Um lugar imaginado para aqueles que não possuem lugar. Maíra Ortins

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Para que a vida não seja só sobrevivência... [Ana Cecília Soares] Do lado da dor, elas flutuam como fantasmas sem destino. Atravessam tudo feito faca afiada, fria e inerte. Ninfas do vazio, espíritos errantes, a flanar entre o mundo dos vivos e o dos mortos, arranhando o real. Cada qual movida pela estranheza e pela obscuridade do assombro de sua própria condição de nada ter e de nada ser. Nelas, só abismo, silêncio e um contínuo derruir... Abissal e Judith: alegorias do extravio, seres incógnitos a agourar os sonhos dos náufragos, faces de vidas em degredo. Personas criadas por Maíra Ortins em sua imersão na dura realidade dos que já não tem outra alternativa senão garantir a sobrevivência. Desde 2012, a artista visual tem desenvolvido uma pesquisa poética a partir dos processos migratórios intensificados nos últimos anos, e o resultado foi a concepção de três projetos orgânicos entre si: Deriva, Khôra e Firefly. A partir desses trabalhos nos é possível, diante de suas singularidades, acompanhar narrativas compostas por tempos fragmentados, sobreposições de imagens,


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