertenciam ao México. Em 1862, Abraham Lincoln baixou uma lei (o Homestead Act) que concedia terras no Oeste a quem as ocupasse por pelo menos cinco anos. Foi a partir daí que a região passou a ser dos norteamericanos.

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OS PRIMEIROS CAUBÓIS: VAQUEROS

Caubóis dos filmes x caubóis reais

Nos filmes, os caubóis costumam ser retratados como pessoas que andam a cavalo e estão sempre prontas para um duelo armado.

Os caubóis da vida real eram muito diferentes dos caubóis dos filmes de faroeste. Enquanto no cinema eles geralmente são interpretados por atores brancos, na vida real, muitos vaqueros eram latinos ou negros. Além disso, a maioria não usava armas. Aqueles que tinham armamentos só andavam com esses objetos quando conduziam o gado, ou seja, não costumavam caminhar armados pela cidade, como nos habituamos a ver nos filmes.

A partir do século XIX (18011900), os ranchos começaram a se espalhar por todo o continente, chegando a regiões que hoje correspondem a estados norteamericanos como Texas, Novo México, Arizona e Califórnia. Assim, os vaqueros foram se tornando figuras comuns nessas regiões.

Quem eram os vaqueros? A maioria era mestiça (mistura de indígena americano com espanhol), indígena, composta por negros americanos, mulata (mistura de branco com negro) ou criolla (descendente de espanhol nascido na América). Foi só no século XIX (1801-1900) que brancos que falavam inglês começaram a se mudar para a parte oeste dos Estados Unidos e, assim, incorporar a cultura dos vaqueros, que mais tarde seria chamada de cultura dos caubóis.

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Svetlanais_iStock; John C. H. Grabill_CC Commons

Na vida real, os caubóis são “descendentes” dos vaqueros, palavra espanhola que é uma mistura de “vaca” com “homem”. Depois de chegar à América, os espanhóis começaram a construir ranchos e contratar os vaqueros para conduzir o gado e cuidar dos animais nessas propriedades.


estilo caubói hoje

A indústria da moda vem, a cada dia, especializando-se mais no estilo caubói e investindo em novas tecnologias e materiais para a confecção das roupas. Ainda assim, as peças do vestuário de um legítimo caubói permanecem as mesmas, já que cada uma delas tem utilidade própria.

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QueenTut, BarbaraSimoni, primipil_iStock

Atualmente, o estilo caubói não é mais exclusivo do campo — já tomou as cidades, lojas e passarelas. Não é difícil encontrar coleções de marcas famosas se baseando nesse estilo e homens e mulheres andando nas ruas de grandes cidades vestindo botas, jeans e chapéu.


povos do gelo


é correto falar esquimó?

Evgenii Mitroshin_iStock

Para alguns especialistas, “esquimó” era o termo que os colonizadores usavam para se referir de forma pejorativa aos povos da região. Além dessa explicação, existem várias teorias que esclarecem por que esse termo não é o mais adequado. Na dúvida, evite-o.

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Rou pas tr ad ic i o n a i s d os po v o s d o gelo

Nos filmes, esses povos são frequentemente retratados como pessoas que vivem em casas de gelo e praticam caça e pesca para sobreviver. No entanto, é importante lembrar que cada grupo tem hábitos e culturas próprias, portanto, não é possível generalizar.

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PÍLULA: tradicionalmente, homens e mulheres vestem os mesmos modelos de roupa, com exceção das parcas femininas, que por vezes têm capuz mais alongado e ombros mais volumosos. As parcas das mulheres que já são mães são mais largas, para que possam carregar os bebês no colo.

Evgenii Mitroshin_iStock

Os povos do gelo, ou esquimós, como são mais conhecidos, são grupos que vivem em regiões extremamente frias do norte do planeta, como Alasca, nos Estados Unidos, norte do Canadá, Groenlândia e Sibéria, na Rússia.


você sabe o que é tundra ?

Elizabeth M. Ruggiero, IPGGutenbergUKLtd_iStock

A tundra é um tipo de bioma próprio do clima subglacial, caracterizado por subsolo gelado, temperaturas muito baixas e secas praticamente o ano todo. Tundra ártica é aquela localizada próximo ao Polo Norte, como o extremo norte do Alasca, Canadá, Noruega, Finlândia e Sibéria. Já a tundra alpina é encontrada em países com montanhas muito altas, como a Cordilheira dos Andes e os Alpes europeus (grande conjunto de cordilheiras na Europa).

A maioria dos indivíduos se alimenta de carne de animais (salmão, urso e foca, por exemplo) e mora em casas de madeira, não em iglus de gelo, como muitos imaginam. Hoje, inclusive, é possível encontrar pequenas cidades com várias residências feitas de madeira. Entre os povos mais famosos estão os inuits, que vivem na Groenlândia e no norte do Canadá, e os yupiks, que podem ser encontrados na Sibéria e no Alasca.

Em razão dessas condições climáticas severas, baixas profundidades do solo e ausência de claridade, não existe nessas áreas nenhum tipo de floresta com árvores altas. Assim, a vegetação é composta por pequenos arbustos, ervas e musgos espaçados entre si, os quais só se desenvolvem durante os meses de verão, quando as temperaturas são menos frias, chegando a máximas de 10ºC. Durante o restante do ano, os solos permanecem congelados, sob temperaturas que chegam aos 20ºC negativos.

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Índia


índia Localização: Ásia meridional. Capital: Nova Déli. Idioma oficial: híndi e inglês. População: passa de 1,3 bilhão de pessoas (segunda maior

RobertPlotz_Unsplash

população do mundo, atrás apenas da China).

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UM PAÍS MOVIDO A CULTURA A Índia tem uma das culturas mais ricas do mundo. Do norte ao sul do país há diferentes tipos de danças, músicas, comidas e costumes dos mais variados gêneros. Uma prova dessa grande diversidade pode ser vista no número de idiomas. Estima-se que a Índia tenha mais de 850 línguas faladas em diferentes regiões do território. Para se ter ideia, hoje, no Brasil, há cerca de 200 idiomas (a maioria de origem indígena). quem foi mahatma gandhi Uma das figuras mais importantes da história da Índia, Gandhi foi um dos líderes do movimento de independência do país — entre 1877 e 1947, o território foi colônia (“propriedade”) do Reino Unido. Gandhi liderou grandes protestos contra o governo colonial. Seu grande diferencial foi organizar mobilizações que aconteciam de forma não violenta, sem pegar em armas, como costuma ocorrer em manifestações do tipo. Em virtude desse modo pacífico de lutar por seus interesses, Gandhi é admirado no mundo inteiro até hoje.

Elliott & Fry, johan10, mazzzur_iStock

(1869-1948)?

A Constituição da Índia proíbe as castas desde 1950. No entanto, na prática, muitos indianos ainda levam essas divisões a sério. Mahatma Gandhi foi uma das pessoas que lutou muito pelo fim das castas.

mahatma gandhi

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Um armário cheio de história Na Índia, as roupas variam de acordo com aspectos como religião, cultura e região. Aqui, vamos falar sobre as roupas tradicionais dos hindus, adeptos do hinduísmo, que, como mencionado, é a religião que tem maior número de fiéis no país.

os comprimentos das roupas tradicionais hindus

Os praticantes não têm um código rígido de vestimentas, mas tendem a usar roupas tradicionais, que refletem aspectos de sua cultura, história e religião. Em geral, os modelos costumam ter muitas cores, brilhos, brocados e amarrações. No entanto, as peças podem ter variações de tecidos, texturas e estilos, o que faz com que a Índia seja considerada o berço da estamparia.

As peças do guarda-roupa tradicional da mulher hindu apresentam especial cuidado com os comprimentos — por motivos religiosos, evita-se exibir pernas, ombros e colo. No entanto, as indianas não se incomodam em mostrar a barriga, pois o umbigo é considerado a fonte da vida e criatividade.

Não por acaso, na época das Grandes Navegações, os luxuosos e magníficos tecidos indianos eram muito desejados pela nobreza europeia.

o que significam os desenhos estampados nos sáris ?

Grandes Navegações é o nome dado às expedições marítimas que, entre os séculos XV (14011500) e XVI (1501-1600), reuniam embarcações que saíam aos mares com o objetivo de chegar a novos territórios ou ir até países para adquirir produtos que, depois, poderiam ser revendidos. As principais nações que investiram nas navegações foram Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Holanda. Nessa época, a Índia era um destino comum dos navegadores europeus. Lá, eles obtinham produtos que eram muito requisitados na Europa, como especiarias (temperos) e tecidos. Com uma cultura milenar riquíssima e vasto território, a Índia é repleta de peças tradicionais do vestuário hindu que variam bastante em tecidos, texturas, adornos e estilo, embora, em geral, sigam os mesmos modelos de cores, brilhos, brocados e amarrações.

peixe: fertilidade e abundân-

cia de alimentos.

elefante: água, fertilidade, riqueza e boa sorte.

Zzvet, AAGGraphics_iStock

Jeet Danhoa_Unsplash

o que foram as grandes navegações ?

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japão


J ap ã o Localização: Ásia oriental. Capital: Tóquio. Idioma oficial: japonês. População: cerca de 126 milhões

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*Dados de julho de 2021.

Curiosidade:

terceira maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.

Tianshu Liu_Unsplash

de habitantes (11o país mais populoso do mundo).


Antes do século VIII (701-800 d.C.), era comum os japoneses se inspirarem nas vestes chinesas, já que, na época, a China era considerada um modelo de civilização e muitas culturas asiáticas tentavam reproduzir o que era feito por lá. Quando as relações diplomáticas entre Japão e China começaram a estremecer, em meados do século XIX (18011900 d.C.), os japoneses passaram a valorizar a arte, arquitetura e cultura do próprio país, o que influenciou diretamente na moda da nação. A partir daí, surgiram novos tecidos, modelos e texturas de roupas. Assim, passamos a conhecer as chamadas roupas típicas japonesas, compostas pelas seguintes características: 

Simplicidade no corte;

Riqueza de camadas;

Mix de estampas;

 Uso de tecidos nobres como seda, cetim e brocado (tecido de seda ou veludo colorido, ricamente decorado com desenhos em relevo), que representam a leveza e delicadeza da cultura tradicional japonesa.

chegada das nações estrangeiras

O Japão ficou completamente isolado do Ocidente até o século XVI (1501-1600 d.C.). Quando as navegações portuguesas chegaram ao país, não foram bem recebidas pelas autoridades, já que os jesuítas portugueses tinham como objetivo converter os moradores locais à religião católica. Como reação, o governo japonês reduziu o contato do país com o mundo exterior, diminuindo o comércio internacional e banindo livros estrangeiros. Apenas em 1854, as relações externas foram restabelecidas. início da influência ocidental

Entre os anos 1868 e 1912, militares, policiais e funcionários públicos passaram a adotar uniformes de estilo ocidental. Com o tempo, as roupas tradicionais japonesas, como quimono, haori (jaleco tradicional) e hakama (espécie de calça larga), foram sendo abandonadas no dia a dia. A partir do início do século XX (1901-2000), a maior parte dos japoneses já usava roupas modernas (camiseta, jeans e tênis, por exemplo) para ficar em casa, trabalhar e andar nas ruas.

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CC Commons_BKinkey; Ryoji Iwata_Unsplash; Pexels

ROUPAS JAPONESAS E CHINESAS

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A roupa japonesa mais conhecida no mundo é o quimono, que significa “coisa de vestir” em japonês. Tanto homens como mulheres começaram a usá-la diariamente a partir da metade do século XVI (1501-1600). Homens e mulheres de classe social alta tinham o hábito de usar quimonos longos, que geralmente cobriam do pescoço às canelas. Além disso, eram cortados em forma de “T” e PÍLULA: possuíam mangas entre os anos 794 e amplas. 1185 d.C., os japoneses começaram a vestir os primeiJá as pessoas de classes mais ros quimonos. As peças dessa época tinham gola em “V” e baixas trajavam eram parecidas com as quimonos um vestes chinesas. pouco mais curtos, com mangas amplas e não tão longas, para que não atrapalhassem as atividades profissionais.

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Como os quimonos são amarrados? O traje é amarrado ao corpo por uma espécie de cinto de tecido decorativo chamado obi. O costume de usar obi surgiu a partir dos anos 1600, quando guerreiros colocavam espadas dentro desses cintos. Ao mesmo tempo, o obi das mulheres costumava ser mais largo e enfeitado do que o dos homens.

CC Commons_Met Museum; Hiu Yan Chelsia Choi, Samuli Jokinen,_Unsplash; Christiano Sinisterra, Gatot Adri_Pexels

O que são os quimonos?


judeus


Cezary Wojtkowski, iStock

HOJE, HÁ JUDEUS vivendo em todas as partes do planeta. Porém, o território que corresponde a Israel (veja no mapa) tem um significado especial para os fiéis. Segundo a Torá, essa região foi prometida por Deus para o povo judeu, por isso recebe o nome de “terra prometida”. Por lá, é possível encontrar vários templos e construções judaicas.

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ju d eu s e su as r o up a s tr a dicio n a i s

Quais são os ensinamentos da religião ?

O JUDAÍSMO

Crença que acredita em um único deus, que criou o mundo, os animais, as plantas e o ser humano. As principais leis e princípios da religião estão presentes em um livro sagrado chamado Torá.

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Cezary Wojtkowski, Elena_Hramowa, snik2016_iStock

O que é a religião judaica?

As pessoas devem ser justas e misericordiosas, respeitar e amar os outros como a si mesmo, acreditar que Deus é a origem, a essência e a vida de tudo, respeitar os pais etc.


O que tem no guarda-roupa do homem judeu?

Como se vestem os judeus?

Em geral, no dia a dia, a maioria dos judeus de subgrupos extremamente tradicionais usa: calça preta ou terno, camisa social branca, quipá e tsitsit.

A Torá determina que os fiéis devem usar roupas limpas, simples, discretas, de cores neutras (como branco, cinza e preto) e não misturar tecidos (principalmente lã com linho). A ideia é de que as roupas não chamem muita atenção, para que a pessoa seja valorizada pelo caráter, e não pelas vestes que usa.

Masha Zolotukhina, snik2016_iStock

Porém, a forma como homens e mulheres se vestem varia de região para região e de subgrupo para subgrupo. Um grupo de judeus ortodoxos de Nova York, nos Estados Unidos, por exemplo, pode não se vestir do mesmo modo como os judeus ortodoxos de São Paulo. Além disso, como vimos, nem todos os subgrupos judaicos seguem os textos sagrados rigidamente.

Subgrupos conservadores e não ortodoxos Os judeus de subgrupos menos rígidos, como reformistas e reconstrucionistas, costumam usar roupas contemporâneas, como camiseta, calça jeans, tênis e bermudas. Trajes relacionados à religião, como a quipá, geralmente são utilizados em ocasiões solenes, como aniversários e festividades como bar mitzvah, casamentos e orações nas sinagogas (os templos da religião).

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família real britânica


CC_domínio público

Qual é a diferença entre...

Inglaterra: país que tem como capital a cidade de Londres. É lá que fica o Palácio de Buckingham, residência oficial da monarca atual, a rainha Elizabeth II. Grã-Bretanha: é o nome dado ao conjunto de nações formado por Inglaterra, País de Gales e Escócia. Todos esses países ficam localizados na maior ilha britânica. Reino Unido: é o nome dado ao conjunto de países formado por Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte.

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A s r oup a s da fa míli a r e a l b r itân i c a O sistema começou quando os anglo-saxões, povo de origem germânica, conquistaram a região da Inglaterra, por volta de 410 a.C. Nessa época, o território foi dividido em grandes reinos, cada um governado por um rei. O primeiro monarca de toda a região, Etelstano, subiu ao trono da Inglaterra em 927 d.C. Ele era reconhecido como líder de todos os reis. A monarquia como conhecemos hoje, no entanto, só veio com Guilherme I, o Conquistador, em 1066 d.C. Depois de invadir a Inglaterra, ele foi coroado rei e unificou todos os reinos, tornando-se o único governante de todo o território britânico.

o que a família real faz no dia a dia ?

•Trabalhos de caridade. •Encontros com representantes de outros países. •Participações em eventos e celebrações.

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QUAL É A FUNÇÃO DA MONARQUIA BRITÂNICA? No passado, os monarcas tinham poder político, ou seja, contribuíam ativamente nas decisões políticas do país. Hoje, o Reino Unido adota o sistema de monarquia constitucional, na qual políticos eleitos pelo povo são os responsáveis pela administração política do país. O monarca, ou seja, o rei ou a rainha, tem apenas o papel simbólico de chefe de Estado.

PÍLULA: no Reino Unido de hoje o monarca é um símbolo da cultura e tradição britânicas. Segundo o site da família real, ele atua para promover a “identidade nacional, unidade e orgulho do reino”.

Bet_Noire, Nicola Ferrari_iStock; Library and Archives Canada; CC

COMO SURGIU A MONARQUIA (REALEZA) BRITÂNICA?


quem foi a rainha

(PETR)_iStock; Hans Holbein_CC_domínio público; Government Art Collection; Supplied by The Public Catalogue Foundation

Deu início à ideia de que reis e rainhas deviam ter um visual que impressionasse, transmitindo mensagens de riqueza, poder e autoridade.

elizabeth i ?

Uma das rainhas mais famosas da história do Reino Unido, Elizabeth I governou em uma época em que os monarcas britânicos ainda tinham poder político.

Os vestidos da rainha Elizabeth eram perfeitamente costurados, minuciosamente bordados à mão com fios coloridos (inclusive de ouro) e decorados com pedras preciosas, como diamantes e rubis. Por ser a mulher mais poderosa do país, Elizabeth definia os trajes da aristocracia. Muitas mulheres da corte se esforçavam para imitar o estilo dela. Além disso, a monarca ditava a moda masculina, principalmente entre os nobres e membros da corte. Um exemplo pode ser visto nos espartilhos usados pelos homens, que passaram a ter cintura mais fina — como as peças do guarda-roupa da rainha. Na época, vestir-se como a rainha era considerado símbolo de status.

O reinado dela ficou conhecido como Era de Ouro, pois foi uma época de grande progresso. Nesse período, os britânicos ampliaram as relações comerciais com outros países, conquistaram importantes vitórias em batalhas e viram surgir nomes importantes na história do país, como o do dramaturgo William Shakespeare, autor de peças como Romeu e Julieta.

COMO OS MONARCAS BRITÂNICOS SE VESTIAM?

RAINHA ELIZABETH I (1533-1603)

Suas cores favoritas eram preto e branco, que simbolizava pureza. A rainha usava e abusava de todas as cores. Henrique VIII e Ana Bolena, pais de Elizabeth I

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muçulmanos


O que significa a palavra muçulmano?

Pessoa que segue a religião islâmica. Hoje, esses fiéis estão espalhados pelo mundo todo, mas a maioria vive, principalmente, no norte da África, no Oriente Médio, Indonésia e na Índia.


M u çu lm a n o s e s u a s r o up a s tr ad ic i o n a i s

Não confunda! Muitas pessoas acham que árabes e muçulmanos são sinônimos (palavras que têm o mesmo significado).

porém, isso não é verdade.

O ISLÃ O que é a religião islâmica?

veja a diferença:

Crença que surgiu no Oriente Médio no século VI d.C. O fundador da religião foi o profeta Muhammad (também conhecido como Maomé, no Brasil), que, de acordo com os textos sagrados, recebeu a missão de transmitir a mensagem de Deus à humanidade. Assim, Muhammad passou a compartilhar ensinamentos com outras pessoas, que se entusiasmaram com as palavras dele e começaram a segui-lo.

damircudic_GettyImages e javarman3_iStock

Alguns dos

ensinamentos do I slã :

•Evitar o extremismo; •Encarar a vida sem exageros; •Praticar a ética, a tolerância e a bondade; •Respeitar praticantes de outras religiões.

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Muçulmanos: pessoas que acreditam na

religião islâmica .

Árabes: grupo de pessoas que habita , principalmente , o oriente médio e o norte da áfrica .


contra Muitas pessoas que não seguem a religião islâmica defendem a proibição do uso dos véus, em especial a burca. Para eles, o traje é ultrapassado e machista, uma vez que a mulher só pode mostrar o corpo e o rosto para o marido e os homens da família. Além disso, os defensores dessa tese acreditam que a mulher não deve ser obrigada a vestir um traje, pois isso restringe a liberdade dela.

máscara ou burca ?

Em 2017, em uma cidade da Áustria, a polícia recebeu uma denúncia que dizia que uma pessoa vestida de ninja vermelho estava violando a lei que estabelece que as pessoas não podem cobrir a cabeça quando em público. No entanto, tratava-se de alguém fantasiado de ninja que estava numa loja da marca Lego promovendo o lançamento de um produto, e por isso estava usando uma máscara que cobria o rosto. Na Áustria, o uso de roupas que cobrem o rosto inteiro, como a burca, é proibido. Ao final, a mulher fantasiada não foi multada, pois os oficiais entenderam que o uso da máscara fazia parte do trabalho dela.

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Na Itália, desde 1975, há uma lei que proíbe as pessoas de caminhar em locais públicos com o rosto coberto, inclusive por burcas. Na Holanda, há aplicação de multa para quem circular com véu que cobre o rosto em transportes coletivos, prédios públicos e escolas.

O Marrocos, que tem como vestimentas oficiais o niqab e o hijab, tornouse o primeiro país islâmico a proibir a fabricação e comercialização de burcas.

Em 2010, a França chamou a atenção do mundo ao proibir o uso em espaços públicos de adereços ou acessórios que cubram o rosto — como a burca e o niqab. As autoridades afirmaram que essa medida tinha como objetivo facilitar o trabalho da polícia, que passaria a ter mais probabilidade de identificar a face de indivíduos suspeitos. Embora o governo tenha dito que a lei não tinha como objetivo discriminar as muçulmanas, a regra revoltou parte dos seguidores da religião islâmica, que afirmou que a norma impede que as mulheres dessa crença usem trajes tradicionais para sair à rua.

A favor Aqueles que defendem o uso de véus islâmicos afirmam que o adereço faz parte da cultura de quem os utiliza e que esta deve ser respeitada pelos demais povos. Muitos alegam até mesmo que as leis criadas para proibir o uso da burca são preconceituosas e que os muçulmanos têm o direito de se vestir como quiserem.

Alguns especialistas dizem que é errado afirmar que apenas as muçulmanas sofrem com a ausência de liberdade. Segundo eles, as mulheres que não são islâmicas também não são completamente livres, pois são julgadas caso não cumpram algumas práticas, como fazer depilação e cuidar do cabelo.

Algumas mulheres muçulmanas afirmam que usam véu porque gostam, não porque são obrigadas. Há grupos de defesa dos direitos femininos que dizem que a mulher deve vestir o que quiser, seja uma calça jeans ou uma burca.

burca

E os homens? Assim como as mulheres, os homens muçulmanos têm regras para se vestir. Embora cada lugar tenha regulamentos específicos, de maneira geral, os homens não podem deixar à mostra a região entre o umbigo e o joelho, já que é considerada íntima e imprópria de ser apresentada em público. Além disso, muitos homens usam barba e turbantes, com estilos e cores diferentes.

Lautaro Chamo_Unsplash; David Sacks, GettyImages; Mohammad Alashri_Unsplash

TIPOS DE VÉU

Burca: a favor e contra


peru


peru Localização: América do Sul. Capital: Lima. Idioma oficial: espanhol.

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SL_Photography_iStock

População: 32 milhões de habitantes (43o país mais populoso do mundo).


As roupas tradicionais peruanas foram muito influenciadas pela cultura dos incas e dos povos ibéricos (saiba mais a seguir). Graças às condições climáticas variadas do Peru, que vão desde desertos secos e quentes a montanhas com temperaturas negativas, os habitantes se destacaram pela capacidade de tecer fibras naturais. Com elas, produzem peças versáteis, que se adequam ao seu estilo de vida e a condições climáticas diversas.

Cordilheira dos Andes É um conjunto de montanhas que atravessa sete países: Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. É a maior cordilheira em comprimento do mundo, com aproximadamente 8 mil quilômetros de extensão. A cadeia montanhosa ajudou a moldar o estilo de vida dos povos que habitam o Peru.

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Simonmayer, Alexis Gonzalez e SL_Photography_iStock

Rou pas tr ad ic i o n a i s per u a n a s

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Atualmente, os cidadãos peruanos que vivem nas grandes cidades não usam, no dia a dia, roupas tradicionais do país. No entanto, aqui serão detalhados os trajes típicos cheios de história e significados que representam verdadeiras obras de arte. Esses tecidos incríveis, confeccionados manualmente, transformam-se em peças de vestuário, acessórios e itens de decoração. PÍLULA: esses tecidos de lã manualmente confeccionados são chamados de bayeta.

como os tecidos peruanos são feitos?

A lã comumente usada para tecer as peças do vestuário é de lhama ou alpaca, animais muito comuns no Peru. Ambas as espécies são encontradas principalmente em países andinos e integram a família dos camelos. A diferença entre esses dois animais é o tamanho, o formato do rosto e o tipo de pelo: as alpacas são um pouco menores, têm rostos pequenos e orelhas curtas. O pelo é mais liso e macio, enquanto o das lhamas é mais crespo e grosso.

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USO, alexandragl1, pawopa3336, Tomasz Matuszewski fotorince.pl–iStock

Vestimentas tradicionais

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curiosidades


m oda susten táve l A indústria tradicional da moda impacta o meio ambiente de forma considerável. Saiba mais sobre esses impactos e veja como você pode contribuir para evitar que seu guarda-roupa prejudique o planeta.

O QUE É FAST FASHION E QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS DESSE PROCESSO PARA O MEIO AMBIENTE? Em português, fast fashion significa “moda rápida”. Essa expressão é usada para se referir ao processo em que grande quantidade de peças de roupa é fabricada. Esses itens, em geral, seguem as tendências da moda da época.

Assim, o consumidor se vê obrigado a constantemente comprar mais roupas para substituir as que perdeu. E para dar conta da grande procura das pessoas, as marcas acabam produzindo cada vez mais peças. O problema é que, muitas vezes, a produção de roupas (principalmente em grande quantidade) pode trazer danos ao meio ambiente. Saiba mais a seguir.

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Artem_Beliaikin_Pexels

Muitas vezes, na fast fashion, a prioridade é quantidade, e não qualidade. O mais importante é produzir muitas peças de roupa para vender bastante e obter o maior lucro possível. A qualidade das peças, neste caso, não é colocada em primeiro lugar. Sendo assim, a maior parte das roupas acaba não durando muito tempo — as peças rapidamente desbotam, rasgam e encolhem, entre outros desgastes.


Acompanhe o processo tradicional de fabricação de uma roupa:

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Retirada e produção de matéria-prima Para produzir uma roupa, é preciso matéria-prima (couro, algodão, seda ou lã, por exemplo). Para obter esse recurso, por vezes, ocorre:

• DESTRUIÇÃO de áreas verdes para dar lugar à criação de animais. Exemplo: a pele do boi pode ser usada para a fabricação de bolsas e calçados.

• CONTAMINAÇÃO da água, do

solo e do ar, entre outros.

Ananya Bilimale_Unsplash; Vie Studio_Pexels

Exemplo: para cultivar algodão podem ser usadas substâncias químicas nocivas ao ambiente.

PÍLULA: no total, 32% das roupas encontradas nos aterros sanitários do Brasil poderiam ser recicladas.

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Processo de produção Depois que a matéria-prima é obtida, é necessário transformá-la na peça que será vendida. Muitas vezes, esse processo envolve o uso excessivo de água e energia elétrica. É necessário, por exemplo, consumir energia para máquinas de fiação funcionarem e água para fazer a lavagem das roupas. Além disso, muito do que é produzido é descartado, pois não interessa mais para a confecção. Assim, muitas vezes, esses resíduos são queimados, contribuindo para a poluição do ar, ou descartados inadequadamente em lixões e aterros sanitários.

TRANSPORTE Para que as roupas produzidas sejam levadas até as lojas, na maioria das vezes são usados meios de transporte que poluem o ar, como aviões e caminhões.

MODA SUSTENTÁVEL

COMO A FABRICAÇÃO TRADICIONAL DE ROUPAS IMPACTA O MEIO AMBIENTE?

VENDAS Às vezes, as lojas não colocam à venda todas as roupas em estoque e acabam descartando algumas peças. Se isso for feito de forma incorreta, o meio ambiente pode ser prejudicado. DESCARTE Alguns consumidores, quando não querem mais usar uma roupa, jogam a peça no lixo. O produto pode ir parar no lixão ou no aterro sanitário. Estima-se que, no Brasil, 175 mil toneladas de roupas e produtos têxteis sejam descartadas a cada ano. Desse total, apenas 36 mil toneladas são descartadas da forma correta, ou seja, são recicladas ou reaproveitadas.

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R oupas ín timas ao long o da histór i a Apesar de ter ganhado novos formatos, estilos e cores, as roupas íntimas mudaram muito pouco com o passar dos anos. Além de cobrir e proteger as partes íntimas, a lingerie feminina, em especial, sempre acompanhou a moda de cada época.

Archive Holdings Inc., FPG_GettyImages; Ryszard Filipowicz_iStock

Houve tempos, por exemplo, em que as mulheres usavam espartilhos justos, que tinham como objetivo deixar a cintura mais fina, mas que, por serem muito apertados, tornavam o ato de respirar difícil. Já mais recentemente, foram lançados tops com alças de silicone para que a roupa de baixo não aparecesse por baixo de camisetas e vestidos.

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POR QUE A CUECA SAMBACANÇÃO TEM ESSE NOME? Esse modelo era muito usado até a calça jeans virar febre. Imagine a dificuldade de vestir uma calça feita de tecido mais rígido, como o jeans, sobre uma cueca solta, de tecido leve? A peça ficava toda enrolada! Para resolver esse problema, um novo tipo de cueca, que se assemelhava à sunga, foi lançado entre as décadas de 1940 e 1950. Essa peça moldava o corpo e se adequava melhor ao guarda-roupa masculino daqueles tempos. Na época em que esse novo modelo surgiu, um estilo de música chamado sambacanção (um samba lento e romântico, tocado com violão, viola e pandeiro, que atingiu o auge em 1940) passou a ser considerado antiquado. Daí que a cueca que caiu em desuso foi apelidada com o mesmo nome do estilo de música que se tornava ultrapassado: o samba-canção.


2018 164

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● Alemanha e Colômbia jogaram com uniformes que lembravam as peças usadas respectivamente por essas duas equipes na Copa do Mundo de 1990, disputada na Itália; ● A Espanha se inspirou no uniforme usado pela equipe na Copa do Mundo de 1994, que aconteceu nos Estados Unidos; ● A Argentina usou uma releitura do modelo usado na Copa América de 1993, realizada no Equador.

1958

O design das roupas da seleção do Brasil também foi inspirado em dois uniformes que trazem boas recordações para nós, brasileiros. A fabricante adotou detalhes das camisetas usadas pela equipe nas Copas do Mundo de 1958, na Suécia, e de 1970, no México. Nessas duas ocasiões, o país foi campeão do torneio.

Pictorial Parade/Archive Photos, Stefan Matzke - sampics_Getty Images

Em tempos de Copa do Mundo, existe enorme expectativa para conhecer os uniformes oficiais dos países participantes. Novidades em cores, modelos, estilos e tecnologias são sempre esperadas, já que as seleções sempre mudam os uniformes a cada mundial.

Na Copa do Mundo da Rússia, de 2018, os uniformes dos jogadores chamaram a atenção por ter um toque “retrô”, ou seja, lembravam uniformes antigos.

Svetlana Evgrafova_iStock

UNIFORMES DAS COPAS DO MUNDO DE FUTEBOL MASCULINO

Praticado em quase todos os países, o futebol é o esporte mais popular do mundo. Além de jogadores habilidosos, passes épicos e gols históricos, há muito estilo envolvido numa partida.

POR DENTRO DOS UNIFORMES DA COPA DO MUNDO DA RÚSSIA - 2018

A camisa 10 só passou a ser famosa na Copa de 1958, na Suécia, quando foi usada pelo craque Pelé.


CURIOSIDADES VARIADAS CC Commons; Divulgação Dior; jacoblund_iStock

ROUPAS SEM GÊNERO Até os anos 1960, a moda fazia questão de separar os gêneros masculino e feminino. Na prática, isso significava que homens vestiam calça, camisa e paletó, e mulheres usavam saia e vestido com meia-calça. No fim dessa década, entretanto, os movimentos jovens começaram a explorar a ideia da moda unissex, ou seja, criada para vestir homens e mulheres. Apareciam nas ruas, naqueles jovens mais “moderninhos”, o jeans e a camiseta — peças que até então eram usadas somente por operários.

Aí veio o movimento hippie, em meados dos anos 1960, que passou a questionar os valores sociais.

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RECORDES

A MAIOR CALÇA JEANS quem PARIS PERÚ resultado 65,50 m x 42,70 m onde PERU (LIMA)

O SÁRI MAIS LONGO quem BIREN KUMAR BASAK resultado 3.726,43 m onde ÍNDIA quando SÁBADO, 9 DE JUNHO

O VESTIDO DE NOIVA COM MAIS PÉROLAS quem YUMI KATSURA onde JAPÃO quando TERÇA-FEIRA, 21 DE FEVEREIRO DE 2012

O vestido de noiva com o maior número de pérolas bordadas foi confeccionado por Yumi Katsura — foram 13.262 pérolas naturais. O traje foi mostrado ao público em 2 de fevereiro de 2012, em Tóquio, Japão, e recebeu o nome de “YUMI MARIEE Princess of Mikimoto Pearls”.

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Deepta, Lunamarina_Dreamstime

DE 2018

quando SEGUNDA-FEIRA,

19 DE FEVEREIRO DE 2018 A maior calça jeans, medindo 65,5 metros de altura por 42,7 metros de largura, foi produzida pela cadeia de lojas de departamentos Paris Perú, na cidade de Lima, capital do Peru, em 19 de fevereiro de 2018. A calça ficou exposta no estacionamento de um shopping center por uma semana. Após a exibição, a empresa reutilizou todo o jeans usado para a confecção da calça para produzir 10 mil bolsas, promovendo a conscientização de consumo consciente.

A MAIOR ESCULTURA EM FORMA DE BOTA DE CAUBÓI quem BOB WADE resultado 10,74 m x 10,16 m x

2,74 m onde ESTADOS UNIDOS quando TERÇA-FEIRA, 4 DE NO-

VEMBRO DE 2014 O norte-americano Bob Wade construiu na cidade de San Antonio, no Texas, a maior escultura de bota de caubói. Ela tem 10,74 metros de altura, 10,16 metros de comprimento e 2,74 metros de largura.


atividades


atividades Pinte-me com lápis de cor e diga o que sou.


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Irina Shishkina | Dreamstime.com

Aprenda a fazer um origami de quimono.


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Onde está a rainha Elizabeth II?

Resposta na página 213


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